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TelesCarvalho Assessoria Jurídica _____________________________________________________________ ____________ EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________________/SP. XXXXXXXXXX, brasileiro, casado, professor, portador do RG nº XXXXXXXXX SSP SP, inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXXX, residente e domiciliado na Rua XXXXXXXXXXXXXXX ----------/SP - CEP: ____________ vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por sua advogada que esta subscreve propor AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO em face do BANCO xxxxxxxx FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, inscrito no CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, com sede na Rua XXXXXXXXXXXXXXXX, 1

Ação revisional de financiamento de veículos

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_________________________________________________________________________EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ____________________/SP.

XXXXXXXXXX, brasileiro, casado, professor, portador do RG nº

XXXXXXXXX SSP SP, inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXXX, residente e domiciliado

na Rua XXXXXXXXXXXXXXX ----------/SP - CEP: ____________ vem respeitosamente à

presença de Vossa Excelência, por sua advogada que esta subscreve propor

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO

em face do BANCO xxxxxxxx FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, inscrito no CNPJ

nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, com sede na Rua XXXXXXXXXXXXXXXX, Vila

XXXXXXXXXXXXXXXX, São Paulo/SP, CEP: 04.272-300, pelas razões de fato e de

direito que passa a expor:

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_________________________________________________________________________I – PRELIMINARMENTE

1.1 – Da Justiça Gratuita

Com fundamento no artigo 4º da Lei 1.060/50, o Autor esclarece

que não dispõe de recursos financeiros suficientes para arcar com as custas processuais

sem que implique em prejuízo para seu próprio sustento e de sua família (Doc.02).

Desse modo, baseando-se nos princípios constitucionais e na Lei

acima citada que garantem o acesso ao Judiciário, o Autor requer sejam concedidos os

benefícios da Justiça Gratuita.

II – DOS FATOS

O Autor aderiu em 19.04.2012 ao contrato de financiamento, pela

modalidade CDC – Alienação fiduciária, sob o nº XXXXXXXXXXXXXXXx, por meio do

qual lhe foi concedido pelo Réu crédito no valor de R$ XXXXXXXXXXXXXXX, para

aquisição de um automóvel, marca FIAT, modelo XXXXXXXXXXXXXXXXXX – cor CINZA

– ano XXXX - placa XXX0000, com pagamento previsto para 48 (quarenta e oito)

parcelas mensais e sucessivas no valor de R$ ... centavos), vencíveis entre 19.05.2012 e

19.05.2016.

Contudo, após efetuar o pagamento de 14 parcelas do contrato, o

Requerente recebeu uma cópia do contrato firmado, e podendo analisar o instrumento

com auxílio jurídico, constatou a prática de cobranças ilegais e jamais informadas que

majoram indevidamente o valor total do financiamento, e consequentemente, das

prestações mensais assumidas.

É o caso das cobranças discriminadas no preâmbulo do contrato

em “Características da Operação”, a saber: do “I.O.F” na forma financiada e sem

indicação do percentual do tributo, no valor de R$ ...centavos), da “TAG AUTO E

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_________________________________________________________________________MOTOS”, no valor de R$ 990,00 (novecentos e noventa reais), e “Cadastro”, no valor de

R$ ....), majorando o custo da operação em um importe total de R$ .... centavos).

Vale frisar que ao caso concreto aplicam-se as disposições do

Código de Defesa do Consumidor, pois o autor, ao contratar com o réu, adquiriu os

serviços como destinatário final (CDC, art.2º, caput).

Veja que o Código de Defesa do Consumidor também se aplica às

instituições financeiras, na esteira do entendimento sumulado do c. Superior Tribunal de

Justiça (verbete 297): “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições

financeiras”.

Deste modo é direito do autor a revisão contratual, nos termos do

artigo 6º, inciso V do CDC. I mperiosa a intervenção jurisdicional à espécie, para que

sejam declaradas nulas as tarifas indevidamente cobradas com a consequente

revisão do valor da prestação mensal, garantindo o direito básico do consumidor à

modificação das cláusulas contratuais desproporcionais insculpido no art. 6, V, do

Código de Defesa do Consumidor.

Destarte, passa-se a analise mais detalhada do direito do Autor à

modificação contratual.

III – DO DIREITO

3.1 – DA NULIDADE DA COBRANÇA DOS VALORES DE “TAG AUTO E

MOTO” “ E “CADASTRO”.

No que diz respeito a denominada “TAG AUTO E MOTO”, no

abusivo valor de R$ ..., o instrumento negocial meramente registra o valor do encargo em

questão, não prestando qualquer esclarecimento sobre sua finalidade.

Com isso, não tem o Autor como saber a natureza e alcance de

sua obrigação quanto a este aspecto.

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_________________________________________________________________________Não se chega a resultado diverso, adicionalmente, caso se

pretenda que o mencionado encargo tenha como suporte a incidência o simples fato de

ter sido concedido o crédito, destinando-se a reembolsar as despesas feitas pela

instituição financeira com a avaliação das condições do cliente de amortiza-lo, incluindo a

pesquisa em cadastro de consumidores inadimplentes.

Não se destina, assim, evidentemente, a remunerar um serviço

prestado ao cliente, única hipótese em que seria admitida sua cobrança, pois o Réu age

em seu próprio interesse.

Ressalte-se também que o referido cadastro/contratação

certamente é feito por um trabalhador assalariado que não recebe por tarefa, e o contrato

não passa de um formulário, com alguns campos em branco que podem ser preenchidos

em poucos instantes.

Eis, pois, o entendimento atual do Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado de São Paulo a este respeito:

Ementa: AÇÃO REVISIONAL   CONTRATO   DE FINANCIMANETO VEICULAR PROVA PERICIAL DESNECESSIDADE TARIFAS   BANCÁRIAS INEXIGIBILIDADE ENCARGO CONTRATUAL ABUSIVO EXEGESE DO ART. 51, IV E XII, DO CDC REPARTIÇÃO IGUALITÁRIA DA CONDENAÇÃO SUCUMBENCIAL E COMPENSAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PROCEDÊNCIA PARCIAL - APELO PROVIDO

TJ.SP - 0004788-15.2011.8.26.0441   Apelação . Órgão julgador: 37ª Câmara de Direito Privado. Relator(a):   Dimas Carneiro. Data do julgamento: 02/07/2013.

Ementa:   APELAÇÃO AÇÃO REVISIONAL DE   CONTRATO   BANCÁRIO (...). 1. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Relação de consumo - Qualidade de destinatário final demonstrada - Incidência das disposições do Código de Defesa do Consumidor, aplicáveis também às instituições bancárias (Súmula do e. STJ, verbete 297). 2.   TARIFAS   ADMINISTRATIVAS Abertura e análise de crédito Emissão de boletos Descabimento Despesas intrínsecas à própria atividade da instituição financeira, que deve arcar com seu custo Reconhecida a abusividade   de cláusula contratual que transfere tal encargo ao correntista - Aplicação do artigo 51, incisos IV e XII e § 1º, inciso I e III do Código de Defesa do Consumidor. (...) SENTENÇA REFORMADA -

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_________________________________________________________________________RECURSO PROVIDO EM PARTE. TJ.SP. 0022107-25.2012.8.26.0032     Apelação. Relator(a)Des.: Sergio Gomes. Data do julgamento: 02/07/2013.

REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS - CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE VEÍCULO Pretensão de que sejam declaradas nulas as tarifas de cadastro, de inclusão de gravame eletrônico e de avaliação de bem e também que seja afastado o seguro de Proteção Financeira. ADMISSIBILIDADE. É abusiva a cobrança de tarifa de cadastro, tarifa de inclusão de gravame eletrônico e tarifa de avaliação de bem. Despesas inerentes à própria atividade do fornecedor e que não representam prestação de serviço ao cliente. Quanto ao seguro é vedada a venda casada. Aplicação dos artigos 51, incisos IV e XII e 39, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor. Sentença de parcial procedência reformada em parte. RECURSO PROVIDO. (Apelação 0207776-78.2011.8.26.0100, Rel. Des. Israel Góes dos Santos, j. 28.06.2012).

“CONTRATO BANCÁRIO. Financiamento para compra de veículo. (...) Encargos moratórios afastados. Financiamento cujo valor deve ser recalculado tendo em vista a exclusão de certas tarifas. Sentença de procedência parcial reformada em parte. Apelação parcialmente provida” (Apelação Cível nº 0023669- 96.2011.8.26.0196, Relator Desembargador JOSÉ TARCISO BERALDO, j. 17.5.2012, v.u.). “

(...)CONTRATO BANCÁRIO - Financiamento de veículo - Ação revisional - Cláusulas abusivas - Inteligência do artigo 51, XII do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) - Despesas com serviços de terceiros, tarifa de avaliação de bens, de promotora de venda e serviços de gravame eletrônico - Afastamento determinado Ação parcialmente procedente - Recurso provido em parte - Sentença parcialmente reformada” (Apelação Cível nº 0010006-87.2011.8.26.0032, Relator Desembargador ADEMIR BENEDITO, j. 29.2.2012, v.u.).

“CONTRATO. FINANCIAMENTO. TARIFAS. ABUSIVIDADE.1. Embora contratualmente previstas, é abusiva a cobrança de tarifa de inclusão de gravame eletrônico, ressarcimento e despesa de promotora de venda, serviço de terceiro, de avaliação de bem, porquanto não poderia o fornecedor cobrar do consumidor despesas de sua responsabilidade.2. É abusiva a cobrança de taxas que não representam prestação de serviço ao cliente, servindo apenas como estratagema para redução de riscos da atividade do fornecedor.

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_________________________________________________________________________(...)4. Recurso parcialmente provido” (Apelação Cível nº 0007259-75.2011.8.26.0482, Relator Desembargador MELO COLOMBI, j. 18.1.2012, v.u.).

Destaques nossos.

Já quanto a cobrança de “Cadastro”, pelos mesmos motivos,

salutar que igualmente nula.

Ora, de certo, que não há comprovação pela instituição Ré da

utilização de tais valores para a prestação de tais serviços e sequer a especificação dos

serviços efetivamente prestados a estes títulos, que, aliás, não se destinam a remunerar

um serviço prestado ao financiado, o que configura vantagem indevida a favor do Réu.

Ou seja, tais despesas, se realmente existiram, representam custo operacional da

Instituição Financeira e que é repassado ao consumidor por meio da taxa de juros

praticada, elemento comparativo ao consumidor para a escolha do fornecedor no

mercado. Caso se pretenda suas cobranças em separado, deve o fornecedor ao menos

comprovar a destinação, finalidade e utilização efetiva dos valores cobrados a estes

títulos em decorrência do direito básico do consumidor à informação.

Destarte, as cláusulas contratuais que impõem o pagamento de

“Tarifas” enquadram-se entre aquelas previstas no artigo 51, IV, do Código de Defesa

do Consumidor, que dispõe sobre a nulidade de pleno direito das cláusulas contratuais

que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, e que coloquem o

consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou

equidade.

Assim, impõe o artigo 51, inciso IV, do Código de Defesa do

Consumidor:

São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé e a equidade.

Ainda, nulas a aplicação de referidas tarifas por aplicação do

parágrafo 1º, inciso III, do artigo 51, do CDC, que presume exagerada a vontade que

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_________________________________________________________________________se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e

conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

Necessário, portanto, a declaração de nulidade de pleno direito de

tais cobranças, recalculando-se o valor das prestações mensais, uma vez que a cobrança

indevida majorou demasiadamente o custo efetivo total da operação e o valor das

prestações.

3.2 DA NULIDADE DA COBRANÇA DO “IOF” PELA RÉ NA FORMA

FINANCIADA E SEM INDICAÇÃO DA ALIQUOTA APLICADA.

É indiscutível que o IOF é devido nas operações de crédito por

conta dos contratos de financiamento com garantia de alienação fiduciária, conforme o

disposto na Lei nº 5.143, de 20.12.1966, regulamentada pelo Decreto nº 2.219 de

02.05.1997, cuja incidência se dá nas “operações de crédito realizadas por instituições

financeiras”, cujo montante atinge a cifra de R$ xxxxxcentavos).

A expressão “operação de crédito”, nos termos do referido

regulamento compreende o “empréstimo sobre qualquer modalidade, inclusive abertura

de crédito e desconto de título” (art. 3º, § 4º do Decreto nº 2.219/97).

A Legislação ainda determina às instituições financeiras a

responsabilidade pela cobrança do tributo – IOF e o seu recolhimento ao Tesouro

Nacional (art. 5º do Decreto nº 2.219/97).

No que respeita a cobrança do IOF, esta deverá se realizar “na

data da entrega ou colocação dos recursos à disposição do interessado” (inciso VII do

art. 10 do Decreto nº 2.219/97). De outra feita, o fato gerador do referido tributo – IOF, “é

a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua

colocação à disposição do interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou

nacional entregue ou posta à disposição por este”, consoante os precisos termos do art.

11 do Decreto nº 2.2129/97.

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_________________________________________________________________________Ocorre que no mútuo, o valor do principal é sempre alocado,

necessariamente, já quando de sua contratação.

No contrato de financiamento garantido por alienação fiduciária o

montante é totalmente disponibilizado no momento da adesão do consumidor, sendo,

portanto, desde logo conhecido o valor efetivo da dívida.

Assim, in casu, o “IOF” incide em uma única vez e sobre o valor

total disponibilizado quando da contratação do financiamento. Assim, se revela abusiva a

cobrança de IOF incidente nas parcelas contratadas do financiamento em questão.

Primeiro, porque se afigura flagrante a ofensa ao disposto no

inciso I do art. 63 do CTN (Lei nº 5.172/66), haja vista que o fato gerador é o momento

em que é efetivada a entrega do montante financiado. Até porque, o tributo é devido “na

data da entrega ou colocação dos recursos à disposição do interessado” (inciso VII do

art. 10 do Decreto nº 2.219/97).

Segundo, a instituição financeira ao diluir a cobrança do IOF sobre

as prestações do financiamento faz incidir, também, os juros remuneratórios e os

encargos contratuais da mora, ao efeito de proporcionar o desequilíbrio do contrato.

Esta vantagem se presume exagerada e ofende os princípios

fundamentais que estabelecem as normas de proteção e defesa do consumidor/réu

(CDC, §1º do artigo 51). O contrato celebrado pelas partes, cuja redação é de inteira

responsabilidade da instituição financeira, não oportuniza o pagamento à vista do IOF

pelo contratante, forçando sua diluição nas parcelas do financiamento com o acréscimo

dos encargos contratuais.

Tal prática é manifestamente abusiva, por acarretar

excessivamente onerosidade ao consumidor.

E neste sentido a jurisprudência colacionada:

0096843-18.2009.8.26.0000 Apelação / Contratos Bancários Relator(a): Paulo Roberto de Santana Comarca: São Paulo Órgão

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_________________________________________________________________________julgador: 23ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 05/09/2012 Outros números: 7419074-4/00, 991.09.096843-4 Ementa: REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO - RELAÇÃO DE CONSUMO CARACTERIZADA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA QUE NÃO SE ADMITE, DIANTE DA INEXISTÊNCIA DA AUTONOMIA DA VONTADE POSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS DESDE O RESPECTIVO TERMO INICIAL VISANDO ADEQUÁ-LAS AO ORDENAMENTO JURÍDICO VIGENTE. REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO Ementa: REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO - RELAÇÃO DE CONSUMO CARACTERIZADA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA QUE NÃO SE ADMITE, DIANTE DA INEXISTÊNCIA DA AUTONOMIA DA VONTADE POSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS DESDE O RESPECTIVO TERMO INICIAL VISANDO ADEQUÁ-LAS AO ORDENAMENTO JURÍDICO VIGENTE. REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO PARCELAS PRÉ-FIXADAS ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO AFASTADA INEXISTÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO EM CASO DE CONTRATAÇÃO COM PARCELAS MENSAIS FIXAS, CONSIDERANDO QUE OS CONTRATANTES SÃO PRÉVIO CONHECEDORES DO VALOR EXATO DE CADA PRESTAÇÃO E AINDA QUE EM SE TRATANDO DE PARCELAS FIXAS NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE JUROS PARA O MÊS SUBSEQUENTE, ESTANDO OS JUROS EMBUTIDOS EM CADA PARCELA. (...) REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO - IOF IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS INCIDÊNCIA NO MOMENTO DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE FINANCIAMENTO ABUSIVIDADE DA COBRANÇA DO IOF INCIDENTE NAS PARCELAS CONTRATADAS DO FINANCIAMENTO VERBA AFASTADA - AÇÃO JULGADA PROCEDENTE EM PARTE SENTENÇA REFORMADA RECURSO PROVIDO EM PARTE. APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO GARANTIDO COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA E AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. (...) IOF. ABUSIVIDADE QUANTO À FORMA DE COBRANÇA. A cobrança do tributo diluído nas prestações do financiamento se afigura como condição desvantajosa ao consumidor (CDC, art. 51, IV). (...). APELAÇÕES PROVIDAS. (Apelação Cível Nº 70028301364, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, Julgado em 21/05/2009).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. AUTOMÓVEL. PESSOA FÍSICA. APLICABILIDADE

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_________________________________________________________________________DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. JUROS REMUNERATÓRIOS NÃO ABUSIVOS. CAPITALIZAÇÃO AFASTADA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA MANTIDA EXCLUSIVAMENTE, OBSERVADO O PERCENTUAL CONTRATADO ATÉ O LIMITE DA TAXA MÉDIA DE MERCADO APURADA PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL À ÉPOCA DA CONTRATAÇÃO. ABUSIVIDADE QUANTO À FORMA DE COBRANÇA DO IOF. PREQUESTIONAMENTO REJEITADO. SUCUMBÊNCIA REDIMENSIONADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70026017012, Décima

Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Luiz Reis de Azambuja, Julgado em 23/04/2009.

AÇÃO REVISIONAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DO JULGAMENTO DOS RECURSOS REPETITIVOS. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E A QUESTÃO DAS DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. COMPENSAÇÃO E/OU REPETIÇÃO DO INDÉBITO. TARIFA DE EMISSÃO DE BOLETO BANCÁRIO. TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DO JULGAMENTO DOS RECURSOS REPETITIVOS. (...) IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS - IOF. A cobrança do IOF não é considerada prática abusiva, a vantagem excessiva ostentada pela Instituição Financeira se dá através da sua forma de cobrança sobre as parcelas do financiamento, pois ao valor cobrado a esse título vêm agregados os demais encargos contratuais, contrariando assim o art. 51, IV, do CDC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Redistribuídos. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70027560093, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dorval Bráulio Marques, Julgado em 02/04/2009).

Logo, nos termos da legislação consumerista, a cobrança do IOF

deve ser afastada e suportada pela Ré, principalmente pelo fato da instituição financeira

capitalizar o montante sobre o referido imposto, ainda sem indicar qual seria a alíquota

aplicável ao presente, nem mesmo oportunizar o consumidor a realizar seu pagamento a

vista.

3.3 - DO VALOR CORRETO DA PRESTAÇÃO MENSAL: CONSEQUENCIA

LÓGICA DA NULIDADE DA INSERÇÃO DE TARIFAS E VALORES DEVIDOS

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_________________________________________________________________________Conforme cálculos anexado aos autos (doc.nº 05), o valor da

prestação paga pelo Autor é superior àquela realmente devida, em razão da inclusão da

iníqua tarifa e valores manifestamente abusivos inseridos no cálculo do financiamento,

conforme acima explicitado.

É consequência da nulidade da cobrança do “I.O.F” na forma

financiada e sem indicação do percentual do tributo, no valor de R$ ... centavos), da

“TAG AUTO E MOTOS”, no valor de R$ .... reais), e “Cadastro”, no valor de R$ ... reais),

majorando o custo da operação em um importe total de R$ ... centavos).

Ora, a apuração da prestação mensal correta a ser paga pelo

consumidor é aquela resultante da aplicação da taxa de juros pactuada tão somente

sobre o valor do bem financiado de forma simples.

Destarte, sendo o valor do bem financiado de R$ ... ), e

considerando a taxa de juros pactuada de 2,749% a.m., o valor correto da prestação

seria de R$ ...), valor este muito inferior ao montante de R$ 319,50 ...centavos), pago

atualmente.

Ademais, observe-se que nos termos do quanto disposto na

Súmula nº 121 do STF, é expressamente vedada a capitalização de juros, ainda que

convencionada, o que não fora observado no presente contrato.

Por todo exposto, de rigor a revisão da prestação nos termos

supracitados, declarando-se como o valor da prestação correto, nos termos

supracitados, o valor de R$...) considerando a aplicação dos juros na forma

simples, conforme cálculos em anexo.

Outrossim, considerando que foram cobrados encargos

excessivos do Autor, requer sejam estes compensados no saldo devedor do contrato,

juntamente com o excesso pago a título de prestação mensal do financiamento conforme

acima abordado, com abatimento do referido valor sobre as prestações finais do

financiamento, tornando com isto equilibrada a relação contratual firmada e de forma a

permitir ao consumidor o seu regular adimplemento.

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3.4 - DO DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO SOB A FORMA DE

COMPENSAÇÃO

Conforme já exposto, houve cobrança pelo Réu de valores

superiores aos devidos pelo Autor, devendo aquele restituí-los ou compensá-los no saldo

devedor, nos termos quanto disposto no art.876 do Código Civil que assim preceitua:

“Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigado que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”

Elucidativo, sobre a interpretação do referido dispositivo, destacar

que o próprio STJ, responsável pela uniformização da jurisprudência infraconstitucional, a

respeito do pedido de restituição do saldo credor ao consumidor:

“...Esta Corte Superior já se posicionou na vertente de ser possível, tanto a compensação de créditos, quanto a devolução da quantia paga indevidamente, em obediência ao princípio que veda o enriquecimento ilícito, de sorte que as mesmas deverão ser operadas de forma simples - e não em dobro -, ante a falta de comprovação da má-fé da instituição financeira. Precedentes (REsp 401.589/RJ, AgRg no Ag 570.214/MG e REsp 505.734/MA)”.

Assim, com fulcro nos artigos 368, 369 e 876 do Código Civil, é

possível que, depois de efetuado novo cálculo para a apuração dos débitos e créditos,

opere-se a repetição de indébito, ainda que sob a forma de compensação entre os

valores encontrados, a fim de evitar locupletamento indevido da instituição financeira em

detrimento do consumidor.

3.5 - DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO

Preconiza o artigo 42, parágrafo único do Código de Defesa do

Consumidor que “o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do

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_________________________________________________________________________indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção

monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”.

Por outro lado há de verificar o caráter eminentemente

sancionatório do mesmo, que se revela muito mais que pena civil, mas prestando-se

primordialmente, a demonstrar a finalidade educativa da sanção.

Quando a Lei 8.078/90 (CDC) prevê que o consumidor cobrado

em quantia indevida tenha direito a repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que

pagou em excesso, objetiva que o fornecedor ou a ele equiparado não pratique

novamente a conduta repudiada pela lei, pela qual fora punida.

No caso específico de contratos bancários, admitir-se-á exclusão

das entidades financeiras da incidência da regra, além de desconstituir a sua finalidade

desprezando o seu caráter educativo, representaria atribuir-lhe uma restrição que não lhe

fora imposta originariamente, atentando-se para o fato de que somente quando a engano

justificável o legislador admitiu a exclusão de sua incidência. E, as previsões contratuais

que representam práticas abusivas, segundo o Código de Defesa do Consumidor, vem

sendo reeditadas pelos bancos e outras entidades financeira sem seus contratos de

mútuos, não representando , por certo, erro justificável a respaldar a exclusão da

incidência normativa, de conhecimento geral no meio jurídico a impossibilidade, por

exemplo , da prática de anatocismo ou juros abusivos.

Outro não é o entendimento do Colendo Superior Tribunal de

Justiça, que já firmou o entendimento no sentido da prescindibilidade da demonstração

do erro para possibilidade da repetição do indébito, nas hipóteses de ações revisionais de

contrato em que sejam declaradas nulas as cláusulas abusivas.

Neste sentido a súmula 332 do STJ:

“Para repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não se exige a prova do erro”.

Vejamos o entendimento jurisprudencial:

APELAÇAO CÍVEL Nº 835.521-9 DA VARA ÚNICA, DA COMARCA DE BANDEIRANTES

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_________________________________________________________________________APELANTE: BANCO DAYCOVAL S/A APELADO: ELIAS AGEU PEREIRA RELATOR: DES. SÉRGIO ROBERTO N. ROLANSKI. APELAÇAO CÍVEL REVISIONAL DE CONTRATO CUMULADA COM REPETIÇAO DE INDÉBITO. COBRANÇA DA TAC E TEC. ABUSIVIDADE. REPETIÇAO DE INDÉBITO. ART. 42 DO CDC . DEVOLUÇAO EM DOBRO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 835.521-9, da Vara Única, da Comarca de Bandeirantes, em que é apelante BANCO DAYCOVAL S/A RELATÓRIO. Trata-se de recurso de Apelação interposto por Banco Daycoval S/A em face da sentença (fls. 72/73verso-TJ), que nos autos de ação ordinária de revisão de contrato cumulado com repetição de indébito sob nº 655/2009, "julgou procedente o pedido formulado para: 1) declarar a abusividade da cobrança pelo réu da TAC e TEC; 2) condenar o reclamado à devolução de valores cobrados e pagos a esses títulos em dobro, devidamente corrigidos pelo INPC/IBGE, desde a data do pagamento pela parte autora até a data do efetivo pagamento pela ré, acrescidos de juros de mora de 1,0% ao mês, desde a data da citação até a data do efetivo pagamento pela ré" Ainda, condenou o réu ao pagamento de 70% de custas processuais e de honorários advocatícios no valor de R$245,00 (duzentos e quarenta e cinco reais), e o autor a 30% das custas e honorários no valor de R$105,00 (cento e cinco reais). Inconformado, o apelante sustentou em suas razões (fls. 75/80- TJ) que não consta no contrato cobrança da taxa de abertura de crédito, e sim da tarifa de cadastro que não guarda nenhuma relação com aquela. Afirmou que o autor estava ciente das cobranças que seriam realizadas, bem como defendeu a legalidade da cobrança da TAC e TEC em face da existência de permissivo legal. DISPOSITIVO. ACORDAM os integrantes da Décima Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por maioria de votos, em negar provimento ao apelo, nos termos do voto, vencido o Des. Renato Paiva, com declaração de voto. Participaram da sessão de julgamento os Senhores Desembargadores Marcelo Gobbo Dalla Dea e Renato Lopes de Paiva (vencido com declaração de voto). Curitiba, 08 de fevereiro de 2012. SÉRGIO ROBERTO NÓBREGA ROLANSKI Desembargador Relator.

APELAÇAO CÍVEL. AÇAO COM PEDIDO DE REVISAO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS E CONSIGNAÇAO EM PAGAMENTO. ABUSIVIDADES EVIDENCIADAS E AFASTADAS PELO JUÍZO SINGULAR. TAXA DE JUROS. SUBSTITUIÇAO PELA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. REPETIÇAO EM DOBRO DO INDÉBITO. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 42 ,

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_________________________________________________________________________PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC . COMPENSAÇAO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DE APELAÇAO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO". (ApC 0704695-9. 18ª CCiv. Rel. Des. José Sebastião Fagundes Cunha. Jul. 13.04.2011. DJ 623).

"BUSCA E APREENSAO. ALIENAÇAO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. NOTIFICAÇAO VÁLIDA E REGULAR. CAPITALIZAÇAO DE JUROS. AUSÊNCIA DE EXPRESSA PACTUAÇAO. INAPLICABILIDADE DA MP 1.963-17/2000, ATUALMENTE REEDITADA SOB O Nº 2.170-36/2001. DEVOLUÇAO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS A MAIOR. ART. 42 DO CDC . RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO". (ApC 0430206-9. 18ª CCiv. Rel. Des. Carlos Mansur Arida. Jul. 08.04.2009. DJ 126.

Destaques nossos.

Evidenciada a ilegalidade da COBRANÇA das tarifas (TAC e TEC)

e, ou, serviços de terceiros/não bancários abusivos pela instituição financeira, o

consumidor tem direito à restituição em dobro daquilo que efetivamente pagou a mais, e

não daquilo que foi apenas cobrado a maior.

3.6 - DA RELAÇÃO DE CONSUMO E DO DIREITO À REVISÃO

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) aplica-se ao

contrato firmado entre as partes, a par de subsistir indiscutível relação de consumo,

conforme entendimento da Súmula 297 do STJ e ADIN 2591-1, julgada em 07.06.2006

pelo pleno do STF.

Dito isto, convém destacar que esse diploma legal disciplina

comando constitucional de ordem pública e interesse social (art.5º, inc. XXXII e art. 170,

inc. V).

E acerca da proteção contratual contra disposições abusivas,

dispôs:

Art. 6º. São direitos básico do consumidor:(...)

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_________________________________________________________________________VI – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas...”

A norma supra consagrada o direito imprescritível ao dirigismo

contratual em pactos maculados de nulidades de pleno direito, previstas elas no art. 51

da lei 8.078/90, veja-se:

Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que...

IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade

...

X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral

...

§ 1º - Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

...

III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstancias peculiares ao caso,

No caso em apreço, dada a existência de obrigação

desproporcional, eivada de cláusulas nulas, sobressai a necessidade do dirigismo

contratual estatal previsto no CDC que RELATIVIZOU O ARCAICO PRINCÍPIO PACTA

SUNT SERVANDA, dizendo-se o mesmo por força do novo regramento da teoria geral

dos contratos (arts. 113 e 422 do CC).

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_________________________________________________________________________Ademais, em casos eivados de obscuridade e omissões, que

violam o direito à informação, faz-se necessário salientar que o art. 47 do CDC garante

que “As cláusulas contratuais serão interpretadas de forma mais favorável ao

consumidor”.

Destarte, é patente a necessidade do dirigismo contratual estatal

para tornar as obrigações proporcionais, reconhecendo-se das nulidades supra

apontadas e modificando as cláusulas contratuais na forma como pleiteado,

compensando os valores pagos em excesso no saldo devedor com a consequente

quitação antecipada das prestações.

IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer o devido processamento do feito,

determinando-se a citação postal do Réu para contestar o feito, no endereço acima

mencionado, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato.

Requer ao final do procedimento, seja JULGADA TOTALMENTE

PROCEDENTE a presente ação, para que V. Exa:

1. Declare nula de pleno direito a cobrança dos valores referentes

ao “I.O.F” na forma financiada e sem indicação do percentual do tributo, no valor de R$ ...

centavos), da “TAG AUTO E MOTOS”, no valor de R$ ... reais), e “Cadastro”, no valor de

R$ ..., o que majorou o custo da operação em um importe total de R$ ...).

2. Em consequência do acatamento do pedido anterior, declare

nula a prestação mensal do financiamento de R$ ..., declarando-se como valor correto

das prestações mensais a quantia de R$ ..., tal como apresentado nos cálculos anexos,

os quais reflete o real valor devido.

3. Seja reconhecida a abusividade dos valores pagos

indevidamente, condenando a Ré a restituir o importe de R$ ... (... centavos) em dobro,

ou seja, a quantia de R$ ...), conforme regra prevista no artigo 42, parágrafo único do

CDC e artigo 940 do CC.

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_________________________________________________________________________

5. Condene o Réu ao pagamento de honorários advocatícios

sobre o valor da causa, custas e outras despesas processuais.

6. A concessão dos beneplácitos da gratuidade processual

prevista nos termos da Lei nº 1060/50, combinada com o artigo 14, § 1º da Lei nº

5.584/70 e Lei nº 7.115/83, por tratar-se de pessoa pobre na acepção legal do termo, vide

declaração anexa;

V – DAS PROVAS E INVERSÃO DO ONUS

Protesta provar o alegado por todo meio em direito admitido,

especialmente por perícia técnica contábil acerca do débito, requerendo, desde já, a

INVERSÃO DO ONUS DA PROVA (artigo 6º, inc. VIII, do CDC), a par de tratar-se de

evidente relação de consumo, não sendo ele litigante habitual e não possuir condições

técnicas e econômicas para a realização de eventuais cálculos que possa exigir a

demanda, sendo hipossuficiente frente a instituição Ré neste aspecto.

Citada inversão probatória, como cediço, implica na transferência

ao fornecedor da obrigação de provar o seu direito para elidir presunção que passou a

viger em favor do consumidor, cujas alegações presumem-se verdadeiras até prova em

contrário.

VI – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ ... centavos), meramente para efeitos

de alçada.

Termos em que,

Pede deferimento.

São Paulo, 02 de julho de 2013. Adv/SP nº ....

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