Upload
carlos-reis
View
457
Download
3
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Alguns aspetos sobre bioterrorismo, guerra química e terrorismo químico
Citation preview
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Sumário
História do terrorismo químico e biológicoBioterrorismoAgentes biológicos utilizados no bioterrorismo
Carbúnculo (antraz); Botulismo; Peste; Varíola; Tularémia; Febres hemorrágicas; Ricina; Botulina.
Terrorismo Químico e Biológico
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Febres hemorrágicas; Ricina; Botulina.Terrorismo químico
Tipos de agentes:NeurotóxicosVesicantes (que causam vesículas)Hematóxicos (Agentes sanguíneos)Sufocantes/ AsfixiantesIncapacitantesAgentes de controlo de distúrbios (Ryot control agents)
1
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
NRBQ (Nuclear, Radiológico, Biológico e Químico) – Sigla utilizada há váriosanos para englobar um conjunto de ameaças que se restringia praticamente aocampo militar � No pós 11 de Setembro 2001 passou rapidamente a ocupar umlugar no vocabulário do cidadão comum.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
O cidadão comum começou a acompanhar com apreensão a evolução dasituação internacional e a crescente preocupação dos governos “ocidentais”com a segurança interna, face à possibilidade da utilização por gruposterroristas, de dispositivos nucleares, agentes biológicos ou químicos.
2
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Homem de Neanderthal coloca fezes de animais nas flechas paraaumentar o poder letal; utiliza o fumo para forçar animais e inimigos a sairde grutas;
• 492 (a.C.): Espartanos incendeiam e atiram enxofre para criar fumostóxicos na guerra de Peloponésia (guerra entre Espartanos e gregos);
• Legionários romanos contaminam águas de poços dos inimigos com
Alguns marcos da História do terrorismo químico e biológico
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Legionários romanos contaminam águas de poços dos inimigos comcarcaças de animais;
• 1346-47: Mongóis catapultam corpos infetados com peste para o interiordas muralhas de Kaffa (Feodósia, Ucrânia);
• 24 Abril 1863: Departamento de guerra E.U.A. proclama: “O uso deveneno, seja ele qual for, para envenenar poços, comida ou armas, estáinteiramente proibido nas guerras atuais”;
3
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• 1899 e 1907: Convenções de Haia – proibição de usar gases tóxicos, eoutros venenos como armas;
• Séc. XX (1ª Guerra Mundial): governo britânico armazena 5 milhões kgde ração de alimento para gado contaminado com antrax para infetar osrebanhos alemães (no caso de estes recorrerem a armas biológicas);
• 22 Abril 1915: alemães atacam franceses com gás cloro em Ypres. É o1º uso significativo de químicos na 1ª Guerra Mundial, provoca cerca de5.000 mortos;
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
5.000 mortos;
• 1916-18: Alemães usam antraz e mormo (Burkholderia mallei) parainfetar gado e comida para exportar para Forças Aliadas (1ª GuerraMundial);
• 17 Junho 1925: “Protocolo de Genebra para a proibição do uso na guerrade gases asfixiantes, venenos ou outros e de métodos bacteriológicos”.Não ratificado pelos E.U.A. e Japão;
• 1930: japoneses utilizam armas químicas contra a China;
4
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• 1936: Itália usa gás mostarda contra Etíopes durante invasão daAbissínia;
• 1940: Japoneses lançam arroz e trigo com insetos infetados com peste,sobre a China e Manchúria (260.000 mortos);
• 2ª Guerra Mundial: Japoneses, infetam pessoas em campos deconcentração com botulismo, encefalite, tifo e varíola (para teste), pelomenos 10.000 pessoas morrem;
• Set. 1950-Fev. 1951: Teste de métodos de dispersão de armas biológicas
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Set. 1950-Fev. 1951: Teste de métodos de dispersão de armas biológicascom recurso a agentes simuladores, sobre San Francisco;
• 25 Novembro 1969: Nixon anuncia o desmantelamento do programaamericano de desenvolvimento de armas biológicas;
• 10 Abril 1972: “Convenção da proibição do desenvolvimento, produção earmazenamento de armas bacteriológicas ou toxinas e sua destruição”;
• 1979: Acidente de Sverdlovsk (ex. URSS), dispersão acidental dequantidade desconhecida de esporos de B. Anthracis;
5
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• 1980’s: Ricina é usada durante guerra-fria pelo KGB e durante a guerraIrão-Iraque;
• 1985: Oregon, 751 pessoas sofrem de gastroenterite por Salmonellatyphimurium devido a atentado do culto religioso Shree Rajneesh;
• Guerra Iraque-Irão (1980-1986): utilização de gás mostarda e gás Sarin;
• Iraque 1988: regime de Saddam Hussein utiliza agentes químicos contraminoria Curda.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• 1995: Seita religiosa de Aum Shinrikyo, solta gás Sarin no metro deTóquio, causando 19 mortos e 6000 receberam cuidados médicos;
• USA, 2001: Atentados com esporos de Bacillus anthracis, enviados pelocorreio, infetam 22 pessoas, provocam 5 mortos;
• Síria 2013: utilização de gás Sarin na guerra civil, pelo regime de BasharAl Assad; estima-se que tenham morrido mais de 1000 civis.
6
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Risco biológico ou Bio-risco (Biohazard)
Risco Biológico
Relacionado comActividade Humana
Ocorrência natural
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Riscos deliberadamenteinduzidos (Bioterrorismo)
Actividade Humana
RiscoBiotecnológico
(Biossegurança)
7
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
I. Bioterrorismo
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Ameaça ou utilização deliberada de microrganismos ou de tóxicosdestinados a causar morte ou doença em pessoas, animais ou plantas,pânico e instabilidade social, com o fim de atingir objetivos políticos,ideológicos e/ou económicos.
8
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
O porquê do bioterrorismo?
• Exerce-se sobre populações civis, sem organização intrínseca dedefesa;
• Tem elevada morbilidade e mortalidade;• Confronta as populações com as suas vulnerabilidades;• Cria ceticismo sobre as políticas governamentais;• De difícil deteção;
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• De difícil deteção;• Elevado potencial de disseminação;• Com possibilidade de infeção/transmissão em cadeia (animais
domésticos � homem; animais domésticos � animais selvagens;homem � homem);
• O período de incubação do agente bem como o período de identificaçãoposterior pode levar dias a semanas.
9
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Infecciosidade e propriedades tóxicas elevadas;
• Muito contagioso;
• Elevada severidade de efeitos;
• Elevada suscetibilidade da população alvo.
Bioterrorismo - caraterísticas do agente ideal
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Tipos de Agentes Biológicos:
- Vírus
- Bactérias
- Toxinas
10
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Toxinas
Toxina botulínica (Clostridium botulinum)
Enterotoxina estafilocócica B (SEB)
Rícina (Ricinus communis*)
*(Ricinus communis, planta e sementes)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Produtos de origem natural• Mais tóxicas por peso do que produtos sintéticos equivalentes• Não voláteis• Podem ser inaladas ou ingeridas, fraca absorção pela pele• Baixa transmissibilidade pessoa/pessoa
11
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
http://emergency.cdc.gov/bioterrorism/
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária 12
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Agentes biológicos em bioterrorismo – Categorias (CDC*)
Categoria A (Primeira Alta Prioridade)
• Elevada taxa de disseminação, transmissível pessoa a pessoa;• Elevadas taxas de mortalidade associadas a infeção;• Causa pânico público;• Exigência de grandes esforços de preparação e resposta.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Categoria B (Segunda Alta Prioridade)• Disseminação moderadamente fácil;• Taxas de morbilidade moderadas e de mortalidade baixas.
Categoria C (Terceira Alta Prioridade)• Inclui agentes biológicos emergentes cujas capacidades de
utilização como arma biológica ainda estão em avaliação.
* CDC – Centre for Diseases Control: http://emergency.cdc.gov/bioterrorism/overview.asp
13
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Exemplos
• Categoria A: Bacillus anthracis, vírus da varíola, Yersinia pestis (peste),Francisella tularensis (tularémia), Filovírus (Ébola, Marburg) e Arenavírus (Lassa,Machupo), febres hemorrágicas virais.
• Categoria B: Brucella spp. (Brucelose), Burkholderia pseudomallei (Melióidose),Chlamydia psittaci (Psitacose), Coxiella burnetii (Febre Q), toxina ricina deRicinus communis, Rickettsia prowazekii (Tifo epidémico), Encefalite viral(Alfavírus como os vírus da encefalite equina da Venezuela).
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
(Alfavírus como os vírus da encefalite equina da Venezuela).
Ameaças alimentares: Salmonella spp., Escherichia coli O157:H7, Shigella spp.,Toxina epsilon do Clostridium perfringens, Enterotoxina B do Staphylococus
aureus.
Ameaças hidricas: Vibrio cholerae, Crysptosporidium parvum.
• Categoria C: Vírus de Nipah, Hantavírus, febre amarela, tuberculosemultirresistente.
14
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Agente Transmissibilidade Letalidade*
Bactérias
Anthrax Não Muito alta
Peste Alta Moderada a alta
Tularémia Vectores Moderada
Febre Q Rara Muito baixa
Vírus
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Varíola Alta ModeradaEncefalite equina
venezuelana (VEE)Baixa Baixa
Toxinas
Botulina Não Alta
Enterotoxina estafilocócica Não Muito baixa
Ricina Não Alta
15
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
- Bacillus anthracis: bactéria aeróbia, Gram+, com formas esporuladas
- Infeções endémicas em animais mas não em humanos
- Persistência:
Antraz (Anthrax, carbúnculo - Bacillus anthracis)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
- Persistência:
- Não transmissível de humano para humano
- Os esporos são muito estáveis e podem resistir no solo e água durante anos
- Resistentes à luz solar
http://www.cdc.gov/anthrax/
16
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Os esporos de antraz são facilmente encontrados na natureza;
• Os esporos podem ser produzidos em laboratório, e podem perdurar por
um longo período de tempo no ambiente;
Antraz é um dos agentes com forte probabilidade de utilização emBioterrorismo porque:
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Os esporos microscópicos podem ser colocado em pós, sprays, comida e
água.
• Os esporos não são visíveis a olho nu, não são detetáveis pelo odor ou
sabor.
• O antraz já foi utilizado como arma bioterrorista em situações anteriores.
17
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Infeção:
Cutânea
Lesão negra irritante, concentrada num ponto negro que se forma 1 ou 2 semanasapós a exposição. A infecção cutânea é a menos mortal de todas; se não fortratada, a infecção causa a morte em 20% dos casos
Gastrointestinal
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Gastrointestinal
Sérias dificuldades gastrointestinais, vómitos sanguíneos e diarreia. Se não fortratada leva à morte em cerca de 25% a 60% dos casos
Inalação
Sintomas semelhantes aos da gripe, seguidos de problemas respiratórios graves,por vezes fatais. Se não for tratada, a infeção por inalação é a mais mortal, comuma taxa de mortalidade de > 90%.
18
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Infeção por inalação – Sinais e sintomas
• 2 - 6 dias de incubação seguido de febre, dores
musculares, tosse e fadiga;
• Raio x do tórax pode mostrar aumento do
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Raio x do tórax pode mostrar aumento do
espaço mediastino com derrames pleurais;
• Evolução inicial positiva mas com alteração
rápida da função respiratória;
• colapso e morte respiratória em 24 a 36 horas;
• >90% mortalidade após primeiros sintomas.
19
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Antraz - Tratamento
• Difícil em pacientes com sintomas de inalação de esporos
• Terapia de suporte- respiração assistida
• Antibióticos
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Antibióticos- Ciprofloxacina e a doxiciclina
• Prevenção por vacina, mas stocks muito limitados
A vacina do carbúnculo, produzida pela Emergent BioSolutions,consegue prevenir a doença em 93% dos casos. Esta vacina é um dos fatores suspeitos de ter causado a Síndrome da Guerra do Golfo.
20
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Identificação de pacotes ou envelopes suspeitos
• Inexistência de remetente;
• Endereços incompletos e erros ortográficos;
• Peso excessivo ou presença de objetos no interior de envelopes;
• Manchas e odores;
• Excesso de fita cola ou cordel, presença de papel de alumínio;
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Excesso de fita cola ou cordel, presença de papel de alumínio;
• Indicações restritivas (confidencial, pessoal, etc.)
2001, USA envelopes com esporos de Bacillus anthracis: 5 mortos
http://en.wikipedia.org/wiki/2001_anthrax_attacks
21
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Pacotes ou envelopes suspeitos
• Não agitar ou esvaziar o conteúdo de pacotes ou envelopes suspeitos;
• Colocar envelope ou pacote num saco de plástico � evitar o derrame; naausência de saco de plástico, cobrir com um pano, papel, ou uma caixa);
• Desligar o ar condicionado e a ventilação, evitar correntes de ar;
• Afastar-se do local e impedir outras pessoas de se aproximarem;
• Lavar as mãos para impedir a contaminação acidental da face.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Lavar as mãos para impedir a contaminação acidental da face.
22
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Peste (Yersinia pestis)
• Yersinia pestis: (Bactéria Gram -, nãomóvel, não esporulada)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Sensível à luz, resistente a temperaturas de congelação
• Muito frequente em roedores (ratazanas, ratos, esquilos)
• Transmissão ao homem pela picada de pulgas após contacto comroedores doentes
http://emergency.cdc.gov/agent/plague/faq.asp
23
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Peste
Os humanos são afetados por dois tipos:
• Bubónica – transmitida por picada de pulga (vetor)infeção dos nódulos linfáticos
- 50% de mortalidade se não tratada.
Evolui para:
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Os surtos de peste bubônica têm origem em determinados focos geográficos ondea bactéria permanece de forma endêmica, como no sopé dos Himalaias e naregião dos Grandes Lagos Africanos
• Pneumónica – infeção pulmonar- 100% mortalidade se não tratada- Transmissão secundária (aerossóis) – exige isolamento
Evolui para:
24
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Peste Pneumónica
Sinais e sintomas
• 2-3 dias de incubação seguidos de febre alta doresmusculares, arrepios, dor de cabeça, tosse com sangue
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Pneumonia e sepsia generalizada com dispneia, cianosee colapso do sistema circulatório
• Manchas pulmonares visíveis em raio-X
Sepsia – infeçãoDispneia – falta de arCianose – coloração arroxeada na pele
25
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Peste Pneumónica
Tratamento
• Deve começar dentro de um período de 24 horas após infeção para ter algum sucesso, caso contrário o tratamento é apenas paliativo
• Isolamento pelo menos 48 horas até culturas negativas
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Antibióticos: Ciprofloxacina, doxiciclina ou tetraciclina
• A Organização Mundial de Saúde relata 1.000 a 3.000 casos de peste em todoo mundo, a cada ano. Uma média de 5 a 15 casos por ano ocorrem nosEstados Unidos.
• Estes casos são geralmente dispersos e ocorrem em áreas rurais.• A maioria dos casos são da forma bubônica.
26
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Tularémia (Francisella tularensis)
• Francisella tularensis: (Gram -)
• Agente infecioso endémico em animais (roedores, coelhos e lebres) e em artrópodes (carraças, moscas, mosquitos)
• Sensível ao calor e desinfetantes, resistente ao frio
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Infeção via ingestão, inoculação ou inalação
• Não transmissível homem/ homem
• 90-100% dos expostos são infetados- 5-10% de mortes se não tratados- incapacitação por 8-12 semanas
http://emergency.cdc.gov/agent/tularemia/
27
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Tularemia
Sinais e Sintomas
• 2-10 dias de incubação, seguidos de febre, dores de cabeça, diarreia,dores musculares e nas articulações, arrepios, tosse seca, fraquezaprogressiva.
• Outros sintomas podem incluir úlceras na pele ou na boca, glândulas
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Outros sintomas podem incluir úlceras na pele ou na boca, glândulaslinfáticas inchadas e dolorosas, olhos inchados e doloridos, dor degarganta e dificuldade respiratória.
• Pneumonia com manchas visíveis em raio-X
• De difícil diagnóstico pois tem condições de cultivo muito problemáticas
• Pode ser estabelecido retrospetivamente por estudos serológicos
28
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Tratamento
Formas de infeção
• Picadas de insetos e mordeduras de animais;• Manipulação de carcaças de animais infetados;• Ingestão de alimentos ou beber água contaminados;• Inalação de aerossóis contendo F. tularensis.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Tratamento
• Antibióticos:
Estreptomicina ou gentamicina
• Vacina disponível
• Recuperação confere imunidade permanente
29
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Coxiella burnetti (ricktesia)
• Agente infecioso endémico em gado doméstico (vacas, ovelhas, cabras).
• Microrganismo excretado no leite, urinas e fezes. Contido na placenta dos
recém nascidos.
• Resistente a desinfetantes, ao calor e desidratação � elevada
Febre Q (Coxiella burnetti )
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
http://emergency.cdc.gov/agent/qfever/
• Resistente a desinfetantes, ao calor e desidratação � elevada
persistência no ambiente
• Infeção via ingestão ou inalação
• Altamente infecioso (basta inalação de 1 microrganismo)
• 50% dos expostos são infetados
30
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Febre Q
Sinais e sintomas
• 10-20 dias de incubação
• Sintomas podem confundir-se com infeções virais ououtras pneumonias atípicas e gripes
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Pode ser confirmada por estudos serológicos
• Afeções pulmonares, acompanhadas de tosse eexpetoração ligeira e dores no tórax
• Geralmente sem evolução para estados críticos- Rara mortalidade (até 4%)- Duração de 2-14 dias
31
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Febre Q
Tratamento
•Terapia de suporteTratamento na fase aguda, apoio respiratório
• Muitos dos casos não necessitam tratamento, os antibióticos podem ajudar (p. ex. Doxiciclina)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
ajudar (p. ex. Doxiciclina)
• Vacina disponível
32
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Varíola
• Vírus da Varíola (Orthopoxvirus)
• Declarada a erradicação em 1980
• Altamente contagiosa
• Duas Formas:
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Duas Formas:
- Major (mais frequente e grave) � 30 % mortalidade em não
vacinados; 3% em vacinados
- Minor � mortalidade < 1 %
• Apenas os EUA e Rússia possuem stocks de estirpes
• Risco infecioso até cura completa das escaras
• O homem é o único hospedeiro para este vírus
33
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Varíola
Sinais e sintomas
• 7 – 12 dias de incubação, seguidos de dores musculares,febre, calafrios, vómitos e cefaleias
• Feridas e pústulas aparecem na cara e extremidades com
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Feridas e pústulas aparecem na cara e extremidades comprogressivo alastramento para o tronco
34
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Varíola
Tratamento
• Todos os contactos exigem quarentena com isolamentorespiratório durante mínimo de 17 dias
•Tratamento de suporteRespiração ventilada
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Respiração ventilada
• Disponibilidade de vacinas limitadaEUA pararam o seu programa de vacinação em 1981Não há produção atual
• Não há medicação antiviral disponível
http://emergency.cdc.gov/agent/smallpox/
35
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Vírus Ebola, Marburg, Lassa e Machupo
Sinais e sintomas
• 5 – 7 dias de incubação;• Sintomas iniciais não específicos, súbitos, com febre alta, calafrios,
Febres hemorrágicas virais - VHF
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Sintomas iniciais não específicos, súbitos, com febre alta, calafrios, cefaleias, náuseas, fadiga profunda;
• Evolução com hemorragias internas e externas até morte por choque hemorrágico.
• Transmissível homem/ homem
http://www.cdc.gov/ncidod/dvrd/spb/mnpages/dispages/vhf.htm
36
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Mantém-se ativa pouco tempo após libertação
• DL50* = 10 a 20 µg /kg
• Difícil de produzir e converter em armas
Botulina – toxina botulínica (Toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Difícil de produzir e converter em armas
• Bloqueia a libertação de acetilcolina na sinapse neuromuscular e, comoresultado, o músculo não recebe a mensagem para contrair.
• Sintomas: fraqueza, tonturas, boca seca, visão enevoada, náuseas,vómito, dificuldade em falar e engolir, pálpebras caídas, paralisiaprogressiva e eventual asfixia
37
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Tipos de botulismo
Botulismo alimentar
Botulismo de ferida
Botulismo de lactentes
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Risco em bioterrorimo
Contaminação de alimentos
Difusão da toxina em aerossóis
38
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Tratamento
• Terapias de suporte avançadasVentilação mecânica prolongadaPode exigir traqueotomia e intubação
Botulina – toxina botulínica
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Pode exigir traqueotomia e intubação• Recuperação muito lenta• Antitoxina
Disponível e eficaz se administrada cedoNão reverte situações de paralisia
• Vacina disponível para os tipos A e B
39
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Extraída de sementes de Ricinus communis
• DL50 = 1-20 mg/kg, por ingestão; 3g de semente matam uma criança
• Tóxico quando ingerido, inalado ou injetado � bloqueia ação dos ribossomas e a síntese de proteínas
• Não se conhece antídoto
Rícina
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Não se conhece antídoto
http://emergency.cdc.gov/agent/ricin/
40
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Rícinohttp://emergency.cdc.gov/agent/ricin/index.asp
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária 41
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária 42
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Valores DL50
RicinaPlanta Ricinus communisDL50 por ingestão em humanos: de 1 a 20 mg /kg (aproximadamente 8 sementes) DL50 por Injeção: estudos em ratinhos indicam que o LD50 é de 5 a 10 µg/kg.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
µg/kg.
AflotoxinasFungos: Aspergillus flavus, A. Parasiticus, Aspergillus nigerDL50: 0,5 - 10 mg / kg de peso do animal
Botulina (toxina botulínica)Clostridium botulinumDL50 por injeção: 1ηg/kg em humanos
43
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
1. Identificar o(s) agente(s) em causa;
2. Identificar o modo de disseminação do(s) agente(s) e eliminar o(s) foco(s) de infeção;
3. Detetar, isolar (se indicado) e tratar os doentes;
A resposta possível baseia-se essencialmente em medidas de Saúde Pública
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
3. Detetar, isolar (se indicado) e tratar os doentes;
4. Identificar, isolar (se indicado) e iniciar medidas de profilaxia pós-exposição (se existente) nos infetados;
5. Promover a vacinação (se existente) em massa ou, pelo menos, dos grupos de risco, como sejam os elementos dos serviços de saúde
44
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Os objetivos do Plano de Contingência Português para a Saúde
• A deteção rápida de potenciais agentes biológicos e/ou casos de doença resultantes da sua libertação deliberada;
• A instituição de medidas de tratamento e profilaxia adequados;
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• A contenção da disseminação de agentes biológicos e/ou casos de doença.
45
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Fases do plano de contingência
Fase 0. Consciência do risco, sem ameaça potencial (Período inter-crise).
Fase 1. Alerta em função de ameaça potencial / plausível de acções de bioterrorismo.
Fase 2. Alerta em função de aparecimento de situações confirmada(s) de
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Fase 2. Alerta em função de aparecimento de situações confirmada(s) de bioterrorismo noutro(s) país(es).
Fase 3. Estado de alerta nacional por ocorrência, em Portugal, de situações suspeitas/ confirmada(s) de bioterrorismo.
Fase 4. Período pós-crise de retorno à fase 0.
46
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
O que pode fazer o cidadão comum?
Principal Objetivo - Procurar ajuda médica e minimizar a exposição aosagentes Biológicos
Os ataques biológicos podem envolver agentes contagiosos ou não-contagiosos.
Alguns agentes (ex..Antraz), podem sobreviver por um longo período de tempo ecausar riscos de exposição se ficarem suspensos no ar.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
causar riscos de exposição se ficarem suspensos no ar.
Ao contrário de outros cenários (radiológico, nuclear e químico), pode demorarvários dias a reconhecer um ataque biológico e a identificar o agente específico.
A identificação só é feita geralmente após o período de incubação da doença, oque nalguns casos pode demorar duas ou mais semanas
As autoridades terão o papel principal na identificação do ataque e na posterior orientação dos cidadãos sobre o que fazer
47
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
O que pode fazer o cidadão comum?
Os cidadãos deverão agir por conta própria, procurando auxílio médico eminimizando exposições prolongadas ao agente.
A forma como se deverá agir depende do agente ser contagioso (varíola, porexemplo) ou não contagioso (Antraz, por exemplo).
Para doenças contagiosas � esperar e seguir na íntegra as orientações dos
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Para doenças contagiosas � esperar e seguir na íntegra as orientações dosserviços públicos de saúde, não só sobre os sintomas mas também sobre apossível necessidade de avaliação ou vigilância médicas ou mesmo quarentena.
48
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Terrorismo químico
1. Neurotóxicos
2. Vesicantes (que causam vesículas) Letais
Tipos de agentes
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
2. Vesicantes (que causam vesículas)
3. Hemotóxicos (Agentes sanguíneos)
4. Sufocantes/ Asfixiantes
5. Incapacitantes
6. Agentes de controlo de distúrbios (Ryot control)
Letais(altamente tóxicos, com capacidade deprovocar a morte, mesmo em baixasconcentrações)
Não letais(toxicidade relativa, geralmente não provocam a morte)
49
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Terrorismo químico – tipos de agentes
1. Neurotóxicos
2. Vesicantes (que causam vesículas)
Tabun (GA)Sarin (GB)Soman (GP)GXVX
Gás mostarda (H, HD, HN…)Lewisite (L)Oxima de fosgénio (CX)Outros
Cianeto (AC)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
3. Hemotóxicos (Agentes sanguíneos)
4. Sufocantes/ Asfixiantes
5. Incapacitantes
6. Agentes de controlo de distúrbios (Ryot control)
Cianeto (AC)Cloreto de Cianogénio (CK)Arsénio (AS)
Fosgénio (CG)Difosgénio (DP)Cloro
BZAgente 15
Gás lacrimogénio (CS)Mace (CN)
50
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
“Organophosphate (OP) nerve agents and mustards have
been most frequently used and are most likely to be used in
the future by terrorists and dictators throughout the world,
because of their easy access and delivery systems.”
“At present, more than 25 countries and possibly many
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
“At present, more than 25 countries and possibly manyterrorist groups possess CWAs, while many other countries
and terrorist groups are seeking to obtain them, due to their
easy access”.
Gupta (2009)
CWAs - chemical warfare agents
51
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Todas as vítimas sofrerão o mesmo tipo de efeito nocivo. Somente a magnitudedo prejuízo será diferente;
• A toxicidade geralmente é extremamente elevada e pode produzir intoxicaçõesgraves em doses muito pequenas:
• Somente pessoal devidamente protegido por equipamento adequado ao perigopoderá ingressar na área contaminada;
Características do terrorismo químico
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
poderá ingressar na área contaminada;
• Os locais de ataque podem variar desde os relativamente confinados a um lugarespecífico (pavilhão, estação de metro…) até aqueles que se expandem a pontode colocar em perigo à comunidade toda;
• Risco de contaminação secundária. As vítimas expostas podem ser risco para opessoal de resgate.
• Normalmente a persistência do químico não é elevada, desaparecendo comadequado arejamento.
52
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Comportam-se toxicologicamente como compostos organofosforados, sãoinibidores da enzima acetilcolinesterase � resulta excesso de acetilcolina nassinapses � excesso de estimulação muscular.
São classificados em:
i) “Agentes G”: Tabun (GA)*; Sarin (GB); Soman (GD); ciclosarin (GF).
ii) “Agentes V”: VX.
1. Agentes neurotóxicos (GA, GB, GP, GF, VX)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Podem ser lançados desde mísseis, foguetes, bombas, projeteis, minas, muniçõese outros dispositivos que podem ser usados em espaços confinados (teatros,centros comerciais, estações subterrâneas, etc.).
ii) “Agentes V”: VX.
São os agentes de guerra mais tóxicos entre todos os conhecidos. São líquidosdispersos na forma de aerossol e podem causar a morte poucos minutos depois daexposição.
* Entre parenteses - designação NATO; G – “German”, desenvolvidos pelos alemães durante a II GM
53
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
São agentes químicos altamente tóxicos
- Pelo Iraque durante a Guerra contra o Irão (1980-1986) e contra os Curdos (1988);juntamente com agentes neurotóxicos (Sarin e Tabun) terão sido usados gasesvesicantes (gás mostarda);
- Na guerra civil na Síria (2013) (gás Sarin).
Os agentes neurotóxicos foram utilizados provavelmente:
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Os efeitos são dose dependentes. Uma dose baixa de Agentes Nervosos afetarásomente um grupo de músculos e causará efeitos locais leves; uma dose altaproduzirá paralisia dos músculos respiratórios.
54
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Agentes neurotóxicos (GA, GB, GD, GF, VX)
Esquema de uma sinapseAgente neurotóxico (vermelho)Enzima acetilcolinesterase (amarelo) Neurotransmissor acetilcolina (azul)
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Agente nervoso � bloqueio da acetilcolinesterase � a acetilcolina não édegradada � acumulação da acetilcolina nas sinapses � contraçãodescoordenada das fibras musculares � esgotamento e rápida fatiga muscular �falha respiratória e morte.
Modo de ação
55
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
• Exposição a doses baixas:– Raciocínio lento, diminui a capacidade de decisão– Perturbações do sono– Dificuldade de concentração– Alterações humor
• Exposição a doses elevadas:– Sincope (perda de consciência)
Agentes neurotóxicos (GA, GB, GD, GF, VX)
Tóquio 1995
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
– Sincope (perda de consciência)– Convulsões– Apneia (incapacidade respiratória) e morte
• Tratamento:- Atropina, oximas e benzodiazepinas
http://emergency.cdc.gov/agent/sarin/http://emergency.cdc.gov/agent/tabun/http://emergency.cdc.gov/agent/vx/
56
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Agentes neurotóxicos (GA, GB, GD, GF, VX)
Physical properties of nerve agents
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária 57
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
2. Agentes vesicantes ou dermotóxicos
Agentes vesicantes:
Devido à sua toxicidade e relativa facilidade de utilização, constituem os maisperigosos dos agentes químicos, juntamente com os neurotóxicos
Os agentes vesicantes caraterizam-se pela sua ação a nível da pele e mucosas.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Gás de mostarda (HD);
• Lewisite (L);
• Fosgénio-oxima (CX)
Tipos de gás de mostarda: o Mostarda sulfurada (H), o Mostarda sulfurada destilada (HD)o Mostardas azotadas (HN1, HN2 e HN3)..
HD- Agente mais utilizado e com maior distribuição pelos arsenais químicos mundiais
http://emergency.cdc.gov/agent/sulfurmustard/
58
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Mostarda sulfurada destilada (HD)..
Utilizada durante:
• 1ª Grande Guerra Mundial (1915-1919), onde terá causado cerca de um milhão de vítimas,
• Guerra Irão-Iraque (1982 a 1988), onde terá causado cerca de 45.000 vítimas,
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Indícios de que a HD terá sido utilizada em muitas outras situações.
As suas propriedades e a experiência na sua utilização, convertem a HD num dos agentes químicos mais disseminados.
A HD afeta principalmente - A pele, - Os olhos - As vias aéreas (as lesões pulmonares são a principal causa de morte)
59
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Mostarda sulfurada destilada (HD)..
HD Forma líquida:Provoca eritema semelhante a uma queimadura solar. Nestas zonas, algum tempodepois, surgem pequenas vesículas que coalescem para formar bolhasamareladas, contendo um líquido claro.
Foram gasosa:Provoca lesões pulmonares - são a principal causa de morte.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Provoca lesões pulmonares - são a principal causa de morte.� necrose da mucosa respiratória, surgindo nas vias aéreas superiores e podendo estender-se até aos alvéolos pulmonares,
60
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Lewisite (L)
Partilha várias das propriedades da HD, mas não existe confirmação de algumavez ter sido utilizada.
Integra vários arsenais químicos e, alguns países, dispõem também de umamistura de Lewisite com HD.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
http://emergency.cdc.gov/agent/lewisite/basics/facts.asp
61
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
3. Agentes hematóxicos
Dentro desta classe de agentes, destacam-se os seguintes:
• Cianeto de Hidrogénio (AC);
• Cloreto de Cianogénio (CK).
Agente hematóxico � inibição da utilização de oxigénio a nível celular (inibição
Modo de ação
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Agente hematóxico � inibição da utilização de oxigénio a nível celular (inibiçãoda citocromo-oxidase e da respiração aeróbica).
Quadro clínico• Altas concentrações de gás (inalação) � perda de consciência, apneia, paragem cardíaca
e morte em cerca de 5 minutos.
• Concentrações menores ou através de outras vias (digestiva ou percutânea) �
Hiperpneia, cefaleias, dispneia e alterações do comportamento (excitação SNC), seguidasde diaforese, flushing, fraqueza muscular e vertigens � coma e pupilas ficam midriáticas
62
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária 63
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Agentes hematóxicos � bloqueiam o complexo enzimático IV (citocromo c oxidase) localizado na membrana interna da mitocôndria � não há produção aeróbia de ATP.
Complexo citocromo c oxidase
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
Complexo citocromo c oxidase
Membrana interna da mitocôndria
64
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
4. Agentes sufocantes/ asfixiantes
Dentro desta classe de agentes, destacam-se os seguintes:
• Cloro;
• Fosgénio (CG);
• Difosgénio (DP).
Alguns agentes desta classe podem ser encontradosentre os produtos utilizados por muitas indústrias,tornando-os potenciais riscos tecnológicos.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Ação direta a nível pulmonar, particularmente sobre a mucosa das vias aéreas edos alvéolos.
• Provocam edema pulmonar com insuficiência respiratória.
• Tratamento consiste em medidas de suporte, com particular importância para ocontrolo da via aérea, oxigenoterapia e ventilação mecânica.
http://emergency.cdc.gov/agent/chlorine/basics/facts.asp
65
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Fritz Haber (9 Dez. 1868 – 29 Jan. 1934)
• Brilhante e controverso químico alemão de origem judaica.
• Prêmio Nobel da Química em 1918 pelo trabalho científicoque permitiu criar método para a síntese de amoníaco; �
importante para produção de fertilizantes e explosivos(processo Haber-Bosch).
• Desempenhou papel importante no desenvolvimento dearmas químicas na Primeira Guerra Mundial I (1914-1918).
Fritz Haber
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
http://en.wikipedia.org/wiki/Fritz_Haber
armas químicas na Primeira Guerra Mundial I (1914-1918).
• Desenvolveu máscaras de gás com filtros adsorventes.
• Liderou as equipes de desenvolvimento de gás de cloro eoutros gases letais utilizados pelos alemães na I guerramundial.
• A sua primeira mulher Clara suicidou-se (02 Maio 1915) apóso sucesso da utilização de gás cloro na batalha de Ypres,Bélgica (22 Abril 1915).
Clara Immerwahr
66
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Dentro desta classe de agentes, destacam-se:• BZ• Outros anticolinérgicos.
5. Agentes incapacitantes
Este tipo de agentes carateriza-se pela sua ação de tipo anticolinérgico (bloqueio dos recetores muscarínicos no SNC).
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• Estes agentes provocam alterações de comportamento (delírio, incapacidade de cumprir ordens e alterações do raciocínio), geralmente transitórias.
• O tratamento consiste na administração de fisiostigmina.
• A sua utilização como arma química apenas parece justificar-se no campo militar, não constituindo uma verdadeira ameaça terrorista.
http://www.bt.cdc.gov/agent/bz/
67
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Dentro desta classe de agentes, destacam-se osseguintes:
• Clorobenzilideno malononitrilo (gás CS);• Cloroacetofenona (gás CN);• Adamsite (DM).
6. Agentes de controlo de distúrbios*
Têm ação irritativa a nível das mucosas e da pele.
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
• O CS e o CN têm efeitos semelhantes, embora o CN seja mais tóxico e mais difícil de manusear.
• Ambos são conhecidos como gás lacrimogénio, embora atualmente quase só seja utilizado o CS.
• A Adamsite é conhecida como o gás do vómito, devido aos efeitos gastrointestinais que apresenta.
* Riot contrrol agents - http://emergency.cdc.gov/agent/riotcontrol/http://www.bt.cdc.gov/agent/adamsite/
68
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Bibliografia
• Braga, G. (200?) Bioterrorismo: Proposta de um plano de contingência hospitalar a implementar face a uma ameaça. Dissertação e candidatura ao grau de Mestre em Medicina da Catástrofe. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/50109/2/TESE%20Bioterrorismo.pdf
• CDC, Bioterrorism. Centre for Disease Control and Prevention. http://emergency.cdc.gov/bioterrorism/
• Gupta, R. C. (2009) Handbook of Toxicology of Chemical Warfare Agents. Academic Press, Elsevier.http://downloads.zwincollege.nl/documenten/Tweede%20Fase/Vakken/PWS%20Toxicologie/Handbook%20of%20Toxicol
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
http://downloads.zwincollege.nl/documenten/Tweede%20Fase/Vakken/PWS%20Toxicologie/Handbook%20of%20Toxicology%20of%20Chemical%20Warfare%20Agents%20-%20R.%20Gupta%20(Elsevier,%202009)%20WW.pdf
• Oliveira, M. S., Meira, L., Valente, M., Catarino, R. Cunha, S., Brito, B. e Borges, B. (2012). Situação de exceção. Manual TAS. INEMhttp://www.inem.pt/files/2/documentos/20140108172551542879.pdf
Videos• Chemical Warfare of World War 1
http://www.youtube.com/watch?v=ksApa5OW1b8• Chemical warfare “WWI and beyond”
http://www.youtube.com/watch?v=xFWFkZBSCCs• History of Bioterrorism
http://www.youtube.com/watch?v=Faftnz8cg7E
69
Carlos Gaspar Reis Segurança de Produtos Nucleares, Radiológicos e Químicos
Questões de revisão
1. Indique uma definição para toxinas.
2. Explique o modo de ação, ao nível celular, das toxinas ricina e botulina.
3. Os agentes biológicos passíveis de utilização em bioterrorismo são classificados emquantos grupos? Indique as caraterísticas gerais dos referidos grupos.
4. Caraterize e distinga os agentes biológicos Bacillus anthrax e Yersinia pestis.
5. Quantos e quais os grupos considerados para classificar os agentes químicos quepodem ser utilizados na guerra química e no terrorismo químico?
6. Sob o ponto de vista celular qual o modo de ação dos agentes neurotóxicos? Indique
Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior Agrária
6. Sob o ponto de vista celular qual o modo de ação dos agentes neurotóxicos? Indiqueum exemplo de um agente neurotóxico.
7. Numa perspetiva de terrorismo químico, em que grupo colocaria o gás mostarda? Distinga o modo de ação do gás mostarda comparativamente ao gás cloro.
8. Numa perspetiva de terrorismo químico, em que grupo colocaria o cianeto de hidrogénio? Qual o seu modo de ação ao nível celular?
9. Numa perpspetiva de terrorismo e guerra química, em que grupo colocaria o gás cloro, qual o seu modo de ação?
10. Atendendo à tabela do diapositivo 57, qual dos agentes químicos consideraria maistóxico? Justifique.
70