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2011 07-27 - mulheres republicanas

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História.

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As Mulheres da 1ª República Portuguesa

Apesar de terem lutado pelos ideais republicanos e terem sido pioneiras, são

pouco conhecidas as Mulheres da 1ª República.

Elas defenderam ideais patrióticos e lutaram pelo desenvolvimento da sociedade e pela

Implantação da República.

“A República, minhas senhoras, não sendo uma forma de governo nova, nem

perfeita – porque não há nada que em absoluto o seja – é no entanto mais

lógica, mais compreensível à nossa inteligência e mais tolerável à nossa

razão, dando-nos também mais garantias de progresso”. Citação do Discurso de

Ana de Castro Osório na sessão fundadora da Liga Republica na das Mulheres Portuguesas, 28-

08-1908.

Para recordar o ideário

republicano e a vida de

figuras menos conhecidas do

movimento revolucionário de

há 100 anos, como é o caso

das mulheres que então se

destacaram, os CTT- Correios

de Portugal dedicaram uma

emissão de selos a essas

personalidades femininas.

A história tradicional não abriu espaço para que as mulheres surgissem como

sujeitos históricos. Do empenho dessas mulheres feministas e republicanas ficou,

apenas, na história oficial, que elas bordaram a bandeira da República!

Destacar tal facto, sem mencionar o seu pensamento e acção é muito pouco, por

isso recordemos algumas dessas figuras femininas.

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Ana de Castro Osório

Mangualde – 18 de Junho de 1872

Setúbal – 23 de Março de 1935

Intelectual, pedagoga, jornalista, ensaísta, conferencista,

feminista e republicana, considerada uma das mais notáveis

teóricas dos problemas da emancipação das mulheres foi uma

dedicada e incansável lutadora pela igualdade de direitos,

tendo sido pioneira em Portugal na luta pela igualdade de

direitos entre homens e mulheres. Escreveu em 1905, Às

Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista.

O poder dos homens na sociedade portuguesa de então fazia

com que ser mulher - e interventiva - fosse inevitavelmente uma arte. Ana de Castro Osório teve

essa destreza.

Neste âmbito, foi uma das fundadoras do Grupo de Estudos Feministas, em 1907, da Liga

Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1909, da Associação de Propaganda Feminista, em

1912, da Comissão Feminina “Pela Pátria”, em 1916, a partir da qual se formou, no mesmo ano, a

Cruzada das Mulheres Portuguesas.

Casada com Paulino de Oliveira, membro do Partido Republicano, esta mulher aproximou-se desse

Partido, tendo após a instauração da República, colaborado com o Ministro da Justiça, Afonso

Costa, na elaboração da Lei do Divórcio.

É considerada a criadora da literatura infantil em Portugal, com a série de contos infantis “Para as

crianças” que publicou, entre 1897 e 1935, em fascículos. Muitas das suas obras foram traduzidas

para francês, espanhol e italiano

Foi iniciada na Maçonaria, passando a militar na Loja Humanidade.

Às Mulheres Portuguesas, escrita em 1905, foi uma colectânea de 250 páginas de artigos

fundamentais, sobre as principais questões femininas, onde exortou as mulheres ao “trabalho e ao

estudo”, que considerava “passo definitivo para a libertação feminina”, apelando para que as

mulheres não fizessem do amor “o ideal único da existência”. Ser feminista, dizia, é “desejá-las

criaturas de inteligência e de razão”. Sobre a rapariga portuguesa da época era implacável e

irónica: “não tem opiniões para não ser pedante, não lê para não ser doutora e não ver

espavoridos os noivos”. Defendeu a igualdade de salários, “por igual trabalho, igual paga” e

afirmou que “nada mais justo, nada mais razoável, do que este caminhar seguro, embora lento, do

espírito feminino para a sua autonomia”. Em Às mulheres Portuguesas analisou detalhadamente a

situação da mulher e o casamento, da mulher casada perante o código civil e perante o trabalho.

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Adelaide Cabete

Elvas – 25 de Janeiro de 1867

Lisboa – 14 de Setembro de 1935

Nasceu em Elvas no dia 25 de Janeiro de 1867.

Foi médica, professora, pedagoga e militante

republicana, tendo sido defensora da luta feminista.

De origem modesta, só iniciou estudos depois de

casar (1885) com Manuel Ramos Fernandes Cabete,

um sargento autodidacta, explicador de latim e grego,

que a incentivou e acompanhou naquele propósito.

Fez aos 23 anos, o exame da instrução primária e concluiu, aos 33 anos, a licenciatura em Medicina da

Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, com a tese A Protecção às Mulheres Grávidas Pobres.

Como médica, distinguiu-se no apoio às mulheres grávidas, na divulgação dos cuidados materno-infantis

(puericultura) e no combate ao alcoolismo, publicando sobre o assunto a obra Papel que o Estudo da

Puericultura, da Higiene Feminina deve Desempenhar no Ensino Doméstico (1913), Protecção à Mulher

Grávida (1924) e A Luta Anti-Alcoólica nas Escolas (1924). No Instituto Feminino de Odivelas foi professora

de Higiene.

Como republicana e feminista, desenvolveu intensa actividade militante a favor do estabelecimento

daquele regime político e pela dignificação do estatuto da mulher. Colaborou na imprensa feminista da

época e, designadamente, na revista Alma Feminina, que também dirigiu. Promoveu os primeiros

congressos abolicionistas da prostituição, participou na fundação da Liga Republicana das Mulheres

Portuguesas.

Em 1910 com duas companheiras, coseu e bordou a bandeira nacional hasteada na implantação da

República.

Colaborou também na organização do 1º Congresso Feminista e de Educação (1924). Representou o

governo português no 1º Congresso Feminista Internacional (1923) que decorreu em Itália.

Desiludida com a nova situação política do país resultante da imposição da ditadura do Estado Novo (1926),

saiu de Portugal e partiu para Angola, onde se dedicou sobretudo à medicina.

Foi iniciada na Maçonaria em 1907, na loja Humanidade (Lisboa), como o nome simbólico de Louise Michel.

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ANGELINA VIDAL

Lisboa – 11 de Março de 1847

Lisboa - 1 de Agosto de 1917

Nascida num meio culto, (o pai era maestro) e

apesar de não ser uma família endinheirada,

Angelina Vidal recebeu a educação própria das

meninas “prendadas” do seu tempo.

Órfã de pai aos 9 anos, vai para Viseu aos cuidados

da família da mãe. Foi nessa cidade que deu início

à sua vida literária sob o pseudónimo “republicana

viseense”. Casou aos 19 anos com o médico

Augusto de Campos Vidal, diplomado pela Universidade de Coimbra. Ficou viúva, com cinco filhos

para educar.

A sua actividade de republicana, começou a evidenciar-se. Proclamou-se livre pensadora,

anticlerical. A projecção do seu nome levou-a ao Porto em 1880, iniciando em 1881 colaboração

com A Voz do Operário e foi evoluindo para ideias socialistas.

Uma controvérsia se instalou então: o seu marido servia a Monarquia. Ela combatia-a.

Viveu mal, com crises económicas gravíssimas, tendo colocado a hipótese de suicídio.

Angelina Vidal, notabilizou-se como educadora sobretudo na alfabetização das classes operárias

após a instauração da República. Como era contra a Monarquia, nunca lhe foi dado um lugar de

destaque no ensino, pois era vista como uma inimiga daquele regime político.

Mulher muito à frente para a época, hospedava-se com seus filhos em hotéis quando tinha de dar

conferências, coisa pouco vista na época. Era vaiada por uns, aplaudida por outros, mas legou-nos

imensos escritos em defesa da República, do operariado, da Mulher trabalhadora.

Foi das primeiras femininistas portuguesas que dizia entre outras coisas, que se ela “reconhecia

que a mulher tem os mesmos direitos que o homem e que é necessário instruí-la”. Conhece-se a

sua participação em pelo menos 78 jornais e periódicos, certamente um recorde nacional. Na

vastidão da sua obra, é difícil discernir as publicações jornalísticas ou literárias que não devam ser

consideradas educativas. O seu trabalho revelou sempre preocupação com a divulgação, a

formação e educação de crianças, jovens e adultos.

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CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO.

Guarda – 1878

Lisboa - 1911

Nasceu na Guarda, onde frequentou o Liceu. Mais tarde

ingressou na Escola Médico-Cirúrgica em Lisboa, onde

concluiu o curso de Medicina em 1902.

Foi médica, lutadora sufragista e fundadora da Associação

de Propaganda Feminista, foi a primeira mulher a votar em

Portugal, embora vivesse num país em que o sufrágio

universal só seria instituído passados mais de sessenta

anos, ou seja, depois do 25 de Abril de 1974, pois só a democracia conferiu esse direito a todas as

mulheres em Portugal, ricas ou pobres, cultas ou não, solteiras ou casadas.

O voto depositado nas urnas para as eleições da Assembleia Constituinte, em 1911, pela médica Carolina

Beatriz Ângelo, constitui um episódio deveras exemplar de luta pela cidadania e pela emancipação da

situação das mulheres em Portugal, numa altura em que o direito de voto era reconhecido apenas a

"cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família".

Invocando a sua qualidade de chefe de família, uma vez que era viúva e mãe, Carolina Beatriz Ângelo

conseguiu que um tribunal lhe reconhecesse o direito a votar (à revelia) com base no sentido do plural da

expressão “cidadãos portugueses” cujo masculino se refere, ao mesmo tempo, a homens e a mulheres.

Como consequência do seu acto, e para evitar que tal exemplo pudesse ser repetido, a lei foi alterada no

ano seguinte, com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam votar.

Carolina Beatriz Ângelo foi assim, também, a primeira mulher a votar no quadro dos doze países europeus

que vieram a constituir a União Europeia (até ao alargamento, em 1996).

Foi a primeira médica a operar no Hospital de S. José.

Encontrámo-la com Maria Veleda, Adelaide Cabete e Ana de Castro Osório na Liga Republicana das

Mulheres Portuguesas, onde lutaram pela implantação da República e pelo direito de voto das

mulheres portuguesas.

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MARIA VELEDA

Faro – 1871

Lisboa – 1955

Professora do ensino primário, feminista,

republicana, livre-pensadora e espiritualista.

Maria Veleda foi uma mulher pioneira na luta pela

educação das crianças e dos direitos das mulheres e

na propaganda dos ideais republicanos, tendo-se

revelado uma importante feminista portuguesa, no combate pelos direitos das mulheres.

Tendo-se estreado na imprensa algarvia e alentejana com a publicação de poesia, contos

e novelas, dedicou-se depois aos temas feministas e educativos. Defendia a educação

laica e integral, em que se aliassem a teoria e a prática, a liberdade, a criatividade, o

espírito crítico e os valores éticos e cívicos. Num tempo em que a literatura infantil quase

não existia em Portugal, publicou, em 1902, uma colecção de contos para crianças,

intitulada «Cor-de-Rosa» e o opúsculo “Emancipação Feminina”.

Em 1909, por sua iniciativa, a «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» fundou a

«Obra Maternal» para acolher e educar crianças abandonadas ou em perigo moral,

instituição que se manterá até 1916, graças à solidariedade da sociedade civil e às receitas

obtidas em saraus teatrais, cujas peças dramáticas e cómicas Maria Veleda também

escrevia e levava à cena. Em 1912, o governo nomeou-a Delegada de Vigilância da Tutoria

Central da Infância de Lisboa, instituição destinada a recolher as crianças desamparadas,

pedintes ou delinquentes, cargo que ocupou até 1941.

Consciente da situação de desigualdade em que as mulheres viviam, numa sociedade

conservadora e pouco aberta à mudança, iniciou, nos primeiros anos do século XX, um

dos maiores combates da sua vida: defender a igualdade de direitos jurídicos, cívicos e

políticos entre os sexos. Nesse sentido, criou cursos nocturnos no Centro Republicano

Afonso Costa, onde era professora do ensino primário, e nos Centros Republicanos

António José de Almeida e Boto Machado, para as ensinar a ler e a escrever e as educar

civicamente.

Entre 1910 e 1915, como dirigente da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» e

das revistas A Mulher e a Criança e A Madrugada, empenhou-se na luta pelo sufrágio

feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e

representações aos órgãos de soberania. Combateu a prostituição, sobretudo, a de

menores, e o direito de fiança por abuso sexual de crianças.

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Convertida ao livre-pensamento e iniciada na Maçonaria, em 1907, aderiu também aos

ideais da República e tornou-se oradora dos Centros Republicanos.

O combate à monarquia e ao clericalismo valeu-lhe a condenação por abuso de liberdade

de imprensa, em 1909, além das constantes perseguições e ameaças de morte, movidas

por alguns sectores católicos e monárquicos mais conservadores.

Desiludida com a actuação dos governos republicanos que não cumpriram as promessas

de conceder o voto às mulheres nem souberam orientar a República de modo a

estabelecer as verdadeiras Igualdade, Liberdade e Fraternidade e construir uma

sociedade mais justa e melhor, abandonou o activismo político e feminista em 1921.

Maria Veleda dedicou a vida aos ideais de justiça, liberdade, igualdade e democracia e

empenhou-se na construção de uma sociedade melhor, onde todos pudessem ser felizes.

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VIRGÍNIA QUARESMA

Elvas – 1882

Brasil - 1973

Foi a primeira mulher a exercer jornalismo em

Portugal. Foi colaboradora muito activa nas redacções

dos jornais O Século e A Capital.

Foi das primeiras mulheres a licenciarem-se pela

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Fundou a primeira agência de publicidade no

jornalismo. No período que se seguiu à Implantação da República até ao Movimento de

28 de Maio de 1926, esta jornalista distinguiu-se em importantes reportagens de teor

político e social.

Trabalho realizado pelos alunos do 9º Ano, Turma G

Disciplina de História

Professora – Teresa Paula Rodrigues