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Documentos da apresentação da pesquisa "Conhecer para Transformar" do CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cruz do Espírito Santo PB, com apoio e patrocício de Santander - Amigo de Valorm realizada em 05 de julho de 2012
Citation preview
http://youtu.be/9_DYcnuBkOA
Frei R. Reginaldo
do Nascimento,OFM
RETALHOS DE
MINHA HISTÓRIA
http://youtu.be/id7VYMbqHPw
A CARTILHA
DOCUMENTOS E ANEXOS
VÍDEOS
MENSAGENS
CONHECER PARATRANSFORMAR
AS POLÍTICAS PÚBLICASPARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
em CRUZ DO ESPÍRITO SANTO/PB
Conselho Municipal dos Direitosda Criança e do Adolescentede Cruz do Espírito Santo /PB
CMDCAJulho de 2012
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOSAPRESENTAÇÃO2. INTRODUIÇÃO
1.1 BREVE HISTÓRICO E DADOS PRINCIPAIS
1.2 PROGRAMAS FEDERAIS QUE BENEFICIAM O MUNICÍPIO:1.3 SERVIÇOS DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO MUNICÍPIO/ESTADO:1.4 A PESQUISA
3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES LEVANTADAS2.1 CMDCA E CT2.2 A CONSCIÊNCIA DOS DIREITOS
4. COLETA DE DADOS3.1 MINISTÉRIO PÚBLICO E PODER JUDICIÁRIO3.2 CONSELHO TUTELAR
3.3 SEGURANÇA PÚBLICA3.4 EDUCAÇÃO3.5 SAÚDE3.6 ASSISTÊNCIA SOCIAL
ENTIDADES DE ATENDIMENTOPASTORAL DO MENORPASTORAL DA CRIANÇAACRF – ASSOCIAÇÃO CENTRO RURAL DE FORMAÇÃOIGREJAS LOCAIS
3.7 CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA3.8 PROTEÇÃO ESPECIAL
5. MAPEAMENTO E ANÁLISE DA REDE DE ATENDIMENTONA ESFERA DA PROTEÇÃO ESPECIAL
4.1 EXECUÇÃO DO PETI NO MUNICÍPIO6. PLANO DE AÇÃO PARA A POLÍTICA DE ATENDIMENTO E FORTALECIMENTO DO SGDCA
5.1 DESCRIÇÃO DAS PROPOSTAS DE AÇÃO DA POLÍTICA DE ATENDIMENTOI. AÇÕES DE RESPOSTA A MAUS TRATOS, ABANDONO E NEGLIGÊNCIAII. AÇÕES DE RESPOSTA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES AUTORES DE ATO INFRACIONAL
III. AÇÕES DE RESPOSTA AO TRABALHO INFANTILIV. AÇÕES DE RESPOSTA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES
COM DISTORÇÃO SÉRIE/IDADE E EVASÃO ESCOLARV. AÇÕES DE RESPOSTA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
03050707
111314161621232428
33343841
4444444545
4749
50
5157575759
60
6265
67
CONHECER PARA TRANSFORMARAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
EM CRUZ DO ESPÍRITO SANTO/PB
Conselho Municipaldos Direitos da Criança e do Adolescente
de Cruz do Espírito Santo /PB
Julho de 2012
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTEDE CRUZ DO ESPÍRITO SANTO
2011/2012
Lei Municipal nº 481/97 de 17 de setembro de 1997Praça dos Três poderes, s/n, Centro – Cruz do Espírito Santo/PB
COMISSÃO DE PESQUISA:
MembrosdoConselhoMunicipaldosDireitosdaCriançaedoAdolescente[CMDCA]
Luciene Cristina Amaral de Lira - PresidenteSilvan Gomes da Silva - Vice – Presidente
MembrosdoConselhoTutelar[CT]:
Gabriele Giacomelli – Membro SuplenteCarmelita Rodrigues da Silva – Membro Suplente
ComponenteTécnica:
Maria Eulália dos Santos LimaProf. Edjece Martins / UNICAP, Recife – Consultor externo
“E há de se cuidar do broto,pra que a vida nos dê flor e fruto”.
Milton Nascimento
Figuras e desenhos vários: Adolescentes e Crianças que
participam do Projeto “Brincando Direito(s)” - 2012
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa é o resultado de uma caminhadade quase dois anos.
Por isso, agradecer pode não ser tarefa fácil,
nem justa.
Para não correr o risco de injustiças, agradecemosde antemão, então a todos e todas que de alguma
forma contribuíram para a realizaçãoe conclusão deste trabalho.
Que todos se sintam agradecidos e contemplados.
Contudo, há algumas lembranças especiais
Que não podemos não salientar.
Primeiro, agradecer a iniciativa
do Banco Santander,com seus funcionários e assessores;
e o apoio e assessoria constantes
de equipe técnica da Prattein1,
com destaque para a querida Veruska.
Para todos eles, nossa gratidão:
Pela compreensão, pela paciênciae pela presença.
A PRATTEIN é uma empresa de consultoria empolíticas, programas e estudos na área dodesenvolvimento social, com sede em SP.Parceira do Banco Santander para auxiliar osMunicípios no desenvolvimento do Diagnóstico.
Endereço Eletrônico da Pratteinhttp://www.prattein.com.br
1
SUMÁRIO
Outra lembrança especialpara o Professor Edijéce Martins,
da UNICAP de Recife, com quem dividimosas angústias das incertezas iniciais:
pela disponibilidade, pela compreensão e pela amizadesincera.
Aos colegas do CMDCAque marcaram presença neste trabalho,em especial ao Pe. Gabriele Giacomelli,
pelo seu apoio constante em todas as etapas.
Ao Ministério Público na pessoa do Dr. Jeaziel Carneiro,Mão amiga que esteve presente sempre que foi solicitado.
Não podemos deixar de lembrar, também,
a nossa menina prodígio Maria Eulália,mais do que uma simples estagiária de Serviço Social,
que realizou este trabalho como gente grande:com muita dedicação, competência e uma boa dose de amor.
Enfim: a todos nossos sinceros agradecimentos!
CMDCA/C.E.S - PB
Este relatório, entregue aos atores do SGDCA – Sistema de Garantia dos Direitos da
Criança e do Adolescente [Ministério Público; Poder Judiciário; Políticas Sociais Básicas e
Proteção Especial; Entidades Locais e Conselho Tutelar]; e à sociedade local como um todo,
querendo ser mais um instrumento para o enfrentamento das problemáticas infanto-
juvenis locais, como também demonstrar o interesse do CMDCA em mudar determinada
realidade através de ações construídas a partir das demandas emergidas das análises do
processo de diagnóstico.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Muitas razões podem determinar a realização de uma pesquisa. Neste caso,
solicitados por uma sugestão do Promotor local, a boa surpresa de poder fazer partedo “Programa Amigo de Valor”, financiado pelo Banco Santander.
Um acaso, talvez. Quem diria que de mais de cinco mil municípios no país todo,também o pequeno Cruz do Espírito Santo estaria incluído entre os quarenta oucinquenta município escolhidos pelo Amigo de Valor? Acaso ou sorte, de fato tivemos apossibilidade de realizar um desejo antigo, nunca abandonado por quem sabe que
qualquer ação seria de intervenção social ou ação educativa começa por saber comque, com quem e quais os recursos, humanos e materiais que se tem a disposição.
De fato, para pensar, elaborar, decidir políticas públicas, finalizadas no nossocaso em particular para o respeito, a promoção e a defesa dos Direitos da criança e
do adolescente, é importante uma pesquisa que ofereça um diagnóstico da situação dascrianças e dos adolescentes deste município: de Cruz do Espírito Santo, nesta região da
várzea paraibana, marcada pela indústria canavieira e por antigas tradições e cultura
de submissão aos senhores locais, e hoje na busca de nova democracia, de nova cara,de novos rumos.
Uma pesquisa simples, preocupada também deapreender o próprio estilo – costume -de pesquisar, o
valor dos dados, a preocupação de pensar a práticasempre baseada na análise do que se tem, dos desafios
reais e das potencialidades disponíveis. Com o objetivode conhecer melhor e com maior pontualidade a
realidade do município: “Conhecer para Transformar”.
Transformar significa fazer „algo‟ amais, percebendo que o que já existe éinsuficiente, reconhecendo que há ainda muitascrianças e adolescentes esperando por nós.Por isso não podemos ficar de braços
cruzados, ou nos declarar satisfeitos pelo que
já conseguimos, pois já „tá tudo bom assim‟.
SUMÁRIO
Esse „algo a mais‟ tem nome: políticas públicas ainda mais coerentes e aprimoradas,mais eficientes e eficazes, o fortalecimento da rede dos atores sociais que operam e sepreocupam dos pequenos da nossa terra, qualificação dos operadores, aposta nas crianças enos adolescentes como sujeitos de direitos e como pessoas e cidadãos responsáveis.
No caminho de coleta e organização de dados e análises, seguimos as orientações da
equipe técnica da Prattein, como indicado pelo Programa; e podemos contar com a valiosaajuda do Prof. Gabriele Giacomelli (Mestrado UFPB) e do Prof. Edjece Martins (da UNICAPE
– Recife) e de Janaína Botelho (na fase inicial).
O processo de pesquisa evoluiu em várias fases, alternando a coleta de dados oficiaise as pesquisas de campo com as fases de elaboração dos dados e de esboço de análises,
até o relatório final, que não tem a pretensão de dizer „a realidade‟ e sim de marcar umareferência para novas análises, atualizações de dados, e novas ações contextualizadas em
políticas públicas sempre mais pontuais, coerentes, eficazes.
Além de colaboração, também encontramos resistências e isto se refletiu principalmente
na dificuldade de repassar informações, em desconfianças de que conhecer seria paracriticar, apontando culpas e culpados. Bem longe dos nossos entendimentos. Assim, faltaram, eainda fazem falta, algumas informações que poderiam ter grande valor para tornar maispontual esta pesquisa. E este receio em passar informações constitui também um indicativo
importante, que não podemos não levar em consideração.
Finalizando, gostaria deixar claro que a pesquisa não tem o objetivo nem a pretensão
de apontar culpas ou culpados, na medida em que se percebesse que há algo que nãofunciona bem. Ao contrário, tem o propósito de contribuir e auxiliar os vários seguimentos da
sociedade civil e os órgãos do governo municipal envolvidos para fazer melhor. Pelapossibilidade de juntos encontrarmos alternativas eficazes e políticas públicas que de fato
atendam ao apelo das crianças e dos adolescentes deste município, cujos direitos não poucasvezes, e em proporção alarmante, são violados ou pouco considerados.
Luciene Cristina A. de LiraPresidente do CMDCA
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1 BREVE HISTÓRICO2 E DADOS PRINCIPAIS
Supõe-se que as terras pertencentes atualmente ao Município tenham sido habitadas,
anteriormente, pelos índios Tabajaras, que com a chegada dos portugueses, transferiram-se para
aldeias às margens do rio Paraíba.
Quando os lusos se estabeleceram na região, já na metade do século XVI, iniciaram cedo à
exploração do plantio de cana-de-açúcar no litoral, devido à existência de solos férteis e à
localização favorável.
Foram assim instalados pequenos engenhos, movidos na
época por escravos oriundos da África, entre os quais mereceu
destaque o engenho "Espirito Santo", de propriedade do Sr.
Manoel Pires Correia, que durante a invasão holandesa
abandonou suas terras, mais tarde vendidas ao batavo "Joan Van
Olen" e depois ao seu patrício "Mense Francen Aurenhaut" que a
ocupou até a expulsão dos estrangeiros.
Não há registro exato da data da formação do povoado
onde se localiza agora o Município. Sabe-se apenas, que o
território ficou caracterizado por recorrentes enchentes do Rio
Paraíba que provocaram mudanças na localização da cidade,
passando de um lado para o outro do rio, na medida em que
crescia também a exploração e o trânsito
para o interior do estado, seguindo o curso
do rio.
IBGE – Disponível emhttp://www.ibge.gov.br – Acessoem 14 de Fevereiro de2012.
2
SUMÁRIO
Figura 01 - Mapa de Cruz do Espírito Santo,com divisão entre Zona Urbana, áreas de usina e
Projetos de Assentamento do INCRA
Fonte: IBGE – Elaboração CMDCA
Povoado de razoável tamanho já na
metade de 1800, com o nome de Espírito Santo,
mudou seu nome no atual quando, no ano de 1879, o
rio Paraíba, em face de uma cheia, transbordou do
seu leito e trouxe em suas águas uma imensa cruz de
madeira deixando-a no local onde atualmente se
ergue a igreja da cidade. Esse fato contribuiu para
que os habitantes da região passassem a chamar o
povoado de „Cruz do Espírito originado da junção do
vocábulo Cruz, decorrente do evento, com a
denominação do antigo engenho, Espírito Santo. Mais
de um século, após ter sido encontrada a cruz, no ano
de 1907, o vigário da Freguesia local construiu um
pedestal onde a ergueu, perpetuando assim, até hoje
este fato histórico.
Cruz do Espírito Santo se emancipou como Município do Estado da Paraíba em 07 de março de
1896, sendo hoje oficialmente considerado como pertencente à microrregião de Sapé, sendo também
Município da Região Metropolitana de João Pessoa.
Tem área territorial de 195, 596 km², densidade de 83,12 hab./km², com IDH-
Índice de desenvolvimento Humano de 0,547. A população do município, segundo os
primeiros resultados do censo 2010, é de 16.257 pessoas (sendo - em 2009, 3.313
crianças de 0 a 9 anos de idade (20,3%) e 3.249 adolescentes (19,9%).3
IBGE – Disponível emhttp://www.ibge.gov.br – Acesso em14 de Fevereiro de2012.
3
SUMÁRIO
O IBGE nos informa também dos dados a seguir (com base
em 2009):
Eleitorado: 11.836 eleitores;
PIB per capita: R$ 3.741,99;
Número de docentes: 300,sendo 172 do Ensino Fundamental e 30 do
Nível Médio;
Receita Orçamentária Municipal: R$15.173.124,22 (em 2009?);
Número de empresas cadastradas: 73 unidades(em 2008);
Número de pessoas ocupadas: 991;
Número de Postos de Saúde (PSF): 6;
Índice de Pobreza geral: 60,06% dapopulação (dado de 2003);
IDH, em 2008: 0,547.
O Município é caracterizado como de
grande pobreza, entendendo isso na base da
presença de grande número de famílias de
baixa renda e não por uma escassa produção
de riqueza, sendo o território caracterizado por
extensas áreas de cana de açúcar exploradas
por usinas e engenhos cuja riqueza, porém não
é diretamente ou de forma équa distribuída no
território.
SUMÁRIO
O Município costuma lembrar vários seus filhos ilustres4:
1)Aristides Lobo, jurista, político, jornalista e abolicionista no tempo do Império;
2)Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos, poeta, professor (nasceu no município de Cruz do Espírito
Santo, porém num povoado que depois de uma remarcação de confins administrativos passou a ser
considerado parte do Município de Sapé);
3)Filipe Moreira Lima, militar e político;
4)Maílson Ferreira da Nóbrega, economista e ex-ministro do governo federal;
5)Osvaldo Trigueiro do Vale, político;
A eles, queremos acrescentar menos conhecidos cidadãos que participaram nos anos de 60 a 80 das lutas
camponesas nesta região, muitos dos quais foram perseguido e vários tombaram5
Com relação aos aspectos socioeconômicos, o que predomina é a agricultura, com relação
à qual precisamos distinguir entre:
- o cultivo, exploração e transformação da cana de açúcar por usinas e engenho, envolvendo cerca de
metade do território municipal, onde as famílias moradoras não têm propriedade de bens e vivem
dependendo por moradia e trabalho pelos donos dos latifúndios;
- e outra parte do território agrícola, desapropriada e redistribuída pelo INCRA – Instituto Nacional para
a Colonização e Reforma Agrária entre12 Projetos de Assentamento (envolvendo cerca de mil famílias)
onde os agricultores estão implantando suas pequenas propriedades e assim contribuindo ao
desenvolvimento regional da Agricultura Familiar.
Com relação às fontes de geração de renda, uma boa parte de famílias depende
do salário de trabalhadores assalariados na produção canavieira em usinas localizadas
em outros municípios, enquanto ainda é precária a renda procedente da Agricultura
Familiar.
4 Fonte: Wikipédia – Disponível em http://pt.wikipedia.org – Acesso: 14 de Fevereiro de 2012.
5 Cf. VÁRIOS AUTORES, Memórias do povo, João Pessoa, 2007.
SUMÁRIO
Uma grande relevância tem que ser dada ao Funcionalismo Público Municipal e
Estadual, já que são poucas as vagas de emprego oferecidas pelas fábricas locais,
reduzidas ao Engenho São Paulo – Produtor de Cachaça, e a uma Fábrica de Tijolos.
O cultivo familiar de feijão, milho e macaxeira, assim como a pesca doméstica,
integram os recursos das famílias mais pobres, podendo se tornar também elementos
de segurança alimentar e nutricional.
1.2 PROGRAMAS FEDERAIS QUE BENEFICIAM O MUNICÍPIO
No decorrer da pesquisa, conseguimos detectar a presença
e atuação destes Programas Federais:
PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)
PROGRAMA LUZ PARA TODOS
PSH (Programa Social de Habitação)
CRAS/PAIF (Centro de Referência da Assistência Social/Serviço de Proteção e
Atendimento Integral á Família)
PROJOVEM ADOLESCENTE
PROJOVEM RURAL (em fase de implantação)
PETI (Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil)
PSF (Programa de Saúde da Família)
SUMÁRIO
1
PBF - Programa Bolsa
Família - Segundo dados do CadÚnico-
fonte MDS/ 2011) o PBF tem 3.691
famílias cadastradas, sendo 2.665
beneficiárias do programa. Com o
programa, as famílias podem garantir o
alimento, a saúde e educação. As
crianças e os adolescentes devem estar
matriculados na escola regular, tomar
todas as vacinas e serem
acompanhadas pelos serviços de saúde.
Estas são as condicionalidades, ou
condições do programa, que ajuda a
diminuir as desigualdades sociais.6
.
Fonte CadÚnico - MDS/2011.Disponível em http://www.mds.gov.br
– Acesso em 20 de Janeiro de 2012
6
1 SUMÁRIO
1.3 SERVIÇOS DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO MUNICÍPIO/ESTADO:
Consideramos estes como os principais serviços socioeducativos presentes no território:
Creches - 2 (duas), sendo uma no Conjunto
Francisco Cunha e outra no Conjunto Rafael
Fernandes (Centro da Cidade).
EMATER - há um escritório localizado na
cidade com dois agentes da instituição e um
funcionário cedido pela Prefeitura.
Postos de Saúde , sendo 5 Unidades físicas (
2 na Zona urbana: Conjunto e Centro; e 3 na
Zona rural: Massangana I e III, como também no
Jaques).
Visitas dos Agentes de Saúde, sendo eles o
número de 35.
CAGEPA [Empresa de abastecimento de
Água e de Esgoto do Estado] há um escritório
localizado na cidade, com um responsável pelo
atendimento.
Rede de Ensino – Municipal eEstadual: oito (08) escolas públicas
Estaduais e dezessete (17)
Municipais.
SUMÁRIO
. 1.4 A PESQUISA
Neste contexto, apareceu a importância de um levantamento e da organização de um quadro de
conjunto em que as várias intervenções e atores pudessem melhor se reconhecer e recolocar, na busca de
valorizar ao máximo as possibilidades e oportunidade existentes e de amenizar e reduzir limites e
carências.
Assim, mesmo com várias dificuldades e ajudados por ricas sugestões e pontuais correções dos
nossos assessores em etapa deste Diagnóstico, nasceu este relatório que quer contribuir para uma efetiva
melhoria da Proteção integral das crianças e adolescentes deste Município7.
Na nossa percepção, nos parece que ainda é muito fragilizada a Proteção Integral das Crianças e
adolescentes no Município, pois o próprio SGDCA está caminhando a passos lentos e não se percebe uma
clara e pontual compreensão do que preconiza o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Estimulados pelo Diagnóstico conseguimos perceber com mais clareza potencialidades e
fragilidades, identificando de forma mais técnica as reais preocupações, e para assim buscar soluções
efetivas para mudar esta realidade, fazendo com que a Criança e o Adolescente de Cruz do Espírito
Santo recebam um olhar de atenção prioritária sobre suas realidades e problemáticas, logo traduzido em
efetivas e pontuais ações de respostas.
Antes de avançarmos para apontar as análises realizadas e os resultados obtidos com relação às
violações de direitos da criança e do adolescente no Município de Cruz do Espírito Santo, se faz necessário
observar os indicadores do IBGE referente à população Infanto-juvenil, e assim entender melhor porque
consideramos uma necessidade com caráter de urgência a busca de melhores Políticas de atendimento
O texto do relatório foi entregue aos membros do CMDCA representantesdo governo municipal para avaliação nas várias Secretarias ou
departamentos. Até o dia da entrega do texto à Editora o CMDCA não
recebeu nenhuma comunicação para complementações ou mudanças no texto.
7
SUMÁRIO
Concluímos esta introdução com alguns dados relativos ao número das crianças e dos
adolescentes do Município. Com efeito, estabelecendo relações de comparação entre os
Censos 2000 e 2010, verificamos um decrescimento da população infantil, na faixa etária de
0 á 4 anos, como também de 5 á 9 anos, indicando assim que o público juvenil do município
encontra-se mais concentrado, principalmente na faixa etária de 10 á 14 anos.
Vejamos as Tabelas a seguir:
Tabela 01 - População Infanto-juvenil de Cruz do Espírito Santo– Comparação Censo 2000 e Censo 2010
Faixa etária Homens % Mulheres %
Censo200
0 á 4 anos
5 á 9 anos
10 á 14 anos
15 á 19 anos
857
841
753
857
Censo2010
722
823
877
810
Censo200
6,1
6,0
5,3
6,1
Censo2010
4,4
5,1
5,4
5,0
Censo200
814
816
801
777
Censo2010
683
801
877
768
Censo200
5,8
5,8
5,7
5,5
Censo2010
4,2
4,9
5,4
4,7
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 e 2010.
SUMÁRIO
2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES LEVANTADAS
Aderimos à proposta do Amigo de Valor por perceber, nas considerações do
CMDCA e do Conselho Tutelar, a grave situação de nossas crianças e adolescentes,
intuindo a grande importância e o poder de mudança que um diagnóstico bem articulado
poderia trazer para a nossa realidade.
Mesmo conscientes dos limites dos dois Conselhos, que têm um histórico muito
recente e atuam em situações inadequadas, enxergamos na proposta uma grande de
aprender e melhorar as respostas da sociedade à nossa realidade.
2.1 CMDCA e CT
As Etapa 1 e 2 do programa do Diagnóstico, dedicadas a uma auto avaliação dos
Conselhos, levaram-nos a perceber melhor as fragilidades e potencialidades de ambos
os Conselhos (CMDCA e CT), fazendo com que pudéssemos indagar o papel de cada um,
e assim perceber qual seria a nossa resposta frente à responsabilidade de deliberar e
efetivar Políticas de atendimento a Crianças e Adolescentes de Cruz do Espírito Santo.
A seguir, sinteticamente, descrevemos as observações registradas e os resultados
consequentes desta avaliação:
SUMÁRIO
PRINCIPAIS FORÇAS
A lei que criou o CMDCA em Cruz do Espírito Santo é de 1997, mas ele foi instituído dando
execução à lei somente em 2005, depois de muita persistência e determinação de um grupo da
sociedade civil, juntos a algumas pessoas do poder público, fortalecido pelo apoio do Conselho
Estadual e da ação do Promotor de Justiça. Graças a estas pessoas que foram à luta, foi criado o
CMDCA. Provando que quando o povo se organiza as coisas acontecem.
O Ministério Público tem dado sua contribuição sempre que se precisou de seu apoio.
O CMDCA é um Conselho que se mostra atuante, e procura estar presente onde há questões ligadas
aos direitos infanto-juvenis, e por isto se tornou suficientemente conhecido pela população.
Registros e toda documentação administrativa estão em ordem.
Existe o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, cuja contabilidade está regularizada e em
dia com suas obrigações administrativas.
PRINCIPAIS FRAGILIDADES
A relação com o poder executivo e legislativo é frágil.
Existe uma anomalia entre as indicações da lei fundadora e a prática real com relação à
manutenção do CT, sendo ela atualmente feita por um repasse da prefeitura para a conta do
Fundo, administrado pelo CMDCA, enquanto deveria ser feita diretamente pela administração da
prefeitura, deixando o Fundo para suas finalidades específicas - como também indicado pelo
CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente8. Anomalia que está em
fase de conserto.
8 Cf. Resolução CONANDA, n 137/2012
SUMÁRIO
Ainda há um conhecimento inadequado do ECA por parte dos dois Conselhos (CT / CMDCA).
A baixa escolaridade dos Conselheiros Tutelares, em geral, torna menos competente e pontual o
Conselho, em particular com relação às questões legais e à elaboração de políticas e programas
de ação mais aprimoradas, considerando também que o nível do ensino médio local é medíocre.
São muitos os limites no trabalho e na agenda do CMDCA devidos à falta de tempo, já que se trata
de um trabalho voluntário, enquanto veio aumentando a quantidade de ações a serem
desenvolvidas.
PROPOSTAS PARA SUPERAR AS FRAGILIDADES
O diálogo com os poderes executivo e legislativo é algo necessário para que as políticas públicas
aconteçam com a participação de todos. Neste sentido estamos buscando uma maior e melhor
aproximação, procurando sempre os manter informados dos assuntos de pauta das nossas
reuniões, e valorizando a presença dos membros nomeados pelo executivo no CMDCA.
O repasse para manutenção do CT é algo delicado e que têm trazido vários aborrecimentos em
anos anteriores, na maioria das vezes devendo recorrer à mediação do Ministério Público. Foi por
esta mediação que em 2009 conseguiu-se uma melhora dos repasses para manutenção do CT.
Contudo, parece que o diálogo melhora, e já se começa a sentar e conversar sobre o assunto sem
a intervenção do Ministério Público.
SUMÁRIO
Todos os Conselheiros possuem o texto do Estatuto da Criança e do Adolescente, porém ainda não
parecem ter um bom domínio do assunto. Neste sentido estamos procurando reforçar os contatos
com o Conselho Estadual para conseguir mais capacitação para os Conselhos. Há também
algumas ações já executadas e outras previstas para Cursos de Capacitação sobre CMDCA e
CT, ministrados pelo CENTRAC, ONG especializada com sede em Campina Grande / PB, que
muito tem contribuído para o esclarecimento e formação dos Conselhos. Contudo ainda é bem
fragilizada e limitada à participação e envolvimento dos Conselheiros, assim como é escassa a
adesão a tais propostas por parte dos atores sociais envolvidos no SGDCA.
Fazendo algumas considerações a respeito destas avaliações é possível observar que os
números demonstram que os Conselhos ainda são frágeis, com limites na sua infraestrutura não só
física como também na execução do seu trabalho na garantia dos direitos da Criança e do
Adolescente, e na discussão e formulação da política de atendimento para a defesa dos direitos.
Acreditamos que uma das maiores fragilidades de ambos os conselhos seja a falta
de formação e a constância numa efetiva participação ao desenvolver de debates e ações. Para
que isto mude, é talvez precise uma mudança prévia de mentalidade, assim como
uma mudança de postura da própria comunidade que ainda parece não perceber
a Criança e o Adolescente como sujeito de direito. Será por isso importante um trabalho
de refinamento da postura do SGDCA diante das problemáticas que envolvem nossas crianças e
adolescentes, no sentido de tomar a sério a gravidade de várias situações, entender a
possibilidade, e a responsabilidade, de dar respostas adequadas e fazendo assim que a
população compreenda que os Conselhos são espaços viáveis e reais para
exercitar a democracia e a cidadania.
SUMÁRIO
Gráfico 01
População urbana e rural de Cruz do Espírito SantoCenso 2010
Neste sentido, a Proposta do
Amigo de valor se tornou para os dois
Conselhos um “Grande Desafio”.
Com efeito, realizar este
Diagnóstico diante de uma realidade tão
frágil se tornou ainda mais ousado e
desafiador.
dificuldades
Porém com todas
em
as
cadaapresentadas
etapa percorrida neste processo, o
Diagnóstico trouxe para o CMDCA, mas
principalmente para o Município,
questões de importante discussão e que
realmente necessitavam de um olhar
População em 2010:Urbana – 45,8 / Rural – 54,2%
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
especial. Assim, mesmo que ainda não
tenhamos visto resultados palpáveis, com
certeza conseguimos recolocar em pauta
algumas lutas adormecidas, como
também aos poucos oferecer novas
oportunidades para nossas crianças e
adolescentes através de algumas ações
advindas deste Diagnóstico
SUMÁRIO
2.2 A CONSCIÊNCIA DOS DIREITOS
Construída para estimular um olhar contextualizado da realidade dos municípios, a Etapa 4
do programa de Diagnóstico teve o intuito de detectar e apresentar algumas primeiras análises,
ainda parciais, acerca das principais violações dos direitos da criança e do adolescente, a partir
dos dados oficiais e estimulando a observar e especificar os desafios depois encontrados durante o
processo de pesquisa e coleta de dados.
Logo, já no começo do processo de pesquisa, coleta de dados e levantamento de
informações no SGDCA (Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente) no
Município de Cruz do Espírito Santo, como também em instituições e programas que englobam a
rede de proteção especial dos direitos da criança e do adolescente, veio aparecendo uma situação
alarmante.
O Município sofre com inúmeras
fragilidades no que diz respeito à
garantia e ao conhecimento dos direitos,
evidenciando que, de forma geral, a
população tem escassa informação e
pouca preocupação com seus direitos.
SUMÁRIO
A falta de conhecimento e de informação não necessariamente é questão de culpas, e sim da
construção sócio histórica, política e cultural de determinadas comunidades, acentuado pelo fato da maior
parte da população concentrar-se na zona rural, como nos indicam os dados do Censo 2010 – IBGE.
Entendemos que a zona rural não carece de sua sabedoria, mesmo que esteja evanescendo nesta época
por se diluir na cultura consumista introduzida pela televisão e pelo contato com a lógica mais consumidora
e competitiva da cidade, mas que uma baixa qualidade escolar conjunta a machismo e ignorância de
adultos emigrados de favelas para o campo diminui a consciência dos direitos ou até a distorcem.
Com efeito, o Município de Cruz do Espírito Santo ficou marcado historicamente
por uma construção política monopolizada por poucas famílias que acabaram
centralizando, de forma coronelista e com variáveis assistencialistas, o poder e a
informação nas mãos de poucos. O seu contexto histórico gerou muitas comunidades situadas na
zona rural, quase todas, até os anos noventa do século passado, em área de usina ou de engenho.
Vale salientar que a extensão da exploração canavieira provocou um êxodo rural ainda
perceptível e progressivo, mudando a própria forma de subsistência da população rural sempre menos
autossuficiente na questão alimentar e sempre mais dependente de contribuições alheias da agricultura
(pensões, biscates na cidade, funcionalismo público). Tendência que fragiliza a autonomia das comunidades
e das famílias e favorece apadrinhamentos e assistencialismos.
Veio assim emergindo um contexto em que a ideia e a consciência
de ter direitos nem mesmo parece chegar ao conhecimento de
muitas famílias. Por inúmeros motivos, tais como, o difícil acesso à cidade, a
situação de pobreza em que vivem e também a escassa preocupação do poder
público em instruir estas famílias quanto à cidadania.
SUMÁRIO
3. COLETA DE DADOS
Apresentamos a seguir, os dados coletados junto aos diversos atores do
SGDCA, antecipando que uma característica encontrada em quase todos os órgãos e
entidades foi a precariedade dos registros e a escassez de dados que nos ajudassem
na construção deste Diagnóstico, proporcionando um trabalho mais demorado e minucioso.
Com efeito, nesta etapa da pesquisa encontramos muitas dificuldades para levantar
informações importantes no Município, pois é bem precário em geral o registro das informações.
Entendemos assim importante visitar as instituições e participar de seu cotidiano para uma análise
melhor.
Tabela 02 – Especificação da percentual correspondente à faixaetária de crianças e adolescentes apontados como autores deatos infracionais nos registros do Ministério Público e Poder
Judiciário, no período de 01/2009 á 04/2011.
Idade
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
16 anos
17 anos
18 anos
Nº de Casos
1
2
5
2
6
4
7
2
%
3,45
6,89
17,24
6,89
20,68
13,79
24,17
6,89
SUMÁRIO
3.1 MINISTÉRIO PÚBLICO E PODER JUDICIÁRIO
O Fórum e o Ministério Público funcionam num mesmo prédio. A coleta de dados das violações
encontradas foi bem repetitiva, pois na totalidade dos vinte (20) processos pesquisados envolvendo
jovens com menos de 18 anos, o 75% dos casos encontrados referem-se à agressão física ou ameaça.
Diante disso torna-se importante enfatizar que em sua maioria, ou seja, cerca de 40% dos casos
identificados como agressão física ou ameaça, envolvem meninas entre 12 e 17 anos, por brigas
ocorridas na escola ou em festas públicas, o que porém não generaliza o sexo feminino como maioria
presente na totalidade dos processos.
Observamos também que entre os casos analisados, 51,72% referem-se ao sexo masculino e
48,28 % ao sexo feminino. Estes atos infracionais envolvem crianças e adolescentes de todas as idades,
como aparece na tabela a seguir, onde colocamos um percentual especifico para cada faixa etária.
Na análise dos casos, os atos infracionais mais frequentes fazem relação direta
com a desestruturação familiar, realidade essa bem preocupante no Município. Entre outros, um
dado interessante observado pela Comissão durante a pesquisa foi à baixa escolaridade dos pais
dos adolescentes em conflito com a Lei, como também a ausência de emprego ou
profissão estável dos mesmos. Contudo, para não relacionar essa problemática apenas ao contexto
familiar em que os/as adolescentes estão inseridos, e tendo em vista que se trata de um problema bem
mais complexo, é importante também enfatizar que a maioria deles vem de famílias inseridas em
comunidades onde é evidente um estado de pobreza generalizado, com poucas oportunidades e num
contexto de extrema vulnerabilidade social.
.
SUMÁRIO
Nos casos analisados foi possível realizar um levantamento da incidência dos atos
infracionais quanto á sua distribuição territorial, sendo observado que: 37,9% dos casos
acontecem no Conjunto Francisco Cunha; 24,1% no Conjunto Júlia Paiva; 20,68% acontecem no
Centro da cidade enquanto 17,24% dos casos acontecem na zona rural. Na zona rural destacam-
se casos os distritos de Santana I, Fazenda São Gonçalo, Covoadas e o Assentamento D. Helena. Em
5,0% dos processos envolvendo adolescentes em conflito com a Lei, ocorreu agressão física
relacionada ao uso abusivo de drogas e bebida alcoólica, e alguns outros casos mais extremos, no
mesmo percentual de 5,0 %, com envolvimento com o tráfico, para os quais são aplicadas medidas
de internação em instituições educacionais da capital.
Outra fragilidade preocupante no Município é a falta de opções para
aplicação das medidas socioeducativas. Assim, para o 72,41% dos casos envolvendo
adolescentes em conflito com a Lei, são decididas medidas de prestação de serviço à comunidade,
sendo o próprio ambiente do Fórum é o único local para a execução dessa medida. Em 10,35%
dos casos há um encaminhamento para o CEA, instituição masculina educacional localizada Capital,
João Pessoa. 3,45% são os casos encaminhados para a FUNDAC, também na Capital, e 13,79%
os casos em que adolescentes e famílias recebem apenas advertência e a obrigação de reparação
do dano.
Avaliamos assim que o que se transmite aos adolescentes é a ideia de que não
parece existir de fato um efetivo interesse de mudar a realidade dos menores,
mas tão somente de fazê-los cumprir uma medida qualquer, mais um castigo do
que uma ação corretiva, principalmente no que diz respeito á prestação de serviço à
comunidade.
SUMÁRIO
Com efeito, durante o processo de coleta de dados foi perceptível, por exemplo, em
relatos de alguns Técnicos do judiciário, como também de educadores sociais e diretores das
escolas, que os próprios adolescentes não sentem nestas práticas um desejo de
lhes oferecer novas oportunidades por parte dos adultos, mas enxergam a
medida como forma de punição, gerando assim um sentimento de desistência
educativa. Torna-se importante enfatizar que, a Pastoral do Menor realizou no Munícipio
durante esta etapa da pesquisa uma Campanha com o objetivo de repensar as medidas
socioeducativas, com escasso sucesso, mesmo propondo um tema bem interessante - “Dê
oportunidade!”, unindo atores da rede de atendimento á Criança e ao adolescente para esta
discussão, pois muitos casos de reincidência são associados á falta de opções para as medidas
socioeducativa.
Assim, uma das ações também elaboradas a fim de mudar esta realidade, foi propor
ao Poder Judiciário novas forma de aplicação das medidas socioeducativas.
Com efeito, durante o processo de coleta de dados foi perceptível, por exemplo, em
relatos de alguns Técnicos do judiciário, como também de educadores sociais e diretores das
escolas, que os próprios adolescentes não sentem nestas práticas um desejo de lhes oferecer
novas oportunidades por parte dos adultos, mas enxergam a medida como forma de punição,
gerando assim um sentimento de desistência educativa.
SUMÁRIO
Torna-se importante enfatizar que esta
Campanha da Pastoral do Menor com o
objetivo de repensar
teve
as medidas
sucesso esocioeducativas escasso
pouquíssima atenção, mesmo propondo um tema
bem interessante e visando unir os atores da
rede de atendimento á Criança e ao
adolescente para esta discussão.
Assim, uma das ações também
elaboradas a fim de mudar esta realidade, foi
propor ao Poder Judiciário novas forma de
aplicação das medidas socioeducativas que
serão detalhadas mais a frente, no Plano de
Ação do CMDCA.
SUMÁRIO
3.2 CONSELHO TUTELAR
A carência de informações e de dados, objeto desta fase da pesquisa, também foi uma
dificuldade encontrada no próprio Conselho Tutelar.
O Conselho Tutelar do Município tem uma atuação direta com a sociedade, e
apesar de seu histórico recente, vem desempenhando um papel importante na garantia dos
direitos da criança e do adolescente do Município, mas por limitada experiência, por limites dos
conselheiros e também por não encontrar conforto e apoio na lista de prioridades do poder
público, ele age ainda de forma tênue e paliativa frente às violações encontradas.
Durante a coleta de dados no Conselho Tutelar, foi possível perceber com mais clareza
os vários tipos de violações encontrados no Município, assim como a frequência com que
acontecem. O gráfico 02 se baseia no levantamento dos dados de arquivo do Conselho Tutelar.
Com relação aos casos registrados nos anos de 2010 e 2011, 66% deles aconteceram na zona
urbana, mesmo sendo a área menos populosa do Município. Ou seja, as violações de direitos,
pelo menos nos casos conhecidos e registrados, acontecem com bem mais frequência na cidade
do que no campo.
Este fato pode ser também o reflexo da preocupante realidade da falta ou
precariedade dos registros de violações na zona rural. Com efeito, permanece a
suspeita de casos ocultos que não são denunciados, talvez pela distância ou até
mesmo por medo de denunciar, ou por uma resignação à posturas machistas e práticas atávicas
de poderes, constituindo assim um ponto crítico para um efetivo diagnóstico da realidade social.
SUMÁRIO
Talvez seja necessário viabilizar
formas que favoreçam um contato maiorGráfico 02
Violações registradas no CTdo Conselho Tutelar com estas famílias,
esclarecendo-as de seu papel na
efetivação dos direitos na sociedade.
Visando mudar a realidade da
carência de registro no Conselho Tutelar, o
próprio processo do Diagnóstico se tornou
estímulo importante para que os atuais
conselheiros tutelares contribuíssem para
reverter este quadro. Fonte: Arquivo do Conselho tutelar de CES
Assim, foi revisado todo o levantamento dos casos referentes aos anos de 2009, 2010 e
2011, criando um arquivo eletrônico que logo em seguida – no respeito dos sigilos e restrições
necessárias - foi repassado à Comissão de pesquisa, possibilitando assim uma melhor análise das
violações. Permanecem, porém ainda alguns casos com ficha inadequada, por falta de dados e
impossibilidade de recuperá-los. De acordo com a análise dos dados feita a partir dos registros
coletados no Conselho Tutelar, principalmente após esta fase de reorganização como citado
anteriormente, se percebeu uma desestabilização dos casos registrados anualmente.
SUMÁRIO
Este fato pode ser também o reflexo da preocupante realidade da falta ou precariedade
dos registros de violações na zona rural. Com efeito, permanece a suspeita de casos ocultos
que não são denunciados. Talvez seja necessário viabilizar formas que favoreçam um contato maior do
Conselho Tutelar com estas famílias, esclarecendo-as de seu papel na efetivação dos direitos na
sociedade.
Visando mudar a realidade da carência de registro no Conselho Tutelar, o próprio processo do
Diagnóstico se tornou estímulo importante para que os atuais conselheiros tutelares contribuíssem para
reverter este quadro. Assim, foi revisado todo o levantamento dos casos referentes aos anos de 2009,
2010 e 2011, criando um arquivo eletrônico que logo em seguida foi repassado á Comissão de
pesquisa, possibilitando assim uma melhor análise das violações. Permanecem, porém ainda alguns
casos com ficha inadequada, por falta de dados e impossibilidade de recuperá-los.
Observa-se que no ano de 2009 foram registrados 188 casos, havendo assim um crescimento
de casos no registro do ano seguinte, pois em 2010 o Conselho Tutelar registrou 228 casos, já no ano
de 2011 decresce mais uma vez o número de registros, chegando a 190 casos. Na nossa percepção,
estes índices permanecem uma referência pouco confiável, na medida em que os comparamos com
depoimentos de desconfiança no valor ou na oportunidade de denunciar, com a
fragilidade dos registros e o medo de colocar em público situações pensadas como
privadas.
SUMÁRIO
Acreditamos, portanto, que o número de denúncias não acompanhe o
crescimento dos casos e que ainda muitas crianças e adolescentes estejam sofrendo
por direitos violados sem que os adultos e a sociedade os atendam.
Assim, precisa ainda muito esforço para que se torne real o que aponta o ECA, no Capítulo II
quando faz referência ao Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade, no Art. 18, ressaltando que:
“É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
Analisando depois os registros, levantamos que as violações mais frequentes apresentadas no
Conselho Tutelar foram:
No ano de 2009: 39 casos de Agressão Física ou verbal (20,74%); 33 casos de Abandono de
incapazes (17,55%); e 23 casos de Maus tratos e Negligência (12,23%).
No ano de 2010, o número de casos cresce, pois foram registrados: 54 casos de Agressão física
(23,68%); 35 casos de Abandono de incapaz (15,35%); 12 casos de Maus tratos (5,26%) e 9 casos
de Negligência (3,95%). Já no ano de 2011, os indicadores apontam: 26 casos de Agressão física
(13,68%); 32 casos de Abandono de incapaz (16,84%); 23 casos de Maus tratos (12,10%) e 20 casos
de Negligência (10,52%).
SUMÁRIO
Tabela 03
Casos de violações de Direitos registrados no CT de Cruz do Espírito Santo de 2009 a 2011”.
.
2009
n
Agressão Física ou verbal 39
%
20,74
2010
n
54
%
23,68
2011
n
26
%
13,68
Abandono de incapazes
Maus tratos
33
23
17,55 35
12
15,35
5,26
32
23
16,84
12,10
12,23
Negligência
Outros casos 93 49,48
9
118
3,95
51,76
20
89
10,52
46,86
Total dos casos registrados
Fonte: Pesquisa CMDCA 2011.
188 228 190
SUMÁRIO
3.3 SEGURANÇA PÚBLICA
O Município de Cruz do Espírito Santo, como tantos outros no nosso Estado, também
sofre com a falta de segurança pública. Consequência do aumento da violência sim, mas
também da falta de investimento a fim de garantir este direito à população.
O Município dispõe de apoio e intervenção da Polícia Militar e Civil, porém existem
muitas lacunas na Segurança Pública tanto em causas gerais, como na atuação junto á Política
da Criança e do adolescente. Apenas com uma (1) delegacia localizada no Centro da Cidade,
e uma Cadeia Pública, a segurança pública se torna escassa e por vezes ineficiente no
Município, principalmente deixando desprotegida a população rural que de certa forma já se
acostumou com esta falta.
Cruz do Espírito Santo possui em sua distribuição territorial 54,2% da população
residindo na Zona rural, com distritos localizados há mais de 25 km do Centro da cidade, onde
inexistem Postos policiais; as viaturas também são insuficientes para cobertura de todo o
município. Uma grande lacuna que acentua alguns problemas com a segurança é o fato de
que as autoridades policiais nem judiciais residem no Município.
Porém focando o objetivo de nossa pesquisa, é possível perceber o despreparo dos
policiais no que se refere à Política da criança e do adolescente, sendo este um agravante no
que diz respeito á prevenção como também combate á violação de direitos deste público
específico.
Observação: Não foi realizada a coleta de dados relativa a este item dapesquisa por motivos de tempo ou indisponibilidade da Delegacia local. Foramenviados ofícios de solicitação, porém não recebemos respostas, e nas vezes queforam marcadas visitas não obtivemos êxito. Consideramos assim, uma lástima, poisse tratam de dados muito importantes que sem dúvida acrescentariam no
conhecimento da realidade do público Infanto-juvenil do Município.
SUMÁRIO
3.4 EDUCAÇÃO
O Município dispõe de oito (08) escolas públicas Estaduais e dezessete (17) Municipais.
A análise dos dados da taxa de reprovação nas escolas, no período compreendido entre os
anos de 2004 a 2008, nos fornece dados interessantes. Em particular, vale ressaltar que a taxa de
reprovação no ano de 2008 foi bem menor que nos anos anteriores (Fonte-INEP), podendo-se levar
em consideração que este menor índice de reprovação se deva à metodologia utilizada pelos
docentes, pelo interesse dos discentes, pela implantação de Projetos Disciplinadores e à abertura de
atualizados Programas Educacionais.
É importante também lembrar que aprovação escolar não significa que o aluno
aprovado necessariamente tinha alcançado as metas previstas pelos currículos, podendo
assim ter crianças adolescentes que chegam à segunda fase do ensino fundamental sem saber ler
corretamente, escrever com propriedade e fazer com precisão os mais simples cálculos matemáticos.
Chamaram-nos à atenção também, nesta fase de análise, os altos índices de taxa de
abandono (Fonte-INEP). É verificado que vários alunos, na chamada “safra da cana-de-açúcar”,
costumam abandonar a escola para o corte de cana, já que o Município tem usinas em seus arredores.
Verificamos também que muitos adolescentes não se sentem atraídos ou estimulados
pelo ensino local e que a facilidade de consumo de bebidas alcoólicas e até mesmo
o uso de drogas contribuem para aumentar os índices de abandono da escola.
”.
SUMÁRIO
Não há disponível uma análise aprimorada das causas desta falta de interesse, mas é razoável a
hipótese de um conjunto de causas, tais como a fragilidade do ensino rural nos primeiros anos, a
escassa preparação de vários professores, particularmente no ensino fundamental, uma
metodologia às vezes limitada a copiar o quadro, a falta de acompanhamento familiar, a
fragilidade da atitude participativa e do compromisso de ação nos Conselhos Escolares.
Acrescentamos os problemas de transporte escolar (há anos, por exemplo, o turno da noite no
Ensino Médio e no EJA, é reduzido na sua carga horária, e a quinta aula normalmente não acontece por
causa dos ônibus não respeitar o horário de saída); o anual atraso na nomeação dos professores; e a
elevada carga horária assumida por vários professores que afeta a qualidade do ensino.
Assim, infelizmente há um conjunto de fatores negativos que atingem o sistema educacional,
tornando difícil para o Município oferecer a crianças e adolescentes serviços de ensino de boa qualidade e
um atendimento pontual, como previsto pela Constituição e pelo Art.53 do ECA, onde se determina que:
“A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes: I - igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus
educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação
em entidades estudantis; V - acesso á escola pública e gratuita próxima de
sua residência. [Sendo, Parágrafo único] ... direito dos pais ou responsáveis
ter ciência do processo pedagógico bem como participar da definição das
propostas educacionais”.
SUMÁRIO
Considerando Dados Oficiais do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, em 2010 a
taxa de abandono escolar em Cruz do Espírito Santo, de 1º ao 5º ano foi: zona rural, 5,8% estadual
e 4,1% municipal; zona urbana: 11% estadual e 7,1% municipal. Notamos que a taxa de abandono
aumenta significativamente na fase do 6º ao 9º ano (estadual: 29,6%; municipal 10,5%).
O ensino médio estadual tem índice de abandono escolar 25,3%. Quanto á distorção
série/idade: zona rural, do 1º ao 5º ano estadual=36,8% e municipal=37,2%; zona urbana, de 1º ao
9º ano, estadual=54,7% e municipal=42,3%. No ensino médio: 46,1% dos alunos são desistentes.
É importante enfatizar que em algumas escolas do município já existem Programas como o Se
Liga e Acelera, para que algumas das problemáticas apresentadas sejam amenizadas, porém mesmo
assim ainda temos um quadro preocupante. Enfim, neste ano de 2012 está sendo implementado na
Rede Municipal o novo Ciclo de Alfabetização, passando a ser estimulado nas Escolas o uso das
matrizes de habilidades e competências de cada aluno. A expectativa é que possa melhorar o
desempenho com relação à leitura e escrita das crianças que terminam o 3 ano, mas o propósito terá
que ter em conta a dificuldade do processo de mudança e o longo tempo de adequação de didáticas
e metodologias de ensino.
Considerando ainda a Educação do Município, não poderíamos deixar de citar as Creches
que realizam o atendimento educacional da primeira infância, sendo crianças na faixa etária de 2 á
6 anos. Existem então, duas (2) creches no Município, sendo localizada uma no Conjunto Francisco
Cunha e a outra na Cidade, cada uma atendendo cerca de 30 crianças.
”.
SUMÁRIO
Quanto á violação de direitos foi observado e relatado em entrevista com uma das
diretoras das Creches, que algumas crianças são vítimas de negligência, vivem sem
referência familiar, e por vezes chegam à Creche relatando que presenciaram
cenas impróprias, de conteúdo obsceno dentro de suas próprias casas.
Outro ponto que nos chamou á atenção foi o fato relatado também em entrevista que, há
certo índice de rejeição e preconceito das famílias com as Creches, enxergando-as como
ambiente de atendimento somente à crianças pobres, e assim preferem deixar seus filhos na rua
submetidos á quaisquer situação.
As Creches são localizadas na zona urbana do município, e não existem Creches na zona
rural. Assim consideramos também uma lacuna, pois até mesmo o acesso das crianças da zona
rural ás Creches é dificultado por falta de transporte.
SUMÁRIO
3.5 SAÚDE
Como em todas as demais políticas sociais básicas, também foram coletados dados a
respeito da Saúde do município.
De acordo com IDSUS, que é o Índice de Desempenho do SUS, o Município tem nota de 4,94
numa escala de 0 a 10, considerando as características demográficas, socioeconômicas, cultural e
geográfica de cada município.
Segundo a Secretária de Saúde, a Sra. Rosiani Videres, o Município tem atualmente 07
equipes de Saúde da família; 07 equipes de saúde bucal – modalidade I 9, com 100% de cobertura
de acordo com o Programa SUS.
As Equipes estão localizadas 04 na Zona Urbana e 03 na Zona Rural, sendo estas nas
Comunidades do Jaques, Massangana I e Massangana III. Contando também com 03 unidades
âncoras, onde a visita é realizada pela equipe de 15 em 15 dias, nas Comunidades de
Massangana II e Engenho São Paulo, como também no Assentamento Vida Nova (Cobé).
Também o município segundo o IDSUS, tem cobertura de 100% com a vacina tetravalente em
menores de 1 ano, sendo esta de grande importância.
9 ESB Modalidade I: composta por Cirurgião-Dentista e Auxiliar em Saúde
Bucal; http://dab.saude.gov.br/cnsb/saude_familia.php
SUMÁRIO
O Município conta atualmente com 35
Agentes comunitários de Saúde, que realizam
visitas domiciliares, também existem 05
agentes de vigilância ambiental e 03
agentes de vigilância sanitária.
Trazendo o foco para o objeto de
estudo do nosso Diagnóstico, a Criança e o
adolescente, a Saúde do Município dispõe de
um Serviço de média complexidade que
funciona na Policlínica Felipe Kumamoto, onde semanalmente (nas quintas-feiras) atende uma médica
especialista em Pediatria, porém o mesmo não dispõe de nenhum Programa de Saúde voltado á
proteção especial de Crianças e adolescentes.
Seguindo os objetivos do Diagnóstico, que visa observar as violações de direitos das crianças e
adolescentes e as problemáticas que mais se apresentam no município junto á esse público, nos
deparamos também com algumas questões que necessitam de uma intervenção da Saúde para
enfrentar e buscar melhorias para tal realidade.
Uma realidade bem presente no Município de Cruz do Espírito Santo é a Gravidez precoce
no público feminino adolescente, entre 13 e 17 anos, onde o percentual, segundo dados
informados pela Secretaria de Saúde, chegou á 24,44% os casos registrados no ano de 2011,
ressaltando que de acordo com a realidade acreditamos na hipótese da existência de
muitos casos sem registro, sobretudo na Zona rural. A Secretária de Saúde também nos
informou que frente á esta realidade são realizadas palestras pontuais nas Unidades de Saúde da
Família, Escolas e Programas Sociais visando a Prevenção.
SUMÁRIO
A Secretaria de Saúde do Município frente às violações de direito de crianças e adolescentes
não dispõe de nenhum processo de registro ou notificação dos casos atendidos, porém a Secretária
afirmou que as Unidades de Saúde realizam trabalho em rede com o Conselho Tutelar, atendendo
sempre a demanda encaminhada pelo mesmo.
Considerando ainda a violação de direito de crianças e adolescente, obtivemos relatos em
entrevista a Pastoral do Menor, entidade que realiza atendimento á crianças e adolescentes do
Município, que uma das lacunas existente na saúde é o baixo número de fichas distribuídas
diariamente nos postos de saúde, salientando também que no Posto do Jaques não possui
atendimento médico, somente de enfermeiros.
Outra realidade preocupante do Município está no fato de não existirem Hospitais nem
Maternidade, tendo que deslocar todas as grávidas para as cidades mais próximas, ou seja, quase
não existem filhos da terra.
Sobretudo alguns avanços e mudanças seriam necessários para que fosse garantido o direito
de saúde as crianças e adolescentes de Cruz do Espírito Santo, sobretudo na Zona Rural.
.
SUMÁRIO
3.6 ASSISTÊNCIA SOCIAL
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, a assistência social deve
pautar-se pela descentralização política – administrativa, “cabendo à coordenação e as
normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos
programas às esferas estaduais e municipais, bem como as entidades beneficentes e de
assistência social” [...]
No município de Cruz do Espírito Santo não seria diferente, porém de acordo com
o SUAS – Sistema Único de Assistência Social, o município é habilitado no Porte I, pois
possui menos de 50.000 habitantes, e por isso conta com um (1) CRAS – Centro de
Referência de Assistência Social, o qual se encontra instalado no Conjunto Francisco
Cunha, atendendo também às famílias do Conjunto Júlia Paiva.
Os Programas da Política de Assistência Social que são desenvolvidos em Cruz
do Espírito Santo são:
.
.
.
Proteção Básica: CRAS
Proteção Especial: PETI
SUMÁRIO
De acordo com a entrevista realizada com a Assistente Social Ana Cláudia da Silva Ferreira –
Coordenadora do CRAS e Presidente do CMAS (Conselho Municipal de Assistência Social), o CRAS
possui 570 famílias cadastradas, sendo estas caracterizadas em situação de vulnerabilidade social,
sendo atendidas através do Serviço de Proteção e Atendimento Integral á Família (PAIF), fazendo a
observação de que depois da instalação do CRAS, os profissionais percebem uma maior comunicação
entre as famílias e os mesmos, como também maior conhecimento dos serviços oferecidos. A mesma
ainda relatou que as famílias atendidas são residentes nos Conjuntos Francisco Cunha e Júlia Paiva,
porém sempre surgem algumas demandas específicas da Zona Rural, mas não contínuas.
Segundo Ana Cláudia, existem algumas atividades sendo desenvolvidas no CRAS, como o Grupo de
vivência de Idosos, entre outros, porém como o nosso foco é o público infanto-juvenil, nos detivemos
mais as ações oferecidas á este público especifico.
Existe um grupo de adolescentes, atendendo há mais ou menos 40 adolescentes, oferecendo
atividades de dança todas as quartas e sextas, como também cursos profissionalizantes de artesanato,
como Croché e Bordado, porém ainda não existem atividades desenvolvidas com Crianças.
.O CRAS é constituído por uma equipe multidisciplinar, que conta com: 1assistente social, 1
psicóloga, 2 oficineiros, 5 monitoras advindas de outros programas, 2 vigilantes e 1 auxiliar de
serviços gerais. A mesma ainda nos relatou que o trabalho em rede com o SGDCA vem sendo
desenvolvido através de contatos pertinentes com o Ministério Público, as demais secretarias de
Saúde e Educação, como também com o Conselho Tutelar, sempre que são procurados pelos
Conselheiros.
SUMÁRIO
O que foi possível observar é que todo o trabalho realizado pela Assistência Social do
município ainda não corresponde nem atende as crianças e adolescentes de forma efetiva e plena,
seja pela falta de mais profissionais que se dediquem a esta ação, ou por falta de Políticas
Públicas municipais que vislumbrem este público a fim de garantir os direitos, a promoção e
proteção, como também o protagonismo Infanto-juvenil.
Dessa forma, seria necessário estender os serviços á Zona Rural, e visando promover o
protagonismo Infanto-juvenil oferecer Cursos de profissionalização mais atualizados, inserindo
também os adolescentes do sexo masculino, que em sua maioria, depois que concluem o Ensino
Médio vão trabalhar no corte da cana-de-açúcar.
Também faz parte da Atenção básica do Município, o Projovem adolescente, que é um serviçode Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Adolescentes e Jovens de 15 a 17 anos.
No município de Cruz do Espírito Santo existem 4 (quatro) núcleos, sendo 2 (dois) localizados naZona Urbana: Conjunto Rafael Fernandes, Centro da Cidade e outro no Conjunto Francisco Cunha;e mais 2 (dois) localizados na Zona Rural: Sítio Jaques e Massangana II.Cada núcleo dispõe de um (1) orientador social que desenvolve atividades em grupo trabalhandoos temas transversais propostos pelo Programa, como Saúde, Cidadania, Direitos e Trabalho.Também são desenvolvidas atividades de Arte e Cultura e Esporte.Como estratégia do Programa, cada núcleo deve ter 2 (dois) coletivos, participando em cada umdeles de 15 até 30 adolescentes, porém em Cruz do Espírito Santo consegue se atingir esta metacom mais facilidade na Zona Urbana, se tornando difícil a participação dos público-alvo na ZonaRural.Voltado ás violações de direito, uma problemática presente no Programa diz respeito ádificuldades encontradas pelos adolescentes no convívio familiar, onde alguns deles não enxergama família como base de proteção e cuidados, mas de problemas.
SUMÁRIO
ENTIDADES DE ATENDIMENTO
Pastoral do Menor
No Município de Cruz do Espírito Santo,
atua um pequeno núcleo da Pastoral doMenor que se caracteriza como um
importante ator social junto às crianças eadolescentes, identificando e agindo frente
às violações.A Pastoral do Menor tem sua atuaçãoespecificamente na área dos ConjuntosFrancisco Cunha e Júlia Paiva (onde moracerca da metade da população urbana do
Município), distritos estes constituídos namaioria por uma população em estado de
vulnerabilidade social e inseridos numcontexto sócio econômico precário.
A Pastoral do Menor atende cerca de 50crianças e/ou adolescentes, entre 06 e 15anos, desenvolvendo um trabalho deformação humana e cidadã, como tambémdisponibilizando alguns serviços de saúdecomo acompanhamento nutricional. Contaatualmente com cinco agentes pastoraisque se dividem nas atividades,contribuindo assim positivamente com uma
melhor qualidade de vida para o públicoInfanto-juvenil do Município.
Pastoral da Criança
A Pastoral da Criança também compõe a Rede deatendimento á Criança e ao adolescente de Cruzdo Espírito Santo, desenvolvendo um importantepapel principalmente a favor da primeira infância.São atendidas 111 crianças distribuídas em quatro(4) localidades territoriais, sendo elas: oAssentamento de Canudos, os Conjuntos FranciscoCunha e Júlia Paiva, como também o Centro daCidade.
De acordo com Coordenadora local da Pastoral, aSra. Carmelita Rodrigues, o trabalho desenvolvidopela Pastoral da Criança acontece 1 vez por mêsonde são realizadas as “Celebrações da Vida”, umação onde as crianças de 1 mês à 6 anos recebemacompanhamento nutricional, passando porpesagem, e também são ministradas palestras
para as mães com diversos temas, como: higienebucal, prevenção de acidentes domésticos, nutrição
e para as gestantes, orientação para o Pré-natal.As famílias também participam de outros serviçosoferecidos pela Pastoral, como o Projeto de leiturae alfabetização desenvolvido com as mães.
Ainda acrescentando, perguntamos a Coordenaçãosobre o atendimento de crianças violadas em seusdireitos e qual as violações mais frequentes, fomos
informados que com bastante frequência sãoatendidas crianças em situação de abandono,
maus-tratos e negligência; também a Pastoral daCriança nos relatou que há baixa qualidade de
vida entre as crianças e que o pouco que ainda sepossui para sobreviver vem do esforço das
famílias, pois não há garantia dos direitos emplenitude.
.
.
.
SUMÁRIO
ACRF – Associação Centro Rural de Formação
O Centro Rural de Formação desenvolve desde 2002 na RegiãoVárzea da Paraíba atividades de capacitação técnica e deformação cidadã, dirigindo-se com preferência a jovens e
crianças de áreas rurais. Após ter atuado com projetosgerenciado por outras entidades, em 08 de agosto de 2006 setornou a Associação Centro Rural de Formação, conseguindo, apartir desta data, um CNPJ próprio e uma organização e açãoindependente. O CRF está sediado no „Ex-Engenho Novo‟, áreacoletiva do Projeto de Assentamento “Dona Helena”, no Municípiode Cruz do Espírito Santo. O CRF trabalha com crianças, jovens e
adultos de procedência rural, mas não exclusiva, privilegiando asfamílias envolvidas com a agricultura familiar. Atua na
capacitação técnico-agrícola de base, sempre integrada, porém,com a formação cidadã, e participa do desenvolvimento daeducação local proporcionando oficinas de apoio para criançase momentos de formação para professoras. Promovemanifestações culturais e incentiva a expressão artística local.Colabora e oferece seus espaços e meios, junto às associaçõeslocais, para o desenvolvimento da cidade
Com mais urgência, no contexto de uma realidade onde aeducação ainda está aquém do devido, papel específico do CRF
hoje é também o de proporcionar eventos educativos, cursos eações no território, para reunir e formar crianças, jovens e
adultos; acompanhando-os em atividades de estudo e de ação,proporcionando experiências e oportunidades de maneira quepossamos juntos conhecer melhor a realidade, reforçar osconvencimentos, e apreender e experimentar as habilidadesnecessárias para projetar e efetivar a vida de forma digna e
com o máximo de autonomia. A dimensão lúdico-artística veioassumindo sempre mais importância ao longo dos anos deatividades, seja como linguagem e auxílio metodológico paramelhorar as dinâmicas de aquisição do conhecimento, seja como
forma para expressar identidade pessoal e cultural, e pararesistir à massificação e dominação cultural de modas atuais.
Igrejas Locais
Um ponto bastante positivo,mesmo que ainda fragilizado e
imaturo em alguns casos, é oatendimento e a preocupaçãoque as diversas igrejas locaisexercem sobre as crianças eadolescentes de Cruz do
Espírito Santo.Muitas delas desenvolvem além
do trabalho de evangelização,atividades de formação
humana e cidadã e acabam porcontribuir com a garantia dosdireitos das crianças eadolescentes. Salientando que,houve interesse e participaçãode algumas delas nas reuniõese atividades realizadas pela
Comissão durante o processo doDiagnóstico.
.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
3.7 CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA
Avançando da atenção básica para a especial, sentimos a necessidade de observar a
qualidade de vida das crianças e adolescentes com deficiência.
Realizadas algumas visitas domiciliares, percebemos que uma grande parte da demanda do
município encontra-se residindo na Zona rural e que assim a assistência médica especializada, como
também a educacional se tornam bem mais difíceis por motivos de acesso (transporte). As mães.
relatam a dificuldade que encontram de deslocar seus filhos para receberem direitos, como: Saúde e
Educação.
Voltando o olhar para a assistência educacional, o município dispõe de uma (1) Sala de
Recurso, localizada na Escola Municipal Renato Ribeiro, onde atende atualmente 25 crianças e
adolescentes, sendo alguns já considerados adultos de acordo com a faixa etária.
A Sala funciona somente no turno da tarde, atendendo aos mais diversos tipos de deficiência,
como: Deficiência Intelectual, Hiperatividade, Deficiência física, Deficiência auditiva, Deficiência Visual,
Autismo, Síndrome de Down, Nanismo, e Paralisia Cerebral.
A Psicopedagoga responsável pela Sala de Recurso, a Sra. Silvana Euzébio dos Santos, nos
informou que a maioria das crianças e adolescentes atendidos teve sua deficiência apresentada
desde o nascimento, e que todos os que são atendidos pela Sala de Recurso possuem Laudo Médico.
Também fora confirmado pela profissional que a maior demanda advém da Zona rural, e que
muitas vezes os atendimentos são interrompidos por dificuldades de acesso, como a falta de
transporte.
Uma das lacunas observadas por nós e também colocada pela responsável pela Sala de
Recurso é a falta de uma equipe multidisciplinar, ou até mesmo outros profissionais capacitadas para
atuar frente á esta demanda, pois a Professora Silvana é a única capacitada do Município para esta
competência, pois durante os 12 anos de existência da Sala de Recurso veio se
capacitando para atender com eficácia as necessidades das criança e adolescentes com
deficiência.
SUMÁRIO
São desenvolvidas atividades especializadas de: Psicomotricidade, exercícios de
fonoaudiologia, exercícios de fisioterapia nos membros superiores, Libras, Braille, Assistência
pedagógica, Assistência aos Pais, como também artes visuais e plásticas com as crianças e
adolescentes com deficiência.
Porém, é perceptível que uma das violações de direito presente também na vida das crianças
e adolescentes com deficiência é a distorção série-idade, pois de acordo com a Professora Silvana,
todos eles estão em atraso na situação escolar, e até alguns nem frequentam a escola.
Uma realidade apresentada durante a pesquisa foi à falta de profissionais capacitados
inseridos na sala de aula regular, pois muitas vezes a Professora Silvana citou encontrar dificuldade
em inserir o aluno com deficiência na sala de aula regular, sendo muitas vezes rejeição ou
indiferença do professor/a.
A professora Silvana conclui nos relatando que se houvessem mais salas de recurso no
município, como também mais profissionais interessados e capacitados seria possível atender mais
crianças e adolescentes com deficiência que muitas vezes nem chegam ao conhecimento dela, pois
existem demandas ainda desconhecidas, principalmente na Zona Rural.
Ainda frente ás violações de direito, percebemos que uma grande problemática apresentada
durante a pesquisa, que é a baixa qualidade de vida das crianças e adolescentes que já possuem o
BPC - Benefício de Prestação Continuada, por má administração de suas famílias, utilizando esta
renda para outras finalidades distintas, inclusive a responsável pela Sala de Recurso alegou ter se
deparado com estas situações, na qual advertiu e orientou os familiares.
Porém, enfatiza a Professora Silvana, que a causa da criança e do
adolescente com deficiência precisa ser abraçada pela sociedade como um
todo, garantido uma melhor qualidade de vida a este público específico.
.
.SUMÁRIO
3.8 PROTEÇÃO ESPECIAL
De acordo com a PNAS – Política Nacional de Assistência Social, a Proteção Social Especial
(PSE) destina-se a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos direitos
tenham sido violados ou ameaçados. Assim, para integrar as ações da Proteção Especial, se
faz necessário que o cidadão esteja enfrentando situações de violações de direitos por
ocorrência de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual, abandono,
rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio familiar devido à
aplicação de medidas. Diferentemente da Proteção básica que tem o olhar voltado para a
prevenção, a Proteção Especial atua com natureza protetiva.
O objeto de estudo do Diagnóstico é o público Infanto-juvenil em toda a sua totalidade,
porém com ênfase na violação dos seus direitos, assim, o caminho percorrido pelo mesmo nos
levou também a reflexão e avaliação da Proteção Especial no município.
De forma objetiva, sintetizamos o mapeamento e a análise da rede de atendimento na
esfera da proteção especial do município de Cruz do Espírito Santo, procurando apresentar
a situação atual da rede de proteção especial, como também suas capacidades básicas de
atuação e intervenção visando à garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Ao
mesmo tempo pretendemos oferecer ações protetivas às violações de direitos encontradas no
município.
SUMÁRIO
4. MAPEAMENTO E ANÁLISE DA REDE DE ATENDIMENTO NAESFERA DA PROTEÇÃO ESPECIAL
Durante o mapeamento nos deparamos com uma realidade que achamos bem preocupante, já
que existe um único programa formal de proteção especial no município: o PETI (Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil), atuado pela prefeitura Municipal.
Desta forma, a nossa pesquisa se tornou especifica e direcionada diretamente a este programa.
O PETI foi implantado no município de Cruz do Espírito Santo no ano de 1999, oferecendo
atividades socioeducativas na área da educação, esporte e lazer, e disponibilizando
[atualmente] vagas para 500 crianças e adolescentes, visando à erradicação do trabalho
infantil, tanto na zona urbana quanto na zona rural.
Tabela 04Mapeamento Dos Programas De Proteção Especial Existentes No Município
Nº deordem
Nome dainstituiçãoexecutora
Tipo deinstituição
(Gov./NãoGov.)
Nome doprograma ou
serviço
PETIPrograma de
Erradicação do
TrabalhoInfantil
Bairro oudistrito em
que ocorre oatendimento
Regime deatendimento(ECA, art.90)
Detalhamentoda modalidadede atendimento
01PrefeituraMunicipal
Gov. CentroAtividades
SocioeducativasErradicação dotrabalho infantil
Fonte: Conhecer para Transformar: guia para Diagnóstico e Formulação da Política Municipalda proteção integral das Crianças e Adolescentes - São Paulo, 2011.
SUMÁRIO
4.1 Execução do PETI no município
Nos doze anos de atividades, a gestão do PETI foi assumida por três diferentes coordenadores.
No ano de 2011, trabalhavam dezenove (19) pessoas na execução do mesmo, sendo: uma (1)
coordenadora, doze (12) monitores, três (3) cozinheiras, dois (2) auxiliares de serviços gerais, um
(1) secretário e um (1) vigia (terceirizado). Os doze (12) monitores se revisam nos turnos da
manhã e da tarde, desenvolvendo as seguintes atividades: três (3) deles cuidam do esporte,
quatro (4) do reforço escolar, um (1) ministra o curso de bordado, um (1) ministra o curso de
crochê, um (1) ministra o curso de trabalhos manuais e dois (2) para as oficinas de danças.
Durante a entrevista com a Coordenadora do programa, perguntamos como se dava o processo
da capacitação das pessoas que desenvolvem o PETI no município e, a fim de esclarecer, nos
relatou que ocorre uma capacitação anual, a partir de algumas formações oferecidas pelo
Estado, da qual ela mesma participa para depois repassar o conhecimento aos demais
operadores. Falou-nos também, que ela mesma percebe a necessidade de algo mais
aprofundado, de um conhecimento mais amplo e de uma capacitação mais eficaz e específica
para o município, acrescentando que nem a Secretaria Municipal de Ação Social nem a
Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano parecem ter condições de oferecer algo a mais
para os executores do programa.
No ano de 2011, o PETI atendeu são 346 crianças e/ou adolescentes, de ambos os sexos, sendo
a faixa etária de 7 anos a 15 anos e 11 meses.
SUMÁRIO
A modalidade de proteção especial oferecida atualmente pelo programa refere-se diretamente
à Erradicação do Trabalho Infantil, mas ficou perceptível durante o convívio no programa, que
muitas famílias procuram o mesmo bem mais pelo benefício financeiro oferecido do que pelo
próprio objetivo do programa. Com efeito, o público atendido é representado em sua maioria
por famílias em estado de vulnerabilidade e pobreza, vivendo as mais diversas situações e
problemáticas sociais.
Sabemos que o programa tem como seu objetivo explicitamente definido atender a crianças e
adolescentes vítimas ou expostas ao risco do trabalho infantil, porém durante a aplicação do
questionário 2, sugerido pelo guia1, a coordenação relatou outros tipos de violação sofrida por
crianças e adolescentes que são atendidos pelo programa, como por exemplo: um caso de
violência sexual intrafamiliar; ou o envolvimento de \crianças e adolescentes com o consumo de
álcool e drogas, sendo esta violação bem mais acentuada do que a primeira.
Como antes fora citado, o programa possui capacidade para 500 crianças, sendo que somente
346 estão sendo atendidas pelo mesmo. Durante a entrevista com a coordenação, perguntamos
o motivo de tantas vagas ainda em aberto, obtendo como resposta que muitos pais optam por
não colocarem seus filhos no programa.
Curiosos de aprofundar esta resposta, perguntamos se o programa
desenvolvia um trabalho de busca ativa, tanto para atender mais crianças no
programa quanto para detectar possíveis outras violações, principalmente de
Trabalho Infantil, já que este é o objetivo do mesmo. Entendemos pelo
exposto pela coordenação que este trabalho não existe.
SUMÁRIO
Resumimos na tabela a seguir, os meios de acesso do público ao programa:
Tabela 05
Especificação dos meios de Acesso do Público ao PETI [Município De Cruz Do Espírito Santo/PB]
Meios de Acesso do público ao programa (PETI)
X
X
Demanda do próprio usuário ou de seus familiares, diretamente á instituição.
Encaminhamento efetuado por outras instituições: Conselho Tutelar, Fórum,
Ministério Público e CRAS.
Busca ativa e/ou atividades realizadas pela instituição na comunidade.
Fonte: Conhecer para Transformar: guiapara Diagnóstico e Formulação daPolítica Municipal da proteção integraldas Crianças e Adolescentes - SãoPaulo, 2011.
Estimativa %
90%
10%
.
.
.
SUMÁRIO
. Pela análise destes dados nos parecem poder deduzir outra fragilidade do programa.
.Com efeito, o fato de a iniciativa de inscrição vir mais da população que procura o programa, às vezes
.com outras expectativas, e não do programa buscar as situações de trabalho infantil irregular ou de
.exploração, em resposta a uma demanda supostamente existente, pode inverter os objetivos do próprio
programa. Ele deixaria de desenvolver um trabalho de busca ativa, como também de análise e atuação
de formas para combater e prevenir os mais diversos tipos de violação que podem encontrar-se de
forma oculta no município, para se tornar momento de apoio e reforço educativo das crianças e.adolescentes em geral.
O fato dos meios de acesso do público ao programa ser em substância dependente da busca das
famílias pelo mesmo preocupa, pois se subentende que as famílias visam principalmente o benefício
oferecido pelo programa e não uma necessidade de melhora da situação infanto-juvenil do município de
Cruz do Espírito Santo. Talvez, esta consciência deveria ser mais bem refletida e aprimorada;
primeiramente nos próprios executores do programa para depois ser dialogada e repassada às
famílias por atividades de formação e informação.
Existem também crianças e adolescentes que são encaminhadas para o PETI por instituições locais, tais
qual o Conselho Tutelar e o Fórum, ou pelo Ministério Público e pelo CRAS, sendo, porém estas situações
bem resumidas (trata-se de casos onde já foram detectadas violações sofridas pelas crianças e/ou
adolescentes, para os quais o encaminhamento ao programa é uma forma de solução protetiva ou até
mesmo de prevenção)
.
SUMÁRIO
Perfil dos usuários do Programa
Durante o processo de pesquisa do PETI, foram avaliados alguns cadastros de crianças e
adolescentes. Fazia-se necessário analisar os 346 cadastros que correspondem ao número de
crianças e adolescentes atendidos pelo programa, mas foi relatado pela coordenação que
enquanto existia anteriormente um programa de software, o SISPETI, desenvolvido para arquivar
os cadastros existentes, este, porém foi desativado, e que o arquivo acabou sendo perdido
durante uma troca de computadores.
Existem, atualmente, só algumas fichas cadastrais no local de funcionamento do programa, o
Ginásio „O Rafam‟, localizado no Centro da cidade e atualmente em reforma, mas elas
correspondem a anos anteriores. No local onde provisoriamente o programa está funcionando
existem também algumas fichas cadastrais, que a coordenação gentilmente nos concedeu analisar.
Trata-se de 68 fichas, uma amostra pequena comparada ao número de crianças e adolescentes
atualmente atendidos pelo programa. Parece-nos, assim, que também a situação dos registros
aponta para mais uma fragilidade do programa, pela importância de ter um arquivo vivo e
atualizado no ano de atuação do programa.
Contudo, dentro das fichas cadastrais analisadas, que foram 68 (sessenta e oito), podemos
perceber o perfil do público Infanto-juvenil que é atendido pelo programa.
Verificamos então que em sua maioria ele é representado pelo sexo masculino sendo 64,70%, com
ênfase na faixa etária entre 9 e 11 anos, residentes com mais frequência na Zona urbana do
Município, especificamente no Centro da Cidade e nos Conjuntos Francisco Cunha e Júlia Paiva.
O público feminino, porém também aparece sendo 35,30% dos usuários.
.
SUMÁRIO
A Escolaridade dos pais também nos chamou a atenção, pois entre as 68 fichas analisadas,
aparecem 51 mães, e 43 delas que são analfabetas (84,32%), como também todas se encontram
cadastradas no Programa Bolsa Família, o que caracteriza que estas crianças fazem parte de um
contexto familiar apresentando extrema vulnerabilidade social.
O município de Cruz do Espírito Santo, por ter somente o PETI (Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil) na esfera da proteção especial, expõe este único programa a expectativas na sua
atuação que vão além de seus objetivos natos, podendo enfraquecer assim a rede de atendimento
as crianças e adolescentes como um todo.
Os principais desafios encontrados referem-se primeiramente ao limitado e parcial interesse e
preocupação dos poderes públicos com relação às Políticas Sociais, com a tendência a pensá-las de
forma assistencial e sempre subordinadas a cálculos de retorno econômico e administrativo. A ideia
de políticas preventivas, de promoção de autonomias na Sociedade Civil, de trabalho em rede, ou
de constituição e fortalecimento de Sistemas de ação, ainda esbarra em costumes e lógicas mais
diretamente assistenciais, que inclusive não precisam, ou precisam muito menos, de diagnósticos e
análises específicas assim como de profissionais melhor e mais especificamente qualificados para
esta atuação.
Vale salientar também que a inexistência de interação e de articulação entre as
componentes administrativas e da sociedade civil organizada do SGDCA do
município, deixa muito lacunoso o conjunto de informações que seria possível se
notificações, registros, intervenções e propostas frente às violações de direitos
da criança e do adolescente, tivessem como cruzar, se comparar, interagir. Isto,
talvez, impossibilite atualmente uma mudança positiva nos indicadores sociais do
município de Cruz do Espírito Santo.
SUMÁRIO
5. PLANO DE AÇÃO PARA A POLÍTICA DE ATENDIMENTO
E FORTALECIMENTO DO SGDCA
5.1 – DESCRIÇÃO DAS PROPOSTAS DE AÇÃO DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
De acordo com a realidade emergida do Diagnóstico, a Comissão analisou e propôs algumas
ações de curto e médio prazo, apresentadas e discutidas no CMDCA sendo aprovadas para
sua inserção no Plano de Ação 2012, a fim de aprimorar a Política de atendimento da
Criança e do Adolescente no Município de Cruz do Espírito Santo, que vamos a seguir
apresentar de forma sintética.
I. AÇÕES DE RESPOSTA A MAUS TRATOS, ABANDONO E NEGLIGÊNCIA
Contribuindo para uma melhoria do atendimento psicossocial a crianças e adolescentes
vítimas de Negligência, Maus-tratos e Abandono, como também às suas famílias, agilizando a
parceria do CT com o CRAS, já que o município não possui CREAS, nem Programas que
viabilizem uma específica Proteção Especial.
Com efeito, precisamos de efetivas melhorias na qualidade de vida do público Infanto-juvenil,
como também, de acompanhamento psicológico adequado e difuso, para diminuir traumas e
consequências nas crianças e adolescentes violados. Procurar-se-á também o um
acompanhamento da família ou do agente violador, lembrando que em muitos casos se trata
das próprias mães das crianças, como indicado pelo diagnóstico.
Com isso também buscaremos uma maior integração e colaboração dos serviços
públicos com o Conselho Tutelar.
SUMÁRIO
1. Ações que integram a proposta
. No âmbito da defesa jurídico-social dos direitos: O CT terá um registro específico destes casos,
notificando e encaminhando as famílias ao Serviço Público, efetivando um atento acompanhamento dos
casos. O CMDCA acompanhará (bi) mensalmente o processo.
No âmbito da proteção básica da Assistência Social: Através do CRAS, oferecer-se-á um atendimento
efetivo da equipe técnica (assistente social e psicóloga).
No âmbito de outras políticas sociais básicas:
Educação: Pedido formal para que as Escolas formalizem e encaminhem os casos identificados.
Saúde: Colaboração com os Agentes de Saúde por reuniões e registros na identificação e
encaminhamento de casos e situações problemáticas encontradas ou vislumbradas nas visitas domiciliares.
2. Instituições a serem envolvidas
Apesar da dificuldade de diálogo com o Poder Executivo, precisamos esclarecer as responsabilidades,
através da clareza no registro e no acompanhamento dos processos (quem faz/não faz o que,
documentado por ofícios, diários e registros). Assim, o CT manterá seu papel deliberativo, enquanto o
CRAS efetivará o atendimento as crianças e adolescentes. Secretarias de Educação e Saúde serão
envolvidas na fase de reconhecimento dos casos. Quanto ao apoio será sempre necessário o envolvimento
constante do CMDCA, como mediador do processo, mantendo contatos permanentes com os demais
atores, assim como fiscalizador para que cada ator assuma suas reponsabilidades.
SUMÁRIO
II. AÇÕES DE RESPOSTA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES AUTORES DEATO INFRACIONAL
Precisamos repensar, elaborar e propor novas formas de aplicação de
medidas socioeducativas, através de uma estrita colaboração do CMDCA com
o Judiciário. Uma possibilidade, a ser implementada como experiência piloto,
seria a interação de uma ação do Poder Público com entidades e instituições no
território, pela supervisão de CMDCA e Poder Judiciário.
1. Ações que integram a proposta
Colaboração entre CMDCA, CT, Poder Executivo e Poder Judiciário (e demais
atores incluindo entidades interessadas) para formular melhor e executar essa
proposta.
2. Instituições a serem envolvidas
Secretaria de Ação Social
Poder Judiciário
Conselho Tutelar
Entre outros (a definir).
SUMÁRIO
III. AÇÕES DE RESPOSTA AO TRABALHO INFANTIL
Procurar ação conjunta e diálogo com que sugerir e avaliar de forma conjunta
possíveis melhorias no Programa.
1. Objetivo
- Ampliação do território de atuação do PETI, avaliando a possibilidade de criar núcleos do
programa nas comunidades da zona rural, como também uma melhor distribuição na zona
urbana, possibilitando assim um maior atendimento á demanda existente e a inserção de
mais crianças e adolescentes atendidos pelo programa.
- Melhorias quanto ás atividades oferecidas pelo programa, fazendo com que estimulem o
crescimento e a formação humana e social das crianças e adolescente atendidos pelo mesmo.
2. Ações que integram a proposta
No âmbito da proteção especial: Descobrir possíveis casos ocultos de Trabalho Infantil,
tanto na Zona Rural quanto Urbana, desenvolvendo ações de proteção e prevenção.
No âmbito da defesa jurídico-social dos direitos: Contribuir na identificação dos casos,
acompanhando as crianças e suas famílias. Também o CT notificar e encaminhar os casos,
visando à inserção das crianças e adolescentes violados no Programa.
SUMÁRIO
e encaminhar os casos, visando à inserção das crianças e adolescentes violados no
Programa.
No âmbito da proteção básica da Assistência Social: Receber e analisar as
propostas, como Secretaria gestora do Programa.
No âmbito de outras políticas sociais básicas:
Educação, Saúde e Assistência Social: Caso seja efetivada a ampliação do
Programa, as demais Políticas poderão ajudar na Busca ativa, identificação e
cadastramento das crianças e adolescentes, a fim de inseri-los no Programa.
3. Instituições a serem envolvidas
Como gestora do Programa, a Secretaria de Ação Social será responsável pelas
ações, porém o CMDCA e CT poderão estar sempre envolvidos, assim como os
demais atores do SGDCA e as demais políticas básicas, anteriormente especificados.
.
SUMÁRIO
IV. IV. AÇÕES DE RESPOSTA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DISTORÇÃO
SÉRIE/IDADE E EVASÃO ESCOLAR
Como contribuição para um aprimoramento da metodologia e da aplicação de
pedagogias ativas e lúdicas, através de experiências concretas realizadas no território, ao
mesmo tempo em que haverá uma contribuição na busca ativa no território com relação a casos
de desafeição à escola, está sendo executado pela Associação Centro Rural de Formação – CRF
o Projeto ‘Brincando Direitos’. O projeto, inspirado na metodologia de „Palavras brincando‟, há
mais de dois anos atuada no Município se propõe de reforçar, em alguns casos iniciar, os
processos de busca das crianças e adolescentes ausentes nas salas de aula, como também
capacitar os professores a fim de reconciliar a Escola com o Aluno. (Projeto financiado pelo
Programa Amigo de Valor - Banco Santander, como Renovação de Apoio 2012).
1. Público-alvo
- Cerca de 80 Crianças e adolescentes entre 07 a 14 anos, residentes nas áreas mais
vulneráveis do município, como os Conjuntos Francisco Cunha e Júlia Paiva, e toda a zona rural
(comunidades e assentamentos), com quem trabalharemos a questão da evasão escolar e da
distorção série/idade, e que poderão transformar-se em pequenos agentes multiplicadores em
suas comunidades;
- Os atores do SGDCA, como professores e diretores da rede estadual e municipal de ensino
(20 á 25), agentes de saúde, conselheiros, profissionais das secretarias, entre outros;
- As famílias das crianças evadidas ou com distorção série/idade, a fim
de acompanhá-los e procurar entender melhor o motivo de tais
violações, fortalecendo assim a convivência familiar, como também o
envolvimento da família na escola.
SUMÁRIO
2. Objetivo
O projeto se propõe de reforçar, em alguns casos iniciar, os processos de busca das
crianças e adolescentes ausentes nas salas de aula, diminuindo assim a Evasão Escolar,
entendendo que para isto precisa que os vários atores sociais se convençam de suas
responsabilidades e as assumam de forma compromissada e constante.
Ações que integram a proposta
No âmbito da defesa jurídico-social dos direitos: Retomada da Discussão com o Poder
Judiciário, Ministério Público e Segurança Pública em relação à problemática dos alunos
fora das escolas, ociosos nas praças públicas durante o horário escolar ou saindo antes
do horário, por falta de controle nas portarias das Escolas.
No âmbito do Fortalecimento do SGDCA: Fortalecimento do Fórum através da
preparação e realização da Jornada dos Direitos nas Comunidades, buscando maior
envolvimento da Rede através de Reuniões, debates, entre outros.
No âmbito de outras políticas sociais básicas:
Educação: Parceria para a realização do Curso envolvendo Pedagogia Lúdica e outras
artes, a fim de fortalecer os profissionais de sala de aula e reconciliar a Escola com o
aluno.
Saúde/ Assistência Social e Educação: Contribuição no processo de Busca ativa nas
comunidades, através dos registros das Escolas, agentes de Saúde e informações do
CadÚnico, como também encaminhamento dos casos.
SUMÁRIO
3. Instituições a serem envolvidas
Associação dos Trabalhadores Rurais dos projetos de Assentamento (em particular:
Dona Helena; Massangana I, Vida Nova; Campo de Sementes e Mudas):
Disponibilidade de espaços para as atividades; Participação na busca ativa e na
organização das Jornadas dos Direitos.
Pastoral da Criança: Participação na busca ativa
Pastoral do Menor: Participação na busca ativa e na organização das Jornadas dos
Direitos
Paróquia do Divino Espírito (Igreja Católica): Disponibilidade de espaços para as
atividades; Ajuda para construção da rede de relações no território.
Secretaria Municipal da Saúde: Participação dos agentes de saúde nas ações de
contato com a população no território.
Secretaria Municipal de Educação: Participação na busca ativa Envolvimento dos
Professores da Rede Municipal de Ensino.
Universidade Federal da Paraíba: Assessoria de professores da área de
educação; Assessoria para o curso introdutório sobre pedagogia lúdica.
Cia Boca de Cena: Assessoria para o curso introdutório sobre pedagogia
lúdica; Atuação nas Jornadas dos Direitos.
SUMÁRIO
V. AÇÕES DE RESPOSTA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA
Queremos atuar um levantamento e construção de correspondentes ações que favoreçam
uma resposta à situação das crianças e adolescentes especiais do Município.
1. Justificativa
Ainda temos dados oficiais sobre o número de crianças e adolescentes deficientes existentes no
Município, porém sentiu-se a necessidade de um levantamento mais técnico por perceber alguns
índices bem informais, de casos ocultos na Zona Rural e outros sem atendimento especializado na
Zona Urbana.
2. Público-alvo
Crianças e adolescentes de todas as faixas etárias, que tenham alguma deficiência física, mental,
entre outras. Residentes no Município, enfatizando a Zona Rural, pois percebemos a existência de
casos isolados, sem nenhuma assistência, nem acesso á Escola.
3. Objetivo
Esperamos efetivas melhorias na qualidade de vida do público Infanto-juvenil com deficiência no
Município. É perceptível a falta de atendimento especializado, como também de investimento na
Educação Inclusiva, principalmente na Zona rural. Assim esperamos contribuir e modificar esta
realidade, proporcionando através desse levantamento, conhecer e atender as necessidades desse
público específico por meio das ações do CMDCA.
SUMÁRIO
4. Ações que integram a proposta
No âmbito da defesa jurídico-social dos direitos: Contribuir na identificação dos casos,
acompanhando as crianças e suas famílias, como também através do CT notificar e
encaminhar os casos.
No âmbito da proteção básica da Assistência Social: Contribuir no levantamento através do
CRAS, como também encaminhamento e orientação das famílias quanto ao BPC, visando à
melhoria da renda e qualidade de vida das crianças e adolescentes especiais.
No âmbito do Fortalecimento do SGDCA: Fortalecer a Rede através de Campanhas que
mostrem a necessidade do cuidado com os Especiais.
No âmbito de outras políticas sociais básicas:
Educação: Inserir nas escolas os alunos especiais, oferecendo os equipamentos e profissionais
necessários para esta inclusão.
Saúde: Contribuir na busca ativa através dos Agentes de Saúde, como também disponibilizar
os serviços de saúde necessários para realização de exames e laudos.
5. Instituições a serem envolvidas
Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social
CMDCA e CT
6. Indicações para a definição do orçamento - sem indicação
SUMÁRIO
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de quase dois anos construindo este diagnóstico, concluímos com o
mesmo sentimento do início, o de através dele buscar melhorar e fortalecer a
Política da criança e do adolescente no município de Cruz do Espírito Santo, porém
tivemos que percorrer árduos caminhos para chegar até aqui.
Ver este diagnóstico concluído em meio a tantas dificuldades nos traz muita
alegria.
A cada etapa percorrida podíamos perceber as lacunas existentes nos
diversos atores do SGDCA para que a Política da criança e do adolescente
pudesse ser efetiva. As “faltas” nas Políticas sociais básicas e também a ausência
de preocupação das próprias famílias, onde deveria ser o ambiente familiar o
espaço de maior garantia de direitos, e no município de Cruz do Espírito Santo se
configura como o espaço de muitas “faltas”, sendo estas causadas por inúmeros
fatores citados ao longo deste diagnóstico.
Poder perceber que a concepção de direito no Município ainda não se
totaliza e que uma boa parte da população ainda enxerga as políticas
públicas e os serviços oferecidos como prática caritativa, onde os que as
praticam estão cumprindo um dever moral de “ajudar os pobres”, nos fez
chegar até aqui e poder ajudar a sociedade a conhecer e se conscientizar
dos seus direitos sociais.
SUMÁRIO
Contudo, o maior objetivo deste diagnóstico, trazido na própria nomenclatura do
Projeto que o propõe: “Conhecer para Transformar”, nos direcionou a buscar conhecer a
realidade do público infanto-juvenil deste município e transformá-la com a ajuda dos
diversos atores do SGDCA, somando forças para que a Política da Criança e do
adolescente garanta qualidade de vida e protagonismo a este público específico.
Uma das coisas mais difíceis de conviver ao longo desta construção foi sentir da
parte de muitos dos participantes desta pesquisa visitados que a mesma soava como
forma de ameaça, chegando á negação de muitos dados ou do fornecimento incompleto
dos mesmos, dificultando este processo e até mesmo causando lacunas no mesmo.
Portanto, precisará um esforço contínuo do CMDCA e dos diversos atores do
SGDCA para dar continuidade a este processo e encaminhar passos para cada ação
avaliada como viável neste diagnóstico. Cuidando, sobretudo de não deixar resfriar as
expectativas levantadas e concretizar passos concretos, viáveis, pontuais e precisos, a fim
de que nossas crianças e adolescentes que hoje sobrevivem com os mínimos sociais, possam
protagonizar o futuro deste município.
Concluímos, portanto, com grande satisfação este
diagnóstico e esperamos que possa servir como fonte muitas
mudanças, de planos e projetos de intervenção, buscando
sempre fortalecer a Política de atendimento á Criança e ao
Adolescente, como também unir o SGDCA em torno de uma
causa tão justa e apaixonante.
SUMÁRIO
RETALHOS DE MINHA HISTÓRIA
Frei R. Reginaldo do Nascimento,OFM
É com grande satisfação com que venho partilhar a minhahistória em pequenos “retalhos”, pois seria impossívelapenas com algumas palavras relatar toda a minha vida demaneira ampla em todos os aspectos, quero nesta partilhaapenas restringir-me sobre a minha vida escolar e a visãoque tenho hoje sobre o que vivenciei, de maneira bemrápida e prática.
Para inicio de conversa, Cruz do Espirito Santo tornou-seum lugar importante em minha vida desde 1994 quandomeus familiares decidiram entrar na luta pela terra nestemunicípio. Vindo da cidade de Mamanguape –PB, com 6anos de idade acompanhei toda a luta dos trabalhadorespara a conquista da terra do falido engenho novo, hojeAssentamento Dona Helena. No inicio as nossas moradiasforam às barracas de lomas durante um ano e seis meses,na localidade próxima ao barreiro no conjunto FranciscoCunha e Julia Paiva. No acampamento pela manhãalgumas mulheres ensinavam o reforço escolar e a tardetodas as crianças se dirigiam para a Escola MunicipalAntônio Virginio Cabral e assim poderem estudar. Após adesapropriação das terras no ano de 1995 fomos morar nasantigas estruturas do engenho novo, mesmo assimpermanecemos estudando na referida escola.
Até 1996 a família era composta por três tripulantes (meupai, minha mãe e eu) neste mesmo ano fomos agraciadospela presença tão esperada (minha irmã) ela seria agora amais recente daquele lugar. As terras do assentamentoforam divididas entre todos os trabalhadores, ficando livrea decisão de cada família optar em ir morar em seus lotes(parcela) fomos uma das primeiras famílias a se mudarpara o terreno, que fica próximo da antiga fazenda Cobé,sendo mais tarde, Assentamento Vida Nova. A nossaprimeira moradia foi uma casa de taipa construída emmutirão por meus familiares e futuros vizinhos. Nesteperíodo perdi todo o meu ano letivo, pois, o lugar tornara-se isolado de tudo e de todos. No ano de 1997 a maioria
das famílias já residindonas parcelas, e a localidadejá avançada na povoação,pedimos transferências nasmatriculas para a EscolaEstadual da Fazenda Cobé,a distancia era mais oumenos de uma hora e meiasendo ida e volta. Nestaescola aprendi a ler e aescrever, e algunsprofessores se tornaram marcantes em minha vida, tantopelo estudo como pela atenção e carinho, tudo eramarcante para mim, as festinhas de São João, o trabalho nahorta, a minha vez que fui presidente de classe eparticipante do grêmio escolar. Estudei nesta escola desdea alfabetização até a quarta serie do ensino fundamental.
Em 2002, o medo tomou conta de mim, pois, agora teriaque ir estudar na cidade com pessoas estranhas e com oacréscimo de matérias de áreas especificas. Na EscolaMunicipal Renato Ribeiro, estudei quatro anos, ou seja, daquinta à oitava serie do ensino fundamental. Começamoscom um pequeno projeto de construir um GrêmioEstudantil, encontramos varias resistências neste ambiente.Enfrentamos desafios e refletimos sobre diversosquestionamentos tais como: falta de merendafrequentemente, construção da proposta de um cardápio,observação na presença dos professores e na falta dostransportes que traziam os alunos da zona rural,assembleia com os alunos, participação e conscientizaçãonas feiras de ciências, elaboração de um boletiminformativo entre outros. Aqui devo recordar com muitaalegria a presença do Italiano Alessandro Fainello quetanto nos ajudou na formação do Grêmio escolar e nestasações concretas.
Em 2006, o ensino médio foi na Escola Estadual DeputadoFernando Milanêz. Devido os constantes enfrentamentosdos desafios no Ensino fundamental, percebi que asituação neste ambiente se tornava mais complicado, porser o único colégio do município que tinha o EnsinoMédio, só depois foi que surgiu o colégio Flavio Ribeirocom a abertura de salas para alunos do ensino médio,devido a uma grande demanda de alunos vindos da zonarural. Havia neste ambiente uma grande falta de interessede ambas as partes, tanto do docente quanto do discente[havendo exceções]. Mesmo assim, em pequenos gruposde reflexão começamos a levantar algunsquestionamentos, que muitas vezes fomos proibidos detais coisas. Mas, aos poucos começamos a andar compequenos passos bem significativos: programa na radiodifusora da escola no momento do intervalo, reflexão e
INÍCIO
formações sobre Grêmios, [porque eleições já existiam,mas com interesses bem distantes do que é próprio],presença ativa no conselho escolar, questionamentos sobrea merenda, material de limpeza, orçamentos, reuniões comrepresentantes de turma mensalmente, construção deboletins informativos periódicos. Aqui, quero destacar apresença do Centro Rural de Formação, na assessoria eapoio. Conclui o ensino médio no ano de 2008.
Em 2009 fui morar em uma nova realidade de outroestado, na cidade de Penedo – Al, na etapa doPostulantado na Vida Religiosa Franciscana na Ordem dosFrades Menores, foi um ano de conhecimento eidentificação com o carisma. Em 2010 fiz o NoviciadoFranciscano, na cidade de Lagoa Seca – PB, um anovoltado para a oração e contemplação, e trabalhosmanuais. No ano seguinte [2011] fui transferido para acidade de Salvador – BA, para iniciar o cursinho pré-vestibular e revisar o aprendizado. E hoje continuo nacapital Baiana, cursando o segundo semestre de Filosofia.
O intuito de elaborar este pequeno relatório é falar sobreminha vida com relação aos meus estudos. Queroapresentar a você uma simples observação, sobre arealidade em que vivenciei durante o período em queresidi em Cruz do Espirito Santo – PB [14 anos]. A minhacaracterística pessoal é ter a fama de insistente, teimoso epossuir certa ousadia. Quando estava fazendo o cursinhopré-vestibular, um dos meus professores dizia que oassunto que estávamos estudando era apenas uma revisãodos estudos do tempo de escola, só que para mim, tudoque ele explicava era novo, ou seja, enquanto a maior partedos meus colegas estavam revisando o assunto, eu nuncatinha visto! Com esta realidade me fiz a seguinte análise: ajuventude de “meu” município está sendo enganada!
Daí, me deparei com uma realidade muitofrustrante sobre a educação em nossomunicípio, eu me perguntei de quem é aculpa?. Claro que devemos levar em conta anossa realidade. Quantas vezes por falta deprofessores qualificados em nossomunicípio, a maioria migram de cidadesvizinhas para poder lecionar em nossasescolas? Quantas vezes a ponte da batalhafoi interrompida e estes ficaramimpossibilitados de terem acessos às salas deaulas? Mas, em inúmeras ocasiões airresponsabilidade com o discente sobressaiamais alto pela falta de interesse. Quantasvezes os ônibus que buscavam os alunos nazona rural deixaram- os esperando, horas ehoras próximo às estradas? Os alunos
criavam suas próprias alternativas, pegavam carona,voltavam para casa, ou iam a pé para a escola, e quandochegava ao ambiente escolar era barrado no portão, por terchegado atrasado, teria que esperar a hora do intervalo prapoder entrar. Quantas vezes as melhores iniciativas dosalunos por sonharem e acreditarem em uma escola melhoreram simplesmente abafadas, por que este tipo de atitude“é coisa da oposição”? Não quero aqui culpar ninguém, esim expressar o quanto eu amo minhas raízes, ou seja, omeu ponto de partida, que é o nosso município. Porém,quero alertar o quanto estamos sendo enganados com estaconversa de querer o melhor para nossa terra, pois, comose diz em um velho ditado popular “de boas intenções oinferno já esta cheio”! Na realidade quem terminaperdendo é o mais fraco, ficando impossibilitado derealizar os seus sonhos, ou ao menos sonhar com diasmelhores. Observando daqui de longe percebo o quantoexiste de pessimismo em nossa terra, querem colocar nanossa mente que “somos pobres, e nada podemos fazer”.Percebo que nem tudo está perdido, o tempo urge e aindahá a possibilidade de mudar esta realidade, não devemosse conformar com os mínimos avanços que nos sãooferecidos como favor e bondade, temos que lutarfrequentemente por dias melhores. Pois há décadas somosmarginalizados, oprimidos e nos tornamos brinquedos nasmãos de muitos.
Espero que esta minha partilha ajude-nos a refletir, sobre anossa realidade, e nos encoraje a erguer a cabeça eincomodar as autoridades com nossa vida pratica na lutapor nossos direitos.
Salvador –BA Julho de 2012
Frei R. Reginaldo do Nascimento,OFM