22
SINAIS DO AUTISMO APARECEM NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS. Warren Jones e Ami Klin, do Centro de Autismo Marcus, no Children’s Heathcare of Atlanta e da Escola de Medicina da Universidade Emory,

321 autismo em bebês

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 321 autismo em bebês

SIN

AIS

DO

AU

TIS

MO

AP

AR

EC

EM

NO

O

LH

AR

DE

RE

M-N

AS

CID

OS

.

W

arr

en

Jones e

Am

i K

lin, do C

entr

o d

e A

utism

o

Marc

us,

no C

hild

ren’s

Heath

care

of A

tlanta

e d

a

Esco

la d

e M

edic

ina d

a U

niv

ers

idade E

mory

,

Page 3: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Segundo pesquisadores

dos EUA, a partir do

segundo mês de vida,

bebês que têm o

distúrbio apresentam

dificuldade de

estabelecer um contato

visual com a mãe e

outros cuidadores.

A descoberta poderá

contribuir para o

diagnóstico precoce do

problema

Page 4: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Antes mesmo de engatinhar ou andar,

os bebês exploram o mundo de forma

muito intensa apenas olhando para ele.

Observando atentamente o movimento

das pessoas, as expressões dos rostos,

as cores e as formas de objetos nunca

vistos. Essa investigação natural das

novidades que os rodeiam é necessária

para o desenvolvimento infantil e

prepara o terreno para o crescimento

cerebral e suas funções cognitivas.

Crianças autistas, no entanto, têm como

característica uma maneira diferente de

explorar esse mundo e, principalmente,

de olhar para ele. É nesse ponto-chave

do distúrbio que dois pesquisadores

norte-americanos pretendem encontrar

uma maneira de diagnosticar o

problema a partir dos 2 meses de idade.

Page 5: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Warren Jones e Ami Klin, do Centro

de Autismo Marcus, no Children’s

Heathcare of Atlanta e da Escola de

Medicina da Universidade Emory,

usaram uma tecnologia de

rastreamento ocular para medir a

maneira como 110 crianças de até 3

anos observavam e respondiam a

estímulos sociais.

Eles foram capazes de identificar

sinais de autismo já nos primeiros

meses de vida de bebês, com

diagnóstico confirmado

posteriormente.

O estudo, publicado na revista

científica Nature, dividiu os

participantes em dois grupos.

Page 6: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

O primeiro foi composto por crianças

com grande possibilidade de

desenvolver transtornos do espectro

de autismo (ASD, em inglês).

Esse risco foi medido a partir da

existência de parentes em primeiro

grau, especialmente irmãos, que já

tinham sido diagnosticados com o

déficit.

Fizeram parte do segundo grupo bebês

que não tinham relação próxima — de

primeiro, segundo ou terceiro graus —

com o diagnóstico clínico.

De acordo com os pesquisadores, o

fator hereditário pode aumentar em 20

vezes o risco de a criança ter o

autismo.

Page 7: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Seguindo esses bebês desde o

nascimento e intensamente dentro

dos primeiros seis meses de vida,

fomos capazes de coletar grandes

quantidades de dados muito antes

que sintomas evidentes fossem

tipicamente vistos”. Relata o autor

principal do estudo, Warren Jones.

No desenvolvimento típico, os

processos normais de interação social

emergem extremamente cedo.

A partir das primeiras horas e

semanas de vida, a atenção

preferencial para vozes familiares,

rostos, estímulos similares a rostos e

movimentos biológicos guiam o

desenvolvimento das crianças.

Page 8: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Esses processos são

altamente conservados no

âmbito filogenético, do

processo evolutivo, e

estabelecem as bases para a

especialização interativa da

mente e do cérebro, fazendo

com que os bebês

incorporem os sinais sociais

de seus cuidadores.

Na pesquisa, os cientistas testaram

quanto as medidas desses processos

de desenvolvimento inicial podem

revelar o momento de ruptura do

autismo, buscando um ponto anterior à

manifestação dos sintomas já

conhecidos.

Page 9: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Nós medimos a atenção preferencial

pelos olhos dos outros, uma

habilidade presente em lactentes

típicos, mas significativamente

prejudicada em crianças de 2 anos

com o espectro. Imaginamos que, em

crianças mais tarde diagnosticadas

com ASD, a atenção preferencial aos

olhos dos outros pode começar a

diminuir desde o nascimento”,

explicou Jones.

Equipes médicas avaliaram as

crianças durante os dois primeiros

anos de vida em 10 períodos.

Os resultados do diagnóstico foram,

então, confirmados quando as

crianças completaram 3 anos.

Page 10: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Os pesquisadores

avaliaram os dados dos

primeiros meses dos

bebês para identificar

quais fatores separaram

aqueles que receberam

um diagnóstico de

autismo daqueles

diagnosticados sem a

desordem.

O que eles descobriram

foi surpreendente.

Page 11: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

QUEDA DE ATENÇÃO

Segundo Ami Klin, as

análises revelaram um

declínio constante na atenção

aos olhos de

outras pessoas, desde os

2 meses aos 2 anos, em

crianças mais tarde

diagnosticadas com autismo.

As diferenças mostraram-se

evidentes, mesmo nos

primeiros 6 meses, o que tem

implicações profundas para o

campo.

Page 12: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

QUEDA DE ATENÇÃO

Em primeiro lugar, esses

resultados revelam que existem

diferenças mensuráveis e

identificáveis presentes já antes

dos seis meses de vida.

E, em segundo lugar, observou-

se a fixação dos olhos em

declínio ao longo do tempo, em

vez de uma ausência absoluta.

Ambos os fatores têm o

potencial de mudar

dramaticamente as

possibilidades futuras de

estratégias para a intervenção

precoce.

Page 13: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

O contato visual

desempenha um papel

fundamental na

interação social e no

desenvolvimento, e, no

estudo, as crianças

cujos níveis de contato

com os olhos diminui

mais rapidamente

também foram

aquelas mais

deficientes na vida

adulta.

Page 14: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

QUEDA DE ATENÇÃO

O contato visual desempenha um papel

fundamental na interação social e no

desenvolvimento, e, no estudo, as

crianças cujos níveis de contato com os

olhos diminui mais rapidamente também

foram aquelas mais deficientes na vida

adulta.

Essa diferença inicial de

desenvolvimento também dá aos

cientistas uma visão fundamental para

estudos futuros.

Os pesquisadores advertem, no

entanto, que o observado não seria

visível a olho nu, requer tecnologia

especializada e coleta de dados do

desenvolvimento da criança ao longo de

meses.

Page 15: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

QUEDA DE ATENÇÃO

ESSE MOTIVO, ALERTAM AOS PAIS

QUE NÃO SE PREOCUPEM CASO

UMA CRIANÇA NÃO OLHE PARA OS

OLHOS DE SEUS CUIDADORES A

CADA MOMENTO.

“Usamos tecnologia muito

especializada para medir as diferenças

de desenvolvimento acumuladas ao

longo do tempo, da mesma forma que

as crianças assistiram a cenas muito

específicas de interação social”, reforça

Jones.

Para ele, as principais implicações do

estudo se relacionam com as

descobertas em torno do

desenvolvimento precoce de deficiência

social.

Page 16: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Embora os resultados indiquem que a

atenção aos olhos dos outros está em

declínio já nos 2 a 6 meses de bebês

diagnosticados mais tarde com o

autismo, é importante perceber que

essa mesma atenção não é

completamente ausente. “Esse

mecanismo básico de adaptação social

do olho não é imediatamente reduzido

em crianças mais tarde diagnosticadas

com o distúrbio. Em vez disso: o

contato ocular parece ter níveis normais

antes da queda”, frisa Jones.

Segundo a dupla de pesquisadores, se

a identificação do distúrbio for feita

precocemente, as intervenções

poderiam obter mais sucesso nos níveis

de contato com os olhos que

permanecem.

Page 17: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Segundo Guilherme Polanc-zyk,

coordenador do Programa de

Diagnóstico e Intervenções Precoces do

Serviço de Psiquiatria da Infância e

Adolescência do Instituto de Psiquiatria

do Hospital de Clínicas da Universidade

de São Paulo, é exatamente o fator de

as crianças não diferirem até os 2

meses que chama a atenção nas

descobertas de Jones e Klin.

“O grande diferencial do trabalho é

mostrar que, diferentemente do

imaginado até então, existe uma

diferenciação aos 2 meses de

idade. Até esse período, tanto os

que vão desenvolver o autismo,

quanto os que não vão ter a

desordem apresentam a mesma

interação ocular.”

Page 18: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Polanczyk explica que uma das

características bastante presentes no

autismo é a dificuldade de interação

social, que se dá de diferentes formas.

“A primeira delas é a interação com o

contato ocular, o olho no olho.

A comunicação por meio do olhar entre

a mãe e a criança é a primeira que a

gente estabelece.” Somente a partir do

segundo mês de vida, conforme indica

os resultados da pesquisa, a criança

com desenvolvimento normal terá cada

vez uma atração maior pelo olhar

humano e a criança com autismo

sofrerá uma trajetória diferente. As

descobertas, de acordo com o

especialista, trazem impactos futuros

sobre o desenvolvimento do espectro

na infância, mas não deve gerar tão

cedo uma forma de diagnóstico.

Page 19: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Análise é clínica da Letícia Amorim,

psiquiatra da Associação de Amigos

dos Autistas (AMA) de São Paulo

Sobre o estudo em questão,

os resultados vêm ao

encontro de fatos já

conhecidos, como o de que o

autismo é um transtorno do

desenvolvimento cujos

sintomas estão presentes

antes dos 3 anos de idade e

que o padrão de rastreamento

ocular é diferente quando

comparado com crianças sem

transtornos do

desenvolvimento.

Page 20: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Análise é clínica da Letícia Amorim,

psiquiatra da Associação de Amigos

dos Autistas (AMA) de São Paulo

O achado que contradiz a

hipótese de que acontece uma

falha congênita em

comportamentos sociais

adaptativos e sugere que

alguns desses

comportamentos podem estar

inicialmente intactos é

interessante, mas deve ser

investigado, pois existem

casos de pessoas com

autismo em que ocorre

regressão do desenvolvimento

e outros casos em que não.

Page 21: 321 autismo em bebês

SINAIS DO AUTISMO APARECEM

NO OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Análise é clínica da Letícia Amorim,

psiquiatra da Associação de Amigos

dos Autistas (AMA) de São Paulo

O estudo comparou apenas um

grupo de crianças com diagnóstico

de autismo e outro grupo de

crianças com desenvolvimento

típico. Seria importante também

comparar com grupos de crianças

que têm outros diagnósticos

psiquiátricos, como TDAH

(transtorno do déficit de atenção

com hiperatividade) e deficiência

intelectual. Para finalizar, o

diagnóstico de autismo é

iminentemente clínico, ou seja,

ainda não existem exames ou

marcadores biológicos que

determinem esse procedimento.

Page 22: 321 autismo em bebês

REFERENCIAS:

Projeto: Autismo e Educação

Simone Helen Drumond Ischkanian

http://simonehelendrumond.blogspot.com

SINAIS DO AUTISMO APARECEM NO

OLHAR DE RECÉM-NASCIDOS.

Letícia Amorim, psiquiatra da Associação de

Amigos dos Autistas (AMA) de São Paulo

NOSSOS

AGRADECIMENTOS À

LETÍCIA AMORIM,

PSIQUIATRA DA

ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS

DOS AUTISTAS (AMA) DE

SÃO PAULO PELAS

ANALISES CLINICAS.