5
Subversão em Campos Dom Tomás de Aquino SANTOS E FESTAS DO MÊS: 01– Festa de Todos os San- tos; 02– Finados; 04– São Carlos Borromeu; 09– Dedicação da Basílica de Latrão; 11– São Martinho de Tours; 16– Santa Gertrudes; 19– Santa Isabel, rainha da Hungria; 21– Apresentação da Vir- gem Maria; 24– São João da Cruz; 25– Santa Catarina de Ale- xandria; 27– Festa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa; 30– Santo André, apóstolo. NESTA EDIÇÃO: Subversão em Campos 1,2 Excelência do Catecismo 3 À Santa Teresa D’Ávila 4 Os riscos das redes soci- ais 5 Novembro/2015 Edição 30 A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S Dom Antônio de Castro Mayer, herói da fé em nossa pátria, preservou a diocese de Campos dos erros modernos, o que fez dela a última diocese integralmente católica do mundo. Filho de pai alemão, João Mayer, e de mãe brasileira, Francis- ca de Castro, Dom Antônio entrou cedo no Semi- nário Menor e pouco depois de ingressar no Mai- or foi enviado à Roma para aí terminar os seus estudos, voltando ao Brasil já ordenado e com o diploma de Doutor em Teologia com apenas 24 anos de idade. Toda a sua vida Dom Antônio a consagrou na defesa da fé católica e da formação intelectual e moral das almas, tanto em São Paulo, como pa- dre secular, como em Campos, como Bispo dioce- sano. Por ocasião do Concílio Vaticano II Dom Antônio lutou ao lado de Dom Lefebvre e de grande nú- mero de Bispos que defendiam a doutrina da Igreja contra os modernistas que dominaram o Concílio graças ao apoio dos Papas João XXIII e Paulo VI. De volta à sua diocese Dom Antônio continuou esta luta pela preservação da fé fundando o Se- minário Maior de Campos e opondo-se às refor- mas inspiradas pelo Concílio. Assim como Dom Lefebvre, Dom Antônio se dava conta que mais do que alguns erros doutrinais era uma nova igreja, uma nova religião que se formava e toma- va o lugar da religião Católica. A responsabilidade deste desastre recaía e recai até hoje sobre as mais altas autoridades da Igreja e, acima de to- das, sobre o Soberano Pontífice. Por esta razão Dom Antônio fez questão de estar presente na cerimônia da Sagração dos quatro Bispos da Fraternidade São Pio X no dia 30 de junho de 1988, em Ecône. Com a morte de Dom Antônio de Castro Mayer em 1991 os padres de Campos pediram aos Bispos da Fraternidade que sagrassem um Bispo para os padres e fiéis de Campos. Dom Licínio Rangel foi escolhido e sagrado em São Fidélis, Rio de Janeiro, por Dom Tissier de Mallerais sen- do Dom Richard Williamson e Dom Galarreta os bispos co-consagrantes. Tudo corria muito bem em Campos. A Tradição crescia, os fiéis se instruíam, a devoção ao Ima- culado Coração de Maria era propagada, voca- ções sacerdotais e religiosas surgiam em grande número. No entanto na Europa algo ocorria que teria em breve consequências nefastas para Campos. Dom Bernard Fellay entendia-se com as autorida- des romanas e obtinha, pouco a pouco, alguns “trunfos” que pareciam ser conquistas da Tradi- ção. Mas, na verdade, eram pedras de tropeço nas quais Campos iria sucumbir muito em breve. No ano 2000 uma brilhante peregrinação da Tradição à Roma encheu os olhos de todos. A força da Tradição se manifestava com entusias- Nota: Esta matéria que aqui disponibilizamos nada mais é que um resumo da Conferência “Subversão em Campos: de Dom Antônio a Dom Rifan”, dada por Dom Tomás de Aquino nas Jorna- das Jean Vaquié de 2015, em Avrillé, França.

A família católica, 30 edição, novembro 2015

Embed Size (px)

Citation preview

Subversão em Campos

Dom Tomás de Aquino

SANTOS E

FESTAS DO MÊS:

01– Festa de Todos os San-

tos;

02– Finados;

04– São Carlos Borromeu;

09– Dedicação da Basílica

de Latrão;

11– São Martinho de Tours;

16– Santa Gertrudes;

19– Santa Isabel, rainha da

Hungria;

21– Apresentação da Vir-

gem Maria;

24– São João da Cruz;

25– Santa Catarina de Ale-

xandria;

27– Festa de Nossa Senhora

da Medalha Milagrosa;

30– Santo André, apóstolo.

N E S T A

E D I Ç Ã O :

Subversão em Campos 1,2

Excelência do Catecismo 3

À Santa Teresa D’Ávila 4

Os riscos das redes soci-

ais 5

Novembro/2015 Edição 30

A Família Católica C A P E L A N O S S A S E N H O R A D A S A L E G R I A S

Dom Antônio de Castro Mayer, herói da fé em

nossa pátria, preservou a diocese de Campos dos

erros modernos, o que fez dela a última diocese

integralmente católica do mundo. Filho de pai

alemão, João Mayer, e de mãe brasileira, Francis-

ca de Castro, Dom Antônio entrou cedo no Semi-

nário Menor e pouco depois de ingressar no Mai-

or foi enviado à Roma para aí terminar os seus

estudos, voltando ao Brasil já ordenado e com o

diploma de Doutor em Teologia com apenas 24

anos de idade.

Toda a sua vida Dom Antônio a consagrou na

defesa da fé católica e da formação intelectual e

moral das almas, tanto em São Paulo, como pa-

dre secular, como em Campos, como Bispo dioce-

sano.

Por ocasião do Concílio Vaticano II Dom Antônio

lutou ao lado de Dom Lefebvre e de grande nú-

mero de Bispos que defendiam a doutrina da

Igreja contra os modernistas que dominaram o

Concílio graças ao apoio dos Papas João XXIII e

Paulo VI.

De volta à sua diocese Dom Antônio continuou

esta luta pela preservação da fé fundando o Se-

minário Maior de Campos e opondo-se às refor-

mas inspiradas pelo Concílio. Assim como Dom

Lefebvre, Dom Antônio se dava conta que mais

do que alguns erros doutrinais era uma nova

igreja, uma nova religião que se formava e toma-

va o lugar da religião Católica. A responsabilidade

deste desastre recaía e recai até hoje sobre as

mais altas autoridades da Igreja e, acima de to-

das, sobre o Soberano Pontífice.

Por esta razão Dom Antônio fez questão de

estar presente na cerimônia da Sagração dos

quatro Bispos da Fraternidade São Pio X no dia

30 de junho de 1988, em Ecône.

Com a morte de Dom Antônio de Castro Mayer

em 1991 os padres de Campos pediram aos

Bispos da Fraternidade que sagrassem um Bispo

para os padres e fiéis de Campos. Dom Licínio

Rangel foi escolhido e sagrado em São Fidélis,

Rio de Janeiro, por Dom Tissier de Mallerais sen-

do Dom Richard Williamson e Dom Galarreta os

bispos co-consagrantes.

Tudo corria muito bem em Campos. A Tradição

crescia, os fiéis se instruíam, a devoção ao Ima-

culado Coração de Maria era propagada, voca-

ções sacerdotais e religiosas surgiam em grande

número.

No entanto na Europa algo ocorria que teria em

breve consequências nefastas para Campos.

Dom Bernard Fellay entendia-se com as autorida-

des romanas e obtinha, pouco a pouco, alguns

“trunfos” que pareciam ser conquistas da Tradi-

ção. Mas, na verdade, eram pedras de tropeço

nas quais Campos iria sucumbir muito em breve.

No ano 2000 uma brilhante peregrinação da

Tradição à Roma encheu os olhos de todos. A

força da Tradição se manifestava com entusias-

Nota: Esta matéria que aqui disponibilizamos nada mais é que um resumo da Conferência

“Subversão em Campos: de Dom Antônio a Dom Rifan”, dada por Dom Tomás de Aquino nas Jorna-

das Jean Vaquié de 2015, em Avrillé, França.

mo e piedade na própria basílica de São

Pedro.

O cardeal Castrillon Hoyos entra em con-

tato com os bispos da Fraternidade. À per-

gunta ou reflexão do cardeal sobre o que

nos separa, Dom Williamson responde:

“Duas religiões.” Mas Dom Fellay não pare-

ce tirar as conclusões que se impõem des-

ta constatação. Dom Fellay vai iniciar uma

série de contatos e conversações com

Roma. Campos será chamado a participar.

Há uma esperança infundada de um triun-

fo da verdade em Roma, um início de con-

versão de Roma. Na realidade Roma não

muda e a Fraternidade é obrigada a recuar

para não cair numa armadilha1. Campos

porém não recua e já em 2001 a Santa Sé

retira, sem publicidade, a excomunhão que

pesava sobre Dom Licínio. Mas que exco-

munhão é esta? Dom Licínio estava exco-

mungado? Dom Antônio de Castro Mayer e

Dom Lefebvre estariam também excomun-

gados? A Santa Igreja Católica excomunga-

ra seus melhores defensores? Claro que

não. Mas Campos entrara na engrenagem

modernista. Campos aceitara a idéia de

que Dom Licínio estava excomungado e

que era necessário se re-integrar na igreja

conciliar, na igreja oficial, ou seja, se entre-

gar nas mãos dos inimigos de Nosso Se-

nhor que ocupam os pontos chaves da

Santa Igreja.

Campos abandonava então a luta e no

início de 2002, na Catedral de Campos, foi

tornado público os acordos entre os mo-

dernistas e a última diocese católica do

mundo. É isto que nós chamamos de sub-

versão em Campos. Campos traia assim

Dom Antônio de Castro Mayer. Campos

traia a causa de Nosso Senhor Jesus Cris-

to.

Como assim? Campos seria por acaso

contra Nosso Senhor Jesus Cristo? Sim.

Vejamos isto de mais perto. Vejamos quais

são os interesses de NSJC, quais os seus

privilégios, quais os seus direitos, sobera-

nos e inamissíveis e vejamos o que fez

Campos.

Não julgamos o interior das almas e sa-

bemos muito bem que muitos padres e a

quase totalidade dos fiéis de Campos pen-

saram numa vitória da Tradição a qual

teria sido reconhecida e aprovada por Ro-

ma. Infelizmente não é isso o que aconte-

cera.

O que sucedeu então foi uma revolução

em Campos. O que era a glória de Cam-

pos, tornou-se a vergonha de Campos e o

que era abominável aos olhos de Campos

tornou-se o modelo, a regra, a nova lei dos

padres de Campos.

P á g i n a 2 A F a m í l i a C a t ó l i c a

Dom Antônio dizia: “Não se deve assistir à

Missa nova. Ela é neo-modernista.” Dom

Rifan diz que quem se nega a rezar esta

missa tem espírito cismático. Dom Antônio

diz não e Dom Rifan diz sim, sim à nova

Missa que ele já concelebra como todos os

“ralliés” acabam fazendo ou aprovando os

que o fazem.

Dom Antônio objeta que a Liberdade Reli-

giosa é uma doutrina já condenada pela

Igreja. Dom Rifan defende o documento do

Concílio que a promulgou, documento que

é um atentado ao direito de Nosso Senhor

de reinar sobre as nações.

Dom Antônio escreveu a João Paulo II que

se ele continuasse pelo caminho das reuni-

ões ecumênicas de Assis, ele não seria mais

o Bom Pastor. Dom Rifan venera João Paulo

II assim como João XXIII como santos e ensi-

na aos fiéis a fazerem o mesmo.

Para resumir. A obra de Dom Antônio está

destruída e o modernismo já penetrou na

Administração Apostólica Pessoal São João

Maria Vianney.

Falando de algumas afirmações as mais

importantes e verdadeiras de Dom Lefebvre

Dom Rifan as qualifica de erros graves e

mesmo de heresias.

Para Dom Rifan não há duas igrejas que

se chocam neste momento: a Igreja Católica

e a Nova Igreja Neo-Modernista e Neo-

Protestante que se manifestou no Concílio

Vaticano II e nas reformas inspiradas por

ele. Afirmar que há duas igrejas seria um

erro.

Para Dom Rifan dizer que os sinais da

verdadeira Igreja estão na Tradição e não na

Igreja oficial é uma heresia, uma heresia de

Dom Lefebvre. Erros e heresias, eis o que

Dom Rifan vê no ensinamento de Dom Lefe-

bvre.

Que se passou com Campos? Que se pas-

sou com o ensinamento de Dom Antônio de

Castro Mayer e de Dom Marcel Lefebvre?

Campos não lê mais a “Conjuração Anti-

Cristã” de Mons. Delassus? Eles se esque-

ceram da Pascendi de São Pio X? Eles igno-

ram a “Humani Generis” de Pio XII?

O que se passou em Campos foi uma sub-

versão, uma revolução, uma inversão. Os

que eram tido por modelos tornaram-se

condenáveis e os que eram condenáveis se

tornaram modelos. Hoje se fala em São João

XXIII, São João Paulo II, esperando poder

falar e invocar São Paulo VI. É a eficácia do

erro da qual fala São Paulo que toma conta

de Campos.

Mas como Campos pôde mudar da água

para o vinho, ou melhor, do vinho para a

água?

Talvez o fato de Dom Antônio de Castro

Mayer ter hesitado entre uma posição

sedevacantista e, ao mesmo tempo, de

estreito juridismo tenha debilitado o clero

de Campos. Antes de falecer, ou melhor, a

partir de 1988 até seu falecimento em

1991, Dom Antônio aproximou-se de Dom

Lefebvre, abandonando cada vez mais o

sedevacantismo e este juridismo que o

havia parcialmente paralisado durante

algum tempo. Foi assim que Dom Antônio,

depois das sagrações de 1988, ordenou

em Varre-Sai o Pe. Manoel.

Este exemplo de sabedoria e de humilda-

de que fez Dom Antônio aproximar-se do

modo de pensar e de agir de Dom Lefebvre

não foi seguido pelos padres de Campos,

ou melhor, foi seguido durante dez anos

(de 1991 a 2001), mas depois eles aban-

donaram este belo equilíbrio e raciocina-

ram com os sedevacantistas:

“Se o Papa é Papa temos que obedecê-

lo. Se não obedecemos então ele não é

Papa.” Como para Campos o Papa é Papa,

então Campos obedece. O ponto de equilí-

brio não está em nenhuma destas duas

opções. Se o Papa age mal, se ele ordena

coisas más, não se deve obedecê-lo nem

imitá-lo. Nada mais. A questão é simples.

Saber se o Papa perdeu ou não perdeu o

pontificado é outra questão. Questão gra-

ve, sem dúvida. Mas é uma outra questão.

Questão secundária, se a compararmos

com o nosso dever. Nosso dever é o de

guardar a fé e a moral, de amar a Deus

sobre todas as coisas e ao próximo como a

nós mesmos e assim salvarmos nossas

almas e ajudar o próximo a salvar a sua.

As outras questões vêm depois.

Assim fez Dom Lefebvre. Assim também

fez Dom Antônio de Castro Mayer. Assim

não fez Dom Rifan que acabou obedecen-

do quando não tinha que obedecer e aca-

bou aceitando o modernismo que ele tinha

obrigação de não aceitar.

Dom Fellay vai pelo mesmo caminho, ele

que, de certa forma, o abriu para Campos.

Que ele se arrependa e faça penitência

pois a Fraternidade corre para o mesmo

abismo no qual se precipitou Dom Rifan.

Que o Imaculado Coração de Maria pro-

teja a Tradição, fortifique a Resistência e

não deixe se perder o exemplo de nossos

pais na fé, nesta fé sem a qual é impossí-

vel agradar a Deus e salvar nossas almas.

***

1- O que talvez não tenha sido senão um recuo

tático de Dom Fellay

Nota: Fazemos eco às palavras do Pe.

Santinelli e outro objetivo não temos que

auxiliar aos nossos leitores na tomada de

consciência da urgente necessidade de se

estudar o catecismo tanto em nossas

capelas, como no interior de nossas famí-

lias. São Pio X dizia que “nossos povos

perdem a fé porque uma praga corrói os

fundamentos em que ela se apoia: a igno-

rância religiosa. É necessário ensinar o

catecismo”. Que os pais de família não

negligenciem em ponto tão importante,

nem julguem que tão “sublime ministério”

é de exclusiva obrigação dos catequistas.

Não! É no seio da família que as crianças

deverão primeiramente aprender o cate-

cismo e, principalmente, ver resplandecer

os ensinamentos de tão incomparável

obra.

***

Um grande problema se apresenta hoje à

humanidade. Imensa praga de males

intelectuais e morais se estende pelo

mundo e faz pressagiar espantoso porvir.

Se tantas desgraças devemos deplorar no

presente, por parte de pessoas que rece-

beram uma educação cristã, o que não

devemos esperar da juventude que se vai

formando, cujo coração está viciado e o

juízo pervertido pelas falsas, nefandas e

subversivas doutrinas das seitas ímpias,

inimigas declaradas de Deus e de sua

religião? Questão de suma importância e,

por assim dizer, de vida ou morte, é a que

se deve resolver em nossa época: a sa-

ber, de difundir ideias profundamente

cristãs na geração presente.

Para restaurar a sociedade enlouqueci-

da, para remediar os males sem número

que a rodeiam, não cabe outro recurso

que educar catolicamente a juventude. É

mister proporcionar a ela uma educação

moral e religiosa, a única que pode lhe

dar a verdadeira sabedoria e uma sólida

virtude.

A boa educação é tão necessária às

crianças assim como o cultivo é à terra.

O fim a que deve se propor todo educa-

dor é cultivar o espírito da juventude, in-

formando-o com os divinos ensinamentos,

únicos que podem conter a corrente impe-

tuosa dos males que tanto deploramos.

Também é manifesto que somente dos

ensinamentos do divino Redentor ema-

nam os puros costumes, e que somente

neles se apascenta abundantemente a

alma e se estabelece a paz nas famílias e

a felicidade de todas as classes sociais.

Mas que meios deverão ser utilizados

para conseguir tão grandes bens? A razão

e a experiência afirmam que o mais segu-

ro é o ensinamento do Catecismo: código

sublime e de incomparável verdade. Mag-

nífica síntese que explica todos os

enigmas, dissipa todas as dúvidas, rebate

todas as dificuldades; laço misterioso que

une o homem a Deus, o céu com a terra, o

tempo com a eternidade; e todo esforço de

palavras, sem rodeios, com suma clareza

de tal modo que basta ter ouvidos para

escutar e coração dócil para crer e amar.

Nem Sócrates, nem Platão, nem sábio

algum da antiguidade vislumbraram uma

obra semelhante. É indispensável portanto

dar a este estudo a importância que mere-

ce, pois não há outro mais útil nem mais

necessário, uma vez que é o fundamento,

a âncora de salvação, a tocha de luz para

alumiar nosso caminho, dissipar as trevas

ameaçadoras e permitir-nos entrever tem-

pos melhores. Honroso é imitar ao que é a

honra da raça humana e o exemplo de

toda verdadeira grandeza, Nosso Senhor

Jesus Cristo.

Pois, que fez Cristo senão, primeiro com

exemplo e depois com palavras, ensinar-

nos sua doutrina salvadora, a doutrina

cristã? Que fizeram os Apóstolos? São

Paulo o disse com singular delicadeza:

“Nos fizemos pequenos no meio de vós,

como uma mãe que está acalentando

cheia de ternura a seus filhos; de tal ma-

neira apaixonados por vós que desejamos

com ânsia comunicar-vos, não só o Evan-

gelho de Deus, mas também dar-vos nossa

vida (1Tes 2,7-8).”

Desde que o Divino Redentor manifestou

sua predileção pelas crianças, os maiores

santos e gênios mais ilustres consagraram

-lhes fortemente seu zelo, abnegação e

solicitude. Orígenes era catequista em

Alexandria; São Cirilo, em Jerusalém; Santo

Agostinho, sem falar nos demais Santos

Padres da Igreja, o foi brilhantemente,

tanto por palavras como por escrito. Com

que gama de argumentos e belíssimas

comparações prova o ilustre Bispo de Hi-

pona, não só a dignidade da tarefa de

catequizar aos brutos, senão também a

suavidade e doçura com que falam em tão

santos exercícios os que de fato tem amor

às almas dos pobres e pequeninos! Para

São Carlos Borromeu, São Francisco de

Sales e outros mil, ensinar o Catecismo

era sua obra predileta.

Tal tem sido o pensamento invariável

desde Santo Agostinho até Bossuet, e des-

de Orígenes até Fenelón e Dupanloup. Este

célebre Bispo de Orleáns, ao publicar seu

Método de Catecismo, dizia: “ Confessa-

mos com ingenuidade: esta obra tem to-

das as predileções de nossa alma; a ela

temos dedicado a melhor parte de nossa

vida; é a mais importante de quantas nos

haveremos de ocupar; é a obra fundamen-

tal”.

E o apóstolo da infância em nosso sécu-

lo, o insigne Dom Bosco, acaso não encer-

rou toda sua honra na imitação de Cristo e

de seus Apóstolos, deixando, não só que

as crianças se aproximassem dele, mas

também indo atrás delas para ensiná-las e

transformá-las a seu tempo em catequis-

tas e missionários?

Mas, para que aludir a outros exemplos,

quando a Igreja por meio de seus Pontífi-

ces, há exortado sempre aos fiéis que es-

tudem o Catecismo? Com este fim veio à

luz para um grande número o grande Cate-

cismo do Concílio de Trento, fruto de gran-

des e profundos estudos, e publicado por

ordem de São Pio V. Extenso seria enume-

rar os decretos e exortações dos Sumos

Pontífices sobre a importância do Catecis-

mo, e como em todas as partes do mundo

cristão os pastores eclesiásticos promulga-

ram leis, sancionadas com penas, estimu-

lando a sacerdotes e leigos, grandes e

pequenos para que se empenhem no ensi-

no e estudo da Doutrina Católica. Ainda

mais: a Igreja, sumamente compadecida,

há aprovado congregações, associações,

confrarias, etc., que tem por fim instruir à

juventude na Doutrina Cristã. Por isso,

Santo Inácio não só exercia este santo

Ministério, mas quis obrigar com voto a

seus filhos para que se dedicassem a cate-

quizar. Edificantes, sem dúvida, são os

fatos que sobre isso se leem na vida de

São Francisco de Borja e na de tantos

outros. São Francisco Xavier balbuciou

com as crianças os primeiros rudimentos

da fé cristã, “andava por todas as ruas da

cidade de Goa e pedia por Deus, e em voz

alta, aos pais de família, que enviassem

seus filhos e criados ao Catecismo”.

Desde o tempo de São Pio V se fundou

em Roma a congregação dos catequistas,

com o título de Padres da Doutrina Cristã

e, pouco depois, o Oratório de São Felipe

Neri. Na França, V. César de Bus, que foi

chamado o apóstolo da infância, fundou

também uma congregação. Na mesma

França São João Batista de la Salle insti-

tuiu uma congregação chamada Irmãos

das Escolas Cristãs.

Do exposto até aqui, deve-se deduzir

necessariamente a importância do Catecis-

mo e a necessidade de aplicarmo-nos com

zelo em tão sublime ministério.

EXCELÊNCIA DO CATECISMO

E l c a t e q u i s t a i n s t r u í d o – m é t o d o p a r a e n s e ñ a r b i e n e l c a t e c i s m o

P e . C i r i a c o S a n t i n e l l i

T r a d u ç ã o : C a p e l a N o s s a S e n h o r a d a s A l e g r i a s

O CÉU É O PRÊMIO

O Céu é o prêmio.

A matraca sonora

Que chega antes da hora

Faz-me saltar do leito.

O Céu é o prêmio.

E logo ao despertar,

Se vêem outras maravilhas

Que não são as de Paris.

O Céu é o prêmio.

Em minha pobre cela

Não há cortinas de tule,

Nem espelhos nem tapetes.

O Céu é o prêmio.

Não há mesa nem cadeira.

A felicidade aqui

É não estar à vontade.

O Céu é o prêmio.

Descubro, sem alarme,

Minhas luzentes armas

E amo o ruído que fazem.

O Céu é o prêmio.

Venha a mim o sacrifício,

Cadeias, cruz e cilício:

São estas as minhas armas.

O Céu é o prêmio.

Logo depois da oração,

Deve-se beijar o chão,

Porque a regra assim ordena.

O Céu é o prêmio.

Escondo minha armadura

Debaixo do meu burel

E de meu véu abençoado.

O Céu é o prêmio.

Se a “senhora” natureza

Manifesta alguma queixa,

Eu lhe respondo sorrindo:

O Céu é o prêmio.

Jejuar é muito fácil,

Pois deixa a gente mais ágil;

Mas, se vem fome... azar nosso!

O Céu é o prêmio.

Nós aqui não respeitamos

Os nabos, as batatinhas,

Cenouras, couves, rabanetes.

O Céu é o prêmio.

Ninguém jamais se espanta

Se, à noite, só se nos dão

Um pouco de pão e frutas.

O Céu é o prêmio.

Às vezes, sem exagero,

O pão passa e também deixo

As frutas dentro do prato.

O Céu é o prêmio.

Meu prato é feito de barro,

Minha mão serve de garfo

E a colher é de madeira.

O Céu é o prêmio.

Enfim, quando nos reunimos,

Podemos conversar juntas

Sobre as alegrias do Céu.

O Céu é o prêmio.

Trabalhando conversamos,

Uma coze e a outra corta

Os paramentos do altar.

O Céu é o prêmio.

Vê-se uma alegria santa

Homenagem a Santa teresa de Jesus (D’Ávila)

Por ocasião do V centenário de seu nascimento

Que deixa sua bela marca

Nas frontes claras e abertas.

O Céu é o prêmio.

Uma hora passa logo,

E eu volto a ser ermitã

Sem franzir as sobrancelhas.

O Céu é o prêmio.

O silêncio se interrompe

Com ruídos de penitência

Que nos deixam meio surdas.

O Céu é o prêmio.

Vão desfilando meus golpes:

Sessenta e seis mil por ano

é uma conta bem exata.

O Céu é o prêmio.

É em favor dos missionários

Que fazemos estas guerras

Sem tréguas nem compaixão.

Santa Terezinha do Menino Jesus e da

Sagrada Face

A F a m í l i a C a t ó l i c a - e d i ç ã o 3 0 P á g i n a 5

Como disse em outro lugar, não quero

nem me cabe determinar a cada um como

agir concretamente com respeito às redes

sociais (Facebook, etc.). Mas, ainda que

muito brevemente, quero e devo alertar a

todos sobre os riscos que me parece elas

implicam.

Como nunca fiz parte de nenhuma, só

as tratarei a partir de dois de seus efeitos

visíveis: o tempo que se perde em tais

redes; o fato notório de que, muito ao

contrário do que se anuncia, elas são

lugar de inimizades, rixas, contendas,

detrações, injúrias.

1) O mundo atual, tanto o capitalista

como o comunista ou a mescla de ambos,

com sua transformação das pessoas em

engrenagens de uma imensa máquina de

fazer dinheiro, tirou ao homem grandíssi-

ma parte do tempo de ócio, exatamente

aquele em que podia viver segundo o que

é superior em sua alma: aplicando-se à

contemplação, sobretudo de Deus. Impe-

diu, assim, o que para Aristóteles era a

vida feliz: a bíos theoretikós (exatamente,

a vida contemplativa). Que dizer então do

que aconteceu à religião e suas práticas,

esta mesma religião que, por virtude so-

brenatural, constitui o ápice da vida con-

templativa – e de que depende nada me-

nos que a salvação eterna das almas?

Mas há mais. Já desde a revolução in-

dustrial e da Lei Le Chapelier, a vida fami-

liar pelo menos se fragilizou imensamen-

te. O divórcio, que veio a tornar-se uma

permanente espada de Dâmocles sobre

sua cabeça, agravou muito a situação, e é

fato que a família está hoje em franca

dissolução. Mas some-se a tudo isso a

Os riscos das Redes Sociais

Carlos Nougué

televisão, por exemplo, e tem-se um qua-

dro dramático: os cônjuges ou estão tra-

balhando, ou estão vendo televisão – ou,

ainda, fazendo desta a baby-sitter eletrô-

nica de seus filhos. Como pôr em ação,

assim, o tear que dia a dia tece e retece a

solidez da família e da criação dos filhos?

Pois somem-se agora a todo o anterior

as redes sociais! O imenso tempo que se

perde nelas é como a pá de cal sobre a

vida contemplativa e sobre a familiar. Em

nome de quê? De um simulacro, aliás

feio, da vida social autêntica e sã. Já não

se trata das boas risadas que se podem

dar junto com o amigo; já não se trata da

conversa maravilhada no intervalo de um

concerto (de música boa, é claro); já não

se trata pois da vivência direta de algo a

que tendemos naturalmente. Trata-se de

algo como um fantasma. Com efeito, para

a vida social autêntica e sã, é essencial o

contato direto, o rosto amigo diante dos

olhos, o enlevo sentido em comum diante

do belo. Mas para o sucedâneo de vida

social que são as redes sociais basta o

virtual, o espectral – uma imagem de

rosto, por exemplo. E por aí se vê que tais

redes são tudo, menos verdadeiramente

sociais.

2) E é daí que decorre o segundo efeito

acima enunciado. Neste sucedâneo de

“relação social” constituído pelas redes,

entre tais imagens fantasmáticas que

pretendem substituir-se à presença efeti-

va do outro, e por trás do biombo da tela

do computador, é muito fácil à natureza

caída do homem sentir-se todo-poderosa

e, em vez de iludir-se com um espectro de

relação social, passar a fazer dele um

poderoso instrumento de inimizade.

Atrás desse diabólico biombo, quantos

não se sentem no direito de afrontar e

injuriar o outro? Não raro por “motivos

nobres”: defender a religião, uma doutri-

na, etc. Tal nobreza, porém, muito amiúde

se perde totalmente, porque aquela mes-

ma sensação de todo-poder, como parte

de algo fantasmático, acaba por logo

substituir qualquer motivo nobre – e o

que era nobre torna-se ignóbil. Com efei-

to, o exercício autêntico de qualquer po-

der requer, necessariamente, a posse do

conhecimento que permite esse mesmo

exercício. Qualquer poder é tirânico se

não fundado em conhecimento o mais

perfeito possível. Que se vê nada rara-

mente, todavia, nas redes sociais? Exata-

mente inimizades, injúrias, detrações,

etc., essas pequenas tiranias em nome da

defesa de uma doutrina. Mas a defesa de

uma doutrina requer conhecimento dela,

o qual só se adquire por estudo. Como,

contudo, encontrar tempo para tal estudo

se ele é consumido por aquelas mesmas

redes?

Some-se tudo o que se disse acima e ter

-se-á, parece, a razão principal do triste

espetáculo de inimizades, contendas,

injúrias que vemos transbordar de um

espaço virtual e fantasmático para o que

nos resta de vida social real. Sim, porque

é este um dos efeitos mais malignos das

redes sociais: não só roubar à vida social

autêntica grande parte do pouco tempo

que lhe resta, mas empeçonhar e enfer-

mar cada dia mais este mesmo restante.

Edição:

Capela Nossa Senhora das Alegrias - Vitória, ES.

http:/www.nossasenhoradasalegrias.com.br

Entre em contato conosco pelo e-mail:

[email protected]