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Cesário Verde Cesário Verde Eis que me apaixonei por Cesário Verde. Descobri que ele escrevera sobre a minha cidade tal como eu a via e sobre a vida em geral tal como eu a sentia. - Maria Filomena Mónica, Um Génio Ignorado Eis que me apaixonei por Cesário Verde. Descobri que ele escrevera sobre a minha cidade tal como eu a via e sobre a vida em geral tal como eu a sentia. - Maria Filomena Mónica, Um Génio Ignorado Trabalho realizado por: Ana Catarina Pinto, Maria Inês Silva, Bárbara Machado, Hugo Areias, Vítor Santos -12ºD

12ºd cesário verde !!!

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  • Cesrio Verde Cesrio Verde

    Eis que me apaixonei por Cesrio Verde. Descobri que ele escrevera sobre a minha

    cidade tal como eu a via e sobre a vida em geral tal como eu a sentia.

    - Maria Filomena Mnica, Um Gnio Ignorado

    Eis que me apaixonei por Cesrio Verde. Descobri que ele escrevera sobre a minha

    cidade tal como eu a via e sobre a vida em geral tal como eu a sentia.

    - Maria Filomena Mnica, Um Gnio Ignorado

    Trabalho realizado por: Ana Catarina Pinto, Maria Ins Silva, Brbara Machado, Hugo Areias, Vtor Santos -12D

  • IntroduoIntroduo

    1. O contexto histrico-cultural;2. Dados biogrficos do poeta;3. Estilo;4. As temticas estruturantes;5. A especificidade da potica de

    Cesrio;6. Concluso.

    1. O contexto histrico-cultural;2. Dados biogrficos do poeta;3. Estilo;4. As temticas estruturantes;5. A especificidade da potica de

    Cesrio;6. Concluso.

  • O contexto histrico-culturalO contexto histrico-cultural

    |Situao poltica e social;|O contexto cultural;|Realismo.

    |Situao poltica e social;|O contexto cultural;|Realismo.

  • O contexto histrico-culturalO contexto histrico-cultural

    | Situao poltica e social:

    Cesrio Verde viveu entre 1855 e 1900.

    Portugal vivia uma grande crise econmica e social devido a independncia do Brasil, invases francesas e guerra civil.

    Ocorreram algumas reformas a nvel dos transportes, da agricultura, da industria e do ensino.

    Estas reformas foram principalmente aplicadas nas cidades, o que causou uma bipolarizao do pas.

    | Situao poltica e social:

    Cesrio Verde viveu entre 1855 e 1900.

    Portugal vivia uma grande crise econmica e social devido a independncia do Brasil, invases francesas e guerra civil.

    Ocorreram algumas reformas a nvel dos transportes, da agricultura, da industria e do ensino.

    Estas reformas foram principalmente aplicadas nas cidades, o que causou uma bipolarizao do pas.

  • O contexto histrico-culturalO contexto histrico-cultural

    | Situao poltica e social:

    O Campo era bastante atrasado em relao cidade. O aparecimento de mquinas agrcolas aumentou a produo e

    causou desemprego aos camponeses. O desemprego e a pobreza dos camponeses, fez com que sassem

    dos campos para as cidades (xodo rural), o que aumentou a populao das cidades.

    Surgiram as primeiras fabricas devido ao aparecimento da mquina a vapor, surgindo assim tambm uma nova classe social, o proletariado urbano.

    Ocorreu a expanso do setor tercirio, devido ao desenvolvimento industrial e comercial.

    | Situao poltica e social:

    O Campo era bastante atrasado em relao cidade. O aparecimento de mquinas agrcolas aumentou a produo e

    causou desemprego aos camponeses. O desemprego e a pobreza dos camponeses, fez com que sassem

    dos campos para as cidades (xodo rural), o que aumentou a populao das cidades.

    Surgiram as primeiras fabricas devido ao aparecimento da mquina a vapor, surgindo assim tambm uma nova classe social, o proletariado urbano.

    Ocorreu a expanso do setor tercirio, devido ao desenvolvimento industrial e comercial.

  • O contexto histrico-culturalO contexto histrico-cultural

    |O contexto cultural: Quantidade e analfabetos muito elevada- 80% da populao.

    Aparecimento de revistas e livros vindos da Europa que levou ao aumento do interesse pelos acontecimentos polticos e sociais.

    Gosto pela literatura, teatro e pelo romance.

    |O contexto cultural: Quantidade e analfabetos muito elevada- 80% da populao.

    Aparecimento de revistas e livros vindos da Europa que levou ao aumento do interesse pelos acontecimentos polticos e sociais.

    Gosto pela literatura, teatro e pelo romance.

  • O contexto histrico-culturalO contexto histrico-cultural

    Gerao de 70: Antero de Quental, Ea de Queirs, Ramalho Ortigo, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Tefilo Braga.

    Questo Coimbr: oposio entre Antero de Quental e Antnio de Castilho devido divulgao, por parte de Antero de Quental, de novos ideais que se opunham ao Romantismo j envelhecido.

    Conferncias Democrticas do casino: marco importante na Gerao de 70 pois ajudou na divulgao dos nossos ideais defendidos por esta gerao.

    Gerao de 70: Antero de Quental, Ea de Queirs, Ramalho Ortigo, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Tefilo Braga.

    Questo Coimbr: oposio entre Antero de Quental e Antnio de Castilho devido divulgao, por parte de Antero de Quental, de novos ideais que se opunham ao Romantismo j envelhecido.

    Conferncias Democrticas do casino: marco importante na Gerao de 70 pois ajudou na divulgao dos nossos ideais defendidos por esta gerao.

  • O contexto histrico-culturalO contexto histrico-cultural

    | Realismo:

    Movimento artstico e literrio. Surgiu na Europa, nas ultimas dcadas

    do sculo XIX. Movimento de contestao do

    sentimentalismo e do idealismo romntico.

    | Realismo:

    Movimento artstico e literrio. Surgiu na Europa, nas ultimas dcadas

    do sculo XIX. Movimento de contestao do

    sentimentalismo e do idealismo romntico.

    Representao fiel da realidade, denunciando problemas sociais e levando construo de uma sociedade justa.Representao objetiva do realAtitude critica face sociedade.Na literatura deu-se preferncia ao romance.Criticas aos grupos sociais atravs de personagens tipo.

  • Dados biogrficos do poetaDados biogrficos do poeta

    | Jos Joaquim Cesrio Verde nasceu no dia 25 de Fevereirode 1855.

    | Filho de Jos Anastcio Verde e Maria da Piedade dos SantosVerde.

    | O seu Pai era proprietario de uma loja de ferragens e de umaquinta em Linda-a-Pastora.

    | Cesrio passou grande parte da infncia na quinta com osseus trs irmos Julia, Joaquim e Jorge.

    | Comeou a trabalhar na loja do seu pai comocorrespondente comercial com apenas 17 anos.

    | Com apenas 24 anos susbtitui o pai na direo dafirma,alargando os negcios.

    | Jos Joaquim Cesrio Verde nasceu no dia 25 de Fevereirode 1855.

    | Filho de Jos Anastcio Verde e Maria da Piedade dos SantosVerde.

    | O seu Pai era proprietario de uma loja de ferragens e de umaquinta em Linda-a-Pastora.

    | Cesrio passou grande parte da infncia na quinta com osseus trs irmos Julia, Joaquim e Jorge.

    | Comeou a trabalhar na loja do seu pai comocorrespondente comercial com apenas 17 anos.

    | Com apenas 24 anos susbtitui o pai na direo dafirma,alargando os negcios.

  • Dados biogrficos do poetaDados biogrficos do poeta

    | A formao acadmica de Cesrio passapela aprendizagem de contabilidade,noesde comrcio e linguas(francs e ingls) .

    | Frequentou durante alguns meses o CursoSuperior de Letras,onde conheceu SilvaPinto,amigo para o resto da vida.

    | Publicou os seus primeiros poemas no Diriode Noticias.

    | Apesar da receo negativa aos seuspoemas.Cesrio continua a escrever.

    | Frequenta tertlias literrias do Caf Martinhoe do restaurante Leo de Ouro,onde convivecom pintores e escritores como GomesLeal,Fialho de Almeida,Macedo Papana eSilva Pinto.

    | A formao acadmica de Cesrio passapela aprendizagem de contabilidade,noesde comrcio e linguas(francs e ingls) .

    | Frequentou durante alguns meses o CursoSuperior de Letras,onde conheceu SilvaPinto,amigo para o resto da vida.

    | Publicou os seus primeiros poemas no Diriode Noticias.

    | Apesar da receo negativa aos seuspoemas.Cesrio continua a escrever.

    | Frequenta tertlias literrias do Caf Martinhoe do restaurante Leo de Ouro,onde convivecom pintores e escritores como GomesLeal,Fialho de Almeida,Macedo Papana eSilva Pinto.

  • | Numa carta de 1877 queixa-se de problemas de sade.| Tuberculose j vitimara em 1872 a sua irm Julia,com 19 anos,e dez anos

    depois o seu irmo Joaquim com 25 anos.| Cesrio v-se obrigado a procurar os ares do campo,refugiando-se na

    quinta de Linda-a-Pastora,depois em Caneas e ,finalmente, noLumiar,onde a 19 de Julho de 1986 morre pelas 5 horas da manh.

    | As suas poesias foram reunidas e publicadas em 1887 pelo seu amigo SilvaPinto em O Livro de Cesrio Verde.

    | Numa carta de 1877 queixa-se de problemas de sade.| Tuberculose j vitimara em 1872 a sua irm Julia,com 19 anos,e dez anos

    depois o seu irmo Joaquim com 25 anos.| Cesrio v-se obrigado a procurar os ares do campo,refugiando-se na

    quinta de Linda-a-Pastora,depois em Caneas e ,finalmente, noLumiar,onde a 19 de Julho de 1986 morre pelas 5 horas da manh.

    | As suas poesias foram reunidas e publicadas em 1887 pelo seu amigo SilvaPinto em O Livro de Cesrio Verde.

    Dados biogrficos do poetaDados biogrficos do poeta

  • EstiloEstilo

    | Cesrio Verde caracterizado pela utilizao da busca da perfeio formal atravs de uma poesia descritiva e fazendo desta algo de escultrico, esculpindo o concreto com nitidez e perfeio.

    | Sentia necessidade de objectivar ou despersonalizar a poesia e corresponde reaco naturalista que aparece no romance. H uma aproximao da poesia s artes plsticas, nomeadamente a nvel da utilizao das cores e dos dados sensoriais.

    | Atravs desta busca ele prope uma explicao para o que observa com objectividade e, quando recorre subjectividade, apenas transpe, pela imaginao transfiguradora, a realidade captada numa outra que s o olhar de artista pode notar.

    | Cesrio Verde caracterizado pela utilizao da busca da perfeio formal atravs de uma poesia descritiva e fazendo desta algo de escultrico, esculpindo o concreto com nitidez e perfeio.

    | Sentia necessidade de objectivar ou despersonalizar a poesia e corresponde reaco naturalista que aparece no romance. H uma aproximao da poesia s artes plsticas, nomeadamente a nvel da utilizao das cores e dos dados sensoriais.

    | Atravs desta busca ele prope uma explicao para o que observa com objectividade e, quando recorre subjectividade, apenas transpe, pela imaginao transfiguradora, a realidade captada numa outra que s o olhar de artista pode notar.

  • EstiloEstilo

    | Cesrio utiliza tambm uma linguagem prosaica, ou seja, aproxima-se da prosa e da linguagem do quotidiano;

    | Expresso clara, objectiva e concreta;| Vocabulrio preciso e expressivo;| Recursos estilsticos predominantes: adjectivao expressiva,

    comparao, metfora e sinestesia;

    | Estrutura formal: regularidade mtrica (versos decassilbico e alexandrino), rimtica e estrfica.

    | Ateno ao pormenor, ao detalhe.

    | Cesrio utiliza tambm uma linguagem prosaica, ou seja, aproxima-se da prosa e da linguagem do quotidiano;

    | Expresso clara, objectiva e concreta;| Vocabulrio preciso e expressivo;| Recursos estilsticos predominantes: adjectivao expressiva,

    comparao, metfora e sinestesia;

    | Estrutura formal: regularidade mtrica (versos decassilbico e alexandrino), rimtica e estrfica.

    | Ateno ao pormenor, ao detalhe.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Binmio campo/cidade;| A questo social;| A imagtica feminina;| Poetizao do real;|O mito de Anteu;

    | Binmio campo/cidade;| A questo social;| A imagtica feminina;| Poetizao do real;|O mito de Anteu;

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Binmio campo/cidade:

    O contraste cidade/campo um dos temas fundamentais da poesia de Cesrio e revela-nos o seu amor ao rstico e natural, que celebra por oposio a uma certa recusa da crueldade e dos valores urbanos a que, no entanto, adere.

    | Binmio campo/cidade:

    O contraste cidade/campo um dos temas fundamentais da poesia de Cesrio e revela-nos o seu amor ao rstico e natural, que celebra por oposio a uma certa recusa da crueldade e dos valores urbanos a que, no entanto, adere.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Binmio campo/cidade:

    Oposio cidade/campo, sendo a cidade um espao de morte e o campo um espao de vida valorizao do natural em detrimento do artificial.

    O campo visto como um espao de liberdade, do no isolamento; e a cidade como um espao castrador, opressor, smbolo da morte, da humilhao, da doena. A esta oposio associam-se as oposies belo/feio, claro/escuro, fora/fragilidade. No campo eu acho nele a musa que me anima.

    | Binmio campo/cidade:

    Oposio cidade/campo, sendo a cidade um espao de morte e o campo um espao de vida valorizao do natural em detrimento do artificial.

    O campo visto como um espao de liberdade, do no isolamento; e a cidade como um espao castrador, opressor, smbolo da morte, da humilhao, da doena. A esta oposio associam-se as oposies belo/feio, claro/escuro, fora/fragilidade. No campo eu acho nele a musa que me anima.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Binmio campo/cidade:

    A cidade personifica a ausncia de amor e, consequentemente, de vida. Ela surge como uma priso que desperta no sujeito um desejo absurdo de sofrer. um foco de infeces, de doena. um smbolo de opresso, de injustia, de industrializao, e surge, por vezes, como ponto de partida para evocaes, divagaes.

    | Binmio campo/cidade:

    A cidade personifica a ausncia de amor e, consequentemente, de vida. Ela surge como uma priso que desperta no sujeito um desejo absurdo de sofrer. um foco de infeces, de doena. um smbolo de opresso, de injustia, de industrializao, e surge, por vezes, como ponto de partida para evocaes, divagaes.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Binmio campo/cidade:

    O campo, por oposio, aparece associado vitalidade, alegria do trabalho produtivo e til, nunca como fonte de devaneio sentimental. Aparece ligado fertilidade, sade, liberdade. A fora inspiradora de Cesrio a terra-me, uma vez que a terra fora vital para Cesrio. O poeta encontra a energia perdida quando volta para o campo, anima-o, revitaliza-o, d-lhe sade.

    | Binmio campo/cidade:

    O campo, por oposio, aparece associado vitalidade, alegria do trabalho produtivo e til, nunca como fonte de devaneio sentimental. Aparece ligado fertilidade, sade, liberdade. A fora inspiradora de Cesrio a terra-me, uma vez que a terra fora vital para Cesrio. O poeta encontra a energia perdida quando volta para o campo, anima-o, revitaliza-o, d-lhe sade.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Binmio campo/cidade:

    no poema Ns que Cesrio revela melhor o seu amor ao campo, elogiando-o por oposio cidade e considerando-o um salutar refgio.

    a morte que cria em Cesrio uma repulsa cidade por onde gostava de deambular mas que acaba por aprision-lo (O Sentimento de um Ocidental).

    | Binmio campo/cidade:

    no poema Ns que Cesrio revela melhor o seu amor ao campo, elogiando-o por oposio cidade e considerando-o um salutar refgio.

    a morte que cria em Cesrio uma repulsa cidade por onde gostava de deambular mas que acaba por aprision-lo (O Sentimento de um Ocidental).

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | A questo social: A mim o que me rodeia o que me preocupa.

    Simpatia pelas classes oprimidas; Identificao com os mais pobres , os mais desfavorecidos, os marginais;

    Conscincia que a rudeza do povo imprescindvel; Revolta contra a sociedade pela misria social; Solidariedade com as vtimas das injustias sociais; Ausncia de paternalismos quando se refere ao povo; Denncia das arbitrariedades do poder;

    | A questo social: A mim o que me rodeia o que me preocupa.

    Simpatia pelas classes oprimidas; Identificao com os mais pobres , os mais desfavorecidos, os marginais;

    Conscincia que a rudeza do povo imprescindvel; Revolta contra a sociedade pela misria social; Solidariedade com as vtimas das injustias sociais; Ausncia de paternalismos quando se refere ao povo; Denncia das arbitrariedades do poder;

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | A questo social: A mim o que me rodeia o que me preocupa.

    O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, dos injustiados, dos marginalizados e admira a fora fsica, a fora do povo trabalhador. O poeta preocupa-se com esta classe.

    O poeta interessa-se pelo conflito social do campo e da cidade, procurando document-lo e analis-lo, embora sem interferir nele.

    Anatomia do homem oprimido pela cidade

    Integrao da realidade quotidiana no mundo potico

    | A questo social: A mim o que me rodeia o que me preocupa.

    O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, dos injustiados, dos marginalizados e admira a fora fsica, a fora do povo trabalhador. O poeta preocupa-se com esta classe.

    O poeta interessa-se pelo conflito social do campo e da cidade, procurando document-lo e analis-lo, embora sem interferir nele.

    Anatomia do homem oprimido pela cidade

    Integrao da realidade quotidiana no mundo potico

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes| A imagtica feminina: As varinas, as trabalhadoras genunas, a quem o poeta reconhece a

    fora fsica;

    A engomadeira tsica, mulher doente que esperta a revolta, a solidariedade e a emoo do poeta;

    A hortaliceira; A atriz (Tomsia atriz lisboeta por quem Cesrio tem uma grande

    paixo)

    A mulher frgil; A milady; A mulher que menospreza o sujeito potico mas ele no a consegue

    rejeitar;

    As prostitutas;

    | A imagtica feminina: As varinas, as trabalhadoras genunas, a quem o poeta reconhece a

    fora fsica;

    A engomadeira tsica, mulher doente que esperta a revolta, a solidariedade e a emoo do poeta;

    A hortaliceira; A atriz (Tomsia atriz lisboeta por quem Cesrio tem uma grande

    paixo)

    A mulher frgil; A milady; A mulher que menospreza o sujeito potico mas ele no a consegue

    rejeitar;

    As prostitutas;

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | A imagtica feminina:

    A mulher fatal, altiva, aristocrtica,frgida, opressora que atrai/fascina o sujeitopotico de forma negativa, provocando-lhe odesejo de humilhao. Mulher nrdica, fria,smbolo da ecloso do desenvolvimento dacidade como fenmeno urbano, sindoqueda classe social opressora e, por isso,geradora da humilhao (ex: Frgida,Deslumbramentos e Esplndida), em quese reconhece a influncia de Baudelaire;

    | A imagtica feminina:

    A mulher fatal, altiva, aristocrtica,frgida, opressora que atrai/fascina o sujeitopotico de forma negativa, provocando-lhe odesejo de humilhao. Mulher nrdica, fria,smbolo da ecloso do desenvolvimento dacidade como fenmeno urbano, sindoqueda classe social opressora e, por isso,geradora da humilhao (ex: Frgida,Deslumbramentos e Esplndida), em quese reconhece a influncia de Baudelaire;

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | A imagtica feminina:

    o tipo citadino artificial, surge portanto associada cidade servindo para retratar os valores decadentes e a violncia social. Esta mulher surge na poesia de Cesrio incorporando um valor ertico que simultaneamente desperta o desejo e arrasta para a morte.

    | A imagtica feminina:

    o tipo citadino artificial, surge portanto associada cidade servindo para retratar os valores decadentes e a violncia social. Esta mulher surge na poesia de Cesrio incorporando um valor ertico que simultaneamente desperta o desejo e arrasta para a morte.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | A imagtica feminina:

    A mulher anglica, tmida pombinha, natural, pura, acompanhada pela me, embora pertencente cidade, encarna qualidades inerentes ao campo. Desperta no poeta o desejo de proteco e tem um efeito regenerador (Frgil).

    | A imagtica feminina:

    A mulher anglica, tmida pombinha, natural, pura, acompanhada pela me, embora pertencente cidade, encarna qualidades inerentes ao campo. Desperta no poeta o desejo de proteco e tem um efeito regenerador (Frgil).

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | A imagtica feminina: o reflexo de uma entidade divina, smbolo de

    pureza campestre, com traos de uma beleza angelical, frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade possuindo tambm um efeito regenerador por ser frgil, pura, natural, simples e representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeito potico e lhe estimula a imaginao (ex: as figuras femininas de a A Dbil e Num Bairro Moderno). considerada uma mulher objecto pois vista enquanto estmulo dos sentidos carnais, sensuais, como impulso ertico (ex: actriz de Cristalizaes).

    | A imagtica feminina: o reflexo de uma entidade divina, smbolo de

    pureza campestre, com traos de uma beleza angelical, frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade possuindo tambm um efeito regenerador por ser frgil, pura, natural, simples e representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeito potico e lhe estimula a imaginao (ex: as figuras femininas de a A Dbil e Num Bairro Moderno). considerada uma mulher objecto pois vista enquanto estmulo dos sentidos carnais, sensuais, como impulso ertico (ex: actriz de Cristalizaes).

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    | Poetizao do real:

    O poeta procura captar com objectividade e pormenor as impresses do real quotidiano (a cor, a luz, o movimento, os seres, as coisas...), ao longo das suas interminveis deambulaes pelo espao urbano;

    A viso do poeta alia-se viso do pintor (visualismo) nesta captao contnua das impresses do real;

    As sensaes que o real desperta no poeta substituem, por vezes, a simples observao objectiva dos ambientes e estimulam a sua imaginao transfiguradora.

    | Poetizao do real:

    O poeta procura captar com objectividade e pormenor as impresses do real quotidiano (a cor, a luz, o movimento, os seres, as coisas...), ao longo das suas interminveis deambulaes pelo espao urbano;

    A viso do poeta alia-se viso do pintor (visualismo) nesta captao contnua das impresses do real;

    As sensaes que o real desperta no poeta substituem, por vezes, a simples observao objectiva dos ambientes e estimulam a sua imaginao transfiguradora.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes|O mito de Anteu:

    De acordo com a mitologia grega, Anteu, filho da Gea (Terra) e de Poseidon, era um gigante muito possante, que vivia na regio de Marrocos, e que era invencvel enquanto estivesse em contacto com a me-terra. Desafiava todos os recm-chegados em luta at morte. Vencidos e mortos, os seus cadveres passavam a ornar o templo do Deus do mar, Poseidon. Hrcules, de passagem pela Lbia, entrou em combate contra Anteu, descobrindo o segredo da sua invencibilidade, conseguiu esmag-lo, mantendo-o no ar.

    |O mito de Anteu:De acordo com a mitologia grega,

    Anteu, filho da Gea (Terra) e de Poseidon, era um gigante muito possante, que vivia na regio de Marrocos, e que era invencvel enquanto estivesse em contacto com a me-terra. Desafiava todos os recm-chegados em luta at morte. Vencidos e mortos, os seus cadveres passavam a ornar o templo do Deus do mar, Poseidon. Hrcules, de passagem pela Lbia, entrou em combate contra Anteu, descobrindo o segredo da sua invencibilidade, conseguiu esmag-lo, mantendo-o no ar.

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    |O mito de Anteu e a sua relao com a poesia de Cesrio:

    Em Cesrio Verde, o campo, ou melhor, a terra, apresenta-se benfico e produtivo. Afastado da terra da sua infncia, como recorda no poema Em Petiz, e enfraquecido pela cidade doente, o poeta reencontra a energia perdida quando volta para o campo. Por isso, tambm, como refere em Ns, desde as pestes que alastraram em Lisboa, a sua famlia passou a encontrar no espao rstico o fortaleo das suas foras, como exemplo temos o excerto "desde o calor de maio aos frios de novembro".

    |O mito de Anteu e a sua relao com a poesia de Cesrio:

    Em Cesrio Verde, o campo, ou melhor, a terra, apresenta-se benfico e produtivo. Afastado da terra da sua infncia, como recorda no poema Em Petiz, e enfraquecido pela cidade doente, o poeta reencontra a energia perdida quando volta para o campo. Por isso, tambm, como refere em Ns, desde as pestes que alastraram em Lisboa, a sua famlia passou a encontrar no espao rstico o fortaleo das suas foras, como exemplo temos o excerto "desde o calor de maio aos frios de novembro".

  • As temticas estruturantesAs temticas estruturantes

    |O mito de Anteu e a sua relao com a poesia de Cesrio:

    O mito de Anteu permite-nos caracterizar o novo vigor que se manifesta quando h um reencontro com as suas origens, com a me-terra. Deste modo, poderemos falar deste mito em Cesrio Verde na medida em que o contacto com o campo parece reanim-lo, dando-lhe foras, energias e sade. O mito de Anteu surge em Cesrio de modo a transmitir o seu esgotamento originado pelo afastamento da cidade para se refugiar no campo.

    |O mito de Anteu e a sua relao com a poesia de Cesrio:

    O mito de Anteu permite-nos caracterizar o novo vigor que se manifesta quando h um reencontro com as suas origens, com a me-terra. Deste modo, poderemos falar deste mito em Cesrio Verde na medida em que o contacto com o campo parece reanim-lo, dando-lhe foras, energias e sade. O mito de Anteu surge em Cesrio de modo a transmitir o seu esgotamento originado pelo afastamento da cidade para se refugiar no campo.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    | Interpretao dos poemas;|O deambulismo;|O realismo cintico e o visualismo;|O aspeto pictrico;|O carcter sensorial;| A evaso do real e a pretensa objetividade.

    | Interpretao dos poemas;|O deambulismo;|O realismo cintico e o visualismo;|O aspeto pictrico;|O carcter sensorial;| A evaso do real e a pretensa objetividade.

  • Num Bairro ModernoDez horas da manh; os transparentesMatizam uma casa apalaada;Pelos jardins estancam-se as nascentes,E fere a vista, com brancuras quentes,A larga macadamizada.

    Rez-de-chauss repousam sossegados,Abriram-se, nalguns, as persianas,E dum ou doutro, em quartos estucados,Ou entre a rama dos papis pintados,Reluzem, num almoo as porcelanas.

    Como saudvel ter o seu conchego,E a sua vida fcil! Eu descia,Sem muita pressa, para o meu emprego,Aonde agora quase sempre chegoCom as tonturas duma apoplexia.

    E rota, pequenina, azafamada,Notei de costas uma rapariga,Que no xadrez marmreo duma escada,Como um retalho de horta aglomerada,Pousara, ajoelhando, a sua giga.

    E eu, apesar do sol, examinei-a;Ps-se de p; ressoam-lhe os tamancos;E abre-se-lhe o algodo azul da meia,Se ela se curva, esguedelhada, feiaE pendurando os seus bracinhos brancos.

    Do patamar responde-lhe um criado:"Se te convm, despacha; no converses.Eu no dou mais." E muito descansado,Atira um cobre ignbil oxidado,Que vem bater nas faces duns alperces.

    Subitamente - que viso de artista! -Se eu transformasse os simples vegetais, luz do Sol, o intenso colorista;Num ser humano que se mova e existaCheio de belas propores carnais?!

    Biam aromas, fumos de cozinha;Com o cabaz s costas, e vergando,Sobem padeiros, claros de farinha;E s portas, uma ou outra campainhaToca, frentica, de vez em quando

  • Num Bairro ModernoE eu recompunha, por anatomia,Um novo corpo orgnico, aos bocados.Achava os tons e as formas. DescobriaUma cabea numa melancia,E nuns repolhos seios injectados.

    As azeitonas, que nos do o azeite,Negras e unidas, entre verdes folhos,So tranas dum cabelo que se ajeite;E os nabos - ossos nus, da cor do leite,E os cachos de uvas - os rosrios de olhos.

    H colos, ombros, bocas, um semblanteNas posies de certos frutos. E entreAs hortalias, tmido, fragrante,Como dalgum que tudo aquilo jante,Surge um melo, que me lembrou um ventre.

    E, como um feto, enfim, que se dilate,Vi nos legumes carnes tentadoras,Sangue na ginja vvida, escarlate,Bons coraes pulsando no tomateE dedos hirtos, rubros, nas cenouras.

    O Sol dourava o cu. E a regateira,Como vendera a sua fresca alfaceE dera o ramo de hortel que cheira,Voltando-se, gritou-me prazenteira:" No passa mais ningum! ... Se me ajudasse?! ..."

    Eu acerquei-me dela, sem desprezo;E, pelas duas asas a quebrar,Ns levantmos todo aquele pesoQue ao cho de pedra resistia preso,Com um enorme esforo muscular.(...)

    E pitoresca e audaz, na sua chita,O peito erguido, os pulsos nas ilhargas,Duma desgraa alegre que me incita,Ela apregoa, magra, enfezadita,As suas couves repolhudas, largas.

    E, como as grossas pernas dum gigante,Sem tronco, mas atlticas, inteirasCarregam sobre a pobre caminhante,Sobre a verdura rstica, abundante,Duas frugais abboras carneiras.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Bairro Moderno: exemplificativo de um dos traos caractersticos da poesia de

    Cesrio Verde - a deambulao.

    O poeta percorre o bairro enquanto o sujeito potico se dirige para o emprego "Eu descia, / Sem muita pressa, para o meu emprego," e o seu olhar que, como uma "cmara", vai "destacando" vrios cenrios: a "casa apalaada", os "jardins" que se estendem ao longo da "larga rua macadamizada", os "rez-de-chausse" cujas persianas abrem e deixam ver pormenores do interior das casas "quartos estucados", "papis pintados", "porcelanas". Tanto estes pormenores como as referncias anteriores ao espao exterior sugerem bem-estar e evidenciam o conforto que se vive neste bairro moderno. O poeta explicita-o ao introduzir a terceira estrofe com um comentrio pessoal "Como saudvel ter o seu conchego / E a sua vida fcil!"

    - Bairro Moderno: exemplificativo de um dos traos caractersticos da poesia de

    Cesrio Verde - a deambulao.

    O poeta percorre o bairro enquanto o sujeito potico se dirige para o emprego "Eu descia, / Sem muita pressa, para o meu emprego," e o seu olhar que, como uma "cmara", vai "destacando" vrios cenrios: a "casa apalaada", os "jardins" que se estendem ao longo da "larga rua macadamizada", os "rez-de-chausse" cujas persianas abrem e deixam ver pormenores do interior das casas "quartos estucados", "papis pintados", "porcelanas". Tanto estes pormenores como as referncias anteriores ao espao exterior sugerem bem-estar e evidenciam o conforto que se vive neste bairro moderno. O poeta explicita-o ao introduzir a terceira estrofe com um comentrio pessoal "Como saudvel ter o seu conchego / E a sua vida fcil!"

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Bairro Moderno: Nas estrofes IV e V o poeta refere-se vendedora como se o seu

    olhar se fixasse sobre uma imagem da qual o poeta destaca aquilo que visualmente o impressiona - "uma rapariga / Que no xadrez marmreo duma escada, / como um retalho de horta aglomerada, / Pousara, ajoelhando, a sua giga." de notar o forte contraste visual (sugerido) entre o branco e o negro, dispostos em xadrez, e o colorido das frutas e legumes que esto dentro da cesta. A esta associam-se outras sensaes. Ainda na quinta estrofe o som que vem completar o quadro -"ressoam-lhe os tamancos";

    "Biam aromas, fumos de cozinha;" (olfacto); "Com a cabaz s costas, e vergando, / Sobem padeiros, claros de

    farinha;" (viso); "E s portas, uma ou outra campanha / Toca, frentica, - hiplage -

    de vez em quando." (audio).

    - Bairro Moderno: Nas estrofes IV e V o poeta refere-se vendedora como se o seu

    olhar se fixasse sobre uma imagem da qual o poeta destaca aquilo que visualmente o impressiona - "uma rapariga / Que no xadrez marmreo duma escada, / como um retalho de horta aglomerada, / Pousara, ajoelhando, a sua giga." de notar o forte contraste visual (sugerido) entre o branco e o negro, dispostos em xadrez, e o colorido das frutas e legumes que esto dentro da cesta. A esta associam-se outras sensaes. Ainda na quinta estrofe o som que vem completar o quadro -"ressoam-lhe os tamancos";

    "Biam aromas, fumos de cozinha;" (olfacto); "Com a cabaz s costas, e vergando, / Sobem padeiros, claros de

    farinha;" (viso); "E s portas, uma ou outra campanha / Toca, frentica, - hiplage -

    de vez em quando." (audio).

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Bairro Moderno: Os "padeiros", a "regateira" so tipos sociais caractersticos do

    espao urbano descrito. Gente do povo, contrastam com a imagem elegante, requintada do bairro burgus.

    Os padeiros "sobem" "vergando" sob o peso do cabaz; a vendedora, frgil, obrigada a um trabalho pesado.

    As indicaes relativas ao aspecto fsico - "pequenina", "esguedelhada, feia", "os bracinhos brancos", "magra", "enfezadita"; ao vesturio - "rota", "os tamancos", "abre-se-lhe o algodo azul da meia", "na sua chita" - caracterizam-na socialmente e repetem uma ideia de debilidade, de fragilidade (recurso a diminutivos) que acentua o peso da opresso de que vtima.

    - Bairro Moderno: Os "padeiros", a "regateira" so tipos sociais caractersticos do

    espao urbano descrito. Gente do povo, contrastam com a imagem elegante, requintada do bairro burgus.

    Os padeiros "sobem" "vergando" sob o peso do cabaz; a vendedora, frgil, obrigada a um trabalho pesado.

    As indicaes relativas ao aspecto fsico - "pequenina", "esguedelhada, feia", "os bracinhos brancos", "magra", "enfezadita"; ao vesturio - "rota", "os tamancos", "abre-se-lhe o algodo azul da meia", "na sua chita" - caracterizam-na socialmente e repetem uma ideia de debilidade, de fragilidade (recurso a diminutivos) que acentua o peso da opresso de que vtima.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Bairro Moderno: Expressividade nos verbos utilizados: "ajoelhando", "se curva",

    "pendurando", "Ns levantmos todo aquele peso / Que ao cho de pedra resistia preso / Com um enorme esforo muscular.", "Carregam sobre a pobre caminhante". Contudo, apesar de feia e desprezada por ela que o sujeito potico nutre simpatia.

    Criado (um outro tipo social), "do patamar", isto , de cima, altivo, "muito descansado", em contraste com a vendedora "Atira um cobre ignbil" (hiplage), integrando deste modo no poema a crtica desigualdade e injustia social. A forte conscincia da injustia e de opresso parece ser exclusiva do poeta, pois a rapariga enfrenta-os com a coragem e alegria - "E pitoresca a audaz (...) / O peito erguido, os pulsos nas ilhargas, / Duma desgraa alegre que me incita, / Ela apregoa (...) / As suas couves repolhudas, largas."

    - Bairro Moderno: Expressividade nos verbos utilizados: "ajoelhando", "se curva",

    "pendurando", "Ns levantmos todo aquele peso / Que ao cho de pedra resistia preso / Com um enorme esforo muscular.", "Carregam sobre a pobre caminhante". Contudo, apesar de feia e desprezada por ela que o sujeito potico nutre simpatia.

    Criado (um outro tipo social), "do patamar", isto , de cima, altivo, "muito descansado", em contraste com a vendedora "Atira um cobre ignbil" (hiplage), integrando deste modo no poema a crtica desigualdade e injustia social. A forte conscincia da injustia e de opresso parece ser exclusiva do poeta, pois a rapariga enfrenta-os com a coragem e alegria - "E pitoresca a audaz (...) / O peito erguido, os pulsos nas ilhargas, / Duma desgraa alegre que me incita, / Ela apregoa (...) / As suas couves repolhudas, largas."

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Bairro Moderno:

    Cesrio no se limita a descrever lugares e personagens. A descrio com frequncia impressionista e aos elementos descritos o poeta associa o seu estado psicolgico, o que acontece na terceira estrofe quando, para alm de comentar o que v, o sujeito afirma "quase sempre chega / Com as tonturas de uma apoplexia" ou se mostra "contagiado" pela fora interior da rapariga - "Duma desgraa alegre que me incita.

    - Bairro Moderno:

    Cesrio no se limita a descrever lugares e personagens. A descrio com frequncia impressionista e aos elementos descritos o poeta associa o seu estado psicolgico, o que acontece na terceira estrofe quando, para alm de comentar o que v, o sujeito afirma "quase sempre chega / Com as tonturas de uma apoplexia" ou se mostra "contagiado" pela fora interior da rapariga - "Duma desgraa alegre que me incita.

  • O Sentimento dum Ocidental Parte I Av-MariasNas nossas ruas, ao anoitecer,H tal soturnidade, h tal melancolia,Que as sombras, o bulcio, o Tejo, a maresiaDespertam-me um desejo absurdo de sofrer.

    O cu parece baixo e de neblina,O gs extravasado enjoa-me, perturba;E os edifcios, com as chamins, e a turbaToldam-se duma cor montona e londrina

    Batem os carros de aluguer, ao fundo,Levando via-frrea os que se vo. Felizes!Ocorrem-me em revista exposies, pases;Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!

    Semelham-se a gaiolas, com viveiros,As edificaes somente emadeiradas:Como morcegos, ao cair das badaladas,Saltam de viga os mestres carpinteiros.

    Voltam os calafates, aos magotes,De jaqueto ao ombro, enfarruscados, secos;Embrenho-me, a cismar, por boqueires, por becos,Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

    E evoco, ento, as crnicas navais:Mouros, baixis, heris, tudo ressuscitado!

    Luta Cames no Sul, salvando um livro a nado!Singram soberbas naus que eu no verei jamais!

    E o fim de tarde inspira-me; e incomoda!De um couraado ingls vogam os escaleres;E em terra num tinir de louas e talheresFlamejam, ao jantar, alguns hotis da moda.

    Num trem de praa arengam dois dentistas;Um trpego arlequim braceja numas andas;Os querubins do lar flutuam nas varandas;s portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

    Vazam-se os arsenais e as oficinasReluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;E num cardume negro, hercleas galhofeiras,Correndo com firmeza, assomam as varinas.

    Vm sacudindo as ancas opulentas!Seus troncos varonis recordam-me pilastras;E algumas, cabea, embalam nas canastrasOs filhos que depois naufragam nas tormentas.

    Descalas! Nas descargas de carvo,Desde manh noite, a bordo das fragatas;E apinham-se num bairro aonde miam gatas,E o peixe podre gera os focos de infeco!

  • O Sentimento dum Ocidental Parte II Noite FechadaToca-se s grades, nas cadeias. SomQue mortifica e deixa umas loucuras mansas!O Aljube, em que hoje esto velhinhas e crianas,Bem raramente encerra uma mulher de dom!

    E eu desconfio, at, de um aneurismaTo mrbido me sinto, ao acender das luzes; vista das prises, da velha S, das Cruzes,Chora-me o corao que se enche e que se abisma.

    A espaos, iluminam-se os andares,E as tascas, os cafs, as tendas, os estancosAlastram em lenol os seus reflexos brancos;E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

    Duas igrejas, num saudoso largo,Lanam a ndoa negra e fnebre do clero:Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,Assim que pela Histria eu me aventuro e alargo.

    Na parte que abateu no terremoto,Muram-me as construes rectas, iguais, crescidas;Afrontam-me, no resto, as ngremes subidas,E os sinos dum tanger monstico e devoto.

    Mas, num recinto pblico e vulgar,Com bancos de namoro e exguas pimenteiras,

    Brnzeo, monumental, de propores guerreiras,Um pico doutrora ascende, num pilar!

    E eu sonho o Clera, imagino a Febre,Nesta acumulao de corpos enfezados;Sombrios e espectrais recolhem os soldados;Inflama-se um palcio em face de um casebre.

    Partem patrulhas de cavalariaDos arcos dos quartis que foram j conventos:Idade Mdia! A p, outras, a passos lentos,Derramam-se por toda a capital, que esfria.

    Triste cidade! Eu temo que me avivesUma paixo defunta! Aos lampies distantes,Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,Curvadas a sorrir s montras dos ourives.

    E mais: as costureiras, as floristasDescem dos magasins, causam-mesobressaltos;Custa-lhes a elevar os seus pescoos altosE muitas delas so comparsas ou coristas.

    E eu, de luneta de uma lente s,Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:Entro na brasserie; s mesas de emigrados,Ao riso e crua luz joga-se o domin.

  • O Sentimento dum Ocidental Parte III Ao gsE saio. A noite pesa, esmaga. NosPasseios de lajedo arrastam-se as impuras. moles hospitais! Sai das embocadurasUm sopro que arrepia os ombros quase nus.

    Cercam-me as lojas, tpidas. Eu pensoVer crios laterais, ver filas de capelas,Com santos e fiis, andores, ramos, velas,Em uma catedral de um comprimento imenso.

    As burguesinhas do CatolicismoResvalam pelo cho minado pelos canos;E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

    Num cutileiro, de avental, ao torno,Um forjador maneja um malho, rubramente;E de uma padaria exala-se, inda quente,Um cheiro salutar e honesto a po no forno.

    E eu que medito um livro que exacerbe,Quisera que o real e a anlise mo dessem;Casas de confeces e modas resplandecem;Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

    Longas descidas! No poder pintarCom versos magistrais, salubres e sinceros,A esguia difuso dos vossos reverberos,E a vossa palidez romntica e lunar!

    Que grande cobra, a lbrica pessoa,Que espartilhada escolhe uns xales comdebuxo!Sua excelncia atrai, magntica, entre luxo,Que ao longo dos balces de mogno se amontoa.

    E aquela velha, de bands! Por vezes,A sua trane imita um leque antigo, aberto,Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,Escarvam, vitria, os seus mecklemburgueses.

    Desdobram-se tecidos estrangeiros;Plantas ornamentais secam nos mostradores;Flocos de ps-de-arroz pairam sufocadores,E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

    Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentesOs candelabros, como estrelas, pouco a pouco;Da solido regouga um cauteleiro rouco;Tornam-se mausolus as armaes fulgentes.

    D da misria!... Compaixo de mim!...E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,Meu velho professor nas aulas de Latim!

  • O Sentimento dum Ocidental Parte IV Horas MortasO tecto fundo de oxignio, de ar,Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;Vm lgrimas de luz dos astros com olheiras,Enleva-me a quimera azul de transmigrar.

    Por baixo, que portes! Que arruamentos!Um parafuso cai nas lajes, s escuras:Colocam-se taipais, rangem as fechaduras,E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.

    E eu sigo, como as linhas de uma pautaA dupla correnteza augusta das fachadas;Pois sobem, no silncio, infaustas e trinadas,As notas pastoris de uma longnqua flauta.

    Se eu no morresse, nunca! E eternamenteBuscasse e conseguisse a perfeio das cousas!Esqueo-me a prever castssimas esposas,Que aninhem em manses de vidro transparente!

    nossos filhos! Que de sonhos geis,Pousando, vos traro a nitidez s vidas!Eu quero as vossas mes e irms estremecidas,Numas habitaes translcidas e frgeis.

    Ah! Como a raa ruiva do porvir,E as frotas dos avs, e os nmadas ardentes,

    Ns vamos explorar todos os continentesE pelas vastides aquticas seguir!

    Mas se vivemos, os emparedados,Sem rvores, no vale escuro das muralhas!...Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhasE os gritos de socorro ouvir, estrangulados.

    E nestes nebulosos corredoresNauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,Cantam, de brao dado, uns tristes bebedores.

    Eu no receio, todavia, os roubos;Afastam-se, a distncia, os dbios caminhantes;E sujos, sem ladrar, sseos, febris, errantes,Amareladamente, os ces parecem lobos.

    E os guardas, que revistam as escadas,Caminham de lanterna e servem de chaveiros;Por cima, as imorais, nos seus roupes ligeiros,Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.

    E, enorme, nesta massa irregularDe prdios sepulcrais, com dimenses de montes,A Dor humana busca os amplos horizontes,E tem mars, de fel, como um sinistro mar!

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental:

    No longo poema "O Sentimento dum Ocidental", constitudo por quatro partes, o poeta deambula mais uma vez pela cidade de Lisboa passando pelo cais junto ao Tejo; medida que vai passeando, anoitece (os subttulos das quatro partes em que o poema se divide explicitam-no). O poeta descreve o espao, a gente que passa ou que trabalha, ambientes, e enuncia as suas sensaes, as impresses que vai recolhendo (o cheiro a gs, o ar acinzentado das casas envoltas na neblina). Ao longo do poema o sujeito revela, contudo, estar mais voltado para a sua prpria interioridade por onde vai "deambulando" tambm.

    - O sentimento dum Ocidental:

    No longo poema "O Sentimento dum Ocidental", constitudo por quatro partes, o poeta deambula mais uma vez pela cidade de Lisboa passando pelo cais junto ao Tejo; medida que vai passeando, anoitece (os subttulos das quatro partes em que o poema se divide explicitam-no). O poeta descreve o espao, a gente que passa ou que trabalha, ambientes, e enuncia as suas sensaes, as impresses que vai recolhendo (o cheiro a gs, o ar acinzentado das casas envoltas na neblina). Ao longo do poema o sujeito revela, contudo, estar mais voltado para a sua prpria interioridade por onde vai "deambulando" tambm.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:

    A relao entre o espao exterior e os sentimentos do sujeito potico so de causa-consequncia: na 1 estrofe - "Nas nossas ruas ao anoitecer / H tal soturnidade, tal melancolia" (percepo subjectiva da realidade como causa); "Que as sombras, o bulcio, o Tejo, a maresia" (viso impressionista - sensaes visuais, auditivas e olfactivas; "Que"- introduz orao consecutiva); "Despertam-me um desejo absurdo de sofrer" (consequncia - o desencadear de um sentimento, de um estado psicolgico que, por sua vez, vai condicionar a forma como encara a realidade objectiva); na 2 estrofe - "O cu parece baixo e de neblina (viso subjectiva) / O gs extravasado enjoa-me, perturba" (sensao fsica provocada pelo gs, provoca um estado de perturbao psicolgica).

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:

    A relao entre o espao exterior e os sentimentos do sujeito potico so de causa-consequncia: na 1 estrofe - "Nas nossas ruas ao anoitecer / H tal soturnidade, tal melancolia" (percepo subjectiva da realidade como causa); "Que as sombras, o bulcio, o Tejo, a maresia" (viso impressionista - sensaes visuais, auditivas e olfactivas; "Que"- introduz orao consecutiva); "Despertam-me um desejo absurdo de sofrer" (consequncia - o desencadear de um sentimento, de um estado psicolgico que, por sua vez, vai condicionar a forma como encara a realidade objectiva); na 2 estrofe - "O cu parece baixo e de neblina (viso subjectiva) / O gs extravasado enjoa-me, perturba" (sensao fsica provocada pelo gs, provoca um estado de perturbao psicolgica).

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:A sensao de enclausuramento sugerida pelo ambiente sombrio - "H

    tal soturnidade", "as sombras", "os edifcios" (...) de cor montona e londrina"; pela neblina. H tambm referncias a elementos que compem o espao e apontam para a mesma ideia: as edificaes que se assemelham "a gaiolas" (est. 4); os carpinteiros que "Como morcegos" (est. 4) saltam no escuro; as ruas estreitas e sem sada "por boqueires, por becos" (est. 5); por fim a referncia s varinas, sujeitas sua condio social - "Desde manh noite, a bordo das fragatas; / E apinham-se num bairro aonde miam gatas, / E o peixe podre gera os focos de infeco!" (est. 11).

    Por oposio a este universo fechado e doentio, a ideia de evaso est presente na 3 estrofe - a o poeta refere-se aos "que se vo", exclamando, no mesmo verso, "Felizes!". E logo de seguida, o pensamento do poeta "acompanha" imaginariamente essas partidas "Ocorrem-me em revista exposies, pases: / Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!", estabelecendo um percurso mental por vrias capitais, acabando por abranger todo o mundo, isto , tudo o que no faz parte desta realidade que percorre fisicamente.

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:A sensao de enclausuramento sugerida pelo ambiente sombrio - "H

    tal soturnidade", "as sombras", "os edifcios" (...) de cor montona e londrina"; pela neblina. H tambm referncias a elementos que compem o espao e apontam para a mesma ideia: as edificaes que se assemelham "a gaiolas" (est. 4); os carpinteiros que "Como morcegos" (est. 4) saltam no escuro; as ruas estreitas e sem sada "por boqueires, por becos" (est. 5); por fim a referncia s varinas, sujeitas sua condio social - "Desde manh noite, a bordo das fragatas; / E apinham-se num bairro aonde miam gatas, / E o peixe podre gera os focos de infeco!" (est. 11).

    Por oposio a este universo fechado e doentio, a ideia de evaso est presente na 3 estrofe - a o poeta refere-se aos "que se vo", exclamando, no mesmo verso, "Felizes!". E logo de seguida, o pensamento do poeta "acompanha" imaginariamente essas partidas "Ocorrem-me em revista exposies, pases: / Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!", estabelecendo um percurso mental por vrias capitais, acabando por abranger todo o mundo, isto , tudo o que no faz parte desta realidade que percorre fisicamente.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:Partindo da realidade circundante, o poeta vagueia sobre outros

    tempos, referindo um tempo passado "histrico" - 6 estrofe. "E evoco, ento, as crnicas navais: / Mouros, baixis, heris, tudo ressuscitado!(estas personagens povoam agora a imaginao do poeta)

    Luta Cames no Sul, salvando um livro a nado! (referncia a "Os Lusadas", conota as crnicas navais com o registo de feitos picos)

    Singram soberbas naus que eu no verei jamais!" (impossibilidade de se repetirem os feitos passados; as "soberbas naus" simbolizando os feitos hericos na "conquista" do mundo).

    Faz a aluso ao futuro, repetindo o pessimismo do ltimo verso da 6 estrofe - "E algumas, cabea, embalam nas canastras / Os filhos que depois naufragam nas tormentas." (est. 10). As glrias do passado no se repetiro.

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:Partindo da realidade circundante, o poeta vagueia sobre outros

    tempos, referindo um tempo passado "histrico" - 6 estrofe. "E evoco, ento, as crnicas navais: / Mouros, baixis, heris, tudo ressuscitado!(estas personagens povoam agora a imaginao do poeta)

    Luta Cames no Sul, salvando um livro a nado! (referncia a "Os Lusadas", conota as crnicas navais com o registo de feitos picos)

    Singram soberbas naus que eu no verei jamais!" (impossibilidade de se repetirem os feitos passados; as "soberbas naus" simbolizando os feitos hericos na "conquista" do mundo).

    Faz a aluso ao futuro, repetindo o pessimismo do ltimo verso da 6 estrofe - "E algumas, cabea, embalam nas canastras / Os filhos que depois naufragam nas tormentas." (est. 10). As glrias do passado no se repetiro.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:

    Sob o ponto de vista estilstico, na estrofe nove, possvel verificar uma descrio dinmica e impressionista atravs de: sugesto de movimento dada pelos verbos - "Vazam-se os arsenais e as oficinas", "apressam-se as obreiras", "Correndo com firmeza, assomam as varinas"; percepo sensorial - "Reluz, viscoso, o rio" (sinestesia), "E num cardume negro, hercleas, galhofeiras"; recurso metfora (elaborada a partir da associao entre as personagens e os seus "instrumentos" de trabalho - "cardume negro"; predominncia de oraes coordenadas assindticas.

    - O sentimento dum Ocidental, Av-Marias:

    Sob o ponto de vista estilstico, na estrofe nove, possvel verificar uma descrio dinmica e impressionista atravs de: sugesto de movimento dada pelos verbos - "Vazam-se os arsenais e as oficinas", "apressam-se as obreiras", "Correndo com firmeza, assomam as varinas"; percepo sensorial - "Reluz, viscoso, o rio" (sinestesia), "E num cardume negro, hercleas, galhofeiras"; recurso metfora (elaborada a partir da associao entre as personagens e os seus "instrumentos" de trabalho - "cardume negro"; predominncia de oraes coordenadas assindticas.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Noite Fechada:

    Sob o ponto de vista estilstico, na estrofe nove, possvel verificar uma descrio dinmica e impressionista atravs de: sugesto de movimento dada pelos verbos - "Vazam-se os arsenais e as oficinas", "apressam-se as obreiras", "Correndo com firmeza, assomam as varinas"; percepo sensorial - "Reluz, viscoso, o rio" (sinestesia), "E num cardume negro, hercleas, galhofeiras"; recurso metfora (elaborada a partir da associao entre as personagens e os seus "instrumentos" de trabalho - "cardume negro"; predominncia de oraes coordenadas assindticas.

    - O sentimento dum Ocidental, Noite Fechada:

    Sob o ponto de vista estilstico, na estrofe nove, possvel verificar uma descrio dinmica e impressionista atravs de: sugesto de movimento dada pelos verbos - "Vazam-se os arsenais e as oficinas", "apressam-se as obreiras", "Correndo com firmeza, assomam as varinas"; percepo sensorial - "Reluz, viscoso, o rio" (sinestesia), "E num cardume negro, hercleas, galhofeiras"; recurso metfora (elaborada a partir da associao entre as personagens e os seus "instrumentos" de trabalho - "cardume negro"; predominncia de oraes coordenadas assindticas.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Noite Fechada:

    As cadeias, onde se toca s grades (pede-se comida, hora de dormir). O aljube, onde se recolhem velhinhas e crianas. O Poeta sente-se mortificado e com loucuras mansas, ao ouvir tocar s grades, nas cadeias, tece o comentrio de que, no aljube, raramente se encontra uma mulher de "dom e lamenta que velhinhas e crianas tenham de se recolher ao aljube.

    As prises, a velha S, as Cruzes. O Poeta desconfia que sofre de um aneurisma, de to mrbido que fica com o que v. O corao dele sensvel ao deparar com estes espaos, o poeta sente chorar o corao.

    Quando h referncia s igrejas, o sujeito potico revela pouca simpatia pelas igrejas e pelo clero. Perante a vista das duas igrejas, recria as antigas prticas repressivas da Igreja (a Inquisio). Pretende compensar a realidade negativa com invases atravs da histria (embora nem todos os motivos sejam felizes).

    - O sentimento dum Ocidental, Noite Fechada:

    As cadeias, onde se toca s grades (pede-se comida, hora de dormir). O aljube, onde se recolhem velhinhas e crianas. O Poeta sente-se mortificado e com loucuras mansas, ao ouvir tocar s grades, nas cadeias, tece o comentrio de que, no aljube, raramente se encontra uma mulher de "dom e lamenta que velhinhas e crianas tenham de se recolher ao aljube.

    As prises, a velha S, as Cruzes. O Poeta desconfia que sofre de um aneurisma, de to mrbido que fica com o que v. O corao dele sensvel ao deparar com estes espaos, o poeta sente chorar o corao.

    Quando h referncia s igrejas, o sujeito potico revela pouca simpatia pelas igrejas e pelo clero. Perante a vista das duas igrejas, recria as antigas prticas repressivas da Igreja (a Inquisio). Pretende compensar a realidade negativa com invases atravs da histria (embora nem todos os motivos sejam felizes).

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Noite Fechada:

    O Poeta destaca a importncia da figura de Cames (a resposta aos problemas do presente seria dada com solues do passado), ao mesmo tempo que pretende homenage-lo. H uma ligao a Cames pois neste poema h uma referncia ao largo onde foi levantada a esttua de Cames.

    H uma sensibilidade devido ao sofrimento das pessoas, que pelos corpos enfezados, ele supes que sofreram de clera. Assim, mostra pouca simpatia pelos soldados.

    Ocorre uma nostalgia pela Idade Mdia.

    - O sentimento dum Ocidental, Noite Fechada:

    O Poeta destaca a importncia da figura de Cames (a resposta aos problemas do presente seria dada com solues do passado), ao mesmo tempo que pretende homenage-lo. H uma ligao a Cames pois neste poema h uma referncia ao largo onde foi levantada a esttua de Cames.

    H uma sensibilidade devido ao sofrimento das pessoas, que pelos corpos enfezados, ele supes que sofreram de clera. Assim, mostra pouca simpatia pelos soldados.

    Ocorre uma nostalgia pela Idade Mdia.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Ao gs:

    O sujeito potico caminha solitrio observando os cenrios nocturnos da misria humana, estes provocam-lhe uma espcie de estado alucinado. As imagens da cidad esto associadas a imagens tristes e degradantes.

    O poeta evidencia a hipocrisia de certos comportamentos sociais e religiosos para mostrar que a burguesia to miservel como as impuras que se arrastam nas ruas da cidade.

    A comparao torna-se mais evidente quando o narrador reala o trabalho honesto daqueles que vivem a vida a trabalhar mas que a cidade aprisiona. A ultima estrofe sintetiza a dor do poeta perante esta realidade to perversa.

    - O sentimento dum Ocidental, Ao gs:

    O sujeito potico caminha solitrio observando os cenrios nocturnos da misria humana, estes provocam-lhe uma espcie de estado alucinado. As imagens da cidad esto associadas a imagens tristes e degradantes.

    O poeta evidencia a hipocrisia de certos comportamentos sociais e religiosos para mostrar que a burguesia to miservel como as impuras que se arrastam nas ruas da cidade.

    A comparao torna-se mais evidente quando o narrador reala o trabalho honesto daqueles que vivem a vida a trabalhar mas que a cidade aprisiona. A ultima estrofe sintetiza a dor do poeta perante esta realidade to perversa.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Ao gs:

    moles hospitais! Sai das embocaduras apstrofe

    Com santos e fiis, andores, ramos, velas, enumerao Em uma catedral de um comprimento imenso. ironia

    Um cheiro salutar e honesto a po no forno. sinestesia

    Com versos magistrais, salubres e sinceros tripla adjectivao

    Que grande cobra, a lbrica pessoa, metfora

    nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso dupla adjectivao

    - O sentimento dum Ocidental, Ao gs:

    moles hospitais! Sai das embocaduras apstrofe

    Com santos e fiis, andores, ramos, velas, enumerao Em uma catedral de um comprimento imenso. ironia

    Um cheiro salutar e honesto a po no forno. sinestesia

    Com versos magistrais, salubres e sinceros tripla adjectivao

    Que grande cobra, a lbrica pessoa, metfora

    nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso dupla adjectivao

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    Corresponde ao momento final do percurso do sujeito potico, percurso que se vai tornando mais angustiante e fechado.

    Estamos no domnio total da noite, as estrelas brilham no cu Vm lgrimas de luz dos astros com olheiras e os guardas, que revistam as escadas,/Caminham de lanterna.

    tambm o momento em que as personagens dominam a cidade: as imorais, os assassinos, os tristes bebedores e at os ces que se transformam em lobos E sujos, sem ladrar, sseos, febris, errantes,/Amareladamente, os ces parecem lobos

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    Corresponde ao momento final do percurso do sujeito potico, percurso que se vai tornando mais angustiante e fechado.

    Estamos no domnio total da noite, as estrelas brilham no cu Vm lgrimas de luz dos astros com olheiras e os guardas, que revistam as escadas,/Caminham de lanterna.

    tambm o momento em que as personagens dominam a cidade: as imorais, os assassinos, os tristes bebedores e at os ces que se transformam em lobos E sujos, sem ladrar, sseos, febris, errantes,/Amareladamente, os ces parecem lobos

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    A agressividade notvel:

    - o colocar dos taipais e o ranger das fechaduras;

    - A viso da cidade como uma priso, uma antecmara marcante da morte Mas se vivemos, os emparedados,/Sem rvores, no vale escuro das muralhas!...

    - o nojo da cidade Nauseiam-me

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    A agressividade notvel:

    - o colocar dos taipais e o ranger das fechaduras;

    - A viso da cidade como uma priso, uma antecmara marcante da morte Mas se vivemos, os emparedados,/Sem rvores, no vale escuro das muralhas!...

    - o nojo da cidade Nauseiam-me

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    Face a esta cidade opressiva o sujeito potico:

    - evoca a beleza e a serenidade do campo Pois sobem, no silncio, infaustas e trinadas,/As notas pastoris de uma longnqua flauta.

    - expressa desejos impossveis ou difceis de realizar Se eu no morresse, nunca! E eternamente/Buscasse e conseguisse a perfeio das cousas!

    - esperar o regresso da grandeza perdida Ns vamos explorar todos os continentes/E pelas vastides aquticas seguir!

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    Face a esta cidade opressiva o sujeito potico:

    - evoca a beleza e a serenidade do campo Pois sobem, no silncio, infaustas e trinadas,/As notas pastoris de uma longnqua flauta.

    - expressa desejos impossveis ou difceis de realizar Se eu no morresse, nunca! E eternamente/Buscasse e conseguisse a perfeio das cousas!

    - esperar o regresso da grandeza perdida Ns vamos explorar todos os continentes/E pelas vastides aquticas seguir!

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    O poema concludo com uma nota completamente disfrica A Dor humana busca os amplos horizontes,/E tem mars, de fel, como um sinistro mar!

    - O sentimento dum Ocidental, Horas Mortas:

    O poema concludo com uma nota completamente disfrica A Dor humana busca os amplos horizontes,/E tem mars, de fel, como um sinistro mar!

  • DeslumbramentosMilady, perigoso contempl-la, Quando passa aromtica e normal, Com seu tipo to nobre e to de sala, Com seus gestos de neve e de metal.

    Sem que nisso a desgoste ou desenfade, Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas, Eu vejo-a, com real solenidade, Ir impondo toilettes complicadas!...

    Em si tudo me atrai como um tesouro: O seu ar pensativo e senhoril, A sua voz que tem um timbre de ouro E o seu nevado e lcido perfil!

    Ah! Como me estonteia e me fascina... E , na graa distinta do seu porte, Como a Moda suprflua e feminina, E to alta e serena como a Morte!...

    Eu ontem encontrei-a, quando vinha, Britnica, e fazendo-me assombrar; Grande dama fatal, sempre sozinha, E com firmeza e msica no andar!

    O seu olhar possui, num jogo ardente, Um arcanjo e um demnio a ilumin-lo; Como um florete, fere agudamente, E afaga como o plo dum regalo!

    Pois bem. Conserve o gelo por esposo, E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mos, O modo diplomtico e orgulhoso Que Ana de ustria mostrava aos cortesos.

    E enfim prossiga altiva como a Fama, Sem sorrisos, dramtica, cortante; Que eu procuro fundir na minha chama Seu ermo corao, como um brilhante.

    Mas cuidado, milady, no se afoite, Que ho de acabar os brbaros reais; E os povos humilhados, pela noite, Para a vingana aguam os punhais.

    E um dia, flor do Luxo, nas estradas, Sob o cetim do Azul e as andorinhas, Eu hei-de ver errar, alucinadas, E arrastando farrapos - as rainhas!

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Deslumbramentos:

    O sujeito potico deambula pela cidade, observando e seguindo uma mulher que o atrai Milady uma mulher fatal e citadina.

    Estrutura externa:

    O poema constitudo por dez quadras.

    Os versos so decassilbicos.

    A rima cruzada, segundo o esquema abab.

    - Deslumbramentos:

    O sujeito potico deambula pela cidade, observando e seguindo uma mulher que o atrai Milady uma mulher fatal e citadina.

    Estrutura externa:

    O poema constitudo por dez quadras.

    Os versos so decassilbicos.

    A rima cruzada, segundo o esquema abab.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Deslumbramentos: Recursos estilsticos:- apstrofe: Milady (v.1); flor do Luxo (v.37);- dupla adjetivao: aromtica e normal (v.2); - metfora: gestos de neve e de metal (v.4); - anfora: Com seu tipo / Com seus gestos (vv.3 e 4); - comparao: como um tesoiro (v.9); to alta e serena como a

    morte (v.16); como a um brilhante (v.32); - sinestesia: timbre de oiro (v.11) - hiplage: lcido perfil (v.12); - anttese: Um arcanjo e um demnio (v.22); - aliterao: em f nos vv.23 e 24.

    - Deslumbramentos: Recursos estilsticos:- apstrofe: Milady (v.1); flor do Luxo (v.37);- dupla adjetivao: aromtica e normal (v.2); - metfora: gestos de neve e de metal (v.4); - anfora: Com seu tipo / Com seus gestos (vv.3 e 4); - comparao: como um tesoiro (v.9); to alta e serena como a

    morte (v.16); como a um brilhante (v.32); - sinestesia: timbre de oiro (v.11) - hiplage: lcido perfil (v.12); - anttese: Um arcanjo e um demnio (v.22); - aliterao: em f nos vv.23 e 24.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Deslumbramentos: O poema comea com uma apstrofe - Milady. No conhecemos esta

    mulher, mas sabemos logo que todo o poema dirigido a uma mulher de um estatuto social superior, uma vez que o sujeito lrico se dirige a ela com a expresso de cortesia .

    Esta forma de tratamento tambm aponta para uma relao de criado-senhora entre o sujeito potico a mulher amada, encontrando-se ela num plano superior, aristocrtico, e ele num plano inferior, subserviente.

    Perante o fascnio do eu lrico, Milady mostra-se fria, insensvel. A sua postura altiva e solene f-lo sofrer, uma vez que se sente humilhado por esta indiferena. Milady sabe que exerce este poder encantatrio sobre os homens. Por isso, orgulhosa na sua postura, mostrando-se superior e tratando com desprezo os inferiores.

    perigoso contemplar Milady porque a paixo que despertada por essa contemplao leva ao sofrimento. O seu olhar caracterizado de " jogo ardente, Um arcanjo e um demnio a ilumin-lo", pois fere e afaga ou conforta.

    - Deslumbramentos: O poema comea com uma apstrofe - Milady. No conhecemos esta

    mulher, mas sabemos logo que todo o poema dirigido a uma mulher de um estatuto social superior, uma vez que o sujeito lrico se dirige a ela com a expresso de cortesia .

    Esta forma de tratamento tambm aponta para uma relao de criado-senhora entre o sujeito potico a mulher amada, encontrando-se ela num plano superior, aristocrtico, e ele num plano inferior, subserviente.

    Perante o fascnio do eu lrico, Milady mostra-se fria, insensvel. A sua postura altiva e solene f-lo sofrer, uma vez que se sente humilhado por esta indiferena. Milady sabe que exerce este poder encantatrio sobre os homens. Por isso, orgulhosa na sua postura, mostrando-se superior e tratando com desprezo os inferiores.

    perigoso contemplar Milady porque a paixo que despertada por essa contemplao leva ao sofrimento. O seu olhar caracterizado de " jogo ardente, Um arcanjo e um demnio a ilumin-lo", pois fere e afaga ou conforta.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Deslumbramentos: Todavia, o fascnio que o sujeito potico experimenta leva-o a

    tentar derreter o gelo do corao de Milady (procuro fundir na minha cham / Seu ermo corao), embora esteja consciente de que as suas tentativas so vs.

    Neste esforo inglrio denota-se a subservincia amorosa em que o sujeito potico vive devido aos encantos desta mulher. Apesar de no ser correspondido - alis, ignorado por Milady -, ele tentar derreter o gelo por se submeter s disposies desta mulher: beijando-lhe as brancas mos ou seguindo-a pelas ruas de Lisboa.

    Nas duas estrofes finais, o sujeito potico acautela Milady para que esta no se alegre com a sua condio de rainha. Sabendo que o seu poder advm da beleza efmera, o eu lrico avisa-a para no ser ousada (no se afoite), pois os seus poderes vo acabar um dia e os humilhados (i.e. os amantes desprezados), na sombra da sua beleza, "Para a vingana aguam os punhais." Ento, quando esta "flor do Luxo" perder os seus poderes encantatrios, o eu lrico v-la- vagueando pelas ruas, em farrapos.

    - Deslumbramentos: Todavia, o fascnio que o sujeito potico experimenta leva-o a

    tentar derreter o gelo do corao de Milady (procuro fundir na minha cham / Seu ermo corao), embora esteja consciente de que as suas tentativas so vs.

    Neste esforo inglrio denota-se a subservincia amorosa em que o sujeito potico vive devido aos encantos desta mulher. Apesar de no ser correspondido - alis, ignorado por Milady -, ele tentar derreter o gelo por se submeter s disposies desta mulher: beijando-lhe as brancas mos ou seguindo-a pelas ruas de Lisboa.

    Nas duas estrofes finais, o sujeito potico acautela Milady para que esta no se alegre com a sua condio de rainha. Sabendo que o seu poder advm da beleza efmera, o eu lrico avisa-a para no ser ousada (no se afoite), pois os seus poderes vo acabar um dia e os humilhados (i.e. os amantes desprezados), na sombra da sua beleza, "Para a vingana aguam os punhais." Ento, quando esta "flor do Luxo" perder os seus poderes encantatrios, o eu lrico v-la- vagueando pelas ruas, em farrapos.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    - Deslumbramentos:

    Estas duas ltimas estrofes so tambm uma crtica social ao desdm da burguesia em relao ao proletariado, revelando a vontade de Cesrio em ver as condies sociais alterarem-se, para que aqueles que labutam diariamente pudessem ver recompensados os seus esforos, e aqueles que vivem s custas do trabalho alheio fossem castigados pelo seu parasitismo.

    - Deslumbramentos:

    Estas duas ltimas estrofes so tambm uma crtica social ao desdm da burguesia em relao ao proletariado, revelando a vontade de Cesrio em ver as condies sociais alterarem-se, para que aqueles que labutam diariamente pudessem ver recompensados os seus esforos, e aqueles que vivem s custas do trabalho alheio fossem castigados pelo seu parasitismo.

  • - Cristalizaes:- Poema representativo da cidade

    - Poesia do quotidiano

    - Ns:- Poema representativo do campo

    - Crtica cidade

    - Campo: refgio dos males da vida e recordao da famlia.

    - oposio entre sociedades industriais e sociedades rurais

    - oposio entre proprietrios e trabalhadores

    - A Dbil:- Mulher campesina retratada na cidade

    - Cristalizaes:- Poema representativo da cidade

    - Poesia do quotidiano

    - Ns:- Poema representativo do campo

    - Crtica cidade

    - Campo: refgio dos males da vida e recordao da famlia.

    - oposio entre sociedades industriais e sociedades rurais

    - oposio entre proprietrios e trabalhadores

    - A Dbil:- Mulher campesina retratada na cidade

    A especificidade da potica de CesrioA especificidade da potica de Cesrio

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    |O deambulismo:

    Em muitos dos seus poemas, Cesrio transmite a ideia de passear pelo cenrio dos seus poemas, associando as impresses transmitidas pelo real exterior com as suas reflexes poticas

    |O deambulismo:

    Em muitos dos seus poemas, Cesrio transmite a ideia de passear pelo cenrio dos seus poemas, associando as impresses transmitidas pelo real exterior com as suas reflexes poticas

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    |O realismo cintico e o visualismo:

    A poesia de Cesrio Verde capta todos os motivos que a realidade lhe oferece, desde a epidemia que assola a cidade, estadia no campo, e morte. Cesrio tem a preocupao pela ordem das descries (primeiro os aspetos genricos e depois os mais especficos) e por descrever tudo o que v.

    |O realismo cintico e o visualismo:

    A poesia de Cesrio Verde capta todos os motivos que a realidade lhe oferece, desde a epidemia que assola a cidade, estadia no campo, e morte. Cesrio tem a preocupao pela ordem das descries (primeiro os aspetos genricos e depois os mais especficos) e por descrever tudo o que v.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    |O aspeto pictrico:

    O real aprendido atravs de impresses (a cor, a luz, o movimento os seres e as coisas fugazes) que estimulam o sujeito potico;Cesrio um poeta-pintor que capta as impresses da realidade. Prximo do realismo e do naturalismo, presta ateno aos pormenores mnimos que servem para transmitir as percees sensoriais;Impressionista, procura surpreender o momento em que os objetos ganham a sua inteira individualidade.

    |O aspeto pictrico:

    O real aprendido atravs de impresses (a cor, a luz, o movimento os seres e as coisas fugazes) que estimulam o sujeito potico;Cesrio um poeta-pintor que capta as impresses da realidade. Prximo do realismo e do naturalismo, presta ateno aos pormenores mnimos que servem para transmitir as percees sensoriais;Impressionista, procura surpreender o momento em que os objetos ganham a sua inteira individualidade.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    |O aspeto pictrico:

    A obra de Cesrio Verde caracteriza-se, pela tcnica impressionista, ao acumular pormenores das sensaes captadas pelo recurso s sinestesias, que lhe permitem transmitir sugestes e impresses da realidade;Sensvel ao estmulo visual, Cesrio procura reter diversas impresses visuais e outras para sobrepor imagens que acabem por traduzir e reiterar a viso do que o rodeia e traduzir a sua inspirao pessoal.

    |O aspeto pictrico:

    A obra de Cesrio Verde caracteriza-se, pela tcnica impressionista, ao acumular pormenores das sensaes captadas pelo recurso s sinestesias, que lhe permitem transmitir sugestes e impresses da realidade;Sensvel ao estmulo visual, Cesrio procura reter diversas impresses visuais e outras para sobrepor imagens que acabem por traduzir e reiterar a viso do que o rodeia e traduzir a sua inspirao pessoal.

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    |O carter sensorial:

    Inerente dimenso pictrica, impressionista, da poesia da Cesrio Verde, est, evidentemente, o seu carcter sensorial que resulta das sensaes que a realidade exterior suscita no sujeito potico, so veiculadas atravs dos vrios sentidos, como:

    -Os cheirosUm cheiro salutar e honesto ao po no forno.- O Sentimento dum Ocidental

    |O carter sensorial:

    Inerente dimenso pictrica, impressionista, da poesia da Cesrio Verde, est, evidentemente, o seu carcter sensorial que resulta das sensaes que a realidade exterior suscita no sujeito potico, so veiculadas atravs dos vrios sentidos, como:

    -Os cheirosUm cheiro salutar e honesto ao po no forno.- O Sentimento dum Ocidental

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    |O carter sensorial:-A luminosidadeUma iluminao a azeite de purgueira,De noite, amarelava os prdios macilentos. -Ns

    -A corE abre-se-lhe o algodo azul da meia,(...) E pendurando os seus bracinhos brancos - Num Bairro Moderno

    -Os rudosUm parafuso cai nas lajes, s escuras - O Sentimento dum Ocidental

    |O carter sensorial:-A luminosidadeUma iluminao a azeite de purgueira,De noite, amarelava os prdios macilentos. -Ns

    -A corE abre-se-lhe o algodo azul da meia,(...) E pendurando os seus bracinhos brancos - Num Bairro Moderno

    -Os rudosUm parafuso cai nas lajes, s escuras - O Sentimento dum Ocidental

  • A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

    | A evaso do real e a pretensa objetividade:

    Apesar da poesia de Cesrio Verde se alicerar no real objetivo, possvel verificar que a imaginao transfiguradora interfere, frequentemente, na viso objetiva que o sujeito potico tem da realidade. frequente encontrarmos nos poemas de Cesrio Verde outras realidades que esto para alm da realidade primeira, imediata, observvel, e que surgem por meio da imaginao criadora e transfiguradora, possibilitando ao sujeito potico a fuga, a evaso do real.

    | A evaso do real e a pretensa objetividade:

    Apesar da poesia de Cesrio Verde se alicerar no real objetivo, possvel verificar que a imaginao transfiguradora interfere, frequentemente, na viso objetiva que o sujeito potico tem da realidade. frequente encontrarmos nos poemas de Cesrio Verde outras realidades que esto para alm da realidade primeira, imediata, observvel, e que surgem por meio da imaginao criadora e transfiguradora, possibilitando ao sujeito potico a fuga, a evaso do real.

  • | A evaso do real e a pretensa objetividade:Detetamos essa evaso do real em poemas como:

    "Num Bairro Moderno" - a viso do cesto de vegetais da hortaliceira transfigurada e d lugar viso de um corpo humano - "H colos, ombros, boca, um semblante / Nas posies de certos frutos. (...) surge um melo que me lembrou um ventre."

    "O Sentimento dum Ocidental" - a deambulao do sujeito potico pelos cais da cidade suscita-lhe imagens de um passado longnquo - "Luta Cames no sul, salvando um livro a nado! / Singram soberbas naus que eu no verei jamais!"

    "Cristalizaes" - a viso das "rvores despidas", realidade imediata, transforma-se em outras imagens que vo para alm desse imediato - "Mastros, enxrcias, vergas!"

    | A evaso do real e a pretensa objetividade:Detetamos essa evaso do real em poemas como:

    "Num Bairro Moderno" - a viso do cesto de vegetais da hortaliceira transfigurada e d lugar viso de um corpo humano - "H colos, ombros, boca, um semblante / Nas posies de certos frutos. (...) surge um melo que me lembrou um ventre."

    "O Sentimento dum Ocidental" - a deambulao do sujeito potico pelos cais da cidade suscita-lhe imagens de um passado longnquo - "Luta Cames no sul, salvando um livro a nado! / Singram soberbas naus que eu no verei jamais!"

    "Cristalizaes" - a viso das "rvores despidas", realidade imediata, transforma-se em outras imagens que vo para alm desse imediato - "Mastros, enxrcias, vergas!"

    A especificidade da potica de Cesrio

    A especificidade da potica de Cesrio

  • ConclusoConcluso