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Integrante do Coletivo Coca-cola.

Loja de artesanato da Associação Mundaréu.

Artesanato em garrafa pet, produzido por integrantes do Coletivos Artes, do Coletivo Coca-cola.

Catadora de material reciclável da Cooperativa Aguapé, que atua no município de Manhumirim (MG), com o apoio da Johnson e Johnson.

Alunas do curso de capacitação da Casa Bombril no dia de sua formatura.

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SumárioEditorial 4

Mulher 360: O longo caminho da emancipação 6

Igualdade no século das mulheres 10

Mulheres com ações em rede 11

ONU Mulheres, presença em 80 países 12

Apresentação da pesquisa dos Grupos 1 e 3 14

A imagem da mulher na propaganda 16

Os pilares da transformação 18

Aspas 24

Empresas e organizações sociais e seus negócios inclusivos 26

A mulher no Brasil do século 21 30

Aula de capacitação do projeto Mulher Atuação, desenvolvido pela Kimberly Clark.

Aluna do Coletivo Artes, do Coletivo Coca-cola.

Aula do Coletivo Artes, do Coletivo Coca-cola.

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Um mundo mais femininoO século 21 vai consolidar a igualdade de gênero nas questões relativas ao trabalho e à

cidadania. As mulheres já são o principal vetor de desenvolvimento global e as políticas pú-blicas voltadas para a igualdade têm um enorme poder de transformação social e econômica. Para as empresas, isto não é diferente. As mulheres estão contribuindo de forma decisiva para a transformação do perfil de muitas organizações. No Walmart Brasil, um maior equilíbrio de gênero, com a liderança de mulheres, está disseminando um melhor ambiente de trabalho e também gerando maior cumplicidade com as nossas consumidoras – que correspondem a 80% do total de clientes.

Além de se tornarem mais justas e inclusivas, empresas que investem em um equilíbrio de gênero em seus quadros também ampliam sua vantagem competitiva, pois podem contar com uma maior diversidade de visões e ideias em seus negócios, uma vez que as mulheres respon-dem por uma parcela cada vez maior das decisões de compra. No Walmart Brasil, reforçamos a atuação do Conselho de Mulheres, que foca na promoção de um ambiente de trabalho mais inclusivo e que estimule o desenvolvimento de lideranças femininas. Com isto, as mulheres já ultrapassaram a marca de 35% dos cargos gerenciais na empresa e são mais de cinco mil líderes em toda a rede no país.

Portanto, para o Walmart Brasil, apoiar o Movimento Mulher 360, e festejar o seu primeiro aniversário, é uma grande alegria e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para mobilizar e apoiar mais empresas e organizações a acelerarem ações rumo a um mundo mais feminino, seja na gestão de negócios, na gerência de grandes empresas, na liderança de organizações sociais ou nos destinos de grandes países.

Marcos SamahaPresidente e CEO

Walmart Brasil

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41empresas

17Organizações sociais e instituições parceiras

40reuniões realizadas

100 milmulheres envolvidas

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O longo caminho da emancipaçãoAs mulheres conseguiram no século 20 mais do que nos milênios anteriores em termos de reconhecimento de seus direitos e de sua cidadania. No Brasil, somente em 1932 conquistaram o direito de votar e, em 1933 uma mulher foi eleita deputada federal, a médica Carlota Pereira de Queirós. A partir daí, as conquistas foram crescentes, mas ainda hoje há muito a ser feito, principalmente em relação aos índices de desenvolvimento humano e redução da pobreza. Em 1950, 13,6% das mulheres em idade para o trabalho tinham empregos no Brasil, um número próximo a 53% em 2010. No entanto, o salário médio das mulheres ainda está cerca de 30% menor do que os salários dos trabalhadores homens. Dados da Organização Mundial do Trabalho mostram que o preconceito em relação a algumas funções também persiste e muitas atividades são vistas como reservadas apenas aos homens.

Líderes reunidos no lançamento do Movimento Mulher 360, em dezembro de 2011.

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As mulheres representam

51,4% da população.

São 57,3% entre os brasileiros

com 15 anos ou mais de estudo.

A taxa de mulheres desocupadas que, em 2009, era de

58,3% caiu para

51,8%, em 2011.

A média dos salários dos trabalhadores é de

R$ 1.417,00, enquanto o das

trabalhadoras fica em

R$ 997,00, o que equivale a

70,4% do rendimento masculino.

Números relevantes.

As mulheres dedicam

275 horas por ano a mais que os homens em todas as tarefas.

Fonte: IBGE

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Debate durante o lançamento do Movimento Mulher 360, mediado pela jornalista Glória Maria.

Marcos Samaha, presidente do

Walmart Brasil.

Na criação do Movimento Mulher 360, uma das principais metas estabelecidas pelo grupo de quase 40 empresas, que se uniram em torno da ideia de valorização da mulher, foi de “impactar economicamente cem mil mulheres até o ano de 2015”. Impactar, se-gundo Marcos Samaha, presidente do Wal-mart Brasil, significa mulheres assumindo cargos de lideranças nas empresas partici-pantes, como também o apoio a mulheres que estão nas cadeias de valor das empresas, que serão incentivadas a formalizar negócios e melhorar a qualidade de vida delas próprias e de suas famílias.

Esse movimento de empoderamento da mulher conta com apoios importantes, além das empresas signatárias, como do Institu-to Ethos, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, do Conselho Empresarial Brasileiro pelo De-senvolvimento Sustentável (Cebds), da ONU Mulheres e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O engajamento das empresas na elaboração de programas e políticas de inserção das mulheres é importante porque, segundo dados da ONU Mulheres, apenas políticas governamentais de distribuição de renda não são capazes de transformar a par-ticipação social das mulheres, que seguem como figuras secundárias. Um exemplo disso é que, entre o bilhão de seres humanos que vivem em situação de extrema pobreza no mundo, 700 milhões (ou 70%) são mulheres. Entre os 800 milhões de analfabetos, mais de 500 milhões são mulheres.

A situação das mulheres negras no mer-cado de trabalho do Brasil é também preo-cupante, pois representam 59% da força de trabalho feminina, mas concentram-se em cargos de menor hierarquia. A pesquisa Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas mostra que a participação das mulheres negras diminui na medida em que avança na hierarquia corporativa. Em 2010, apenas 2,1% dos quadros de gerência e 0,5% do quadro executivo das empresas eram ocupados por mulheres negras.

Há dados alentadores em relação à in-serção das mulheres no mundo do trabalho. Uma pesquisa da consultoria McKinsey cal-cula que, ao reduzir as distâncias entre ho-mens e mulheres no mercado de trabalho, os países emergentes poderiam aumentar a renda per capita em 30% até 2030.

Alinhado aos princípios de empodera-mento feminino da ONU Mulheres, o Mo-vimento Mulher 360 propõe trabalhar o equilíbrio de gênero e o empreendedorismo feminino de forma abrangente, internamen-te nas empresas, nas suas cadeias produtivas, nas comunidades e em esforços voltados para qualificar e valorizar a mulher na sociedade.

Para garantir a troca de informações e o acompanhamento de todas as ações do Movi-mento, foi criado um portal de conteúdo com informações sobre a atuação das mulheres na sociedade. No endereço www.movimen-tomulher360.com.br, o internauta encontra material sobre a mulher em seus diversos papéis, publicações, vídeos e depoimentos de formadores de opinião sobre o assunto. Há também publicações de entidades como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a ONU Mulheres, entrevistas e depoimentos de mulheres executivas de grandes empresas, entre outras mulheres de destaque.

O Movimento Mulher 360 tem garantido às mulheres oportunidades que vão muito além de políticas governamentais. Neste um ano de atividades, grande parte das empresas que firmaram o compromisso de agir em prol das mulheres apresentou avanço em seus nú-meros. Também, grande parte das empresas está apoiando projetos sociais ou de empre-endedorismo que beneficiam mulheres.

Segundo Camila Valverde, diretora de sustentabilidade do Walmart Brasil, o Movi-mento está ainda na infância, mas pode con-tribuir para que o século 21 seja, de fato, o sé-culo das mulheres: “O olhar feminino vê além dos desafios do cotidiano, enxerga o futuro por meio dos sonhos das pessoas”, explica.

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Desafios de gênero

• O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Ifad) indica que a porcentagem de terra pertencente a mulheres é inferior a 2%.

• Estima-se que no universo de mais de um bilhão de pessoas que vivem na extrema pobreza no mundo, 70% sejam mulheres. Além disso, dois terços dos analfabetos do mundo também são do sexo feminino.

• De acordo com pesquisa do governo dos Estados Unidos, todos os anos são traficadas 800 mil pessoas pelas fronteiras norte-americanas, sendo 80% mulheres e até 50% destas são menores de idade.

• Estima-se que 72% dos 33 milhões de refugiados em todo o mundo sejam mulheres e crianças.

Avanços das mulheres

• A revista The Economist estima que, ao longo da última década, o trabalho das mulheres contribuiu mais para o crescimento global do que a China.

• Dados da consultoria Catalyst mostram que empresas que têm mais mulheres em cargos de liderança têm melhores resultados financeiros.

• A agência Goldman Sachs indica que diversas regiões do mundo poderiam aumentar o PIB se reduzissem a discrepância nas taxas de desemprego entre homens e mulheres: 13% na zona do Euro, 16% no Japão e 9% nos Estados Unidos.

• As mulheres já representam cerca de 40% da força de trabalho global. No Brasil, a evolução é bastante significativa. Na década de 1970, as mulheres eram menos de 20% dos trabalhadores brasileiros, número que passou para 43,9% em 2009 e hoje já chega a 60%. 35% das famílias no Brasil são chefiadas por mulheres.

Os quatro pilares estabelecidos para o Movimento Mulher 360

1. Desenvolvimento das mulheres dentro das empresas O Movimento, dentro das empresas, fomentará iniciativas voltadas para a inclusão de mulheres, seu desenvolvimento profissional e a formação e promoção da liderança feminina.

2. Desenvolvimento de mulheres na cadeia de valor Nas cadeias de valor das empresas serão desenvolvidas ações direcionadas à ampliação da participação feminina em todo o ciclo, por meio de iniciativas de desenvolvimento profissional da mulher e de valorização do empreendedorismo feminino.

3. Inclusão social das mulheres Na área do investimento social, o Movimento buscará incentivar empresas a desenvolver ações que promovam o crescimento das mulheres e valorizem sua atuação como agentes de transformação.

4. Valorização da imagem da mulher na sociedade E, para engajar toda a sociedade em um mesmo propósito, incentivaremos as empresas a incorporar mensagens de valorização do papel das mulheres em suas ações de comunicação.

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Colocar na agenda a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho é debate atual e ainda necessário. Afinal, é mais que hora de ampliar a presença das mulheres nos postos de decisão, incluir as mulheres negras com igualdade e superar diferenças salariais existentes entre mulheres e homens.

Avançamos muito nos últimos anos. A participação popular por meio do diálogo com a sociedade, governo e o segmento empresarial nas conferências e outros mo-mentos de diálogo, mostra resultados impor-tantes, mas os desafios ainda são grandes.

Quero parabenizar o Movimento e todas as empresas parceiras pelas ações e resulta-dos obtidos e finalizar retomando a frase da presidenta Dilma na abertura da Assembleia Geral da ONU: “Tenho certeza de que este será o século das mulheres”.

Igualdade no século das mulheres O Movimento Mulher 360 é um articulador da promoção de iniciativas para a valorização e participação das mulheres no segmento empresarial. Busca estender essa cultura de igualdade para a cadeia produtiva relacionada a cada uma das empresas.

Eleonora Menicucci de OliveiraMinistra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas para as MulheresPresidência da República

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Quais ainda são as maiores carências na equidade de gênero na sociedade brasileira.

A causa feminista é bastante antiga no Brasil. Come-çou com o movimento sufragista, pelo voto da mulher, no início dos anos 1930, e nos últimos anos ganhou força com a criação do Conselho Nacional da Mulher, que de-pois tornou-se uma secretaria especial e atualmente é um Ministério. A presidenta Dilma citou explicitamente a causa da equidade de gênero em seu discurso de posse, e atual-mente existem mulheres em diversos escalões em quase todos os ministérios. É importante não “departamentalizar” uma causa, mas sim torná-la transversal. No caso do Minis-tério do Meio Ambiente, que tem uma mulher à frente, a ministra Izabella Teixeira, temos três linhas de ação focadas em mulheres. A primeira é a de ações afirmativas para tirar as mulheres da pobreza. Outra linha de ação está focada em mulheres que atuam em cadeias da sociobiodiversida-de, como as quebradeiras de cocos, produtoras de açaí ou que trabalham com a produção e uso de fitoterápicos. A terceira linha é a Rede Mulheres pela Sustentabilidade, que busca fortalecer ações de eliminação da miséria, talvez o principal objetivo deste governo.

A ideia é utilizar essas mulheres já bem-sucedidas para influenciar novos empreendimentos?

A nossa ideia é “empoderar” a mulher para que ela possa influenciar nos conselhos de administração das em-presas. Levar para o coração do negócio tanto a equidade de gênero como a sustentabilidade. Também é preciso trabalhar a comunicação de massa e não apenas peque-nos grupos. O IBGE diz que somos cem milhões de brasi-leiros consumindo, e a maior parte, mais de 50%, é de mu-

lheres. É preciso trabalhar a comunicação dirigida a essas mulheres, para que elas possam fazer transformações no seu dia a dia e com isso ajudar a causa da sustentabilidade e do desenvolvimento do Brasil.

Vocês buscam o engajamento das empresas para contribuir com essa mudança de perfil?

Buscamos principalmente as mulheres empresárias, executivas, e por sua vez as empresas. No caso do Mu-lher 360, foi a busca da empresa numa cadeia de valor. A adesão do Movimento Mulher 360, à Rede de Mulheres pela Sustentabilidade, foi muito importante porque já é um trabalho que vem sendo desenvolvido há um ano, já tem um grau de maturidade, e os objetivos do Mulher 360 são muito próximos do nosso objetivo. Eu acho que, se eu tivesse que resumir em uma palavra, o Mulher 360 mostra já no título que você faz uma ação afirmativa, que leva em consideração todos os aspectos. É importante a inclusão produtiva, a independência econômica da mulher, mas principalmente que ela tenha um ganho de consciência do papel que tem na sociedade.

Mulheres com ações em redeO Ministério do Meio Ambiente mantém uma bem-sucedida Rede de Mulheres pela Sustentabilidade, à qual o Movimento Mulher 360 aderiu durante a Rio+20, ampliando a capacidade de ações afirmativas dos dois movimentos. Conversamos com Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA.

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ONU Mulheres, presença em 80 paísesAs desigualdades entre homens e mulheres permanecem profundamente enraizadas em um grande número de sociedades. As mulheres deparam-se, muitas vezes, com a falta de acesso à educação e aos cuidados básicos, devem superar a segregação nos empregos e as diferenças de remuneração, estão sub-representadas nos processos de tomada de decisões e são vítimas de violências. São desafios que Michelle Bachelet, diretora executiva da ONU Mulheres, enfrenta com toda sua determinação, e nos conta nesta entrevista à jornalista Jasmina Šopova*.

* Jornalista de O Correio da Unesco.

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O número de mulheres eleitas para assumir a direção de Estados, governos e agências da ONU tem aumentado nos úl-timos anos. Este fenômeno já apresentou efeitos positivos sobre questões sensíveis relativas às mulheres em âmbito mundial?

Em uma perspectiva histórica, foi reali-zado um enorme progresso. Apesar de ainda existirem desafios a enfrentar, a igualdade de gênero entrou em uma dinâmica que nunca havia ocorrido no passado, tanto no plano in-ternacional como inter-namente, na maior parte dos países. A razão disto é que as mulheres assu-miram a defesa da igual-dade de gênero, assim como as questões mais sensíveis em diversos níveis, tanto no seio de sua comunidade quanto na direção dos Estados. A existência de mulheres líderes tem levado um número crescente de pessoas a compreender que as mulheres devem participar ativamente das atividades econômi-cas, que se deve acabar com a violência contra as mulheres e que se deve utilizar a capacidade das mulheres para que elas se tornem promotoras de mudanças que vão beneficiar a todos. Para atingir es-ses objetivos, devemos fornecer os recursos e empreender as ações necessárias – como fizemos, em parte, ao criar a ONU Mulheres, que é a “defensora” obstinada dos direitos das mulheres no mundo.

Em quantos países está presente a ONU Mulheres?

Trabalhamos com todos os Estados--membros da ONU que solicitam os nossos serviços, sejam eles países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Atualmente, a ONU Mulheres está presente, em graus variáveis, em cerca de 80 países, e teremos de forta-lecer nossa presença naqueles que têm ne-cessidade de nosso apoio. Vamos intervir de forma gradual, à medida que desenvolver-

mos nossas capacida-des e nossos recursos de ordem institucional. Em cada país, uma das prioridades consistirá em atingir os grupos de mulheres mais margina-lizadas. São elas que têm mais necessidade do apoio da ONU Mulheres. Cooperar com elas pode ser a melhor maneira de utilizar nossos recursos. Como o Unicef tem de-monstrado, o método mais eficaz consiste em investir na parcela da população mais margi-nalizada.

Qual é o lugar da igualdade de gênero nos Objetivos de Desenvolvimento do Milê-nio (ODM)?

Conseguir a igualdade de gênero – ob-jetivo número três dos ODMs – é primordial para a realização de todos os outros obje-tivos. Vamos continuar a insistir, até 2015 (prazo final para a realização dos ODMs), no vínculo crucial existente entre a igualdade de gênero e todos os outros objetivos que dizem respeito à pobreza, à saúde, à edu-cação ou ao meio ambiente. Um dos pro-blemas prioritários relacionados à nossa missão é a mortalidade materna. No plano mundial, estamos longe de ter consegui-do um avanço satisfatório. Podemos – e devemos – obter melhores resultados. Sal-var maior número de vidas no momento do parto exige conhecimentos básicos e meios pouco onerosos que poderiam es-tar disponíveis facilmente em toda parte, se os governos e a comunidade internacional decidissem realmente reconhecer esta ação como prioritária.Michelle Bachelet

Salvar maior número de vidas no momento do parto

exige conhecimentos básicos e meios pouco onerosos que poderiam

estar disponíveis facilmente às

mulheres de todos os países do mundo.

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A mulher na empresaAs empresas participantes do Movimento Mulher 360 responderam, neste primeiro ano de atividades, a três pesquisas que são uma verdadeira “lição de casa”. O objetivo era, principalmente, que cada empresa olhasse para si mesma com o enfoque do movimento, criando a percepção de quanto já avançou na integração da mulher em seus quadros, em cargos executivos e quanto ainda há por ser feito.

Em média, entre os associados ao mo-vimento, as mulheres são 36,8% dos fun-cionários, sendo que 32,2% dos quadros de liderança são ocupados por mulheres. Um dado relevante é que 23,7% dos funcionários que se reportam diretamente à presidência são mulheres.

A maioria das empresas já conta com projetos voltados para o desenvolvimento social e econômico de mulheres, seja den-tro de seus quadros ou elaborados e execu-tados por organizações sociais. O número é expressivo: 63% das empresas investem recursos para ampliar as oportunidades de mulheres, contra apenas 37% que não têm ainda nenhuma iniciativa nesta direção.

As perguntas foram direcionadas ao au-toconhecimento das empresas nas questões de gênero, tais como percentual de mulhe-

res no quadro total de colaboradores, que tipo de programas de benefícios, focados em suas funcionárias, a empresa mantém, quantas ocupam cargos executivos e quan-tas trabalham diretamente com a alta gestão da empresa, além, é claro, de que empresas são presididas por mulheres.

Imagem da mulher

Outra pesquisa realizada foi sobre a ima-gem que a publicidade faz das mulheres e como vem evoluindo a presença da mulher nessa área. Os dados desta pesquisa mos-tram que, mesmo com a evolução da ima-gem e da presença da mulher na sociedade, a mídia ainda trabalha com inúmeros clichês. No entanto, há evolução na abordagem dos diversos meios.

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Presença das mulheres dentro as empresasProjetos com foco em mulheres

36,8%

Percentual de mulheres dentro do universo que se reportam diretamente ao presidente

23,7%

Presença das mulheres na liderança dentro as empresas

32,2%

63%

37%

têm projetos voltados às mulheres

não têm projetos para as mulheresFonte: Universo das Empresas do Movimento Mulher 360

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A imagem da mulher na propagandaPor Carolina Roxo Nobre Barreira*

Sabemos o quanto a propaganda reflete os valores de uma sociedade e o espírito de um tempo. Também sabemos o quanto ela atua, cada vez mais, como um instrumento de poder, ajudando a disseminar valores e influenciando comportamentos e modismos – pautando tanto modas quanto modos de ser e viver. Assim, para compreender a ima-gem da mulher na sociedade hoje, é funda-mental analisar que tipo de imaginário do feminino vem sendo propagado pela comu-nicação atual.

A proposta deste ano do GT4 (Grupo de Trabalho 4 do Movimento Mulher 360) foi justamente o de buscar compreender de que maneira a mulher brasileira vem sendo retratada nas propagandas e realizar uma re-flexão sobre o tema, a partir de uma pesquisa feita junto a especialistas do universo femini-no e da comunicação. Discutimos o assunto com jornalistas, comunicadores, semioticis-tas, sociólogos, economistas e educadores,

e vimos que esta é uma questão bastante polêmica e presente em diversos fóruns de discussão, tanto acadêmicos quanto empre-sariais.

Ao analisarmos a propaganda ao longo dos anos, observamos que houve uma gran-de evolução no imaginário do feminino que acompanha o movimento de emancipação da mulher na sociedade: se até a década de 1960 a mulher era retratada quase que exclu-sivamente nos domínios do lar, responsável pelos cuidados da casa, dos filhos e do mari-do, contando com a ajuda das novas facilida-des da modernidade (aspirador de pó, fogão a gás, etc.), a partir da década de 1970 obser-va-se a queda de prestígio da mulher no lar e o aparecimento de novas representações do feminino – o mito da dona de casa exemplar dá lugar ao mito da beleza exemplar.

A partir dos anos 1990, a comunicação amplia o seu leque de referências e passa a retratar a mulher moderna em seus novos

“Existe uma evolução. Hoje a gente já vê mais negras nas propagandas, mulheres mais velhas, cabelos bem crespos. O Movimento Beleza Natural foi um marco na propaganda e esta é uma necessidade que existe até hoje.”

Sandra Soares, editora do portal M de Mulher

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papéis sociais, porém sem deixar de lado a sua responsabilidade sobre o cuidado da casa – ainda que com novos contornos, mais contemporâneos. A mulher passa a ser retratada assumindo outras funções e pro-fissões e ganha independência emocional e financeira. Este movimento continua até hoje, no qual a comunicação busca espelhar uma mulher cada vez mais poderosa e dona de si, que tem que dar conta dos inúmeros papéis que desempenha, tanto dentro como fora de casa.

No entanto, segundo os especialistas pesquisados, mesmo que a propaganda te-nha se atualizado, acompanhando as evo-luções e ampliações dos papéis femininos, ainda peca por apresentar diversos clichês e substituir antigos modelos por novos, sem contribuir para uma “real emancipação” da mulher na sociedade. Esta questão é apon-tada em diversos aspectos do feminino, que vão desde os padrões de beleza preconiza-dos até os modelos de mulher, mãe e profis-sional, normalmente valorizados nas comu-nicações das marcas.

Na percepção dos especialistas, exis-tem algumas marcas que conseguiram romper com estes modelos, como a Dove, com a campanha pela beleza natural, citada por quase todos os pesquisados como um marco na propaganda, apresentando uma ruptura nos ideais de beleza que pregam a magreza e a perfeição. Além da Dove, outras campanhas são citadas como as da marca Natura, que são consideradas muito positi-vas por valorizarem o feminino na sua diver-sidade e naturalidade, incluindo a beleza das mulheres mais maduras.

Porém, apesar do “oxigênio” trazido por estas e algumas outras campanhas citadas, a sensação dos pesquisados é que a maior parte da comunicação que se vê hoje ainda busca encaixar as mulheres em modelos e padrões, sem dar conta de toda a comple-xidade e diversidade do feminino contem-porâneo – que engloba não apenas os de-sejos das mulheres, mas igualmente as suas angústias, suas dificuldades e suas diferentes escolhas, quaisquer que sejam elas, incluin-do as afetivas e sexuais. Sendo assim, perce-be-se que ainda existe um longo caminho a ser percorrido pelas marcas para que estas consigam retratar de maneira mais autêntica e efetiva a mulher contemporânea, conse-guindo assim estabelecer um diálogo mais verdadeiro (e positivo) com suas próprias consumidoras.

“Não existe ‘uma nova mulher’, existem ‘várias novas mulheres’... Eu não acredito que exista uma linguagem única, não dá para colocar em caixinhas, já que hoje você tem mulheres diferentes, de todos os tipos e com diferentes desejos. E também tem várias coisas dentro de uma mulher só!”

Angélica Santa Cruz, editora da revista Lola

“Eu acho que ainda falta trazer outros olhares para a mulher... Outras opções de família e de sexualidade, maior diversidade de estéticas corporais, porque isso também compõe a riqueza feminina.”

Tania Hoff, especialista em comunicação e professora da ESPM

“É importante assumir a complexidade. Mostrar que é difícil mesmo, que não é tudo cor-de-rosa...”

Regina Madalozzo, economista especializada no mercado de trabalho para mulheres

“Se antes havia o modelo da dona de casa, hoje há o modelo da mulher poderosa, que é uma superprofissional, que é linda e ainda consegue ter uma família feliz... É o que eu chamo de ‘a mulher sintética’, que é praticamente milagrosa, pois sintetiza tudo: por um lado, toda moderna e independente e, pelo outro, romântica e sonhando em achar o parceiro ideal.”

Denise Gallo, pesquisadora e profissional de comunicação e semiótica

“A partir dos anos 1970, a mulher já começa a ser retratada para além da dona de casa. Em propagandas de cigarro, você tem aquelas mulheres maravilhosas e, a partir dos anos 1980, se intensifica a mulher como elemento de beleza e sedução, principalmente nas propagandas de lingerie.”

Tânia Hoff, especialista em comunicação e professora da ESPM

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Desenvolvimento das mulheres dentro das empresas

Desenvolvimento de mulheres na cadeia de valor

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Inclusão social das mulheres

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Capacitar, incentivar e possibilitar que cada vez mais mulheres assumam posições de liderança dentro das empresas e oferecer condições para que exista equidade de gê-nero nas organizações. Este é o compromis-so assumido pelas empresas que assinam a adesão ao Movimento Mulher 360.

O cenário brasileiro é promissor. Pes-quisas apontam que aumenta a cada ano a presença feminina nos degraus mais altos da hierarquia empresarial. Segundo um levanta-mento da consultoria Grant Thornton, divul-gado em 2012, 27% dos cargos de liderança das organizações do país são ocupados por mulheres, número superior aos 24% registra-dos em 2011 e aos 21% da atual média global.

Para alavancar estes números, o primei-ro exercício feito pelas empresas signatárias foi olhar para dentro de suas organizações e entender, a partir de uma pesquisa, qual é a posição que as mulheres estão ocupando dentro de cada uma delas. “Queremos um diagnóstico das melhores práticas”, explica Adriana Carvalho, gerente da Dow Química.

Ao longo deste primeiro ano de ativida-des, foram realizadas reuniões do grupo de trabalho que discutiu o tema, que é o pilar número um do Movimento. A troca de ex-periências permitiu, segundo Adriana, que alguns pontos fossem destacados como principais desafios. “A mulher, principalmen-te após a maternidade, tem jornada dupla e

menos mobilidade. A questão do networking também precisa ser bastante trabalhada. O grupo permite que as empresas vejam bons exemplos e se inspirem para replicar.”

A percepção, de que a valorização do papel da mulher é um objetivo comum, é também um legado positivo deixado pelo primeiro ano de ação. “A pesquisa vai nos dar agora bases sólidas para trabalhar”, fina-liza Adriana.

Os pilares da transformaçãoO Movimento Mulher 360 atua com base em pilares que sustentam os projetos e programas das empresas e organizações parceiras. São grandes linhas que permitem a estruturação de ações capazes de cumprir as metas de resultados de todo o Movimento.

Desenvolvimento das mulheres dentro das empresasDemonstrar avanço quantitativo na participação de mulheres em posições de liderança, visando a alcançar o equilíbrio de gênero

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Camila Valverde, diretora de sustentabilidade do Walmart Brasil.

Desde que o Movimento Mulher 360 foi idealizado, o plano de empoderamento econômico e social das mulheres é o que norteia aqueles que estão encarregados de transformar pensamentos em ações. Ao assinar o termo de adesão, as empresas si-nalizam sua disposição para quebrar para-digmas e se tornarem celeiros de práticas inovadoras.

São atualmente 41 empresas, que agre-gam milhares de mulheres em seus quadros de funcionários. Porém, apesar desse grande potencial, as instituições entendem que é preciso ir além de seus muros.

Foi no universo das enormes cadeias, que se formam em torno de grandes corpo-rações, que elas enxergaram a oportunidade de dar escala ao impacto que as empresas podem ter no desenvolvimento econômico da mulher.

Assim se desenhou o pilar Desenvol-vimento de Mulheres na Cadeia de Supri-mentos, que, após um ano de atividades, ganhou um novo nome: Desenvolvimento de Mulheres na Cadeia de Valor. “As empre-sas que fazem parte do Movimento estão em segmentos totalmente diferentes. Então a cadeia é diferente. Umas são indústrias que fornecem para indústrias, outras são empre-sas que lidam direto com o fornecedor ou cliente”, explica Camila Valverde, diretora de sustentabilidade do Walmart Brasil.

A grande diversidade de segmentos que o Movimento conseguiu reunir é também o principal desafio encontrado. “Tivemos que amadurecer o tema e entender as dificulda-des, para agrupá-las por semelhança. A gen-te espera que em 2013 as empresas possam fazer projetos compartilhados para o desen-volvimento da mulher.”, acrescenta Camila.

Desenvolvimento de mulheres na cadeia de suprimentosImplementar políticas, diretrizes e/ou programas de desenvolvimento da mulher com seus fornecedores

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Ao lado: João Santos, diretor da The Key

Abaixo: Jefferson Correia, responsável pela área de Assuntos Corporativos da Kimberly-Clark.

As empresas que se associaram ao Mo-vimento Mulher 360 estabeleceram como meta impactar cem mil mulheres com suas ações. Uma das primeiras iniciativas foi fazer uma pesquisa, em cada uma das associa-das, para identificar a situação das mulheres em seus próprios quadros, para em seguida adotar ações que garantam a inclusão plena das mulheres, conta João Santos, diretor da The Key.

No grupo de trabalho do terceiro pilar, que discute as práticas de inclusão social, al-gumas das organizações já possuíam ações inclusivas bem estruturadas, como é o caso da campanha Bem Querer Mulher realiza-da pela ONU Mulheres em parceria com a The Key. A iniciativa levanta a bandeira da Não violência contra a mulher. “A campa-nha tem algumas vertentes. Uma delas é a capacitação de mulheres, que são lideranças comunitárias, para que elas possam apoiar, esclarecer e orientar as mulheres vítimas de violência em seus bairros. Chamamos estas mulheres de Agentes Bem Querer Mulher”, explica Santos.

A campanha existe desde 2008 e, se-gundo aponta o diretor da The Key, pode servir de modelo para que outras organiza-ções realizem ações semelhantes. “As reuni-

ões ajudam as empresas a perceberem o que é preciso fazer e como fazer com qualidade.”

Outra iniciativa considerada referência para as demais empresas engajadas neste pilar é o projeto Mulher Atuação, encabe-çado pela empresa Kimberly-Clark. A ação promove a conscientização de mulheres em comunidades nos entornos das fábricas da empresa. “São capacitações voltadas para a garantia de direitos, com base no Plano Na-cional de Politica para as Mulheres, do go-verno federal. Elas aprendem a trabalhar em rede e fazem um diagnóstico de quais são as principais carências da sua região”, conta Jefferson Correia, responsável pela área de Assuntos Corporativos da Kimberly-Clark.

Para que todas as empresas do grupo tenham firmeza nos próximos passos que darão nesta caminhada, foram convidadas a responder um questionário sobre as ações que cada uma delas realiza. Em relação a esta pesquisa, os dois gestores são uníssonos ao declararem que “vai nos dar uma radio-grafia, que nos subsidiará no planejamento para o ano que vem”.

Inclusão social das mulheresAs empresas se comprometem a, conjuntamente, gerar impacto positivo na vida de cem mil mulheres, por meio de investimento social privado e ações de responsabilidade social

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Liliany Samarão, supervisora de

atendimento e gestão da Agência África.

Na televisão, nas revistas, nos jornais e no ponto de ônibus. Em quase todos os mo-mentos da vida, as pessoas estão expostas a algum tipo de propaganda. Tamanha pre-sença no cotidiano torna a publicidade uma poderosa arma na formação dos valores cul-turais de uma sociedade, capaz de direcionar olhares e significados.

O objetivo do quarto pilar do Movimento Mulher 360 é tornar essa força uma aliada na missão do empoderamento feminino.

Segundo Liliany Samarão, supervisora de atendimento e gestão da Agência África, observar a maneira como as mulheres são retratadas na publicidade é observar a evo-lução do papel delas na sociedade. “Nos anos 1960, a publicidade era machista. A mulher era retratada na cozinha e quem dava a co-zinha para ela era o homem. Nos anos 1980, isso começou a mudar. Hoje em dia, o retra-to é de uma mulher inserida na sociedade e

no mercado de trabalho”, explica Liliany, que desenvolveu a tese de mestrado Imagem da mulher na publicidade com foco no corpo feminino.

Atuante no grupo de trabalho deste pilar desde as primeiras reuniões, Liliany é otimista quando o assunto é a valorização da mulher nas campanhas publicitárias. “A gente pode ter algum viés que não é total-mente bom, mas, comparado à história, eu acho que a gente está caminhando a passos largos”, ressalta.

A primeira ação do grupo de empresas engajadas neste pilar foi a realização de uma pesquisa inédita, com o objetivo de mostrar como a publicidade retrata a mulher. “Com base nos resultados vamos agora fazer uma nova pesquisa, para entender como a mulher gostaria de ser retratada. Esse material vai nos dar subsídios para trabalhar as campa-nhas publicitárias”, aponta Liliany.

Valorização da imagem da mulher na sociedadeIncorporar mensagens de valorização da mulher em campanhas de comunicação e/ou ações educativas

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Me senti respeitada como mulher e senti que eu trabalho na

empresa certa. Ficar gestante e ter um tempo de licença maternidade é uma condição natural da mulher e não é impeditivo para termos as rédeas de nossas carreiras.

Camila Valverde Assumiu no sétimo mês de gravidez seu primeiro posto na área de assuntos corporativos do Walmart Brasil. Hoje é diretora de sustentabilidade da empresa e mãe de dois filhos.

Pilar

Pilar

A articulação promovida pelo Movimento, de aproximar as empresas das organizações que trabalham direto com as comunidades, é fundamental. Se você não articula, tem

gente inventando a roda e começando a fazer toda a trajetória, para chegar em lugares em que já chegamos e às vezes pisando nas pedras que nós já conseguimos tirar da frente.

Lizete Prata Uma das fundadoras da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Associação Mundaréu, criada em 2001 para promover o desenvolvimento e a inclusão social de grupos de produtores artesanais de todo o país.

Quando se fala de progressão da carreira da mulher e de liderança, os homens também exercem um papel fundamental. Eles trabalham

com muitas mulheres e têm muitas mulheres subordinadas. É importante que eles estejam preparados para lidar com essa transformação cultural, social e de negócios. Porque, na hora que a mulher assume posições de destaque dentro de organizações, da sociedade, de governos, a maneira como ela se relaciona é bastante diferente, seja com os seus pares, seja com os subordinados. As companhias têm de estar preparadas para isso.

Andréia Salgueiro Vice-presidente da área de produtos pessoais da Unilever Brasil e líder de diversidade e inclusão para a América Latina. Foi a primeira mulher a assumir no Brasil um cargo deste nível na empresa.

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O empoderamento financeiro ajuda

a melhorar a autoestima dessas mulheres. Assim, elas conseguem sair, não só de uma classe social mais baixa , como também muitas vezes de uma submissão ou de uma condição não favorável, e ser dona do seu próprio nariz.

Luciana Rego Gerente de sustentabilidade da Bombril, falando do projeto Casa Bombril, que dá cursos de capacitação e profissionalização para empregadas domésticas.

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Pilar

A publicidade ocupa grande parte da vida das pessoas e tem o poder de direcionar olhares e significados.

Nos anos 1960, a publicidade era machista. A mulher era retratada na cozinha e quem dava a cozinha para ela era o homem. Nos anos 1980, isso começou a mudar. Hoje em dia o retrato é de uma mulher inserida na sociedade e no mercado de trabalho. Estamos caminhando a passos largos, mas ainda precisa melhorar. O Walmart teve uma grande ideia que se espalhou por outras grandes empresas. O primeiro ano é só um cheirinho do que vem por aí.

Liliany Samarão Supervisora de atendimento e gestão na Agência África. Desenvolveu uma tese de mestrado intitulada Imagem da mulher na publicidade com foco no corpo feminino.

O investimento que se faz em mulheres no Brasil ainda é muito tímido. Isto precisa mudar. E o movimento tem tudo para ser uma ponte para que isso

aconteça. Os empresários precisam entender que o investimento nas mulheres é um dos investimentos com maior retorno. A mulher é agente de transformação da comunidade onde ela vive. Investindo na mulher, se investe na família, e os resultados se refletem na comunidade, na cidade e no Brasil como um todo.

Veronica Marques Gerente de comunicação e desenvolvimento do ELAS Fundo de Investimento Social, instituição que há quase dez anos trabalha viabilizando investimento social voltado exclusivamente para a promoção do protagonismo de meninas, jovens e mulheres.

Não é uma competição entre homem e mulher.

É algo que vai além da soma. A gente trabalha junto e agrega olhares diferentes para os clientes e para a gestão da empresa.

Carla Bellangero Sócia diretora da empresa de consultoria e auditoria KPMG. Há quatro anos desenvolve um trabalho de ampliação da presença feminina na organização.

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Coletivo Coca-ColaSuperação, evolução e crescimento

Apoiar pessoas, principalmente mu-lheres, para que consigam superar desafios para a inclusão social e o desenvolvimento econômico. Este é o foco da ação social da Cola-Cola, que desenvolveu uma inovadora forma de atuar, por intermédio de Coletivos, que são espaços de encontro e aprendiza-do de portas sempre abertas. Lugares que acolhem a diversidade – para trocar ideias, potencializar talentos, gerar oportunidades e preparar um futuro colaborativo.

O programa de Coletivos está em 400 comunidades em 21 Estados, beneficiando mais de 50 mil pessoas até o final de 2012. A meta da empresa é ter, até 2014, cerca de 750 unidades em funcionamento em todo o Brasil, beneficiando mais de 250 mil pessoas. Como resultado, já se contabiliza 30% de emprega-bilidade, aumento médio de 50% da renda familiar e incremento da confiança no futuro.

Um passo importante foi a parceria fir-mada entre o Coletivo Coca-Cola e a Rede Asta, um negócio social que oferece pro-dutos de organizações focadas em desen-

volvimento social e humano. Essa parceria possibilita a oferta dos produtos do Coletivos Coca-Cola em canais de comércio justo em todo o país, além de melhorar o perfil de ren-da que pode ser gerada a partir de embala-gens descartáveis.

As matérias-primas vêm das próprias comunidades, onde embalagens de PET e de Tetrapak são coletadas, higienizadas e trans-formadas, pelas mãos das artesãs, em peças exclusivas como bolsas, carteiras e enfeites de Natal. “São inúmeras as histórias de supe-ração, evolução, crescimento e vitória vindas de gente que, pouco antes, não acreditava no futuro e em si mesma, na possibilidade de desenvolver uma carreira profissional”, conta Claudia Lorenzo, diretora superintendente do Instituto Coca-Cola Brasil.

Empresas e organizações sociais e seus negócios inclusivos

Artesã do programa de Coletivos mantido pela Coca-Cola

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A construção civil sempre foi um espaço masculino. Profissões como pedreiros, mar-ceneiros, eletricistas e encanadores eram território exclusivo dos homens. Eram, por-que agora as mulheres avançam com muita competência e ocupam cargos em quase todas essas atividades. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Mi-nistério do Trabalho e Emprego, o número de mulheres na construção civil aumentou 65% na última década. Em 2000, elas eram pouco mais de 83 mil, e oito anos depois chegavam a quase 138 mil profissionais em obras por todo o país.

Para a Amanco, essa é uma realidade que deve ser estimulada. Por meio de uma parceria com o Senai, a empresa tem apoia-do cursos em todo o Brasil, que são procura-dos por cada vez mais mulheres. “Nós finan-ciamos parte do curso, que é oferecido no Brasil inteiro, nos 27 Estados, em mais de 240 unidades. Já treinamos mais de 50 mil pes-soas desde 2005”, conta Kátia Matias, gerente de Relacionamento da Mexichem, controla-dora da Amanco.

As empresas construtoras gostam, se-gundo Kátia, da mão de obra feminina em áreas que exigem capricho, como colocação de piso. “Ela não tem força, então não vai tra-balhar em uma obra de estrutura, uma coi-sa pesada, mas em serviços mais leves não existe nenhum limitador, porque a mulher presta mais atenção aos detalhes”, ressalta.

Acima: sede do projeto Conkistart.

Abaixo: Paulo Mindlin, diretor

do Instituto Walmart Brasil,

com integrantes do projeto durante a

inauguração da sede do Conkistart.

Kátia Matias, gerente de Relacionamento da Mexichem, controladora da Amanco.

AmancoEspaços nunca antes ocupados

MundaréuConkistart, costura e cidadania

O Jardim Conquista, periferia de São Paulo, é um lugar onde menos de 6% dos trabalhadores têm emprego formal, menos de 15% da população completou o ensino fundamental e quase metade das mortes é provocada pela violência. Neste cenário de ausência de equipamentos culturais e de la-zer, a Associação Mundaréu desenvolve, em parceria com o Instituto Walmart, o projeto Conkistart, que desde 2007 atua com mu-lheres de 25 a 60 anos em uma linha de ca-pacitação e qualificação para a produção de sacolas e outros produtos de confecção.

O trabalho da Mundaréu se dá em duas frentes: estruturação do grupo de mulheres que atuam na produção, qualificando nos aspectos técnicos, de organização e de ne-gócios, com foco em confecção de produtos com detalhes artesanais; e a implantação da oficina-escola para formar novos profissio-nais como alternativa de geração de renda e inclusão socioeconômica.

Ao integrar o Conkistart, as costureiras passam por um processo de qualificação para melhorar o perfil de sua produção:

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Instalações dos projetos da Associação Mundaréu

• Homogeneização da qualidade do traba-lho do conjunto do grupo;

• Melhoria da organização do processo de produção;

• Criação de linha de produtos próprios;• Ampliação de clientela e encomendas.

Uma da áreas em que foi possível para a Associação Mundaréu fazer a diferença foi trabalhar para que a produção do projeto Conkistart tivesse um sentido social, de in-clusão mais efetiva. “Foram os conceitos do comércio justo que possibilitaram a comer-cialização por meio de uma cadeia produtiva adequada do ponto de vista social e ambien-tal”, explica Lizete Prata, uma das fundadoras da Associação Mundaréu. O projeto já bene-ficiou mais de cem mulheres e vai continuar ampliando seu alcance.

Apoiar iniciativas e projetos em prol do desenvolvimento socioambiental já é uma marca da trajetória que a Natura vem dese-nhando desde a sua fundação. O Programa Acolher foi a estratégia escolhida pela em-presa para acolher os mais de um milhão de consultores ligados a ela, dos quais cerca de 95% são mulheres, dentro deste universo.

A ideia surgiu a partir do Movimento Natura, que atua no engajamento e cons-cientização de toda a força de trabalho da empresa. “Nós queríamos fazer com que as pessoas entendessem o porquê de a Natura apoiar determinados projetos, que não fosse apenas uma decisão dos gestores”, comenta Lyu Tsukada, analista de marketing do Movi-mento Natura.

Ao realizar este exercício, a empresa descobriu que muitos de seus consultores já desenvolviam os seus próprios projetos, ou

atuavam como voluntários em outros traba-lhos. “Visualizamos então uma oportunidade de incentivar estas ações”, esclarece Tsukada.

Em 2009, foi lançado o primeiro edital do Programa Acolher. Desde então, 28 iniciativas já receberam o financiamento, que varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil por ano, e apoio técnico. “São ações das mais variadas, que vão desde trabalhos com animais, até incentivo ao alei-tamento materno”, conta o analista.

O processo de seleção destas iniciativas é também uma ferramenta de conscientiza-ção. São os próprios funcionários da empre-sa que se candidatam e ajudam na escolha das ações. Para Tsukada, o Acolher incentiva os consultores, pois eles visualizam a possi-bilidade de colocar ideias em prática. “É uma maneira de desenvolver o protagonismo destas pessoas”, enfatiza.

NaturaAcolher um milhão de pessoas

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Integrantes do projeto Favela Point

De mulher para mulher

O Fundo ELAS é o único fundo de inves-timento social no Brasil a investir apenas em projetos que beneficiem e empoderem mu-lheres. Em mais de dez anos de existência, o Fundo já apoiou cerca de 300 projetos em todo o Brasil. As principais linhas de ação do ELAS são:

• Autonomia econômica e fim da pobreza de mulheres e meninas;

• Meio ambiente, desenvolvimento justo e sustentável;

• Mudança climática e seus impactos;• Não à violência contra mulheres;• Cultura, comunicação, arte e esportes;• Direitos sexuais e reprodutivos.

Os recursos utilizados para o apoio a projetos vêm de empresas que decidem fa-zer investimento social e buscam a parce-ria do Fundo para a gestão de seus aportes. “Nós procuramos entender o que a empresa deseja, formatamos os editais e buscamos onde aplicar os recursos”, explica Verônica

Marques, gerente de comunicação do ELAS.Um dado importante é que o Fundo

ELAS não exige que os parceiros dos proje-tos sejam organizações formais, mas sim que seus gestores sejam mulheres e que os pro-jetos beneficiem diretamente uma maioria de mulheres.

Outro dado importante é que o ELAS nunca atua sozinho, sempre busca parceiros locais que possam ajudar a realizar os proje-tos e fazer a gestão dos investimentos. Este é um dos fatores que ajudam a ampliar o cam-po de ação do Fundo para todas as regiões do Brasil.

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Para cada cem brasileiras há 95,9 homens e essa diferença se torna mais evidente nas regiões mais urbanizadas, onde, em estados como o Rio de Janeiro, Pernambuco e Brasí-lia, a diferença sobe para quase dez homens a menos a cada cem mulheres. É, também, um país onde as mulheres têm menos filhos e mais tardiamente, mas ainda amarga diferen-ças de tratamento dado às mulheres, princi-palmente no mundo do trabalho, onde a ren-da média masculina é maior em quase 30%.

Mesmo com as diferenças, há mais mu-lheres empregadas atualmente do que no iní-cio do século 21, segundo levantamento do IBGE. As mulheres avançaram em quase to-das as formas de trabalho entre 2003 e 2011. Em 2003, por exemplo, a proporção de ho-mens com carteira assinada no setor privado era de 62,3%, enquanto a de mulheres era de

37,7%, uma diferença de 24,7 pontos percen-tuais. Em 2011, essas proporções foram de 59,6% e de 40,4%, fazendo com que a diferen-ça diminuísse para 19,1 pontos percentuais. Porém, o maior crescimento de participação feminina aconteceu sem garantias trabalhis-tas, no emprego sem carteira no setor priva-do (36,5% em 2003 para 40,5% em 2011).

Outro dado que reforça a necessidade de apoio às mulheres no mundo do trabalho é o fato de que 63,9% das mulheres em idade de trabalhar estão inativas, contra 36,1% dos homens. Neste caso, são pessoas que não têm trabalho, mas estão dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomam alguma providência efetiva. Entre as mulheres negras e pardas, a taxa de desocupação caiu de 18,2%, em 2003, para 9,1% em 2011. Entre as brancas, o indica-dor teve redução de 13,1%, em 2003, para 6,1%.

A mulher no Brasil do século 21O Brasil se tornou um país feminino: o número de mulheres supera o de homens e apenas na Amazônia as mulheres estão em minoria, mas, mesmo assim, há um quase equilíbrio

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Outro dado relevante para a ação foca-da em mulheres é o fato de que 37,4% dos lares têm uma mulher como pessoa de re-ferência – o equivalente a 24,099 milhões de famílias de um total de 64,358 milhões. E estas mulheres são responsáveis pelo sus-tento de filhos, parentes e agregados. Mesmo ganhando menos, as mulheres têm uma es-colaridade maior que a dos homens. Dados de 2011 mostram que a população que exer-cia alguma atividade formal no país tinha em média 9,2 anos de estudo, no caso dos homens, e 10,7 anos, entre as mulheres. No trabalho informal, a média era 6,1 anos e 7,3 anos, respectivamente.

Violência contra a mulher

A ação de organizações de governo e não governamentais, assim como de empre-sas, tem um papel relevante na proteção das mulheres em relação à violência em todas as suas formas. O Brasil ocupa, segundo a ONU Mulheres, o vergonhoso sétimo lugar no mapa global de homicídios contra a mulher, com 4,5 assassinatos para cada grupo de cem mil mulheres, ficando bem atrás de países como Chile e Peru, respectivamente com 1,0 e 0,4 homicídios para cada cem mil mulheres.

Outro dado preocupante é que o local no qual a mulher está mais exposta à vio-lência é no lar, onde ocorrem cerca de 41% dos incidentes, enquanto, em relação aos homens, menos de 15% são vitimados em casa. E a maior parte das mulheres vítimas de violência no Brasil tem entre 15 e 29 anos.

Segundo a ONU Mulheres, organismo ligado às Nações Unidas e dirigido pela ex--presidente do Chile, Michele Bachelet, as mulheres ainda sofrem discriminação em di-versas partes do mundo, e sua plena e igual participação na arena política e econômica é fundamental para a democracia e a justiça que se deseja em todo o mundo. A igualda-de de direitos e oportunidades são a base de sociedades e economias saudáveis.

Proporção de mulheres para diferentes profissões

1989 2009

Mecânicas 0,2 0,9

Motoristas 0,4 1,2

Policiais 7,0 9,5

Engenheiras 8,6 12,9

Advogadas 29,4 42,3

Médicas 29,6 40,4

Administradoras 30,8 36,0

Enfermeiras 89,0 86,4

Professoras 91,5 83,0

Secretárias 95,0 97,2

Fonte: PNAD 1989 e PNAD2009 (IBGE). Tabulação própria.

Diferenças no salário médio por hora para homens e mulheres (em reais)

Homens Mulheres Diferença é significativa?

Mecânicos 5,36 5,14 Não

Motoristas 6,31 13,37 Sim, favorece mulheres

Policiais 12,93 14,32 Sim, favorece mulheres

Engenheiros 30,67 24,30 Sim, favorece homens

Advogados 31,13 20,97 Sim, favorece homens

Médicos 49,19 38,18 Sim, favorece homens

Administradores 21,73 17,15 Sim, favorece homens

Enfermeiros 12,98 15,27 Não

Professores 13,20 11,23 Sim, favorece homens

Secretários 22,68 11,09 Sim, favorece homens

Fonte: PNAD 1989 e PNAD2009 (IBGE). Tabulação própria.

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Parceiros

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Colaboradores

Apoiadores

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Expediente

Mulher 360 é uma publicação do Movimento Mulher 360 realizada com o apoio do Walmart Brasil. Este relatório foi preparado em dezembro de 2012 pelo Departamento de Sustentabilidade do Walmart Brasil.

Coordenação – Camila Valverde

Secretaria – Gladis Éboli

Edição – Dal Marcondes

Reportagem – Alice Marcondes

Revisão – Nanci Vieira

Diagramação e Arte – Rafael Ruschel

Apoio – Fábio Salama

Produção Gráfica – Rachel Fornis

Produção Editorial – Instituto Envolverde

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Walmart BrasilAssuntos Corporativos

Av. Tucunaré, 125 - Tamboré - CEP 06460-020 - Barueri - SP

Telefone: (11) 2103.5800

www.walmartbrasil.com.br