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FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE BOA ESPERANÇA FAFIBE ROMÁRIO MILHOMEM DA CRUZ A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA PROPOSTA PEDAGÓGICA E INTERVENÇÃO DIDÁTICA DO PROCESSO FORMATIVO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA UNIDADE INTEGRADA PROFESSORA ERCÍLIA BENTO Barra do Corda 2016

A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA PROPOSTA PEDAGÓGICA E INTERVENÇÃO DIDÁTICA DO PROCESSO FORMATIVO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA UNIDADE INTEGRADA

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FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE BOA ESPERANÇA –

FAFIBE

ROMÁRIO MILHOMEM DA CRUZ

A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA PROPOSTA PEDAGÓGICA

E INTERVENÇÃO DIDÁTICA DO PROCESSO FORMATIVO E LETRAMENTO NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA UNIDADE INTEGRADA

PROFESSORA ERCÍLIA BENTO

Barra do Corda

2016

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ROMÁRIO MILHOMEM DA CRUZ

A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA PROPOSTA PEDAGÓGICA

E INTERVENÇÃO DIDÁTICA DO PROCESSO FORMATIVO E LETRAMENTO NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA UNIDADE INTEGRADA

PROFESSORA ERCÍLIA BENTO

Monografia apresentada ao Curso de

Licenciatura em pedagogia da Faculdade

de Filosofia Ciências e Letras de Boa

Esperança - FAFIBE como requisito para

obtenção do grau de Licenciatura em

Pedagogia.

Orientador: Leonardo Delgado

Barra do Corda

2016

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ROMÁRIO MILHOMEM DA CRUZ

A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE NA PROPOSTA PEDAGÓGICA

E INTERVENÇÃO DIDÁTICA DO PROCESSO FORMATIVO E LETRAMENTO NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA UNIDADE INTEGRADA

PROFESSORA ERCÍLIA BENTO

Monografia apresentada ao curso de

Pedagogia da Faculdade de Filosofia Ciências

e Letras de Boa Esperança – FAFIBE como

requisito para o grau de licenciatura em

pedagogia.

Orientador (a): Leonardo Delgado

Aprovado em _____/______/____

BANCA EXAMINADORA

Profº.________________________

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Boa Esperança – FAFIBE

Nome e sobrenome

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Boa Esperança – FAFIBE

Nome e sobrenome

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Boa Esperança

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CRUZ, Romário Milhomem

A importância da interdisciplinaridade na proposta pedagógica e intervenção

didática do processo formativo e letramento na educação de jovens e adultos na Unidade

Integrada Professora Ercília Bento.

f. 38.

Monografia (licenciatura em Pedagogia) - Curso de Pedagogia, Faculdade de Filosofia

Ciências e Letras de Boa Esperança - FAFIBE, 2016.

1. A importância da alfabetização e do letramento no mundo globalizado 2. A importância do professor

na sistematização da intervenção didática no EJA 3. Avanços metodológicos da pesquisa.

I Título

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AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as graças e oportunidades a mim concedidas, todos

os dias, em todos os momentos de minha vida e na vida de meus familiares.

Aos meus pais Antônio Ramos e Aldeniza Cruz, aos meus irmãos

Antônio Marcos e Marta Laura, ao grande amor da minha vida Maria Ivoneide Duarte,

a minha cunhada Maria Ivanice, aos meus amigos João Pedro e Leonardo pelo apoio

constante e colaboração em minha jornada acadêmica.

A todos os mestres e professores que com paciência, companheirismo

e compreensão incentivaram as minhas constantes vitórias acadêmicas.

A turma pela acolhida e amizade construídas em uma estrada de

parcerias e trabalho em equipe durante essa batalha coletiva.

E a todas as pessoas que tiveram a sua parcela de contribuição para a

construção deste trabalho.

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“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento

envolvido e não na vitória propriamente dita.”

(Mahatma Gandhi)

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RESUMO

Este trabalho objetivou a abordagem dos aspectos importantes sobre as intervenções didáticas promovendo a interdisciplinaridade promovida pelos professores da Educação de Jovens e Adultos, bem como temas presentes nos debates e discursos sobre o processo de ensino e letramento, apresentando as diversidades conceituais dos mesmo com o avançar dos anos. Outro aspecto a ser discutido trata-se da Educação de Jovens e Adultos, por vezes seriamente atacada pela sociedade, porém não reduzindo a importância por oportunizar um espaço de formação de indivíduos a qual não tiveram acesso ou se afastaram do ensino regular por diversos motivos, tendo destaque os desejos e obstáculos dos mesmo no processo de aprendizagem das habilidades de leitura e escrita. Este trabalho baseou-se em estudos bibliográficos e em pesquisa de campo, com a metodologia de estudo de caso, com análise qualitativa e acompanhamento das atividades dos professores da Unidade Integrada Professora Ercília Bento. Palavras-chave: Intervenção didática, Ensino Aprendizagem, Educação de Jovens e Adultos.

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ABSTRACT

This study aimed to important aspects approach to the educational interventions promoting interdisciplinarity promoted by the teachers of the Youth and Adult Education, as well as the themes in the debates and speeches on the process of education and literacy, with the conceptual diversity of the same with advancing the years. Another aspect to be discussed it is the Youth and Adult Education, sometimes seriously attacked by society, but not reducing the importance of providing opportunities for one individual training space which had no access to or departed from the regular school for various reasons, having highlighted the desires and the same obstacles in the learning process of reading and writing skills. This work was based on bibliographic studies and field research, with the case study methodology with a qualitative analysis and monitoring of the activities of the teachers of the Integrated Unit Professor Ercília Bento. Keywords: Didactic Intervention, Learning Education, Youth and Adult Education.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6

2 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO NO MUNDO

GLOBALIZADO ........................................................................................................... 8

2.1 Alfabetização na concepção do letramento...................................................... 10

2.2 Pontos Importantes acerca da Educação de Jovens e Adultos ..................... 13

2.3 Alfabetização e letramento para os alunos da Educação de Jovens e Adultos ...... 14

3 A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NA SISTEMATIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO

DIDÁTICA NO EJA .................................................................................................... 17

3.1 A Prática pedagógica de seleção e organização de conteúdos ..................... 19

3.2 As contribuições dos Paramentos Curriculares Nacionais ............................. 22

4 AVANÇOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ................................................ 24

4.1 Caracterização do ambiente de pesquisa ........................................................ 25

4.2 Teorizando a Prática ........................................................................................... 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 30

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

APÊNDICES .............................................................................................................. 35

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1 INTRODUÇÃO

A proposta do tema surgiu mediante a realização de um trabalho acadêmico de

diagnóstico e intervenção na rede pública de ensino direcionada a Educação de

Jovens e Adultos, o mesmo levantou a discussão de temas ligados à alfabetização e

letramento, proporcionando uma interdisciplinaridade aos beneficiários da modalidade

de ensino. Esse foi o ponto de partida que fomentou o interesse de adentrar-se ao

conteúdo e ao acesso de informações sobre o tema proposto, percebendo-se a

existência de questões sobre a aplicação prática na docência dos profissionais

inseridos nesta modalidade de ensino.

A importância desse estudo para a sociedade parte da percepção das

atividades docentes, sobre a maneira de alfabetizar e letrar, muitas vezes aplicadas

de modo errôneo, podando as possibilidades do fortalecimento das ações que tem

como objetivo principal o favorecimento do avanço intelectual dos alunos,

reconhecendo os conhecimentos preliminares que fomentam uma educação integral

e multidisciplinar. Com essa visão, este trabalho tem por objetivos uma análise acerca

das intervenções didáticas dos professores, compreendendo o método utilizado pelos

mesmos nas práticas de alfabetização, letramento e a construção da consciência

multidisciplinar em suas atividades.

O trabalho associa três capítulos. Iniciando com a contextualização da

concepção de alfabetização e letramento no meio do ensino da Educação de Jovens

e Adultos, evidenciando a relevância desses procedimentos de ensino na inclusão de

indivíduos na sociedade letrada. Também interpela-se características importantes da

Educação de Jovens e Adultos – EJA, apurando a composição dessa modalidade de

ensino expondo o valor da alfabetização e letramento no cenário atual de um mundo

globalizado.

Esta etapa do trabalho amparou o embasamento teórico no processo de

pesquisa, proporcionando uma visão mais aprofundada do entendimento dos

professores acerca do tema e sua perspectiva diante da aplicação dentro da escola.

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No segundo capitulo abre uma discursão sobre questões inerentes ao papel do

educador na escola e no gerenciamento da intervenção didática, ressaltando a

relevância da escolha dos conteúdos no momento que se aplica a prática pedagógica

e o subsidio dos Paramentos Curriculares Nacionais para direcionar as ações dos

educadores.

Primeiramente, indaga-se que para se efetuar uma intervenção didática,

requeresse que os educadores de uma instituição coordenem o propósito da

docência, garantindo a eficiência e a eficácia das atividades. Sabe-se que as práticas

da docência só permanecem se ocorrer o planejamento das mesmas.

Por fim, na terceira parte deste trabalho, a observação dos dados coletados

através da pesquisa e os resultados encontrados. A atividade em campo realizou-se

na Unidade Integrada Professora Ercília Bento, da rede municipal de educação de

Porto Franco, estado do Maranhão, tendo como amostra os educadores que

trabalham com a Educação de Jovens e Adultos – EJA. A análise sucedeu-se por

meio da sistematização das informações obtidas e fundamentadas no referencial

teórico.

Os resultados do trabalho reafirmaram que os profissionais da educação

demandam uma reflexão urgente acerca do seu papel pedagógico, conforme os

dados, a carência de um envolvimento pleno quanto a sua própria área de formação,

atualizando-se acerca dos temas relevantes para somar a teoria e práticas de suas

atividades pedagógicas.

O estudo favoreceu um maior entendimento sobre o tema, fomentando outras

reflexões e pode ser utilizado como referência a outros estudos relacionados as

questões abordadas sobre a temática.

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2 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO NO MUNDO

GLOBALIZADO

Comunicação é uma necessidade primordial para a vida em sociedade, sendo

essencial para a sobrevivência e inserção no meio. Todos os cenários da sociedade

localizam-se em agrupamentos culturais, e automaticamente as pessoas estão

cercadas de um universo letrado, incluindo aqueles que não dominam o código

escrito, mais são atingidos pela inevitável comunicação para sobreviver e socializar-

se.

Porém, por mais que a escrita e sua aplicação nos diversos cenários da

sociedade seja pré-requisito de inserção e interação constante, a circunstância onde

o indivíduo não a domina, e também a utilização correta da linguagem, se tonou motivo

de exclusão para os que não detém tais competências. Convoca-se então uma

reflexão acerca da relevância de saber ler e escrever, podendo-se atribuir a

capacidade de assimilar conteúdos interdisciplinares através da interpretação e

construção do conhecimento, tanto no âmbito social como educacional, sendo crédito

do estar alfabetizado e letrado.

A história mostra que inicialmente o domínio das competências da leitura e

escrita não eram estimados pelos indivíduos, onde se estabeleceu uma comunicação

fortemente oral, dispensando habilidade de ler e escrever na troca de pensamentos

ou opiniões, tão pouco um conhecimento interdisciplinar das ciências comuns.

Segundo Corti e Vóvio:

Durante um longo período da história brasileira, a palavra escrita não estava

tão presente no dia a dia da grande maioria das pessoas. Elas construíam

suas vidas, trabalhavam, participavam de partidos políticos, aprendiam,

ensinavam os filhos, se comunicavam e trocavam informações de outras

maneiras. Para muitas dessas pessoas, os conhecimentos e as informações,

assim como as competências ligadas ao trabalho, eram aprendidas através

da comunicação oral e do contato prático com as atividades produtivas, ou

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seja, na sociedade brasileira do passado, a oralidade era central. (CORTI e

VÓVIO, 2007, p.17).

Atualmente as necessidades se modificaram, os registros de informações

passaram a fazer parte das relações sociais, documentar tonou-se algo presente em

todos os tipos de atividades. Porém, a leitura e a escrita não são suficientes para

definir o indivíduo como perfeitamente alfabetizado e dominador das competências

referentes ao código e assuntos interdisciplinares, utilizando todos os recursos da

linguagem oral e escrita, acumulando um conhecimento amplo sobre uma

compreensão de mundo.

Não dominar a leitura e a escrita tem se tornado atualmente uma realidade

presente na vida dos jovens e adultos, implicando diversas discursões que vão das

atividades comuns do dia a dia até habilidades mais complexas. Nesta conjuntura, a

entrada no universo da leitura e escrita atrelando-se aos seus domínios, surge um

instrumento de diferencial social entre os alfabetizados e letrados e os que ficam à

margem do conhecimento.

Em outro cenário social, encontram-se os indivíduos que sabem ler e escrever,

utilizando esses recursos no seu dia a dia, porém não de maneira adequada. Neste

contexto, Ribeiro (2001) diz que, analfabeto funcional atribuísse à condição das

pessoas que tem um nível rudimentar de conhecimento da linguagem escrita não

suficiente para enfrentar as exigências impostas por seu contexto de vivencia.

Caracterizando a relevância de ser alfabetizado e letrado, além de ser inserido

em um universo interdisciplinar no intuito de ampliar a visão de mundo e de corrigir as

necessidades provocadas pela falta de escolarização, proporcionando um caminho

que impediu estes de estudarem.

Destaca-se que algumas alternativas só serão possíveis atualmente quando os

indivíduos estiverem capacitados e qualificados, destacando a permanência no

emprego, melhores níveis de salários, autonomia, desenvolvimento de novas

habilidades e novas possibilidades de vida.

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Assim, o papel social da alfabetização e letramento possibilita que o sujeito se

insira e se torne ativo na sociedade contemporânea, cooperando não somente com

sua formação mais com uma formação coletiva.

2.1 Alfabetização na concepção do letramento

A educação é constituída por vários níveis, e um dos níveis fundamental trata-

se da alfabetização, uma etapa a qual se presume que todos os indivíduos teriam que

vivenciar para adentrar-se no universo da leitura e escrita. Porém, visualiza-se uma

desorganização no momento de se conceituar a alfabetização e o letramento.

Diversas vezes esses objetos foram distorcidos, confundindo-se os seus significados.

Compreendendo melhor a concepção sobre essas duas questões,

alfabetização e letramento, se faz necessário determinar suas peculiaridades com o

objeto de entendimento destes dois procedimentos que ao mesmo tempo se

distinguem e se relacionam.

Usualmente, se espera que a alfabetização trate apenas de um processo

mecanizado de aprendizado de leitura e escrita. Obviamente isso não foge do fato que

o processo de alfabetização zele pela obtenção do código escrito e sua aplicação nas

atividades de leitura, escrita e compreensão de mundo. Nesta concepção, Soares

esclarece a alfabetização.

[...] como o processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é, do

conjunto de técnicas – procedimentos, habilidades – necessárias para a

prática da leitura e da escrita: as habilidades de codificação de fonemas em

grafemas e de decodificação de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do

sistema de escrita (alfabético ortográfico); [...] Em síntese: alfabetização é o

processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de

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utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio da tecnologia – do conjunto

de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. (SOARES,2003, p.91)

O controle da escrita incluído na concepção de outrora, envolvendo habilidades

em produção escrita, é necessário para a compreensão da natureza da ação de

alfabetização, diferenciando-se da ótica minimalista que muitos educadores têm sobre

a educação. Acentua-se que se deve agir com certa cautela para não minimizar e nem

maximizar a definição de alfabetização, cometendo os mesmos equívocos que foram

abordados.

Para associar a relevância da alfabetização na concepção do letramento,

compete antecipadamente se conceituar o letramento:

[...] exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se

letramento, que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou

escrever para atingir diferentes objetivos – para informar ou informar-se, para

interagir com outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar

conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se,

para apoio à memória, para catarse...; Habilidades de interpretar e produzir

diferentes tipos e gêneros de textos; habilidades de orientar-se pelos

protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos,

ao escrever; atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse

e prazer em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita para encontrar ou

fornecer informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma

diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor.

(SOARES, 2003, p. 91-92)

Na definição está atrelado o letramento como base principal a aplicação na

escrita eficiente, como instrumento vital em todas as atividades sociais. Observou-se

que para a autora, a pessoa letrada é dependente inercialmente da obtenção da

escrita, ou seja, alfabetizado. Analisando o letramento na concepção relacionada com

o dia a dia, Marcuschi reforça com o seguinte aporte:

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O letramento, por sua vez, envolve as mais diversas práticas da escrita (nas

suas variadas formas) na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima

da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em

que identifica o valor do dinheiro, identifica o ônibus que deve tomar,

consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir as mercadorias pelas

marcas etc., mas não escreve cartas nem lê jornal regularmente, até uma

apropriação profunda, como no caso de indivíduos que desenvolve tratados

de Filosofia e Matemática ou escreve romances. Letrado é o indivíduo que

participa de forma significativa de eventos de letramento e não apenas aquele

que faz o uso formal da escrita. (MARCUSCHI,2008, p. 25).

O autor explica que o letramento num cenário amplo, compreendo-o como um

procedimento que acontece independente do sujeito está ou não alfabetizado. Anterior

a aquisição das habilidades linguística escrita, o sujeito pode ser atingido por um

contato com objetos escritos, criando uma primeira intimidade com o código

ortográfico. Após a diferenciação dos dois conceitos, aborda-se questões da

alfabetização na concepção do letramento. Conforme Soares:

Alfabetização e letramento são, pois, processos distintos, de natureza

essencialmente diferente; entretanto, são interdependentes e mesmo

indissociáveis. A alfabetização – a aquisição da tecnologia da escrita – não

precede nem é pré-requisito para o letramento, isto é, para a participação em

práticas sociais de escrita, tanto assim que analfabetos podem ter um certo

nível de letramento: não tendo adquirido a tecnologia da escrita, utilizam-se

de quem a tem para fazer uso da leitura e de escrita; além disso, na

concepção psicogenética de alfabetização que vigora atualmente, a

tecnologia da escrita é aprendida não como em concepções anteriores, com

textos construídos artificialmente para a aquisição das “técnicas” de leitura e

de escrita, mas através de atividades de letramento, isto é, de leitura e

produção de textos reais, de práticas sociais de leitura e de

escrita.(SOARES,2003, p.92)

Observou-se que trata-se de fenômenos distintos, mais se processam de

maneira simultânea, devido a características que ao se integrar, contribuem tanto na

obtenção do domínio da linguagem escrita como da habilidade que o sujeito tem para

ler o mundo com ferramentas interdisciplinares, por meio do avanço de habilidades

relacionadas a subjetividade e a capacidade de reflexão, criticidade e construção. A

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dificuldade é que o letramento é desvirtuado ao passo que se confunde com o

procedimento de alfabetização. Conforme Viegas:

É importante destacar que letramento não é um método. A discussão do

letramento surge sempre envolvida no conceito de alfabetização, o que tem

levado a uma inadequada e imprópria síntese dos dois conceitos, com

prevalência do conceito de letramento sobre o de alfabetização. Não

podemos separar os dois processos, pois, a princípio, o estudo do aluno no

universo da escrita se dá ao mesmo tempo por meio desses dois processos:

a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e da escrita,

o letramento. (VIEGAS,2007, p. 2)

A ausência de um senso ou compreensão entre o universo do letramento e da

alfabetização é um dos grandes obstáculos encontrados no caminho dos professores

e da escola, de maneira que a conscientização sobre o valor dessas duas etapas

carece de uma reflexão e reformulação nas suas interpelações.

2.2 Pontos Importantes acerca da Educação de Jovens e Adultos

Por vários anos, os ingressos na modalidade de Educação para Jovens e

Adultos – EJA, foram tidas como uma etapa escolar, sendo analisada com uma ótica

de alunos evadidos, reprovados, defasados, com problemas de frequência, de

aprendizagem, entre outros (SOARES, 2010). Essa ótica se deu devido a uma

conjuntura de padrões e de estereótipos construídos pela sociedade que dificultam a

compreensão sobre os jovens e adultos que estão ingressos nessa modalidade de

ensino, respeitando suas peculiaridades, que segundo Dayrell (2005), pode ocorrer

uma análise negativa.

Formam-se as turmas da modalidade ensino em Educação de Jovens e Adultos

com pessoas regressas a escola ou de chegada tardia, conforme a diretrizes oficiais

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de ensino, carregando um sentimento de inferioridade por um histórico de insucesso

educacional socialmente almejado, expondo dificuldades iguais em se tratando da

obtenção de conhecimentos, transportando em si uma filosofia de incapacidade e

incompetência perante o processo de aprendizagem.

É comum a repetição de testemunhos de negação de direitos advindo dos

jovens e adultos, envolvendo aspectos como raça, gênero, classe social e outros.

Aspecto que leva a considerar necessário apropriar-se da Educação de Jovens e

Adultos como uma política assertiva, como um dever do estado e conjunto com a

sociedade e a pedagogia (ARROYO, 2006). Razões como essa traz a relevância em

identificar o perfil desse público, o que torna necessário o conhecimento da vida,

trajetória, obstáculos e motivos que os afastam do ensino regular, EJA e outras

modalidades de ensino.

Compreendendo que os alunos da Educação de jovens e adultos são

detentores de experiências diversas, se faz necessário que o educador tenha uma

formação especifica para a sua atuação pedagógica (SOARES, 2009), conhecendo

bem o perfil dos alunos com quem irá interagir. Assim, observa-se que o perfil do aluno

da Educação de Jovens e Adultos vem sendo um dos principais aspectos de debates,

já que para se conhecer a esse perfil é necessário compreender o ambiente no qual

o mesmo está inserido.

2.3 Alfabetização e letramento para os alunos da Educação de Jovens e

Adultos

Frequentemente o público da Educação de Jovens e Adultos – EJA, é

composta por trabalhadores que necessitam suprir necessidades básicas à

sobrevivência, de origem humilde e inseridos nas classes mais baixas da sociedade,

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usufruindo de um mínimo ou nada de oportunidades de aprendizagem escolar, criando

barreiras a possibilidades de acessão social.

Assim, a educação para esse público deve ser planejada de uma maneira

diferente da tradicional, aproximando os conteúdos a propostas metodológicas que

favoreçam o processo de aprendizagem, já que esses alunos são cicatrizados por

experiências de conhecimentos ainda não sistematizados.

O aluno não alfabetizado é um sujeito letrado, que não detém instrução formal.

Isso só é possível graças a um convívio com a sociedade, que propõem a

compreensão dos objetos ao seu entorno. Porém isso não é suficiente para

transformá-lo em um indivíduo capacitado a vivenciar uma cultura interdisciplinar

plena, baseada na escrita e na interação com o mundo globalizado.

Um dos motivos que levam o retorno do aluno a escola é a aquisição de

conhecimento para se tornar competitivos no mercado de trabalho, valorizados

perante a sociedade, exercendo a sua cidadania e ampliando a sua vivencia social,

visando sempre a aquisição de novos conhecimentos (interdisciplinaridade) e uma

formação sólida, capaz de igualar os sujeitos em condições mais favoráveis.

Esses indivíduos passaram a observar o mundo, e visualizaram um

distanciamento das informações importantes do seu dia a dia. Além de que novos

conhecimentos fomentam o desenvolvimento de potenciais habilidades que motivam

uma trajetória escolar. Conforme Rego:

O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto sócio cultural

em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e dialética)

através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas

reorganizações por parte do indivíduo. (REGO,2000, p. 59)

Com isso, a escola deve ser um espaço que proporcione inquietudes e

reflexões positivas a um ciclo de ideias interligadas com os conhecimentos diversos,

promovendo uma leitura do mundo e ampliação da cultura, da intelectualidade e do

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desenvolvimento pessoal do indivíduo. Com tudo, é de grande relevância a

contextualização da realidade do aluno provocando o aumento do rendimento escolar

e a redução da evasão que estão presentes na modalidade de Educação de Jovens

e Adultos.

Vários fatores auxiliam no fracasso e evasão identificada na Educação de

Jovens e Adultos, a quais Soares (2010) cita: cansaço devido a jornada de trabalho,

problemas familiares, questões de ordem financeiras e emocionais, desinteresse tanto

dos alunos quanto dos professores, aulas no horário em que muitas vezes seria para

o descanso e o lazer, entre outros. Relacionado aos educadores, que em muitos casos

não tem a formação necessária, são ausentes de flexibilidade em seus planejamentos,

não aproveitam o conhecimento prévio do educando, que se aproveitados daria um ar

mais rico ao ambiente de aprendizagem.

É de se pesar que a metodologia dessa modalidade muitas vezes é

negligenciada pelos formadores de professores, tratando as vezes como uma

adequação de conteúdos da educação básica, práticas que geram um sentimento de

exclusão, como se a escola não estivesse interessada neste público, por isso a

Educação de Jovens e Adultos requer um currículo próprio, que reconheça sujeitos

de conhecimento e aprendizagem.

Deve se estabelecer uma relação de parceria entre professor e aluno,

estabelecendo um espaço para o diálogo e fomentar uma nova visão do mundo e da

realidade a qual estar inserido. Segundo Freire (2006, p. 68), “[...] o trabalho de

alfabetização, na medida em que possibilita uma leitura crítica da realidade, se

constitui como importante instrumento de resgate da cidadania [...].” Inovação é uma

proposta, acrescentando as práticas tradicionais de aprendizagem o exercício do

pensar, conhecendo aspectos interdisciplinar presentes dentro e fora dos muros da

escola. Segundo Viegas (2007, p.4) “O ensino da leitura e da escrita deve ser

entendido como prática de um sujeito agindo sobre o mundo para transformá-lo e,

para, através da sua ação, afirmar a sua liberdade e fugir à alienação.”

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3 A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NA SISTEMATIZAÇÃO DA

INTERVENÇÃO DIDÁTICA NO EJA

O processo de planejamento de uma intervenção didática tem uma grande

relevância para sua implantação, o educador deve elaborar um plano de acordo com

o objetivo do trabalho. Segundo Soares (2010) é necessário a definição de três pontos;

o que quero ensinar, como cada aluno aprende e como será feito o acompanhamento

e avaliação dos alunos, principalmente quando se trata de uma turma tão heterogênea

como a de EJA. Surgindo aqui um dos grandes obstáculos da organização e do

planejamento dessa ação, o estabelecimento do cronograma com o tempo necessário

para a execução das atividades e dos temas específicos e interdisciplinares.

Deve se incluir em primeiro momento as habilidades e competências, conceitos

e noções, conteúdos e metas que darão base ao processo de construir o projeto de

intervenção. Posteriormente se pensa nas ações que surgem a partir da compreensão

de como os alunos aprendem.

Os conteúdos, os objetivos, os recursos didáticos, tudo tem que ser pensado

quando se organiza uma intervenção didática e aplicado para que o aluno se torne

agente ativo da construção do seu conhecimento. (ZABALA, 1998). O que o autor

propõe trata-se de uma reflexão que tem como atenção especial o indivíduo, onde a

aprendizagem seja democratizada e com acesso disponível a todos, com uma

formação integral.

O levantamento prévio dos conhecimentos dos educandos auxilia na

organização e no planejamento do projeto, garantindo intervenções que superem os

problemas e os desafios em atividades diversificadas e multidisciplinares como jogos,

diferentes linguagem e gêneros de textos, reflexão e analise. Paulatinamente

ampliando o grau de complexidade das ações e aprofundamento dos temas

propostos, construindo conhecimentos cada vez mais sólidos.

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Segundo Libâneo;

Em síntese, podemos dizer que, talvez, uma das qualidades mais importantes

do professor seja a de saber lançar pontes (ligações) entre as tarefas

escolares e as condições prévias dos alunos para enfrentá-las, pois é daí que

surgem as forças impulsoras da aprendizagem. O envolvimento do aluno no

estudo ativo depende de que o ensino seja organizado de tal forma que as

“dificuldades” (na forma de perguntas, problemas, tarefas, etc.) tornem-se

problemas subjetivos na mente do aluno, provoquem nele uma “tensão” e

vontade de superá-las. (LIBÂNEO,1994, p. 95)

Se convém observar que a relevante relação de professor e aluno é capaz de

atribuir significado e despertar a curiosidade do aluno pela aquisição de

conhecimentos, atividades e conteúdo. Ao passo que o professor compreende e

aprofunda seu conhecimento nos objetivos do trabalho, terá a competência de galgar

uma escada enriquecedora de conhecimento.

O projeto que tem como meta a consideração do modo de aprendizagem do

aluno, supre a necessidade inserida na intervenção. Uma compreensão assertiva dos

processos de aprendizado considera os parâmetros psicopedagógicos do sujeito,

compreendendo o modo de como se origina o conhecimento, tornando-o algo possível

e acessível.

Na visão construtiva, a aprendizagem se constitui com a maximização da

integração entre os conhecimentos prévios e os conhecimentos interdisciplinares,

onde a união desses dá espaço a um pensamento cada vez mais complexo.

Becker diz que:

[...] a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que,

especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como

algo terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico

e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se

constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia.

(BECKER,1992, p. 88)

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Presume-se que nosso sistema cognitivo é uma teia de conhecimentos

interligados que se constrói e se reconstrói a cada informação nova. Com esta visão

a aprendizagem é sinônimo de uma cadeia de processos que utilizam a nova

informação adaptando e modificando-a conforme a necessidade e seu conhecimento

anterior.

O construtivismo dá aos professores e aos alunos os papeis principais nesse

contexto, pois o aluno é o sujeito construtor do conhecimento, e do outro lado temos

o professor como intermediador de um ambiente favorável a esse processo, através

da seleção e exposição dos conteúdos e aplicando conforme o jeito próprio que o

aluno tem de aprender.

O professor é o personagem responsável pela motivação e estimulo do aluno,

mostrando que ele é capaz de mobilizar e agregar novos conhecimentos. Dentro

desse contexto, Zabala (1998, p. 38) afirma que “(...) a situação de ensino e

aprendizagem também pode ser considerada como um processo dirigido a superar

desafios, desafios que possam ser enfrentados e que façam avançar um pouco mais

além do ponto de partida.”

Com essa visão, o processo de intervenção didática irá auxiliar o processo de

construção do conhecimento amplo e multidisciplinar, pois é a visão do aluno em

relação a escola que orienta e influencia diretamente o seu processo de

aprendizagem.

3.1 A Prática pedagógica de seleção e organização de conteúdos

Esclarecer o que se deve aprender na escola não é algo fácil de se tratar,

cautela é algo preciso, tendo a percepção de que os conteúdos devem ser

interdisciplinares, envolvendo grande variabilidade de técnicas, competências,

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atitudes e conceitos. Decisões essas que darão resposta as questões essenciais que

atravessam a educação. É imprescindível estabelecer aos alunos que conteúdos tem

relevância no aprendizado, e que tipo de conhecimento é necessário para se alcançar

o futuro almejado. Não quer dizer que se formará uma linha de montagem com alunos

padrões, mais facilitará a organização e planejamento do projeto, formando cidadãos

que atendam a demanda pessoal e social.

O fracionamento dos conteúdos conforme uma classificação de tipos,

proporciona a precisão as metas educativas de cada área, assim ficará mais facilitada

o entendimento sobre as semelhanças existentes em cada disciplina aprendida e

ensinada. Zabala (1998), alerta para o fato de que essa divisão é uma construção

intelectual, utilizada para facilitar a compreensão dos processos cognitivos, pois a

aprendizagem ocorre de forma integral e os conteúdos estão sempre interligados.

Segundo Soares (2010), os conceitos são um conjunto de fatos, objetos ou

símbolos agrupados por características comuns. Analisando os conceitos podemos

ver que seu princípio só será bem assimilado quando se há a capacidade de utiliza-lo

em qualquer situação, podendo os conceitos fazerem parte de uma aprendizagem que

não se finaliza, que tem a capacidade de estar agregando novos valores e significados

possibilitando a ampliação constante.

Conteúdos que requerem um saber fazer são conferidos na prática, a esse

chamamos de conteúdos procedimentais, um grupo de atividades que tem um objetivo

prático, como; calcular, traduzir, desenhar, ler, recortar, etc, conteúdos práticos com

ações diferentes caracterizando um ensino especifico em cada competência. A

consciência que o aluno tem de seu papel é de grande importância para sua atitude e

reflexão.

Os conteúdos atitudinais são classificados conforme os valores, atitudes e

normas, a qual se tem como exemplo a cooperação, solidariedade, trabalho em

equipe, respeito e ética (SOARES, 2010). É com esse tipo de conteúdo que as

relações afetivas e a convivência são reforçados, portanto, tem grande efeito na

Educação de Jovens e Adultos.

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Ao se tratar da organização dos conteúdos, três métodos merecem destaque:

propostas disciplinares, os métodos globalizados e o enfoque globalizado. Quanto

mais integrados estiverem os conteúdos, mais fácil será o entendimento dos alunos,

garantindo uma aprendizagem mais valiosa aos mesmos.

Anteriormente a organização dos conteúdos se davam em uma perspectiva

tradicionalista, onde cada disciplina era isolada em seu universo, não ocorrendo a

inter-relação entre seus conteúdos, ainda comum nas redes públicas de ensino, o que

não gera um resultado sólido, mais sim um conhecimento baseado na

superficialidade.

Foram realizadas novas propostas de metodologias de aprendizado,

relacionando os conteúdos em sua organização promovendo uma compreensão

ampla das ciências, dando origem a relação das disciplinas em três níveis:

multidisciplinaridade, onde os conteúdos se dão independentes mais de maneira

simultânea somando-se uma a outra em sua organização; interdisciplinaridade, onde

se estabelece a comunicação entre as matérias sem que se presa suas

características; e transdisciplinariedade, é o topo da relações entre as matérias, uma

integração global e totalizador.

O desenvolvimento das metodologias de organização de conteúdos facilitou a

associação entre os conteúdos de maneira mais eficiente, potencializando o processo

de aprendizagem.

A metodologia globalizadora tem como objetivo a formação de cidadãos

pensantes e interativos com o meio, solidários a vida e capazes de “aprender a

aprender” atuando no seu ambiente. Esta metodologia de organização de conteúdos

está focalizada em uma perspectiva direcionada a integração dos conteúdos com a

realidade em que a Educação de Jovens e Adultos está inserida.

Esse novo enfoque trás o aluno como o protagonista da sua história, tendo a

aprendizagem três princípios como pontos de origem para que a ação do professor

seja mais edificante: situação próxima à realidade, conteúdo interessante para o aluno

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e elaboração de situações que estimulem a busca por respostas. Trabalhando esse

novo enfoque o professor tem que ter a compreensão de que os conteúdos estão

interligados, sua divisão é realizada somente para a facilitação das estruturas

disciplinares.

3.2 As contribuições dos Paramentos Curriculares Nacionais

No ano de 1995 deu-se início ao procedimento de produção dos Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCN’s, editado em 1997, com os objetivos de originar um

conteúdo referencial e auxiliar aos professores na produção de projetos educacionais,

planejamento de aula, analise de conteúdos para propostas de atividades

educacionais e utilização dos recursos didáticos.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais há a percepção da relevância das

ações pedagógicas dos educadores, evidenciando as urgências dos mesmos

mediarem a educação com qualidade, reconhecendo que essa educação está

atrelada a metodologia utilizada nas ações dos professores focadas na integral

formação do educando.

Os parâmetros curriculares nacionais são utilizados pelos professores para:

[...] auxiliá-lo na execução de seu trabalho, compartilhando seu esforço diário

de fazer com que as crianças dominem os conhecimentos de que necessitam

para crescerem como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de

seu papel em nossa sociedade. (PCN,1997, p. 4)

Os PCN’s são um referencial que foi produzido como proposta de auxiliar o

trabalho dos professores, norteando e fomentando os debates e pesquisas ligados a

educação. Se tornando necessário até aos professores que estão inseridos em um

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ambiente de difícil atualização, pois a meta principal é a educação de qualidade para

todos.

Ao tratar sobre as práticas educativas, o PCN propõe a reflexão por parte dos

professores sobre essas ações direcionando elas aos alunos e sua realidade,

orientando uma educação que abraça todos os aspectos de aprendizagem. Se

observa que não se argumenta apenas a organização dos conteúdos mais busca-se

uma proposta contribuinte a formação de indivíduos autônomos, formadores de

opiniões, compreendendo seus direitos e deveres, visando membros atuantes da

sociedade, participativos e promotores da transformação social.

O PCN não deve ser visto apenas como um manual mais sim como um

instrumento de suporte educacional na construção de planos e ações que construa

um conhecimento sólido a respeito de temas de relevância, e a reflexão permanente

sobre a práticas pedagógicas dos educadores, adaptando aos aspectos de ordem

política, econômica, ambiental e social.

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4 AVANÇOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Visando alcançar os objetivos deste estudo, é que se definiu o desenvolvimento

de uma pesquisa de cunho qualitativo. Metodologia que propõe o contato do

pesquisador com o ambiente e a realidade a qual está sendo investigado por

intermédio do estudo em campo. A pesquisa qualitativa em educação, segundo

Bogdan e Biklem, (apud LUDKE E ANDRÉ, 1986), apresenta cinco características

básicas:

1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de

dados e o pesquisador como seu principal instrumento;

2. Os dados coletados são predominantemente descritivos;

3. A preocupação com o processo é maior que com o produto;

4. O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de

atenção especial do pesquisador;

5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.

O ambiente selecionado para a realização da pesquisa foi a Unidade Integrada

Professora Ercília Bento, da rede pública e municipal de ensino, situada na Vila Nova

na cidade de Porto Franco, estado do Maranhão. Os indivíduos da pesquisa foram os

professores inseridos na Educação de Jovens e Adultos. A pesquisa teve duração de

quarenta e cinco dias entre os meses de Outubro e Novembro do ano de 2015, através

de visitas periódicas.

Com os objetivos de coletar dados necessários ao estudo, utilizou-se a

observação e a entrevista, registro das informações levantadas por intermédio de um

diário de campo e os depoimentos dos professores. O procedimento de transcrição

de todos os dados obtidos foi classificado de acordo com as categorias estabelecidas

por conceitos.

Assim, a produção dessa pesquisa objetivou apresentar parte da experiência

adquirida pelo processo de observação e a relação com a teoria que aborda a temática

e as conclusões sobre a mesma.

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4.1 Caracterização do ambiente de pesquisa

A escola recebeu esse nome em homenagem a professora ERCÍLIA BENTO

PEREIRA, nascida em 15 de julho de 1921, na localidade Nazaré, Município de Porto

Franco - MA. Filha de Luiz Bento Pereira de Maria Ferreira Lima. Casou-se civilmente

ainda muito jovem com o Sr. Argemiro de Farias Pimentel, em 08 de dezembro de

1942, com o qual não conviveu.

Mais tarde, teve como segundo esposo, o Sr. Euclides Franco e, com nenhum

dos dois maridos, conseguiu ter filhos. Cursou o primeiro grau menor na Escola Batista

Minilandro no período de 1934 a 1938. Muito cedo exerceu o cargo de professora da

rede municipal de ensino em algumas fazendas deste município, tais como:

Domingos, Grota Chata e Boa Esperança.

Foi incansável profissional no exercício de suas funções de magistério e

notabilizou-se pela sua austeridade e dedicação. Seu árduo trabalho foi grandemente

benéfico para a comunidade portofranquina, aonde chegou a lecionar no Grupo

Escolar “Clarindo Santiago”, na Escola Bento Neves e na Escola Artur Milhomem,

educando jovens e crianças, sendo por todos tratada com respeito e admiração. Era

uma eterna apaixonada pela profissão e ao construir a Escola da Vila Nova, o Prefeito

Deoclides Antônio Santos Neto deu a mesma, como forma de reconhecimento e

gratidão pelo muito que a grande educadora fez por sua terra natal, o nome de Escola

Professora Ercília Bento.

(Fonte: Pesquisa de campo realizada pela professora Eva Marinho Rodrigues, em 09/05/1995).

4.2 Teorizando a Prática

A observação dos dados se deu por meio da sistematização dos resultados

sustentado no referencial teórico, utilizando a entrevista como principal instrumento

de pesquisa. Inicialmente buscou-se a compreensão da perspectiva do professor

sobre o ato de educar, onde pode se observar a seguinte frequência de respostas:

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a. Alfabetização trata-se de um sistema de ensino de escrita e leitura;

b. Educar os alunos através do alfabeto;

c. Proporcionar aos alunos um espaço favorável a humanização, e uma leitura

ampla do mundo através da inter-relação de conteúdos e práticas

educativas.

Observa-se que o padrão frequente de concepção sobre a alfabetização é o

conceito reducionista e mecânico da educação observada por Paulo Freire (1983),

visão essa que foge totalmente da proposta de desenvolvimento das habilidades do

sujeito com a escrita e leitura contextualizando com a sua realidade e utilizando

elementos familiares ao educando.

Quando a questão se refere ao ato de letrar o padrão de resposta apresenta

uma confusão da maioria dos professores que denotam um conceito tradicionalista de

codificação de decodificação de sinais.

a. Letrar significa amplificar a visão do mundo, através dos conhecimentos de

sua cultura.

b. Conscientizar indivíduos da estrutura do alfabeto e como utiliza-lo.

c. Decodificar os sinais, conhecendo-os e identificando-os conforme a

linguagem local.

Nesta concepção se fomenta ao educando previamente a domínio da escrita o

envolvimento de atividades sociais de leitura e escrita com recursos ligados ao

contexto em que o aluno está inserido, valorizando sua experiência e conhecimentos

adquiridos em sua vida.

O terceiro questionamento refere-se a distinção feita pelos professores entre o

ato de letrar e de alfabetizar, o que concluiu-se que os mesmos não realizam uma

distinção entre os dois conceitos.

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a. A diferença entre alfabetizar e letrar trata-se da possibilidade do sujeito

aprender a ler sem a compreensão do que se está lendo e seu contexto

cultural.

b. Ensinar o alfabeto e como utiliza-lo

c. Trata-se do domínio por inteiro das etapas de alfabetização, com a

aquisição da habilidade de leitura, escrita, cálculos e interpretação.

É preocupante como se estabeleceu um pensamento distorcido relacionado ao

conceito de letramento, sendo algo amplo e favorável por oportunizar a aprendizagem

ao sujeito sobre o mundo e sua contextualização.

Por seguinte observa-se a compreensão que os professores têm de

alfabetização na percepção do letramento.

a. Alfabetizar letrando é oferecer ao aluno a oportunidade de adquirir

habilidades de leitura e escrita tem como base a cultura.

b. Letramento é sinônimo de apropriação do alfabeto

c. Compreender o ponto de partida de todas as etapas para visar novos

conhecimentos com conquista e produção.

Observou-se que os professores não aplicam em suas atividades ações

simultâneas de alfabetização e letramento, porém essa prática possibilita o sujeito de

vivenciar a leitura e a escrita nos mais variados cenários do seu dia a dia, deixando

de lado a prática mecânica e se tornando consciente do conhecimento adquirido.

Segundo Soares (2010) Alfabetização e letramento são processos

independentes e indissociáveis. Por isso alcançar a alfabetização dos alunos da

Educação de Jovens e Adultos seria uma garantia da ampliação da qualidade de

ensino aos beneficiários dessa modalidade de ensino.

O seguinte questionamento teve como objetivo analisar a compreensão dos

professores em relação ao trabalho de intervenção didática, identificando o que

significar para os mesmos.

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a. Intervenção didática é uma proposta direcionada a fomento da

aprendizagem conforme a necessidade do sujeito.

b. Intervenção que possibilita a interação e a construção do conhecimento.

c. Proposta de apoio e suporte que facilita o processo de aprendizagem.

Na última análise da entrevista listou-se os desafios vivenciados pelos

professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos, que detém certa

unanimidade no interesse de manter o aluno inserido na modalidade de ensino e a

frequência nas aulas.

a. O maior desafio que os professores se deparam atualmente na educação

de jovens e adultos é o velho hábito da camaradagem citado por Paulo

Freire onde tudo se aprende.

b. Manter os alunos frequentes e interessados.

c. Fazer com que o aluno permaneça na escola reduzindo a evasão e

despertar interesses aos mesmo, trabalhando com um planejamento que

contemple a realidade do aluno.

A evasão está associada a uma diversidade de aspectos que levam ao

desinteresse estudantil em frequentar a sala, que está repleta de aulas “chatas e

tediosas”, exigindo do professor que atua nesta modalidade de ensino propostas

significativas e atraentes, contemplando a realidade dos alunos, para que os mesmos

sejam estimulados.

A confusão gerada nos conceitos de alfabetização e letramento indicam que a

educação atualmente precisa abrir-se a uma reflexão sobre o ato de alfabetizar de

maneira que desenvolva questões referentes a importância da aquisição de

conhecimento e habilidade de escrita e interpretação dos diversos conteúdos que

auxiliam a formação integral do sujeito.

No que diz respeito ao trabalho de intervenção didática e os critérios utilizados

para selecionar e organizar os conteúdos percebe-se uma grande falha, não há

planejamento por parte de algumas professoras, chega ser uma imprudência. Como

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atingir os objetivos sem planejar? Como garantir eficácia do ensino sem intenções?

Dificilmente o professor desenvolverá um bom trabalho sem planejamento, o que não

quer dizer que ele tenha que seguir um modelo pronto e acabado, ao contrário, o

professor deve refletir didaticamente sobre sua prática, pensar no cotidiano sobre o

saber fazer em sala de aula, para não escorregar na mesmice metodológica de

utilização dos mesmos recursos e das invariáveis técnicas de ensino. (LEAL,2006,

p.4-5, apud SOARES, 2010).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação não é imparcial, por meio das atividades e metodologias observa-

se uma visão sobre a relevância atribuída a educação e aos diversos sujeito a qual

pretende-se formar. Assim surge de caráter indispensável a reflexão sobre a ação do

docente e a importância de sistematizar e organizar os conteúdos e propostas

pedagógicas.

Porém, visualiza-se com o estudo que o ambiente em que o professor se

encontra não dá a devida importância sobre o seu papel no processo de ensino e

aprendizagem. Algo negativo, pois a figura do educador é a básica na transformação

do ensino por intermédio das práticas inovadoras e coerentes com a realidade dos

alunos ao se tratar da Educação de Jovens e Adultos. A intervenção com atitude

empreendedora recebe destaque quando se alcança as metas de ensino, por isso que

o planejamento trata-se de uma das etapas primordiais nesse processo. Tavares diz

que:

A intervenção como prática pedagógica somente se constitui como processo

de ensino-aprendizagem quando está atrelada a um planejamento com

delimitação de objetivos e de práticas pedagógicas contínuas disponíveis à

avaliação e à reavaliação possibilitando uma sistematização das práticas de

ensino-aprendizagem. Se as ações de intervenção não são planejadas e

avaliadas, estas passam a ser ações interventivas fragmentadas e imediatas.

Ações que se tornariam processo se fizessem parte de um planejamento com

objetivos, conteúdos, métodos e avaliações definidas e inter-relacionadas.

Sem uma articulação entre as partes de um planejamento fica bem mais difícil

para os professores criarem estratégias que explorem e valorize suas ações

interventivas. (TAVARES,2008, p. 56)

De certo que esse processo demanda tempo, por isso se tem urgência em se

adotar uma atitude inovadora e prática, alternado as propostas, deixar para atrás a

concepção de transmissor de conhecimento, e amplificar o contexto desafiador na

formação de jovens e adultos multidisciplinares, modificares de um passado de

sentimento distorcidos.

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Com os resultados da pesquisa, concluiu-se que é necessário a existência de

uma aproximação do campo educacional com os conceitos abordados de maneira

teórica e prática. Percebeu-se que os educadores não compreenderam a sutil

diferenciação entre a alfabetização e o letramento, ocorrendo um equívoco nas

respostas dadas, se a realidade fosse diferente os professores estariam adequando

suas estratégias com esses conceitos. Assim pode-se citar os conceitos de letramento

e alfabetização:

[...] distingue essas duas concepções enfatizando que alfabetização e

letramento são processos distintos, de natureza interdependente e

indissociável. A alfabetização não precede, nem é pré-requisito para o

letramento, pois pessoas analfabetas, por estarem inseridas no contexto

letrado, possuem um nível de letramento, o que pode ser visto como uma

consequência da imersão na cultura letrada. A alfabetização faz parte de um

contínuo linear, com limites claros. Passa-se de analfabeto a alfabetizado. Já

o letramento é um processo contínuo não-linear, multidimensional, ilimitado,

sempre em permanente construção. (SOARES,2003, p. 93)

Ao se diferenciar os dois conceitos, os professores da Educação de Jovens e

Adultos, estarão constantemente motivados a situações novas de aprendizagem,

fazendo uso do contexto social e do cotidiano dos alunos, se desprendendo do

universo onde se ocorria somente leitura e escrita.

Portanto é oportuno afirmar que este estudo acomodou diversas reflexões,

recebendo destaque o perfil pretendido. Expôs a diferenciação entre ser professor e

educado, de educar e de ensinar. Ser um educador é ter consciência de uma grande

responsabilidade com um bem maior, o bem comum, de doar sempre, e observar a

realidade atendendo as necessidades dos alunos, sendo flexível e ter amor pelo que

faz.

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VIEGAS, Ilana da Silva Rebello. O papel social da leitura e da escrita: ser

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APÊNDICES

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Apêndice 01 – Roteiro de Entrevista

1 - Para você o que significa alfabetizar?

2 - Para você o que significa “letrar”?

3 - Quais as diferenças entre alfabetizar e “letrar”?

4 - Como alfabetizar “letrando”?

5 - O que você entende por intervenção didática?

6 - Para você, qual o maior desafio do professor na educação de jovens e adultos?

Fonte: Soares (2010)

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Apêndice 02 - Entrevista com a Direção e professores da Unidade Integrada

“Professora Ercília Bento”

Fonte: Romário Cruz

Apêndice 03 - Quadro memorial da Professora Ercília Bento

Fonte: Romário Cruz