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25/04/2016 Viva ao boi em pé ou ao bumbaboi? O Estado do Maranhão http://imirante.com/mobile/oestadoma/noticias/2016/04/18/vivaaoboiempeouaobumbaboi.shtml 1/2 OPINIÃO Viva ao boi em pé ou ao bumba-boi? 18/04/2016 Em outubro de 2015 um acidente no Porto de Vila do Conde (PA) com a embarcação Haidar, com 5 mil bois vivos, ocasionou o seu naufrágio. A partir desse momento a exportação de boi vivo entrou no radar do Porto do Itaqui. Desde então houve alguns embarques desse tipo de carga e o tema começou a ser debatido em diversos meios, como exemplo, dia 3 de março houve uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa. O Maranhão possui cerca de 7 milhões de cabeças de gado. A princípio, o número chama atenção, temos mais bois do que pessoas em nosso Estado. Porém, é apenas a 12° maior população bovina do Brasil. O maior porto exportador de carne bovina é o Porto de Santos, com 47% do total em 2015. Todavia, possui apenas a 9° maior população bovina do Brasil com 10 milhões de cabeças de gado. Ainda, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio, os maiores importadores de carne bovina são EUA, Reino Unido, Bélgica, Holanda e Itália. Todos países que estão mais próximos do Porto do Itaqui do que do Porto de Santos. Agora o dado mais importante: a área de influência do Porto do Itaqui contempla 41% da população bovina do Brasil, formada pelos estados do Mato Grosso, Goiás, Pará, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Em um estado com poucas indústrias instaladas e poucas cadeias produtivas estruturadas, isto representa uma grande oportunidade não aproveitada. Neste sentido, quais as oportunidades para o nosso estado? Quais vantagens poderiam trazer a estruturação de uma cadeia produtiva da carne bovina? Qualquer uma dessas respostas passa pelo nosso sistema portuário. Aos mais tradicionais, um porto define-se como um ponto de transbordo de carga. Aos mais influenciados pela logística define-se como um elo de transferência do modal marítimo para outros modais de transporte (ferroviário, rodoviário e dutoviário). Na visão moderna da atividade portuária define-se um porto como um agente indutor do desenvolvimento econômico e social local, regional e nacional, através do comércio e logística internacional. Neste sentido, há que se pensar no Porto do Itaqui como a principal vantagem competitiva para a estruturação de uma cadeia produtiva da carne bovina em nosso estado. Pensemos nas oportunidades de negócios, empregos e geração de renda para a seguinte estrutura de uma cadeia produtiva formada por cinco subsistemas: de apoio (produtor de 0 0 0

Viva ao boi em pé ou ao bumba boi - o estado do maranhão

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25/04/2016 Viva ao boi em pé ou ao bumba­boi? ­ O Estado do Maranhão

http://imirante.com/mobile/oestadoma/noticias/2016/04/18/viva­ao­boi­em­pe­ou­ao­bumba­boi.shtml 1/2

OPINIÃO

Viva ao boi em pé ou ao bumba-boi? 18/04/2016

Em outubro de 2015 um acidente no Porto de Vila do Conde (PA) com a embarcação Haidar,

com 5 mil bois vivos, ocasionou o seu naufrágio. A partir desse momento a exportação de boi

vivo entrou no radar do Porto do Itaqui. Desde então houve alguns embarques desse tipo de

carga e o tema começou a ser debatido em diversos meios, como exemplo, dia 3 de março

houve uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa.

O Maranhão possui cerca de 7 milhões de cabeças de gado. A princípio, o número chama

atenção, temos mais bois do que pessoas em nosso Estado. Porém, é apenas a 12° maior

população bovina do Brasil. O maior porto exportador de carne bovina é o Porto de Santos,

com 47% do total em 2015. Todavia, possui apenas a 9° maior população bovina do Brasil com

10 milhões de cabeças de gado. Ainda, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento

Indústria e Comércio, os maiores importadores de carne bovina são EUA, Reino Unido,

Bélgica, Holanda e Itália. Todos países que estão mais próximos do Porto do Itaqui do que do

Porto de Santos. Agora o dado mais importante: a área de influência do Porto do Itaqui

contempla 41% da população bovina do Brasil, formada pelos estados do Mato Grosso, Goiás,

Pará, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Em um estado com poucas indústrias instaladas e

poucas cadeias produtivas estruturadas, isto representa uma grande oportunidade não

aproveitada.

Neste sentido, quais as oportunidades para o nosso estado? Quais vantagens poderiam trazer

a estruturação de uma cadeia produtiva da carne bovina? Qualquer uma dessas respostas

passa pelo nosso sistema portuário. Aos mais tradicionais, um porto define-se como um

ponto de transbordo de carga. Aos mais influenciados pela logística define-se como um elo de

transferência do modal marítimo para outros modais de transporte (ferroviário, rodoviário e

dutoviário). Na visão moderna da atividade portuária define-se um porto como um agente

indutor do desenvolvimento econômico e social local, regional e nacional, através do

comércio e logística internacional. Neste sentido, há que se pensar no Porto do Itaqui como a

principal vantagem competitiva para a estruturação de uma cadeia produtiva da carne bovina

em nosso estado.

Pensemos nas oportunidades de negócios, empregos e geração de renda para a seguinte

estrutura de uma cadeia produtiva formada por cinco subsistemas: de apoio (produtor de

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25/04/2016 Viva ao boi em pé ou ao bumba­boi? ­ O Estado do Maranhão

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insumos, agentes e transportadores); de produção da matéria prima; de industrialização

(indústrias de primeira e de segunda transformação); de comercialização (atacadista ou

exportador , varejista e empresas de alimentação coletiva/ institucional) e de consumo

(consumidor final).

No momento em que escrevo este artigo, mais uma carga de boi vivo está sendo embarcada

no Porto do Itaqui no berço 100. O navio MV Rami M está atracado e deverá levar 1250 cabeças

de gado, exclusivamente maranhense, para o Líbano.

Após sermos conhecidos como a terra do bumba meu boi, podermos ficar conhecidos como o

porto do “boi em pé” e continuaremos a ser um estado especializado em commodities e com

pouco parque industrial. Ou, podemos usar o Porto do Itaqui para estruturar uma cadeia

logística competitiva para a cadeia produtiva da carne bovina da região centro-norte do país.

Prefiro dar viva ao bumba meu boi do que ao boi em pé!

Sérgio Sampaio Cutrim

Professor do Departamento de Contabilidade e Administração da UFMA, doutorando em

Engenharia Naval e Oceânica pela USP, Coordenador da Especialização em Gestão Portuária

da UFMA.

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