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A Ética de Kant: Uma moral do Dever

A moral de Kant

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A ética deontológica de Kant.

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Page 1: A moral de Kant

A Ética de Kant:Uma moral do Dever

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Para Kanto homem é um sercom uma dupla natureza:

- uma dimensão animal e natural, sujeita ao determinismo natural, condicionada.

- e uma dimensão dimensão racional,racional, independente dos sentimentos e dos instintos animais, incondicionada, verdadeiramente livre.

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Na sua dimensão condicionada, o ser humano é parte da NaturezaNa sua dimensão condicionada, o ser humano é parte da Naturezae está sujeito à irracionalidade dos sentimentos e dos interesses e está sujeito à irracionalidade dos sentimentos e dos interesses egoístas egoístas que fazem com que cada pessoa se encare a si própria como que fazem com que cada pessoa se encare a si própria como estando separada de todas as outras, sendo levada a satisfazer os estando separada de todas as outras, sendo levada a satisfazer os seus desejos de forma egoísta e interessada (interesseira, seus desejos de forma egoísta e interessada (interesseira, também).também).A este nível, o grande objectivo da vida parece ser a A este nível, o grande objectivo da vida parece ser a felicidade. felicidade. Se só existisse esta dimensão do ser humano, as éticas Se só existisse esta dimensão do ser humano, as éticas teleológicas seriam as únicas viáveis...teleológicas seriam as únicas viáveis...

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Mas na sua dimensão incondicionada, o ser humano é livre, Mas na sua dimensão incondicionada, o ser humano é livre, depende inteiramente da sua Razão para fazer as suas depende inteiramente da sua Razão para fazer as suas escolhas morais, não estando submetido, nem ao escolhas morais, não estando submetido, nem ao determinismo natural, nem ao despotismo dos desejos e dos determinismo natural, nem ao despotismo dos desejos e dos interesses egoístas, particulares e reféns de uma retribuição interesses egoístas, particulares e reféns de uma retribuição que, mesmo quando ocorre, não satisfaz plenamente o que, mesmo quando ocorre, não satisfaz plenamente o sujeito, pois o ser humano só se realiza plenamente se for sujeito, pois o ser humano só se realiza plenamente se for autónomo, ou seja, se submeter as suas decisões à sua autónomo, ou seja, se submeter as suas decisões à sua Razão...Razão...

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A Razão pode escolher sem estar submetida às condições A Razão pode escolher sem estar submetida às condições materiais da existência humana, porque possui a possibilidade materiais da existência humana, porque possui a possibilidade de fundar as tomadas de decisão em princípios de fundar as tomadas de decisão em princípios a priori, a priori, ou seja, ou seja, princípios que não derivam da experiência sensível (que abarca princípios que não derivam da experiência sensível (que abarca a experiência individual e o senso comum). a experiência individual e o senso comum). Kant defende que a moral não é axiológica, ou seja, não Kant defende que a moral não é axiológica, ou seja, não depende de valores (pois estes estão ligadas à cultura de cada depende de valores (pois estes estão ligadas à cultura de cada sociedade). A Razão é superior aos valores e permite ao homem sociedade). A Razão é superior aos valores e permite ao homem submeter-se a uma legislação que ele próprio cria ao guiar-se submeter-se a uma legislação que ele próprio cria ao guiar-se exclusivamente pela sua Razão...exclusivamente pela sua Razão...

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A Razão formula de forma totalmente incondicionada, a A Razão formula de forma totalmente incondicionada, a Lei Lei MoralMorale o ser humano deve orientar as suas escolhas morais pela e o ser humano deve orientar as suas escolhas morais pela ideia deideia de Dever Dever que assenta na obediência a essa Lei que assenta na obediência a essa Lei a prioria priori

e essa obediência não é uma limitação da liberdade, mas, e essa obediência não é uma limitação da liberdade, mas, pelo contrário, a garantia de que somos sempre livres ao pelo contrário, a garantia de que somos sempre livres ao agirmos, uma vez que nos guiamos pela nossa Razão e não agirmos, uma vez que nos guiamos pela nossa Razão e não estamos submetidos à irracionalidade das nossas estamos submetidos à irracionalidade das nossas tendências animais e egoístas...tendências animais e egoístas...

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O Dever Moral apresenta-se ao ser O Dever Moral apresenta-se ao ser humano sob a forma de um humano sob a forma de um Imperativo que expressa o Imperativo que expressa o conteúdo incondicionado da Lei conteúdo incondicionado da Lei Moral, a que Kant chama Moral, a que Kant chama Imperativo Categórico, pois é um Imperativo Categórico, pois é um mandamento que não depende de mandamento que não depende de condições (se...,então...):condições (se...,então...):

““Age sempre de maneira Age sempre de maneira a que a máxima da tua a que a máxima da tua acção se possa tornar acção se possa tornar numa lei universal, válida numa lei universal, válida para todos os seres para todos os seres racionais.”racionais.”

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O Imperativo Categórico é independente das circunstâncias, sendo O Imperativo Categórico é independente das circunstâncias, sendo válido de forma incondicionada em todas as sociedades e em todas válido de forma incondicionada em todas as sociedades e em todas as épocas. Por isso o que é moralmente necessário hoje, sê-lo-á as épocas. Por isso o que é moralmente necessário hoje, sê-lo-á daqui a cem ou mil anos, aqui, na China ou em Marte se lá existirem daqui a cem ou mil anos, aqui, na China ou em Marte se lá existirem seres racionais (mesmo que tenham muitas pernas ou tenham seres racionais (mesmo que tenham muitas pernas ou tenham formas inusitadas). formas inusitadas).

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Só uma vontade que se submeta de forma incondicionada ao Dever Só uma vontade que se submeta de forma incondicionada ao Dever Moral pode ser designada, com propriedade, como uma Moral pode ser designada, com propriedade, como uma BOA VONTADEBOA VONTADE

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Mas a via moral Mas a via moral preconizada por preconizada por Kant Kant não é fácil:não é fácil:

ela pressupõe que ela pressupõe que abandonemos abandonemos todas as nossas todas as nossas tendências tendências egoístas, mesmo egoístas, mesmo aquelas que nos aquelas que nos são ditadas por são ditadas por sentimentos nobres sentimentos nobres como o Amor ou a como o Amor ou a Compaixão.Compaixão.

Se agirmos Se agirmos por amorpor amor, não estamos a agir , não estamos a agir por dever por dever e, nesse caso, a e, nesse caso, a nossa acção, mesmo que esteja nossa acção, mesmo que esteja conforme ao deverconforme ao dever moral, não tem moral, não tem valor moral, ou seja, mesmo não sendo valor moral, ou seja, mesmo não sendo mámá, não pode ser , não pode ser consideradaconsiderada boa.. boa....

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Vejamos alguns Vejamos alguns exemplos:exemplos:

- No dilema de - No dilema de Henrique: o Henrique: o Henrique, se agir Henrique, se agir por deverpor dever, não , não pode escolher pode escolher roubar o roubar o medicamento, medicamento, porque isso porque isso contraria o contraria o Imperativo Imperativo Categórico, Categórico, uma uma vez que roubar vez que roubar não se pode não se pode tornar numa lei tornar numa lei universal.universal.

- Se o Henrique decidir não roubar o - Se o Henrique decidir não roubar o medicamento, para não ir preso, estão a sua medicamento, para não ir preso, estão a sua acção é acção é conforme ao deverconforme ao dever, mas não foi , mas não foi executada executada por deverpor dever, uma vez que na sua base , uma vez que na sua base está o medo das consequências, que é uma está o medo das consequências, que é uma inclinação sensível...inclinação sensível...

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- No dilema do - No dilema do agulheiro a coisa agulheiro a coisa torna-se ainda mais torna-se ainda mais complicada:complicada:

Se o agulheiro Se o agulheiro mudar o curso do mudar o curso do eléctrico para não eléctrico para não arcar com a arcar com a responsabilidade responsabilidade pela morte de 5 pela morte de 5 pessoas, não está pessoas, não está a agir a agir por deverpor dever......

Mas ao desviar o Mas ao desviar o eléctrico essa acção eléctrico essa acção vai provocar a morte vai provocar a morte de 1 pessoa, e matar de 1 pessoa, e matar não se pode tornar não se pode tornar numa lei universal...numa lei universal...

Podemos sair deste Podemos sair deste impasse moralimpasse moral, , sem romper com a moral deontológica de sem romper com a moral deontológica de Kant?Kant?

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A ética de Kant é A ética de Kant é viável?viável?

Podemos orientar a Podemos orientar a nossa vida por ela? nossa vida por ela?

Mesmo que não seja Mesmo que não seja totalmente viável, totalmente viável, pode ajudar-nos pode ajudar-nos nalgumas nalgumas circunstâncias?circunstâncias?

Gostaríamos de ser tratados pelos outros Gostaríamos de ser tratados pelos outros sempresempre como seres como seres racionais?racionais?

Conseguiríamos realizar-nos como homens e como mulheres, Conseguiríamos realizar-nos como homens e como mulheres, seguindo, de forma rígida, a moral kantiana?seguindo, de forma rígida, a moral kantiana?

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Como seria o mundo se fôssemos todos Como seria o mundo se fôssemos todos kantianos?kantianos?

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A nossa vida seria diferente?A nossa vida seria diferente? Para melhor?Para melhor?

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Seríamos Seríamos melhoresmelhores enquanto seres enquanto seres humanos?humanos?

Ou a espécie Ou a espécie humana, posto que humana, posto que possuímos uma possuímos uma dimensão animal dimensão animal (biológica), estaria (biológica), estaria em perigo de em perigo de extinção?extinção?

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Conseguiríamos extinguir os desejos?Conseguiríamos extinguir os desejos?

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Pensaríamos Pensaríamos num num amanhãamanhã diferente?diferente?

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Fotos: Paulo Feitais

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