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A exigente NR 31 A maioria das pessoas gosta de trabalhar em ambiente seguro, principalmente quando suas tarefas oferecem algum tipo de periculosidade. Para garantir o mínimo de segurança, existem no Brasil as Normas Regulamentadoras, ou NRs, relativas à segurança e medicina do trabalho. Essas normas são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Desde 12 de abril de 1988, quando foi editada a Portaria n.º 3.067 do Ministério do Trabalho (MTb), aplicava-se ao trabalho rural apenas a NRR (Norma Regulamentadora Rural) n.º 3, que cuidava da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR). Mas, em 3 de março deste ano, foi editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) a Portaria n.º 86, que aprovou a NR 31. Ela é específica para o trabalho rural e trata de todos os temas ligados à saúde, higiene e segurança no trabalho rural. Quanto à nova NR 31, os empregadores devem ficar atentos aos prazos fixados para implantação das novas medidas. “Para isto, devem consultar um profissional que esteja atualizado quanto às novas exigências, a fim de evitar penalidades e ações judiciais”, observa o advogado trabalhista Fábio Pereira da Silva, da banca Pereira Advogados. A NR 31 se aplica às atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura. Antes da NR 31, diferentemente do que muitos pensavam, não se aplicava ao trabalho rural a NR 5, que é relativa à CIPA para o setor urbano. “Para o setor rural, aplica- se a NRR 3, com características próprias de composição e mandato, por exemplo. Já a NR 31 corresponde à NR 4 do setor urbano, que cuida das formas de proteção ambiental com adaptação para as atividades rurais”, salienta o advogado e professor de Direito do Trabalho, Paulo Sérgio João. “Em relação à antiga NRR 3, pode-se afirmar que houve evolução em alguns aspectos na NR 31, como a eliminação de burocracia no registro de constituição da CIPTAR nas Delegacias do Trabalho, melhor organização do sistema eleitoral e exigência de treinamento específico para os membros eleitos”, analisa Silva. Silva também diz que, em relação ao que já vinha sendo praticado no que tange à saúde e segurança no trabalho rural, não há muitas dificuldades na implantação da NR 31. “Alguns aspectos vão depender do dia-a-dia de cada empregador. Acredito que, se estiverem bem assessorados, não haverá nenhuma grande dificuldade”, infere. Segundo o advogado João Felipe Dinamarco, a NR 31 tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com segurança, saúde e adequação ao meio ambiente de trabalho. “Também se aplica às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários”, avisa Dinamarco. De acordo com a NR 31, cabem ao empregador rural várias obrigações e deveres. Obrigações do trabalhador A NR 31 também impõe obrigações aos trabalhadores rurais, como o cumprimento das determinações sobre as formas seguras de desenvolver suas atividades, adoção de medidas de proteção determinadas pelo empregador (sob pena de constituir ato faltoso a recusa injustificada), submeter-se aos exames médicos previstos na NR e colaborar com a empresa na aplicação da mesma, como observa Dinamarco. “Os empregadores rurais ou equiparados devem, ainda, implementar ações de segurança e saúde que visem a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na unidade de produção rural, atendendo a seguinte ordem de prioridades definida na própria norma: a eliminação de riscos através da substituição ou adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos; adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na fonte; e adoção de medidas de proteção pessoal”, informa Dinamarco.

A exigente nr 31

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Page 1: A exigente nr 31

A exigente NR 31 A maioria das pessoas gosta de trabalhar em ambiente seguro, principalmente quando suas tarefas oferecem algum tipo de periculosidade. Para garantir o mínimo de segurança, existem no Brasil as Normas Regulamentadoras, ou NRs, relativas à segurança e medicina do trabalho. Essas normas são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Desde 12 de abril de 1988, quando foi editada a Portaria n.º 3.067 do Ministério do Trabalho (MTb), aplicava-se ao trabalho rural apenas a NRR (Norma Regulamentadora Rural) n.º 3, que cuidava da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR). Mas, em 3 de março deste ano, foi editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) a Portaria n.º 86, que aprovou a NR 31. Ela é específica para o trabalho rural e trata de todos os temas ligados à saúde, higiene e segurança no trabalho rural.

Quanto à nova NR 31, os empregadores devem ficar atentos aos prazos fixados para implantação das novas medidas. “Para isto, devem consultar um profissional que esteja atualizado quanto às novas exigências, a fim de evitar penalidades e ações judiciais”, observa o advogado trabalhista Fábio Pereira da Silva, da banca Pereira Advogados. A NR 31 se aplica às atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura. Antes da NR 31, diferentemente do que muitos pensavam, não se aplicava ao trabalho rural a NR 5, que é relativa à CIPA para o setor urbano. “Para o setor rural, aplica- se a NRR 3, com características próprias de composição e mandato, por exemplo. Já a NR 31 corresponde à NR 4 do setor urbano, que cuida das formas de proteção ambiental com adaptação para as atividades rurais”, salienta o advogado e professor de Direito do Trabalho, Paulo Sérgio João.

“Em relação à antiga NRR 3, pode-se afirmar que houve evolução em alguns aspectos na NR 31, como a eliminação de burocracia no registro de constituição da CIPTAR nas Delegacias do Trabalho, melhor organização do sistema eleitoral e exigência de treinamento específico para os membros eleitos”, analisa Silva. Silva também diz que, em relação ao que já vinha sendo praticado no que tange à saúde e segurança no trabalho rural, não há muitas dificuldades na implantação da NR 31. “Alguns aspectos vão depender do dia-a-dia de cada empregador. Acredito que, se estiverem bem assessorados, não haverá nenhuma grande dificuldade”, infere. Segundo o advogado João Felipe Dinamarco, a NR 31 tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com segurança, saúde e adequação ao meio ambiente de trabalho. “Também se aplica às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários”, avisa Dinamarco. De acordo com a NR 31, cabem ao empregador rural várias obrigações e deveres.

Obrigações do trabalhador

A NR 31 também impõe obrigações aos trabalhadores rurais, como o cumprimento das determinações sobre as formas seguras de desenvolver suas atividades, adoção de medidas de proteção determinadas pelo empregador (sob pena de constituir ato faltoso a recusa injustificada), submeter-se aos exames médicos previstos na NR e colaborar com a empresa na aplicação da mesma, como observa Dinamarco. “Os empregadores rurais ou equiparados devem, ainda, implementar ações de segurança e saúde que visem a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na unidade de produção rural, atendendo a seguinte ordem de prioridades definida na própria norma: a eliminação de riscos através da substituição ou adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos; adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na fonte; e adoção de medidas de proteção pessoal”, informa Dinamarco.

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As ações de segurança devem ser voltadas para a melhoria das condições e do meio ambiente do trabalho e promoção da integridade física dos trabalhadores rurais, contemplando também campanhas educativas de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Já as ações de melhoria das condições e do meio ambiente de trabalho devem abranger: os aspectos relacionados a riscos químicos, físicos, mecânicos e biológicos; investigação e análise dos acidentes e das situações de trabalho que os geraram; e organização do trabalho. “Esta NR determina que todos os empregadores que possuam mais de cinqüenta empregados rurais deverão constituir Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR). Este serviço é composto por profissionais especializados e se destina ao desenvolvimento de ações técnicas, integradas às práticas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho, para tornar o ambiente de trabalho compatível com a promoção da segurança e saúde e a preservação da integridade física do trabalhador.

Este serviço é formado por Engenheiros de Segurança do Trabalho, Médicos do Trabalho, Enfermeiros do Trabalho, Técnicos em Segurança do Trabalho e Auxiliares de Enfermagem do Trabalho”, alerta Dinamarco. Neste caso, o empregador rural pode dispor de SESTR próprio, coletivo ou externo, contratado junto à empresa especializada cadastrada no MTE. Outro ponto importante é que o empregador rural que possuir vinte ou mais empregados contratados por prazo indeterminado deverá criar uma Comissão de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPART) em seu estabelecimento, cujas principais atribuições são acompanhar a implementação das medidas de prevenção necessárias, bem como a avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho, identificar as situações de riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores nas instalações ou áreas de atividades do estabelecimento rural, comunicando-as ao empregador para as devidas providências, e divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho.

NRR Outras normas importantes que dizem respeito aos trabalhadores rurais são as Normas Regulamentadoras Rurais (NRRs). Elas são de observância obrigatória por todos os envolvidos nas relações do trabalho. “Há cinco NRR. A primeira traz as disposições gerais aplicáveis a todas as Normas. A segunda aborda o Serviço Especializado em Prevenção e Acidentes do Trabalho Rural. A Terceira trata da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural. A quarta traz as disposições aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual. Finalmente a quinta aborda o manuseio de produtos químicos nos locais de trabalho”, explica o advogado João Felipe Dinamarco. Ao trabalhador rural cabe cumprir as NRRs, bem como as ordens de serviço que foram estabelecidas para o desempenho de suas funções e usar obrigatoriamente os EPIs.

A norma determina que constitui falta grave a recusa injustificada do empregado ao cumprimento das disposições das NRRs. “A maioria dos empregadores rurais está cumprindo o cronograma de cumprimento das obrigações da NR 31 e demais normas trabalhistas. Um grande problema que os empregadores rurais enfrentam, contudo, são os próprios trabalhadores rurais, que se opõem às determinações que implicam em menor rentabilidade para eles, como, por exemplo, um intervalo no meio da jornada de trabalho. Cabe ao Ministério Público do Trabalho e aos sindicatos da categoria conscientizá-los da importância de cumprirem suas obrigações no tocante à preservação de sua saúde”, enfatiza Dinamarco.

Penalidades Segundo o advogado Paulo Sérgio João, as normas que tratam de segurança e medicina do trabalho são de ordem pública e o seu descumprimento pode comprometer a atividade do empregador rural e, segundo o caso, até com ações de natureza penal.De acordo com o advogado, como se trata de norma recém publicada, a fiscalização trabalhista deverá adotar o critério de dupla visita, ou seja, na primeira notifica para o cumprimento do que considerar necessário, concedendo prazo e, depois, na segunda visita, em caso de descumprimento, poderá autuar a empresa rural. “Toda vez que as normas de segurança não forem cumpridas, a relação direta de responsabilidade do empregador é mais acentuada, razão pela qual os empregadores devem se prevenir de ações cumprindo e fazendo cumprir as normas de segurança no trabalho. O cumprimento delas não impede que eventuais acidentes ocorram, mas poderá inibi-los”, comenta Paulo Sérgio.

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“As penalidades administrativas para o não cumprimento das normas estabelecidas pela NR 31 são aquelas estabelecidas na NR 28, que vão desde a possibilidade do embargo ou interdição do estabelecimento até multas monetárias fixadas em UFI R , que variam de 378 a 6.304 unidades.”

“As penalidades administrativas para o não cumprimento das normas estabelecidas pela NR 31 são aquelas estabelecidas na NR 28, que vão desde a possibilidade do embargo ou interdição do estabelecimento até multas monetárias fixadas em UFIR, que variam de 378 a 6.304 unidades. Para o setor sucroalcooleiro, respeitados os prazos de implantação da nova NR, todas as normas citadas são obrigatórias, já que os empregadores contratam tanto trabalhadores urbanos quanto rurais”, finaliza o advogado Fábio Pereira da Silva. Fábio Pereira da Silva, advogado da Pereira Advogados.

Usinas se adequam

E as usinas estão buscando se adequar rapidamente às várias exigências presentes na NR 31. A Usina Caeté S/A, Matriz, localizada em Maceió/AL, sempre se preocupou com a saúde e segurança dos seus colaboradores rurais, segundo Ernande Rodrigues da Silva, coordenador de Segurança do Trabalho da usina. “Sempre procuramos atender às exigências das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho. Quanto à NR 31, pouca coisa falta para nos enquadrarmos completamente. A empresa capacita e equipa todos os seus colaboradores antes do exercício da atividade. Todos os trabalhadores rurais, ao serem admitidos, realizam os exames admissionais, recebendo treinamento pelas áreas de Gestão de Pessoas e Agrícola, com a participação de engenheiros e técnicos. Recebem EPIs e EPCs indispensáveis para a atividade laboral. É realizada a ginástica laboral e distribuído um lanche, composto por pão e leite de soja, rapadura e água gelada”, explica.

Rodrigues afirma que a frota de ônibus para o transporte dos colaboradores está adequada para que todos sejam transportados sentados, sendo mensalmente vistoriada. A Caeté S/A Matriz dispõe de banheiro móvel, mais conhecido como pipi-móvel, um ponto controverso para muitas usinas. Além disso, está sendo instalada uma lavanderia para os uniformes dos aplicadores de agroquímicos. ”Não vimos nenhum item absurdo. Sugerimos que, para alguns itens desta Norma, seja dado maior espaço de tempo para que as empresas possam se adequar às exigências.

Um exemplo disso é a implantação da estrutura necessária à assepsia dos uniformes contaminados dos aplicadores de agroquímicos”, assegura Rodrigues. Antes mesmo da vigência da NR 31, a Caeté já vinha adotando medidas de prevenção e saúde. Com as exigências, a partir de agora, Rodrigues acredita que haverá mais subsídios para a melhoria das ações já desenvolvidas.

”A Caeté vem realizando investimentos cada vez maiores na prevenção de acidentes, principalmente na área rural. Em 2004 investimos no setor de segurança do trabalho aproximadamente R$ 360 mil. Já em 2005, devemos fechar o ano com investimento 50% maior do que o de 2004. E para 2006, continuaremos dando prioridade à integridade física e mental dos nossos colaboradores, pois o homem é o capital mais importante de qualquer organização”, salienta o coordenador de segurança. Se para uns parece que tudo vai bem, para outros a situação é diferente.

Para o coordenador de Recursos Humanos da Usina Coruripe, Adalberto de Oliveira Santos, a NR 31 apresenta muitos reflexos na área rural. “Estamos discutindo alguns itens onde fomos pegos meio que de surpresa, com curto tempo para adequação, como é o caso dos banheiros móveis. A norma diz que é preciso colocar no campo um pipi-móvel para cada 40 trabalhadores. Trabalhamos com 3 mil homens no campo. Qual será a logística para isso?”, indaga Santos. Outra questão preocupante para Santos é o horário de aplicação de agroquímicos. “O Nordeste possui altas temperaturas. Segundo a norma, os agroquímicos devem ser aplicados em horário fresco e o aplicador deve estar protegido. Achar um horário fresco nesta região não é fácil. Estamos tentando chegar a um acordo”, explica.

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Entre as exigências da NR 31 está a implementação de tendas para a refeição dos rurícolas durante o horário de almoço. A Usina Coruripe possui frentes de trabalho com até 900 homens e nem todos possuem a cultura de parar e sentar em um local arejado e com sombra para almoçar. “O legislador não analisou alguns aspectos. Há o costume do homem. No Nordeste não existe o hábito dos trabalhadores rurais chegarem todos juntos para almoçar. Quando o trabalhador sente fome é que ele pára, um costume que implica em problemas para se adequar à norma. Algumas tendas serão implantadas, mas nem sempre os rurícolas irão utilizá-las devido ao deslocamento que terá de ser feito por eles: terão que sair do campo e andar um bom pedaço até chegarem à tenda. O mesmo vale para o pipi-móvel”, argumenta Santos. Os alojamentos também deverão seguir algumas exigências, como cama com colchão e lençóis limpos. Para o coordenador de Recursos Humanos da Usina Coruripe, isso pode acarretar em problemas, porque parte da mão-de-obra da usina é temporária e originária do Polígono das Secas. “Essas pessoas estão acostumadas a dormir em redes”, explica.

“A NR 31 é muito extensa. Como alternativa a algumas dificuldades enfrentadas, estamos levando para as Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs) e para a Procuradoria Regional do Trabalho alguns Termos de Ajuste de Conduta (TACs), como a implantação de um pipimóvel a cada 80 trabalhadores, ônibus em vez de tendas para refeição e tendas onde não houver ônibus, e aplicação de herbicidas até as 10 horas e após as 15 ou 17 horas”, defende Santos. Paralelamente a isso, a Usina Coruripe sempre teve um trabalho de conscientização do uso de EPIs, dos exames admissionais e periódicos, da lavagem de roupas e equipamentos para descontaminação e coleta de resíduos. Mesmo que em situações diferentes, os representantes das duas usinas são unânimes ao afirmar que uma das maiores dificuldades ao aplicar a NR 31 será a mudança de alguns hábitos culturais dos trabalhadores.

“A maior dificuldade imposta pela NR 31 é adaptar o colaborador ao novo sistema, considerando os costumes individuais de cada um, mesmo que a empresa disponibilize toda a estrutura necessária nas frentes de serviços”, afirma Ernande Rodrigues da Silva, coordenador de segurança do trabalho da Usina Caeté S/A Matriz. ”Não é fácil fazer um homem de 36, 40 anos mudar seus hábitos. Isto vai levar um tempo, porque há três pontos envolvidos nesta questão: a especificidade da atividade, a cultura do pessoal e a dificuldade de logística. Por isso mesmo é que estamos solicitando às autoridades entendimentos com os sindicatos e um período de adaptação. Daqui a três safras tudo deverá estar acertado e em conformidade com a NR 31”, assegura Santos.

Reconhecimento Para Marcelo Mello, gerente nacional de vendas da Bracol, a NR 31 veio para ajudar o trabalhador quanto à prevenção de acidentes de trabalho. “Pela primeira vez no Brasil deu-se atenção ao trabalhador rural, pois anteriormente eram apenas registros rurais, que eram emendas de normas para outros tipos de trabalho”, explica. “É certo que muitos trabalhadores não utilizam os EPIs corretamente, deixando até mesmo de usá-los. Eles vêem o EPI como um ’problema’, pois no Brasil não existe a cultura do uso do EPI e muito menos a consciência de sua importância. Ele ainda é visto como parte do uniforme e não como prevenção. Será preciso uma ação governamental para a conscientização do trabalhador rural. Além disso, as empresas da área prevencionista devem cumprir o seu papel e divulgar informações sobre o uso do EPI”, alega o gerente da Bracol, que patrocina palestras e eventos que divulgam informações sobre a área de SST.

Fonte: Revista IDEANews - Ano 5 - nº 62 - Dezembro/2005