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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Conhecimentos Gerais A Opção Certa Para a Sua Realização 1 CONHECIMENTOS GERAIS CONHECIMENTOS GERAIS CONHECIMENTOS GERAIS CONHECIMENTOS GERAIS ** Aconselhamos aos senhores concursandos a se atuali- zarem sempre, lendo jornais, revistas, assistindo e ouvindo noticiários nas áreas de política, economia, sociedade, ou seja: tudo o que acontece dentro e fora do país.** Política do Brasil O Brasil é uma república federal presidencialista, de regime democrático-representativo. Em nível federal, o poder executivo é exercido pelo Presidente. É uma república porque o chefe de estado é eletivo e temporário. O Estado brasileiro é uma federação pois é composto de estados dotados de autonomia política garantida pela Constituição Federal e do poder de promulgar suas próprias Constituições. É uma república presidencial porque as funções de chefe de Estado e chefe de governo estão reunidas em um único órgão: o Presidente da República. É uma democracia representativa porque o povo exerce sua soberania, elegendo o chefe do poder executivo e os seus representantes nos órgãos legislativos e, às vezes, diretamente via plebiscitos, referendos e iniciativas populares. 640 × 652 - rcjoinville.blogspot.com Indicadores De acordo com o Índice de Democracia, compilado pela revista britânica The Economist, o Brasil possui desempenho elevado nos quesitos pluralismo no processo eleitoral (nota 9,5) e liberdades civis (nota 9,1). O país possui nota acima da média em funcionalidade do governo (nota 7,5). No entanto, possui desempenho inferior nos quesitos participação política (nota 5,0) e cultura política (nota 4,3). De acordo com dados de 2010 , o desempenho do Brasil em participação política é comparável ao de Malauí e Uganda, considerados "regimes híbridos", enquanto o desempenho em cultura política é comparável ao de Cuba, considerado um regime autoritário. No entanto, a média geral do país (nota 7,1) é inferior somente à do Uruguai (nota 8,1) e do Chile (nota 7,6) na América do Sul. Dentre os BRIC, apenas a Índia (nota 7,2) possui desempenho melhor. De fato, em relação aos BRIC, a revista já havia elogiado a democracia do país anteriormente, afirmando que "em alguns aspectos, o Brasil é o mais estável dos BRIC. Diferentemente da China e da Rússia, é uma democracia genuína; diferentemente da Índia, não possui nenhum conflito sério com seus vizinhos". O Brasil é percebido como um país extremamente corrupto, ocupando o 69° lugar no índice de percepção, sendo o 1° e menor, a Dinamarca. Perde para países africanos como Botsuana (33°), Namíbia (56°) e Ruanda (66°) e está relativamente distante do Chile (21°), o mais bem colocado na América do Sul. Porém encontra-se em posição melhor que alguns outros países sul-americanos como Colômbia (78°), Argentina (105°), Bolívia (110°) e Venezuela(164°). O Brasil ainda está em situação melhor que todos os outros países do BRIC. A China se encontra 78° lugar, a Índia em 87° e a Rússia em 154°. Ideologia Segundo pesquisa do instituto Datafolha sobre as inclinações ideológicas da população brasileira, o brasileiro médio possui valores comportamentais de direita, mas manifesta acentuadas tendências de esquerda no campo econômico. Os entrevistados responderam a perguntas sobre 16 temas; 41% deles deram respostas identificadas às ideias de esquerda, enquanto 39% deles deram respostas identificadas com os valores da direita. Quase 70% dos brasileiros defendem que o governo deve ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país; 58% entendem que as instituições governamentais precisam atuar com força na economia para evitar abusos das empresas; 57% dizem que o governo tem obrigação de salvar as empresas nacionais que enfrentam risco de falência e 54% associam a CLT mais à defesa dos trabalhadores do que à ideia de empecilho ao crescimento das empresas. Todas essas visões coincidem com a política econômica defendida por partidos historicamente ligados à esquerda, como o PT. Nas questões de comportamento, no entanto, o brasileiro mostra-se mais à direita do que à esquerda (numa proporção de 49% à direita e 29% à esquerda): quase 90% acham que acreditar em Deus torna alguém melhor e 83% são a favor da proibição das drogas, ideias essas historicamente defendidas por partidários da direita. Ainda segundo a pesquisa, 31% dos brasileiros são de centro- esquerda, 29% são de centro-direita, 20% são de centro, 10% são de esquerda e 10% são de direita. O percentual de pessoas identificadas com a esquerda aumentou significativamente em dois meses – de 4% para 10% na esquerda e de 26% para 31% na centro-esquerda – devido à inclusão de temas econômicos na sondagem. Entre os 10% que são identificados com a esquerda a média de idade é de 35 anos. A idade aumenta conforme a ideologia se distancia da esquerda; os de centro-esquerda têm média de 38 anos, os de centro têm média de 39, os de centro-direita têm média de 41 e os de direita têm média de 46. No quesito escolaridade, o grupo da esquerda é o único onde mais de 20% das pessoas possui formação superior e o que possui o menor número de pessoas com formação fundamental (30%). Na direita, por sua vez, 52% tem formação fundamental.7 Por outro lado, este grupo reúne a maior parcela de pessoas com renda familiar mensal acima de R$ 6.780 na comparação com os outros quatro grupos. Ao mesmo tempo, reúne a maior parcela de pessoas com renda de até R$ 1.365. A esquerda é um pouco mais intensa no Nordeste e um pouco menos intensa no Sul; com a direita ocorre o oposto. Segundo pesquisa anterior do mesmo instituto, a inclinação ideológica da população tem pouca influência na hora do voto, visto que a presidente Dilma Rousseff do PT, de centro-esquerda, lidera a intenção de voto entre eleitores identificados com a direita e a centro-direita. Organização estatal Líderes partidários da Câmara dos Deputados em reunião. O Estado brasileiro é dividido primordialmente em três esferas de poder: o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O chefe do Poder Executivo é o presidente da República, eleito pelo voto direto para um mandato de quatro anos, renovável por mais quatro. Na esfera estadual o Executivo é exercido pelos governadores dos estados; e na esfera municipal pelos prefeitos. O Poder Legislativo é composto, em âmbito

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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

Conhecimentos Gerais A Opção Certa Para a Sua Realização 1

CONHECIMENTOS GERAISCONHECIMENTOS GERAISCONHECIMENTOS GERAISCONHECIMENTOS GERAIS ** Aconselhamos aos senhores concursandos a se atuali-

zarem sempre, lendo jornais, revistas, assistindo e ouvindo noticiários nas áreas de política, economia, sociedade, ou seja: tudo o que acontece dentro e fora do país.**

Política do Brasil

O Brasil é uma república federal presidencialista, de regime democrático-representativo. Em nível federal, o poder executivo é exercido pelo Presidente. É uma república porque o chefe de estado é eletivo e temporário. O Estado brasileiro é uma federação pois é composto de estados dotados de autonomia política garantida pela Constituição Federal e do poder de promulgar suas próprias Constituições. É uma república presidencial porque as funções de chefe de Estado e chefe de governo estão reunidas em um único órgão: o Presidente da República. É uma democracia representativa porque o povo exerce sua soberania, elegendo o chefe do poder executivo e os seus representantes nos órgãos legislativos e, às vezes, diretamente via plebiscitos, referendos e iniciativas populares.

640 × 652 - rcjoinville.blogspot.com

Indicadores

De acordo com o Índice de Democracia, compilado pela revista britânica The Economist, o Brasil possui desempenho elevado nos quesitos pluralismo no processo eleitoral (nota 9,5) e liberdades civis (nota 9,1). O país possui nota acima da média em funcionalidade do governo (nota 7,5). No entanto, possui desempenho inferior nos quesitos participação política (nota 5,0) e cultura política (nota 4,3). De acordo com dados de 2010 , o desempenho do Brasil em participação política é comparável ao de Malauí e Uganda, considerados "regimes híbridos", enquanto o desempenho em cultura política é comparável ao de Cuba, considerado um regime autoritário. No entanto, a média geral do país (nota 7,1) é inferior somente à do Uruguai (nota 8,1) e do Chile (nota 7,6) na América do Sul. Dentre os BRIC, apenas a Índia (nota 7,2) possui desempenho melhor. De fato, em relação aos BRIC, a revista já havia elogiado a democracia do país anteriormente, afirmando que "em alguns aspectos, o Brasil é o mais estável dos BRIC. Diferentemente da China e da Rússia, é uma democracia genuína; diferentemente da Índia, não possui nenhum conflito sério com seus vizinhos".

O Brasil é percebido como um país extremamente corrupto, ocupando o 69° lugar no índice de percepção, sendo o 1° e menor, a Dinamarca. Perde para países africanos como Botsuana (33°), Namíbia (56°) e Ruanda (66°) e está relativamente distante do Chile (21°), o mais bem colocado na América do Sul. Porém encontra-se em posição melhor que alguns outros países sul-americanos como Colômbia (78°), Argentina (105°), Bolívia (110°) e Venezuela(164°). O Brasil ainda está em situação melhor que todos os

outros países do BRIC. A China se encontra 78° lugar, a Índia em 87° e a Rússia em 154°.

Ideologia

Segundo pesquisa do instituto Datafolha sobre as inclinações ideológicas da população brasileira, o brasileiro médio possui valores comportamentais de direita, mas manifesta acentuadas tendências de esquerda no campo econômico. Os entrevistados responderam a perguntas sobre 16 temas; 41% deles deram respostas identificadas às ideias de esquerda, enquanto 39% deles deram respostas identificadas com os valores da direita. Quase 70% dos brasileiros defendem que o governo deve ser o principal responsável pelo crescimento econômico do país; 58% entendem que as instituições governamentais precisam atuar com força na economia para evitar abusos das empresas; 57% dizem que o governo tem obrigação de salvar as empresas nacionais que enfrentam risco de falência e 54% associam a CLT mais à defesa dos trabalhadores do que à ideia de empecilho ao crescimento das empresas. Todas essas visões coincidem com a política econômica defendida por partidos historicamente ligados à esquerda, como o PT. Nas questões de comportamento, no entanto, o brasileiro mostra-se mais à direita do que à esquerda (numa proporção de 49% à direita e 29% à esquerda): quase 90% acham que acreditar em Deus torna alguém melhor e 83% são a favor da proibição das drogas, ideias essas historicamente defendidas por partidários da direita.

Ainda segundo a pesquisa, 31% dos brasileiros são de centro-esquerda, 29% são de centro-direita, 20% são de centro, 10% são de esquerda e 10% são de direita. O percentual de pessoas identificadas com a esquerda aumentou significativamente em dois meses – de 4% para 10% na esquerda e de 26% para 31% na centro-esquerda – devido à inclusão de temas econômicos na sondagem. Entre os 10% que são identificados com a esquerda a média de idade é de 35 anos. A idade aumenta conforme a ideologia se distancia da esquerda; os de centro-esquerda têm média de 38 anos, os de centro têm média de 39, os de centro-direita têm média de 41 e os de direita têm média de 46. No quesito escolaridade, o grupo da esquerda é o único onde mais de 20% das pessoas possui formação superior e o que possui o menor número de pessoas com formação fundamental (30%). Na direita, por sua vez, 52% tem formação fundamental.7 Por outro lado, este grupo reúne a maior parcela de pessoas com renda familiar mensal acima de R$ 6.780 na comparação com os outros quatro grupos. Ao mesmo tempo, reúne a maior parcela de pessoas com renda de até R$ 1.365. A esquerda é um pouco mais intensa no Nordeste e um pouco menos intensa no Sul; com a direita ocorre o oposto. Segundo pesquisa anterior do mesmo instituto, a inclinação ideológica da população tem pouca influência na hora do voto, visto que a presidente Dilma Rousseff do PT, de centro-esquerda, lidera a intenção de voto entre eleitores identificados com a direita e a centro-direita.

Organização estatal

Líderes partidários da Câmara dos Deputados em reunião.

O Estado brasileiro é dividido primordialmente em três esferas de poder: o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O chefe do Poder Executivo é o presidente da República, eleito pelo voto direto para um mandato de quatro anos, renovável por mais quatro. Na esfera estadual o Executivo é exercido pelos governadores dos estados; e na esfera municipal pelos prefeitos. O Poder Legislativo é composto, em âmbito

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federal, pelo Congresso Nacional, sendo este bicameral: dividido entre a Câmara dos Deputados e o Senado. Para a Câmara, são eleitos os deputados federais para dividirem as cadeiras em uma razão de modo a respeitar ao máximo as diferenças entre as vinte e sete Unidades da Federação, para um período de quatro anos. Já no Senado, cada estado é representado por 3 senadores para um mandato de oito anos cada. Em âmbito estadual, o Legislativo é exercido pelas Assembleias Legislativas Estaduais; e em âmbito municipal, pelas Câmaras Municipais.

Sistema federativo

O Brasil possui vinte e seis estados e um Distrito Federal, indissolúveis, cada qual com um Governador eleito pelo voto direto para um mandato de quatro anos renovável por mais quatro, assim como acontece com os Prefeitos. Tanto os estados quanto os municípios têm apenas uma casa parlamentar: no nível estadual os deputados estaduais são eleitos para 4 anos na Assembleia Legislativa e no nível municipal, os vereadores são eleitos para a Câmara Municipal para igual período.

Sistema judiciário

Finalmente, há o Poder Judiciário, cuja instância máxima é o Supremo Tribunal Federal (STF) , responsável por interpretar a Constituição Federal e composto por onze ministros indicados pelo Presidente sob referendo do Senado, dentre indivíduos de renomado saber jurídico. A composição dos ministros do STF não é completamente renovada a cada mandato presidencial: o presidente somente indica um novo ministro quando um deles se aposenta ou vem a falecer. A idade para a aposentadoria compulsória é de 70 anos. No entanto, os ministros podem se aposentar antes disso, caso queiram. O salário recebido pelos membros da corte (28.059,29 reais em 2013) é o mais alto do funcionalismo público.

Sistema eleitoral-partidário

Em 1980, voltou a existir o pluripartidarismo no país, sendo inicialmente criados 5 partidos políticos. Atualmente, há mais de 30 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido mais antigo ainda em atividade é o Partido Comunista Brasileiro (PBC), fundado em 1922 e colocado na ilegalidade diversas vezes. Segundo dados do TSE, os maiores partidos do país são o Partido do Movimento Democrático

Brasileiro (PMDB) – a antiga oposição permitida pelo regime militar, que desde o fim dessa era participou de todos os governos (à exceção da breve presidência de Fernando Collor de Mello entre 1990 e 1992) e vem sendo a força dominante no Congresso Nacional desde então –, o Partido dos Trabalhadores (PT) – legenda da atual presidente Dilma Rousseff (2011–) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003–2010) –, o Partido Progressista (PP), o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) – do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994–2002) –, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Democratas (DEM). Todos possuem mais de um milhão de filiados. Apesar de 61% dos brasileiros declararem não ter preferência partidária, 20% indicam preferência ao PT, 5% ao PSDB, 4% ao PMDB e 11% a outros partidos (PV, PTB, PSB, PDT, PSOL e DEM).

A atual equação problemática da economia brasileira

“É hora de as forças oposicionistas concentrarem seus esforços na dis-cussão de um ousado projeto para o país, que passe pelo corajoso enfren-tamento de nossos atuais gargalos e pelas reformas necessárias”

MARCUS PESTANA

O Brasil patina num quadro econômico que, se não é dramático como os da Venezuela e da Argentina, deixa um horizonte nebuloso e povoa de interrogações o futuro do país.

Baixo crescimento, produtividade insuficiente, empregos de baixa qua-lidade, competitividade ladeira abaixo, taxa de investimento raquítica, inflação alta, desindustrialização clara, alta taxa de juros, deterioração do equilíbrio fiscal e do setor externo, ambiente regulatório instável, baixa credibilidade da política econômica, tudo isto resultando em ambiente adverso junto aos investidores.

Esse cenário, nem o mais otimista pronunciamento da presidente Dil-ma, nas abusivas redes nacionais de rádio e TV, podem negar.

O sintoma mais claro e recente foi o fracasso do leilão da maior reserva brasileira de petróleo do pré-sal, o Campo de Libra, onde apenas um con-sórcio, induzido pela Petrobras, participou sem oferecer nenhum ágio.

O intervencionismo desorganizador de Dilma e seu governo está pre-sente no setor elétrico, no setor de açúcar e álcool, na penúria de estados e municípios, na frustrada aventura de diversos “campeões globais”, especi-almente Eike Batista, que com sua falência contribuiu para alimentar ainda mais as expectativas negativas em relação ao Brasil. Enquanto isso, seto-res importantes como o café clamam por uma política nacional que os fortaleça.

Nenhuma das reformas estruturais necessárias foi adiante. A falta de traquejo de nossa presidente para liderar um ousado programa de reformas deixa um vácuo insuportável. O Brasil vem perdendo oportunidades e deixou de usufruir do melhor momento do cenário internacional. Quando a liquidez internacional for enxugada, a China desacelerar e o fluxo de capi-tais voltar-se para os EUA e a Europa, poderemos viver graves problemas.

Foi esse quadro que levou as intenções de voto da presidente Dilma despencar de 58% para 30%, após as manifestações de junho. Os fatores preponderantes foram a inflação, principalmente nos alimentos, o alto endividamento das famílias pressionando o padrão de vida conquistado e a falta de empregos de melhor qualidade, que ofereçam às pessoas a pers-pectiva do próximo passo.

A pequena melhoria das intenções de voto de Dilma para o patamar de 38% a 40% se deve ao confronto com Obama na questão da espionagem e ao Mais Médicos. É pouco para quem tem uma poderosa máquina de comunicação em ação, quase 100% de conhecimento e enfrenta adversá-rios experientes, habilidosos e pouco conhecidos.

Estamos longe ainda das eleições de 2014. A maioria da população não está preocupada com isso. É hora de as forças oposicionistas concen-trarem seus esforços na discussão de um ousado projeto para o país, que passe pelo corajoso enfrentamento de nossos atuais gargalos e pelas reformas necessárias.

O Brasil não está condenado a viver eternamente este voo de galinha, com crescimento médio de 2%. Mas é preciso mudar o rumo.

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Economia brasileira crescerá 2,1% em 2014, aponta CNI

A economia brasileira crescerá 2,1% no próximo ano, menos do que os 2,4% estimados para 2013. A indústria deverá ter uma expansão de 2,0% em 2014, superior ao 1,4% previstos para 2013. As estimativas estão na edição especial do Informe Especial, divulgado nesta quinta-feira (19) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Conforme o estudo, a queda no ritmo de crescimento do Produto Inter-no Bruto (PIB) será resultado da desaceleração dos investimentos, que devem ter expansão de apenas 5% no próximo ano, frente aos 7,1% previs-tos para 2013. A desaceleração dos investimentos, de um lado, será resultado do aumento da taxa de juros e do baixo patamar de confiança dos empresários. "De outro lado, não teremos em 2014 a contribuição excep-cional do investimento em equipamentos de transporte que marcou 2013", diz a CNI.

O aumento dos juros também afetará o consumo das famílias, que de-verá crescer 1,7% em 2014, menos que os 2,1% estimados para este ano. A diminuição do ritmo do consumo, que foi o motor da economia nos últi-mos anos, também será motivada pelo menor reajuste do salários mínimo e pelas dificuldades de acesso ao crédito.

Inflação e câmbio

A CNI estima ainda que a inflação alcançará 6% em 2014, acima da meta de 4,5% fixada para o ano e maior que os 5,7%, previstos para 2013. "Alguns fatores justificam essa situação: o fim do efeito da desoneração da energia elétrica elevará o acumulado em 12 meses dos preços administra-dos e o câmbio mais desvalorizado deverá ter efeito mais perceptível no ano que vem", avalia o estudo.

Com a previsão de inflação acima do centro da meta, a CNI estima uma nova alta nos juros básicos da economia no início de 2014. Assim, a taxa Selic alcançará 10,50% e se manterá nesse patamar até o fim de 2014.

De acordo com as previsões da CNI, o dólar continuará se valorizando e valerá em média R$ 2,35 em 2014, acima dos R$ 2,15 deste ano. O superávit comercial brasileiro, na avaliação da CNI, será de US$ 740 mi-lhões, o menor desde 2000. As exportações fecharão o ano em US$ 239,4 bilhões, valor 1,3% inferior ao registrado em 2012. As importações somarão US$ 238,7 bilhões. http://www.ebc.com.br/noticias/economia/2013/12/economia-brasileira-crescera-21-em-2014-aponta-cni

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Saúde no Brasil – realidades e perspectivas

Por André Luiz de Oliveira

1. Panorama atual da saúde no Brasil

Nas últimas décadas, o setor da saúde passou por impressionantes transformações em importantes aspectos: demográfico, epidemiológico, nutricional e tecnológico. A seguir, há uma exposição mais detalhada sobre essas mudanças.

Transição demográfica – Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008, a esperança de vida dos brasileiros, ao nas-cer, chegou a 72 anos, 10 meses e 10 dias. A média atual entre os homens é de 69,11 anos e entre as mulheres, 76,71 anos (IBGE, 2008).

No Brasil, a melhoria das condições de vida em geral trouxe maior lon-gevidade à população. O número de idosos aumentou 107%, entre 1980 e 2000, e já chega a 21 milhões. As projeções apontam para a duplicação desse contingente nos próximos 20 anos, chegando a 15% da população. Por outro lado, o percentual de crianças e jovens está em queda. Uma das explicações para esse fato é a diminuição do índice de fecundidade por casal, o qual, em 2008, caiu para 1,8 filho, o que aproxima o Brasil dos países com as menores taxas de fecundidade. Portanto, uma impactante transição demográfica está em curso no país.

Transição epidemiológica – Esta também se faz presente como fator in-terveniente na saúde. Em passado recente, doenças infectoparasitárias, com desfecho rápido, eram as principais causas de morte na população brasileira, chegando a 26% do total de mortes (IBGE, 7 jun. 2011). Nas últimas décadas, porém, esse cenário modificou-se, e as doenças crônico-degenerativas (como diabetes, hipertensão, demências), os cânceres (neoplasias) e fatores externos (mortes violentas) assumiram o papel de principais causas de mortalidade. O tratamento e a reabilitação dos pacien-tes acometidos por essas doenças figuram entre os responsáveis pelos altos custos do sistema de saúde.

Transição tecnológica – Na medicina atual, a tecnologia assume papel cada vez mais significativo. A incorporação de novos artefatos é sempre bem-vinda, pois adiciona qualidade aos tratamentos curativos ou paliativos, porém levanta algumas discussões, por implicar altos custos e por trazer o perigo de relegar a plano secundário a necessária humanização no trata-mento dos pacientes.

Transição nutricional – Proporcionou mudança no padrão físico do bra-sileiro. O excesso de peso ou sobrepeso e a obesidade (índice de massa corpórea entre 25 e 30 e acima de 30, respectivamente) explodiram. Se-gundo o IBGE, em 2009, o sobrepeso atingiu mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade; cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos; 48% das mulheres; 50,1% dos homens acima de 20 anos (IBGE, 7 jun. 2011). Segundo dados do Ministério da Saúde (Vigitel, 2011), 48,1% da população brasileira está acima do peso, 15% são obesos.

2. Grandes preocupações na saúde pública no Brasil

Conforme o contexto delineado, é possível extrair cinco temas preocu-pantes para a saúde atualmente: doenças crônicas não transmissí-veis ou doenças não transmissíveis(doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, cânceres, doenças renais crônicas e ou-tras); doenças transmissíveis (aids, tuberculose, hanseníase, influenza ou gripe, dengue e outras); fatores comportamentais de risco modificá-veis (tabagismo, dislipidemias por consumo excessivo de gorduras satura-das de origem animal, obesidade, ingestão insuficiente de frutas e hortali-ças, inatividade física e sedentarismo); dependência química e uso cres-cente e disseminado de drogas lícitas e ilícitas (álcool, crack, oxi e ou-tras); causas externas (acidentes e violências).

Doenças não transmissíveis (DNT) – Estimativas da Organização Mun-dial da Saúde (OMS) mostram que as DNT são responsáveis por 58,5% das mortes ocorridas no mundo e por 45,9% das enfermidades que acome-tem as populações. Em 2007, as DNT respondiam por aproximadamente 67,3% das causas de óbitos no Brasil e representavam cerca de 75% dos gastos com a atenção à saúde. As doenças cardiovasculares correspondi-am às principais causas, com 29,4%, de todos os óbitos declarados (Minis-tério da Saúde, 7 jun. 2011a).

Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que a hipertensão atinja 23,3% dos brasileiros, ou seja, 44,7 milhões de pessoas. Deste montante, apenas 33 milhões têm ciência de seu diagnóstico ou de diagnóstico autor-referido. Apenas 19% têm a pressão sob controle entre aqueles que estão em tratamento. O diagnóstico de hipertensão arterial torna-se mais comum com o avanço da idade, atingindo em torno de 50% das pessoas acima de 55 anos (Machado, 2011).

Em relação ao diabetes, estimativas atuais apontam para 11 milhões de portadores; desses, somente 7,5 milhões têm ciência de sua condição e nem todos se tratam adequadamente (Vigitel, 2011).

Em 2008, segundo a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc) e a OMS, surgiram 12 milhões de novos casos de câncer em todo o mundo, com 7 milhões de óbitos por esse motivo (Oliveira, 6 jul. 2011). No Brasil, para o ano de 2011, as estimativas apontam para a ocorrência de

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489.270 novos casos de câncer (Inca, 7 jun. 2011). Os tipos mais inciden-tes, excluindo o câncer de pele, não melanoma (113 mil novos casos), devem ser, nos homens, o câncer de próstata (52 mil), pulmão (18 mil), estômago (14 mil), cólon e reto (13 mil) e, nas mulheres, o câncer de mama (49 mil), colo de útero (18 mil), cólon e reto (15 mil), pulmão (10 mil) (Inca, 7 jun. 2011). Segundo o Ministério da Saúde (7 jun. 2011a), desde 2003, as neoplasias malignas constituem a segunda causa de morte na população.

Conforme dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (7 jun. 2011), quase 1 milhão de brasileiros têm problemas renais, no entanto 70% ainda não o sabem. A doença renal crônica caracteriza-se por um quadro de evolução lenta, progressiva, até a perda irreversível da função renal (quan-do os rins deixam de filtrar o sangue). As doenças renais matam pelo menos 15 mil brasileiros por ano. Dos 150 mil pacientes que deveriam estar em diálise, apenas 70 mil conseguem receber tal tratamento (Sociedade Brasileira de Nefrologia, 7 jun. 2011).

Doenças transmissíveis – Os números da aids (doença já manifesta) no Brasil, atualizados até junho de 2010, contabilizam 592.914 casos registrados desde 1980. A taxa de incidência oscila em torno de 20 casos de aids por 100 mil habitantes. Em 2009, foram notificados 38.538 novos casos da doença, e, em 87,5% deste montante, a transmissão ocorreu por via heterossexual.

Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Em 1989, a razão era de seis casos de aids nos homens para cada um caso em mulher. Em 2009, a proporção chegou a 1,6 (homem) para cada uma mulher infectada (Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 7 jun. 2011).

Com relação à tuberculose, o Brasil, entre 2008 e 2010, reduziu de 73.673 para 70.601 o número de novos casos, o que representa cerca de 3 mil novos casos a menos no período. Com a redução, a taxa de incidência (número de pacientes por 100 mil habitantes) baixou de 38,82 para 37,99 (Pastoral da Criança, 7 jun. 2011). Contudo, a tuberculose ainda é a tercei-ra causa de óbitos por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com aids.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 47 mil novos casos de hanseníase são detectados a cada ano, sendo 8% deles em menores de 15 anos (Ministério da Saúde, 7 jun. 2001b). A hanseníase apresenta tendência de estabilização dos coeficientes de detecção no país, mas eles ainda estão em patamares muito altos nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, com 17,5% da população brasileira concentrando 53,5% dos casos detectados (Ibid.).

É facilmente perceptível o temor às pandemias que rapidamente se es-palham pelo mundo devido à globalização. Chega a ser curioso o homem se vangloriar de muitas conquistas e descobertas científicas, mas, ao mesmo tempo, ficar impotente ante a ação desconhecida e letal de um imperceptível e microscópico germe. Recentemente, enorme pânico as-sombrou o planeta, por causa do surto de uma gripe denominada gripe A ou sorotipo H1N1. O vírus da influenza acomete, anualmente, no Brasil, cerca de 400 a 500 mil pessoas e mata de 3 a 4 mil indivíduos, e 95% desses óbitos são de idosos (OMS, 7 jun. 2011b).

A OMS estima que entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas se in-fectam anualmente com as doenças tropicais em mais de cem países (Ministério da Saúde, 10 jul. 2011), exceto os da Europa. No Brasil, somen-te nos primeiros nove meses do ano de 2010, 936 mil casos de dengue foram notificados ao Ministério da Saúde, dos quais 14,3 mil eram graves, tendo ocorrido 592 mortes pela doença no período (OMS, 7 jun. 2011a).

Do mesmo modo, não se pode descuidar da doença de Chagas. Em algumas regiões do Brasil, ainda há grande número de infectados. Não obstante o Brasil ter recebido, em 2006, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a Certificação Internacional de Eliminação da Transmissão dessa doença, a erradicação definitiva da transmissão requer a manuten-ção contínua de ações de controle e vigilância.

Fatores de risco modificáveis – O tabagismo é a principal causa evitá-vel de morte no mundo. É incontestável a associação entre o cigarro, com suas mais de 4 mil substâncias tóxicas, e os vários tipos de câncer (de pulmão, boca, lábio, língua, laringe, garganta, esôfago, pâncreas, estôma-go, intestino delgado, bexiga, rins, colo de útero etc.) e diversas moléstias,

entre as quais, por exemplo, derrame cerebral, ataque cardíaco, doenças pulmonares crônicas, problemas de circulação, úlceras, diabetes, infertili-dade, bebês abaixo do peso, osteoporose, infecções no ouvido. Segundo a Opas (IBGE, 23 set. 2011), 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo.

O percentual de fumantes no país teve redução nas últimas décadas. Em 1989, representava um terço da população (Vigitel, 2011) e, em 2010, foi reduzido para 15,1% da população adulta (Inca, 7 jun. 2011). A OMS afirma que o tabagismo (dependência física e psicológica do cigarro), no Brasil, ainda mata cerca de 200 mil pessoas por ano. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), pelo menos 2,7 mil não fumantes morrem no Brasil por ano devido a doenças provocadas pelo tabagismo passivo (Vigi-tel, 2011).

A prática regular de exercícios físicos está longe de fazer parte da roti-na dos brasileiros. Em 2008, somente 10,2% da população com 14 anos ou mais tinha uma atividade física regular (Vigitel, 2011). [f1] E 14,2% da população adulta não pratica nenhuma atividade física, nem durante o tempo de lazer nem para ir ao trabalho.

O crescimento, em curto período de tempo, do número de pessoas com sobrepeso e obesas é uma tendência e constitui um desafio mundial a ser enfrentado. A OMS projetou que, em 2005, o mundo tinha 1,6 bilhão de pessoas acima de 15 anos com excesso de peso e 400 milhões de obesos (IMC acima ou igual a 30). A projeção para 2015 é ainda mais pessimista: 2,3 bilhões de pessoas com excesso de peso e 700 milhões de obesos, indicando aumento de 75% nos casos de obesidade em dez anos (Vigitel, 2011). No Brasil há 48,1% de pessoas com excesso de peso, sendo 15% de obesos. Além das dificuldades naturais causadas pelo excesso de peso, a obesidade pode, ao longo do tempo, acarretar problemas à saúde, como hipertensão arterial e diabetes.

Dependência química – As Nações Unidas contra Drogas e Crimes (U-nodc, em inglês United Nations Office on Drugs and Crime), no Relatório Mundial sobre Drogas (Ministério da Saúde, 7 jun. 2011a) de 2008, mostra que cerca de 5% da população mundial (208 milhões de pessoas) já fez uso de drogas ao menos uma vez. Essa pesquisa aponta que o Brasil é o segundo maior mercado de cocaína das Américas, com cerca de 870 mil usuários adultos (entre 15 e 64 anos), atrás apenas dos Estados Unidos, que têm cerca de 6 milhões de consumidores da droga.

O Brasil é o responsável pela maior quantidade de maconha apreendi-da na América do Sul, tendo apreendido 167 toneladas em 2008. O consu-mo da maconha e do haxixe no Brasil aumentou duas vezes e meia: em 2001, 1% dos brasileiros consumia a droga. Em 2005, o número chegou a 2,6% da população. Segundo o Ministério da Saúde, o crackpoderá tirar a vida de pelo menos 25 mil jovens por ano no Brasil. A estimativa é que mais de 1,2 milhão de pessoas sejam usuárias de crack no país e cerca de 600 mil pessoas façam uso frequente de droga. A média de idade do início do uso é 13 anos (Ibid.).

Ultimamente, há notícias que indicam a rápida difusão de nova e de-vastadora droga, apreendida em todas as regiões do país. Trata-se do oxi, uma droga mais barata e de consequências ainda mais danosas para os usuários que o temível crack. O oxi é produzido pela mistura de cocaína, combustível, cal virgem, cimento, acetona, ácido sulfúrico, soda cáustica e amônia. Pesquisas iniciais do Ministério da Saúde apontam que cerca de um terço dos usuários de oxi morrem no primeiro ano (Vigitel, 2011).

A dependência do álcool é um dos graves problemas de saúde pública brasileira. De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), atualmente 18% da população adulta consome álcool em excesso, em contraposição a 16,2% em 2006. A população masculina ainda é a maioria entre os que bebem em excesso – 26,8% em 2010. O uso do álcool, além de causar sérios e irreversíveis danos a vários órgãos do corpo, está também relacionado a 60% dos acidentes de trânsito e 70% das mortes violentas. Seu consumo vem crescendo em todos os setores da sociedade, independentemente de cor, raça, religião e condi-ções financeiras de seus usuários, tanto em grandes centros urbanos como nas mais distantes áreas rurais.

Causas externas (acidentes e violências) – No Brasil, as mortes por causas externas (mortes violentas) já ocupam o terceiro lugar entre os óbitos da população em geral, só perdendo para as mortes por doenças

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cardiovasculares e neoplasias (cânceres), e detêm o primeiro lugar na faixa etária de 15 a 39 anos. Segundo um estudo sobre saúde no Brasil, houve no país, em 2007, 47.707 homicídios (36,4%) e 38.419 óbitos (29,3%) relacionados ao trânsito, constituindo juntos 67% do total de 131.032 óbitos por causas externas.

É assustador o alto número de acidentes de trânsito que acontecem pelo país, ceifando milhares de vidas. Eles também deixam inúmeros sobreviventes, entre os quais muitos jovens, com sequelas irreversíveis, que passam a depender muito do sistema de saúde e da família devido ao constante cuidado de que precisam.

É igualmente preocupante a escalada dos números de vítimas da vio-lência doméstica. Mesmo com a existência da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), só em 2010 foram feitos 734.416 registros, sendo 108.026 com relatos de violência e 63.831 especificamente referentes à violência física (Guia da Previdência Social, n. 422).

Afora esses cinco fatores de grande preocupação para a saúde no Brasil atualmente, existe a problemática do financiamento da saúde no país. O Sistema Único de Saúde (SUS) teve de disputar recursos financei-ros com outros ramos da seguridade social (assistência social e previdência social) desde o primeiro momento, quando as formas de sua implementa-ção ainda estavam sendo elaboradas. Na época, foi garantido no Ato das Disposições Transitórias que, enquanto não fosse regulamentada a lei de custeio da seguridade social, pelo menos 30% do total de seus recursos deveria ser destinado para a saúde. Os anos que se seguiram à Constitui-ção de 1988 são caracterizados pela tensão permanente entre dois princí-pios: a construção da universalidade e a contenção de gastos na saúde.

Desde 1999 há no Congresso Nacional uma proposta de regulamenta-ção desses repasses por meio da Emenda Constitucional n. 29 (EC 29). Além de definir um repasse mínimo do governo federal (corrigido pelo PIB), dos governos estaduais (de 12%) e dos municípios (de 15%), a EC 29 define ações e serviços em saúde, caracterizando o que realmente pode ser gasto em saúde, e propõe medidas de sanção ou punição aos gestores que descumprirem esses investimentos mínimos. É preocupante o não cumprimento sistemático, por muitos governantes, do mínimo de investi-mento na saúde, ocasionando arriscado e perigoso subfinanciamento na saúde pública.

3. Avanços no SUS

O Programa Saúde da Família atinge atualmente cem milhões de brasi-leiros, segundo o Ministério da Saúde. O país reduziu em mais de 70% a mortalidade infantil nos últimos 30 anos, ampliou o número de consultas de pré-natal, diminuiu a desnutrição, alcançou uma das maiores coberturas de vacinação para crianças, gestantes e idosos do mundo. Segundo o Ministé-rio da Saúde, a transmissão do cólera foi interrompida em 2005. Eliminou-se a paralisia infantil e o sarampo em 2007 e a rubéola em 2009. Mortes por doenças transmissíveis, como tuberculose, hanseníase, malária e aids, foram reduzidas (Ministério da Saúde, 7 jun. 2011a).

Os dados do Datasus (7 jun. 2011) mostram que no SUS, em 2010, fo-ram disponibilizados 634 milhões de medicamentos e realizados 535 mi-lhões de ações de prevenção e promoção, 495 milhões de exames, 239 milhões de atendimentos de saúde bucal, 40 milhões de fisioterapias, 11,1 milhões de internações. Todos os anos, registram-se 3,5 milhões de órte-ses e próteses e mais de 20 mil transplantes.

3.1. Desafios do SUS

O SUS tem desafios de curto, médio e longo prazo, sobretudo por pre-cisar de mais recursos e da otimização do uso do dinheiro público. Hoje é investido o dobro de recursos na doença (internações, cirurgias, transplan-tes) do que nas ações básicas de saúde (vacinas e consultas) que previ-nem a doença. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-da (Ipea), os problemas mais frequentes são a falta de médicos (58,1%), a demora para atendimento em postos, centros de saúde ou hospitais (35,4%) e a demora para conseguir uma consulta com especialistas (33,8%).

Com base em relatos, divulgações nos meios de comunicação e situa-ções vivenciadas pelos usuários do SUS, alguns desafios ou oportunidades de melhora na prestação de serviços, que ajudam a compor a difícil reali-

dade da saúde brasileira, podem ser agrupados em quatro áreas críticas, a saber: acesso, gestão, fatores externos e financiamento.

3.2. Perspectivas do SUS

Contudo, como qualquer outro processo de relevância social, o SUS necessita de constante monitoramento por parte do cidadão, missionário da boa vontade, e de um empenho prioritário das autoridades governamentais, lembrando que os direitos de acesso a qualquer garantia social devem ser sempre respeitados e que o senso crítico e responsável de todos, na mes-ma proporção, deve ser estimulado.

A preocupação com a informação em saúde e com o bem-estar de to-dos também deve ser lembrada, reforçando o conceito de educação em saúde e práticas saudáveis de vida. Enfim, a luta por políticas públicas de saúde responsáveis e isentas de interesses colaterais e o resgate à prática da solidariedade e da humanização no mundo da saúde significam manifes-tações responsáveis e cristãs de verdadeira fraternidade com todos os nossos irmãos, em busca de um mundo mais justo, fraterno, solidário e, por que não, saudável.

Educação no Brasil

Espera-se que a educação no Brasil resolva, sozinha, os problemas so-ciais do país. No entanto, é preciso primeiro melhorar a formação dos do-centes, visto que o desenvolvimento dos professores implica no desenvolvi-mento dos alunos e da escola.

O processo de expansão da escolarização básica no Brasil só começou em meados do século XX

Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.

Com isso posto, podemos nos voltar aos dados nacionais:

O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PI-SA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi regis-trado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos que o piso salarial (et. al., na mídia).

Frente aos dados, muitos podem se tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços, concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela!”. Talvez o bom senso sugerisse pensar-mos dessa forma. Entretanto, podemos notar que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação.

Logo, agora não mais pelo bom senso e sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacio-nal cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais.

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Já sabemos que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, do-tar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino de-termina o que o professor faz quando ensina.

O desenvolvimento dos professores é uma precondição para o desen-volvimento da escola e, em geral, a experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queira chamar – perdura sem o docente.

É preciso abandonar a crença de que as atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebem resultados positivos na aprendizagem dos alunos. Para uma mudança efetiva de crença e de atitu-de, caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos que, em atividade profissional, são levados a se envolver em situações formais de aprendizagem.

Mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professo-res deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão.

Certamente, os professores não podem ser tomados como atores úni-cos nesse cenário. Podemos concordar que tal situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares – e também os muitos de nossos contemporâneos que pensam, sem ousar dizer em voz alta, “que se todos fossem instruídos, quem varreria as ruas?”; ou que não veem problema “em dispensar a todos das formações de alto nível, quando os empregos disponíveis não as exi-gem”.

Enquanto isso, nós continuamos longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregando o fardo de um baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de chegar a 6 em 2022. Eliane da Costa Bruini

Meio ambiente e biodiversidade

A grande extensão territorial do Brasil abrange diferen-tes ecossistemas, como a floresta Amazônica, reconhecida como tendo a maior diversidade biológica do mundo, a mata Atlântica e o Cerrado, que sustentam também grande biodiversidade, sendo o Brasil reconhecido como um país megadiverso. No sul, a floresta de araucárias cresce sob condições de clima temperado.

A rica vida selvagem do Brasil reflete a variedade de habitats naturais. Os cientistas estimam que o número total de espécies vegetais e animais no Brasil seja de aproximadamente de quatro mi-lhões. Grandes mamíferos incluem pumas, onças, jaguatiricas, ra-ros cachorros-vina-gre, raposas, queixadas, antas, tamanduás, preguiças, gambás e tatus. Veados são abundantes no sul e muitas espécies de platyrrhini são encontra-das nas florestas tropicais do norte.A preocupação com o meio ambiente tem crescido em resposta ao interesse mundial nas questões ambientais.

O patrimônio natural do Brasil está seriamente ameaçado pela pecuária e agricultura, exploração madeireira, mineração, reassentamen-to, desmatamento, extração de petróleo e gás, a sobrepesca, comércio de espécies selvagens, barragens e infraestrutura, contaminação da água, fogo, espécies invasoras e pelos efeitos do aquecimento global. Em muitas áreas do país, o ambiente natural está ameaçado pelo desenvolvimento. A construção de estradas em áreas de floresta, tais como a BR-230 e a BR-163, abriu áreas anteriormente remotas para a agricultura e para o comér-cio; barragens inundaram vales e habitats selvagens; e minas criaram cicatrizes na terra e poluíram a paisagem.

Energia

Plataforma petrolífera P-51 da estatalbrasileira Petrobras. Desde 2006 o país equilibra sua balança de petróleo.

O Brasil é o décimo maior consumidor da energia do planeta e o tercei-ro maior do hemisfério ocidental, atrás dos Estados Unidos e Canadá. A matriz energética brasileira é baseada em fontes renováveis, sobretudo a energia hidrelétrica e oetanol, além de fontes não-renováveis de energia, como o petróleo e o gás natural. A Usina Hidrelétrica de Itaipu, no Paraná, é a maior usina hidrelétrica do planeta por produção de energia.

Ao longo das últimas três décadas o Brasil tem trabalhado para criar uma alternativa viável à gasolina. Com o seu combustível à base de cana-de-açúcar, a nação pode se tornar energicamente independente neste momento. O Pró-álcool, que teve origem na década de 1970, em resposta às incertezas do mercado do petróleo, aproveitou sucesso intermitente. Ainda assim, grande parte dos brasileiros utilizam os chamados "veículos flex", que funcionam com etanol ou gasolina, permitindo que o consumi-dor possa abastecer com a opção mais barata no momento, muitas vezes o etanol. Os países com grande consumo de combustível, como a Índia e a China, estão seguindo o progresso do Brasil nessa área. Além disso, países como o Japão e Suécia estão importando etanol brasileiro para ajudar a cumprir as suas obrigações ambientais estipuladas no Protocolo de Quioto.

O Brasil possui a segunda maior reserva de petróleo bruto na América do Sul e é um dos produtores de petróleo que mais aumentaram sua pro-dução nos últimos anos. O país é um dos mais importantes do mundo na produção de energia hidrelétrica. Da sua capacidade total de geração de eletricidade, que corresponde a 90 mil megawatts (MW), a energia hídrica é responsável por 66.000 MW (74%). A energia nuclear representa cerca de 3% da matriz energética do Brasil. O Brasil pode se tornar uma potência mundial na produção de petróleo, com grandes descobertas desse recurso nos últimos tempos na Bacia de Santos.

Transportes

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Terminal do Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, Pernambuco.

Trecho da BR-060 entre Goiânia e Brasília.

Com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de quilômetros, sen-do 96 353 km de rodovias pavimentadas (2004), asestradas são as princi-pais transportadoras de carga e de passageiros no tráfego brasileiro.

Os primeiros investimentos na infraestrutura rodoviária deram-se na década de 1920, no governo de Washington Luís, sendo prosseguidos no governo Vargas e Gaspar Dutra. O presidente Juscelino Kubitschek (1956–61), que concebeu e construiu a capital Brasília, foi outro incentivador de rodovias. Kubitschek foi responsável pela instalação de grandes fabricantes de automóveis no país (Volkswagen, Ford e General Motors chegaram ao Brasil durante seu governo) e um dos pontos utilizados para atraí-los era, evidentemente, o apoio à construção de rodovias.

Hoje, o país tem instalados em seu território outros grandes fabricantes de automóveis, como Fiat, Renault, Peugeot, Citroën,Chrysler, Mercedes-Benz, BMW, Hyundai e Toyota. O Brasil é o sétimo mais importante país da indústria automobilística.

Existem cerca de quatro mil aeroportos e aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas pavimentadas, incluindo as áreas de desembarque.O país tem o segundo maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás ape-nas dos Estados Unidos. O Aeroporto Internacional de Guarulhos, localiza-do na Região Metropolitana de São Paulo, é o maior e mais movimentado-aeroporto do país, grande parte dessa movimentação deve-se ao tráfego comercial e popular do país e ao fato de que o aeroporto liga São Paulo a praticamente todas as grandes cidades de todo o mundo. O Brasil tem 34 aeroportos internacionais e 2 464 aeroportos regionais.

O país possui uma extensa rede ferroviária de 28 857 km de extensão, a décima maior rede do mundo. Atualmente, o governo brasileiro, diferen-temente do passado, procura incentivar esse meio de transporte; um e-xemplo desse incentivo é o projeto do Trem de Alta Velocidade Rio-São Paulo, um trem-bala que vai ligar as duas principais metrópoles do país. Há 37 grandes portos no Brasil, dentre os quais o maior é o Porto de Santos. O país também possui 50 000 km de hidrovias.

Ciência e tecnologia

César Lattes, físicobrasileiro codescobridor doméson pi.

O Brasil também tem um grande número de notáveis personalidades científicas. Entre os inventores brasileiros mais reconhecidos estão os padres Bartolomeu de Gusmão, Roberto Landell de Moura e Francisco João de Azevedo, além de Alberto Santos Dumont, Evaristo Conrado Engelberg, Manuel Dias de Abreu, Andreas Pavel e Nélio José Nicolai. A ciência brasileira é representada por nomes como César Lattes, Mário Schenberg,José Leite Lopes e Fritz Muller. Entre os profissionais e pesqui-sadores da área demedicina, destacam-se os brasileiros Ivo Pitan-guy, Mayana Zatz, Adib Jatene, Adolfo Lutz, Emílio Ribas, Vital Brasil, Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Henrique da Rocha Lima, Mauricio Rocha e Silva e Euryclides Zerbini.

A produção científica brasileira começou, efetivamente, nas primeiras décadas do século XIX, quando a família real e a nobreza portuguesa, chefiadas pelo Príncipe-regente Dom João de Bragança (futuro Rei Dom João VI), chegaram no Rio de Janeiro, fugindo da invasão do exército de Napoleão Bonaparte em Portugal, em 1807. Até então, o Brasil era uma colônia portuguesa (ver colônia do Brasil), sem universidades e orga-nizações científicas, em contraste com as ex-colônias americanas do império espanhol, que apesar de terem uma grande parte da popula-ção analfabeta, tinham um número considerável de universidades desde o século XVI.

A pesquisa tecnológica no Brasil é em grande parte realizada em uni-versidades públicas e institutos de pesquisa. Alguns dos mais notáveis polos tecnológicos do Brasil são os institutos Oswaldo Cruz e Butantã, o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Fotografia panorâmica do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, estado de São Paulo, o únicoacelerador de partícu-las da América Latina.

O Brasil tem o mais avançado programa espacial da América Latina, com recursos significativos para veículos de lançamento, e fabricação de satélites. Em 14 de outubro de 1997, a Agência Espacial Brasilei-ra assinou um acordo com a NASA para fornecer peças para a ISS.329 Este acordo possibilitou ao Brasil treinar seu primeiroastronauta. Em 30 de março de 2006 o Cel. Marcos Pontes a bordo do veícu-lo Soyuz se transformou no primeiro astronauta brasileiro e o terceiro latino-americano a orbitar nosso planeta.

O urânio enriquecido na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), de Resende, no estado do Rio de Janeiro, atende a demanda energética do país. Existem planos para a construção do primeiro submarino nuclear do país. O Brasil também é um dos três países da América Latina com um laboratório Síncrotron em operação, um mecanismo de pesquisa da física, da química, das ciências dos materiais e da biologia. Segundo o Relatório Global de Tecnologia da Informação 2009–2010 do Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o 61º maior desenvolvedor mundial de tecnologia da informação.

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Preservação ambiental

Área de preservação ambiental

Segundo a União Mundial para a Natureza (IUCN), cerca de 12% das terras do mundo estão atualmente protegidas, o dobro do que havia no início da década de 1990. Boa parte dessa proteção, porém, nunca saiu do papel.

Ultimamente com os problemas provocados pelo homem, o tema de preservação vem sendo mais pensado e discutido. Assiste-se a uma evolução no foco das atividades ambientalistas, principalmente o Greenpeace. Se no início elas se concentravam na defesa de algumas espécies ameaçadas, agora consideram que a conservação dos ecossistemas, aliada ao desenvolvimento sustentável, é vital para a manutenção e a evolução da biodiversidade.

Em 2003, instituições ambientais, cientistas e políticos reunidos no 5º - Congresso Mundial de Parques, em Durban, na África do Sul, definiram novas políticas e critérios para a ampliação e a multiplicação de áreas de conservação e de corredores ecológicos ligando as áreas já existentes e para o envolvimento das comunidades locais com as áreas protegidas. Essas propostas originaram o Acordo de Durban, cujo principal objetivo é a criação de um sistema global de áreas protegidas na próxima década.

Ecologia

Durante muito tempo desconhecida do grande público e relegada a segundo plano por muitos cientistas, a ecologia surgiu no século XX como um dos mais populares aspectos da biologia. Isto porque tornou-se evidente que a maioria dos problemas que o homem vem enfrentando, como crescimento populacional, poluição ambiental, fome e todos os problemas sociológicos e políticos atuais, são em grande parte ecológicos.

A palavra ecologia (do grego oikos, "casa") foi cunhada no século XIX pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel, para designar a "relação dos animais com seu meio ambiente orgânico e inorgânico". A expressão meio ambiente inclui tanto outros organismos quanto o meio físico circundante. Envolve relações entre indivíduos de uma mesma população e entre indivíduos de diferentes populações. Essas interações entre os indivíduos, as populações e os organismos e seu ambiente formam sistemas ecológicos, ou ecossistemas. A ecologia também já foi definida como "o estudo das inter-relações dos organismos e seu ambiente, e vice-versa", como "a economia da natureza", e como "a biologia dos ecossistemas".

Histórico. A ecologia não tem um início muito bem delineado. Encontra seus primeiros antecedentes na história natural dos gregos, particularmente em um discípulo de Aristóteles, Teofrasto, que foi o primeiro a descrever as relações dos organismos entre si e com o meio. As bases posteriores para a ecologia moderna foram lançadas nos primeiros trabalhos dos fisiologistas sobre plantas e animais.

O aumento do interesse pela dinâmica das populações recebeu impulso especial no início do século XIX e depois que Thomas Malthus chamou atenção para o conflito entre as populações em expansão e a capacidade da Terra de fornecer alimento. Raymond Pearl (1920), A. J. Lotka (1925), e Vito Volterra (1926) desenvolveram as bases matemáticas para o estudo das populações, o que levou a experiências sobre a interação de predadores e presas, as relações competitivas entre espécies

e o controle populacional. O estudo da influência do comportamento sobre as populações foi incentivado pelo reconhecimento, em 1920, da territorialidade dos pássaros. Os conceitos de comportamento instintivo e agressivo foram lançados por Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen, enquanto V. C. Wynne-Edwards estudava o papel do comportamento social no controle das populações.

No início e em meados do século XX, dois grupos de botânicos, um na Europa e outro nos Estados Unidos, estudaram comunidades vegetais de dois diferentes pontos de vista. Os botânicos europeus se preocuparam em estudar a composição, a estrutura e a distribuição das comunidades vegetais, enquanto os americanos estudaram o desenvolvimento dessas comunidades, ou sua sucessão. As ecologias animal e vegetal se desenvolveram separadamente até que os biólogos americanos deram ênfase à inter-relação de comunidades vegetais e animais como um todo biótico.

Alguns ecologistas se detiveram na dinâmica das comunidades e populações, enquanto outros se preocuparam com as reservas de energia. Em 1920, o biólogo alemão August Thienemann introduziu o conceito de níveis tróficos, ou de alimentação, pelos quais a energia dos alimentos é transferida, por uma série de organismos, das plantas verdes (produtoras) aos vários níveis de animais (consumidores). Em 1927, C. S. Elton, ecologista inglês especializado em animais, avançou nessa abordagem com o conceito de nichos ecológicos e pirâmides de números. Dois biólogos americanos, E. Birge e C. Juday, na década de 1930, ao medir a reserva energética de lagos, desenvolveram a ideia da produção primária, isto é, a proporção na qual a energia é gerada, ou fixada, pela fotossíntese.

A ecologia moderna atingiu a maioridade em 1942 com o desenvolvimento, pelo americano R. L. Lindeman, do conceito trófico-dinâmico de ecologia, que detalha o fluxo da energia através do ecossistema. Esses estudos quantitativos foram aprofundados pelos americanos Eugene e Howard Odum. Um trabalho semelhante sobre o ciclo dos nutrientes foi realizado pelo australiano J. D. Ovington.

O estudo do fluxo de energia e do ciclo de nutrientes foi estimulado pelo desenvolvimento de novas técnicas -- radioisótopos, microcalorimetria, computação e matemática aplicada -- que permitiram aos ecologistas rotular, rastrear e medir o movimento de nutrientes e energias específicas através dos ecossistemas. Esses métodos modernos deram início a um novo estágio no desenvolvimento dessa ciência -- a ecologia dos sistemas, que estuda a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas.

Conceito unificador. Até o fim do século XX, faltava à ecologia uma base conceitual. A ecologia moderna, porém, passou a se concentrar no conceito de ecossistema, uma unidade funcional composta de organismos integrados, e em todos os aspectos do meio ambiente em qualquer área específica. Envolve tanto os componentes sem vida (abióticos) quanto os vivos (bióticos) através dos quais ocorrem o ciclo dos nutrientes e os fluxos de energia. Para realizá-los, os ecossistemas precisam conter algumas inter-relações estruturadas entre solo, água e nutrientes, de um lado, e entre produtores, consumidores e decomponentes, de outro.

Os ecossistemas funcionam graças à manutenção do fluxo de energia e do ciclo de materiais, desdobrado numa série de processos e relações energéticas, chamada cadeia alimentar, que agrupa os membros de uma comunidade natural. Existem cadeias alimentares em todos os habitats, por menores que sejam esses conjuntos específicos de condições físicas que cercam um grupo de espécies. As cadeias alimentares costumam ser complexas, e várias cadeias se entrecruzam de diversas maneiras, formando uma teia alimentar que reproduz o equilíbrio natural entre plantas, herbívoros e carnívoros.

Os ecossistemas tendem à maturidade, ou estabilidade, e ao atingi-la passam de um estado menos complexo para um mais complexo. Essa mudança direcional é chamada sucessão. Sempre que um ecossistema é utilizado, e que a exploração se mantém, sua maturidade é adiada.

A principal unidade funcional de um ecossistema é sua população. Ela ocupa um certo nicho funcional, relacionado a seu papel no fluxo de energia e ciclo de nutrientes. Tanto o meio ambiente quanto a quantidade de energia fixada em qualquer ecossistema são limitados. Quando uma população atinge os limites impostos pelo ecossistema, seus números precisam estabilizar-se e, caso isso não ocorra, devem declinar em

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consequência de doença, fome, competição, baixa reprodução e outras reações comportamentais e psicológicas. Mudanças e flutuações no meio ambiente representam uma pressão seletiva sobre a população, que deve se ajustar. O ecossistema tem aspectos históricos: o presente está relacionado com o passado, e o futuro com o presente. Assim, o ecossistema é o conceito que unifica a ecologia vegetal e animal, a dinâmica, o comportamento e a evolução das populações.

Áreas de estudo. A ecologia é uma ciência multidisciplinar, que envolve biologia vegetal e animal, taxonomia, fisiologia, genética, comportamento, meteorologia, pedologia, geologia, sociologia, antropologia, física, química, matemática e eletrônica. Quase sempre se torna difícil delinear a fronteira entre a ecologia e qualquer dessas ciências, pois todas têm influência sobre ela. A mesma situação existe dentro da própria ecologia. Na compreensão das interações entre o organismo e o meio ambiente ou entre organismos, é quase sempre difícil separar comportamento de dinâmica populacional, comportamento de fisiologia, adaptação de evolução e genética, e ecologia animal de ecologia vegetal.

A ecologia se desenvolveu ao longo de duas vertentes: o estudo das plantas e o estudo dos animais. A ecologia vegetal aborda as relações das plantas entre si e com seu meio ambiente. A abordagem é altamente descritiva da composição vegetal e florística de uma área e normalmente ignora a influência dos animais sobre as plantas. A ecologia animal envolve o estudo da dinâmica, distribuição e comportamento das populações, e das inter-relações de animais com seu meio ambiente. Como os animais dependem das plantas para sua alimentação e abrigo, a ecologia animal não pode ser totalmente compreendida sem um conhecimento considerável de ecologia vegetal. Isso é verdade especialmente nas áreas aplicadas da ecologia, como manejo da vida selvagem.

A ecologia vegetal e a animal podem ser vistas como o estudo das inter-relações de um organismo individual com seu ambiente (auto-ecologia), ou como o estudo de comunidades de organismos (sinecologia).

A auto-ecologia, ou estudo clássico da ecologia, é experimental e indutiva. Por estar normalmente interessada no relacionamento de um organismo com uma ou mais variáveis, é facilmente quantificável e útil nas pesquisas de campo e de laboratório. Algumas de suas técnicas são tomadas de empréstimo da química, da física e da fisiologia. A auto-ecologia contribuiu com pelo menos dois importantes conceitos: a constância da interação entre um organismo e seu ambiente, e a adaptabilidade genética de populações às condições ambientais do local onde vivem.

A sinecologia é filosófica e dedutiva. Largamente descritiva, não é facilmente quantificável e contém uma terminologia muito vasta. Apenas recentemente, com o advento da era eletrônica e atômica, a sinecologia desenvolveu os instrumentos para estudar sistemas complexos e dar início a sua fase experimental. Os conceitos importantes desenvolvidos pela sinecologia são aqueles ligados ao ciclo de nutrientes, reservas energéticas, e desenvolvimento dos ecossistemas. A sinecologia tem ligações estreitas com a pedologia, a geologia, a meteorologia e a antropologia cultural.

A sinecologia pode ser subdividida de acordo com os tipos de ambiente, como terrestre ou aquático. A ecologia terrestre, que contém subdivisões para o estudo de florestas e desertos, por exemplo, abrange aspectos dos ecossistemas terrestres como microclimas, química dos solos, fauna dos solos, ciclos hidrológicos, ecogenética e produtividade.

Os ecossistemas terrestres são mais influenciados por organismos e sujeitos a flutuações ambientais muito mais amplas do que os ecossistemas aquáticos. Esses últimos são mais afetados pelas condições da água e possuem resistência a variáveis ambientais como temperatura. Por ser o ambiente físico tão importante no controle dos ecossistemas aquáticos, dá-se muita atenção às características físicas do ecossistema como as correntes e a composição química da água. Por convenção, a ecologia aquática, denominada limnologia, limita-se à ecologia de cursos d'água, que estuda a vida em águas correntes, e à ecologia dos lagos, que se detém sobre a vida em águas relativamente estáveis. A vida em mar aberto e estuários é objeto da ecologia marinha.

Outras abordagens ecológicas se concentram em áreas especializadas. O estudo da distribuição geográfica das plantas e animais

denomina-se geografia ecológica animal e vegetal. Crescimento populacional, mortalidade, natalidade, competição e relação predador-presa são abordados na ecologia populacional. O estudo da genética e a ecologia das raças locais e espécies distintas é a ecologia genética. As reações comportamentais dos animais a seu ambiente, e as interações sociais que afetam a dinâmica das populações são estudadas pela ecologia comportamental. As investigações de interações entre o meio ambiente físico e o organismo se incluem na ecoclimatologia e na ecologia fisiológica.

A parte da ecologia que analisa e estuda a estrutura e a função dos ecossistemas pelo uso da matemática aplicada, modelos matemáticos e análise de sistemas é a ecologia dos sistemas. A análise de dados e resultados, feita pela ecologia dos sistemas, incentivou o rápido desenvolvimento da ecologia aplicada, que se ocupa da aplicação de princípios ecológicos ao manejo dos recursos naturais, produção agrícola, e problemas de poluição ambiental.

Movimento ecológico. A intervenção do homem no meio ambiente ao longo da história, principalmente após a revolução industrial, foi sempre no sentido de agredir e destruir o equilíbrio ecológico, não raro com consequências desastrosas. A ação das queimadas, por exemplo, provoca o desequilíbrio da fauna e da flora e modifica o clima. Várias espécies de animais foram extintas ou se encontram em risco de extinção em decorrência das atividades do homem.

Já no século XIX se podia detectar a existência de graves problemas ambientais, como mostram os relatos sobre poluição e insalubridade nas fábricas e bairros operários. Encontram-se raciocínios claros da vertente que mais tarde se definiria como ecologia social na obra de economistas como Thomas Malthus, Karl Marx e John Stuart Mill, e de geógrafos como Friedrich Ratzel e George P. Marsh. Mesmo entre os socialistas, porém, predominava a crença nas possibilidades do industrialismo e a ausência de preocupação com os limites naturais. Também contribuiu o fato de a economia industrial não ter ainda revelado as contradições ecológicas inerentes a seu funcionamento, evidenciadas no século XX.

De fato, a maioria das teorias econômicas recentes traduz essa atitude e raciocina como se a economia estivesse acima da natureza. A economia, no entanto, pode até mesmo ser considerada apenas um capítulo da ecologia, uma vez que se refere somente à ação material e à demanda de uma espécie, o homem, enquanto a ecologia examina a ação de todas as espécies, seus relacionamentos e interdependências.

A radicalização do impacto destrutivo do homem sobre a natureza, provocada pelo desenvolvimento do industrialismo, inspirou, especialmente ao longo do século XX, uma série de iniciativas. A mais antiga delas é o conservacionismo, que é a luta pela conservação do ambiente natural ou de partes e aspectos dele, contra as pressões destrutivas das sociedades humanas. Denúncias feitas em congressos internacionais geraram uma campanha em favor da criação de reservas de vida selvagem, que ajudaram a garantir a sobrevivência de muitas espécies ameaçadas.

Existem basicamente três tipos de recursos naturais: os renováveis, como os animais e vegetais; os não-renováveis, como os minerais e fósseis; e os recursos livres, como o ar, a água, a luz solar e outros elementos que existem em grande abundância. O movimento ecológico reconhece os recursos naturais como a base da sobrevivência das

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espécies e defende garantias de reprodução dos recursos renováveis e de preservação das reservas de recursos não-renováveis.

No Brasil, o movimento conservacionista está razoavelmente estabelecido. Em 1934, foi realizada no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a I Conferência Brasileira de Proteção à Natureza. Três anos mais tarde criou-se o primeiro parque nacional brasileiro, na região de Itatiaia RJ.

Além dos grupos conservacionistas, surgiu no movimento ecológico um novo tipo de grupo, o dos chamados ecologistas. A linha divisória entre eles nem sempre está bem demarcada, pois muitas vezes os dois tipos de grupos se confundem em alguma luta específica comum. Os ecologistas, porém, apesar de mais recentes, têm peso político cada vez maior. Vertente do movimento ecológico que propõe mudanças globais nas estruturas sociais, econômicas e culturais, esse grupo nasceu da percepção de que a atual crise ecológica é consequência direta de um modelo de civilização insustentável. Embora seja também conservacionista, o ecologismo caracteriza-se por defender não só a sobrevivência da espécie humana, como também a construção de formas sociais e culturais que garantam essa sobrevivência.

Um marco nessa tendência foi a realização, em Estocolmo, da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, que oficializou o surgimento da preocupação ecológica internacional. Seguiram-se relatórios sobre esgotamento das reservas minerais, aumento da população etc., que tiveram grande impacto na opinião pública, nos meios acadêmicos e nas agências governamentais.

Em 1992, 178 países participaram da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. Embora com resultados muito aquém das expectativas dos ecologistas, foi mais um passo para a ampliação da consciência ecológica mundial. Aprovou documentos importantes para a conservação da natureza, como a Convenção da Biodiversidade e a do Clima, a Declaração de Princípios das Florestas e a Agenda 21.

A Agenda 21 é talvez o mais polêmico desses documentos. Tenta unir ecologia e progresso num ambicioso modelo de desenvolvimento sustentável, ou seja, compatível com a capacidade de sustentação do crescimento econômico, sem exaustão dos recursos naturais. Prega a união de todos os países com vistas à melhoria global da qualidade de vida. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Poluição

Fenômeno estreitamente vinculado ao progresso industrial, a degradação das condições ambientais tem aumentado de maneira considerável e preocupante nas regiões mais desenvolvidas do mundo, sobretudo a partir de meados do século XX.

Poluição é o termo empregado para designar a deterioração das condições físicas, químicas e biológicas de um ecossistema, que afeta negativamente a vida humana e de espécies animais e vegetais. A poluição modifica o meio ambiente, ou seja, o sistema de relações no qual a existência de uma espécie depende do mecanismo de equilíbrio entre processos naturais destruidores e regeneradores.

Do meio ambiente depende a sobrevivência biológica. A atividade clorofiliana produz o oxigênio necessário a animais e vegetais; a ação de animais, plantas e microrganismos garante a pureza das águas nos rios, lagos e mares; os processos biológicos que ocorrem no solo possibilitam as colheitas. A vida no planeta está ligada ao conjunto desses fenômenos, cuja inter-relação é denominada ecossistema. Processo natural recuperável, a poluição resulta da presença de uma quantidade inusitada de matéria ou energia (gases, substâncias químicas ou radioativas, rejeitos etc) em determinado local. É, por isso, principalmente obra do homem em sua atividade industrial.

Mesmo antes da existência do homem, a própria natureza já produzia materiais nocivos ao meio ambiente, como os produtos da erupção de vulcões e das tempestades de poeira. Na verdade, materiais sólidos no ar, como poeira ou partículas de sal, são essenciais como núcleos para a formação de chuvas. Quando, porém, as emanações das cidades aumentam desmedidamente tais núcleos, o excesso pode prejudicar o regime pluvial, porque as gotas que se formam são demasiado pequenas para cair como chuva. Alguns tipos de poluição, sobretudo a precipitação

radioativa e a provocada por certas substâncias lançadas ao ar pelas chaminés de fábricas, podem disseminar-se amplamente, mas em geral a poluição só ocorre em limites intoleráveis onde se concentram as atividades humanas. Desde a antiguidade há sinais de luta contra a poluição, mas esta só se tornou realmente um problema com o advento da revolução industrial. Já no início do século XIX registraram-se queixas, no Reino Unido, contra o ruído ensurdecedor de máquinas e motores. As chaminés das fábricas lançavam no ar quantidades cada vez maiores de cloro, amônia, monóxido de carbono e metano, aumentando a incidência de doenças pulmonares. Os rios foram contaminados com a descarga de grande volume de dejetos, o que provocou epidemias de cólera e febre tifóide. No século XX surgiram novas fontes de poluição, como a radioativa e, sobretudo, a decorrente dos gases lançados por veículos automotores.

A poluição e seu controle são em geral tratados em três categorias naturais: poluição da água, poluição do ar e poluição do solo. Estes três elementos também interagem e em consequência têm surgido divisões inadequadas de responsabilidades, com resultados negativos para o controle da poluição. Os depósitos de lixo poluem a terra, mas sua incineração contribui para a poluição do ar. Carregados pela chuva, os poluentes que estão no solo ou em suspensão no ar vão poluir a água e substâncias sedimentadas na água acabam por poluir a terra.

Poluição da água

Considera-se que a água está poluída quando não é adequada ao consumo humano, quando os animais aquáticos não podem viver nela, quando as impurezas nela contidas tornam desagradável ou nocivo seu uso recreativo ou quando não pode ser usada em nenhuma aplicação industrial.

Os rios, os mares, os lagos e os lençóis subterrâneos de água são o destino final de todo poluente solúvel lançado no ar ou no solo. O esgoto doméstico é o poluente orgânico mais comum da água doce e das águas costeiras, quando em alta concentração. A matéria orgânica transportada pelos esgotos faz proliferar os microrganismos, entre os quais bactérias e protozoários, que utilizam o oxigênio existente na água para oxidar seu alimento, e em alguns casos o reduzem a zero. Os detergentes sintéticos, nem sempre biodegradáveis, impregnam a água de fosfatos, reduzem ao mínimo a taxa de oxigênio e são objeto de proibição em vários países, entre eles o Brasil.

Ao serem carregados pela água da chuva ou pela erosão do solo, os fertilizantes químicos usados na agricultura provocam a proliferação dos microrganismos e a consequente redução da taxa de oxigênio nos rios, lagos e oceanos. Os pesticidas empregados na agricultura são produtos sintéticos de origem mineral, extremamente recalcitrantes, que se incorporam à cadeia alimentar, inclusive a humana. Entre eles, um dos mais conhecidos é o inseticida DDT. Mercúrio, cádmio e chumbo lançados à água são elementos tóxicos, de comprovado perigo para a vida animal.

Os casos mais dramáticos de poluição marinha têm sido originados por derramamentos de petróleo, seja em acidentes com petroleiros ou em vazamentos de poços petrolíferos submarinos. Uma vez no mar, a mancha de óleo, às vezes de dezenas de quilômetros, se espalha, levada por ventos e marés, e afasta ou mata a fauna marinha e as aves aquáticas. O maior perigo do despejo de resíduos industriais no mar reside na incorporação de substâncias tóxicas aos peixes, moluscos e crustáceos que servem de alimento ao homem. Exemplo desse tipo de intoxicação foi o ocorrido na cidade de Minamata, Japão, em 1973, devido ao lançamento de mercúrio no mar por uma indústria, fato que causou envenenamento em massa e levou o governo japonês a proibir a venda de peixe. A poluição marinha tem sido objeto de preocupação dos governos, que tentam, no âmbito da Organização das Nações Unidas, estabelecer controles por meio de organismos jurídicos internacionais.

A poluição da água tem causado sérios problemas ecológicos no Brasil, em especial em rios como o Tietê, no estado de São Paulo, e o Paraíba do Sul, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A maior responsabilidade pela devastação da fauna e pela deterioração da água nessas vias fluviais cabe às indústrias químicas instaladas em suas margens.

Poluição do ar

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Embora a poluição do ar sempre tenha existido -- como nos casos das erupções vulcânicas ou da morte de homens asfixiados por fumaça dentro de cavernas -- foi só na era industrial que se tornou problema mais grave. Ela ocorre a partir da presença de substâncias estranhas na atmosfera, ou de uma alteração importante dos constituintes desta, sendo facilmente observável, pois provoca a formação de partículas sólidas de poeira e fumaça.

Em 1967, o Conselho da Europa definiu a poluição do ar nos seguintes termos: "Existe poluição do ar quando a presença de uma substância estranha ou a variação importante na proporção de seus constituintes pode provocar efeitos prejudiciais ou criar doenças." Essas substâncias estranhas são os chamados agentes poluentes, classificados em cinco grupos principais: monóxido de carbono, partículas, óxidos de enxofre, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Encontram-se suspensos na atmosfera, em estado sólido ou gasoso.

As causas mais comuns de poluição do ar são as atividades industriais, combustões de todo tipo, emissão de resíduos de combustíveis por veículos automotivos e a emissão de rejeitos químicos, muitas vezes tóxicos, por fábricas e laboratórios.

O principal poluente atmosférico produzido pelo homem (o dióxido de carbono e o vapor d'água são elementos constitutivos do ar) é o dióxido sulfúrico, formado pela oxidação do enxofre no carvão e no petróleo, como ocorre nas fundições e nas refinarias. Lançado no ar, ele dá origem a perigosas dispersões de ácido sulfúrico. Às vezes, à poluição se acrescenta o mau cheiro, produzido por emanações de certas indústrias, como curtumes, fábricas de papel, celulose e outras.

O dióxido de carbono, ou gás carbônico, importante regulador da atmosfera, pode causar modificações climáticas consideráveis se tiver alterada a sua concentração. É o que ocorre no chamado efeito estufa, em que a concentração excessiva desse gás pode provocar, entre outros danos, o degelo das calotas polares, o que resulta na inundação das regiões costeiras de todos os continentes. O monóxido de carbono, por sua vez, é produzido sobretudo pelos automóveis, pela indústria siderúrgica e pelas refinarias de petróleo. Outros poluentes atmosféricos são: hidrocarbonetos, aldeídos, óxidos de azoto, óxidos de ferro, chumbo e derivados, silicatos, flúor e derivados, entre outros.

No final da década de 1970, descobriu-se nova e perigosa consequência da poluição: a redução da camada de ozônio que protege a superfície da Terra da incidência de raios ultravioleta. Embora não esteja definitivamente comprovado, atribuiu-se o fenômeno à emissão de gases industriais conhecidos pelo nome genérico de clorofluorcarbonos (CFC). Quando atingem a atmosfera e são bombardeados pela radiação ultravioleta, os CFC, muito usados em aparelhos de refrigeração e em sprays, liberam cloro, elemento que destrói o ozônio. Além de prejudicar a visão e o aparelho respiratório, a concentração de poluentes na atmosfera provoca alergias e afeta o sangue e os tecidos ósseo, nervoso e muscular.

Poluição do solo

A poluição pode afetar também o solo e dificultar seu cultivo. Nas grandes aglomerações urbanas, o principal foco de poluição do solo são os resíduos industriais e domésticos. O lixo das cidades brasileiras, por exemplo, contém de setenta e a oitenta por cento de matéria orgânica em decomposição e constitui uma permanente ameaça de surtos epidêmicos. O esgoto tem sido usado em alguns países para mineralizar a matéria orgânica e irrigar o solo, mas esse processo apresenta o inconveniente de veicular microrganismos patogênicos. Excrementos humanos podem provocar a contaminação de poços e mananciais de superfície. Os resíduos radioativos, juntamente com nutrientes, são absorvidos pelas plantas. Os fertilizantes e pesticidas sintéticos são suscetíveis de incorporar-se à cadeia alimentar.

Fator principal de poluição do solo é o desmatamento, causa de desequilíbrios hidrogeológicos, pois em consequência de tal prática a terra deixa de reter as águas pluviais. Calcula-se que no Brasil sejam abatidos anualmente trinta mil quilômetros quadrados de florestas, com o objetivo de obter madeira ou áreas para cultivo.

Outra grande ameaça à agricultura é o fenômeno conhecido como chuva ácida. Trata-se de gases tóxicos em suspensão na atmosfera que são arrastados para a terra pelas precipitações. A chuva ácida afeta

regiões com elevado índice de industrialização e exerce uma ação nefasta sobre as áreas cultivadas e os campos em geral.

Poluição radioativa, calor e ruído

Um tipo extremamente grave de poluição, que afeta tanto o meio aéreo quanto o aquático e o terrestre, é o nuclear. Trata-se do conjunto de ações contaminadoras derivadas do emprego da energia nuclear, e se deve à radioatividade dos materiais necessários à obtenção dessa energia. A poluição nuclear é causada por explosões atômicas, por despejos radioativos de hospitais, centros de pesquisa, laboratórios e centrais nucleares, e, ocasionalmente, por vazamentos ocorridos nesses locais.

Também podem ser incluídos no conceito de poluição o calor (poluição térmica) e o ruído (poluição sonora), na medida em que têm efeitos nocivos sobre o homem e a natureza. O calor que emana das fábricas e residências contribui para aquecer o ar das cidades. Grandes usinas utilizam águas dos rios para o resfriamento de suas turbinas e as devolvem aquecidas; muitas fábricas com máquinas movidas a vapor também lançam água quente nos rios, o que chega a provocar o aparecimento de fauna e flora de latitudes mais altas, com consequências prejudiciais para determinadas espécies de peixes.

O som também se revela poluente, sobretudo no caso do trânsito urbano. O ruído máximo tolerável pelo homem, sem efeitos nocivos, é de noventa decibéis (dB).Diversos problemas de saúde, inclusive a perda permanente da audição, podem ser provocados pela exposição prolongada a barulhos acima desse limite, excedido por muitos dos ruídos comumente registrados nos centros urbanos, tais como o som das turbinas dos aviões a jato ou de música excessivamente alta.

No Brasil, além dos despejos industriais, o problema da poluição é agravado pela rápida urbanização (três quartos da população do país vivem nas cidades), que pressiona a infra-estrutura urbana com quantidades crescentes de lixo, esgotos, gases e ruídos de automóveis, entre outros fatores, com a consequente degradação das águas, do ar e do solo. Já no campo, os dois principais agentes poluidores são as queimadas, para fins de cultivo, pecuária ou mineração, e o uso indiscriminado de agrotóxicos nas plantações. Tais práticas, além de provocarem desequilíbrios ecológicos, acarretam riscos de erosão e desertificação. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Desenvolvimento sustentável SUSTENTABILIDADE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Desenvolvimento sustentável é o modelo que prevê a integração entre

economia, sociedade e meio ambiente. Em outras palavras, é a noção de

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que o crescimento econômico deve levar em consideração a inclusão social e a proteção ambiental

Gestão do Lixo O lixo ainda é um dos principais desafios dos governos na área de ges-

tão sustentável. No entanto, na última década, o Brasil deu um salto impor-tante no avanço para a gestão correta dos resíduos sólidos. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, em 2000, apenas 35% dos resíduos eram destinados aos aterros.

Em 2008, esse número subiu para 58%. Além disso, o número de pro-

gramas de coleta seletiva saltou de 451, em 2000, para 994, em 2008. Para regulamentar a coleta e tratamento de resíduos urbanos, perigo-

sos e industriais, além de determinar o destino final correto do lixo, o Go-verno brasileiro criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10), aprovada em agosto de 2010.

Para saber mais sobre a gestão do lixo no Brasil, visite a página do Mi-

nistério do Meio Ambiente. Créditos de Carbono No mercado de carbono, cada tonelada de carbono que deixa de ser

emitida é transformada em crédito, que pode ser negociado livremente entre países ou empresas.

O sistema funciona como um mercado, só que ao invés das ações de

compra e venda serem mensuradas em dinheiro, elas valem créditos de carbono.

Para isso é usado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que

prevê a redução certificada das emissões de gases de efeito estufa. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução dos gases poluentes tem direito a comercializar os créditos.

Por exemplo, um país que reduziu suas emissões e acumulou muitos

créditos pode vender este excedente para outro que esteja emitindo muitos poluentes e precise compensar suas emissões.

O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que partici-

pam desse mercado, com cerca de 5% do total mundial e 268 projetos.

Responsabilidade socioambiental

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Responsabilidade socioambiental é a responsabilidade que a empresa tem com a sociedade e com o meio ambiente além dasobrigações legais e econômicas.

Conceito

Apesar de ser um termo bastante utilizado, é comum observarmos erros na conceituação de responsabilidade socioambiental, ou seja, se uma empresa apenas segue as normas e leis de seu setor no que tange ao meio ambiente e a sociedade esta ação não pode ser considerada responsabilidade socioambiental, neste caso ela estaria apenas exercendo seu papel de pessoa jurídica cumprindo as leis que lhe são impostas.

O movimento em prol da responsabilidade socioambiental ganhou forte impulso e organização no início da década de 1990, em decorrência dos resultados da Primeira e Segunda Conferências Mundiais da Indústria sobre gerenciamento ambiental, ocorridas em1984 e 1991.

Parâmetros

Nos anos subsequentes às conferências surgiram movimentos cobrando por mudanças socias, científicas e tecnológicas. Muitas empresas iniciaram uma nova postura em relação ao meio ambiente refletidas em importantes decisões e estratégias práticas, segundo o autor Melo Neto (2001) tal postura fundamentou-se nos seguintes parâmetros:

Bom relacionamento com a comunidade;

Bom relacionamento com os organismos ambientais;

Estabelecimento de uma política ambiental;

Eficiente sistema de gestão ambiental;

Garantia de segurança dos empregados e das comunidades vizinhas;

Uso de tecnologia limpa;

Elevados investimentos em proteção ambiental;

Definição de um compromisso ambiental;

Associação das ações ambientais com os princípios estabelecidos na carta para o desenvolvimento sustentável;

A questão ambiental como valor do negócio;

Atuação ambiental com base na agenda 21 local;

Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos municípios circunvizinhos.

Adesão

Atualmente, muitas empresas enxergam a responsabilidade socioambiental como um grande negócio, são duas vertentes que se destacam neste meio:

Primeiramente, as empresas que investem em responsabilidade sócio-ambiental com intuito de motivar seus colaboradores e principalmente ao nicho de mercado que preferem pagar mais por um produto que não viola o meio ambiente e investe em ações sociais;

A segunda vertente corresponde a empresas que investem em responsabilidade sócio-ambiental com o objetivo de ter materiais para poderem investir em marketing e passar a imagem que a empresa é responsável sócio-ambientalmente. Esta atitude não é considerada ética por muito autores que condenam empresas que tentam passar a imagem de serem éticas, porém na realidade estão preocupadas apenas com sua imagem perante aos consumidores.

Apesar de ser um tema relativamente novo, o número de empresas que estão aderindo a responsabilidade sócio-ambiental é grande e a tendência é que este número aumente cada dia mais.

História

Em 1998, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for Sustainable Development - WBCSD), primeiro organismo internacional puramente empresarial com ações voltadas à sustentabilidade, definiu Responsabilidade socioambiental como "o compromisso permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo". Pode ser entendida também como um sistema de gestão adotado por empresas públicas e privadas que tem por objetivo providenciar a inclusão social (Responsabilidade Social) e o cuidado ou conservação ambiental (Responsabilidade Ambiental).

É adotado por empresas e escolas. As principais ações realizadas são: inclusão social, inclusão digital, coleta seletiva de lixo, educação ambiental, dentre outras.

Este tipo de prática ou política tem sido adotado desde a década de 1990, entretanto a luta pela sociedade e principalmente pela natureza é mais antiga, por volta dadécada de 1920.

O ápice da luta ambiental se deu por volta dos anos 70 quando organizações não governamentais ganharam força e influência no mundo.

Com a internacionalização do capital (globalização), o uso dos recursos naturais pelas empresas de maneira intensa e quase predatória, ou seja, sem a devida preocupação com os possíveis danos, foi fortemente combatida desde a década de 1970 pelos movimentos ambientalistas. As empresas, no intuito de ganhar a confiança do novo público mundial (preocupado com a preservação e o possível esgotamento dos recursos naturais), procuraram se adaptar a essa nova tendência com programas

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de preservação ambiental - utilização consciente dos recursos naturais. Muitas buscam seguir as regras de qualidade idealizadas pelo programa ISO 14000 e pelo Instituto Ethos.

A partir da Revolução Industrial ocorrida na Europa no século XIX, a utilização de materiais, dos recursos naturais e a emissão de gases poluentes foram desenfreados. Em contrapartida, no inicio do séc. XX alguns estudiosos e observadores já se preocupavam com a velocidade da destruição dos recursos naturais e com a quantidade de lixo que a humanidade estava produzindo. O movimento ambientalista começou a engatinhar na década de 1920. Passados os anos, este movimento ganhou destaque na década de 1970 e tornou-se obrigatório na vida de cada cidadão no momento atual. Conceitos como Gestão Ambiental, Desenvolvimento Regional Sustentável, Biodiversidade, Ecossistema, Responsabilidade Socioambiental ganharam força e a devida importância.

Responsabilidade socioambiental (RSA) é um conceito empregado por empresas e companhias que expressa o quão responsáveis são as mesmas para com as questões sociais e ambientais que envolvem a produção de sua mercadoria ou a realização de serviços, para com a sociedade e o meio ambiente, buscando reduzir ou evitar possíveis riscos e danos sem redução nos lucros.

A Responsabilidade Socioambiental corresponde a um compromisso das empresas em atender à crescente conscientização da sociedade, principalmente nos mercados mais maduros. Diz respeito à necessidade de revisar os modos de produção e padrões de consumo vigentes de tal forma que o sucesso empresarial não seja alcançado a qualquer preço, mas ponderando-se os impactos sociais e ambientais consequentes da atuação administrativa da empresa.

São exemplos de programas e projetos de Responsabilidade Socioambiental: inclusão social, inclusão digital, programas de alfabetização, ou seja, assistencialismo social, coleta de lixo, reciclagem, programas de coleta de esgotos e dejetos, e questões que envolvem: lixo industrial, reflorestamento X desmatamento, utilização deagrotóxicos, poluição, entre outros.

Em 1987, o documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum), também conhecido como Relatório Brundtland, apresentou um novo conceito sobre desenvolvimento definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Assim fica conhecido o conceito de desenvolvimento sustentável.

Linha do Tempo - Crescimento do Conceito de Responsabilidade Social e Responsabilidade Ambiental

1929- Constituição de Weimar (Alemanha) – Função Social da Propriedade;

1960- Movimentos pela Responsabilidade Social (EUA);

1971- Encontro de Founex (Suíça)

1972- Singer publica o que foi reconhecido como o primeiro balanço social do mundo;

1972- ONU – resolução 1721 do Conselho Econômico e Social – estudos sobre o papel das grandes empresas nas relações internacionais;

1973- PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Genebra)

1977- determinação da publicação do balanço social - relações do trabalho (França);

1992- ECO 92 ou CNUMAD (Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) – Criação do Projeto Agenda 21;

1997- Betinho de Souza e IBASE incentivam publicação do balanço social;

1999- Criação do Selo “Empresa Cidadã”;

1999- 1ª Conferência Internacional do Instituto Ethos;

2000- ONU e o Pacto Global;

Sustentabilidade começa a ser vista como algo presente no dia a dia da empresa, pois além das atividades produtivas, envolve o tratamento dado ao meio ambiente e sua influência e relacionamento com fornecedores, público interno e externo e com a sociedade, práticas de governança corporativa, transparência no relacionamento interno e externo, postura obrigatória para as empresas de âmbito mundial, cuja imagem deve agregar o mais baixo risco ético possível.

Não é correto confundir responsabilidade socioambiental com filantropia, pois esta se realiza de forma aleatória e não sistematizada ao contrario da RSA ou do DRS que busca contribuir de forma acertiva em seus projetos.

Algumas Agressões ao Meio Ambiente e a Legislação para combatê-las

Esta parte do trabalho tem a finalidade de levantar alguns dos proble-mas mais comuns relativos à degradação e poluição ambientais. Dois as-pectos merecem ser destacados para entender esta parte: o primeiro é o de que dividimos os ataques por ambiente, mas isso é feito para melhor com-preensão, pois como já dissemos, o conceito de meio ambiente ou de ambi-ente é totalizador e sistêmico; o segundo é o de que não temos qualquer pretensão de esgotar o problema, seja pelos limites deste trabalho , seja pela sua complexidade, seja pela constante emergência de novas agres-sões. Por outro lado, é preciso que tenhamos uma visão sistêmica das consequências legais de atos poluidores ou degradadores do meio ambien-te.

No âmbito do Poder Público, as primeiras consequências que podem ser visualizadas são as de ordem administrativa. A administração pública, como tem a obrigação de obedecer os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade em seus atos (art. 37 da Constituição Federal), guar-da, no âmbito executivo, o poder de multar, embargar, suspender e interditar. Assim, a cidadania ambiental pode ser exercida no sentido de obrigar os órgãos federais, estaduais e municipais competentes a tomar medidas no sentido de coibir agressões ambientais. Essa competência administrativa deve ser exerci-da com vigor, e isso só acontecerá se a sociedade mobilizada forçar esses órgãos a tomar atitudes que estão legalmente previstas. A eficácia e a legitimi-dade dos órgãos administrativos são diretamente proporcionais à pressão, fiscalização e exigência da cidadania.

Na esfera penal, as Delegacias e o Ministério Público têm o dever de atender à população, seja lavrando ocorrências, seja movendo ação penal, já que a Segunda instituição citada tem missão de titular da ação penal do Estado.

Do lado privado ou civil, a cidadania ambiental pode encaminhar acor-dos e compromissos, que poderão ser homologados pelo Poder Judiciário ou, em casos mais complexos, pedir em juízo a reparação ou a indenização pelos danos sofridos.

Por último, nesta introdução, é preciso relembrar a importância do Mi-nistério Público nas lutas jurídicas, aspecto que será tratado mais adiante.

Para atingir o objetivo desta parte, trataremos de algumas agressões à água, à atmosfera, à vegetação e solo, à fauna e ao contexto urbano, citando a legislação pertinente a estas questões.

1. As Agressões à Água

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A água, elemento essencial para a vida, é poluída por vários agentes. Pode ser considerada: natural ou bruta, quando não recebe qualquer trata-mento; potável, quando pode ser consumida; ou industrial, quando só pode ser utilizada nesse procedimento. Recebe, também, a denominação de água doce quando sua salinidade é igual ou inferior 0,5%, ou salgada (salina) quando sua salinidade é igual ou superior a 30%. Encontramos, ainda, a chamada água salobra cuja salinidade está entre 0,5% e 30%. Denomina-se água poluída aquela que é degradada por substâncias quími-cas e detritos orgânicos, sendo imprópria para o consumo. A água também pode ser considerada para consumo ou para insumo, isto é, quando serve para uso industrial, para mover hidrelétricas, por exemplo.

As cidades sempre foram criadas em locais onde a água doce é, no mínimo, suficiente. Somente 0,7% do total da água existente no planeta, é doce, isto é, com baixa salinidade e disponível nos rios, lagos e lençóis freáticos; 2,25% das águas doces estão nas calotas polares e o resto é água oceânica salgada. Logo, a água é um recurso desigualmente distribu-ído e pouco abundante, podendo ser comprometida por resíduos químicos, esgotos rejeitos de garimpagem, detritos industriais e material orgânico putrefato.

As águas de rios, lagos e marinhas podem ser degradadas por afluen-tes, que são águas poluídas descarregadas por cidades ou indústrias. Podem também receber a carga poluente de emissários utilizados princi-palmente nas cidades litorâneas, que é um sistema tubular que lança os detritos urbanos no mar não somente poluindo a água, mas também dizi-mando a fauna e flora marinha.

A atividade agrícola, quando utiliza agrotóxicos, biocidas em geral, possibilita que esses elementos atinjam os lençóis freáticos, comprometen-do as águas mais profundas.

A queda do ecossistema hídrico ou o não tratamento da água facilita a disseminação de doenças como a cólera, a malária, o dengue e a febre amarela, atacando a saúde das populações que consomem essa água.

A erosão, oriunda do trato inadequado da terra, leva os detritos agrotó-xicos para o curso d’água, envenenando os animais e desequilibrando o ecossistema.

A garimpagem ou a mineração do ouro, quando usam o mercúrio para separá-lo, lançam esse metal pesado nas águas, que se transforma em metil – mercúrio orgânico, onde é absorvido por algas e peixes e pelo homem que está no final da cadeia alimentar, gerando efeitos brutais como lesões no sistema nervoso, cegueira e deformação dos membros, quando não leva à morte. O uso do mercúrio é controlado pelo Decreto nº 97.634/89.

Nas regiões portuárias, os terminais petrolíferos apresentam o fenôme-no da maré negra que nada mais é que o derramamento do petróleo no mar ocasionando a morte da fauna ictiológica, das aves e mamíferos da região, além da poluição da água, por via de uma capa de óleo que se deposita na superfície da água.

O chorume, resíduo líquido do lixo urbano penetra no solo poluindo es-te e às águas que vierem a ter contato com ele. Aparece significativamente

nos grandes aterros sanitários e é formado por água de chuva e detritos orgânicos decompostos. O chorume é carregado pelo processo de lixivia-ção que nada mais é que o arrastamento vertical de partículas pela infiltra-ção da água para as partes mais profundas do solo.

A água, desse modo, é suja, envenenada, degradada e reduzida pela mentalidade de produção predatória da sociedade contemporânea, ligada à pobreza, à desigualdade social, à falta de condições mínimas de higiene e saúde das populações dos países periféricos. O binômio produção-pobreza é o grande degradador do meio ambiente, em especial a água, elemento que condiciona a produção e a vida.

Para o enfrentamento das agressões às águas, as comunidades, den-tre outras normas, podem se valer do Decreto nº 24.643, de 10 de junho de 1934, o Código de Águas; do Decreto nº 79.367, de 9 de março de 1977, que estabelece normas sobre potabilidade da água; da Resolução CONA-MA nº 20, de 18 de julho de 1986, que classifica as águas em doces, salo-bras e salinas; da Portaria SEMA nº 03, de 11 de abril de 1975, que dispõe sobre a concentração de mercúrio por litro de água; da Portaria GM 013, de 15 de janeiro de 1976, que classifica as águas interiores do Território Na-cional; da Portaria SEMA 157, de 26 de outubro de 1982, que estabelece normas para o lançamento de efluentes líquidos tóxicos decorrentes de atividades industriais; da Portaria nº 36, do Ministério da Saúde, de 19 de janeiro de 1990, que estabelece normas e padrão de potabilidade de água destinada ao consumo humano.

A Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal, com a alteração de redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989, considera de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação situado ao longo de rios, cursos d’água, segundo os parâmetros de seu art. 2º, c, deste documento legal.

O Decreto nº 50.877, de 29 de junho de 1961, dispõe sobre o lança-mento de resíduos tóxicos ou oleosos nas águas interiores ou litorâneas do País. A Lei nº 7.754, de 14 de abril de 1989, estabelece a proteção de florestas existentes nas nascentes dos rios. O Decreto-Lei nº 3.438, de 17 de julho de 1941, esclarecendo e ampliando o Decreto-Lei nº 2.490, de 16 de agosto de 1940, estabelece normas para o aforamento de terrenos marinhos e a Lei nº 2.419, de 10 de fevereiro de 1955, institui a Patrulha Costeira.

2. As Agressões à Atmosfera

A atmosfera é formada pelos gases que envolvem a terra. Ela tem uma função essencial de dar condições à vida, ao mesmo tempo em que exerce sua função climática, propiciando uma temperatura favorável à vida, filtrando os raios solares.

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Esse envoltório gasoso é formado por 78% de nitrogênio, 21% de oxi-gênio e 0,03 de gás carbônico e outros gases em mínima quantidade.

A atmosfera vem sendo agredida pelo sensível aumento do gás carbô-nico (CO), oriundo da queima de combustíveis fósseis e de madeiras pelas queimadas. O gás carbônico, que é um outro gás asfixiante e mortal, pro-duzido quando se queima algum combustível que tenha carbono. Na cidade de São Paulo há uma liberação diária de 1.000 toneladas de gás carbônico e as queimadas de 1988 na Amazônia liberaram um volume de gás carbô-nico equivalente a dezenas de anos de sua liberação na capital de São Paulo.

A própria atmosfera vem sendo destruída pela emissão de clorofluor-carbono que devasta o ozônio da estratosfera causando o buraco na ca-mada desse gás. Essa falha encontrada na Antártida, em 1989, tem o efeito de não mais filtrar os raios ultravioletas do sol, gerando consequências mortíferas às células, estendendo-se tal região lesada já para o sul da América do Sul. O clorofluorcarbono (CFC), também denominado freon, é um gás volátil usado em aerossóis, circuitos de refrigeração em aparelhos de ar condicionado, geladeira e em embalagens de ovos e sanduíches. A liberação do freon, se não for devidamente controlada, pode resultar no extermínio crescente da vida no planeta.

A atmosfera também é poluída por gases como o aldeído que é tóxico e irritante, resultado principalmente da queima do álcool nos veículos automotores e do uso maciço do tabaco.

O amianto, também liberado pelos automóveis e utilizado na vedação térmica de construções, é um irritante pulmonar e cancerígeno que polui a atmosfera, além de gerar problemas no aparelho digestivo, quando alguém bebe a água depositada em caixas d’água feitas desse material.

A fuligem das indústrias, dos automóveis, além das toxinas que a com-põem, obscurecem, refletem ou refratam a luz, propiciando modificações do ambiente como um todo.

Os óxidos de nitrogênio “produzidos por motores de combustão interna, aviões, fornos, mineradoras, uso excessivo de fertilizantes, incêndios de bosques e instalações industriais formam o smog das grandes cidades e podem ocasionar infecções respiratórias, entre elas a bronquite dos recém-nascidos.

Logo, pelos exemplos trazidos percebe-se que a forma escolhida pelo ser humano de se apropriar do mundo encerra uma relação de dominação com relação à natureza, não mais atendendo suas necessidades, mas criando necessidades no interior de um mundo falsamente autônomo, com uma lógica própria que, a cada momento, mais se distancia da totalidade que o sustenta e dá condições para que ele exista enquanto espécie. No lugar de potenciar as práticas de pertinência, o ser humano se encasula numa pseudo-independência do meio ambiente que o circunda, cortando as raízes que dão sua própria razão de ser.

É na atmosfera que se dão outros fenômenos não mais oriundos dire-tamente de sua poluição, mas que atingem aspectos climáticos do planeta. Os mais conhecidos são os chamados efeito estufa e efeito ilha de calor. O dióxido de carbono (CO) e outros gases agem como se fossem uma parede de vidro de uma estufa, permitindo que o calor solar penetre em dado ecossistema, mas impedindo sua dissipação. Assim, funciona como se fosse um automóvel ao sol, ou uma estufa aprisionando calor. Isso pode gerar crescente aumento da temperatura planetária, podendo promover o degelo parcial das calotas polares com a consequente elevação dos níveis das marés, levando a inundações litorâneas. O efeito ilha de calor também é artificialmente provocado em áreas urbanas, modificando as condições meteorológicas em seus aspectos térmicos, de umidade, nebulosidade, pluviosidade e velocidade dos ventos, diferenciando umas áreas das da vizinhança.

Às vezes, fenômenos naturais, que acontecem em regiões industriali-zadas, geram problemas ambientais graves, como no caso da inversão térmica. Nas épocas mais frias do ano, pode haver uma inversão na circu-lação do ar quente. Nessas épocas, pode acontecer do solo estar muito frio, tornando as camadas inferiores de ar mais frias que as superiores, não havendo a circulação de ar entre as camadas baixas e altas. Isso gera a retenção de poluentes que ficam concentrados na camada inferior, causan-do expressivos danos para os seres vivos.

A guerra e a fabricação de armas atingem a atmosfera e todos os seres vivos quando a radioatividade é levada pela ar para regiões distantes do impacto da bomba ou do acidente nuclear ocorrido. Os gases de combate têm no ar o veículo de dispersão de seus efeitos destrutivos, asfixiando, como o cloro e o fosgênio; causando lesões na pele, nos olhos e nas vias respiratórias, como o gás mostarda, e paralisando, como o ácido cianídrino.

Há fenômenos e são compostos em sua origem, como a chuva ácida que envolve a atmosfera e a água. Essa chuva constitui-se de precipitação de água, em estado sólido, líquido ou sob forma de vapor, poluídas por gases liberados pela queima de carvão e derivados de petróleo. Tais chu-vas, que se tornam cada vez mais frequentes no Brasil, poluem as águas, penetram nos ecossistemas e destróem a vida aquática.

Sobre essas agressões, cabe citar a Resolução CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990, que estabelece padrões de qualidade do ar, concentra-ções de poluentes atmosféricos que ultrapassados, afetam a saúde; a Portaria Normativa do IBAMA nº 348, de 14 de março de 1990, que fixa novos padrões de qualidade do ar e concentração de poluentes atmosféri-cos visando a saúde e o bem-estar da população, da flora e da fauna. A Portaria nº 534, do IBAMA, de 19 de setembro de 1988, proibiu a fabricação de propelentes à base de CFC. A Resolução CONAMA nº 5, de 5 de junho de 1989, instituiu o Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar.

A resolução nº 7 do CONAMA, de 16 de setembro de 1987, normaliza a comercialização e uso de produtos que contenham amianto/asbestos. Podem ser encontradas referências ao ar na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e na Resolução nº 18, de 6 de maio de 1986, que institui o Programa de Contro-le da Poluição do Ar por veículos automotores – PROCONVE.

.3. As Agressões à Vegetação e ao Solo

O Brasil enlaça a visão da natureza com o uso de técnicas primitivas de extração das matérias-primas do solo e da vegetação. Essa equação só pode resultar num poder destrutivo devastador. É o caso da Amazônia que vem sendo desfigurada pelo desmatamento irracional, pela invasão de práticas agrícolas e pecuárias inadequadas e pelo uso alucinado de quei-madas incontroláveis, o que resulta em dissolução do ecossistema e apa-recimento de grandes extensões desérticas.

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Calcula-se que hoje, no Brasil, desaparecem cerca de cem espécies vegetais e animais, por dia, em virtude dessas práticas devastadoras.

Os ecossistemas são desequilibrados pela erosão advinda do desnu-damento da terra; pelo uso de agrotóxicos, fungicidas, herbicidas e insetici-das; pelo cansaço do solo oriundo de métodos de fertilização impróprios e pela quebra das cadeias alimentares.

Enquanto o extrativismo não for racionalizado de modo a possibilitar a renovação dos recursos, a recuperação dos ciclos da vida e a irrigação não for feita de forma a respeitar a topografia e o equilíbrio do ambiente, o destino dos ecossistemas será o seu desaparecimento, como já aconteceu em outros continentes.

Alia-se a isso a miserabilidade das populações rurais no Brasil, que não têm acesso a uma vida digna e nem aos mínimos recursos educacio-nais e de saúde que possibilitem torná-las agentes de defesa do ambiente.

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O Relatório do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) intitulado O Desafio do Desenvolvi-mento Sustentável diagnostica:

“É relevante assinalar que, em situações de extrema pobreza, o indiví-duo marginalizado da sociedade e da economia nacional não tem nenhum compromisso para evitar a degradação ambiental, uma vez que a socieda-de não impede sua própria degradação como pessoa”.

Esse texto traz uma importante contribuição para reafirmar a concep-ção sobre a necessária indissolubilidade entre os problemas ambientais e os humanos. A luta pela promoção de um meio ambiente harmônico passa pela luta que promova a dignidade das pessoas. A luta ambiental não pode cair no perigo da coisificação do homem e da humanização da natureza, fenômeno já denunciado por Marx na introdução de O Capital.

Logo, a luta pela preservação e o uso racional do meio ambiente de-pende também do estabelecimento de novas relações entre os seres hu-manos. As questões do meio ambiente lançam as reflexões e ações sobre a dignidade, as contradições, as opressões e as desigualdades num novo patamar mais amplo e abrangente que impõe a revisão dos paradigmas do conhecimento e das práticas de relações entre os seres humanos.

A vegetação sofre com a guerra e com a paz. Na guerra, como no caso do Vietnã, são usados elementos químicos como a dioxina (agente laranja), com efeitos brutais sobre o meio ambiente, já que é um desfolhante que tem a finalidade de tornar o inimigo mais visível nos locais de cobertura vegetal mais densa, facilitando, assim, as operações de extermínio de vidas humanas. Na paz, substâncias como esse são usadas para facilitar o desmatamento e a busca de madeiras úteis, causando efeitos deletérios no meio ambiente e nas pessoas que têm contato com esses tóxicos, mesmo com a concentração de dioxina reduzida de 30% para 0,5%.

A destruição ambiental no Brasil é assustadora, conforme o mesmo documento citado: em 1940, o Estado do Paraná, em sua região norte era coberta em 90% por matas nativas, restando hoje tão somente 2% dessa cobertura; os cerrados ocupam 1.700.000 quilômetros quadrados, isto é, 20% do território nacional, sendo 46% aptos para a produção agrícola, 34% para a exploração limitada com base em pecuária extensiva e 20% devem ser preservados. O Pantanal mato-grossense, tão desfigurado, representa, com seus 170.000 quilômetros quadrados, 2% do território nacional.

Os garimpos são outros agressores do meio ambiente, constituindo-se também num problema social, econômico e antropológico. O garimpo é uma atividade precária e móvel, que se desloca na medida em que os veios minerais se esgotam ou se tornam pouco lucrativos ou inviáveis para as técnicas atrasadas que são utilizadas. O garimpo apresenta grave proble-ma social por envolver em sua operação direta (fora os exploradores da mão-de-obra) cerca de 300.000 pessoas, em 1.854 locais de extração de ouro, pedras preciosas e outros minérios. Constituem um problema econô-mico por se configurarem como locais de economia própria, onde os preços são sobrevalorizados, onde o meio de transporte mais comum é o pequeno avião, onde a mão-de-obra é explorada com desigualdade e violência; e, onde se instala um mercado paralelo de minerais, à margem de qualquer controle, o que significa evasão de dívidas. É um problema antropológico por ser uma atividade que não respeita as reservas indígenas, sendo veículo facilitador do genocídio e etnocídio.

Ao lado desses problemas, o garimpo, em termos de meio ambiente, polui os rios com mercúrio, promove a erosão de grandes regiões e dese-quilibra os ecossistemas. Mas, é preciso lembrar que não somente o garim-po pode causar esses danos ao meio ambiente, também as grandes mine-radoras e processadoras de minérios, quando usam, por exemplo, a madei-ra como combustível (carvão vegetal) potenciam essa destruição, que é promovida a varejo pelos garimpos. O mesmo deve ser dito das empresas que lançam suas águas industriais servidas e seus rejeitos nos rios e lagos ocasionando graves lesões ao meio ambiente.

A vegetação, o solo, o subsolo, água e a fauna são depredados pelo ser humano, que se torna vítima de seus próprios procedimentos. As práti-cas que têm por base o entendimento segundo o qual a natureza é inesgo-tável, o ser humano é um mero instrumento (um objeto), o lucro imediato é o objetivo da produção e a preservação dos ecossistemas um assunto de minorias situa o ser humano em uma situação paradoxal: ele é, ao mesmo tempo, autor e vítima, sendo assassino potencial de sua própria espécie. A

superação desse entendimento deve ser implantada em níveis teórico e prático, a fim de que não aconteça, pela primeira vez na história biológica do planeta, o suicídio de um grupo zoológico.

A vegetação é protegida pela já citada lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal; o Decreto nº 58.054 de 23 de março de 1966, promulgou a Convenção sobre Flora, Fauna e Belezas Cênicas dos países da América; o Decreto nº 76.623, de 17 de novembro de 1975, promulgou a Convenção de comércio de fauna e flora selvagens em perigo de extinção; o Decreto nº 318, de 31 de outubro de 1991, pro-mulgou o nosso texto da Convenção Internacional para a proteção dos vegetais.

Também são importantes na defesa da vegetação a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental (APA’S); o Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, que regulamenta a citada lei; o Decreto nº 99.355, de 27 de junho de 1990, que dá nova redação ao Decreto acima. O CONAMA, por sua Resolução nº 10, de 14 de dezembro de 1988, estabeleceu os objetivos e competência das APA’S.

As Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIEs), de alta importân-cia para a preservação ambiental, foram regulamentadas pelo Decreto nº 89.336, de 31 de janeiro de 1988, limitou as atividades que podem ser exercidas nas ARIE’s.

Na intersecção entre a produção e a preservação aparecem as Reso-luções Extrativistas definidas pelo Decreto nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990, documento legal que deve ser estudado e acionado pelos ambienta-listas, já que sua significação invade os campos econômico, social e cultu-ral.

Por último, quanto a esse tema, é preciso ressaltar que as Unidades de Conservação, ainda que criadas por decreto, só poderão ser alteradas ou suprimidas por lei, conforme comando do art. 225, 1º, III da Constituição Federal.

O solo e o subsolo agredidos recebem, também, proteção legal. Os agentes que agridem o solo, como já lembramos, atingem as águas, dizima a fauna e flora e atingem o ser humano. Os agrotóxicos são um exemplo. A Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, dispõe sobre a pesquisa, experimen-tação, produção, embalagem e rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização e propaganda comercial de agrotóxicos. Essa lei foi regu-lamentada pelos Decretos nº 98.062, de 17 de agosto de 1989; 98.816, de 11 de janeiro de 1990 e 99.657, de 16 de outubro de 1990. A Portaria nº 349, de 14 de março de 1990, estabeleceu os procedimentos de registro, renovação e uso de agrotóxicos. A Portaria nº 329, de 2 de setembro de 1985, fixou proibições com relação aos organoclorados.

O mercúrio, que atinge as águas, assim como o cianeto, muito usados na garimpagem do ouro, foram tratados pelas normas vigentes; a Portaria SEMA, nº 3, de 11 de abril de 1975, dispõe sobre a concentração de mer-cúrio por litro de água e o Decreto nº 97.507, de 13 de fevereiro de 1989, que dispõe sobre o licenciamento de atividade mineral, e uso do mercúrio metálico e do cianeto em áreas de extração de ouro.

A Lei nº 6.225, de 14 de julho de 1975, dispõe da discriminação de re-giões pelo Ministério da Agricultura, onde são obrigatórias a execução de planos de proteção ao solo e combate à erosão e a Lei nº 6.662, de 25 de junho de 1979, institui o Plano Nacional de Irrigação.

O sobsolo e suas riquezas minerais são formados pelo Código de Mi-neração; pelo Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967; pela Lei nº 7.808, de 18 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto nº 98.812, de 9 de janeiro de 1990, que estabelece o regime de permissão de lavra garim-peira.

O solo pode ser degradado pelo parcelamento e por distribuição injus-ta, por isso relembramos o Estatuto da Terra já citado, os dispositivos institucionais relativos à Reforma Agrária, a competência dos municípios nesse campo e aditamos a isso a Lei nº 4.778, de 22 de setembro de 1965, que obrigou a consulta às autoridades florestais na aprovação de plantas e planos de loteamento, e a Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe do parcelamento do solo urbano.

Além do Código Florestal (Lei nº 4.771/64, já citada), dada a significa-ção desse ecossistema para o Brasil e as agressões que sofre diuturna-

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mente, existem uma grande quantidade de normas esparsas sobre o tema. Destacamos algumas: Decreto nº 97.635, de 10 de abril de 1989, que regula a art. 27 do Código Florestal e dispõe sobre a preservação e comba-te a incêndio florestal; Decreto nº 99.547, de 25 de setembro de 1990, que dispõe sobre a vedação do corte e exploração e comercialização de produ-tos e subprodutos florestais,; Decreto nº 96.944, de 12 de outubro de 1988, que cria o programa de Defesa do Complexo de Ecossistemas da Amazô-nia; Lei nº 7.754, de 14 de abril de 1989, que prevê medidas para a prote-ção das florestas existentes nas nascentes dos livros.

4. As Agressões à Fauna

os animais vivem graças a uma cadeia alimentar que se constitui na “transferência da energia alimentar que existe no ambiente natural, numa sequência na qual alguns organismos consomem e outros são consumidos. O equilíbrio da vida depende de um relacionamento equilibrado entre as comunidades. Sua quebra pode gerar efeitos incontroláveis, como pragas, por exemplo, no caso de pássaros, que se alimentam de insetos, serem exterminados pela caça ou por agrotóxicos.

A antropia gera essa quebra, não somente diminuindo a frequência de certos animais em determinada região, como também contribuindo para a extinção de espécies. Hoje, o Brasil sofre o problema de ter várias espécies em fase de extinção.

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Para aviventar nossa memória, citemos alguns nomes populares de a-nimais de nossa fauna que estão em via de desaparecer: o guariba da Região Norte e Nordeste; o macaco-aranha da Região Norte; o monocar-voeiro da Região Sudeste; o uacari do Amazonas; o sagui do Pará; o macaco-prego-de-peito-amarelo da Bahia, o cuxiú do Pará; o barrigudo da Região Norte e Centro-Oeste; o mico-leão-preto de São Paulo; o mico-de-cheiro do Amazonas; o lobo-guará das Regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste e parte da caatinga do Nordeste; o gato-palheiro do Mato-Grosso; o gato-do-mato da Região Sul; a onça-parda ou sussuarana de todo o território do Brasil; a jaguatirica de todo o território do Brasil; a doninha-amazônica da Bacia Amazônica; o gato-do-mato de todo o território do Brasil; a onça pintada de todo o território do Brasil; o tamanduá-bandeira de todo o territó-rio do Brasil; o tatu-bola da caatinga nordestina; o peixe-boi da Bacia Ama-zônica; a baleia-branca do litoral do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul; o rato-do-mato do Rio Grande do Sul; o cervo-do-pantanal do Centro-Oeste e Sul do Brasil; o veado-campeiro de todo o território do Brasil; a codorna-mineira de Minas Gerais a São Paulo e Mato Grosso; o macuco de Per-nambuco ao Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso; o gavião-real da Região Amazônica, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; o mutum-cavalo de Alagoas; a jacutinga da Bahia ao Rio Grande do Sul; a rolinha-do-planalto de Mato Grosso, Goiás e São Paulo; o papagaio-de-cara-roxa de São Paulo e Paraná; o papagaio-de-peito-roxo da Bahia ao Rio Grande do Sul; a aranha-azul-grande do Maranhão, Pará, Amapá, Piauí, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e To-cantins; a aranha-azul-de-lear da Bahia; a tiriba da Bahia a São Paulo; o jacu-estalo do sul da Região Amazônica; o beija-flor-de-dohn da Bahia e do Espírito Santo ao Paraná; o pintassilgo-do-nordeste do Ceará, Pernambu-co, Alagoas e Bahia; o pichochó do Espírito Santo, Rio de Janeiro, e de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul; a tartaruga-verde de todo litoral brasi-leiro; o jacaré-de-papo-amarelo das Bacias dos rios São Francisco, Doce, Paraíba, no Baixo Paraná e, ainda, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, para citar alguns.

Deliberadamente cotamos todos esses animais apenas para mostrar quão grande é a devastação em nossa fauna, já que os citados são apenas

uma pequena amostra, pois várias espécies nem foram tocadas por esta lista.

A caça, o manejo inadequado dos ecossistemas, o comércio de couros, peles e dos próprios animais, como os pássaros e peixes que são vendidos ao exterior, ao lado dos envenenamentos químicos, contribuem para o desaparecimento diário das espécies, às vezes nem conhecidas pelos seres humanos.

As biotas são destruídas, não permitindo a sobrevivência dos seres vi-vos que lá habitam em estreita dependência recíproca, e os nichos ecológi-cos são desfeitos.

O urbano invade o rural, trazendo práticas que, se de um lado, podem ser fatores de aumento de produção e até mesmo de uso racional da terra, de outro, introduzem práticas agressivas de apropriação e comércio, que atingem, em cheio, a fauna.

Chega a ser descabido dizermos que devemos encarar e tratar os ani-mais como nossos companheiros de jornada, como nossos fraternos ami-gos que habitam a mesma morada cósmica. Se dissermos isso, logo have-rá alguém nos acusando de que nos tornamos místicos. O problema é de outra ordem: temos de admitir que vivemos numa comunidade de seres vivos, que exercem os mais variados papéis no sentido de manter a nature-za, estrutura e equilíbrio desse todo dinâmico e instável que chamamos biosfera. Ninguém é desprezível. Todos têm funções nessa teia interde-pendente. É o óbvio observável. A erradicação de uma espécie significa a supressão de um conjunto de funções, a retirada de um protagonista da cena cósmica, o avanço das forças da morte sobre as da vida.

Além dos documentos legais, protetores da fauna, já citados no texto sobre flora, podemos, ainda, destacar como significativos a Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que estabeleceu as normas básicas para a proteção da fauna, a Portaria do IBAMA nº 2.114, de 24 de outubro de 1990, que determinou a proibição do comércio de animais silvestres; a Portaria nº 79-P, de 3 de março de 1975, do IBDF, que estabeleceu as normas para a caça amadorística; a Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna; a Portaria nº 1.522, de 19 de dezembro de 1989, que publicou a lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção; a Lei nº 7.679, de 22 de novembro de 1988, que tratou da proibi-ção da pesca em período de reprodução.

5. A Cidade – Agressora e Agredida

as cidades vão se constituindo na história por necessidades comerci-ais, de produção, de defesa militar, tornando-se centros de decisão regio-nais e nacionais. A marca fundamental das cidades é o adensamento populacional. Como cidades são fenômenos sociais mutáveis, elas tendem a crescer desordenadamente, a partir das desmandas produtivas e das migrações que as atingem. Esta característica de desordenamento alcança até mesmo as cidades planejadas. Como ela é uma entidade aberta para as conjunturas, torna-se difícil prever os percalços de seu itinerário, com-prometendo, assim, o planejamento que lhe deu origem.

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Nas cidades, quanto mais se adensa a população, mais se intensificam os problemas sociais, econômicos, políticos e pessoais. As cidades, em suas relações com o meio ambiente inaugura uma nova relação, pois ela, necessariamente, vai interferir no meio natural onde se situa e, até mesmo, vai negá-lo. Ela é a representação máxima do distanciamento entre o homem e a natureza. É nas cidades, principalmente nas maiores, que os problemas de degradação ambiental se tornam mais agudos e é a partir das cidades que muitos problemas de poluição são espalhados para outras regiões. Além disso, é nas cidades onde os conhecimentos oficiais são gerados, reproduzindo-se nos centros menores e nas áreas rurais.

A cidade, por sua compressão demográfica, torna mais grave as desi-gualdades, as explorações e as opressões. A distância sócio-econômica entre os mais abastados e os mais miseráveis se torna evidente, havendo risco de tensões, que podem até desembocar numa fragmentação do poder, como o exemplo do Rio de Janeiro.

O efeito concreto dessas características traduz-se pela poluição decor-rente dos processos produtivos, como a emissão de gases tóxicos nos períodos de inversão térmica. Pela poluição dos cursos d’água por dejetos industriais, pelo lixo doméstico e pelos esgotos. Pelo consumo de alimentos com aditivos químicos, que se acumulam no organismo humano, causando doenças das menos às mais graves. Pelo uso do CFC, que contribui para o esgarçamento da camada de ozônio, com os consequentes efeitos destruti-vos dos raios ultravioletas do sol. Pelo consumo de produtos químicos mutagênicos que modificam o código genético, gerando efeitos imprevisí-veis. Pelo risco dos efeitos radioativos de usinas termoelétricas construídas sem a segurança devida. Pela ação dos depósitos de lixo, que degradam as partes mais profundas do solo e poluem as águas. Pela chuva ácida oriunda da emissão de gases que poluem lagos, rios e florestas. Pelo lixo atômico, que submete as populações ao constante risco da radioatividade. Pela perda ou vazamento de elétrons dos cinturões de Van Allen, que defendem a Terra do bombardeio de raios cósmicos e outras radiações causados pelo impacto de ondas de rádio de baixa frequência.

Mas a questão preponderante do meio ambiente é representada pelas condições infra-humanas em que vivem a maioria de suas populações, principalmente nas megalópoles. O referido Relatório para a Conferência do Rio de Janeiro diagnostica que o perfil das indústrias brasileiras contém, um elevado potencial de impacto sobre os recursos ambientais e que no Brasil urbano, cerca de 20.000.000 de pessoas não têm acesso à água tratada, 75.000.000 não dispõem de serviços de esgoto e 60.000.000 não são atendidos por coleta de lixo. Informa, também, que apenas 3% do lixo urbano tem deposição final adequada, 63% são lançados em cursos d’água e 34% a céu aberto. Identifica que a distância entre o trabalho e a moradia e o tempo gasto para percorrê-la, nas metrópoles, só tem aumentado, penalizando os trabalhadores.

Mas a cidade é também o lugar das decisões políticas, econômicas e científicas. É o lugar do poder. É nela que se travam as lutas formais e informais para a consignação de direitos. é o lugar do conforto. É a “praça” onde se dão as discussões e onde são urdidos os acordos e radicalizados os confrontos, mesmo as lutas do campo acabam por ser decididas na cidade.

É na cidade, por sua estrutura polimorfa, que aparecem os movimentos sociais mais diferenciados. As lutas nas regiões rurais têm grande força em seus locais, principalmente no Norte do País, onde os conflitos são mais agudos e onde a posse tem de ser defendida com a presença ativa, mas tais movimentos, para se manterem a sobreviverem, têm de se articular com o urbano até mesmo para garantir conquistas suas.

Desse modo, a cidade que tem seu lado opressor e indigno, também propicia oportunidades de fortalecimento dos movimentos sociais de todos os tipos.

A produção industrial pode vir a causar danos ambientais, pela monta-gem de suas unidades energéticas e produtivas, pelo processo de indus-trialização e pelos produtos que lança no mercado. Por isso, várias são as normas que regulam, direta ou indiretamente, essa atividade.

Em 1980, a Lei nº 6.803, de 2 de julho, já estabelecia diretrizes para o zoneamento industrial, tendo em vista as áreas críticas de poluição. Em 1976, os danos de poluição por óleo eram preocupação do legislador. O Decreto Legislativo nº 74, de 30 de setembro de 1976, aprovou o texto da

Convenção Internacional sobre responsabilidade civil em danos causados por poluição por óleo. O Decreto nº 83.540, de 4 de junho de 1979, regula-mentou a aplicação da convenção sobre responsabilidade civil em danos causados por óleo.

A indústria bélica foi nomeada pelo Decreto Legislativo nº 50, de 28 de junho, que aprovou o texto da Convenção sobre proibição do uso militar ou hostil de técnicas de modificação ambiental.

Os detergentes não biodegradáveis, presença constante na vida urba-na, teve sua fabricação regulamentada pela Lei nº 7.635, de 13 de setem-bro de 1985.

As concessionárias de exploração, geração e distribuição de energia elétrica tiveram seus empreendimentos condicionados ao licenciamento ambiental, pela Resolução do CONAMA nº 6, de 16 de setembro de 1987.

O impacto ambiental foi definido pela Resolução do CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986. O mesmo Órgão, em 1988, pela Resolução nº 6, de 15 de junho de 1988, dispôs sobre o controle específico de resíduos gera-dos e/ou existentes no processo de licenciamento de atividades industriais.

O d nº 97.634, de 10 de abril de 1989, regulamentou a produção e co-mercialização de substância que, comporte risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

A Lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975, dispôs sobre o controle da poluição do meio ambiente, provocada por atividades industriais.

O Decreto nº 76.389, de 3 de outubro de 1975, regulamentando o De-creto-Lei nº 1.413/75, estabeleceu medidas de preservação e controle da poluição industrial.

A Portaria do Ministério do Interior nº 124, de 20 de agosto de 1980, impôs,, para evitar poluição hídrica, distância mínima de 220 metros dos cursos d’água mais próximos, para instalação de empresas industriais. O Decreto nº 97.626, de 10 de abril de 1989, impôs a realização de estudos sobre controle de produção, comercialização, métodos e técnicas, que comprometem risco de vida e o Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988, aprovou a regulamentação dos serviços de transporte rodoviário de cargas ou produtos perigosos.

Os sons e barulhos da vida urbana e industrial devem respeitar os limi-tes de audição dos seres humanos. A ultrapassagem desses limites gera efeitos graves para a saúde.

O CONAMA tem se preocupado com esse problema como na Resolu-ção nº 1, de 8 de março de 1990, que fixou normas quanto à emissão de sons e ruídos e na Resolução nº 2, de 8 de março de 1990, que institui o Programa Silêncio.

O dano nuclear é a potenciação da agressão ambiental, por isso o Bra-sil promulgou o Tratado de Proscrição de Experiências com Armas Nuclea-res na Atmosfera, no Espaço Cósmico e sob a água, pelo Decreto nº 58.256, de 8 de abril de 1966. A tentação dessas experiências continua e há necessidade de uma constante vigilância da cidadania. O Decreto nº 9, de 15 de janeiro de 1991, promulgou a Convenção sobre pronta notificação de acidente nuclear. Internamente, o Brasil, com a Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977, já havia estabelecido normas sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares. O estabelecimento de normas para as atividades nucleares, no Brasil, já tem vinte anos. A Lei nº 4.118, de 27 de agosto de 1962, dispôs sobre a política nacional de energia nuclear e criou a Comis-são Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Em 1980, pelo Decreto-Lei nº 1.809, de 7 de outubro, foi instituído o Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, documento regulamentado pelo Decreto nº 85.565, de 18 de dezembro de 1980. O Decreto nº 96.620, de 31 de agosto de 1988, instituiu o Conselho Superior de Política Nuclear. Já em 1986, pela Resolu-ção do CONAMA nº 28, de 3 de dezembro, foram editadas normas de licenciamento dos estabelecimentos destinados a produzir materiais nuclea-res e, no mesmo dia o referido Conselho traz a lume a Resolução nº 29, que torna obrigatório o Estudo de Impacto Ambiental para instalação nucle-ar. http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ecologia/robertoaguiar/

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Cultura do Brasil

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

"A sociedade e a cultura brasileiras são conformadas como variantes da versão lusitana da tradição civilizatória europeia ocidental, diferenciadas por coloridos herdados dos índios americanos e dos negros africanos. O Brasil emerge, assim, como um renovo mutante, remarcado de característi-cas próprias, mas atado geneticamente à matriz portuguesa, cujas potenci-alidades insuspeitadas de ser e de crescer só aqui se realizariam plena-mente. O Povo Brasileiro, Darcy Ribeiro, , pag 16

A cultura brasileira é uma síntese da influência dos vários povos e etnias que formaram o povo brasileiro. Não existe uma cultura brasileira perfeitamente homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil. Naturalmente, após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é, majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa que compõe a unidade do Brasil: apesar do povo brasileiro ser um mosaico étnico, todos falam a mesma língua (o português) e, quase todos, são cristãos, com largo predomínio de católicos. Esta igualdade linguística e religiosa é um fato raro para um país de grande tamanho como o Brasil, especialmente em comparação com os países do Velho Mundo.

Embora seja um país de colonização portuguesa, outros grupos étnicos deixaram influências profundas na cultura nacional, destacando-se os povos indígenas, os africanos, os italianos e os alemães. As influências indígenas e africanas deixaram marcas no âmbito da música, da culinária, do folclore, do artesanato, dos caracteres emocionais e das festas populares do Brasil, assim como centenas de empréstimos à língua portuguesa. É evidente que algumas regiões receberam maior contribuição desses povos: os estados do Norte têm forte influência das culturas indígenas, enquanto algumas regiões do Nordeste têm uma cultura bastante africanizada, sendo que, em outras, principalmente no sertão, há uma intensa e antiga mescla de caracteres lusitanos e indígenas, com menor participação africana.

No Sul do país as influências de imigrantes italianos e alemães são evidentes, seja na língua, culinária, música e outros aspectos. Outras etnias, como os árabes,espanhóis, poloneses e japoneses contribuíram também para a cultura do Brasil, porém, de forma mais limitada.

Formação da cultura brasileira

O substrato básico da cultura brasileira formou-se durante os séculos de colonização, quando ocorre a fusão primordial entre as culturas dos indígenas, dos europeus, especialmente portugueses, e dos escravos trazidos da África subsahariana. A partir do século XIX, a imigração de europeus não-portugueses e povos de outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasileiro. Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a França, a Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, países que exportam hábitos e produtos culturais para o resto do globo.

Os portugueses

Cavalhadas de Pirenópolis (Pirenópolis,Goiás) de origem portuguesa - Mascarados durante a execução do Hino do Divino.

Dentre os diversos povos que formaram o Brasil, foram os europeus aqueles que exerceram maior influência na formação da cultura brasileira, principalmente os de origem portuguesa.

Durante 322 anos o território foi colonizado por Portugal, o que implicou a transplantação tanto de pessoas quanto da cultura da metrópole para as terras sul-americanas. O número de colonos portugueses aumentou muito no século XVIII, na época do Ciclo do Ouro. Em 1808, a própria corte de D. João VI mudou-se para o Brasil, um evento com grandes implicações políticas, econômicas e culturais. A imigração portuguesa não parou com a Independência do Brasil: Portugal continuou sendo uma das fontes mais importantes de imigrantes para o Brasil até meados do século XX.

A mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falada por virtualmente todos os habitantes do país. A religião católica, crença da maioria da população, é também decorrência da colonização. O catolicismo, profundamente arraigado em Portugal, legou ao Brasil as tradições do calendário religioso, com suas festas e procissões. As duas festas mais importantes do Brasil, o carnaval e as festas juninas, foram introduzidas pelos portugueses. Além destas, vários folguedos regionalistas como as cavalhadas, o bumba-meu-boi, o fandango e a farra do boi denotam grande influência portuguesa. No folclore brasileiro, são de origem portuguesa a crença em seres fantásticos como a cuca, o bicho-papão e o lobisomem, além de muitas lendas e jogos infantis como as cantigas de roda.

Na culinária, muitos dos pratos típicos brasileiros são o resultado da adaptação de pratos portugueses às condições da colônia. Um exemplo é a feijoada brasileira, resultado da adaptação dos cozidos portugueses. Também a cachaça foi criada nos engenhos como substituto para a bagaceira portuguesa, aguardente derivada do bagaço da uva. Alguns pratos portugueses também se incorporaram aos hábitos brasileiros, como as bacalhoadas e outros pratos baseados no bacalhau. Os portugueses introduziram muitas espécies novas de plantas na colônia, atualmente muito identificadas com o Brasil, como a jaca e a manga.

De maneira geral, a cultura portuguesa foi responsável pela introdução no Brasil colônia dos grandes movimentos artísticos europeus: renascimento, maneirismo, barroco,rococó e neoclassicismo. Assim, a literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e artes decorativas no Brasil colônia denotam forte influência da arte portuguesa, por exemplo nos escritos do jesuíta luso-brasileiro Padre Antônio Vieira ou na decoração exuberante de talha dourada e pinturas de muitas igrejas coloniais. Essa influência seguiu após a Independência, tanto na arte popular como na arte erudita.

Os indígenas

A colonização do território brasileiro pelos europeus representou em grande parte a destruição física dos indígenas através de guerras e escravidão, tendo sobrevivido apenas uma pequena parte das nações indígenas originais. A cultura indígena foi também parcialmente eliminada pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras etnias.

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Atualmente, apenas algumas poucas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original.

Indígena brasileiro, representando sua rica arte plumária e de pintura corporal.

Apesar disso, a cultura e os conhecimentos dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a colonização, influenciando a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos caseiros diversos como a rede de descanso. Um dos aspectos mais notáveis da influência indígena foi a chamada língua geral (Língua geral paulista, Nheengatu), uma língua derivada do Tupi-Guarani com termos da língua portuguesa que serviu de língua franca no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica. O português brasileiro guarda, de fato, inúmeros termos de origem indígena, especialmente derivados do Tupi-Guarani. De maneira geral, nomes de origem indígena são frequentes na designação de animais e plantas nativos (jaguar, capivara, ipê, jacarandá, etc), além de serem muito frequentes na toponímia por todo o território.

A influência indígena é também forte no folclore do interior brasileiro, povoado de seres fantásticos como o curupira, o saci-pererê, o boitatá e a iara, entre outros. Na culinária brasileira, a mandioca, a erva-mate, o açaí, a jabuticaba, inúmeros pescados e outros frutos da terra, além de pratos como os pirões, entraram na alimentação brasileira por influência indígena. Essa influência se faz mais forte em certas regiões do país, em que esses grupos conseguiram se manter mais distantes da ação colonizadora, principalmente em porções da Região Norte do Brasil.

Os africanos

A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.

Capoeira, a arte-marcial afro-brasileira.

Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em certos estados

como Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul a cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.

Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás.

A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite-de-dendê. Este azeite é utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé.

Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colonial.

Os imigrantes

O imigrante germânico e suas tradições:Oktoberfest em Igrejinha.

A maior parte da população brasileira no século XIX era composta por negros e mestiços. Para povoar o território, suprir o fim da mão-de-obra escrava mas também para "branquear" a população e cultura brasileiras, foi incentivada a imigração da Europa para o Brasil durante os séculos XIX e XX. Dentre os diversos grupos de imigrantes que aportaram no Brasil, foram os italianos que chegaram em maior número, quando considerada a faixa de tempo entre 1870 e 1950. Eles se espalharam desde o sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, sendo a maior parte na região de São Paulo. A estes se seguiram os portugueses, com quase o mesmo número que os italianos. Destacaram-se também os alemães, que chegaram em um fluxo contínuo desde 1824. Esses se fixaram primariamente na Região Sul do Brasil, onde diversas regiões herdaram influências germânicas desses colonos.

Os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional, vivendo em pequenas propriedades familiares (sobretudo alemães e italianos), conseguiram manter seus costumes do país de origem, criando no Brasil uma cópia das terras que deixaram na Europa. Alguns povoados fundados por colonos europeus mantiveram a língua dos seus antepassados durante muito tempo. Em contrapartida, os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos centros urbanos do Sudeste(portugueses, italianos, espanhóis e árabes), rapidamente se integraram na sociedade brasileira, perdendo muitos aspectos da herança cultural do país de origem. A contribuição asiática veio com a imigração japonesa, porém de forma mais limitada.

De maneira geral, as vagas de imigração europeia e de outras regiões do mundo influenciaram todos os aspectos da cultura brasileira. Na culinária, por exemplo, foi notável a influência italiana, que transformou os pratos de massas e a pizza em comida popular em quase todo o Brasil. Também houve influência na língua portuguesa em certas regiões, especialmente no sul do território. Nas artes eruditas a influência europeia imigrante foi fundamental, através da chegada de imigrantes capacitados em seus países de origem na pintura, arquitetura e outras artes.

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Aspectos

Arquitetura e patrimônio histórico

Obra de Mestre Ataíde na abóbada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, símbolo do Barroco brasileiro.

O interesse oficial pela preservação do patrimônio histórico e artístico no Brasil começou com a instituição em 1934 da Inspetoria de Monumentos Nacionais. O órgão foi sucedido pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e hoje o setor é administrado nacionalmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que já possui mais de 20 mil edifícios tombados, 83 sítios e conjuntos urbanos, 12.517 sítios arqueológicos cadastrados, mais de um milhão de objetos arrolados, incluindo o acervo museológico, cerca de 250 mil volumes bibliográficos e vasta documentação arquivística. Tradições imateriais como o samba de roda do Recôncavo Baiano e a arte gráfica e pintura corporal dos índios Wajapi do Amapá também já foram reconhecidas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Também os estados e alguns municípios já possuem instâncias próprias de preservação e o interesse nesta área tem crescido nos últimos anos.

Mesmo com a intensa atividade dos órgãos oficiais, o patrimônio nacional ainda sofre frequente depredação e tem sua proteção e sustentabilidade limitadas pela escassez de verbas e pela falta de consciência da população para com a riqueza de sua herança cultural e artística e para com a necessidade de um compartilhamento de responsabilidades para sua salvaguarda efetiva a longo prazo.

O Palácio da Alvorada em Brasília, obra deOscar Niemeyer.

O patrimônio histórico brasileiro é um dos mais antigos da América, sendo especialmente rico em relíquias de arte e arquitetura barrocas, concentradas sobretudo no estado de Minas Gerais (Ouro Preto,Mariana, Diamantina, São João del-Rei, Sabará, Congonhas, etc) e em centros históricos de Recife, São Luis,Salvador, Olinda, Santos, Paraty, Goiana, Pirenópolis, Goiás, entre outras cidades. Também possui nas grandes capitais numerosos e importantes edifícios dearquitetura eclética, da transição entre os séculos XIX e XX.

A partir de meados do século XX a construção de uma série de obras modernistas, criadas por um grupo liderado por Gregori

Warchavchik, Lucio Costa e sobretudo Oscar Niemeyer, projetou a arquitetura brasileira internacionalmente. O movimento moderno culminou na realização de Brasília, o único conjunto urbanístico moderno do mundo reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Parque Nacional Serra da Capivara

Também há diversidade em sítios arqueológicos, como o encontrado no sul do estado do Piauí: serra da Capivara. Os problemas enfrentados pela maioria dos sítios arqueológicos brasileiros não afetam os mais de 600 sítios que estão no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Localizado em uma área de 130 mil hectares o Parque Nacional da Serra da Capivara é um exemplo de conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. Em 1991, foi consagrado patrimônio mundial pela Unesco.

A serra da Capivara é uma das áreas mais protegidas do Brasil, pois está sob a guarda do Iphan, Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fundahm e do Ibama local, que tem poder de polícia. Nesta mesma área se localiza o Museu do Homem Americano, onde se encontra o mais velho crânio humano encontrado na América.

Culinária

A culinária brasileira é fruto de uma mistura de ingredientes europeus, indígenas e africanos. A refeição básica do brasileiro médio consiste em arroz, feijão e carne. O prato internacionalmente mais representativo do país é a feijoada. Os hábitos alimentares variam de região para região. No Nordeste há grande influência africana na culinária, com destaque para o acarajé,vatapá e molho de pimenta. No Norte há a influência indígena, no uso da mandioca e de peixes de água doce. No Sudeste há pratos diversos como o feijão tropeiro e angu, em Minas Gerais, e a pizza em São Paulo. No Sul do país há forte influência da culinária italiana, em pratos como a polenta, e também da culinária alemã. O churrasco é típico do Rio Grande do Sul, que também é uma característica muito forte na cultura brasileira. O Brasil não possui carnes de qualidade tão elevada como a da Argentina e Uruguai que se destaca nessa área pelo seu terreno geográfico. No entanto, o brasileiro é um amante do bom churrasco acompanhado de bebidas como a cerveja, o chopp deixando o vinho para outras ocasiões.

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Literatura

Machado de Assis, um dos maiores escritores do Brasil.

O primeiro documento a se considerar literário na história brasileira é a carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Manuel I de Portugal, em que o Brasil é descrito, em 1500. Nos próximos dois séculos, a literatura brasileira ficou resumida a descrições de viajantes e a textos religiosos. O barroco desenvolveu-se no Nordeste nos séculos XVI e XVII e o arcadismo se expandiu no século XVIII na região das Minas Gerais.

Aproximadamente em 1836, o Romantismo afetou a Literatura Brasileira e nesse período, pela primeira vez, a literatura nacional tomou formas próprias, adquirindo características diferentes da literatura europeia. O Romantismo brasileiro (possuindo uma temática indianista), teve como seu maior nome José de Alencar e exaltava as belezas naturais do Brasil e os indígenasbrasileiros.8

Após o Romantismo, o Realismo expandiu-se no país, principalmente pelas obras de Machado de Assis (fundador da Academia Brasileira de Letras). Entre 1895 e 1922, não houve estilos literários uniformes no Brasil, seguindo uma inércia mundial. A Semana de Arte Moderna de 1922 abriu novos caminhos para a literatura do país. Surgiram nomes como Oswald de Andrade e Jorge Amado. O século XX também assistiu ao surgimento de nomes como Guimarães Rosa e Clarice Lispector, os chamados "romancistas instrumentalistas", elencados entre os maiores escritores brasileiros de todos os tempos.

Atualmente, o escritor Paulo Coelho (membro da Academia Brasileira de Letras) é o escritor brasileiro mais conhecido, alcançando a liderança de vendas no país e recordes pelo mundo. Apesar de seu sucesso comercial, críticos diversos consideram que produz uma literatura meramente comercial e de fácil digestão, e chegam a apontar diversos erros de português em suas obras, principalmente em seus primeiros livros.

Outros autores contemporâneos são bem mais considerados pela crítica e possuem também sucesso comercial, como Nelson Rodrigues, Ignácio de Loyolla Brandão, Rubem Fonseca, Luís Fernando Veríssimo e outros.

Artes visuais

"A descoberta da terra" (1941), pintura mural de Portinari no edifício da Biblioteca do Congresso, Washington, DC.

O Brasil tem uma grande herança no campo das artes visuais. Na pintura, desde o barroco se desenvolveu uma riquíssima tradição de decoração de igrejas que deixou exemplos na maior parte dos templos coloniais, com destaque para os localizados nos centros da Bahia, Pernambuco e sobretudo em Minas Gerais, onde a atuação de Mestre Ataíde foi um dos marcos deste período. No século XIX, com a fundação da Escola de Belas Artes, criou-se um núcleo acadêmico de pintura que formaria gerações de notáveis artistas, que se encontram até hoje entre os melhores da história do Brasil, como Victor Meirelles, Pedro Alexandrino, Pedro Américo, Rodolfo Amoedo e legião de outros. Com o advento do Modernismo no início do século XX, o Brasil acompanhou o movimento internacional de renovação das artes plásticas e criadores como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral,Vicente do Rego Monteiro, Guignard, Di Cavalcanti e Portinari determinaram os novos rumos da pintura nacional, que até os dias de hoje não cessou de se desenvolver e formar grandes mestres.

Escultura de Aleijadinho "Cristo no horto das oliveiras", localizada Congonhas, Minas Gerais.

No campo da escultura, igualmente o barroco foi o momento fundador, deixando uma imensa produção de trabalhos de talha dourada nas igrejas e estatuária sacra, cujo coroamento é o ciclo de esculturas das Estações da Via Sacra e dos 12 profetas no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, obra de Aleijadinho. Experimentando um período de retraimento na primeira metade do século XIX, a escultura nacional só voltaria a brilhar nas últimas décadas do século, em torno da Academia Imperial de Belas Artes e através da atuação de Rodolfo Bernardelli. Desde lá o gênero vem florescendo sem mais interrupções pela mão de mestres do quilate de Victor Brecheret, um dos precursores da arte moderna brasileira, e depois dele Alfredo Ceschiatti, Bruno Giorgi, Franz Weissmann, Frans

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Krajcberg, Amilcar de Castro e uma série de outros, que têm levado a produção brasileira aos fóruns internacionais da arte.

Da metade do século XX em diante outras modalidades de artes visuais têm merecido a atenção dos artistas brasileiros, e nota-se um rápido e grande desenvolvimento na gravura, no desenho, na cerâmica artística, e nos processos mistos como instalações e performances, com resultados que se equiparam à melhor produção internacional.

Música

A música do Brasil se formou, principalmente, a partir da fusão de elementos europeus e africanos, trazidos respectivamente por colonizadores portugueses e escravos.

Instrumentos populares no Brasil.

Até o século XIX Portugal foi a porta de entrada para a maior parte das influências que construíram a música brasileira, clássica e popular, introduzindo a maioria do instrumental, o sistema harmônico, a literatura musical e boa parcela das formas musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, ainda que diversos destes elementos não fosse de origem portuguesa, mas genericamente europeia. O primeiro grande compositor brasileiro foi José Maurício Nunes Garcia, autor de peças sacras com notável influência do classicismovienense. A maior contribuição do elemento africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música popular e folclórica, florescendo especialmente a partir do século XX. O indígena praticamente não deixou traços seus na corrente principal, salvo em alguns gêneros do folclore, sendo em sua maioria um participante passivo nas imposições da cultura colonizadora.

Sala São Paulo, em São Paulo, uma das salas de concerto com melhor acústica no mundo.

Ao longo do tempo e com o crescente intercâmbio cultural com outros países além da metrópole portuguesa, elementos musicais típicos de outros países se tornariam importantes, como foi o caso da vogaoperística italiana e francesa e das danças como a zarzuela, o bolero e habanera de origem espanhola, e as valsas e polcas germânicas, muito populares entre os séculos XVIII e XIX, e o jazz norte-americano no século XX, que encontraram todos um fértil terreno no Brasil para enraizamento e transformação.

Com grande participação negra, a música popular desde fins do século XVIII começou a dar sinais de formação de uma sonoridade caracteristicamente brasileira. Na música clássica, contudo, aquela diversidade de elementos se apresentou até tardiamente numa feição bastante indiferenciada, acompanhando de perto - dentro das possibilidades técnicas locais, bastante modestas se comparadas com os grandes centros europeus ou como os do México e do Peru - o que acontecia na Europa e em grau menor na América espanhola em cada período, e um caráter especificamente brasileiro na produção nacional só se tornaria nítido após a grande síntese realizada por Villa Lobos, já em meados do século XX.

Esportes

O futebol é o esporte mais popular no Brasil. A Seleção Brasileira de Futebol foi cinco vezes vitoriosa na Copa do Mundo FIFA, em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Basquetebol, futsal, voleibol, automobilismo e as artes marciais também têm grande popularidade no país. Embora não sejam tão praticados e acompanhados como os esportes citados anteriormente,tênis, handebol, natação e ginástica têm encontrado muitos seguidores brasileiros ao longo das últimas décadas. Alguns esportes têm suas origens no Brasil: futebol de praia, futsal (versão oficial do futebol indoor), footsack, futetênis efutevôlei emergiram de variações do futebol. Outros esportes criados no país são a peteca, o acquaride, o frescobol o sandboard, e o biribol. Nas artes marciais, os brasileiros têm desenvolvido a capoeira, vale-tudo, e o jiu-jitsu brasileiro. No automobilismo, pilotos brasileiros ganharam o campeonato mundial de Fórmula 1 oito vezes: Emerson Fittipaldi, em 1972 e 1974; Nelson Piquet, em 1981, 1983 e 1987; e Ayrton Senna, em 1988, 1990 e 1991.

Grande Prêmio do Brasil de 2007 no Autódromo de Interlagos em São Paulo.

O Brasil já organizou eventos esportivos de grande escala: o país organizou e sediou a Copa do Mundo FIFA de 1950 e foi escolhido para sediar a Copa do Mundo FIFA de 2014. O circuito localizado em São Paulo, Autódromo José Carlos Pace, organiza anualmente o Grande Prêmio do Brasil. São Paulo organizou os Jogos Pan-americanos de 1963 e o Rio de Janeiro organizou os Jogos Pan-americanos de 2007. Além disso, o país vai sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, que serão realizados na cidade do Rio de Janeiro.

Religião

Estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Brasil.

O Brasil é um país religiosamente diverso, com tendência de tolerância e mobilidade entre as religiões. A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica. Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico.

A mão de obra escrava, vinda principalmente da África, trouxe suas próprias práticas religiosas, que sobreviveram à opressão dos colonizadores, dando origem às religiões afro-brasileiras.

Na segunda metade do século XIX, começa a ser divulgado o espiritismo no Brasil, que hoje é o país com maior número de espíritas no mundo. Nas últimas décadas, as religiões protestantes têm crescido rapidamente em número de adeptos, alcançando atualmente uma parcela

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significativa da população. Do mesmo modo, aumenta o percentual daqueles que declaram não ter religião, grupo superado em número apenas pelos católicos nominais e evangélicos.

Muitos praticantes das religiões afro-brasileiras, assim como alguns simpatizantes do espiritismo, também se denominam "católicos", e seguem alguns ritos da Igreja Católica. Esse tipo de tolerância com o sincretismo é um traço histórico peculiar da religiosidade no país.

Seguem as descrições das principais correntes religiosas brasileiras, ordenadas pela porcentagem de integrantes de acordo com o recenseamento demográfico do IBGE em 2000.

Sociedade

As bases da moderna sociedade brasileira remontam à revolução de 1930, marco referencial a partir do qual emerge e implanta-se o processo de modernização. Durante a República Velha (ou primeira república), o Brasil era ainda o país essencialmente agrícola, em que predominava a monocultura. O processo de industrialização apenas começava, e o setor de serviços era muito restrito. A chamada "aristocracia rural", formada pelos senhores de terras, estava unida à classe dos grandes comerciantes. Como a urbanização era limitada e a industrialização, incipiente, a classe operária tinha pouca importância na caracterização da estrutura social. A grande massa de trabalhadores pertencia à classe dos trabalhadores rurais. So-mente nas grandes cidades, as classes médias, que galgavam postos importantes na administração estatal, passavam a ter um peso social mais significativo.

No plano político, o controle estatal ficava nas mãos da oligarquia rural e comercial, que decidia a sucessão presidencial na base de acordos de interesses regionais. A grande maioria do povo tinha uma participação insignificante no processo eleitoral e político. A essa estrutura social e política correspondia uma estrutura governamental extremamente descen-tralizada, típica do modelo de domínio oligárquico.

Durante a década de 1930 esse quadro foi sendo substituído por um modelo centralizador, cujo controle ficava inteiramente nas mãos do presi-dente da república. Tão logo assumiu o poder, Getúlio Vargas baixou um decreto que lhe dava amplos poderes governamentais e até mesmo legisla-tivos, o que abolia a função do Congresso e das assembleias e câmaras municipais. Ao invés do presidente de província, tinha-se a figura do inter-ventor, diretamente nomeado pelo chefe do governo e sob suas ordens. Essa tendência centralizadora adquiriu novo ímpeto com o golpe de 1937. A partir daí, a União passou a dispor de muito mais força e autonomia em relação aos poderes estaduais e municipais. O governo central ficou com competência exclusiva sobre vários itens, como a decretação de impostos sobre exportações, renda e consumo de qualquer natureza, nomear e demitir interventores e, por meio destes, os prefeitos municipais, arrecadar taxas postais e telegráficas etc. Firmou-se assim a tendência oposta à estrutura antiga.

Outra característica do processo foi o aumento progressivo da partici-pação das massas na atividade política, o que corresponde a uma ideologi-zação crescente da vida política. No entanto, essa participação era molda-da por uma atitude populista, que na prática assegurava o controle das massas pelas elites dirigentes. Orientadas pelas manobras personalistas dos dirigentes políticos, as massas não puderam dispor de autonomia e organização suficientes para que sua participação pudesse determinar uma reorientação político-administrativa do governo, no sentido do atendimento de suas reivindicações. Getúlio Vargas personificou a típica liderança populista, seguida em ponto menor por João Goulart e Jânio Quadros.

Sociedade moderna. O processo de modernização iniciou-se de forma mais significativa a partir da década de 1950. Os antecedentes centraliza-dores e populistas condicionaram uma modernização pouco espontânea, marcadamente tutelada pelo estado. No espaço de três décadas, a fisio-nomia social brasileira mudou radicalmente. Em 1950, cerca de 55% da população brasileira vivia no campo, e apenas três cidades tinham mais de 500.000 habitantes; na década de 1990, a situação se alterara radicalmen-te: 75,5% da população vivia em cidades. A industrialização e o fortaleci-mento do setor terciário haviam induzido uma crescente marcha migratória em dois sentidos: do campo para a cidade e do norte para o sul. Em termos de distribuição por setores, verifica-se uma forte queda relativa na força de trabalho empregada no setor primário.

O segundo governo Vargas (1951-1954) e o governo Juscelino Kubits-chek (1956-1960) foram períodos de fixação da mentalidade desenvolvi-mentista, de feição nacionalista, intervencionista e estatizante. No entanto, foram também períodos de intensificação dos investimentos estrangeiros e de participação do capital internacional. A partir do golpe militar de 1964, estabeleceu-se uma quebra na tradição populista, embora o governo militar tenha continuado e até intensificado as funções centralizadoras já observa-das, tanto na formação de capital quanto na intermediação financeira, no comércio exterior e na regulamentação do funcionamento da iniciativa privada. As reformas institucionais no campo tributário, monetário, cambial e administrativo levadas a efeito sobretudo nos primeiros governos milita-res, ensejaram o ambiente propício ao crescimento e à configuração mo-derna da economia. Mas não se desenvolveu ao mesmo tempo uma vida política representativa, baseada em instituições estáveis e consensuais. Ficou assim a sociedade brasileira marcada por um contraste entre uma economia complexa e uma sociedade à mercê de um estado atrasado e autoritário.

Ao aproximar-se o final do século XX a sociedade brasileira apresenta-va um quadro agudo de contrastes e disparidades, que alimentavam fortes tensões. O longo ciclo inflacionário, agravado pela recessão e pela inefici-ência e corrupção do aparelho estatal, aprofundou as desigualdades soci-ais, o que provocou um substancial aumento do número de miseráveis e gerou uma escalada sem precedentes da violência urbana e do crime organizado. O desânimo da sociedade diante dos sucessivos fracassos dos planos de combate à inflação e de retomada do crescimento econômico criavam um clima de desesperança. O quadro se complicava com a carên-cia quase absoluta nos setores públicos de educação e saúde, a deteriora-ção do equipamento urbano e da malha rodoviária e a situação quase falimentar do estado. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Relações internacionais do Brasil

As relações internacionais do Brasil são fundamentadas no artigo 4º da Constituição Federal de 1988, que determina, no relacionamento do Brasil com outros países e organismos multilaterais, os princípios da não-intervenção, da autodeterminação dos povos, da cooperação internacional e da solução pacífica de conflitos. Ainda segundo a Constituição Federal de 1988, a política externa é de competência privativa do Poder Executivo federal, cabendo ao Legislativo federal as tarefas de aprovação de tratados internacionais e dos embaixadores designados pelo Presidente da República.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), também conhecido como Itamaraty, é o órgão do poder executivo responsável pelo assessoramento do Presidente da República na formulação, desempenho e acompanhamento das relações do Brasil com outros países e organismos internacionais. A atuação do Itamaraty cobre as vertentes política, comercial, econômica, financeira, cultural e consular das relações externas, áreas nas quais exerce as tarefas clássicas da diplomacia: representar, informar e negociar.

As prioridades da política externa são estabelecidas pelo Presidente da República. Anualmente, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, geralmente no mês de setembro, o Presidente da República, ou o Ministro das Relações Exteriores, faz um discurso onde são apresentados, ou reiterados, os temas de maior relevância para o governo brasileiro. Ao longo das últimas duas décadas, o Brasil tem dado ênfase à integração regional (em que se destacam dois processos basilares, o do Mercosul e o da ex-Comunidade Sul-Americana de Nações, atual Unasul); às negociações de comércio exterior em planomultilateral (Rodada de Doha, Organização Mundial de Comércio, solução de contenciosos em áreas específicas, como algodão,açúcar, gasolina, exportação de aviões); à expansão da presença brasileira na África, Ásia, Caribe e Leste Europeu, por meio da abertura de novas representações diplomáticas (nos últimos seis anos foram instaladas Embaixadas em 18 países); à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cujo formato e composição o governo brasileiro considera anacrônicos e injustos (o Brasil deseja ser incluído, juntamente com a Índia, Japão e Alemanha, no grupo de países com assento permanente no Conselho e com direito a veto em qualquer votação, atualmente limitado a cinco: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

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Segurança pública

Segurança Pública é um processo, ou seja, uma sequência contínua de fatos ou operações que apresentam certa unidade ou que se reproduzem com certa regularidade, que compartilha uma visão focada em componentes preventivos, repressivos, judiciais, saúde e sociais. É um processo sistêmico, pela necessidade da integração de um conjunto de conhecimentos e ferramentas estatais que devem interagir a mesma visão, compromissos e objetivos. Deve ser também otimizado, pois dependem de decisões rápidas, medidas saneadoras e resultados imediatos. Sendo a ordem pública um estado de serenidade, apaziguamento e tranquilidade pública, em consonância com as leis, os preceitos e os costumes que regulam a convivência em sociedade, a preservação deste direito do cidadão só será amplo se o conceito de segurança pública for aplicado.

A segurança pública não pode ser tratada apenas como medidas de vigilância e repressiva, mas como um sistema integrado e otimizado envolvendo instrumento de prevenção, coação, justiça, defesa dos direitos, saúde e social. O processo de segurança pública se inicia pela prevenção e finda na reparação do dano, no tratamento das causas e na reinclusão na sociedade do autor do ilícito.

Conselhos Comunitários de Segurança

Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG) são instituições jurídicas de direito privado sem fins lucrativos com o objetivo principal de organizar as comunidades e fazê-las interagir com as polícias estaduais (Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Científica), e se vinculam, por adesão, às diretrizes emanadas da Secretaria da Segurança Pública, por intermédio do Coordenador Estadual e pelo Conselho Permanente para Assuntos dos Conselhos Comunitários de Segurança.

Um Conselho Comunitário de Segurança não é um conselho formado por pessoas que cuidarão da segurança pública como se fossem policiais. Também não se trata de um conselho no qual pessoas irão se reunir para identificar traficantes e outros criminosos e dedurá-los para a polícia. O principal objetivo dos CONSEG’s é a prevenção, e para prevenir é preciso identificar problemas e controlar fatores de risco de múltiplas origens. Para isso é necessário integrar e organizar as populações das comunidades, desenvolver ações de fortalecimento comunitário e iniciativas de cultura e formação para a prevenção de maneira a que, através da união e interação de seus membros (diretoria, membros natos e comunidade), como também com o Estado e a Prefeitura (seus órgãos, departamentos e setores públicos competentes envolvidos direta ou indiretamente com a segurança pública), seja possível a existência (introdução e a manutenção) de sistemas de segurança comunitários preventivos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

A participação em um CONSEG compete a todo cidadão que assume a sua parcela na responsabilidade de buscar ativamente soluções para os problemas de segurança pública e esteja disposto a colaborar com o bem-estar da comunidade da qual faz parte.

Objetivos das reuniões mensais do CONSEG

Discutir e analisar os problemas comunitários identificados, existentes, relacionados à segurança;

Planejar ações e buscar a viabilização de alternativas de solução preventiva com vistas ao tratamento dos problemas de segurança detectados;

Acompanhar e monitorar a evolução das medidas preventivas implementadas;

Desenvolver campanhas educativas;

E estreitar laços de entendimento e cooperação comunitária.

Bibliografia Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Arte Brasileira

As artes visuais brasileiras evoluíram por meio da adaptação e estiliza-ção de tendências plásticas europeias, a partir do barroco, ou da evocação de tais tendências por artistas estrangeiros radicados no Brasil. Assim, não é possível falar numa escola de artes plásticas genuinamente brasileira, como se fala, por exemplo, na tradição da arte italiana, holandesa ou espa-nhola.

Frans Post, por exemplo, é artista holandês, embora também pertença à história da pintura brasileira, e os temas brasileiros de Nicolas Antoine Taunay não o descaracterizam como pintor francês. A partir da segunda metade do século XIX, sobretudo após 1922, buscou-se o abrasileiramento da pintura, mas foi sobretudo em termos temáticos que essa busca condu-ziu a resultados mais palpáveis.

Pintura

Período colonial. Além de europeus, os primeiros pintores ativos no Brasil foram religiosos, ou de algum modo ligados a igrejas e conventos. Predominou, portanto, a pintura de temática religiosa, pouco voltada para o retrato, a paisagem e a natureza-morta. Baseadas em estampas de antigos missais franceses e flamengos, as obras desses artistas exibem curiosos anacronismos que, somados ao tosco desenho e à extrema simplificação da composição, emprestam-lhes aparência ingênua e despretensiosa.

É possível que o primeiro pintor a pisar solo brasileiro tenha sido Jean Gardien, "expert en l'art du portrait", companheiro de Jean de Léry na viagem de 1555. Outros pintores do século XVI e início do século XVII, no Brasil, foram o jesuíta Belchior Paulo, ativo em Pernambuco e depois na Bahia até 1589; Hierônimo de Mendonça, nascido no Porto em 1570, e que em 1595 residia em Olinda; e Rita Joana de Sousa (1595-1618), nascida e falecida em Olinda.

Um dos episódios mais importantes da história da pintura colonial bra-sileira é a presença, em Pernambuco, na primeira metade do século XVII, de um grupo de pintores holandeses, flamengos e alemães reunidos em torno de Maurício de Nassau. Embora o próprio Nassau haja escrito que tinha a sua disposição, no Brasil holandês, seis pintores, apenas dois são perfeitamente identificáveis: o paisagista Frans Post, autor de pequenas vistas de Olinda e outras cidades nordestinas, e Albert Eckhout, pintor de figuras e de naturezas-mortas, talvez as primeiras executadas em solo americano.

Muitos outros artistas -- alguns de presença comprovada, outros de permanência curta ou hipotética no Brasil -- terão eventualmente executado pinturas. Dos que trabalharam para Nassau, ou para a Companhia Holan-desa das Índias Ocidentais, destacam-se: Jorge Marcgrave, autor das ilustrações da Historia naturalis Brasiliae; Zacharias Wagener, que traçou as ilustrações do Zoobiblion -- Livro de animais do Brasil; e Johan Nieuhof, autor e ilustrador da Memorável viagem.

Os pintores de Nassau foram os primeiros a abordar assuntos não-religiosos, num nível de elaboração artística até então desconhecido no Brasil, mas constituem grupo isolado, já que não tiveram discípulos ou continuadores. A evolução da pintura colonial brasileira deu-se em outra direção, fiel aos postulados herdados da metrópole. Materializou-se em obras agrupadas em quatro escolas: pernambucana, baiana, fluminense e mineira, com centros de menor importância no Pará e em São Paulo.

Escola pernambucana. Embora o surto inicial tenha ocorrido em fins do século XVI, somente no século XVIII a escola pernambucana alcançou seu apogeu, com a obra de artistas como Canuto da Silva Tavares; João de Deus Sepúlveda, tido como o maior artista pernambucano de todo o perío-do colonial, que entre 1764 e 1768 executou a pintura do teto da igreja de São Pedro dos Clérigos; e José Elói e Francisco Bezerra, que trabalharam nas pinturas do mosteiro de São Bento em Olinda.

Escola baiana. A tradição dá Eusébio de Matos, morto em 1694, como o primeiro pintor nascido na Bahia, mas nenhuma obra de sua autoria subsistiu. O verdadeiro fundador da escola baiana é José Joaquim da Rocha, que estudou em Lisboa e Roma e executou, entre outras obras, o teto da igreja da Conceição da Praia, em Salvador.

Discípulo seu foi José Teófilo de Jesus, que se aperfeiçoou na Europa e realizou trabalhos na Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador, bem como a "Glorificação de Nossa Senhora", na igreja do Carmo, na mesma cidade. Também discípulo de José Joaquim da Rocha foi Antônio

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Joaquim Franco Velasco, pintor de temas religiosos, retratista e mestre de desenho, a quem coube por sua vez iniciar Bento José Rufino da Silva Capinam, pintor de panoramas e litógrafo, e José Rodrigues Nunes, retra-tista.

Escola fluminense. Em qualidade e quantidade, a escola fluminense é talvez a mais importante das quatro escolas de pintura colonial, tendo sido iniciada por frei Ricardo do Pilar, religioso alemão cujas obras podem ser admiradas no mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro.

Outros componentes dessa escola são José de Oliveira Rosa, autor da pintura do teto do salão-mor do palácio dos vice-reis, representando "O gênio da América" (destruída), e do teto da capela-mor da igreja das carme-litas. Foi mestre de João de Sousa, autor de temas religiosos e retratos, e de João Francisco Muzzi, cenógrafo, autor dos dois quadros do "Incêndio" e da "Reconstrução da igreja e recolhimento de Nossa Senhora do Parto"; Caetano da Costa Coelho, talvez nascido em Portugal, autor da pintura do teto da capela-mor da igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Peni-tência, no Rio de Janeiro, considerada a mais antiga pintura perspectivista executada no Brasil; Manuel da Cunha, nascido escravo, aluno de João de Sousa, autor de temas religiosos e de retratos; frei Francisco Solano Ben-jamin, pintor de painéis religiosos no convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, e de retratos; Leandro Joaquim, paisagista e retratista, além de cenógrafo ("Procissão marítima no hospital dos lázaros", Museu Histórico Nacional); Manuel Dias de Oliveira, cognominado o Brasiliense ou o Roma-no, que estudou em Portugal e em Roma, permanecendo por dez anos na Europa, autor de naturezas-mortas, miniaturas e pinturas religiosas ("Nossa Senhora da Conceição", Museu Nacional de Belas-Artes); José Leandro de Carvalho, pintor da corte na época da chegada da família real portuguesa ao Brasil, autor de alegorias e retratos como o "D. João VI" do convento de Santo Antônio; Raimundo da Costa e Silva, pintor religioso e retratista; e Francisco Pedro do Amaral, chefe de decorações da casa imperial após a independência e autor da ornamentação em diversas salas da quinta da Boa Vista.

Escola mineira. Além de bom número de pintores anônimos, destacam-se, entre os artistas coloniais mineiros, José Soares de Araújo, português, autor da pintura do teto da nave da igreja do Carmo, em Diamantina; João Nepomuceno Correia e Castro, que executou pinturas do santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas; e Manuel da Costa Ataíde, talvez o maior pintor brasileiro do período colonial, cuja produção pode ser admirada em igrejas de Ouro Preto, Santa Bárbara, Mariana e outras cidades minei-ras, cuja obra-prima é a "Santa ceia", de 1828.

Missão artística francesa. Em março de 1816 chegaram ao Brasil os ar-tistas e artesãos que D. João VI contratara na França por sugestão do conde da Barca. Chefiada por Joachim Lebreton, a missão artística france-sa, que tinha por objetivo principal a organização de uma escola de artes e ofícios no Rio de Janeiro, iria dar novos rumos à arte brasileira.

Os pintores que a integravam eram Nicolas Antoine Taunay, seu filho Félix Émile Taunay e Jean-Baptiste Debret. Dos três, Nicolas Antoine Taunay era o mais importante, adepto do neoclassicismo de David, mas poderoso colorista, cujas paisagens do Rio de Janeiro ("O morro de Santo Antônio", Museu Nacional de Belas-Artes) e retratos valem mais do que suas cenas de gênero e alegorias, cenas de batalhas e quadros bíblicos.

Debret, discípulo de David, foi retratista e pintor de história de menor fôlego ("Desembarque de D. Leopoldina", Museu Nacional de Belas-Artes), mas se notabilizou pelas ilustrações de cenas e costumes brasileiros da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1834-1839), que só encontram paralelo nas estampas, no mesmo gênero, de Johann Moritz Rugendas, artista alemão ativo no Rio de Janeiro entre 1821 e 1835, autor de Viagem pitoresca através do Brasil. Félix Taunay, pintor de história e paisagista, teve maior importância como diretor da Academia de Belas-Artes, na qual criou, em 1840, as exposições gerais anuais, a pinacoteca e, após 1845, os prêmios de viagem à Europa. Participaram também da missão Lebreton o arquiteto Grandjean de Montigny, o escultor Auguste Marie Taunay e o gravador Charles Simon Pradier.

O ensino ministrado pelos artistas franceses tiraria o Brasil do estágio artístico defasado em que se achava, para nele introduzir um neoclassicis-mo então de vanguarda. Essa tendência, no entanto, já continha os germes do formalismo que terminaria em breve por condená-la. O estudo do mode-

lo vivo, a supremacia do desenho e a importância do tema "nobre" -- religi-oso, histórico ou mitológico -- fizeram então sua aparição na arte nacional.

O primeiro diretor da Academia foi Henrique José da Silva, natural de Portugal e bom pintor de retratos. Português era também Simplício Rodri-gues de Sá, pintor de história e de gênero ("Irmão pedinte", Museu Nacional de Belas-Artes), que substituiu o anterior como professor de pintura históri-ca na Academia. Frutos do ensino acadêmico foram August Muller, nascido na Alemanha, retratista, paisagista e pintor de história; Manuel de Araújo Porto Alegre, discípulo de Debret; e sobretudo Agostinho José da Mota, paisagista e autor de naturezas-mortas.

Citem-se ainda numerosos artistas estrangeiros ativos no Rio de Janei-ro em meados do século XIX, como Claude-Joseph Barandier; Abraham Louis Buvelot; Ferdinand Krumholz, excepcional retratista; Alessandro Cicarelli; Nicolau Antônio Facchinetti, grande paisagista; Henri Nicolas Vinet, aluno de Corot; e Augustus Earle. Mesmo Manet e Gauguin estive-ram no Brasil, mais ou menos por essa época.

Expoentes do academicismo. À segunda geração acadêmica, que de-sabrochou após 1850, pertencem alguns dos mais importantes pintores do Brasil, como Vítor Meireles de Lima, Pedro Américo de Figueiredo e Melo e João Zeferino da Costa, além de nomes de menor projeção, como Antônio Araújo de Sousa Lobo e Arsênio Cintra da Silva.

Vítor Meireles, que se aperfeiçoou em Roma e Paris, foi pintor de bata-lhas e de história ("Primeira missa no Brasil" e "Batalha dos Guararapes", Museu Nacional de Belas-Artes). Seguro de desenho e de composição, era, porém, frio colorista. Como professor, coube-lhe iniciar numerosos jovens, alguns transformados mais tarde em excelentes pintores.

Pedro Américo forma com Vítor Meireles o par de pintores mais conhe-cido do Brasil oitocentista. Sua arte é caracterizada por excelente desenho e elaborada composição, mas se revela às vezes pobre em emoção ("Ba-talha do Avaí", "A carioca" e "Judite e Holofernes", Museu Nacional de Belas-Artes).

João Zeferino da Costa, bolsista em Roma, onde pintou suas obras mais célebres ("O óbolo da viúva" e "A caridade", ambas no Museu Nacio-nal de Belas-Artes), notabilizou-se como autor das decorações da igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Também professor, iniciou diversos artistas, como Batista da Costa, Henrique Bernardelli e Castagneto, os quais forma-riam, com outros, a terceira geração acadêmica, que desabrochou em fins do século XIX e início do século XX. Os artistas José Ferraz de Almeida Júnior, Décio Vilares, Rodolfo Amoedo e Eliseu Visconti, entre outros, situam-se entre os principais expoentes dessa geração.

José Ferraz de Almeida Júnior foi dos primeiros brasileiros a consagrar em suas telas uma temática nacional, e por isso apontado pelos modernis-tas de 1922 como um de seus precursores ("Descanso do modelo" e "Caipi-ras negaceando", Museu Nacional de Belas-Artes). Por essas obras de tema regional, a crítica o considera o primeiro realista brasileiro.

Décio Rodrigues Vilares, aluno de Cabanel em Paris, é autor de retra-tos, alegorias e deliciosas paisagens de minúsculas dimensões. Rodolfo Amoedo, discípulo de Vítor Meireles, Cabanel, Baudry e Puvis de Chavan-nes, oscilou entre o academicismo mais empedernido e o romantismo tardio, deixando obras como "A narração de Filetas" e "Marabá" (Museu Nacional de Belas-Artes). Pedro Weingartner, gaúcho de origem alemã, distinguiu-se por suas paisagens e cenas de costumes. Aurélio de Figuei-redo é autor de "O baile da ilha Fiscal" (Museu Histórico Nacional).

Antônio Parreiras, paisagista de méritos que estudou com o alemão Jorge Grimm, foi o primeiro a praticar no Brasil a pintura ao ar livre. Belmiro Barbosa de Almeida, também escultor, radicou-se em Paris e aproximou-se por vezes do impressionismo ("Dame à la rose", Museu Nacional de Belas-Artes). Oscar Pereira da Silva, pintor de história, estudou em Paris com Gerôme e Bonnat. João Batista Castagneto, italiano chegado ao Brasil com três anos, estudou com Grimm e é o melhor marinhista brasileiro do século XIX. João Batista da Costa foi o primeiro a tratar a paisagem brasileira como assunto autônomo, embora ainda preso a postulados acadêmicos. Henrique Bernardelli destacou-se como pintor decorativista; Pedro Alexan-drino Borges, como autor de naturezas-mortas; e Gustavo dall'Ara, como pintor de cenas urbanas cariocas.

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O maior pintor brasileiro da passagem do século foi Eliseo d'Angelo Visconti. Elo entre a estética do século XIX e a do século XX, Visconti cultivou todos os gêneros, notabilizando-se como paisagista, retratista e decorativista ("Gioventù", Museu Nacional de Belas-Artes, e decorações do Teatro Municipal do Rio de Janeiro). Algumas de suas últimas obras, como "Revoada de pombos" (no mesmo museu), aproximaram-no do impressio-nismo quase abstrato, característico também da última fase de Monet.

Outros artistas do início do século XX são Henrique Alvim Correia, pin-tor de batalhas; Helios Seelinger, que sentiu a influência do simbolismo e do art nouveau; Carlos Oswald, Rodolfo e Carlos Chambelland, Eugênio Latour, Lucílio de Albuquerque, João e Artur Timóteo da Costa, Augusto José Marques Júnior, Georgina de Albuquerque e Henrique Cavaleiro. Sob certos aspectos, alguns deles podem ser considerados precursores do modernismo.

Semana de Arte Moderna. A primeira exposição de pintura moderna realizada no Brasil ocorreu em 1913, em São Paulo. O expositor era Lasar Segall, nascido na Lituânia mas ligado aos movimentos vanguardistas alemães. Segall, que terminaria adotando a cidadania brasileira, é um expressionista germânico, cujas séries mais importantes evocam o drama do povo judeu, ao qual pertencia, e os horrores da guerra ("Navio de emi-grantes", Museu Segall). É considerado um dos maiores pintores que trabalharam no Brasil.

A mostra de Segall em 1913 não provocou reações. A de Anita Malfatti, realizada também em São Paulo, em 1917, gerou, ao contrário, o protesto de Monteiro Lobato, que no artigo "Mistificação ou paranóia" acusou a jovem pintora de insinceridade ou desequilíbrio mental. Após essa crítica, Malfatti recuou de sua posição vanguardista, passando a praticar uma arte mais comportada e de acordo com postulados tradicionais. Ainda assim, sua exposição é tida como o autêntico estopim do modernismo.

Poucos anos depois, um grupo de artistas e escritores levou a efeito, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna de 1922. Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro eram os principais pintores presen-tes, com menção ainda para a própria Anita Malfatti; o suíço John Graz, que chegara a São Paulo em 1920, e a mineira Zina Aita, que estudara em Florença. Faziam também parte do grupo o desenhista e gravador Osvaldo Goeldi e os escultores Vítor Brecheret, Hildegardo Leão Veloso e Wilhelm Haarberg. Outros dois criadores, Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel, compareceram com projetos arquitetônicos.

A intenção geral era antiacadêmica, mas a mostra apresentava obras de tendências diversas, inclinando-se para o expressionismo, o art nouveau e o pós-impressionismo, classificadas pelo público e a imprensa em geral como futuristas.

Emiliano Di Cavalcanti, o maior idealizador da Semana, que ocorreu de 11 a 18 de fevereiro de 1922, pintou sobretudo figuras e paisagens. Sensí-vel à influência de Picasso e dos muralistas mexicanos, criou depois um estilo bem pessoal, no qual demonstra um temperamento sensual e lírico. Pintor das mulatas e do carnaval carioca, dentro de uma veia expressionis-ta caracterizada por intenso cromatismo, fez em 1931 o primeiro painel moderno do Brasil: as decorações do teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Vicente do Rego Monteiro praticou a pintura alternadamente com a po-esia, abandonando por longos anos a primeira para a ela voltar no fim da vida. Influenciado por Juan Gris, chegou a um estilo tipicamente art déco, no qual se mesclaram influências arcaicas, pré-colombianas e egípcias.

Sem participar da Semana de Arte Moderna, mas considerados pionei-ros da arte moderna no Brasil, citam-se ainda Ismael Néri, personalidade das mais originais, pintor expressionista e, em algumas obras, tocado pelo surrealismo; Tarsila do Amaral, que adaptou o cubismo de Léger à realida-de brasileira e deu início aos movimentos Pau-Brasil (1924) e antropofágico (1928), de índole nacionalista, baseados em motivos tradicionais do Brasil suburbano e rural, tornando-se particularmente importante com suas obras de temática social, como "Trem de segunda classe" e "Operários"; Cícero Dias, espécie de Chagall tropical em suas primeiras obras, que mais tarde aderiu ao abstracionismo para afinal retornar à temática figurativa do início de sua carreira; Antônio Gomide, que após prolongada formação europeia levou para São Paulo a influência cubista de Picasso e Braque; Joaquim do Rego Monteiro, falecido muito jovem em Paris; Alfredo Volpi, que atraves-

sou fases impressionista, expressionista e concreta, antes de fixar-se na valorização da textura e do cromatismo; e Alberto da Veiga Guignard, paisagista das cidades históricas de Minas Gerais, retratista e pintor de gênero.

Portinari e a fixação do modernismo. Com Cândido Portinari, a arte moderna impôs-se definitivamente no Brasil. Aluno de Rodolfo Amoedo e Lucílio de Albuquerque na Escola Nacional de Belas-Artes, Portinari ga-nhou em 1928 o primeiro prêmio de pintura no Salão Nacional de Belas-Artes, com um retrato de inspiração acadêmica. Após dois anos na Europa, voltou ao Brasil praticando uma arte de cunho moderno, expressionista e dramática.

O quadro "Café" (1935), hoje no Museu Nacional de Belas-Artes, foi premiado nos Estados Unidos, projetando o nome de seu autor no cenário nacional e internacional. Vieram em seguida as decorações para o Ministé-rio da Educação, no Rio de Janeiro (1936-1945), projetado sob risco origi-nal de Le Corbusier, que o transformaram no símbolo da pintura moderna no Brasil. Retratista, pintor de temas religiosos e sociais ("Enterro na rede", Museu de Arte de São Paulo), Portinari é sob muitos aspectos o maior nome da pintura brasileira. Sua influência sobre as gerações posteriores foi enorme, tendo repercutido, por exemplo, em artistas como Tomás Santa Rosa, Clóvis Graciano e Enrico Bianco. Em semelhante linha temática desenvolveu-se também a pintura de Orlando Teruz.

Outros pintores brasileiros surgidos depois de Portinari sobressaíram pela articulação de linguagens de cunho bem pessoal, garantindo graças a isso lugares indisputáveis na produção do século XX. Entre eles, merecem ser citados: José Pancetti, marinhista de nível extraordinário; Djanira, que abordou cenas rurais e folclóricas com cores chapadas, numa visão limítro-fe da chamada art naïf; Emeric Marcier, romeno de nascimento, voltado para temas religiosos, além de paisagens e retratos; Quirino Campofiorito e Eugênio de Proença Sigaud, cultores de temas sociais; Flávio de Resende Carvalho, também arquiteto, que se manteve fiel ao expressionismo; Iberê Camargo, ex-paisagista que, com sucessivos afastamentos da figura, chegou ao despojamento abstrato; e Carlos Scliar, autor de naturezas-mortas e paisagens em suaves combinações cromáticas de grande força expressiva.

Capítulo curioso, na história da pintura no Brasil, é o dos pintores primi-tivos, ingênuos ou instintivos, que passaram a despertar interesse à medida que as fronteiras do gosto se ampliavam pelas concepções modernistas. Citam-se entre os melhores e mais autênticos José Bernardo Cardoso Júnior, o Cardosinho; Heitor dos Prazeres, pintor dos morros cariocas; Paulo Pedro Leal, que pintou cenas de naufrágios e visões terríveis de guerra e destruição; e José Antônio da Silva, na origem um simples lavra-dor, que mostrou ser colorista notável ao enfocar aspectos da vida rural e enredos de sua própria existência.

Abstracionismo geométrico e tachismo. No começo da década de 1950, sob influência das ideias de Mondrian e, sobretudo, de Max Bill, um grupo de artistas jovens praticou uma arte extremamente depurada, utili-zando formas geométricas simples e somente cores complementares, sem qualquer apelo ao desenho, à textura ou mesmo à expressão. Com essa linha de trabalho, entrou em cena o concretismo, cujos primeiros represen-tantes foram Ivan Serpa, Almir Mavignier, Décio Vieira, Aluísio Carvão, Lígia Pape, Geraldo de Barros, Valdemar Cordeiro e Lígia Clark.

Organizado em 1954, o grupo sofreu uma cisão em 1957, que conver-teu-se no movimento neoconcreto do Rio de Janeiro, liderado pelo poeta Ferreira Gullar. O neoconcretismo buscava acrescentar expressão à fria concepção estética do concretismo, cujas coordenadas continuaram a vigorar em São Paulo.

Não-figurativos de tendência geométrica, que permaneceram à mar-gem do concretismo e do neoconcretismo, afirmaram-se também, em fins da mesma década, artistas como Raimundo Nogueira, Maria Leontina e Milton Dacosta, que, tendo começado a carreira como paisagista, cedeu à influência da pintura metafísica, aderiu ao abstracionismo e adotou por fim um figurativismo dos mais originais, baseado em formas geometrizadas de Vênus e de pássaros.

Por volta de 1960, em reação aos excessos do abstracionismo de ex-pressão geométrica e em sintonia com as correntes que já se impunham na Europa, numerosos pintores aderiram ao abstracionismo informal ou lírico e

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ao tachismo, estilos internacionais que propunham a libertação pela cor. À frente da tendência se achava o cearense Antônio Bandeira, que se radica-ra em Paris, onde fora companheiro de Wols. Dignos de menção, entre os que seguiram esse caminho, são também Manabu Mabe, Tikashi Fukushi-ma, Tomie Ohtake e Kazuo Wakabayashi, destacados membros de um grupo de pintores nascidos no Japão ou de ascendência nipônica.

Muitos artistas que atravessaram na época uma fase abstrata, seguin-do a voga internacional, evoluíram depois para estilos próprios e bem caracterizados. Citem-se como exemplos o gaúcho Glauco Rodrigues, que passou do tachismo ao eficiente tratamento de uma figuração irônica, e o polonês Franz Krajcberg, que em meados da década de 1960 passou a trabalhar com relevos à base de materiais naturais -- raízes, troncos, pe-dras -- realizando uma arte de inspiração ecológica, na qual pintura e escultura não raro iriam conjugar-se na mais perfeita fusão.

Arte conceitual e volta à pintura. Na década de 1970, a arte brasileira já se achava identificada com o que ocorria no restante do mundo, seguindo passo a passo as numerosas linguagens que se sucediam com velocidade crescente. Figuras como Hélio Oiticica e Lígia Clark, oriundas do movimen-to neoconcreto, passaram a ser valorizadas por suas transgressões e o desejo de ir além das artes formais, abrindo caminho para os happenings e manifestações análogas de expressão com o próprio corpo.

A pop art, criada nos Estados Unidos, mobilizou pintores como o parai-bano Antônio Dias e o paulista Wesley Duke Lee. Por um caminho seme-lhante, no início de suas carreiras, enveredaram artistas que rejeitaram o abstracionismo puro e simples em proveito de uma nova objetividade, como Rubens Gerchman, Carlos Vergara, Roberto Magalhães e Antônio Henrique Amaral. Este resgatou, com tratamento hiper-realista, alguns dos temas já presentes no repertório dos modernistas de 1922.

Os movimentos de vanguarda, progressivamente orientados por tenta-tivas de integração de diferentes técnicas, acabaram desembocando na arte conceitual, em que a ideia de criação se antepõe à própria obra criada. Nomes como Cildo Meireles e Valtércio Caldas, assumindo posturas con-ceituais, projetaram-se no país e no exterior, com obras em que a preocu-pação com a originalidade era sempre dominante. Distantes das posições de vanguarda, artistas como João Câmara, Reinaldo Fonseca e Siron Franco mantiveram-se fiéis à produção de quadros, revelando com fre-quência uma entonação satírica nas composições com figuras.

Em 1980 e nos anos seguintes, o surgimento de uma nova safra de ta-lentos, a chamada geração 80, composta em sua maioria por discípulos do pintor Luís Áquila, acompanhou-se de uma reflexão crítica que propunha a volta à pintura, depois de todas as negações e avanços, como a melhor saída para o impasse a que a arte havia chegado. A pintura brasileira, a essa altura, mostrava uma ampla convivência de todas as opções essenci-ais definidas desde meados do século: a expressão figurativa, de cunho mais tradicional, ao lado do abstracionismo geométrico e dos diversos matizes da abstração informal.

Escultura

Além de uma interessante cerâmica de fins utilitários, os índios também faziam bonecos, de barro ou de madeira, em geral pintados. A cerâmica da ilha de Marajó e a terracota carajá da ilha do Bananal são particularmente estimadas. Os negros escravos fabricavam fetiches e ex-votos. As peque-nas esculturas barrocas trazidas pelos portugueses foram copiadas, inici-ando-se com isso a produção de imagens de santos, até hoje em curso, de inspiração ibérica.

Os primeiros escultores de formação estiveram ativos em igrejas e mosteiros, como o de São Bento, no Rio de Janeiro, em cujas obras se distinguiram frei Domingos da Conceição, José da Conceição e Simão da Cunha. O maior desses escultores religiosos foi o português Agostinho da Piedade, monge beneditino morto em 1661, cuja arte se enquadra na tradição peninsular. Com ele aprendeu Agostinho de Jesus, já nascido no Brasil. Cumpre mencionar ainda o trabalho dos mestres entalhadores do século XVIII, entre os quais foram identificados Manuel de Brito, José Coelho de Noronha e Francisco Vieira Servas.

O grande escultor e arquiteto do Brasil colonial foi o mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cuja atividade cobriu, a partir de 1760, um período de mais de cinquenta anos. Nas figuras em pedra-sabão dos doze profetas no adro do santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congo-

nhas, sua arte chegou a um nível nunca alcançado no Brasil. Seu contem-porâneo Valentim da Fonseca e Silva, dito mestre Valentim, fez também obra memorável, modificando a paisagem urbana do Rio de Janeiro e criando para o Passeio Público pirâmides, terraços, estátuas e pinhas.

Com a missão artística francesa de 1816 veio para o Brasil o escultor Augusto Maria Taunay, que gozava de certo prestígio na Europa, e logo foi seguido pelos irmãos Marc e Zéphyrin Ferrez, também franceses, que em 1818 participaram da ornamentação dos novos prédios erguidos no Rio de Janeiro para as comemorações da coroação de D. João VI. Marc Ferrez figurou nas primeiras exposições realizadas no Brasil, por iniciativa de Debret, em 1829 e 1830, e tornou-se catedrático da Academia Imperial de Belas-Artes em 1837. Executou diversos bustos em bronze, entre os quais destaca-se o de D. Pedro I (hoje no Museu Nacional de Belas-Artes). É autor dos baixos-relevos do palacete da marquesa de Santos, no Rio de Janeiro, e, com o irmão Zéphyrin, das esculturas do frontão da Academia.

Rodolfo Bernardelli, o maior escultor brasileiro do século XIX, realizou, entre outras obras, os monumentos ao duque de Caxias e ao general Osório, no Rio de Janeiro; o mausoléu de D. Pedro II, em Petrópolis; e a estátua de Castro Alves, em Salvador. Com ele, o neoclassicismo se impôs e se esgotou no país.

O primeiro escultor modernista é Vítor Brecheret, que depois de tomar parte na Semana de Arte Moderna de 1922 evoluiu para os limites do não-figurativo, sem chegar no entanto ao abstrato puro. Dois escultores estran-geiros, o italiano Ernesto de Fiori e o polonês August Zamoyski, radicados no Brasil na década de 1940, contribuíram para a formação de jovens artistas e a pesquisa de novas formas. O austríaco Franz Weissmann, discípulo de Zamoyski, colaborou com Guignard na fundação da Escola de Belas-Artes de Belo Horizonte.

Na fase de fixação do modernismo, em que o escultor mais importante e influente foi sem dúvida Bruno Giorgi, destacaram-se igualmente Maria Martins, Alfredo Ceschiatti e Francisco Stockinger. Menção à parte deve ser feita a Celso Antônio, aluno de Bourdelle e de Bernardelli, autor do "Monu-mento do café" em Campinas SP.

O advento da escultura abstrata, quer de índole geométrica, quer in-formal, acompanhou a evolução da pintura e data igualmente de meados do século XX. Às intenções não representativas e cada vez mais despoja-das somaram-se desde então a pesquisa e o aproveitamento de materiais incomuns. Pelas inovações apresentadas em seus trabalhos, assumiram grande importância, nessa fase, artistas como Sérgio de Camargo, autor de relevos em madeira cortada e reduzida aos sólidos fundamentais (cilindro, cone, esfera); Mary Vieira, aluna de Max Bill, autora de esculturas com partes móveis e de curiosas formas espiraladas eletro-rotatórias; Amílcar de Castro e Lígia Clark, representantes da vertente concretista; Maurício Salgueiro, que fez montagens com peças de ferro velho; Mário Cravo Júnior, cuja obra de espírito expressionista alude às vezes a motivos do folclore baiano; e Abraham Palatinik, criador de relevos progressivos e do aparelho cinecromático, que projeta imagens coloridas e abstratas em permanente mutação.

Gravura

O gravador Charles Simon Pradier, membro da missão artística france-sa de 1816, ficou no Brasil até 1818 e gravou muitas das estampas da Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, de seu colega Jean-Baptiste Debret. Este, juntamente com o alemão Johann Moritz Rugendas e o austríaco Thomas Ender são os mais ilustres dos estrangeiros que passaram pelo Brasil ou nele se fixaram no século XIX, dedicando-se com especial inte-resse ao desenho e à gravura.

Antes mesmo dessa época, no entanto, a gravura já fora praticada, em Vila Rica (atual Ouro Preto MG), pelo padre José Joaquim Viegas de Me-neses. Mais tarde, na Impressão Régia, trabalharam os portugueses Ro-mão Elói Casado e Paulo dos Santos Ferreira. A aula pública de gravura, no entanto, só foi criada em 1837, com Zéphyrin Ferrez como professor.

A litografia, também nas primeiras décadas do século XIX, contou com alguns cultores isolados, como Armand Julien Pallière, no Rio de Janeiro, e Hercule Florence, em São Paulo. No Rio, a primeira oficina litográfica comercial foi a de Louis-Aléxis Boulanger e Carlo Risso (1829-1830). Char-les Rivière também montou ateliê no Rio, especializando-se em retratos; a eles se associou um brasileiro, Frederico Guilherme Briggs, autor de famo-

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sa série sobre tipos populares cariocas. Sébastien Auguste Sisson, ativo no Rio desde 1852, criou a primeira história em quadrinhos (1855) e a Galeria de brasileiros ilustres, com noventa pranchas litografadas entre 1859 e 1861.

O primeiro gravador em madeira identificado foi o português Alfredo Pi-nheiro, com oficina no Rio de Janeiro desde o começo da década de 1870. A xilogravura chegou à maturidade com os trabalhos de Modesto Brocos y Gómez, popularizados pelo jornal O Mequetrefe. Paralelamente, dois artistas expatriados fizeram obra independente na Europa: Henrique Alvim Correia (Paris, Bruxelas) e Carlos Oswald (Florença). Alvim Correia ilustrou, em 1906, uma edição belga do livro A guerra dos mundos, de H. G. Wells, com estampas de caráter expressionista. Foi assim o primeiro de uma linhagem de gravadores voltados para o fantástico, a que se filiariam no-mes como Raul Pedrosa e Darel, que teve expressão maior no magnífico bestiário de Marcelo Grassmann.

Carlos Oswald integrou a formação clássica às formas do impressio-nismo. Seu discípulo e continuador Orlando da Silva foi um dos mestres de Roberto Delamonica; seu filho e homônimo, várias vezes premiado no Salão Nacional de Belas-Artes, muito contribuiu para a formação de diver-sos artistas.

O modernismo chegou ao Brasil com Lasar Segall, em 1913. Ligado ao expressionismo alemão, foi ele o primeiro gravador brasileiro moderno (ilustração para Mangue, de Benjamin Costallat). Osvaldo Goeldi, que participou da Semana de Arte Moderna de 1922, fez obra pessoal, extensa, marcada pela densidade e certa morbidez. Influenciado pelo austríaco Alfred Kubin, influenciaria por sua vez, direta ou indiretamente, Newton Cavalcanti, Adir Botelho, Gilvan Samico, Iara Tupinambá e o próprio Grassmann.

Outro mestre é Lívio Abramo, que fundou em Assunção o Taller de Grabado Julian de la Herreria (1957) e, em São Paulo, o Estúdio Gravura (1960), com Maria Bonomi, exímia gravadora nascida na Itália e radicada no Brasil desde 1944.

Igualmente fecunda, no Brasil, foi a atividade dos artistas estrangeiros Axel de Leskoschek e Johnny Friedlander. O primeiro, refugiado do nazis-mo, foi professor de Fayga Ostrower, Ivan Serpa, Renina Katz e Edith Behring. Friedlander ministrou o curso inaugural do ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1959), por onde passariam, nos anos seguintes, Ana Bela Geiger, Ana Letícia Quadros, Isabel Pons, Dela-monica, Rossini Perez, José Lima e Marília Rodrigues.

Um dos grandes representantes da abstração lírica, Iberê Camargo, te-ve também relevante atuação didática na década de 1950. Do mesmo período é a atividade independente do grupo gaúcho (Porto Alegre, Bajé) reunido em torno de Carlos Scliar. Dele fizeram parte Vasco Prado, Glauco Rodrigues, Danúbio Gonçalves e Glênio Bianchetti.

Do mesmo modo que Iberê ou Scliar, a maioria dos pintores brasileiros consagrados na tradição moderna, como Tarsila, Portinari, Djanira ou Dacosta, também se dedicou à gravura com maior ou menor intensidade. A produção do século XX, longe de restringir-se aos grandes centros, disse-minou-se pouco a pouco pelos estados, revelando gravadores ativos na Bahia, como Caribé ou Emanoel Araújo, ou em Minas Gerais, como Vilma Martins, Marília Andrés ou Lótus Lobo. Entre os gravadores de extração popular cabe mencionar os autores anônimos da xilogravura ingênua do Nordeste, feita para ilustrar a literatura de cordel.

Literatura Brasileira

Ao analisarem a origem da literatura brasileira, a crítica e história literária têm adotado duas orientações básicas. Uma, de pressupostos historicistas, tende a vê-la como uma expressão da cultura que foi gerada no seio da tradição portuguesa. Sendo muito pequena, nos primórdios, as diferenças entre a literatura lusitana e a praticada no Brasil, essa corrente salienta o processo da formação literária brasileira a partir de uma multiplicidade de coincidências formais e temáticas.

O ponto de vista historicista encontra apoio no fato de ser a literatura consi-derada, por seu aspecto orgânico, como um conjunto de obras ligadas em sistema enquanto expressão do complexo histórico, social, geográfico e racial.

A outra corrente crítica, cujos critérios se inclinam à aferição predominante-mente estética, assinala as divergências que se acumularam na psique do homem americano, desde o início, e influíram na composição das obras. Aqui, considerando-se que a situação do colono tinha de engendrar uma nova concepção da vida e das relações humanas, com uma correspondente visão dessa realidade, pretende-se valorizar o esforço pelo desenvolvimento das formas literárias no Brasil, em busca de uma expressão própria e, tanto quanto possível, original.

Estabelecer a autonomia literária é descobrir, portanto, os momentos em que as formas e artifícios da escrita serviram para fixar a nova visão estética dessa realidade nova. De tal modo, ao invés de conter-se em períodos cronológicos, a literatura deverá ser dividida de acordo com os estilos cor-respondentes às suas diversas fases: barroco, arcadismo, neoclassicismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo, modernismo e concretismo.

Dos primórdios ao fim do século XVIII

Primeiros textos. Os primeiros documentos escritos produzidos no Brasil não pertencem à literatura, mas à história e à sociologia. São obras "sobre" o país, de conhecimento e valorização da terra, escritas para os europeus. Algumas se enquadram no "ciclo dos descobrimentos" da literatura portu-guesa, dedicando-se ao relato da expansão pelos mares e suas consequên-cias morais e políticas, ora com fins de catequese, ora com um fundo eco-nômico (caça ao escravo, conquista e desbravamento de novas terras, mercados e fontes de riqueza).

Desses motivos saíram as "primeiras letras" escritas na colônia acerca de fatos, coisas e homens: a obra dos jesuítas, com uma parte tipicamente literária, lírica ou dramática, outra composta pelo acervo de cartas e infor-mes em torno das condições da colônia; a literatura dos viajantes e desco-bridores, os roteiros náuticos, os relatos de naufrágios, as observações geográficas, as descrições da natureza e do selvagem; e as tentativas de epopeias com assunto local __ tudo marcado por uma tendência à exaltação lírica da terra ou da paisagem, espécie de crença num eldorado ou paraíso terrestre.

Pero Vaz de Caminha, Bento Teixeira, Gândavo, Gabriel Soares de Sousa, Fernandes Brandão, Rocha Pita, Vicente do Salvador, Botelho de Oliveira, Itaparica, Nuno Marques Pereira são manifestações da série de cânticos genetlíacos, da "cultura e opulência" ou "diálogo das grandezas", ou roteiros de viagens, que constituem essa literatura de catalogação, exaltação e conhecimento da terra, expressões do espírito nativista em ascensão.

Não tendo um cunho de invenção, essas obras, em sua maioria, não perten-cem à literatura no sentido estrito. Correspondem à ânsia do brasileiro do século XVII de conhecer e revelar a terra brasílica. Mas delas proveio o conhecimento dos fatores geográficos, econômicos e sociais sobre os quais se erigiu a civilização brasileira. E delas derivou a produção de um vasto campo de trabalho, o dos estudos brasileiros, que iria adquirir com o tempo extraordinária importância.

Os textos dos primeiros tempos, contudo, não se livraram da impregnação do estilo artístico em vigor, o barroquismo, nem de expressar o mito ufanista. Justifica-se por isso o estudo dos principais autores que tiveram, nessa fase, sentido estético, alguns dos quais são bastante representativos do barroco literário, a que não escaparam nem mesmo os historiadores e pensadores, como Vicente do Salvador e Rocha Pita, ou os escritores políticos, os orado-res, os autores de panegíricos ou de trabalhos jurídicos ou militares. Os gêneros literários mais cultivados foram o diálogo, a poesia lírica e a epopei-a, ao lado da historiografia e da meditação pedagógica. De todos o barroco tirou o melhor partido, misturando o mitológico ao descritivo, o alegórico ao realista, o narrativo ao psicológico, o guerreiro ao pastoral, o solene ao burlesco, o patético ao satírico, o idílico ao dramático, sem falar no mestiça-mento da linguagem, necessário à própria evangelização e resultante da nova sensibilidade linguística de que decorrerá a diferenciação de um estilo brasileiro.

Sob o signo do barroco. A literatura brasileira nasceu sob o signo do barro-co, definido não só como um estilo de arte senão também como um comple-xo cultural e um estilo de vida. Mais precisamente, foi pela voz barroca dos jesuítas que ela teve início. Descontada a literatura de conhecimento da terra, a primeira manifestação de sentido estético foi a literatura jesuítica, de missão e catequese, produzida sobretudo por Anchieta, o fundador da

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literatura brasileira. Na obra de padre Antônio Vieira e em Gregório de Matos encontram-se as expressões máximas, respectivamente, da prosa e da poesia barroca no Brasil. A importância da vida social, já existente na cidade de Salvador, com os primeiros sintomas de organização literária que irá dar no movimento das academias, levou alguns historiadores a falar em "escola baiana", denominação imprópria para arrolar os homens que se dedicavam à cultura no século XVII e tinham a poesia como atividade central.

Formaram o grupo: Bernardo Vieira Ravasco, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa, Gonçalo Soares da França, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco e João de Brito e Lima. Com raras exceções, em especial a de Gregório, cultivaram um barroco inferior, de imitação, que se prolongou pelas academias setecentistas. A literatura barroca estendeu-se, no Brasil, do final do século XVI ao final do século XVIII, quando se misturou com o arcadismo e o neoclassicismo.

O espírito nacionalista. O espírito do barroco, dominante no século XVII, deteve a marcha da corrente inaugurada com o Renascimento na Itália e que, na literatura, atingiu seu ponto culminante na França das últimas déca-das do século XVII, com o chamado classicismo francês da época de Luís XIV. Mas essa tendência classicista penetrou pelo século XVIII, criando focos de neoclassicismo nas literaturas ocidentais.

Ao gosto barroco do grandioso e da ostentação sucedeu a procura das qualidades clássicas da medida, conveniência, disciplina, simplicidade e delicadeza, que desaguaram no arcadismo. No final do século também entraram em cena correntes que reivindicavam o sentimento, a sensibilida-de, o irracionalismo, ao lado de pontos de vista racionalistas e "ilustrados" que produziriam o iluminismo da revolução francesa de 1789.

O Brasil, no século XVIII, atingiu um momento decisivo de sua história. Foi a época de criação da consciência histórica no brasileiro. A descoberta e posse da terra, as façanhas dos bandeirantes e a defesa contra os invasores deram margem a uma consciência comum, a um sentimento da figura do "brasileiro", mestiço de sangue e alma, já falando uma língua bastante diversa daquela da metrópole. Os recursos econômicos e as riquezas au-mentaram, a população cresceu, a vida das cidades melhorou, a cultura se difundiu. O espírito nacionalista desabrochou por toda parte.

Combate ao barroquismo. As academias, embora exprimindo uma literatura encomiástica e um barroco decadente, testemunharam um arremedo de movimento cultural organizado, com letrados e salões. O espírito neoclássi-co, que se infiltrou nas mentes luso-brasileiras de então, procurou combater o barroquismo em nome dos ideais de precisão, lógica e medida, com a restauração das normas clássicas, codificadas em tratados de preceptística, verdadeiros códigos mecanizados e rígidos, baseados na lei da imitação ou no espírito didático, a governar a criação.

Esse ideal neoclassicista dominou o final do século XVIII e princípios do século XIX, aparecendo em alguns escritores tingido de cores "ilustradas" e de liberalismo ideológico, ou então de elementos pré-românticos, como o sentimentalismo e o nacionalismo.

De todas as manifestações neoclássicas, foi a corrente arcádica de proce-dência italiana a que maior importância assumiu no Brasil, com o chamado grupo, plêiade ou "escola mineira" (denominação aliás imprópria, pela inexis-tência de escola no sentido literário estrito): Cláudio Manuel da Costa, Basí-lio da Gama, Santa Rita Durão, Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga. Seu início é assinalado pela publicação das Obras poéti-cas (1768) de Cláudio Manuel da Costa.

Parece fora de dúvida que não houve uma Arcádia brasileira e que os brasi-leiros foram "árcades sem Arcádia", como disse Alberto Faria, pois nenhum documento idôneo comprova a existência da Árcadia Ultramarina, de que falam alguns historiadores. De todos os árcades, o único que pertenceu a uma corporação dessa natureza foi Basílio da Gama, filiado à Arcádia Ro-mana.

A reação clássica relativa ao arcadismo significava uma volta à simplicidade e pureza dos antigos, segundo os modelos anacreôntico e pindárico. Reali-zava-se sobretudo através do verso solto, em odes e elegias, numa identifi-cação com a natureza, onde residiriam o bem e o belo. Daí a valorização da vida pastoril, simples, pura e pacífica.

O século XVIII, com as descobertas e exploração das minas, transferiu o eixo econômico, no Brasil, para a província de Minas Gerais, onde se de-senvolveu uma sociedade dada ao fausto e à cultura, principalmente na capital da província, a antiga Vila Rica. Aí a fermentação econômica e cultural permitiu que se reunisse um grupo de intelectuais e artistas, entre os quais se destacaram os referidos acima. Constituem eles o início do lirismo brasileiro, pela transformação do veio nativista e da exaltação da natureza, pela adaptação da temática clássica ao ambiente e ao homem, com senti-mentos e emoções peculiares. Ocorreu em suma, nesse processo, a fusão do individualismo com o sentimento da natureza e o ideal clássico.

Até o desabrochar do romantismo, foi justamente graças ao espírito arcádico que se manteve o ideal nativista, contrabalançando a tendência passadista do neoclassicismo, cuja marca exterior mais forte foi o gosto da linguagem arcaizante, quinhentista, dita "clássica". E isso se deve também ao fato de, pela primeira vez, se reunir um grupo de artistas conscientes de seu ofício e superiormente dotados de valor. O arcadismo confunde-se com o que hoje se chama o rococó literário: culto sensual da beleza, afetação, refinamento, frivolidade, elegância, linguagem melodiosa e graciosa, sentimentalismo, lascívia, gosto da natureza, intimismo. Passa-se com ele da época cortês para o subjetivismo da era da classe média. Gonzaga, o vate de Marília, é o modelo brasileiro da literatura arcádica e rococó.

Uma literatura autônoma

Romantismo. O espírito autonômico e nativista desde cedo conduziu a literatura brasileira para uma diferenciação cada vez maior, num processo de adaptação ao meio físico, à nova situação histórica, ao homem novo que havia surgido e se achava em desenvolvimento. De Bento Teixeira a Gregó-rio de Matos, a Botelho de Oliveira, ao movimento academicista do século XVIII, ao rococó arcádico, o processo nativista foi-se estruturando para se consolidar, no século XIX, com o romantismo.

Foi então que a literatura brasileira, tendo lançado suas bases no século XVI, tornou-se realmente autônoma. Daí a importância extraordinária do movimento romântico no Brasil, pois entre 1800 e 1850 a literatura brasileira saiu da fase incaracterística do neoclassicismo, do barroco e do Iluminismo para a integração artística, com formas novas e temas nacionais, além de consciência técnica e crítica dessa situação.

Herdado em grande parte da Europa, através da influência de autores como Chateaubriand, Victor Hugo, Lamartine, Musset e Byron, e também graças à transferência para Paris do foco de irradiação situado antes em Lisboa, o romantismo assumiu no Brasil um feitio peculiar, devido às condições locais. Na prosa, José de Alencar lhe serviu de centro. Estimulou a renovação, pondo em relevo os interesses brasileiros, os temas e motivos locais, a linguagem do país, a paisagem física e social, distanciou-se dos gêneros neoclássicos e criou uma ficção autônoma, no mesmo instante em que o lirismo se fixava com Gonçalves Dias e os poetas surgidos nos rumos por ele desbravados, de Álvares de Azevedo a Castro Alves. As condições políticas e sociais, decorrentes da permanência da corte portuguesa no Brasil (1808-1821) e, logo a seguir, da independência (1822), favoreceram a fermentação intelectual, com a inauguração de estudos superiores e a instalação da imprensa.

Anunciado pelo pré-romantismo (1808-1836), o romantismo no Brasil divide-se em quatro fases distintas: a de iniciação (1836-1840); a indianista (1840-1850); a do individualismo e subjetivismo (1850-1860); e a liberal e social (1860-1870). O apogeu se situa entre 1846 e 1856. Essas fases correspon-dem às chamadas gerações românticas, cada qual caracterizada menos por uma doutrina homogênea do que por um corpo de tendências visíveis nas personalidades que as representam.

O pré-romantismo, no qual estão englobados os antecessores ou precurso-res, fundiu algumas qualidades tipicamente românticas a recursos formais do passado. O jornalismo político e literário, a oratória sacra e profana, a poesia lírica e a história foram gêneros cultivados pelos pré-românticos, dentre os quais se destacaram José Bonifácio de Andrada e Silva e frei Francisco de Mont'Alverne.

A fase de iniciação se deve ao grupo fluminense, que lançou o manifesto romântico de 1836, com a revista Niterói. No mesmo ano saiu o livro Suspi-ros poéticos e saudades, de Domingos José Gonçalves de Magalhães, a principal figura dessa fase, ao lado de Manuel de Araújo Porto Alegre, ambos cultores da poesia lírica. O indianismo da segunda fase, na busca da

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temática nacional, elevou o selvagem a símbolo da civilização nova. Prati-cando a poesia lírica e narrativa, o teatro e a ficção, Gonçalves Dias, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo e Bernardo Guimarães são autores bem representativos da tendência.

É sobretudo pela poesia que se caracteriza a terceira fase, em que o lirismo individualista do "mal do século", influenciado por europeus como Musset, Byron, Leopardi, Espronceda e Lamartine, manifesta-se nas obras de Álva-res de Azevedo, Junqueira Freire, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu. A quarta fase, a do romantismo liberal, de cunho político e nacionalista, liga-se às lutas pelo abolicionismo e à guerra do Paraguai (1864-1870). Na poesia, ora prevaleceu o lirismo intimista e amoroso, ora o condoreiro, assim cha-mado pelo uso frequente de metáforas arrebatadas, por influência do fran-cês Victor Hugo. Castro Alves foi o grande poeta a incorporar essa prática.

O romantismo foi uma revolução literária que deu ênfase à tendência brasi-leira ao sentimentalismo lírico, à exaltação da individualidade, à inspiração. Daí sua popularidade e a repercussão que o levou a adentrar-se, em mani-festações tardias, pelas primeiras décadas do século XX. Imbuído de espíri-to contemplativo, o romantismo antecipou certos enfoques ecológicos ao destacar a natureza tropical e a paisagem americana. Aos gêneros, deu autonomia estética. Além disso, valorizou a linguagem brasileira, dignificou a profissão de escritor e ampliou as faixas de público, consolidando a literatura brasileira, em suma, como entidade própria com diferente visão do mundo e formas peculiares de expressão.

Um capítulo à parte é constituído pela poesia satírica entendida como arma de combate às convenções sociais, na qual se distinguiu Luís Gama; e pelos textos e fragmentos circunstanciais nos quais os poetas românticos, todos bem jovens, revelam sua condição de dissidentes da sociedade burguesa em formação.

Naturalismo-realismo. De 1870 em diante desencadeou-se forte reação anti-romântica. Os gêneros adquiriram maior autonomia estética, libertando-se da política e do jornalismo. Uma mentalidade objetivista, realista, positiva e científica combateu o romantismo já exangue. A ficção, superando os méto-dos anteriores, encaminhou-se para assumir as formas ditadas pela obser-vação do mundo externo, fosse à maneira urbana, regionalista ou naturalis-ta. Por volta de 1880 surgiram os primeiros rebentos importantes do novo complexo estilístico que se desenvolveu contra o subjetivismo anterior para concretizar-se, na prosa e na poesia, sob as rubricas de realismo, naturalis-mo e parnasianismo.

O materialismo e o cientificismo biológico e sociológico serviram de base ao sistema de ideias condicionantes, expressas no darwinismo, doutrina da evolução, culto do progresso, teoria da seleção natural, espírito de observa-ção, crença em leis mecânicas, determinismo biológico, geográfico e racial, negação dos valores espirituais e sobrenaturais. Essa foi a concepção de mundo que orientou a chamada geração do materialismo, que entrou em cena a partir de 1870 para realizar o novo período estético e histórico.

Tanto a prosa realista e naturalista quanto a poesia parnasiana obedeceram às mesmas regras de objetividade, exatidão, minúcia, fidelidade ao fato, economia de linguagem e amor à forma. O realismo prestou grande serviço à ficção brasileira. Procurando ser o retrato fiel da realidade, no ambiente e nos personagens, e mais independente da ideologia materialista do que o naturalismo, já havia começado de fato antes de 1870, por intermédio do costumbrismo de Manuel Antônio de Almeida e Martins Pena, do realismo de transição do visconde de Taunay e Franklin Távora ou do coloquialismo e da pintura da vida cotidiana de Joaquim Manuel de Macedo. A partir de 1880, o realismo passou a produzir algumas das mais altas expressões da ficção brasileira, com Machado de Assis e Raul Pompeia, prolongando-se enquanto tradição nas obras de caráter regionalista do final do século XIX e do século XX.

O naturalismo, como escola, existiu somente na própria década de 1880. Iniciou-se com O mulato (1881), de Aluísio Azevedo, a que se seguiram outros livros do autor, de Adolfo Caminha, Inglês de Sousa e Domingos Olímpio, sob forma regional ou urbano-social.

O parnasianismo, caracterizado pela ânsia de uma forma perfeita, classici-zante, impassível, pela tendência às descrições nítidas, pelas concepções tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima, pela manutenção de gêneros fixos como o soneto e a preferência pelo verso alexandrino, surgiu no Brasil pela

mesma época, contido no mesmo clima filosófico-científico, realista e mate-rialista.

O nome da escola veio de Paris e se referia a antologias francesas publica-das a partir de 1866, sob o título de Parnasse contemporain, que incluíam poemas de Gautier, Banville e Lecomte de Lisle. Depois de Teófilo Dias, cujas Fanfarras (1882) são vistas como o primeiro livro do parnasianismo brasileiro, a escola teve mestres seguros em Olavo Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira e Francisca Júlia. Renovada pelo lirismo de Vicente de Carvalho, perdurou até as duas primeiras décadas do século XX com as produções amaneiradas e cada vez menos interessantes dos chamados neoparnasianos, como Goulart de Andrade e Hermes Fontes.

Simbolismo. Como reação ao sistema de ideias e normas estéticas implan-tado pela geração materialista de 1870, surgiu um movimento em nome da subjetividade contra o objetivismo realista, do indivíduo contra a sociedade, da interiorização contra a exteriorização. Essas ideias novas, mas que continham, sem dúvida, fortes resíduos da postura romântica, começaram a circular no Brasil a partir de 1890, também por influência francesa, e concre-tizaram-se no simbolismo, que desde então teve existência paralela à do parnasianismo e seus prolongamentos.

Embora diferisse do parnasianismo na linguagem, no estilo, na atitude espiritual e na postura ante o mundo, o simbolismo mesclou-se não poucas vezes com ele na obra de muitos escritores, como B. Lopes. Com nitidez, sua autonomia se afirmou com nomes de primeira grandeza que lhe deram impulso, como Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.

Rotuladas de decadentistas, as ideias simbolistas entraram em voga desde 1887, mas foi em 1891, no jornal Folha Popular, do Rio de Janeiro, que se constituiu o primeiro grupo simbolista. No Ceará, em 1892, sob as mesmas inspirações, fundou-se a sociedade literária Padaria Espiritual. Em 1893, Cruz e Sousa publicou Broquéis e ainda um livro de poemas em prosa, Missal, nos quais indicou com força e originalidade os rumos que seriam seguidos.

Com laivos de revivescência do espírito romântico, o simbolismo foi uma revolta contra o positivismo e o objetivismo, revolta que através de uma linguagem ornada, altamente metafórica e muitas vezes exótica iria dar grande relevo às preocupações espirituais. Nos termos da evolução euro-peia, que continuava a se refletir no Brasil, o simbolismo reagiu às correntes analíticas de meados do século XIX, assim como o romantismo reagira ao Iluminismo que havia triunfado no fim do século XVIII. Ambos os movimen-tos exprimiram a desilusão em face das vias racionalistas e mecânicas que se vinculavam na prática à ascensão da burguesia.

Na esteira de Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, que foram as matrizes diretas do simbolismo brasileiro, surgiram em diferentes estados poetas de dicção bem própria, como os paranaenses Emiliano Perneta e Dario Veloso, os gaúchos Felipe d'Oliveira e Alceu Wamosy, o baiano Pedro Kilkerry e o piauiense Da Costa e Silva, um isolado precursor do concretis-mo com o poema "Madrigal de um louco", do livro Sangue (1908).

A revista Fon-Fon, editada no Rio de Janeiro, foi a mais influente das muitas então fundadas para difundir a produção simbolista. Seus animadores, tendo à frente o poeta Mário Pederneiras, diluíram o verso e usaram-no frequen-temente para a expressão de conteúdos intimistas. Sob rótulos como pe-numbrismo, que serviram para caracterizar seus prolongamentos, o simbo-lismo se manteve ainda atuante, se bem que exposto não raro a hibridações e metamorfoses, até a fase modernista. A seus preceitos fundamentais se ligaram, de uma forma ou de outra, autores cuja adesão ao modernismo nunca foi radical, como Ribeiro Couto, Murilo Araújo, Olegário Mariano, Guilherme de Almeida ou Onestaldo de Pennafort.

A estética do século XX

Transição eclética. Uma fase de absoluto ecletismo estende-se do alvorecer do século XX a 1922, ano em que dois eventos -- a Semana de Arte Moder-na e o centenário da independência -- tiveram reflexos profundos sobre a evolução literária. A Semana rompeu com todo o passado e abriu caminho para a criação de um estilo, o modernista, que em meio a variações momen-tâneas seria a marca do século. A independência, ao fazer cem anos, agu-çou o espírito nacionalista e, como no tempo dos românticos, fez a literatura embevecer-se com a exaltação do Brasil. Tornaram-se comuns, por um lado, os estudos sobre o país e suas tradições em gestação recente. Por outro, com o furacão iconoclasta do modernismo, essas mesmas tradições

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foram contestadas no que traziam de mais óbvio como acomodação e mesmice.

Foi aproximando-se já desses limites que as duas primeiras décadas do século XX foram marcadas por poetas de posição singular, como Augusto dos Anjos ou Raul de Leoni, ou por prosadores da estirpe de Euclides da Cunha, Graça Aranha ou Adelino Magalhães. A ausência de um estilo unificador nessa fase seria preenchida por mesclas de maneiras passadas, com vestígios românticos, parnasianos e simbolistas agregando-se em obras de aparência nova. O grosso da produção eclética, é verdade, perde-ria todo o interesse com a estética do modernismo, mas muitos autores isolados chegaram a uma dicção convincente na criação de seus textos.

Em linha derivada da prosa realista, autores como Lima Barreto, Monteiro Lobato, Antônio Torres ou Gilberto Amado caracterizaram claramente um espírito pré-modernista, seja pela desenvoltura dos textos, seja por suas posições ostensivas contra a escrita empolada que lembrava com insistência os movimentos passados. No outro extremo, o da adesão às velhas formas, triunfou na mesma época a prosa preciosa de Coelho Neto.

O teatro evoluiu e, na senda aberta por Martins Fontes e Artur Azevedo, abrasileirou-se a passos largos. A ficção regionalista, que, após submeter-se à revisão modernista, seria um dos filões mais explorados durante o século XX, lançou marcos de significação expressiva com o baiano Afrânio Peixoto, o mineiro Afonso Arinos ou o gaúcho Simões Lopes Neto.

Ainda na fase de transição eclética para o modernismo, a imprensa assumiu grande influência sobre o destino das letras. Foi em parte graças a uma ativa presença nos jornais da belle époque que autores tão diversos como Humberto de Campos, Emílio de Meneses, Álvaro Moreira ou João do Rio (Paulo Barreto) conquistaram público e fama.

Modernismo. A apoteose do novo, com toda a carga de agressividade que costuma envolvê-la, foi o vetor que sustentou a implantação do modernismo no Brasil, como aliás ocorreu com o futurismo na Itália, o cubismo e o sur-realismo na França, o expressionismo na Alemanha. E a expressão mais vistosa desse estado de espírito, a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922, ficaria lembrada como uma espécie de mise-en-scène, cheia de humor e provocação, de um programa único: o da modernidade como ruptura.

A mudança dos meios expressivos, quer na literatura, quer, em plano parale-lo, nas artes plásticas, correspondia à maturação de uma crise mais geral, que envolvia toda a estrutura sócio-econômica de um país que ia deixando de ser uma vasta fazenda exportadora de matérias-primas para assumir uma feição diversa, especialmente em São Paulo. A primeira obra poética modernista chamou-se Pauliceia desvairada, de Mário de Andrade, e em estilo urbano-internacional foram vazados os romances auto-satíricos de Oswald de Andrade, as Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande.

O período heróico do movimento, o tempo que vai da Semana de 1922 à revolução de 1930, foi pontilhado de intenções nacionalistas que atuaram de vários modos. É fundamental apontar: a pesquisa folclórica sistemática de Mário de Andrade, voltada para a elaboração de uma práxis linguística e melódica brasileira; a proposta de um ideal de vida e de cultura primitivista e "antropofágico", explícito no roteiro de Oswald de Andrade e implícito na poesia mítica de Raul Bopp; e o apelo às matrizes da raça tupi e cabocla difuso em obras de Guilherme de Almeida, Cassiano Ricardo e Plínio Salga-do. Entre 1922 e 1930 houve grupos e revistas cujos nomes valiam por si sós como manifestos nativistas: Terra Roxa e Outras Terras, Pau-Brasil, Bandeira, Revista de Antropofagia, Verde e Anta.

No mesmo período, obras de Antônio de Alcântara Machado, Manuel Ban-deira, Menotti del Picchia e Ronald de Carvalho contribuíram para ampliar o campo de expressão modernista. Na trilha aberta por Klaxon, mensário de arte moderna que circulou em maio de 1922, surgiu em 1924 a revista Estética, lançada no Rio de Janeiro por Sérgio Buarque de Holanda e Pru-dente de Morais Neto.

Como contracorrente, dentro do modernismo, é necessário lembrar o grupo e a revista Festa, fundada em 1927, por Tasso da Silveira, com um progra-ma espiritualista ainda próximo das fontes simbolistas. O grupo da Anta, importante pelo peso de suas conotações políticas, encarregou-se de difun-dir um verde-amarelismo de tendências direitistas.

De São Paulo e Rio de Janeiro o processo de atualização literária caminhou para os estados, revelando nomes já em perfeita sintonia com a modernida-de, como os gaúchos Augusto Meyer e Mário Quintana. No Nordeste surgiu um poeta regionalista como Ascenso Ferreira. Em um segundo tempo, operou-se uma absorção das liberdades modernistas na prosa social de José Américo de Almeida em diante, até Raquel de Queirós.

A partir de 1930, um momento de recomposição de valores, em busca de novas sínteses, parece ter sucedido ao individualismo extremado e à inven-tividade quase anárquica dos anos heróicos do modernismo. Tentativas de compreensão dos problemas do país e de uma criação mais elaborada manifestaram-se então com romancistas como Graciliano Ramos e José Lins do Rego, poetas como Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Dante Milano e Joaquim Cardozo, ensaístas sociais como Caio Prado Jr., Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda e Alceu Amoroso Lima. Para todos eles, o modernismo fora uma porta aberta. Mesmo a lírica antipitores-ca e antiprosaica de Cecília Meireles, Augusto Frederico Schmidt, Vinícius de Morais e Henriqueta Lisboa, próxima do neo-simbolismo europeu, só foi possível porque tinha havido uma abertura a todas as experiências moder-nas no Brasil pós-1922.

A morte de Mário de Andrade, em 1945, pode ser tomada como o marco final do modernismo propriamente dito. No mesmo ano operou-se na poesia um decidido retorno à tradição. Com a chamada geração de 45, integrada por Ledo Ivo, José Paulo Moreira da Fonseca, Domingos Carvalho da Silva, Afonso Félix de Sousa, Bueno de Rivera, Tiago de Melo e Marcos Konder Reis, entre muitos outros, a poesia voltou a ser composta sem transgres-sões à forma, reativando o uso de seus antigos recursos, como a rima e a métrica. João Cabral de Melo Neto, cronologicamente incluído na mesma geração, dela se distinguiu no entanto por escrever com rigor sem incidir no já visto. Sua obra se tornaria, após a de Carlos Drummond de Andrade, a mais elogiada e influente desde meados do século.

Caminhos da ficção. Contrapondo-se à ficção regionalista, que deitara fundas raízes, o romance introspectivo ou psicológico definiu-se em contor-nos nítidos, graças a nomes como Cornélio Pena, Lúcio Cardoso, José Geraldo Vieira e Otávio de Faria. Com Clarice Lispector, essa linha de ficção intimista deu um salto do psicológico ao existencial, da notação individual à meditação sobre o ser. Os enredos e cenários urbanos, herdados da tradi-ção realista, nutriram obras marcantes como os romances de Marques Rebelo e os contos de João Antônio.

Tal qual a desses e muitos outros autores, a prosa de Jorge Amado, José Lins do Rego e Érico Veríssimo, tríade da mais alta expressão, beneficiou-se amplamente da descida à linguagem oral, aos brasileirismos e regionalismos léxicos e sintáticos que o típico estilo modernista havia preparado. O filão dos temas regionais levou a uma vasta produção de romances onde o aspecto documentário sobressai com frequência, como os escritos por Dalcídio Jurandir, Herberto Sales, Adonias Filho, Amando Fontes, Mário Palmério, Josué Montelo, Bernardo Élis e José Cândido de Carvalho.

Com Guimarães Rosa, a costumeira oposição entre romance regionalista e romance psicológico resolveu-se em termos puramente estéticos, no plano das estruturas narrativas e, sobretudo, no plano da criatividade linguística. Uma acentuada preocupação com a originalidade da forma e as invenções estilísticas surgiu por outro lado como traço em comum entre ficcionistas de orientações bem distintas, como Osman Lins, Campos de Carvalho, Dalton Trevisan, Sérgio Santana, Ivan Ângelo, Raduan Nassar e Hilda Hilst.

Nas últimas décadas do século XX, criada frequentemente em sintonia com as grandes correntes internacionais, a ficção brasileira projetou-se no mun-do, sendo extensa a lista de traduções então feitas para diversas línguas. Além dos nomes citados, convém lembrar, pela repercussão de suas obras, autores como Rubem Fonseca, Antônio Calado, Autran Dourado, Inácio de Loiola Brandão, Ana Miranda, Nélida Piñon, Lígia Fagundes Teles, Márcio de Sousa e Moacir Scliar, já publicados também no exterior.

Do concretismo à poesia marginal. A partir da década de 1950, o tema e a ideologia do desenvolvimento assumiram grande relevo no Brasil, à medida que a industrialização se processava em ritmo cada vez mais intenso. Nesse contexto foi formulado o concretismo, que se propunha como vanguarda para os novos tempos e abolia a escrita discursiva, instaurando em seu lugar uma expressão consubstanciada em signos e representações gráficas que pretendiam dizer mais que as palavras.

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Aos paulistas Décio Pignatari e Augusto e Haroldo de Campos uniram-se poetas radicados no Rio de Janeiro como Ferreira Gullar, Vlademir Dias Pino e Ronaldo Azeredo, para o lançamento oficial do movimento, feito em São Paulo, em 1956, com a I Exposição Nacional de Arte Concreta. Nos anos seguintes, enquanto os irmãos Campos se orientavam para especiali-zar-se em obras de erudição e tradução de poesia, o grupo carioca, com Ferreira Gullar à frente, distanciou-se das origens comuns para lançar no Rio de Janeiro o movimento neoconcreto. Na década de 1960, alguns poe-tas antes comprometidos com a linguagem visual do concretismo voltaram a escrever versos, que tinham porém agora um ostensivo sabor de panfleta-gem política.

Renovou-se simultaneamente o gosto da arte regional e popular, fenômeno paralelo a certas ideias motrizes dos românticos e dos modernistas, os quais, no afã de redescobrirem o Brasil, haviam também se dado à pesquisa e ao tratamento histórico do folclore. Mas dessa vez, graças ao novo contex-to sócio-político, toda a atenção foi reservada ao potencial revolucionário da cultura popular.

Na década de 1970, a da chamada poesia marginal, que se inseriu no movimento internacional da contracultura, a expressão dos primeiros mo-dernistas voltou à ordem do dia. Escrever versos de qualquer maneira e, se possível, com forte entonação satírica passou a ser a nova moda numa época em que o inimigo comum, sob todas as suas formas, era a repressão. Daí para a frente, a herança do concretismo ora mesclou-se ao coloquialis-mo em produções híbridas, ora inspirou uma poesia sucinta, de versos curtos, que se requintava ao tentar dizer o máximo com o uso de muito poucas palavras.

Os avanços da crítica. A consciência histórica e crítica do modernismo foi expressa de início pelos próprios criadores da época mais dotados de espíri-to analítico, como Mário de Andrade. Fora do grupo, mas voltada para a inteligência da arte nova, avultou a obra de Tristão de Ataíde, pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, que acompanhou com simpatia a melhor literatura publicada após a década de 1920.

Álvaro Lins foi, em seguida, um dos críticos mais ativos e percucientes, muito próximo do estilo dos franceses pelo gosto da análise psicológica e moral. A Afrânio Coutinho coube o mérito de divulgar no Brasil os princípios do New Criticism anglo-americano e sistematizar algumas ideias e informa-ções sobre o barroco.

A tarefa de repensar a literatura brasileira à luz de critérios novos, atentos à gênese e à estrutura interna, foi superiormente cumprida nas várias obras de Antônio Cândido. Com Augusto Meyer o ensaísmo brasileiro recebeu um estilo pessoal, reflexivo e irônico. Os estudos comparatistas devem a Eugê-nio Gomes alguns achados de valor: foi ele o primeiro a detectar com preci-são fontes inglesas em escritores brasileiros, rastreando-as sobretudo na obra de Machado de Assis. Este, pelo lugar central que ocupa, foi objeto de minuciosos estudos por críticos de formação bem diversa, como Astrojildo Pereira, José Aderaldo Castelo e Miécio Tati.

Cumpre lembrar que a erudição de tipo universitário, relativamente nova no Brasil, deu frutos consideráveis no trato da historiografia literária. Graças a trabalhos monográficos sobre períodos, gêneros e autores, já se pode acompanhar com relativa segurança o desenvolvimento de toda a literatura nacional. Destaquem-se ainda, na evolução da crítica, os nomes de impor-tantes pesquisadores como Andrade Murici, Fábio Lucas, Mário da Silva Brito, Cavalcanti Proença, Franklin de Oliveira, Francisco de Assis Barbosa, Antônio Houaiss, Brito Broca, Wilson Martins, José Guilherme Merquior, Eduardo Portela, Péricles Eugênio da Silva Ramos e Fausto Cunha. Entre os críticos nacionalizados, é indispensável citar Otto Maria Carpeaux, Paulo Rónai e Anatol Rosenfeld. Menção à parte merece o trabalho de crítica historiográfica desenvolvido pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, que levou à redescoberta de valores como Sousândrade, Pedro Kilkerry e Patrícia Galvão.©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

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