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JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES 1 APONTAMENTOS DAS AULAS TEÓRICAS – 2016/17 - RAQUEL FREIRE JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES 1. AULA 21 SETEMBRO (TEÓRICA) RI COMO DISCIPLINA AUTÓNOMA Fenómeno do Séc. XX (Universidade de Aberystwyth, País de Gales) WWI dá o mote: necessidade premente de pensar formas de evitar a guerra – a primeira perspetiva teórica que se delineia neste contexto é o “idealismo” e caracteriza-se pela crença no progresso e na possibilidade de transformação do sistema numa ordem pacífica e mais justa. TEORIZAR AS RI Duas notas: Antecedentes da disciplina incluem áreas de conhecimento como o direito, a história, a geografia, a antropologia, a sociologia… Alguma confusão concetual entre teoria politica e teorias de RI, prende-se com mistura de tradições entres Ciência Política e RI AS RI Preocupação com as caudas de guerra e do que promove a paz Disciplina aborda desde a balança de poder e estruturas económicas a nível internacional até predisposições ideológicas e percetivas ao nível dos lideres individuais Interdisciplinar e heterogénea Esta transversalidade e heterogeneidade dificultam encontrar uma metodologia unificadora, dado que as RI beneficiam de várias tradições que se vão refletir a nível da reflexão teórica. Ex.: worlds politics, international studies, international affairs, global politics DEBATES NAS RI A história das RI tem sido marcado por grandes debates que estão diretamente relacionados com os acontecimentos no sistema internacional (veja.se a forma como a teorização sobre RI emerge). Esta organização segundo os debates ajuda a entender a evolução da teorização em RI. 1º debate (ontológico) - Idealismo VS realismo 2º debate (epistemológico) - Tradicionalismo VS Behaviorismo

Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I

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JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES 1

APONTAMENTOS DAS AULAS TEÓRICAS – 2016/17 - RAQUEL FREIRE JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES

1. AULA 21 SETEMBRO (TEÓRICA)

RI COMO DISCIPLINA AUTÓNOMA

Fenómeno do Séc. XX (Universidade de Aberystwyth, País de Gales)

WWI dá o mote: necessidade premente de pensar formas de evitar a guerra – a primeira

perspetiva teórica que se delineia neste contexto é o “idealismo” e caracteriza-se pela crença

no progresso e na possibilidade de transformação do sistema numa ordem pacífica e mais justa.

TEORIZAR AS RI

Duas notas:

Antecedentes da disciplina incluem áreas de conhecimento como o direito, a história, a

geografia, a antropologia, a sociologia…

Alguma confusão concetual entre teoria politica e teorias de RI, prende-se com mistura de

tradições entres Ciência Política e RI

AS RI

Preocupação com as caudas de guerra e do que promove a paz

Disciplina aborda desde a balança de poder e estruturas económicas a nível internacional até

predisposições ideológicas e percetivas ao nível dos lideres individuais

Interdisciplinar e heterogénea

Esta transversalidade e heterogeneidade dificultam encontrar uma metodologia

unificadora, dado que as RI beneficiam de várias tradições que se vão refletir a nível da reflexão

teórica. Ex.: worlds politics, international studies, international affairs, global politics

DEBATES NAS RI

A história das RI tem sido marcado por grandes debates que estão diretamente

relacionados com os acontecimentos no sistema internacional (veja.se a forma como a

teorização sobre RI emerge).

Esta organização segundo os debates ajuda a entender a evolução da teorização em RI.

1º debate (ontológico)

- Idealismo VS realismo

2º debate (epistemológico)

- Tradicionalismo VS Behaviorismo

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3º debate (interparadigmático) – anos 60/70

- Neorrealismo VS neoliberalismo (pluralismo) VS estruturalismo de origem marxista

4º debate (pós-positivismo) – década de 90

1º DEBATE

Idealismo (preponderância para a cooperação)

- Pós IWW, Wilson e SDN

- Capacidade de cooperação multilateral e da diminuição das condições para a guerra

- Relevância das OI’s, direito internacional, desarmamento

- Partilha de valores e segurança coletiva entres estados democráticos

Realismo (preponderância para o conflito, perspetiva negativa de natureza humana)

- Ganha força no pós-WW2

- Explica de forma racional a “luta” pelo poder entres os estados (power politics), calculo de

interesses

- Estados como atores unitários cujo comportamento será similar, sendo que a cooperação é

sempre interessada (balança de poder)

- Formação de alianças. Estas não são estáveis.

2º debate (DEBATE AINDA ATUAL)

Tradicionalismo (tradição europeia)

- Argumenta em favor da utilidade da história, do direito, da filosofia, como métodos de

conhecimento

- RI é uma ciência com base em analises qualitativas

- Método indutivo particular --: geral

Behaviorismo (tradição norte americana)

- Também denominado positivismo

- Utilização de métodos científicos na procura de leis gerais para a explicação dos

acontecimentos (ex. teoria comunicacional e cibernética de Deutsch)

- Abordagem quantitativa

- Usam fórmulas para “explicar” e interpretar as RI

3º debate (QUESTÃO NA NATUREZA HUMANA JÁ SE “PERDEU”) - ANOS 60 E 70

Neorrealismo: resposta a críticas à centralidade do estado e unicidade do mesmo num contexto

crescentemente interdependente High politics VS low politics; descolonização; influência

behaviorista (Waltz)]

Neoliberalismo: retorno à agenda dos pressupostos de cooperação multilateral, como explicar

final pacífica da GF? Colaboração transnacional? Integração Europeia?

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Estruturalismo de origem marxista: estrutura global onde as RI têm lugar, perspetiva histórica,

crítica ao capitalismo, mecanismos de dominação e exclusão, relações Norte-Sul, relações de

dependência (neoimperialismo, neocolonialismo)

Nota: Debate estrutural nas RI

Estrutura (= Sistema Internacional; Estado) VS Agência (= Estados; Sociedade Civil; ONG’s;

Empresas)

PS: Dependendo do nível de análise, vemos onde nos posicionamos neste debate teórico

4º DEBATE

Pós-positivismo

- Visões alternativas que propõem abalar os fundamentos positivistas e abarcar uma perspetiva

mais radical que permita múltiplas vozes/perspetivas e uma real transformação das RI em

modelos alternativos

- Teoria Crítica, Construtivismo, Pós-colonialismo, Pós-estruturalismo, Feminismo…

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2. AULA 28 SETEMBRO DE 16 (TEÓRICA)

CONSTRUTIVISMO? UMA TEORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS?

QUARTO DEBATE:

- 1º debate – ontológico

- 2º debate – metodológico

- 3º debate – interparadigmático

- 4º debate – debate pós-positivista

- O Construtivismo enquanto filosofia política ou social e enquanto teoria de Relações

Internacionais.

- Construtivismo: Sistema Internacional – ausência de uma autoridade.

O Construtivismo é uma teoria que se aproxima da nossa vivencia diária.

O SURGIMENTO DO CONSTRUTIVISMO

- Final da GF e dificuldade das teorias dominantes na sua previsão e explicação (finais da década

de 1980, inícios dos anos 1990).

- Os Construtivistas emergem como um grupo de académicos preocupados com a natureza

social das questões, a possibilidade e necessidade de explicar a mudança e o pressuposto de

que temos de ter em atenção contextos históricos e culturais específicos.

(João Cunha)

Leitura construtivista das dinâmicas EUA/Rússia vai olhar para fatores de dinâmicas de

militarização, ideias de grande potencia que a Rússia mantem devido a questões identitárias

(czares, URSS) e ela após GF mentem essa característica identitária e esta dinâmica militar deve-

se também a estas questões identitárias e não a questões de ameaças, leitura que os realistas

fazem.

O realismo assenta o ator estado, ator dominante, e, portanto, as OI podem estar ao

serviço de um estado, não as reconhecendo como identidade coletiva. Tem mais a ver com a

realpolitik

O construtivismo olha para a construção, de conceitos, imagens…

Institucionalismo neoliberal tem a ver com instituições.

Os nomes das teorias dão uma indicação de alinhamento, com exceção do idealismo e

realismo.

Final da GF não foi facilmente explicada pelo realismo e os neoliberais e construtivistas

encontram aqui um espaço de manobra e de afirmação dos seus pressupostos. Explicando que

havendo lideres que promovam a mudança (Gorbatchev)… Portanto aqui quebra-se um bocado

aquela que era a leitura de segurança (militar, ideológica e territorial). Quando a GR termina

abres.se um novo contexto, falando-se de outras dimensões de segurança como ambiental e

humano. E neste contexto surgem estas novas teorias que rompem com os padrões mais

ortodoxos da analise.

Estas autores olham para a dimensão social das questões que estavam esquecidas nas

RI. Até os lideres são humanos e estão sujeitos aos contextos mais favoráveis ou desfavoráveis

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que implicam na forma como lidamos com as questões. Elas não são lidadas no vácuo, não são

só as dimensões militares, do número de ogivas nucleares, etc.

São otimistas ao acreditar no progresso, mas também pessimistas porque reconhecem

que as interações sociais podem proporcionar avanções ou retrocessos.

OS CONSTRUTIVISMO COMO PROCESSO DE INTERAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL

As RI são uma construção social:

- Estados, alianças ou instituições internacionais são exemplos de fenómenos sociais nas RI.

- Assumem formas históricas culturais e políticas específicas.

- Estas formas são produto da interação humanas num mundo social.

- Os fenómenos sociais não existem de forma independente da ação e significado humano.

Estes autores ao contrário dos positivistas não fazem uma leitura determinista.

TEMAS FUNDAMENTAIS

Mudança

- Ideia de construção social sugere diferenças nos contextos e inexistência de uma realidade

objetiva.

Dimensões Sociais

- Enfatiza normas, regras, linguagem e como fatores materiais e ideacionais se combinam na

construção de diferentes possibilidades e resultados.

Processos de interação

- Os atores fazem escolhas no processo de interação com outros possibilitando diferentes

‘realidades’ históricas culturais e políticas.

PREMISSAS FUNDAMENTAIS

- Construção da realidade e refutação de pré-deterministas

- Distanciamento dos alinhamentos positivistas de base materialista e com acentuação analítica

na estrutura

- Mudança, sociabilidade e a questão identitária

- Análise discursiva

NICHOLAS ONUF

- World of our making 1989

- Introduz o termo ‘Construtivismo’ em 1989

- Os estados, muito na linha dos indivíduos vivem/agem num ‘mundo que construímos’

- RI como construção social: o mundo não é predeterminado, mas construído à medida

que os atores agem e interagem; a realidade é socialmente construída num contexto de

interação social.

ALEXANDER WENDT

- Social Theory of International Politics (1999)

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- Contesta o materialismo, entendendo que as interações são mais culturais que

materiais, e o racionalismo, cuja função não é apenas reguladora de comportamento,

mas também de construção de interesses e identidades. Admite, contudo, que as forças

materiais existem e que os indivíduos são atores com intencionalidade

- Sublinha que estas forças e intencionalidades dependem das ideias onde estão

inseridas. Relevância de estruturas normativas, da identidade como ator que molda

interesses e comportamentos dos atores, e da interação agencia-estrutura.

O Construtivismo é um ato de criação humana. Uma vez construído um objeto assume um

significado particular num determinado contexto.

- Razões e causas muitas vezes confluem

- Identificar causas e intenções implica interpretação

- Razões podem ser dadas na linguagem publica e tornar ações possíveis

Presença de armas de destruição maciça no Iraque – razão que permite a invasão

- Focar menos no desejo da verdade ultima e mais no facto social de que a ação aconteceu e

depois em como isto se tornou possível.

DEBATE AGENTE /ESTRUTURA

Teorias neorrealistas e neoliberal concentradas na estrutura, Construtivismo tem

enfoque nos agentes, enfatizando os processos de interação social.

Mas, agente a estrutura são co-constitutivas, nenhum precede o outro. Afastam-se da

questão da antecedência ontológica.

Enquanto que os realistas dizem que a estrutura prevalece sobre a agencia. Estes,

construtivistas, alegam que esta antecedência ontológica não é passível de ser feita. Porque

depende do contexto a forma como eles se influenciam.

EM SUMA:

Temas da mudança, sociabilidade a processos de interação apontam para o valor

acrescentando do Construtivismo num campo que tem enfatizando ao longo ao tempo o

materialismo e a escolha racional – como sublinhado pelas correntes dominantes.

Relação materialismo/idealismo: as ideias e valores, questões culturais e identitárias,

referenciais para o agente são relevantes na interpretação do mundo “la fora”, que só faz

sentido quando nos referimos a ele.

Agente e estrutura são co-constitutivas; não é a estrutura, mas sim o processo que determina

como os agentes interagem.

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3. 12 OUTUBRO DE 2016 (TEÓRICA)– MEUS APONTAMENTOS + JOÃO CUNHA

TEORIA CRÍTICA

Teoria normativa (procura mudança)

Influência: marxismo, escola de Frankfurt, Gramsci

Principais Autores: Robert Cox, Andre Linklater, Ken Booth (segurança)

MARXISMO

Ponto de partida importante – produção torna-se elemento central na análise do social

Interesse na mudança e enfoque na desigualdade.

Necessidade de olhar para além da luta de classes.

Da crítica à economia, à crítica da ideologia e da política

ESCOLA DE FRANKFURT

Institute for social research, 1923

Desencanto com o autoritarismo que vigorava na URSS e falhanço para travar o crescimento do

fascismo na europa ocidental

Questiona a ordem social e política moderna que prevalece (incluindo positivismo)

Principais autores: Max Horkheimer, Theodoro Adorno, Walter Benjamin, Herbet Marcuse, Erich

Fromm, Leo Lowenthal e numa 2ª ase, Jurgen Habermaas.

Influência do Marxismo, MAS: Teoria Tradicional VS Teoria Crítica

Teoria Tradicional: objeto separado da justiça; mundo externo para investigador; a ciência é

positivista.

Teoria Crítica: teorias são parte da vida social e política; emancipação em vez de legitimidade

da sociedade existente – abolir injustiças

O conhecimento poder ser uma força para moldar a sociedade no sentido da

emancipação.

ANTÓNIO GRAMSCI

Estrutura e superestrutura

Hegemonia

Sociedade civil

Base económica da sociedade (estrutura) ainda importantes, mas também política, ideologia e

cultura são superstrutura

HEGEMONIA PARA GRAMSCI

Situação na qual grupos sociais dominantes asseguram o seu poder ao garantir que grupos

sociais subordinados subscrevem a sua visão ideológica, dessa forma consentindo efetivamente

com poder social dominante = Consentimento.

SOCIEDADE CIVIL

Redes formais e informais, instituições e políticas culturais que medeiam entre o indivíduo e o

estado.

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Escolas, igrejas, organizações de apoio social

Consentimento é recriado através de hegemonia nas instituições da sociedade civil

Sociedade civil como a arena onde movimentos hegemónicos e anti-hegemónicos competem.

EM SÍNTESE

Relevância da economia política (Marx)

Teoria como crítica (escola de Frankfurt)

Superestrutura, hegemonia e sociedade civil (Gramsci)

TEORIA CRÍTICA

Extensão da crítica social ao domínio internacional.

Reação ao trabalho de Waltz- teoria tradicional.

“Theory is always for someone and for some purpose” (Robert Cox)

Questiona a unidade do estado -estado condicionado social e historicamente.

Foco em dinâmicas de inclusão/exclusão a nível nacional e internacional.

Rejeição da imutabilidade das estruturas- possibilidades de mudança.

Sublinha a existência de tendências contra-hegemónicas.

Emancipação: “freeing people from those constrains that stop them carrying out what freely

they would choose to do”.

O PROBLEMA

Mundo desigual, injusto, estruturado em torno de uma ordem neoliberal com um discurso

hegemónico universalizante.

(O que é novo!)

Estes problemas ultrapassam o nível estatal, são problemas globais.

INSTRUMENTOS TEÓRICOS

Onde e como são a hegemonia e a contra-hegemonia produzidas?

Quais são as dinâmicas de relação entre estrutura (relações económicas) e superestrutura

(esfera ética e política) dentro de cada contexto histórico específico.

Transferência destes instrumentos para o nível global.

~

QUAIS SÃO AS SOLUÇÕES?

Defesa de uma globalização alternativa.

Sociedade civil global para responder à governação global.

Desde 2001, Fórum Social Mundial- Porto Alegre, Brasil.

Formas alternativas de organização política baseada nos cidadãos, não no estado- cidadania

cosmopolita.

Alterações nas dinâmicas de inclusão e exclusão (unbounded communities, Linklater).

RESUMINDO: GRI GRI GRI GRI

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4. 19 DE OUTUBRO DE 2016 (TEÓRICO)

PÓS-COLONIALISMO

COLONIALISMO E DESCOLONIZAÇÃO

- Colonialismo como exploração física e económica, estruturas de poder dominantes que criam

desequilíbrios;

- Imperialismo cultural como forma de expressão colonial: discurso cultural ex.: Orientalismo –

Implicações;

- Mentalidade colonial: relações colonias-colonizador;

- Descolonização e resistência pós-colonial.

PÓS-COLONIALISMO

Palavras chave: Raça; Etnia; Identidade; Império; Conhecimento; Discurso; Poder

“pós-colonialismo… oferece novas formas de pensar sobre técnicas de poder que constrangem

a autodeterminação quer emanem de dentro ou de fora” (Grovogul, 2007)

Enfoque em dimensões ou negligenciados pelos estudos em RI:

Em termos antológicos, de conteúdos;

Em termos epistemológico e de reação ao positivismo.

Assunção: persistência e continuidade de formas coloniais de poder no mundo político

contemporâneo (formas de neocolonialismo):

Os Marxistas perguntam: onde estão as classes?

Os feministas perguntam: onde estão as mulheres?

Os pós-colonialistas perguntam: onde está a diversidade étnica/racial?

Olha as relações de poder que governam as formas da Ri representarem o mundo,

sublinhando como a questão da raça e/ou etnia tem sido tao negligenciada como uma estrutura

global no cerne da disciplina.

Produzem trabalhos que criticam praticas formais e informais de colonialismo que têm

dado lugar a exploração, alienação, repressão de áreas do globo por uma ordem imperialista,

iluminada e racional europeia.

TIPOS DE COLONIALISMO

Invasão – colonização

Povoamento – colonização

Colonialismo interno: sai o colonizador, mas internamente fica a ideologia

Neocolonialismo

PÓS-COLONIALISMO: ORIGENS

Nos séc. XIX e XX, várias potenciais europeus controlavam impérios em África, na Ásia e América

do Sul

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Colonizadores produziam nas media imagens e discursos que naturalismo o papel do

colonizador – traziam uma influencia civilizadora.

O pós-colonialismo enfatiza a importância do domínio económico, politico, cultural, militar no

passado e a necessidade de desconstruir a realidade construída em trono de dinâmicas de

dominação e subserviência.

A ausência de imagens não-brancas nos media sugere o domínio branco e a sua superioridade.

IMPERIALISMO CULTURAL

Cultura a servir de base ao imperialismo e a permitir a sua difusão.

Definição de ‘eu’ e do ‘outro’ com base em representações e não na realidade

Ocidente civilizado, justo, industrializado, racional, democrático, masculino.

VS

Oriente selvagem, preguiçoso, supersticioso, irracional, despótico, feminino.

Neocolonialismo: apoiado pelo poder económico, uma cultura a dominar as outras (ex. filmes,

alimentação, vestuário):

- Globalização e acordos de livre-comércio.

IMPERIALISMO CULTURAL: EDWARD SAID

Orientalismo:

- Livro de Edward Said (1978) Orientalism: tal como os brancos contaram a história à sua

maneira, também nós podemos fazer algo para repor a nossa própria história; quando nós

contamos essa história, já inserimos nela a nossa visão dos factos.

- Argumento central de que o ocidente tentou situar, usar e dirigir o ‘resto’ do mundo através

da produção através da produção de conhecimento.

- Prefácio: “A historia é feita por homens e mulheres, tal como pode ser desfeita e reescrita,

sempre com vários silêncios, sempre com vários formatos impostos e desfiguramentos

tolerados, de modo a que o ‘nosso’ Leste, o ‘nosso’ Oriente se torne ‘nosso’ para decidirmos e

dirigirmos”.

Outro livro interessante neste sentido: Ali e Nino

IMPERIALISMO CULTURAL

Podemos alterar as coisas: a história e os eventos que a constituem são feitos por pessoas – são

uma representação do passado, não o passado em si mesmo: estes eventos podem ser desfeitos,

não escritos, não relatados, reescritos, tal como as normas sociais também o podem ser se

tivermos os meios, a imaginação e a vontade de o fazer.

O ‘nosso’ não é o ‘deles’: quem nos fala do mundo e o que nos dizem sobre a sua natureza.

Criticamente o ocidente tem falado por todos, as representações ocidentais têm … outras vozes:

muitas vezes estas representações estereotipadas dizem-nos mais … crenças e visões

desinformadas ocidentais do que refletem qualquer realidade destes outros mundos.

Discurso, conhecimento, poder: ao tornar-se ‘nosso’ o mundo, o ocidente consegue controlar

e dominar, pois a produção de conhecimento sobre o mundo em desenvolvimento é gerada no

ocidente. Ocidente disciplinador; estrutura de formação discursiva e de circulação da

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(des)informação trabalhada, permitindo injustiças relativamente a formas de vida no mundo

não ocidental.

Hegemonia: controlo através de consentimento

ORIENTALISMO DE SAID: quatro dimensões de poder que o autor identifica:

Poder político: estabelecimento de estruturas coloniais que governam territórios.

Poder intelectual: submissão/sujeição do oriente a estudos de linguistas, historiadores,

cientistas, etc…

Poder cultural: ortodoxia dominante, cânones de gostos, textos, valores.

Poder moral: ideias sobre quem ‘nós’ e ‘eles’ somos, bem como ‘nós’ e ‘eles’ pensamos.

- Poder é mais produtivo do que repressivo: é o poder que resulta da estarmos numa posição

para dizermos aos outros como o mundo funciona – o poder que resulta do conhecimento.

Acima, a 1ª dimensão é repressiva, as outras são produtivas.

DISCURSO COLONIAL

Poder e conhecimento:

- Relações binárias: europa e oriente:

Europeu: racional, virtuoso, maduro, normal.

Oriental: irracional, depravado, infantil, diferente.

- Linguagem que nos representa e a outros no processo de construção identitária com

implicações perigosas porque é construído com base em estereótipos e imagens

negativas - representação violenta do outro.

IMPERIALISMO CULTURAL: O CENTRO BRANCO

- O poder branco retratado sempre de forma idílica

IMPERIALISMO CULTURAL: REPRESENTAÇÃO DO NEGRO

- Menina branca surge vestida no meio de 2 meninos da mesma idade, negros, despidos

IMPERIALISMO CULTURAL: BRANCO E NEGRO

- Retratos de branco como o Sr. e o negro como o criado, servo

IMPLICAÇÕES DO IMPERIALISMO CULTURAL

Auto negação (complexo de inferioridade) ou autoaniquilação: a negritude confirma o ‘eu’

branco, ser branco esvazia o sujeito negro:

Fanon: ‘o homem negro não é homem’: representações como vilões: representações e

filmes estereotipados (o empregador asiático numa loja; estereótipos e representações

que exageram imagens e legitimam objetivos negativos de representação destes grupos,

que passam pela sua exploração.

~

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Resistência:

Posicionamento: rejeição do subalterno, intelectuais pós-coloniais, rejeição do passado,

etc.

Meios: linguagem, historia e identidade (pessoal, cultural

CONCLUSÃO

“tal como o marxismo inspira trabalho teórico e ação sob a forma de movimentos

antiglobalização, a literatura pós-colonial é uma expressão do amplo movimento de resistência

anti imperial, exemplo concreto de dissidência” (Smith e Owens, 2008, citados em Daddow)

5. AULA DIA 26 DE OUTUBRO (TEÓRICA) – PROFESSORA CONVIDADA ESPECIALISTA EM PÓS-COLONIALISMO

- Não retirei apontamentos.

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6. AULA DIA 2 DE NOVEMBRO (TEÓRICA)

FEMINISMO

Igualdade de oportunidade para os 2 sexos (inquestionável)

Empoderamento feminino

Direitos das mulheres – Direitos humanos

A teorização feminista vem essencialmente da experiência com luta política por direitos. Isto significa que muitos dos seus contributos são concretos e têm aplicação na vida do quotidiano.

Importante sublinhar que não há 1 feminismo. Há múltiplas abordagens nos estudos de género nas RI, que ora se sobrepõem era avançam perspetivas distintas.

Género é não apenas sobre mulheres, mas sobre a forma como as políticas são estudadas, articuladas, apresentadas e implementadas.

As teorias convencionais de RI baseiam-se em explicações racionalistas generalistas do comportamento de estados associais num sistema internacional anárquico. As teorias feministas de RI focam nas relações sociais de género hierárquicas que contribuem para a subordinação de género.

Feminismo nas RI implica olharmos a forma como a política interna afeta e é afetada por homens e mulheres, tem como para a forma como os conceitos centrais usados na disciplina (ex. guerra, segurança) são eles próprios embutidos de género (gendered).

Feminismo não se preocupa apenas com o enfoque tradicional das RI nos estados, guerras, diplomacia e segurança, mas tem também enfatizado a importância do olharmos o modo como o género molda as relações políticas e económicas atuais.

ANTECEDENTES

Surgem em finais dos anos 80. Final da GF e a reavaliação das teorias tradicionais das RI ao longo dos anos 90 abriram espaço para as questões de género.

ALA MAIS LIBERAL DO COMUNISMO

Feminismo ligado à teorização das criticas nas RI, pelo que problematiza as políticas de construção de conhecimento na disciplina em muitas vezes adotando metodologias de desconstrução.

Contudo, a crescente influência de abordagens feministas tem tendência para enfatizar a dimensão liberal feminista na igualdade de oportunidades das mulheres, bem como na igualdade de género.

Necessidade de desconstruir os estereótipos.

Género, não sexo

- Ideia de género

Ser do sexo feminino ou masculino não é o mais relevante, isto é uma questão biológica. Género, segundo o feminismo, é sociável e não biológico.

Porque é importante esta distinção? A categorização social não é automática e reflete tipicamente a imposição de uma determinada forma ordem social.

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Esta ordem geralmente representa entendimentos diferenciados dos 2 géneros. Ex. masculinidade é associada a autonomia, soberania, objetividade, universalidade, capacidade de raciocínio e abstração; feminilidade é geralmente a falta destas qualidades.

ONDE ESTÃO AS MULHERES?

Feminismo argumenta que as mulheres são esquecidas pelas teorias tradicionais das RI. As suas experiências e contributos são ignorados levando a que a investigação em RI rep…

Preocupação com as mulheres na política leva a uma investigação mais centrada no género que permite alterar o tipo de produção de conhecimento sobre política mais tradicional

- Avaliar o papel das mulheres nos países em desenvolvimento

- O efeito é nas mulheres das políticas da mudança social nas sociedades industrializadas.

- Os efeitos particulares das questões de género nas atividades de organizações internacionais

- Re-institucionalização de divisões de género rígidos nas sociedade pós-comunistas após o final da GF.

1. Homem

Realismo e Liberalismo veem as pessoas como atores racionais e que procuram maximizar os seus interesses.

O Feminismo questiona se este é um modelo adequado de humanidade, ou se é antes um modelo feito pelo Homem se comporta num contexto particular das RI entre géneros.

2. Estado

Mais do que entender o Estado como reflexo de soberania, os teóricos de género veem os Estados como refletindo o poder do género, atuando sobre homens e mulheres de forma a socializar versões restritas da concetualização da identidade.

- …

3. Poder

Tipicamente concebido como poder sobre nas teorias tradicionais: a capacidade de A levar B a fazer algo que B não teria feito de outra forma. Para o feminismo isto assenta na assunção masculinizada de que auto…

4. Racionalidade

Realistas entendem que o instrumentalismo é central às RI. Isto acontece quando pensar se torna um meio para um fim, e onde as relações são meios para alcançar…

- …

5. Segurança

O papel da dissuasão na criação de estabilidade na anarquia é rejeitado pelo feminismo como forma adequada de definir segurança.

Realismo visto como perigoso ao elevar o entendimento masculino do poder sobre a um valor supremo no SI.

- …

- …

- …

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- …

CONCLUSÃO

3 ideias

A ideia central é a de que género é uma questão social e não biológica.

A rejeição de elementos fixos ou pré-determinados ou de estruturas na teoria das RI (como a anarquia)

Interesse e crença nas possibilidades de mudança na política e RI.

7. AULA DIA 16 DE NOVEMBRO

Aula E-Learning sobre feminismo (texto de Ann Ticker).

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8. AULA DIA 23 DE NOVEMBRO (TEÓRICA)

3 questões – respondemos a 2 – uma folha de teste

1. feminismo

Eventualmente duas teorias em confronto

PÓS-MODERNISMO

- Foucault, Derrida

- Resposta às teorias estruturalistas/tradicionais (REALISMO! – Marxismo, Liberalismo)

- Relações de poder

O QUE É O PÓS-MODERNISMO?

Vivemos num mundo pós-moderno mais diversificado e fragmentado onde a sociedade

muda tao rapidamente que a incerteza é um traço marcante - A incerteza é uma

característica marcante dos autores/teóricos pós-modernos.

Começou como um movimento na arquitetura de desafio ao modernismo, de que a função

vem antes da forma.

Premodern – “Because God put it there and that’s the way it’s always been.”

Modern – “Onwards and upwards with inevitable progress!”

Postmodern – “vghgukdfuglofkguifjuhkiykfgtyifgjh” (mostrou imagem com riscos)

ELEMENTOS CHAVE DO PÓS-MODERNISMO

Conceito de verdade – não há verdade ou a verdade não tem fundamentos.

Ceticismo face a meta narrativas a absolutismo, rejeição de definições monolíticas, oposição

a universalismo e generalização.

Desilusão com a ideia de progresso (historia não significa progresso).

Incerteza, menos previsibilidade.

Fragmentação da vida social, escolhas incessantes, múltiplas, variadas.

PÓS-MODERNISMO

Abordagem que dedica especial atenção a textos e discussões – modo como se fala e escreve

sobre determinado assunto.

Não há uma realidade única e objetiva, mas uma multiplicidade de experiencia e perspetivas

que desafiam uma categorização fácil.

procuram ‘desconstruir’ construções como ‘estado’, ‘sistema internacional0, e os

argumentos que os realistas usam para descrever as RI.

Olhar o modo como a ação politica é afetada pela linguagem, ideias, conceções abstratas e

normas.

As nossas crenças e expetativas sobre o funcionamento do mundo são influenciadas por

estas questões mais profundas que influenciam identidade.

Como nos identificamos a nós próprios, aos outros, e ao nosso mundo sem implicações nas

nossas ações. Definimos o nosso mundo através de um contexto criado por nós próprios.

Page 17: Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I

JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES 17

Pós-modernismo procura ‘romper com’, ‘desconstruir’ outras teorias, sem oferecer

alternativa.

Ou seja, propõe-se examinar o significado mais profundo do discurso linguístico, como o

significado de palavras e ideias e traçar os seus efeitos na ação politica

o Estado não são unitários nem racionais; são construções abstratas

o Interesse nacional? Não existe.

o Poder – a sua definição

o Ao é limitada a questões tangíveis, não conseguimos definir o poder das ideias, das

normas, das palavras, etc.

CRITICA AOS REALISMO

PARA ALÉM DO POSITIVISMO

Base do pós-modernismo: não existe uma realidade objetiva.

Isto é o mesmo que dizermos que nenhum entendimento do mundo poderia ser verdadeiro

pois está sempre aberto a interpretação e muitas vezes acaba por excluir atores e

dimensões.

Para os realistas o enfoque é nas grandes potências e numa conceção limitada de poder,

perdendo na analise a importância do papel das normas, ideias e outros assuntos fora da

teoria realista.

Ou o sistema é anárquico, o que os leva a concluir que as políticas de poder são a única

doma de conduzir a politica mundial numa lógica de sobrevivência. Isto leva a que a

probabilidade de guerra aumente, é uma visão muito restritiva que parece reforçar o medo

original de guerra.

PÓS-MODERNISMO

Ponto central: crítica, desafio, escrutínio

Apela a um repensar radical da forma como pensamos

o Pensar não só o mundo como o vemos, mas as varias formas como pensamos ver o

mundo.

Usam uma variedade de fontes, ideias e práticas para desafiar as convenções ontológicas,

epistemológicas e metodológicas das RI.

CONCEITOS: PODER/CONHECIMENTO:

Modo como poder é gerado através de limitações artificiais ao nosso entendimento do

mundo e logo como o exercício do poder esta tao interligado com a produção e transmissão

de conhecimento.

Definição convencional de poder das RI, seja material ou ideacional, é essencialmente

repressiva, ou seja, impõe limites ou constrangimento ao nosso pensamento e ações.

Foucault: poder é mais produtivo do que repressivo. Ele fala do poder em definir e impor

essas limitações à partida. Como é que a linguagem é usada para limitar o pensamento sobre

o que é normal, legítimo, adequado? Quem é que circunscreve as nossas ‘verdades’ sociais?

- De que forma é que nós usamos um tipo de linguagem que acaba por nos levar a este

entendimento de poder como conceito legitimo?

Page 18: Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I

JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES 18

O poder produtivo molda coisas, constrói coisas, descreve-as e categoriza-as.

o “Cada sociedade tem o seu regime de verdade” (Foucault, 1991).

Que fontes de poder as sociedades construíram por trás da verdade, em torno da verdade,

por cima da verdade, para lhes dar autoridade e legitimidade: para fazer funcionar algo

como verdade?

o Como é que uma verdade sempre parcial sobre o mundo se apresenta como a

verdade, que atravessa espaço e tempo?

Foucault introduz o conceito de bio poder

o Foucault trabalha muito com a questão da segurança – bio poder ligado, por

exemplos, a fazer perfis de terroristas.

o O poder sobre a vida, o poder sobre as populações.

o Bio poder é expresso em práticas disciplinares, como nas prisões, escolas ou

hospitais, e formas de governação.

o O estado opera crescentemente através destas práticas dirigidas a populações

inteiras, mais do que através da expressão do poder sobreano em relação ao sujeito

individual.

PODER EM FOUCAULT

Poder tradicionalmente entendido como algo que pode ser possuído: estados ou indivíduos

têm poder, e alguns têm mais que outros – Poder como algo palpável.

o Faz sentido falar em equilíbrio de poder e diferentes formas de poder (militar,

económico ou cultural, por p.e.)

Nova forma de pensar poder: não como algo que uma entidade pré-existente pode possuir,

mas antes algo produzido nas relações, relações entendidas como constituídas dessas

mesmas entidades.

Assim, Foucault não fala de ‘poder’, mas de ‘relações de poder’.

Poder não está centralizado, é produzido de forma dispersa, através de uma série de

relações que têm lugar a nível micro durante as interações sociais.

Para entender como o poder funciona, que é fundamental para entender a politica

global, é necessário examinar a microfísica das relações de poder; isto permite perceber

como relações de dominação, quando o poder é sedimentado por longos períodos,

surgem e podem ser desafiados. Toma possível a analise de resistência. Aliás, poder não

é separável de resistência, implica-a, caso contrario, se não há resistência não há nada

a que se possa chamar relação de poder.

“Where there is power, there is resistance” Michel Foucault

“Prison continues, on those who are entrusted to it, a work begun elsewhere, which the whole of

society pursues on each individual through innumerable mechanisms of discipline” Michel

Foucault

CONCEITOS: REPRESENTAÇÃO

Foucault no seu interesse por ‘regimes de verdade’ chegou à representação: de que modo

diferentes regimes de verdade nos são apresentados através da linguagem.

Usamos constantemente palavras em vez de coisas.

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Termos como ‘globalização’, ‘guerra ao terro’, ‘liberdade’, ‘SI’, ‘humanidade’, ‘relacionam-

se com pessoas, objetos e conjuntos de coisas que aconteceram, acontecem e acontecerão.

A questão aqui é: as palavras tentam representar estas coisas que não conseguimos

conhecer, as palavras nunca conseguirão ser estas coisas. Palavras por si só que acabam

por ser manipuláveis, interpretados de formas diferentes, aplicados diferentemente.

9. AULA 30 DE NOVEMBRO (TEÓRICA)

PÓS-MODERNISMO - CONTINUAÇÃO

JACQUES DERRIDA

A estrutura social está em constante fluxo.

Todo o significado é relativo e socialmente construído, assim, os símbolos são vazios de significado.

A procura de significado é um movimento constante de símbolo para símbolo, como usar um dicionário. Esta circularidade da linguagem significa que não há um sítio de onde possamos interpretar o mundo.

A realidade é frágil e confusa: tentar contar a ‘big story’ é impossível.

Redefinição das noções de texto e textual.

O mundo é como um texto pois está cheio de significados e interpretações, apenas podemos falar sobre e pensar sobre este mundo – e dessa forma agir – através destas interpretações.

Assim, devemos pensar o mundo como discurso.

Não há nada fora do texto: não existem apenas diferentes interpretações da realidade (que existe independentemente destas interpretações), não há mais nada além destas interpretações – elas são realidades para nós no sentido em que não conseguimos perceber a realidade.

JEAN BAUDRILLARD

Estamos constantemente rodeados de meios de comunicação social.

Somos consumidos e os nossos desejos são criados pelos media.

A imagem domina – hiper-realidade (realidade virtual): o Aparência domina sobre real. o Definição de cultura, identidade, com base em imagens, simulações, realidades

imaginadas.

“We live in a world where there is more and more information, and less and less meaning” Jean Baudrillard

Então porque é que algumas coisas parecem convincentes e estáveis? Porque não posso mudar as RI afirmando que as coisas são diferentes?

Porque os discursos não são todos iguais, mas são mais poderosos do que outros.

O tema do poder é central do pós-modernismo.

Page 20: Apontamentos de Teoria das Relações Internacionais I

JOANA FILIPA NEVES RODRIGUES 20

o Foucault: o poder central define o que é conhecimento. Não é algo puramente negativo ou que disfarce o conhecimento, ao invés, é produto no … … … … …

o … … … … … … …

METODOLOGIAS:

Representação da realidade – análise do discurso – mostrar como determinadas representações da realidade prevalecem na luta por significado, e como alternativas são marginalizadas.

Genealogia: abordagem genealógica é histórica, mas diferentemente da história tradicional procura identificar as ruturas.

Desconstrução: o significado não é fixo (imagem do dicionário); os termos dependem do uso de oposições dicotómicas, que inventem ou construem o seu significado (p.e., bom/mau, interno/externo).

Identidade definida através da articulação da construção discursiva … nós não somos eles: a nossa definição por oposição ‘a’.

Na desconstrução é o método de leitura de texto: mostrar como estas oposições são inventadas e a história contada depende destas oposições que foram criadas – sublinha as contradições ‘escondidas’ no texto.

CRÍTICAS

Comos o pós-modernismo se recusa a oferecer uma visão concreta ou coerente da sociedade é ética e politicamente de pouco uso.

Independentemente do quão importante é a interpretação para a vida social há coisas e acontecimentos que são reais e acontecem independentemente da sua construção discursiva. O que há de discursivo numa erupção vulcânica?

São desnecessariamente complicados, usam linguagem demasiado complexa, e que alternativas oferecem para as RI?