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A Nossa Língua Professora Vanda Barreto

A nossa língua

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Documento educativo sobre a História da Língua Portuguesa.

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Page 1: A nossa língua

A Nossa Língua

Professora Vanda Barreto

Page 2: A nossa língua

Conceitos: Linguagem e Língua

• Linguagem

• meio e processo de comunicação entre seres humanos, animais ou máquinas.

• Língua Verbal

• meio de comunicação através do qual os seres humanos partilham informação,

saúdam, perguntam, prometem, etc., de uma forma sistemática e convencional,

recorrendo a sinais sonoros ou gráficos.

• Língua

• sistema de representação constituído por palavras e pelas regras que as

combinam em frases, usado pelos falantes de uma comunidade linguística como

principal meio de comunicação oral ou escrito.

2Professora Vanda Barreto

Page 3: A nossa língua

Conceitos: Comunidade e Falante

• Falante

• utilizador de uma língua.

• Comunidade Linguística

• conjunto de falantes que utilizam uma mesma língua para comunicarem

entre si;

• a comunidade linguística dos falantes de língua portuguesa é hoje

composta por mais de 250 milhões de pessoas. Mapa da Lusofonia

• Competência Linguística

• é a capacidade intuitiva que o falante tem para usar a sua língua e que

decorre do processo natural de aquisição da linguagem.

• Competência Comunicativa

• capacidade que um falante tem de produzir e receber mensagens e de

adequar o seu discurso aos diferentes contextos.

• Competência Metalinguística

• capacidade que um falante tem para refletir sobre os mecanismos da

gramática da língua que habitualmente usa de modo intuitivo.

3Professora Vanda Barreto

Page 4: A nossa língua

Mapa da Lusofonia

4Professora Vanda Barreto

Page 5: A nossa língua

Conceitos: Estatuto das Línguas

• Língua Oficial

• aquela que é usada obrigatoriamente pelos cidadãos no contactos com a

administração do país onde residem;

• a língua oficial nem sempre coincide com a língua nacional.

• Língua Materna

• aquela com que um recém-nascido entra primeiramente em contacto, no

seu ambiente familiar e com a qual faz a aprendizagem da fala.

• Língua Segunda (=não materna)

• é aquela que, depois da sua língua materna, o falante aprende e usa na

comunidade em que está inserido;

• o português é a língua segunda dos imigrantes radicados em Portugal e

de muitos habitantes de países africanos de língua oficial portuguesa

que têm outras línguas maternas.

• Língua Estrangeira

• é a língua não materna, habitualmente aprendida em contexto escolar.

5Professora Vanda Barreto

Page 6: A nossa língua

Variação Linguística

• Uma língua pode apresentar variação em função de diversos

fatores:

• do espaço: Variação diatópica

• do meio social: Variação diastrática

• da situação discursiva: Variação diafásica

• do tempo: Variação diacrónica

6Professora Vanda Barreto

Page 7: A nossa língua

Variação Diatópica do Português

• dia (grego dia = através de)

• tópica (grego tópos = lugar)

• Todas as línguas incorporam margens de variação. Estas

variações são maiores quanto maior for o número de falantes e mais

alargada a sua dispersão geográfica.

• O português falado em Portugal apresenta variações no Minho,

no Algarve, no Alentejo, na Madeira e nos Açores, por exemplo.

• Por outro lado, o português de Portugal não é exatamente igual

ao Português do Brasil.

7Professora Vanda Barreto

Page 8: A nossa língua

Variação Diatópica do Português

•A língua apresenta variedades geográficas que diferem de região para

região, dentro do mesmo país. As suas especificidades podem

manifestar-se ao nível da pronúncia, da entoação, do vocabulário e da

sintaxe.

Professora Vanda Barreto 8

Região do país Exemplo Significado

Norte fino copo de cerveja

Centro bica café

Madeira lambeca sorvete

Açores trincar o pé pisar o pé

Page 9: A nossa língua

Normalização Linguística

“É o processo segundo o qual uma variedade da língua é

adotada como língua padrão, tornando-se a variedade

aconselhada em situações institucionais de uso da língua.

A padronização de uma língua é implementada pelos governos

através da oficialização de normas ortográficas, lexicais e

sintáticas, visando promover uma língua tendencialmente

nivelada e unificada.

O sistema de ensino é o veículo de transmissão e controlo da

língua padrão, também difundida pelos meios de comunicação.”

DOMÍNIOS, Gramática da Língua Portuguesa

Professora Vanda Barreto 9

Page 10: A nossa língua

Variedades do Português

• Ao longo da sua história, os falantes do português entraram em

contacto com outras línguas, daí resultando diferentes

variedades da nossa língua:

• variedade europeia

• variedade brasileira

• variedades africanas

• variedade timorense

10Professora Vanda Barreto

Page 11: A nossa língua

Professora Vanda Barreto 11

Mapa dos Descobrimentos Portugueses

Page 12: A nossa língua

Variedade Europeia

• É o português falado em Portugal continental e nos

arquipélagos da Madeira e dos Açores.

• Considera a variedade dos falantes cultos de Lisboa, como

língua padrão.

• O português europeu é regulado pela Academia de Ciências de

Lisboa.

12Professora Vanda Barreto

Page 13: A nossa língua

Características do Português Europeu

Professora Vanda Barreto 13

Características Exemplos

Colocação do pronome pessoal depois do verbo Ele disse-me a verdade.

Uso da preposição “a” + infinito Ela está a ler um livro.

Uso de preposições O João foi ao médico.

Uso da 2ª pessoa do singular em registo

informal (tu)Tu queres lanchar cá?

Vocabulário e expressões próprios Autocarro

Ortografia cómico

Page 14: A nossa língua

Dialetos de Portugal

• 1. Dialetos portugueses insulares

açorianos.

• 8. Dialetos portugueses insulares

madeirenses.

• 4. e 10. Dialetos portugueses

setentrionais: dialetos transmontanos e

alto-minhoto.

• 9. 6. 5. Dialetos portugueses

setentrionais: dialetos baixo-minhotos-

durienses-beirões.

• 7. Dialetos portugueses centro-

meridionais: dialetos do centro litoral.

• 2. e 3. Dialetos portugueses centro-

meridionais: dialetos do centro interior e

do centro interior e do sul.

14Professora Vanda Barreto

Page 15: A nossa língua

Variedade Brasileira

• É o português falado no

Brasil.

• Considera a variedade dos

falantes cultos do Rio de

Janeiro e de S, Paulo como

língua padrão.

Professora Vanda Barreto 15

Page 16: A nossa língua

Características do Português do Brasil

Professora Vanda Barreto 16

Características Exemplos

Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me disse a verdade.

Uso frequente do gerúndio Ele está lendo um livro.

Uso de preposições O João foi no médico.

Uso da 3ª pessoa do singular em registo informal

(você)Você quer lanchar cá?

Vocabulário e expressões próprios Ônibus (=autocarro)

Ortografia cômico

Page 17: A nossa língua

Variedades Africanas

Professora Vanda Barreto 17

Características Exemplos

Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me disse a verdade.

Não concordância do sujeito com predicado Você foste sozinha?

Uso de preposições O João foi no médico.

Pronome pessoal “lhe” como CD A avó viu-lhe na praça.

Marca do plural nos determinantes Ele magoou os pé.

Vocabulário e expressões próprios Machimbombo (=autocarro)

Page 18: A nossa língua

Variação Diastrática

• dia (grego dia = através de)

• estrática (grego stratu = estrato)

• Quando as diferenças na comunicação resultam de fatores

como a classe social, a idade, a origem étnica ou o nível de

instrução, designam-se por variedades sociais ou variação

diastrática.

18Professora Vanda Barreto

Registo técnicoUso de terminologia específica e rigorosa relativa a

determinada profissão e usada nesse contexto.

GíriaUso de vocabulário e expressões próprios de

determinados grupos.

Calão

Uso de termos grosseiros, normalmente

provenientes de uma população com um nível

sociocultural inferior.

Page 19: A nossa língua

Variação Diafásica

• dia (grego dia = através de)

• fásica (grego phásis = expressão)

• Quando as diferenças na comunicação resultam da

situação em que se encontra o falante, diz-se que as

variações são situacionais ou diafásicas.

• Um falante proficiente deve ser capaz de adequar o seu

registo de língua às diferentes situações de comunicação

em que interage:

• situação formal: implica um registo cuidado, de acordo com a

exigências dos diversos interlocutores;

• situação informal: admite um registo de língua mais espontâneo,

menos controlado.

19Professora Vanda Barreto

Page 20: A nossa língua

Variação Diafásica

20Professora Vanda Barreto

Registo cuidado

Caracteriza-se por um vocabulário cuidado e frases bem

construídas. É mais usado em situações formais

(discursos, conferências, crónicas...).

Registo corrente

Caracteriza-se por um vocabulário de fácil

compreensão, claro e correto. É o mais usado

diariamente (rádio. TV, conversas...).

Registo familiar

Caracteriza-se por um vocabulário menos variado, mas

de fácil compreensão, claro e espontâneo. É o mais

usado diariamente entre a família e os amigos.

Registo popular

Caracteriza-se por um vocabulário mais pobre, simples

e espontâneo, denotando muitas vezes pouca instrução

por parte dos seus falantes. É, porém, muito expressivo.

Registo literário

É utilizado principalmente pelos poetas e escritores que

empregam ao seu registo musicalidade, rima e palavras

com diferentes sentidos.

Ex.: “Ervas trémulas dançavam à menor brisa.”

(Sophia Andresen)

Page 21: A nossa língua

Variação Diacrónica do Português

• dia (grego dia = através de)

• crónica (grego kronos = tempo)

• A variação diacrónica ou histórica é o conjunto de mudanças

verificadas numa língua ao longo da sua história.

Uma língua muda através dos tempos garantindo uma

continuidade e, ao mesmo tempo, uma inovação, que permita

preencher novas necessidades comunicativas dos falantes.

21Professora Vanda Barreto

Page 22: A nossa língua

Cronologia do Português

Pré- românico Românico

Período de

transição

Galaico-

português

Português

Antigo

Português

Clássico

Português

Contemporâneo

Séc.II ac/ I ac Séc. I ac/ IX Séc. IX/XI Séc. XI/XII Séc. XII/XV

Séc.

XVI/XVIII Séc. XIX/XXI

Grandes

migrações de

povos indo-

europeus de

leste para

oeste.

Um destes

povos, os

Celtas,

estabelece-se

na PI.

A sua língua e a

sua cultura

entram em

contacto com

as já existentes:

as dos Iberos.

218 ac:

romanos

409/711

germânicos.

711mouros

Durante 10

séculos fala-se

o romance.

O romance é

uma variante

do latim,

introduzido

pelos romanos.

Alguns termos

galaico-

portugueses

surgem nos

textos latinos,

mas o galaico-

português é

sobretudo

falado na

região da

Lusitânia.

Com a

Reconquista

Cristã (1000-

1249), o

Galaico-

português

consolida-se

como língua

falada e escrita

na Lusitânia.

Desta época

são os

cancioneiros

medievais.

Diapositivo 9

Época em que

o português se

“independiza”

do galaico-

português.

1296, D.Dinis

decreta que os

documentos

oficiais

passassem a

ser escritos em

português e

não em latim.

Surgem as

primeiras

gramáticas

da língua

portuguesa e

o primeiro

dicionário

português-

latim e latim-

português.

Camões

António

Ferreira

Sá de

Miranda

Padre

António

Vieira

Fase do

português

europeu, escrito e

falado, a partir do

século XIX até à

atualidade.

22Professora Vanda Barreto

Page 23: A nossa língua

As primeiras manifestações da literatura portuguesa são em verso, datam do séc.

XII e estão reunidas em três coletâneas: o Cancioneiro da Ajuda (séc. XIII),

o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (sendo estes

cópias de textos mais tardios).

No mundo nom me sei parelha

mentre me for como me vai,

ca ja moiro por vós e ai!

mia senhor branca e vermelha,

queredes que vos retraia

quando vos eu vi em saia.

Mao dia me levantei

que vos entom non vi fea!

Paio Soares de Taveirós, «Cantiga da

Garvaia» - (1.ª estrofe)

23Professora Vanda Barreto

Page 24: A nossa língua

Contacto entre Línguas

Línguas de substrato

Línguas dos povos que

habitavam a PI antes da invasão romana (iberos, celtas, fenícios e

gregos)

Língua de estrato

Latim popular

(a nossa língua deriva fundamentalmente do latim popular, trazido

pelos romanos- séc. III)

Língua de superstrato

Língua dos visigodos- séc.V

(língua que veio depois, mas que

não se sobrepôs à existente)

Língua de adstrato

Língua árabe

(língua que coexistiu com a

existente)

Professora Vanda Barreto 24

Braga, Viseu, Tejo,

bruxa, chaparro,

esquerdo, sapo, ...

elmo, estribo, guerra,

luva, orgulho, raça,

Ricardo, ... e os pontos

cardeais (200 palavras)

Algumas palavras de

origem árabe

Page 25: A nossa língua

Algumas palavras de origem árabe

• Açafrão (azzafaran, amarelo)Achaque (ashshaka, enfermidade)Açoite (assaut)Açougue (assok)Açude (assudd)Açúcar (assukar deriva do Sanscrito çarkara, grãos de areia)Alcachofra (Alkharshof, fruto do cardo manso)Alcalóide (palavra composta: Árab.alcali + Grego eîdos, forma)Alcateia (alkataia, rebanho)Álcool (alkohul, coisa subtil)Alcorão (Alkuran, a leitura)Alcova (al-qabu, quarto lateral)Alecrim (aliklil)Alface: al-khaçAlfaiate: al-khayyâtAlfândega: alfunduqAlfazema: al-khuzâmaAlgarismoÁlgebraAlgodão (alkutun)Alicate (allikkát, tenaz)

Almanaque (almanakh)Almofada (almukhadda de khadd, face)AlmoxarifeAzeiteAzeitonaAzulejoCaféCáfilaCalifaCalifadoCeifaCeroulasChafarizCherneChifraCifraDamascoGarrafa (garrafâ, frasco bojudo)Javali (jabali)Laranja (naranj deriva do Persa naräng)Laranjeira (naranj deriva do Persa naräng)Limão (laimun deriva do Persa limun)Limoeiro (laimun deriva do

Persa limun)Masmorra (matmura, celeiro subterrâneo)Matraca (mitraka)Nora (na'ûra)Oxalá (in sha allah ou inshallah, se Deus quiser)Safra (safaria, estação da colheita)Tambor (tanbur deriva do Persa dänbära, cítara)Xadrez (xatranj deriva do Sânscrito xaturanga, que consta de quatro membros)Xarope (sharab, bebida, poção)Xaveco (xabbak, pequeno navio de três mastros e velas latinas)Xeque

São cerca de 1000,

as palavras de origem árabe.

Professora Vanda Barreto 25

Page 26: A nossa língua

Etimologia

• Disciplina que estuda a evolução de cada palavra, ao longo das

diversas fases da história da língua, até chegar ao seu étimo, ou

seja, à palavra que lhe deu origem.

• Étimo é a forma mais antiga de uma palavra:

• palatiu > paaço > paço

• palatiu é a palavra latina para,

primeiramente, monte palatino,

depois, palácio dos césares

e, mais tarde, palácio.

• A base etimológica do português é, sobretudo; o latim. Contudo´,

a nossa língua tem também outras origens, ou seja, incorpora

étimos celtas, germânicos, árabes, entre outros.

Professora Vanda Barreto 26

Page 27: A nossa língua

Genealogia Linguística

• Família de Línguas

• grupos de línguas que provêm da mesma língua-mãe.

• Indo-Europeu

• língua que deu origem a vários ramos linguísticos

• o itálico, o grego, o germânico, o celta, o eslavo, ...

• que, por sua vez, deram origem a novas famílias.

Professora Vanda Barreto 27

Page 28: A nossa língua

Professora Vanda Barreto 28

Page 29: A nossa língua

Família Indo-Europeia

Professora Vanda Barreto 29

Page 30: A nossa língua

Parentescos...

Professora Vanda Barreto 30

Page 31: A nossa língua

Família das Línguas Românicas

Professora Vanda Barreto 31

Ao conjunto das línguas derivadas do latim vulgar dá-se o

nome de família das línguas românicas.

O latim vulgar era o latim falado pelo povo, soldados,

comerciantes e colonos romanos, misturado com os diferentes

falares locais.

Fazem parte desta família de línguas o português, o

galego, o castelhano, o catalão, o francês, o provençal, o

italiano, o sardo e o romeno.

Page 32: A nossa língua

Palavras divergentes/convergentes

• Palavras divergentes

• aquelas que têm formas diferentes, mas um étimo comum:

Professora Vanda Barreto 32

Étimo latino Formas populares Formas eruditas

macula > mancha, mágoa, malha mácula

palatiu > paço palácio

solitariu > solteiro solitário

parabola > palavra parábola

O mesmo étimo deu origem a

palavras diferentes na nossa

língua.

Page 33: A nossa língua

Palavras divergentes/convergentes

• Palavras convergentes

• aquelas que têm a mesma forma, mas étimos diferentes:

Professora Vanda Barreto 33

Étimo

latinoPalavras convergentes

sanum > são (adjetivo = saudável)

sanctu > são (nome/adjetivo = santo)

sunt > são (verbo ser)

Étimo

latino

Palavras

convergentes

vanu >vão (nome/adjetivo =

vazio/oco)

vadunt > vão (verbo ir)

Étimo

latino

Palavras

convergentes

rivu > rio (nome)

rideo > rio (verbo rir)

Étimo

latino

Palavras

convergentes

filu > fio (nome)

fido > fio (verbo fiar)

Page 34: A nossa língua

Sons, Fonemas e Grafemas

• Fonema = som

• Grafema = letra

• Nem sempre há uma relação direta entre grafema e

fonema.

• Por vezes,

• um fonema é representado por duas letras: ch;

• um mesmo fonema corresponde a diferentes grafemas: ch/x;

• um grafema corresponde a mais do que um fonema: s (casa/ saco).

Professora Vanda Barreto 34

Page 35: A nossa língua

Alfabeto Fonético Internacional

“Na grafia de qualquer língua, a uma letra não corresponde sempre o mesmo

som e um som não é representado sempre pela mesma letra.

Por outro lado, num determinado alfabeto (como o latino que é o utilizado por

muitas línguas, como as românicas e as germânicas) a mesma letra pode

corresponder a sons diferentes em diferentes línguas.

Esta variação levou à criação de alfabetos fonéticos que permitem descrever de

forma não ambígua cada fonema e possibilitam, a quem não conheça determinada

língua, saber como se pronunciam os sons de uma palavra quando transcritos

foneticamente.

O sistema de transcrição fonética mais usado é o Alfabeto Fonético

Internacional (AFI), criado em 1888 pela Associação Internacional de Fonética. ”

Professora Vanda Barreto 35

Page 36: A nossa língua

Alfabeto Fonético Internacional

Professora Vanda Barreto 36

Vogais Orais

[i] vi ['vi]

[e] vê ['ve]

[ɛ] pé ['pɛ]

[a] pá ['pa]

[ɐ] para [pɐɾɐ]

[ɛ] de

[ɔ] sol ['sɔl]

[o] pôr, sou ['poɾ, 'so]

[u] tu ['tu]

Page 37: A nossa língua

Alfabeto Fonético Internacional

Professora Vanda Barreto 37

Vogais Nasais

[ĩ] sim ['sĩ]

[e͂] pente

[ɐ͂] romã, banco [ʀu'mɐ͂, 'bɐ͂ku]

[õ] põe, ponte

[ũ] atum [ɐ'tũ]

Semivogais ou glides orais e nasais

[j] pai ['paj] mãe

[w] pau ['paw] [w̃] cão ['kɐ͂w̃]

Page 38: A nossa língua

Alfabeto Fonético Internacional

Professora Vanda Barreto 38

Consoantes

[p] pá ['pa]

[b] bem

[t] tu ['tu]

[d] dou ['do]

[k] cacto ['katu]

[g] gato ['gatu]

[f] fé ['fɛ]

[v] vê ['ve]

[s] sabe, passo, caça ['sabɨ, 'pasu, 'kasɐ]

[z] casa, azar ['kazɐ, ɐ'zaɾ]

[ʃ] chave

[ʒ] já ['ʒa]

[m] mão ['mɐ͂w]̃

[n] não ['nɐ͂w]̃

[ɲ] venho ['vɐɲu]

[l] lá ['la]

[ʎ] valha ['vaʎɐ]

[ɾ] caro ['kaɾu]

[ʀ] carro ['kaʀu]

Page 39: A nossa língua

Aparelho Fonador Humano

Professora Vanda Barreto 39

Page 40: A nossa língua

Fonética Articulatória

Professora Vanda Barreto 40

Ponto de Articulação

Modo de Articulação

OclusivasFricativas Laterais Vibrantes

Orais Nasais

Bilabiais

Vozeada b m

Não-Vozeada p

Labio-Dentais

Vozeada v

Não-Vozeada f

Apico-Dentais

Vozeada d z

Não-Vozeada t s

Alveolares

Vozeada n l ɾ

Não-Vozeada

Palatais

Vozeada ɲ ʒ ʎ

Não-Vozeada ʃ

Velares

Vozeada

Vozeada g ʀ

Não-Vozeada k

Page 41: A nossa língua

Processos Fonológicos

• São as modificações sofridas pelos fonemas ao longo da história de

uma língua.

• No caso português, as causas para estas modificações podem ter sido

a influência das línguas de substrato e de superstrato.

• Poe exemplo:

• do latim para o galaico-português, ocorreram duas transformações

fonológicas, que ainda hoje diferenciam o português de outras línguas

românicas:

• a queda do /n/ e do /l/ intervocálicos latinos

luna > lua

malu > mau

• a transformação dos grupos iniciais latinos /pl/, /cl/ e /fl/ em [ʃ]

pluvia > chuva

clave > chave

flagare > cheirar

Professora Vanda Barreto 41

Page 42: A nossa língua

Processos Fonológicos

• Podemos distinguir três tipos de processos fonológicos:• por inserção de segmentos

• em posição inicial da palavra - PROTESE

• em posição medial da palavra - EPÊNTESE

• em posição final da palavra – PARAGOGE

• por supressão de segmentos

• em posição inicial da palavra - AFÉRESE

• em posição medial da palavra - SÍNCOPE

• em posição final da palavra – APÓCOPE

• por alteração de segmentos

• ASSIMILAÇÃO

• DISSIMILAÇÃO

• NASALIZAÇÃO

• DITONGAÇÃO

• REDUÇÃO VOCÁLICA

• CRASE

• METÁTESE

Professora Vanda Barreto 42

Page 43: A nossa língua

Processos Fonológicos por Inserção de Segmentos

Quando um novo som passa a ser articulado numa palavra:

• em posição inicial da palavra – PROTESE

• speculu > espelho

• calacare > calcar > acalcar

• em posição medial da palavra – EPÊNTESE

• humile > humilde

• vino > vio > vinho

• Em posição final da palavra – PARAGOGE

• ante > antes

Professora Vanda Barreto 43

Page 44: A nossa língua

Processos Fonológicos por Supressão de Segmentos

Quando um novo som deixa de ser articulado numa palavra:

• em posição inicial da palavra – AFÉRESE

• acumen > gume

• atonitu > tonto

• em posição medial da palavra – SÍNCOPE

• generu > genro

• veritate > verdade

• atonitu > tonto

• Em posição final da palavra – APÓCOPE

• crudele > cruel

• cruce > cruz

Professora Vanda Barreto 44

Page 45: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• ASSIMILAÇÃO• um fonema torna igual a si um outro que lhe está próximo (assimilação total)

nostru > nosso ipse > esse

• um fonema torna semelhante a si um outro que lhe está próximo (assimilação

parcial)

chamam-lo > chamam-no

Assimilação parcial progressiva: o /m/ tornou o /l/ também som nasal.

Professora Vanda Barreto 45

Neste caso a assimilação é

progressiva, porque ocorre da

esquerda para a direita.

Assimilação regressiva, da

direita para a esquerda.

Page 46: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• DISSIMILAÇÃO• um fonema é alterado, para evitar a semelhança com outro que lhe é contíguo

ou não.

calamellu > caramelo anima > an’ma > alma

memorare > nembrar > lembrar

Professora Vanda Barreto 46

Page 47: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• NASALIZAÇÃO• processo no qual uma vogal oral adquire nasalidade.

manum > manu > mão fine > fim

mihi > mim

Professora Vanda Barreto 47

Page 48: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• DITONGAÇÃO• processo no qual uma vogal origina, antes ou depois dela, o aparecimento de

uma semivogal, formando um ditongo.

arena > area > areia vena > vea > veia

sinu > seo > seio

Professora Vanda Barreto 48

Page 49: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• REDUÇÃO VOCÁLICA• processo no qual uma vogal enfraquece em posição átona.

bolo > bolinho medo > medroso

mata > matagal

Professora Vanda Barreto 49

Page 50: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• CRASE• contração ou fusão de duas vogais numa só.

a +a = à legere > leer > ler

sedere > seer > ser

Professora Vanda Barreto 50

Page 51: A nossa língua

Processos Fonológicos por Alteração de Segmentos

Quando um fonema sofre uma alteração por influência de outros que

lhe estão próximos.

• METÁTESE• troca de lugares entre fonemas ou de sílabas no interior de uma palavra.

semper > sempre merulu > melro

Professora Vanda Barreto 51

Page 52: A nossa língua

Bibliografia

• DOMÍNIOS, Gramática da Língua Portuguesa, 3º ciclo e

secundário, Plátano Editora

• www.escolavirtual.pt

• Alfabeto Fonético Internacional. In Infopédia [Em linha]. Porto:

Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-12-03].

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$alfabeto-

fonetico-internacional>.

• http://cvc.instituto-

camoes.pt/cpp/acessibilidade/capitulo2_1.html

Professora Vanda Barreto 52