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Curso de Filosofia Primeiro Ano Ensino Médio Apostila para o Curso de Filosofia ministrado para o primeiro ano regular e EJA do Ensino Médio Professor Antonio Marques

Apostila de Filosofia - Primeiro ano regular e EJA do Ensino Médio

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Curso de Filosofia Primeiro Ano Ensino Médio

Apostila para o Curso de Filosofia ministrado para o primeiro ano regular e

EJA do Ensino Médio

Professor Antonio Marques

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SUMÁRIO UMA CONVERSA INICIAL

RESPEITO, SILÊNCIO E

COOPERAÇÃO

Não nos distraiam

Pergunte sempre que preciso:

OBJETIVOS DA MINHA PRÁTICA

PEDAGÓGICA

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

METODOLOGIA / ESTRAGÉGIA DE

AÇÃO

AVALIAÇÃO

POR QUE FILOSOFIA?

UM MODELO POSSÍVEL: GRÁFICO DA

HISTÓRIA DA FILOSOFIA

PROGRAMAÇÃO SIMPLIFICADA

PROGRAMAÇÃO TEMÁTICA

ATIVIDADE EXTRA 1: Contrato tácito entre

as pessoas que se conformam

ATIVIDADE EXTRA 2: O Direito de Sonhar -

Eduardo Galeano

ATIVIDADE EXTRA 3: O Último Discurso -

Charles Chaplin

ATIVIDADE EXTRA 4: REDAÇÃO: Assista ao

filme Waking Life (2001), EUA, de Richard

Linklater.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SUGESTÕES DE VÍDEOS, FILMES,

DOCUMENTÁRIOS, MÚSICAS

CALENDÁRIO DE LUTAS

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

FILMOGRAFIA SUGERIDA

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UMA CONVERSA INICIAL: Meu trabalho no estado de Minas Gerais é ser professor de filosofia. Recebo meu salário, pago por todos os contribuintes, com a condição de que eu ensine esta disciplina. Uma das maneiras de ensiná-la é apresentando algumas das dúvidas e reflexões que os filósofos ao longo da história da filosofia tiveram. Como são 2500 anos de história não é possível ver todos. Os critérios que utilizo para escolher um filósofo em detrimento de outro é a sua relevância e influência que pode ser percebida pelos livros didáticos, pelos programas de vestibulares e Enems e pelos parâmetros curriculares nacionais. A escolha de um filósofo não é pessoal. Não apresento para vocês apenas as ideias que eu concordo. Tento ser o máximo fiel às ideias de cada autor e cabe a cada um de nós, de modo independente, avaliá-las e aceitá-las ou não. Seria uma desonestidade da minha parte se eu apresentasse apenas os filósofos e/ou ideias que eu concordasse ou que os agradasse. A filosofia é muito mais um espaço para dúvidas do que para as certezas. Estas vocês devem procurar em outros espaços. O que mais há neste mundo são ―certezas‖. Também gostaria que compreendessem que apesar de haver liberdade de pensamento, de haver liberdade para cada um crer naquilo que quiser, as ideias não são todas iguais, muito menos são indiferentes ao nosso destino social, político, econômico, histórico, biológico,etc. Por exemplo: posso acreditar que tenho habilidade para voar, mas talvez ao pular do décimo andar de um prédio eu perceba que minha ideia não estava tão certa assim; posso acreditar que ao construir uma ponte, posso substituir o cimento por isopor, mas irei perceber que minhas crenças não terão a funcionalidade esperada; posso acreditar que aqueles que não creem no mesmo deus que eu, são infiéis e devem ser eliminados da face da terra, mas esta ideia teria uma consequência desagradável para muitas pessoas. Então, por favor, façam um pouquinho de esforço e tente compreender que as ideias, não são apenas ideias e que tudo que há de concreto no mundo e que é feito e construído pelos humanos possuem relações diretas com as ideias.

RESPEITO, SILÊNCIO E COOPERAÇÃO

Prezados alunos e alunas,

Deixe os únicos 50 minutos por semana para a Filosofia para falarmos de Filosofia. Tenham calma, dediquem um pouco, leiam um pouco mais e entenderão que a Filosofia tem algo de importante a nos dizer.

As minhas aulas são o trabalho que presto para a sociedade, para você, sua família e toda a sociedade. Preciso e quero realizar minhas aulas cada vez melhor. Peço que cooperem para fazermos um bom trabalho. Isto é o melhor para todos nós.

Em toda e qualquer relação é preciso respeito, na relação professor-alun@s, não é diferente. É preciso respeito em sala, de todo e qualquer alun@, assim como também preciso respeitar.

Ao desrespeitar o professor, você está desrespeitando a tod@s. Isto entristece, superficializa e dificulta o Ensino.

Não nos distraiam: • Deixe o celular por um momento. Deixe

para usar a tecnologia de comunicação a distância quando não houver demanda por comunicação presencial. É isto que ocorre em sala de aula durante uma aula, ocorre um processo comunicacional. Participe dele. Ouvindo,

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compreendendo, complementando, perguntando, opinando.

• Não fique virando ou virado para trás. • Não saia da sala sem antes comunicar.

Estas atitudes impedem que o ambiente seja o mais adequado para a realização do propósito, que é o processo-de-tentar-ensinar-filosofar-estudar-aprender...

• Quem não quer cooperar e ainda assim quer ficar em sala de aula: dormindo ou estudando, não é adequado, mas desde que ―não‖ faça barulho, nem movimento, eu compreendo, mas ficar em sala, no coletivo e sabotar o coletivo, atrapalhar e dificultar a aula...Isto não! Conto com todos vocês! Pergunte sempre que preciso:

• Pergunte, mas não fale em particular. A

conversa em aula é coletiva. Tente isto! • Pergunte sempre que estiver com uma

dúvida verdadeira. • Evite perguntas que fuja do assunto em

pauta no momento. • Pergunte em sala, pergunte

pessoalmente, pelo face (no grupo ou inbox), por e-mail e pelo whatsapp.

Sugestão de Música: Fala – Secos e Molhados

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OBJETIVOS DA MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA:

Ministrar um curso da história do pensamento filosófico;

Preparar os estudantes para os exames: Enem, Vestibular e avaliações internas;

Pautar assuntos relevantes para os estudantes;

Estimular a reflexão filosófica, o questionamento das próprias ideias e valores e o contínuo exame e consideração dos dados disponíveis;

Estimular a reflexão em torno de todas as formas de discriminação – sexual, étnica, racial, por orientação sexual.

Fazer da sala de aula e da sociedade como um todo um espaço de troca de saberes e fazeres;

Ter no diálogo o instrumento de humanização ao comprometer-se com a libertação dos sujeitos da condição de ―seres para o outros‖ passando a condição de ―seres para si‖;

Desenvolvimento da autonomia individual como sujeitos de direitos. Os sujeitos de direito são indivíduos que se reconhecem nos demais seres humanos como iguais também como sujeitos que devem ter sua autonomia e diversidade respeitadas, valorizam a solidariedade e são pessoas que estão preparadas para estar em permanente vigilância em defesa da dignidade humana.

Construção de um espaço pedagógico democrático capaz de formar cidadãos e cidadãs ativas;

Preocupação com a consolidação da democracia resultante de projetos coletivos e lutas por justiça e paz.

Recuperar a alegria em ser-humano e a ―utopia possível‖.

Norteia a reflexão sobre a experiência tomando como pressuposto a ideia de totalidade e do materialismo histórico dialético, articulada a estudos sobre os modos de produção, antagonismos sociais e relações de poder.

Analisar as demandas pautadas pela ação dos movimentos sociais contemporâneos que, pelo processo civilizatório que desencadeiam, indagam a história em busca das causas estruturantes dos problemas hoje vivenciados.

Dar um sentido ético e político ao trabalho, à formação escolar e à atuação profissional.

Empregar o tempo da vida e o espaço da formação para capacitar atores sociais que ajudem a construir outra realidade possível.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES: Refletir criticamente os problemas do

mundo contemporâneo;

Desenvolver a compreensão de si mesmo como um bem social, histórico e em processo de autoprodução;

Ler de maneira filosófica, textos de diferentes estruturas e registros;

Elaborar textos reflexivos;

Debater, assumindo uma posição, defendendo-a através de argumentos significativos e mudando de posição diante de argumentos mais consistentes;

Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conhecimentos presentes nas ciências naturais e humanas, nas artes e em outras produções culturais;

Contextualizar conhecimentos filosóficos, nos planos de sua origem específica, sócio-política, histórica, cultural e científico tecnológico;

Diferenciar a filosofia de outros tipos de conhecimento, apontando para sua utilidade, compreender que o seu surgimento se dá a partir do pensamento crítico;

Dialogar sobre os filósofos, buscando perceber seus questionamentos, bem como suas características essenciais;

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METODOLOGIA / ESTRAGÉGIA DE AÇÃO

Exposição oral e sistemática das ideias dos filósofos;

Leitura e análise de textos em sala;

Elaboração de estudos dirigidos e pesquisas extra-sala;

Fazer uso de vídeos e músicas,

Preocupação com a coerência entre discurso e prática;

Metodologia de investigação participativa em que a pergunta é utilizada como meio de descoberta conjunta;

O Processo educativo não é para os/as estudantes, mas com as/os estudantes;

Apresentar o contexto sócio-histórico de constituição, formação e desenvolvimento das ideias filosóficas;

Apresentar visão globalizante dos problemas, pela perspectiva multidisciplinar;

Facilitar a aprendizagem, inter-relacionando conteúdos;

Deixar claro os objetivos da aula;

Estruturar o tempo conforme a relevância e complexidade do assunto;

Abordar os principais elementos da temática em questão;

Consolidar ideias principais;

Utilizar exemplos relevantes;

Facilitar a síntese do conteúdo;

Reflexão associada à prática. A reflexão deve se dar por uma participação democrática dos sujeitos refletindo a legítima organização social para a liberdade;

Enfoque pedagógico problematizador e crítico;

Apresentação de seminários;

Participação em projetos e eventos extra-classe;

AVALIAÇÃO: A avaliação será contínua e permanente e para todas as aulas será atribuído nota. O processo avaliativo retroalimentará o processo de ensino-aprendizado, servindo como um diagnóstico, que possibilite a correção das falhas e como parâmetro para prognósticos que vise prever novas.

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POR QUE FILOSOFIA?

―Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.‖ Marilena Chauí ―Do que você precisa, acima de tudo, é de não se lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da

alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de não se conformarem‖. Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo, 1945 ―O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, que se serve da razão para tentar pensar o mundo e a sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum.‖ COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p.79. "A tarefa da filosofia não é fornecer respostas ou soluções, mas sim submeter as próprias perguntas ao exame crítico; de nos fazer ver como a própria forma pela qual percebemos um problema é um o bstáculo para sua solução. Assim, pode-se dizer que a principal função do intelectual público hoje é fazer com que as pessoas façam as perguntas certas."— Slavoj Žižek

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UM MODELO POSSÍVEL: GRÁFICO DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

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PROGRAMAÇÃO: Segue abaixo, de modo simplificado os Filósofos que pretendo apresentar-ensinar-aprender em 2015. A proposta está aberta para sugestões. Tem algum outro filósofo ou filósofa, deste período, que você gostaria que fosse incluído na lista? Com poucas exceções, os Filósofos estão organizados em ordem cronológica por ser a mais simples, facilitando as convergências de compreensão. A apresentação nesta ordem não impede de estabelecer o máximo de conexões, tanto com os pensadores do futuro, quanto do passado.

PROGRAMAÇÃO SIMPLIFICADA - 2015

PERÍODO HISTÓRICO TEMA OU FILÓSOFO

DATA

Mito

Filosofia

PRÉ-SOCRÁTICOS

Tales 640 – 548 a.C

Anaximandro 610 – 547 a.C

Anaxímenes 588 – 524 a.C

Pitágoras 571 – 500 a.C

Xenófanes 570 – 460 a.C

Heráclito 535 - 475 a.C

Parmênides 530 – 515 a.C

Leucipo Séc. V a.C

Anaxágoras 499 - 428 a.C

Empédocles 483 – 430 a.C

Demócrito 460 – 370 a.C

ANTIGUIDADE CLÁSSICA

Górgias 483 – 376 a.C

Protágoras 481 – 420 a.C

Sócrates 469 – 399 a.C

Platão 427 – 347 a.C

Aristóteles 384 – 322 a.C

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PROGRAMAÇÃO TEMÁTICAMITO ANTIGO

Algumas perspectivas sobre o mito:

O mito como estrutura.

Genealogia fabulosa;

Narrado pelo poeta-rapsodo;

Mais de uma versão e mais de uma interpretação;

O mito continua presente

Prometheus (1774) – Wolfgang von Goethe

FILOSOFIA

Surgimento e Condições Históricas,

Etimologia,

Características,

Importância,

Campos de investigação. PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

Pré-socrático (séc. VII e VI a.C)

Socrático ou clássico (séc.V e IV a.C)

Pós-socrático (séc. III e II a.C.) PRÉ-SOCRÁTICOS

Primeiras perguntas,

Principais características,

Arché (conceito e referente) HERÁCLITO (535 – 475 a.C)

O Eterno Fluxo

A Guerra é Pai e Rei de Todas as Coisas

A Harmonia dos contrários PARMÊNIDES (530 -515 a.C)

A Imobilidade do Ser

Sócrates: Ironia e Maiêutica

A Imobilidade do Ser

Sócrates: Ironia e Maiêutica HERÁCLITO E PARMÊNIDES SOFISTAS: a arte de argumentar

O relativismo SÓCRATES

Biografia,

Método argumentativo: a ironia e a maiêutica,

Pressuposto: "Só sei que nada sei." PLATÃO (427 – 347 a.C)

Biografia,

Mito da Caverna: das aparências ao mundo das essências,

Teoria das ideias perfeitas,

Relação Corpo e Alma ARISTÓTELES (384-322 a.C.)

Biografia,

Rejeição do mundo das ideias,

Metafísica: surgimento, etimologia, sentido contemporâneo,

Teoria do Ato e Potência,

Substância, Essência e Acidente,

Teoria das ―Quatro Causas‖,

Primeiro Motor Imóvel

Ética: a justa medida.

Lógica: fundamentos, silogismos e validade.

Quadrado de oposições

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IDADE ANTIGA Do Mito ao Logos

Os mitos vistos enquanto maneiras fantasiosas de explicar a realidade seriam lendas, fábulas, crendices e, portanto, um tipo inferior de conhecimento, a ser superado por explicações mais racionais. Tanto é que, na linguagem comum, costuma-se identificar o mitoi à mentira.‖ (p.26) Os relatos míticos se sustentam na crença, na fé em forças superiores que protegem ou ameaçam, recompensam ou castigam.

―Como processo de compreensão da realidade, o mito não é lenda, pura fantasia, mas verdade. Quando pensamos em verdade, é comum nos referirmos à coerência lógica, garantida pelo rigor da argumentação e pela apresentação de provas. A verdade do mito, porém, resulta de uma intuição progressiva da realidade, cujas raízes se fundam na emoção e na afetividade. Nesse sentido, antes de interpretar o mundo de maneira argumentativa, o mito expressa o que desejamos ou tememos, como somos atraídos pelas coisas ou como delas nos afastamos. Alguns teóricos do mito:

Bronislaw Malinowski,

Claude Lévi-Strauss;

Ernst Cassirer,

Georges Gusdorf,

Roland Barthes,

Michel Foucault;

Sigmund Freud,

Carl Jung;

Mircea Eliade. Algumas perspectivas sobre o mito:

Para Sigmund Freud e Carl Jung o mito é revelador do sonho, da fantasia, dos desejos mais

profundos do ser humano. Por exemplo, ao analisar o mito de Édipo, Freud realça o amor e o ódio inconscientes que permeiam a relação familiar. E Jung se refere ao inconsciente coletivo ii, que seria encontrável nos grupos e nas pessoas em qualquer época ou lugar. (p.29)

O mito como estrutura. Lévi-Strauss pesquisou a estrutura básica que explica os mais diversos mitos, procedimento que valorizou mais o sistema do que os elementos que o compõem. Os elementos, por serem relativos, só tem valor de acordo com a posição que encontram na estrutura a que pertencem. Ou seja, um fato isolado ou um mito isolado não possuem significado em si.‖ (p.29) Enquanto outros teóricos interpretam os mitos pela sua funcionalidade e se baseiam nos elementos particulares, na pura subjetividade ou na história de um determinado povo, Lévi-Strauss buscou os elementos invariantes, que persistem sob diferenças superficiais. Para tanto, interessam-lhe os sistemas de relações de parentesco, filiação, comunicação lingüística, troca econômica etc. comuns a todas as sociedades. Por exemplo, uma regra universal é a proibição do incesto. Esse interdito tem o lado positivo de garantir a exogamia iii, ou seja, a união com pessoas de outro grupo.‖ (p.30). Segundo Lévi-Strauss, o mito não é, como se costuma dizer, o lugar da fantasia e do arbitrário, mas pode ser compreendido a partir de uma estrutura lógico-formal subjacente, pelo lugar que cada elemento ocupa em determinada estrutura. Assim ele explica:

Não pretendemos mostrar como os homens pensam nos mitos, mas como os mitos [através das estruturas] se pensam nos homens, e à sua revelia.iv

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O MITO GREGO

A filosofia é grega, por ter nascido nas colônias gregas no século VI a.C. E antes da filosofia era o pensamento mítico que ocupava a mente das pessoas. O mito é o modo de consciência que predomina nas sociedades tribais e que nas civilizações da Antiguidade ainda exerceu significativa influência. Ao contrário, porém, do que muitos supõem, o mito não desapareceu com o tempo. Está presente até hoje, permeando nossas esperanças e temores. (p.26)

Os mitos antigos são genealogias fabulosas, fundamentadas na imaginação, sobre a origem de algo real (o mundo ordenado (cosmologia), as técnicas, os instrumentos, os sentimentos, as paixões, as emoções, a noite...) a partir de forças geradoras divinas, que se aliam, se relacionam sexualmente ou lutam entre si.

O mito é narrado pelo poeta-rapsodo.

Os mitos em geral possuem muitas versões e há mais de uma interpretação possível para os mesmo.

A evolução histórica da Grécia Antiga conhece quatro períodos (Pré-Homérico, Homérico, Arcaico e Clássico). Nos dois primeiros, o mito ainda era preponderante na interpretação dos fatos históricos, sendo que no período Homérico ocorre a dissolução dos génos e a conseqüente formação das cidades-estado. Esta fase obscura da história da Grécia Antiga, que se estende do século XII ao VIII a C. é chamada de Período Homérico porque seu conhecimento é baseado na interpretação de lendas contidas em dois poemas épicos atribuídos a um suposto rapsodo cego da Ásia Menor chamado Homero. No primeiro poema chamado A Ilíada, Homero conta a Guerra de Tróia, mostrando sua tomada pelos gregos. O poema concentra-se na figura do herói Aquiles que se negou a combater os troianos devido a sua cólera contra Agamenon que lhe roubou a escrava Briseida. Somente com a morte do amigo Patroclo, Aquiles volta ao combate. Outro momento importante da obra descreve a tomada da cidade pelos gregos, que sem a liderança de Aquiles usaram da astúcia, e por conselho de Odisseu (Ulisses), construíram um grande cavalo de madeira e esconderam em seu interior os soldados mais valentes, que durante a noite saíram do cavalo e abriram as portas da cidade para seus companheiros destruírem Tróia. "A Odisséia", descreve o retorno do guerreiro Odisseu (Ulisses) ao seu reino na ilha grega de Ítaca. Curiosidades: Lilith é uma personagem da mitologia hebraica oral. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira mulher criada por Deus junto com Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, passando depois a ser descrita como um demônio.

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De acordo a interpretação da criação humana no Gênesis feita no Alfabeto de Ben-Sira, entre 600 e 1000 d.C, Lilite foi criada por Deus com a mesma matéria prima de Adão, porém ela recusava-se a "ficar sempre por baixo durante as suas relações sexuais". Na modernidade, isso levou a popularização da noção de que Lilite foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal e a primeira feminista. Sugestão de Filmes:

A Odisséia;

Tróia;

Os Trezentos Sugestão de Músicas:

Mulheres de Atenas – Chico Buarque;

Os 12 trabalhos de Hércules – Zé Ramalho;

Mulher nova, bonita e carinhosa – Zé Ramalho Faça o teste: Qual é o seu deus do Olimpo? Qual deus do Olimpo mais condiz com a sua

personalidade? Um deus poderoso e temível, apesar de assexuado? Uma serena provedora de abundância? Ou talvez o imprevisível senhor dos mares? Identifique qual dos deuses você louvaria. http://pandemicquiz.com/pt/q/answer/qual-e-o-seu-deus-do-olimpo#.VNAMs9LF-So

Prometheus (1774) Wolfgang von Goethe (1749-1832) Quando era menino e não sabia Pra onde havia de virar-me, Voltava os olhos desgarrados Para o sol, como se lá houvesse Ouvido pra o meu queixume, Coração como o meu Que se compadecesse da minha angústia. Quem me ajudou Contra a insolência dos Titãs? Quem me livrou da morte, Da escravidão? Pois não foste tu que tudo acabaste, Meu coração em fogo sagrado? E jovem e bom — enganado — Ardias ao Deus que lá no céu dormia Tuas graças de salvação?!

Encobre o teu céu, ó Zeus, Com vapores de nuvens, E, qual menino que decepa A flor dos cardos, Exercita-te em robles e cristas de montes; Mas a minha Terra Hás-de-ma deixar, E a minha cabana, que não construíste, E o meu lar, Cujo braseiro Me invejas. Eu venerar-te? E por quê? Suavizaste tu jamais as dores Do oprimido? Enxugaste jamais as lágrimas Do angustiado? Pois não me forjaram Homem O Tempo todo-poderoso E o Destino eterno, Meus senhores e teus?

Nada mais pobre conheço Sob o sol do que vós, ó Deuses! Mesquinhamente nutris De tributos de sacrifícios E hálitos de preces A vossa majestade; E morreríeis de fome, se não fossem Crianças e mendigos Loucos cheios de esperança. Pensavas tu talvez Que eu havia de odiar a Vida E fugir para os desertos, Lá porque nem todos Os sonhos em flor frutificaram? Pois aqui estou! Formo Homens À minha imagem, Uma estirpe que a mim se assemelhe: Para sofrer, para chorar, Para gozar e se alegrar, E pra não te respeitar, Como eu!

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EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01 Sobre o mito antigo, analise as seguintes proposições, e assinale a alternativa FALSA:

A) O mito, mesmo quando compreendido literalmente, é uma verdade sobre o mundo, já que a verdade é uma mera questão de decisão individual. B) O mito é uma cosmogonia, ou seja, uma narrativa fabulosa sobre a origem do mundo ordenado (sentimentos, paixões, emoções, técnicas, instrumentos), a partir da relação sexual, lutas e alianças entre forças geradoras divinas (sobrenaturais). C) O mito é narrado pelo poeta-rapsodo. D) Com o surgimento da Filosofia, a Mitologia foi criticada por alguns filósofos que viam os deuses e heróis como sendo fruto da imaginação do homem.

QUESTÃO 02

Analise os itens abaixo sobre o MITO e marque a alternativa única alternativa FALSA. A) O mito é um relato fabuloso, de caráter religioso, que diz respeito a uma história de deuses, heróis, semideuses e remonta a um tempo primitivo. B) Tanto o Mito quanto a Filosofia buscam fornecer aos homens explicações e respostas para os questionamentos acerca do mundo, o que muda são os critérios válidos para essa explicação. C) Os deuses gregos são entidades superiores da natureza que sempre se mantiveram serenos e amorosos. D) O mito é parte da história narrativa sobre a origem do homem e das coisas da natureza que falam de aspectos da condição humana, sendo portanto parte integrante da história dos povos ao longo dos séculos.

QUESTÃO 03

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A Caixa de Pandora - Ao homem imprudente e temeroso são atribuidos os males humanos

Sobre o Mito antigo, analise as afirmações abaixo e marque aquela a única INCORRETA: A) Dentro do contexto tribal, os mitos são de natureza sobrenatural, pois envolvem a concepção do sagrado e se tornam para as comunidades que os sustentam, um processo de compreensão da realidade que não é tido nem como lenda, nem como fantasia, mas como verdade. B) O conceito de mito envolve outro componente – o mistério – pois ele sempre é um enigma a ser decifrado. C) A filosofia representa uma ruptura radical e imediata em relação aos mitos, uma nova forma de pensamento plenamente racional desde suas origens até o momento presente. D) O mito é essencialmente uma narrativa que não se define apenas pelo tema ou objeto da narrativa, mas pelo seu modo de narrar que recorre ao mágico para descrever o mundo e o homem.

O QUE É FILOSOFIA?

Não há um consenso sobre a totalidade dos significados do termo ―filosofia‖, e a explicitação do que é filosofia já é uma questão filosófica, mas é possível encontrar algumas ideias mais recorrentes nas tentativas de definição do termo.

Etimologicamente, a palavra filosofia (philos-sophia) significa ―amor à sabedoria‖ ou ―amizade pelo saber‖. Pitágoras (séc. VI a.C), filósofo e matemático grego, teria sido o primeiro a usar o termo filósofo, por não se considerar um ―sábio‖ (sophos), mas apenas alguém que ama e procura a sabedoria. A filosofia é um modo e vida, um estado de espírito e uma atitude. É um estado de espírito disposto a estranhar e se surpreender com o óbvio. É uma atitude de pensar e refletir sobre o mundo, na sua totalidade, incluindo, portanto nossa própria vida, nos seus diversos aspectos: pensamentos, sentimentosv, sensaçõesvi, valores e ações...

Os campos clássicos da investigação filosófica são: lógica, metafísica, epistemologia, filosofia política, ética e estética. Existe também inúmeras aplicações da filosofia a áreas específicas do conhecimento: Veja alguns exemplos: filosofia da educação, filosofia da linguagem, filosofia do direito, filosofia da religião, filosofia de ―cada uma das ciências‖ (filosofia da matemática, da história, da biologia, da física etc) e assim por diante. As questões filosóficas abrangem uma grande gama de possibilidades e fazem parte do nosso dia-a-dia: Devo votar ou não votar? Se sim, em quem votar? Devo trocar de emprego? Devo

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preocupar com minha saúde? Qual o sentido da existência? Por que estamos neste mundo? Para que estamos neste mundo?... e assim por diante. Alguns problemas filosóficos podem permanecer abertos, sem que haja respostas unânimes, enquanto existir o filosofar.

O processo de reflexão filosófica ocorre por indagações e conclusões mais ou menos consistentes sobre o problema ou fenômeno em análise. Este processo de busca de compreensão tem como horizonte diversos objetivos, cada filósofo ou filósofa tem o seus, os mais comuns são a sabedoria, o bem-viver, a felicidade, a verdade....Sobre o significado destes termos também não há consenso. Todas as pessoas, na medida em que pensam sobre o mundo, em alguma medida filosofam. Caso desejem isto pode ser aprimorado. Pensar bem e com autonomia intelectual pode ser exercitado estudando o pensamento dos filósofos.

No filosofar, se delimita o problema, investiga, explicita e avalia os conceitos relacionados ao mesmo. Seja em qual for o campo, investigar filosoficamente o mundo é investigar os conceitos que utilizamos para compreender este mundo, tornando claros os seus fundamentos e pressupostos. Se avalia as certezas, as supostas soluções, e as hipóteses levantadas....e argumenta, concordando ou discordando total ou parcialmente das mesmas, complementando-as ou ainda apresenta a questão de um outro ponto de vista, que se acha mais adequado, até mesmo criando novos conceitos para esta nova abordagem.

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

A filosofia é uma ruptura com o mito, na medida em que inaugura uma nova maneira de explicar os conflitos e as tensões sociais.

O surgimento da consciência filosófica na Grécia do final do século VII a.C, se deve principalmente à conjunção de fatores históricos, como navegações, o aparecimento da escrita alfabética, do calendário, a formação da pólis, o contato entre os povos antigos, a herança recebida de outras civilizações, a experiência de um discurso (logos) público pautado pelo diálogo.

A filosofia está intimamente ligada à cosmologia, tentando oferecer uma explicação racional para a origem e a ordem do mundo.

Por que se filosofa? A filosofia é uma atividade que tem como origem, para Platão, a admiração, o espanto.

Através da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política e arte.

Tanto o mito como a filosofia buscam responder a questões que incomodam o homem. O homem sempre desejou afugentar a insegurança, os temores e a angústia diante do desconhecido, do perigo e da morte.

CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA O significado da palavra Filosofia (philos-sophia), com base em sua etimologia é amor à

sabedoria. Mas a filosofia não pode ser definida por uma simples frase.

O Filósofo procura a sabedoria. Sabedoria [Sophia] é a ciência sobre os princípios e as causas.

A Filosofia desencoraja as crenças dogmáticas e busca, em suas explicações, coerência, universalidade, logicidade, racionalidade e verdade.

Leitura Complementar: Leia mais em: ARANHA, Maria Lucia Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. Introdução à filosofia. volume único.4ª edição. S.P: - Moderna.2009. Cap. 2. A consciência mítica (p.25-34) e Cap. 3. O nascimento da filosofia (p.36-42).

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Sugestão de filme: Waking Life – Despertando para a Vida (2001) – Disponível em: http://www.disclose.tv/action/viewvideo/146645/Waking_Life__Despertando_Para_a_Vida__2001/

Um pouco de diversão: Filosofighters "A vida é um grande combate", dizia o mestre Platão na antiguidade. Desde sua origem, a Filosofia estuda os problemas fundamentais da mente. Teorias foram aclamadas, demolidas e reerguidas por textos apaixonados (e muitas vezes cruéis) saídos das mentes mais brilhantes da humanidade. Nove desses grandes pensadores - de diferentes continentes e escolas - foram convocadas para uma batalha de ideias. Você está pronto para a porrada? http://super.abril.com.br/mul.../filosofighters-631063.shtml

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

A respeito do surgimento da consciência filosófica na Grécia do final do século VII a.C marque a alternativa ERRADA: A) Se deve principalmente à conjunção de fatores históricos, como navegações, a escrita alfabética, o calendário, a formação das cidades (as pólis). B) Constitui um milagre grego, um acontecimento extraordinário que não pode ser nem explicado, nem compreendido por ninguém. C) A filosofia está intimamente ligada à cosmologia, tentando oferecer uma explicação racional e verdadeira para a origem e a ordem do mundo. D) A filosofia inaugurou uma nova maneira de explicar os conflitos e as tensões sociais.

QUESTÃO 02

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Sobre a Filosofia e seu surgimento é correto afirmar, EXCETO: (A) Com o surgimento da Filosofia, a Mitologia foi bastante criticada pelos pensadores (filósofos) que viam os deuses e heróis como sendo fruto da imaginação do homem. Assim sendo a Filosofia é uma superação da Mitologia quando passa a explicar o sentido da vida através do Logos (Razão), do discurso racional rigoroso. (B) Os filósofos a partir das explicações filosóficas tentaram provar que as explicações mitológicas também eram confiáveis. (C) Os homens procuravam formular seus questionamentos filosóficos sem ter de recorrer aos Mitos e passaram a construir um pensamento baseado na experiência e na razão. (D) Os povos antigos explicavam a origem do mundo e do homem como criação dos deuses.

QUESTÃO 03 Sobre a Filosofia, assinale a alternativa ERRADA.

A) A palavra Filosofia vem do grego philosophia, philein, amor, e sophia , saber, sabedoria.O significado da palavra Filosofia, com base em sua etimologia, é amor à sabedoria. E sabedoria é uma ciência sobre os princípios e causas. Mas sabemos que 2500 anos de diversificada produção filosófica não pode ser resumida numa simples definição etimológica. B) A Grécia é matriz cultural do ocidente, pois desenvolveu um novo modo de pensar e agir diante do mundo, por isso é chamada o berço da Filosofia. Através da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, ciência, ética, política e arte. C) O papel da Filosofia é estimular nossa fé nos livros sagrados, que foram todos revelados por Deus, consolidando em nós uma atitude dogmática e fundamentalista diante da vida e do mundo. D) A filosofia tende à reflexão, à racionalidade, à coerência e ao rigor, isto é, o Logos (a razão) com seus princípios e regras, é o critério de explicação do mundo.

QUESTÃO 04

Dentre as alternativas abaixo, assinale a que contém alguma afirmação INCORRETA. A) Senso Comum e Filosofia têm significados diferentes, pois o primeiro baseia-se nas experiências do dia-a-dia, enquanto a segunda busca uma fundamentação mais rigorosa para suas explicações de mundo. B) A filosofia é uma atividade que tem como origem, para Platão, a admiração.

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C) A filosofia procura a verdade por meio das capacidades humanas, no uso da razão e pelo amor à sabedoria. D) A filosofia deseja oferecer uma explicação conclusiva sobre as coisas e, para consegui-la, se serve do apelo emocional.

QUESTÃO 05

Para que serve a filosofia?

A) A filosofia nos serve para não aceitarmos como óbvias as ideias, as verdades, os fatos, os valores e comportamentos sem antes investigar e compreender. B) A filosofia nos serve para não aceitarmos de imediato as coisas sem maiores considerações. C) A filosofia nos serve para perguntarmos: O que somos? Por que somos? Como somos? De onde viemos? Para onde vamos? D) A filosofia nos serve para dominar o mundo e obter rapidamente fama, grana, sexo e poder.

QUESTÃO 06

São campos de investigação filosófica, EXCETO: A) Teoria do conhecimento: campo de investigação filosófica que abarca as questões sobre o conhecer. B) Estética: a parte da filosofia que discute sobre a beleza e os juízos de gosto.

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C) Ética: a parte da filosofia que nos auxilia a responder a pergunta: "como viver?". Lida com valores de bem e de mal, de bom e de mau, de certo e de errado, de justo e de injusto. D) Cinética: é a parte da filosofia que estuda a velocidade das reações e processos e os fatores que as influenciam.

QUESTÃO 07

Sobre a Filosofia, marque a alternativa FALSA: A) Desde Tales de Mileto, passando por Heráclito, Descartes e chegando aos ambientalistas de hoje, as explicações sobre o Cosmos (Natureza) são dadas por argumentos, razões plausíveis para que o processo desencadeado pela Physis se comporte de determinada maneira e continue permitindo-nos viver aqui. B) Na história da filosofia, os argumentos são confrontados por outros argumentos e, progressivamente, as concepções tornam-se cada vez mais elaboradas. Desta forma, por conta desse movimento o pensamento filosófico aproxima-se do pensamento mítico. C) A filosofia apresenta uma visão de mundo com base racional e científica que pode ser repensada por meio de argumentação que está sempre sendo revista. D) A Filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A Filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo.

QUESTÕES ABERTAS

01) O que significa a palavra filosofia? (etimologia da palavra). Explique. 02) Para que serve a filosofia? 03) Comente a seguinte afirmação ―A filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos em contraste com os mitos‖. Procure estabelecer o sentido de logos e de mito. 04) O que é cosmologia? Explique. 05) Qual foi a importância da pólis (cidade-estado) para o nascimento da filosofia? 06) Comente a seguinte afirmação ―A filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos em contraste com os mitos‖. Procure estabelecer o sentido de logos e de mito. 07) (UFMG) Leia este trecho

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―[...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e não à razão da força.‖ (Fernando Savater. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p.2.) Com base na leitura desse trecho e em outros conhecimentos sobre o assunto, redija um texto destacando duas características da atitude filosófica.

08) Quais foram as condições históricas que possibilitaram o nascimento da filosofia?

PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA Pré-socrático (séc. VII e VI a.C). Os primeiros filósofos ocupavam-se com questões cosmológicas, iniciando a separação entre a filosofia e o pensamento mítico. Socrático ou clássico (séc.V e IV a.C). Ênfase nas questões antropológicas e maior

sistematização do pensamento. Desse período fazem parte os sofistas, o próprio Sócrates, seu discípulo Platão e Aristóteles, discípulo de Platão. Pós-socrático (séc. III e II a.C.) Durante o helenismo, preponderou o interesse pela física e pela

ética. Surgiram as correntes filosóficas do estoicismo (Zenão de Cítio), do hedonismo (Epicuro) e do ceticismo (Pirro de Élida).

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PRÉ-SOCRÁTICOS

Os pré-socráticos são considerados os primeiros filósofos e viveram por volta dos séculos VII e VI a.C.

A filosofia começou não na Grécia continental, mas nas colônias da Jônia e da Magna Grécia (sul da atual Itália), onde florescia o comércio.

Filósofos gregos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. Suas teses constituem buscas para conhecer o mundo, o cosmo.

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Tales de Mileto (astrônomo e matemático) é considerado o primeiro pensador grego, por isso é considerado o pai da filosofia.

Pitágoras foi o que pela primeira vez usou a palavra filosofia.

O mito explica o mundo como criação dos deuses, ou seja, com uma cosmogonia, já para os primeiros filósofos o mundo é incriado e há uma racionalidade constitutiva do mesmo, daí objetivarem explicar racionalmente a natureza da realidade física (Filosofia da natureza), daí a elaboração de diversas cosmologias (estudo do universo).

A perguntarem como diante da mudança encontramos a estabilidade e como diante do múltiplo, descobrimos o uno, os pré-socráticos buscam o princípio (em grego, a arkhé) de todas as coisas, entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento do ser. Buscar a arkhé é explicar qual é o elemento ou princípio (fundamento) constitutivo de todas as coisas. A unidade que pode explicar a multiplicidade.

Apenas com Sócrates (469-399 a.C) começa as preocupações éticas e, portanto o período socrático é chamado de antropológico.

A maior parte dos escritos desapareceram. Só nos resta fragmentos e referências de filósofos posteriores.

Em geral escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopéias, dos relatos míticos.

FILÓSOFO CIDADE REGIÃO

DATA ARCHÉ

Tales Mileto Jônia 640 a.C – 548 a.C Água

Anaximandro Mileto Jônia 610 a.C – 547 a.C Matéria indeterminada, ilimitada, Ápeiron

Anaxímenesvii Mileto Jônia 588 a.C – 524 a.C Ar1

Leucipoviii Séc. V a.C Átomos

Pitágoras 571 a.C – 500 a.C Número

Xenófanes Cólofon 570 a.C – 460 a.C Terra

Heráclito Éfeso 535 a.C - 475 a.C Fogo (desacordo, o devir)

Anaxágoras Clazômena

499 aaa.C - 428 a.C Homeomerias (sementes), ordenas

pela Inteligência cósmica (Nous, em grego)

Empédocles 483 – 430 a.C Terra, água, ar, fogo

Demócrito 460 a.C – 370 a.C Átomos (materialista e determinista)

Parmênides 530 – 515 a.C Ser

Leitura Complementar:

Ler da página 39 a 41 do livro Filosofando. Sugestão de filme: Donald no País da Matemágica

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EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia à cosmologia. Aqui destaca-se os pré-socráticos que tem como abordagem cosmológica:

A) O princípio (arché) fundamento de todas as coisas está embasado na cosmogonia, os pré-socráticos, procuraram uma razão filosófica para sustentar as concepções míticas. B) Os pré-socráticos, considerado os primeiros filósofos, têm uma preocupação com uma filosofia antropológica, por isso buscam os princípios éticos e morais da sociedade. C) Heráclito, Parmênides, Empédocles estes chamados de pré-socráticos, buscam a arché — princípio constitutivo de todas as coisas — dentro de princípios teóricos, mas com a preocupação de não obscurecer as concepções míticas existentes. D) A arché, princípio teórico enquanto fundamento de todas as coisas. O pensamento desse momento se caracteriza pela preocupação com a natureza do mundo exterior, o que podemos denominar de uma filosofia da natureza.

QUESTÃO 02

Dentre as alternativas abaixo, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Os filósofos pré-socráticos se preocuparam em encontrar explicações racionais para a realidade física. B) Tanto o mito como a filosofia buscam responder a questões que incomodam o homem. C) O nascimento da filosofia está intimamente relacionado com o domínio D) A filosofia é uma atividade que tem como origem, para Platão, a admiração.

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QUESTÃO 03 Os filósofos da natureza, a partir da explicação filosófica, tentaram provar que as explicações mitológicas não poderiam ser confiáveis, queria significar com a palavra Filosofia:

A) O conhecimento crítico das coisas. O amor pelo saber, e, particularmente, pela investigação das causas e dos efeitos. B) A adoração aos seres de inteligência superior. C) O amor pela mitologia grega. D) O amor por tudo que desperta o desejo.

QUESTÃO 04

Sobre o início da filosofia, marque a alternativa ERRADA:

A) Os pré-socráticos são considerados os primeiros filósofos e viveram por volta dos séculos I e II D.C. B) A filosofia começou não na Grécia continental, mas nas colônias da Jônia e da Magna Grécia (sul da atual Itália), onde florescia o comércio. C) Tales de Mileto (astrônomo e matemático) é considerado o primeiro pensador grego, por isso é considerado o pai da filosofia. D) Pitágoras foi o que pela primeira vez usou a palavra filosofia.

QUESTÃO 05

Sobre o início da filosofia e os filósofos pré-socráticos, marque a alternativa ERRADA:

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A) O mito explica o mundo como criação dos deuses, ou seja, com uma cosmogonia, já para os primeiros filósofos o mundo é incriado e há uma racionalidade constitutiva do mesmo, daí objetivarem explicar racionalmente a natureza da realidade física (Filosofia da natureza), daí a elaboração de diversas cosmologias (estudo do universo). B) Ao perguntarem como diante da mudança encontramos a estabilidade e como diante do múltiplo descobrimos o uno, os pré-socráticos buscam o princípio (em grego, a arkhé) de todas as coisas, entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento do ser. Buscar a arkhé é explicar qual é o elemento (princípio, fundamento) constitutivo de todas as coisas. A unidade que pode explicar a multiplicidade. C) Apenas com Sócrates (469-399 a.C) começa as preocupações éticas e, portanto o período socrático é chamado de antropológico. D) Em geral escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopéias, dos relatos míticos. Todos os seus escritos, milhares de volumes, foram preservados e se encontram digitalizados e à disposição do público na rede mundial de computadores.

QUESTÃO 06

Sobre a Arché proposta por cada filósofo Pré-Socrático, marque a alternativa CORRETA:

I. Para Tales de Mileto era a água; II. Para Anaximandro de Mileto era a matéria indeterminada e ilimitada chamada apeíron ou éter; III. Para Anímenes era o ar; IV. Para Demócrito e Leucipo era os átomos;

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V. Para Pitágoras era os números; VI. Para Xenófanes era a terra VII. Para Heráclito era o fogo, o desacordo, o devir... VIII. Para Anaxágoras era as homeomerias (sementes cósmicas) ordenadas pela inteligência cósmica

(nous). IX. Para Empédocles era os quatro elementos: terra, fogo, ar e água;

A) Apenas afirmações I, III e VII estão corretas B) Apenas as afirmações I, VI e IX estão corretas. C) Todas as afirmações estão corretas D) Nenhuma das afirmações estão corretas

QUESTÕES ABERTAS 01) O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia à cosmologia. Aqui destaca-se os pré-socráticos que tem como abordagem cosmológica, a arché, princípio teórico enquanto fundamento de todas as coisas. Qual a principal preocupação do pensamente desse momento? 02) O que diferencia as explicações de mundo dos filósofos pré-socráticos das explicações míticas?

03) Os filósofos da natureza, a partir da explicação filosófica, tentaram provar que as explicações

mitológicas não poderiam ser confiáveis. O que queriam significar com a palavra Filosofia? 04) Os pré-socráticos são considerados os primeiros filósofos. A filosofia começou não na Grécia

continental, mas nas colônias da Jônia e da Magna Grécia (sul da atual Itália), onde florescia o comércio. Quem foi considerado o primeiro pensador grego? 05) Qual foi o pré-socrático que pela primeira vez usou a palavra filosofia?

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HERÁCLITO

Heráclito (535 – 475 a.C) nasceu em Éfeso, na Jônia. Sua doutrina, criticada pela filosofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética (totalidade, mediação, contradição). Sendo Heráclito o primeiro grande representante deste pensamento. Estudioso da natureza e preocupado com a arché, como todo pré-socrático. Sobre sua filosofia podemos afirmar:

I. Para o filósofo o Mundo (o ser, o universo) é : incriado (nenhum dos deuses ou dos homens o fez), eterno (sempre foi e sempre será, constante), móvel (oscilante, pulsante, se acende com medida e se apaga com medida), regido pelo Logos e igual para todos.

II. Tudo flui (Panta Rei). Sua escola é chamada mobilista. O mundo, todas as coias, a realidade, a vida é dinâmica, é movimento, está em transformação, em mudança constantemente, pela eternidade, permanentemente. ―Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio‖. Do arco o nome é vida e a obra é morte. Não há uma identidade do ser. O ser não é mais que o vir-a-ser, o devir. Tudo que é fixo é uma ilusão.

III. A Luta dos Contrários é o princípio de todas as coisas e produz a Mobilidade e a Harmonia da realidade. Todas as coisas estão em oposição umas com as outras. ―A guerra é o pai de todos‖.

IV. O Fogo é a substância que dá origem a todos os seres e ao próprio Universo. É também uma imagem e uma metáfora que representa a Luta dos Contrários, o desacordo, o Devir, o Logos, a lei unitária sob o qual as coisas nascem e morrem, aparecem e desaparecem.

V. O cosmo é harmônico, uma harmonia dos contrários, que advém da permanente tensão e conciliação dos opostos. Como as tensões do arco e das cordas de uma lira, geram uma unidade. Tal unidade expressa a harmonia segundo a qual o kosmos é ordenado num equilíbrio dinâmico de sucessão de opostos, movimento contínuo e pluralidade, cujo Logos é Um. ―Não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira‖. Fr. 51, Os Pré-Socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.84. (Col. Os Pensadores)

Segundo Heráclito alguns homens não conseguem compreender a verdadeira natureza da realidade:

I. São desatentos: alguns homens ignoram o que fazem quando acordados. II. Esquecem o que fazem quando dormem. III. Seus sentidos são deseducados: As sensações são falíveis, contudo educáveis. ―Más

testemunhas para os homens são os olhos e ouvidos, se almas bárbaras eles tem.‖ IV. Inexperientes. Sem experiência não compreendem, nem antes, nem depois que ouvem o

logos.

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V. Ignoram que ignoram. A si próprios lhes parece que conhecem e percebem. (DK 22 B 17).

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Heráclito nasceu em Éfeso, na Jônia, e viveu entre os séculos VI e V a.C. Sua doutrina, criticada

pela filosofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética. Sendo Heráclito o primeiro grande representante deste pensamento. Estudioso da

natureza e preocupado com a arché, como todo pré-socrático. Sobre sua filosofia podemos afirmar: VI. Para o filósofo o Mundo (o ser, o universo) é : incriado (nenhum dos deuses ou dos homens o fez),

eterno (sempre foi e sempre será, constante), móvel, oscilante (pulsante, se acende com medida e se apaga com medida), regido pelo Logos e igual para todos.

VII. Tudo flui (Panta Rei). Sua escola é chamada mobilista. O mundo, todas as coias, a realidade, a vida é dinâmica, é movimento, está em transformação, em mudança constantemente, pela eternidade, permanentemente. ―Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio‖. Do arco o nome é vida e a obra é morte. Não há uma identidade do ser. O ser não é mais que o vir-a-ser, o devir. Tudo que é fixo é uma ilusão.

VIII. A Luta dos Contrários é o princípio de todas as coisas e produz a Mobilidade e a Harmonia da realidade. Todas as coisas estão em oposição umas com as outras. ―A guerra é o pai de todos‖.

IX. O Fogo é a substância que dá origem a todos os seres e ao próprio Universo. É também uma imagem e uma metáfora que representa a Luta dos Contrários, o desacordo, o Devir, o Logos, a lei unitária sob o qual as coisas nascem e morrem, aparecem e desaparecem.

X. O cosmo é harmônico, uma harmonia dos contrários, que advém da permanente tensão e conciliação dos opostos. Como as tensões do arco e das cordas de uma lira, geram uma unidade. Tal unidade expressa a harmonia segundo a qual o kosmos é ordenado num equilíbrio dinâmico de sucessão de opostos, movimento contínuo e pluralidade, cujo Logos é Um. ―Não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira‖. Fr. 51, Os Pré-Socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.84. (Col. Os Pensadores)

A) Apenas I, II e IV estão corretas

B) Apenas I, III e V estão corretas C) Apenas II, III e IV estão corretas D) Todas estão corretas

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QUESTÃO 02

Segundo Heráclito alguns homens não conseguem compreender a verdadeira natureza da realidade, pois:

VI. São desatentos: alguns homens ignoram o que fazem quando acordados. VII. Esquecem o que fazem quando dormem.

VIII. Seus sentidos são deseducados: As sensações são falíveis contudo educáveis. ―Más testemunhas para os homens são os olhos e ouvidos, se almas bárbaras eles tem.‖

IX. Inexperientes. Sem experiência não compreendem, nem antes, nem depois que ouvem o logos. X. Ignoram que ignoram. A si próprios lhes parece que conhecem e percebem. (DK 22 B 17).

A) Apenas I, II e IV estão corretas B) Apenas I, III e V estão corretas C) Apenas II, III e IV estão corretas D) Todas estão corretas

QUESTÃO ABERTA 01 - ―Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. (...) Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio‖. (Heráclito. Pré-socráticos. Col. Os Pensadores. Abril Cultural, 1978). A partir do fragmento acima, estabeleça a concepção do ser de Heráclito.

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PARMÊNIDES (530 a.C – 460 a.C)

Parmênides de Eléia, nasceu no sul da Magna Grécia (sul da atual Itália), filósofo pré-socrático, fundador da metafísica, e autor do poema ―Sobre a Natureza‖.

Parmênides de Eléia se concentrou no confronto entre o conhecimento racional e o conhecimento sensível. Ele rejeita a experiência como fonte da verdade. O ser não pode ser percebido pelos sentidos. As percepções sensíveis são feitas apenas de aparências e ilusões. Para o filósofo existe somente uma via para a compreensão e conhecimento da realidade que é o caminho da razão, do pensamento, da essência ou da Filosofia. O ser é imóvel, imutável, eterno e UNO e sempre idêntico a si mesmo. Só o mundo inteligível é verdadeiro e está submetido aos princípios que mais tarde Aristóteles chamou de identidade e de não contradição. Sua formulação se da por meio da seguinte tese defendida pelos Eleatas sobre o ser: "o ser não pode não-ser, o não-ser não pode ser e o devir não existe". Apenas o ser é e pode ser dito e pensando. O ser e o pensar é o mesmo. O não-ser de modo algum é, nem mesmo pensado. E é absurdo uma coisa ser e não ser ao mesmo tempo. Os opostos não podem coexistir ou alternar-se um ao outro.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Sobre Parmênides de Eléia, sul da Magna Grécia (530 a.C – 460 a.C), filósofo pré-socrático, fundador da metafísica, e autor do poema ―Sobre a Natureza‖ podemos afirmar que , EXCETO:

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A) Parmênides de Eléia se concentrou no confronto entre o conhecimento racional e o conhecimento sensível. Ele rejeita a experiência como fonte da verdade. O ser não pode ser percebido pelos sentidos. As percepções sensíveis são feitas apenas de aparências e ilusões. B) Para o filósofo existe somente uma via para a compreensão e conhecimento da realidade que é o caminho da razão, do pensamento, da essência ou da Filosofia. C) O ser é imóvel, imutável, eterno e múltiplo e sempre idêntico a si mesmo. D) Só o mundo inteligível é verdadeiro e está submetido aos princípios que mais tarde Aristóteles chamou de identidade e de não contradição. Sua formulação se da por meio da seguinte tese defendida pelos Eleatas sobre o ser: "o ser não pode não-ser, o não-ser não pode ser e o devir não existe". Apenas o ser é e pode ser dito e pensando. O ser e o pensar é o mesmo. O não-ser de modo algum é, nem mesmo pensado. E é absurdo uma coisa ser e não ser ao mesmo tempo. Os opostos não podem coexistir ou alternar-se um ao outro.

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HERÁCLITO E PARMÊNIDES

A teoria de Parmênides e Heráclito possuem fundamentos opostos no que diz respeito a concepção de Ser. A tese sobre a realidade ou o Ser de Heráclito pode ser expressa, em síntese, da seguinte maneira: ―O ser é devir‖. Já a tese de Parmênides se resumiria assim: ―O ser é (existe) e o não ser, não é (não existe)‖. Heráclito de Éfeso compreendia a realidade como fluxo ou devir permanente e eterno, concebe toda a physis como um fluxo incessante e como multiplicidade e Parmênides de Eléia defendia que a realidade é aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo e imutável. Embora a concepção do Ser ou da realidade seja para Heráclito e Parmênides bastante distinta e até mesmo oposta, é necessário reconhecer que, tanto para um quanto para outro, os sentidos e o senso comum não alcançam o verdadeiro conhecimento, mas engendram apenas a opinião (doxa). Para ambos, apenas o pensamento (logos) pode conhecer a verdade.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01 Sobre a filosofia de Heráclito e Parmênides podemos afirmar, EXCETO:

A) A teoria de Parmênides e Heráclito tem o mesmo fundamento, falam sobre o eterno movimento. B) A tese sobre a realidade ou o Ser de Heráclito pode ser expressa, em síntese, da seguinte maneira: ―O ser é devir‖. Já a tese de Parmênides se resumiria assim: ―O ser é (existe) e o não ser, não é (não existe)‖. C) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em desacordo quanto a mutabilidade ou não do ser. Heráclito de Éfeso compreendia a realidade como fluxo ou devir permanente e eterno, concebe toda a physis como um fluxo incessante e como multiplicidade e Parmênides de Eléia defendia que a realidade é aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo e imutável.

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D) Embora a concepção do Ser ou da realidade seja para Heráclito e Parmênides bastante distinta e até mesmo oposta, é necessário reconhecer que, tanto para um quanto para outro, os sentidos e o senso comum não alcançam o verdadeiro conhecimento, mas engendram apenas a opinião (doxa). Para ambos, apenas o pensamento (logos) pode conhecer a verdade.

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PERÍODO ANTROPOLÓGICO, SOCRÁTICO OU CLÁSSICO (V e IV a.C)

Os pensadores desse período, embora ainda discutissem questões cosmológicas, ampliaram os questionamentos para a antropologia, a moral e a política. O centro cultural deslocou-se das colônias para a cidade de Atenas.

OS SOFISTAS: A ARTE DE ARGUMENTAR

Sofistas. Do grego sophós, ―sábio‖, ou melhor, ―professor de sabedoria‖.

Alguns sofistas são interlocutores de Sócrates: Protágoras, de Abdera (485-411 a.C) (O homem é a medida de todas as coisas.); Górgias, de Leôncio, na Sicília (485-380 a.C); Híppias de Élis Trasímaco, Pródico e Hipódamos

Tal como ocorreu com os pré-socráticos, dos sofistas só nos restam fragmentos de suas obras, reunidas nas doxografias.

Ocupam-se de um ensino intinerante.

Cobravam pelas aulas. (Sócrates os acusavam de ―prostituição‖).

Contribuiram para a sistematização do ensino. Currículo: gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia e música.

Elaboraram o ideal teórico da democracia, valorizada pelos comerciantes em ascensão e desvalorizada pela aristocracia rural. (Nem Sócrates, nem Platão tinham simpatia pela democracia, por causa do risco da demagogia.)

Após o período pré-socrático seguiu-se uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações políticas o homem com a sociedade. Essa nova fase foi marcada no início, pelos sofistas;

Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembléias democráticas, assim, as lições dos sofistas tinham o como objetivo o desenvolvimento da argumentação, da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes;

Essas características dos ensinamentos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativista sobre as coisas;

Hegel reabilitou os sofistas no século XIX. Desde então o período iniciado pelos sofistas passou a ser denominado Aufklärung grega, imitando a expressão alemã que designa o Iluminismo europeu do século XVIII.

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EXERCÍCIOS QUESTÃO 01

A denominação e o significado atual da palavra ―sofista‖ já está carregada de um forte preconceito histórico e um grande acento ideológico. Foram estes apresentados pela filosofia tradicional como ―vilões‖, demagogos, perversos, imputando-lhes uma culpa eterna pela morte de Sócrates. Assinale a única alternativa INCORRETA: A) Formaram uma grande escola e uma proeminente tradição na ―pólis‖ ateniense, tendo como dois grandes precursores da escola, Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini; B) Estes filósofos faziam-se chamar de sábios e iniciaram uma nova sistemática nos seus encargos de ensinar: faziam-se pagar pelos seus discípulos; C) Para eles a educação deve ser dirigida somente aos políticos, pois necessitam de retórica decidida, raciocínio firme e claro, manejo hábil no pensar e no falar em público; D) Para Protágoras ―o homem é a medida de todas as coisas‖ e ensinar é a arte de persuadir, em todas as suas formas. QUESTÃO ABERTA

01) O que eram os Sofistas? O que eles ensinavam?

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HELENISMO Com o Helenismo, surge um novo período na filosofia, a ―filosofia helenística‖(cujo início é tradicionalmente associado à morte de Alexandre, em 323 a.C., prolongando-se até o surgimento de Plotino, no século III da nossa era). Designa-se por ―período helenístico‖ (do grego, hellenizein– "falar grego", "viver como os gregos") o período da história da Grécia de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 146 a.C. Caracterizou-se pela difusão da civilização grega numa vasta área que se estendia do mar Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, o helenismo foi a concretização de um ideal de Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava. Foi naquele período que as ciênciasparticulares tiveram seu primeiro e grande desenvolvimento. As principais escolas filosóficas deste período são:

Estoicismo

Epicurismo

Ceticismo

Cinismo É nesse período do pensamento ocidental que a filosofia se expande da Grécia para outros centros como Roma e Alexandria.

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SÓCRATES (469/470 – 399 a.C)

―Enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei de filosofar, de vos advertir, de ensinar em toda ocasião àquele de vós que eu encontrar, dizendo-lhe o que costumo: ‗Meu caro, tu, um ateniense, da cidade mais importante e mais reputada por sua sabedoria, não te importares nem pensares na razão, na verdade e em melhorar tua alma?‘ E se algum de vós responder que se importa, não irei embora, mas hei de o interrogar, examinar e refutar e, se me parecer que afirma ter adquirido a virtude sem a ter, hei de repreendê-lo por estimar menos o que vale mais e mais o que vale menos .‖ PLATÃO. Apologia de Sócrates, 29 d-e.

BIOGRAFIA: Tanto quanto os sofistas, Sócrates se concentrou na problemática do homem. Embora

tenha sido em sua época, confundido com os sofistas, (O comediógrafo Aristófanes o ridicularizava incluindo-o entre os sofistas), Sócrates travou uma polêmica profunda com eles, pois procurava um fundamento último para as interrogações humanas (O que é o bem?, O que é a virtude?, O que é a justiça?, etc.); Sócrates procurava compreender o que é a essência do homem. Ele dizia que a essência é a alma do homem, entendendo alma aqui como a razão, o nosso eu consciente. ―Sócrates nasceu e viveu em Atenas, Grécia. Filho de um escultor e de uma parteira, Sócrates conhecia a doutrina dos filósofos que o antecederam e de seus contemporâneos. Discutia em praça pública sem nada cobrar. Não deixou livros, por isso conhecemos suas ideias por meio de seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte. Acusado de corromper a mocidade e negar os deuses oficiais da cidade, foi condenado à morte. Esses acontecimentos finais são relatados no diálogo de Platão, Defesa de Sócrates. Em outra obra, Fédon, Sócrates discute com os discípulos sobre a imortalidade da alma, enquanto aguarda o momento de beber a cicuta. Na maioria dos diálogos platônicos, Sócrates é o protagonista.‖ (p.21) MÉTODO SOCRÁTICO: A IRONIA E A MAIÊUTICA.

Sócrates enfrentou o relativismo moral com um método simples: é preciso conhecer para se poder falar. Ironia: Com isso, Sócrates criou um método que muitos confundem ainda hoje apenas com uma figura de linguagem. A ironia socrática era, antes de tudo, o método de perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. No sentido comum, usamos a ironia para dizer algo e expressar exatamente o contrário. Por exemplo: afirmamos que alguma coisa é bonita, mas na verdade insinuamos que é muito feia. Diferentemente, para Sócrates, a ironia consiste em perguntar, simulando não saber. Desse modo, o interlocutor expões sua opinião, à qual Sócrates contrapõe argumentos. Ao fazer perguntas, comentando as respostas, refutando e

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voltando a perguntar, Sócrates caminha com o interlocutor para encontrar a definição da coisa procurada levando-o à consciência de que seu saber era baseado em reflexões, cujo conteúdo era repleto de conceitos vagos e imprecisos, preconceitos recebidos, imagens sensoriais percebidas ou opiniões subjetivas e não definição buscada, tendo, portanto um caráter purificador, à medida que levava o interlocutor a confessar suas próprias contradições e ignorâncias, a perceber a ilusão do conhecimento, a abandonar os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias que coordenavam um modo de ver e agir e passasse a pensar, a refletir por si mesmo. Esse exercício era o que ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de parturejar. Maiêutica: A maiêutica centra-se na investigação dos conceitos. Para tanto, Sócrates faz novas

perguntas para que seu interlocutor possa refletir. Portanto não ensina, mas o interlocutor descobre o que já sabia. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia parto de corpos, ele ajudava a trazer à luz ideias. Sócrates julgava ser destinado a não produzir um conhecimento, mas a parturejar as ideias provindas dos seus interlocutores. Significa que ele, Sócrates, não tinha nenhum saber pronto e acabado, apenas sabia perguntar mostrando as contradições de seus interlocutores, levando-os a produzirem um juízo segundo uma reflexão e não mais a tradição, os costumes, as opiniões alheias, etc. E quando o juízo era exprimido, cabia a Sócrates somente verificar se era um discurso verdadeiro, correto ou se tratava de uma ideia que deveria ser abortada (discurso falso, errôneo). Assim, ironia e maiêutica, constituíam, por excelência, as principais formas de atuação do método dialético de Sócrates, desfazendo equívocos que permitiam a introspecção e a reflexão interna, proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no lógos ou razão. O interessante nesse método é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão definitiva (diálogos aporéticos, sem passagem) mas ainda assim trazem o benefício de cada um abandonar a sua Doxa, termo grego que designa a opinião, um conhecimento impreciso e sem fundamento. (p.21) PRESSUPOSTO: “SÓ SEI QUE NADA SEI”. Sócrates conversava com todos a partir do pressuposto: ―Só sei que nada sei‖. Por este princípio inicia a interrogação e o questionamento de tudo que parece óbvio. Em certa passagem de a Defesa de Sócrates, na qual se refere às calúnias de que foi vítima, o próprio filósofo lembra quando esteve em Delfos, local em que as pessoas consultavam o oráculo ix no templo de Apolo para saber sobre assuntos religiosos, políticos ou ainda sobre o futuro. Lá quando o seu amigo Querofonte consultou Pítia indagando se havia alguém mais sábio do que seu mestre Sócrates, ouviu uma resposta negativa. Surpreendido com a resposta do oráculo, Sócrates resolveu investigar por si próprio quem se dizia sábio. Sua fala é assim relatada por Platão: Fui ter com um dos que passam por sábios, porquanto, se havia lugar, era ali que, para rebater o oráculo, mostraria ao deus: ―Eis aqui um mais sábio que eu, quanto tu disseste que eu o era!‖. Submeti a exame essa pessoa – é escusado dizer o seu nome: era um dos políticos. Eis, Atenienses, a impressão que me ficou do exame e da conversa que tive com ele; achei que ele passava por sábio aos olhos de muita gente, principalmente aos seus próprios, mas não o era. Meti-me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi tornar-me odiado dele e de muitos dos circunstantes. Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: ―Mais sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei‖. Daí fui ter com outro, um dos que passam por ainda mais sábios e tive a mesmíssima impressão; também ali me tornei odiado dele e de muitos outros.2

2 PLATÃO. Defesa de Sócrates. v.II. São Paulo: Abril Cultural, 1972. P. 15. (Coleção Os pensadores).

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Leitura complementar: Filosofando: Sócrates e Sofistas (Cap. 1 – p.21 e 22) e (Cap.13 – p.151

-153 - (parte 3 e 4)).

Sócrates Encontra Jesus

Este diálogo se chama ―Socrates Meets Jesus‖ (Sócrates Encontra Jesus), embora eu ache que Jesus não seria tão dogmático assim e saberia aderir melhor ao método dialético do que só repetir frases. O locutor em questão parece-me mais com Paulo ou Pedro ou algum cristão moderno. Mesmo assim, traduzo-o aqui para vocês do jeito que estava: Sócrates Bom dia, Jesus, eu ouvi falar dos seus maravilhosos ensinamentos. Sou modestamente um filósofo aqui em Atenas. Disseram-me que você tem grande sabedoria e isso se demonstra pela quantidade de admiradores que lhe seguem pelas ruas. Se você tiver um minuto, eu agradeceria que me iluminasse com algumas respostas para alguns intrincados problemas com os quais tenho me debatido na vida. Jesus Eu sou um pescador de homens em busca de seguidores. Eu trago a verdade de Deus a todos. Procure e encontrarás, pergunte e será respondido, bata à porta e esta lhe será aberta. Sócrates Há uma pergunta básica que sempre me incomodou. Embora para mim seja um obstáculo na busca da

verdade e do sentido, estou certo que você me ajudará, que para você será fácil responder e que me achará um velho tolo. Eu tenho ansiado por honra e nobreza, mas parece que nunca conheci algo honrado ou nobre. Com minha compreensão limitada, sempre me pareceu que a vida – com todo seu som e fúria – na verdade não significa nada. Por favor, me diga: como um homem deveria viver, qual o propósito da vida? Jesus Servir e cultuar Deus. Sócrates Qual Deus? Jesus Só existe um Deus. Sócrates Oh. Você deveria morar aqui em Atenas, nós temos vários para escolher. Jesus Só existe um Deus verdadeiro. Sócrates Certo, e qual é o Deus verdadeiro? Jesus O deus verdadeiro é o Senhor Deus. Sócrates Sim, mas quem é o Senhor Deus? Ou o que ele é? Jesus Ele é a sabedoria, amor, compaixão, paz e misericórdia infinitas. Ele é o criador do céu e da terra e de todas as coisas do universo. Sócrates De todas as coisas? Jesus Sim, todas. Ele é onipotente. Ele é mestre e controlador e criador de tudo. Ele é onipresente, nada pode acontecer que ele não saiba antes. Sócrates Ele criou pragas, guerras, morte, sofrimento e o mal? Jesus Não. Essas coisas e todos os outros males e tragédias vieram do Demônio, o príncipe das trevas; ou da fraqueza e natureza maligna do homem. Deus é todo bondade e livre de maldades; somente o bem pode vir de Deus.

Sócrates E quem diabos é o demônio? Claro que ele deve ser um deus, já que é capaz de tantas calamidades à humanidade; mas você disse que só há um deus. Você também disse que tudo que existe vem de Deus; e agora você diz que só a bondade vem de Deus e o mal vem de alguém chamado demônio. Isso parece contraditório. Temo que sua religião é complexa demais para entrar nessa minha cabeça de velho. Ainda assim, serei um aluno aplicado e tentarei entender, se você me ajudar. Por favor, explique: quem é o demônio e como todas as coisas podem vir de Deus e ainda não virem de Deus? Jesus: O Demônio é um anjo caído que é ambicioso. Ele se rebelou contra Deus e quer destruir todos os seus trabalhos. Sócrates: E o que, em nome de Zeus, é um anjo? Jesus: Um anjo é um anjo. Sócrates: Claro, isso é uma identidade. Sócrates é Sócrates. Mas, sabe, isso não significa nada para mim, inexperiente que sou na sua religião. Embora seja tão verdadeiro quanto possa ser, não se relaciona a nada que eu compreenda. Compare com algo que eu conheça. Jesus: Um anjo é um anjo. Sócrates: Por favor, perdoe minha impassível ignorância. Entenda que não sou uma autoridade nisso como você. Eu nunca vi um anjo ou ouvi falar de um. Eu soube que você teve muitas visões estranhas no deserto por 40 dias sem comer. Diga-me, qual é a aparência desses anjos? Jesus: Eles têm asas. Sócrates: Os mosquitos também. Você pode ser mais específico?

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Jesus: Eles se parecem com as pessoas, exceto por terem asas. Sócrates: Que mais? Eles podem voar, suponho. Jesus: Sim, é pra isso que servem as asas. Sócrates: Claro, eu deveria saber. Você diz que eles parecem os homens. Como eles diferem dos homens? Jesus: Eles são muito melhores que os homens, e nunca morrem. Sócrates: Melhores como? Jesus: Mais virtuosos e mais poderosos. Muito mais poderosos. Sócrates: São super-humanos então. Jesus: Sim, absolutamente! Sócrates: Então eles são super humanos e são imortais. Nós em Atenas chamaríamos tais seres de deuses. Jesus: Não! Deus é mais poderoso que eles. Sócrates: Zeus também é mais poderoso que os outros deuses olimpianos, mas os outros ainda são definidos como deuses. Como você definiria o termo Deus? Jesus: Deus é o criador de tudo. Ele é todo poder, conhecimento, sabedoria e exemplo típico de justiça, misericórdia, compaixão, bondade e paz. Sócrates: Essas qualidade são, no entanto, não necessariamente consistentes. Não é possível para uma pessoa ser justa, pacífica e misericordiosa, tudo de uma só vez e em uma só situação. Se uma pessoa ou uma nação merece punição pela regra da justiça, você deve puni-lo ou lançar sua ira sobre eles, mas isso seria uma violação da regra da paz ou da misericórdia. Ninguém poderia ter todas essas qualidades porque elas se contradizem uma a outra, elas não podem existir juntas na mesma pessoa ao mesmo tempo. É como se um homem virasse tanto para a direita como para a esquerda em uma esquina, ao mesmo tempo, enquanto

ainda permanecesse inteiro e completo. Jesus: Deus trabalha suas maravilhas de formas misteriosas. Sócrates: Parece que vocês têm vários deuses como nós temos em Atenas, apenas não os chamam de deuses. Jesus: Não! Deus é o todo-poderoso. Sócrates: Então a única diferença é o grau de poder? Jesus: Não. Deus é melhor e mais virtuoso que eles. O pecado é impossível para ele. Sócrates: O que é pecado? Jesus: É um ato de desobediência a Deus. Sócrates: Vejo então que Deus não poderia pecar, porque ele não pode desobedecer a si mesmo. Mas uma vez que o pecado é impossível para ele, isso não é mais uma marca característica de ele ser livre de pecado do que a marca de uma rocha ser a característica de não poder se mover. É meramente uma questão de definição. O que eles fazem, esses anjos? Jesus: Eles são os mensageiros de Deus. Sócrates: Por que, se Deus é todo poderoso, ele precisa de mensageiros? Jesus: Ele gosta assim. Sócrates: Eles são os escravos dele, então? Jesus: Não, eles o servem por vontade própria. Sócrates: O que acontece se não o servirem por vontade própria? Jesus: Existiram vários anjos liderados por Satã, o demônio, que se rebelaram contra Deus e foram lançados para fora do paraíso celeste, para um tormento e punição eternos. Sócrates: O que é o paraíso? Jesus: É um lugar maravilhoso no alto do céu. As ruas são pavimentadas de ouro. Tudo é pacífico e lindo lá. Deus mora lá e todos que acreditam em

Deus vão para lá depois de morrer. Os homens têm vida eterna lá e eles ganham asas e cultuam Deus e tocam harpa em felicidade eterna para sempre. Esse é o propósito e objetivo de toda vida humana: ir para o céu quando morrer. Sócrates: Isso parece muito com os relatos que ouvi dados por aqueles comedores de lótus. Se esse é o propósito da vida, não seria mais simples se intoxicar de vinho e drogas e sentir-se assim o tempo todo, como os mendigos e bêbados que vemos do outro lado da cidade? Jesus: A Bíblia diz que você não deve se embriagar de vinho ou bebidas fortes. Sócrates: E, se o único propósito da vida humana é ir para o céu, por que não simplesmente nos matamos e vamos para lá? Jesus: Não matarás. Sócrates: Se Deus queria que o homem fosse para o céu, por que ele colocou o homem na terra? Por que ele não simplesmente colocou o homem no céu desde o começo? Acho difícil acreditar que o homem, com todas as suas capacidades, desejos e complexidades, foi criado meramente para sentar, fazer reverência, passar dificuldade e prestar culto. Certamente não há, nem nunca houve, um humano tirano tão vaidoso e orgulhoso que ele quis que seus súditos simplesmente fizessem reverência e labutassem de forma servil diante dele da alvorada ao crepúsculo, que dirá por toda a eternidade. Eu certamente posso entender por que Satã quis se rebelar contra tal sociedade estática, regimentada, opressora e tediosa. Do que você me disse, eu teria que me juntar a Satã na sua rebelião, pois – embora me considere um homem humilde – eu não poderia me curvar e ralar os joelhos e cantar louvores o dia todo para um ser que ameaça me punir e me dar um tormento eterno se eu não o obedecer. Jesus: O Senhor teu Deus é um deus ciumento e não terás outros deuses antes dele. Sócrates: Por que Satã se rebelou? Ele sabia

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que Deus era tão poderoso como você o descreve e que ele com certeza seria derrotado? Jesus: Satã se rebelou porque ele era muito orgulhoso e quis governar o céu sozinho. Ele conhecia parcialmente o grande poder de Deus, que era maior que o dele, mas ele queria tanto o poder que ficou disposto a arriscar. Sócrates: Satã foi certamente muito corajoso então; se debater contra um inimigo que não poderia derrotar. Jesus: Ele foi pecaminoso, porque desobedeceu à vontade de Deus. Sócrates: Parece que a única diferença entre Satã e Deus é o grau de poder. Jesus: Deus é perfeito. Ele é todo-poderoso, todo-conhecimento, e sem pecado. Sócrates: Claro; por definição ele é sem pecado porque ele não pode desobedecer a si mesmo. A única diferença real dos dois é o grau de poder. Portanto, Satã não estava errado ou em pecado ao se rebelar contra Deus, ele só estava errado por perder a rebelião. Se ele tivesse ganho, Deus seria o pecador, porque Deus teria sido desobediente a Satã que seria melhor do que Deus ou os outros anjos porque ele não poderia pecar contra si mesmo, ou seja, ser desobediente a si mesmo, e ele teria se provado o todo-poderoso. Se Satã tivesse ganho, ele teria se tornado Deus, por sua definição, porque ele teria sido todo-poderoso e sem pecado. Quem sabe se não foi isso que aconteceu? Da sua descrição de Deus, a esse ponto eu começo a suspeitar que foi isso o que ocorreu. Jesus: Deus é mais que mero poder e ausência de pecado: ele é justiça, misericórdia, paz e compaixão infinitas. Satã é vicioso, egoísta, destrutivo e mau. Sócrates: O que aconteceu a Satã depois que foi lançado para fora do céu? Jesus: Ele foi jogado no Inferno por Deus, onde ele é atormentado e torturado por toda a eternidade. Sócrates: O que é o Inferno e por que Satã fica lá se é tão doloroso e desagradável?

Jesus: Deus o trancou no Inferno e a ele não é permitido sair. Deus criou o Inferno como um lugar para punir Satã e todos os homens que não têm fé em Deus. Trata-se de um fogo infernal de tortura, agonia e tormento: todos os homens pecadores que não pedem perdão a Deus e não têm fé nele vão para lá por toda a eternidade, para serem torturados pelo demônio. Sócrates: Se Deus é justo ou misericordioso, como ele pode fazer isso a um inimigo que lutou com ele em batalha? Por que Deus não simplesmente perdoou Satã depois de derrotá-lo, como os homens normalmente fazem a uma nação capturada depois de derrotada? A humanidade vitoriosa parece ser mais misericordiosa que Deus; pois eles não tratam os vencidos com tantos tormentos terríveis por toda a vida, que dirá pela eternidade. Por que Deus não demonstrou as qualidades que você descreveu, como sua justiça, misericórdia, compaixão e perdão, a Satã? Certamente a natureza guerreira de Deus está em contraste marcante com a sua definição do termo Deus como um ser pacífico, misericordioso e todo-perdão. Jesus: Deus age de formas misteriosas, realizando maravilhas. Sócrates: Se Satã está preso no Inferno, como ele poderia trazer pragas e tormentos à humanidade? E por que Deus permite isso se ele é todo-poderoso e todo-bondade? Se Deus é todo poderoso, como ele permite que o maligno Satã sobreviva? Por que ele não o destrói? Embora eu comece a considerar, a essa altura, se não seria melhor o contrário. Jesus: Deus permite a Satã ser livre para trazer pragas e tormentas à humanidade, a fim de punir o homem por seu pecado no Jardim do Éden. Sócrates: O que é o Jardim do Éden? Jesus: Quando Deus criou o primeiro homem e mulher, Adão e Eva, ele os colocou no Jardim do Éden. Quando eles foram criados, eles eram puros e sem pecado. Eis como Deus os criou. O Jardim do Éden era um lugar lindo,

que tinha tudo o que Adão e Eva precisavam. Eles não tinham que trabalhar, era só colher os frutos dos ramos das frondosas árvores. Eles eram tão inocentes e descomplicados quanto crianças, e não sabiam nada sobre o amor carnal. Eles tinham um ao outro como companheiros e adoravam e cultuavam Deus, que os visitava de vez em quando. Sócrates: Por que Deus criou a humanidade? Jesus: Ele se sentiu solitário. Sócrates: Por que ele não simplesmente criou anjos adicionais que eram mais semelhantes a ele do que essa forma inferior de vida que é o Homem? Será que ele não quis escravos servis que ele poderia olhar de cima para baixo, e que o temeriam, reverenciaram e o cultuariam? Jesus: Uma vez que ele é nosso criador, nós devemos a ele nosso culto, reverência e obediência. Sócrates: O filho de um criminoso tem a obrigação de ser obediente a seu pai, ou ele tem o direito de julgar sozinho entre o certo e o errado? Que pecado o homem cometeu no Jardim do Éden? Jesus: No centro do Jardim do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento. Deus disse a Adão e Eva que não deveriam comer o fruto daquela árvore. Satã foi ao Jardim disfarçado de serpente e disse para a Eva que ela poderia ganhar grande conhecimento se comesse do fruto. Satã disse que Deus disse para eles não comerem do fruto porque ele tinha medo de que eles se tornassem tão grandioso quanto ele era. Eva convenceu Adão a comer a fruta. Depois de comerem, eles aprenderam sobre o sexo. Esse foi o pecado original. Sócrates: Você disse que Deus é todo-conhecimento; que ele sabe de tudo o que acontece antes de acontecer. Certamente Deus já sabia como o homem se comportaria em qualquer situação. Jesus: Deus deu o livre-arbítrio para o homem. Era tão possível ao homem ser virtuoso e obediente a Deus

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quanto era possível que ele fosse pecador e desobediente à palavra de Deus. Sócrates: Deus sabia que o homem iria pecar? Jesus: Ele sabia que o homem iria pecar, mas ele permitiu ao homem ter o livre arbítrio para fazer sua própria escolha. Sócrates: Deus poderia ter criado o homem para não pecar? Deus poderia ter criado o homem para que ele não tivesse pecado nessa situação específica? Jesus: Sim, uma vez que Deus é todo-poderoso, ele poderia ter feito isso, mas ele não quis que os homens fossem meros marionetes; ele quis que os homens tivessem livre arbítrio. Sócrates: Deus poderia ter criado o homem com duas cabeças e três pernas ou de outra forma, se ele quisesse? Jesus: Deus poderia ter criado o homem do jeito que ele quisesse. Sócrates: Deus criou o homem do jeito que bem entendeu? Ele tinha a intenção que o homem tivesse uma cabeça, duas pernas e a aparência que tem hoje? Jesus: Claro! Deus é perfeito e todo-poderoso, ele não cometeria um erro. Sócrates: Então Deus não errou, mas criou o homem exatamente como pretendia, em todos os sentidos? Jesus: Sim. Sócrates: Então você e eu fomos criados exatamente como Deus pretendia que fôssemos? E Adão e Eva foram criados exatamente como Deus pretendia que eles fossem? Jesus: Sim, foi isso que eu disse. Sócrates: E tudo o que é parte do homem veio de Deus? Jesus: Sim, deus é o mestre e controlador e criador de tudo. Sócrates: O demônio ou outra força qualquer criaram parte do homem? Jesus: Não. Deus é o único criador de tudo.

Sócrates: Então, se Deus criou os olhos do homem, pernas e mente, ele também criou os desejos do homem; todos os seus desejos, até seu desejo por conhecimento e sexo. Por que o homem pecou? Jesus: Ele pecou por causa da sua fraqueza e sua natureza maligna. Sócrates: A natureza humana é parte do homem, como as mãos e pés são partes do homem? Jesus: Sim, a natureza do homem é parte do homem. Sócrates: Quem criou o homem? Jesus: Deus. Sócrates: Quem criou as mãos e pés do homem? Jesus: Deus. Sócrates: Quem deu ao homem duas mãos e dois pés e criou-os como são hoje, e exatamente como eram no tempo de Adão e Eva? Jesus: Deus. Sócrates: Quem criou a natureza humana? Jesus: Deus. Sócrates: Quem deu ao homem sua natureza maligna e sua fraqueza? Deus o fez, porque tudo que é parte do homem veio de Deus e apenas de Deus. Jesus: Deus deu ao homem o livre-arbítrio. Sócrates: Quem teve a intenção de que os homens tivessem duas mãos, o demônio? Jesus: Não. Deus que teve a intenção de fazer o homem com duas mãos. Sócrates: Quem teve a intenção de que o homem tivesse fraquezas e uma natureza maligna, o demônio? Não. Deus pretendia que o homem tivesse fraquezas e natureza maligna. Se a humanidade é falha ou má ou fraca, é porque Deus colocou a falta ou a fraqueza lá e teve a intenção de que fosse assim. Deixe-me contar-lhe outra parábola. Você já viu os

pássaros matando os peixes no mar? Quem colocou naquele pássaro presas para matar o peixe-voador? Quem irá condenar o homem se o próprio juiz é arrastado para a frente da bancada? Jesus: O homem tem livre arbítrio. Deus não o forçou a pecar. Ele meramente deu-lhe a oportunidade de ser virtuoso ou pecador. O homem não teria valor algum para Deus se ele meramente o fizesse um marionete que não pudesse fazer nada além do bem. Ele quis dar ao homem a oportunidade de ser bom ou mau, de acordo com seu próprio mérito e escolha. Sócrates: É absurdo que Deus puna o homem depois de criá-lo. É como se Homero escrevesse uma ode sobre um porco e depois açoitasse as páginas ou as lançasse ao fogo eterno para serem consumidas só porque as qualidades do animal o desagradam. Ou como se um escultor fabuloso fizesse uma estátua perfeita de um porco e depois o chicoteasse por toda a eternidade porque ele não gostou dos traços do animal. Jesus: Deus não criou o homem com uma natureza maligna que predeterminasse que ele deveria pecar. Sócrates: Então quem fez isso? Jesus: Deus criou o homem para ser inocente e naturalmente bom. Deus colocou o homem em um paraíso, o Jardim do Éden. Ele deu ao homem o livre arbítrio e permitiu a Satã ir ao Jardim do Éden para testar a humanidade. Deus não predestinou que o homem pecaria. Sócrates: Mas Deus criou tudo que estava presente nessa combinação, situação ou ambiente. Quando ele criou cada um dos elementos ou ingredientes da situação, ele sabia exatamente como cada um iria reagir com os outros em qualquer circunstância, porque ele sabia de tudo. Ele teve a intenção de que cada elemento fosse exatamente como era porque ele era todo-poderoso e não poderia cometer um erro. É como se um cientista ou um médico combinassem vários ingredientes para fazer um remédio, os quais – ainda que inofensivos

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separadamente – quando combinados se tornariam um veneno mortal; e então eles o administrassem a um paciente, desobrigados da responsabilidade por sua morte. Desta forma, Deus combinou muitas coisas: um homem inocente, uma árvore do conhecimento, um lindo jardim e um anjo. Jesus: Todos pecaram e decaíram da graça de Deus. Sócrates: Parece-me que seu Senhor Deus meramente criou o homem para observá-lo sofrer. Esse negócio de Satã, Jardim do Éden e livre arbítrio é só uma fachada. Deus só queria arrumar uma desculpa para atormentar, perseguir e oprimir a humanidade. Se um ser todo-poderoso e todo-sapiente cria tudo, e permite que sua criação reaja de certa forma, ele na verdade teve a intenção de que eles agissem desse modo e é o único responsável pelos resultados. Jesus: Eu lhe advirto, Deus não é objeto de zombaria. Não fale dele dessa forma, senão você será lançado na feroz fornalha onde haverá ranger de dentes, tortura e tormento eternos. Sócrates: Eu achei que nossos deuses olimpianos eram viciosos e irracionais, mas eles parecem verdadeiros cordeiros de misericórdia e indulgência comparados com esse seu Deus, o qual tormenta e tortura você por toda a eternidade por fazer o que ele te força a fazer desde que criou você e o ambiente à sua volta. Jesus: Oh, dê graças ao Senhor pois ele é bom; porque sua misericórdia é eterna. Sócrates: Por que, se ele é um deus de paz e misericórdia, ele atormenta a humanidade e permite – até encoraja e exige – derramamento de sangue na terra; e permite – até exige – que Satã tente e torture a humanidade, uma vez que você disse que nada acontece que ele não saiba que irá acontecer? Um ser todo-poderoso que sabe tudo e cria tudo, determina tudo, porque ele conhece o jeito que sua criação age. Jesus: Deus deu ao homem livre arbítrio

porque ele não quis que ele fosse um mero marionete. Deus não queria que o homem pecasse. Deus ficou muito desapontado quando o homem pecou. Sócrates: Deus não poderia possivelmente ficar desapontado, porque ele conhecia a natureza do homem e tudo o mais que ele criou. Uma vez que ele é todo-poderoso, ele teve a intenção de que o homem pecasse. Na verdade, ele forçou o homem a pecar ao criá-lo com certos desejos e fraquezas. Jesus: O que você diz é uma blasfêmia. Deus criou o mundo e todas as plantas e animais para o prazer do homem. Olhe o belo mundo à sua volta. Como você pode dizer coisas tão terríveis de Deus depois de ele ter-lhe dado tanto? Sócrates: Eu certamente não poderia acreditar nisso. Como poderia um deus que era tão cheio de vícios, sádico e odioso criar um mundo com tanta beleza? Mesmo o homem, por mais malvado que ele pareça ser às vezes, em outros momentos exibe uma incrível força, um auto-sacrifício e lealdade, e graus de conflitantes qualidades de misericórdia e justiça. Seu Senhor Deus não tem nenhuma dessas qualidades. Certamente nunca houve um homem por mais vil que fosse que poderia fazer a outro homem o que você afirma que Deus faz a aqueles que não o respeitam: torturá-lo por toda a eternidade. Qualquer homem, não importa o quão perfidamente ele tenha mutilado, torturado ou assassinado – como Príamo cujo clã inteiro foi assassinado ou como Agamenon que foi morto por sua esposa e o amante dela – iria chegar um dia em que ele se apiedaria depois de anos ou séculos torturando seu inimigo. Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. Acredite em mim e terá a vida eterna no céu; negue-me e sofrerá tortura eterna no Inferno. Sócrates: Se eu aceitasse o seu sistema, eu teria que me juntar a Satã contra seu Deus; mesmo sabendo que eu seria atormentado e torturado para sempre. A injustiça e os vícios de seu Deus é extremamente assustador. Eu tenho

ouvido relatos terríveis de sacrifícios humanos por selvagens em costas distantes; mas, certamente, mesmo eles nunca pensaram em torturar suas vítimas por toda a eternidade. Eu ouvi relatos amedrontadores de monstros terríveis, ciclopes, górgonas e medusas, mas esses monstros são mansos e gentis como cordeiros se comparados a aqueles descritos no livro da Revelação (Apocalipse). E você me fala de uma natureza pacífica, misericordiosa e toda-perdão do Senhor Deus. Jesus: Somos todos filhos de Deus. Deus é nosso pai e não quer que nós pequemos, mas deve nos punir quando o fizermos. Ele é justo e misericordioso e só envia a nós – seus filhos – ao inferno, à danação e tormento eternos, quando é nossa culpa. Quando pecamos e entramos em luxúria pelo sexo, como fizeram Adão e Eva, ele não tem escolha senão nos punir nos torturando no fogo eterno para sempre. Sócrates: Você diz que somos todos filhos de Deus. Ele é um verdadeiro monstro de atormentar seus próprios filhos por termos olhos, pernas e desejos que ele nos deu. Parece um diabinho impostor que finge ser uma coisa que tem duplo sentido e faz uma promessa dizendo uma palavra no nosso ouvido só para quebrar nossa esperança depois. Eu não vejo propósito, nem razão, nem verdade, nem misericórdia, nem justiça; nada além de um poder caprichoso e exposto. Na verdade, o ser humano, por toda a sua inconstância, egoísmo e fraqueza, parece ter mais dessas qualidades do que o seu Deus. Seu Deus é um diabinho demoníaco, sádico e psicótico. Jesus: Nós somos apenas humanos e não conseguimos entender os mistérios infinitos de Deus. É nosso dever mantermos a fé e o seguirmos. Não cabe a nós raciocinar por quê, e sim fazer isso e pronto. Sócrates: Sem raciocinar? Mas por que nos foram dadas mentes? Como vamos determinar como viver e qual é o propósito da vida? O que estamos fazendo discutindo isso agora? Por que você tem pregado às pessoas a sua vida toda? Por que você arriscou

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sua vida desafiando as ordens dos romanos? Jesus: Pela fé seremos salvos, para que nenhum homem se vanglorie. Sócrates: Fé. O que você entende por fé? Jesus: Que devemos acreditar sem pedir por provas. Não devemos duvidar como São Tomás. Se acreditamos em Deus, ele nos recompensará por todas as nossas provações e tribulações mil vezes mais, quando chegarmos no céu. Sócrates: Você diz que deveríamos acreditar em tudo o que nos disserem, sem investigar ou examinar isso; deveríamos ser ingênuos? Se for assim, eu deveria entregar minha bolsa a todo homem na rua que me prometer devolvê-la com mil vezes o que tem dentro. Eu seria um tolo se fizesse isso. E você não está me pedindo aqui só dinheiro, mas para dedicar a minha vida inteira a um propósito e a uma incumbência, sem sequer considerar o valor desse empreendimento. Um ladrão exige meu dinheiro ao ameaçar a minha vida. Você exige a minha vida ao me ameaçar com uma tortura e ao me prometer o paraíso. Eu não sou um tolo ingênuo, manso e submisso para ser guiado para onde me disserem a partir de promessas vazias e ameaças. Jesus: Os mansos herdarão a terra. Sócrates: Os mansos são assassinados e feito escravos como as mulheres e crianças de uma nação derrotada. Jesus: Você não deveria questionar Deus! Sócrates: Eu nunca encontrei esse cavalheiro, e portanto não posso questioná-lo. Eu estou questionando você que afirma representá-lo, para determinar se ou não você realmente o faz. Jesus: Devemos acreditar na Bíblia, nas Escrituras, na Palavra de Deus; pela fé sem esperar ser capaz de entender e sem pedir por provas. Sócrates: É impossível para um homem não escolher. Você está ciente de que há vários milhares de religiões no mundo? Se nós acreditarmos por

simples fé, teríamos que aceitar todas elas; ainda que todas sejam diferentes, e isso seria impossível. Seria como acreditar que o mundo era redondo e plano ao mesmo tempo. Certamente, você não pratica o que prega; pois se o fizesse teria acreditado (por simples fé) que a religião judaica e o Velho Testamento estavam certos e não começaria essa sua nova religião herética. Ou ontem quando os sacerdotes de Atenas te abordaram na rua para que parasse de pregar sua heresia, você teria acreditado na religião grega dos Deuses Olimpianos porque ela veio primeiro e você deveria acreditar nela por fé (sem questionar) porque teriam lhe dito que ela é verdadeira. Jesus: Pela fé seremos salvos, para que nenhum homem se vanglorie. Sócrates: Deixe-me dar um exemplo específico. Suponha que o Oráculo de Delfos me dissesse que uma certa pessoa era culpada de matar e estuprar minha esposa e que eu deveria matá-lo ou então ele me mataria, temendo que eu descobriria o crime dele e o matasse; e você me dissesse ‗não matarás‘. Você diz que devo acreditar pela fé em tudo o que me dizem. Seguindo sua injunção, eu deveria matar o homem por causa da minha fé no Oráculo de Delfos e deveria não matá-lo por causa da minha fé no Senhor Deus. Já que não posso matar e não-matar um homem por isso ser contraditório, então eu não posso acreditar nem no oráculo e nem no seu deus. Portanto, é impossível para mim acreditar em qualquer coisa apenas pela fé. Há uma escolha intelectual que você e eu e todos os homens fazem, seja ela voluntária ou não, sobre em que nós vamos acreditar. O que você preferiria fazer: escolher por ter pensado, discutido e considerado todos os aspectos ou cegamente negar que há uma necessidade de escolha? Essa escolha é a mais importante na vida de um homem, porque a resposta à pergunta ―qual o propósito da vida?‖ determina o curso inteiro da vida humana. Se um homem dirige todos seus movimentos a partir de sua religião, como você advoga, então certamente ele deve colocar uma grande quantidade de pensamento dentro dessa escolha de

religiões. Deixe-me contar uma parábola: se você vai de uma cidade até a outra em uma tarefa que envolve toda a sua vida, não seria sábio considerar todas as rotas, se algumas delas são frequentadas por assaltantes, se não há uma cidade mais segura ou próxima para ir ou, certamente, se a cidade para onde vai existe mesmo? Jesus: Se você, honestamente deseja conhecer a verdade sobre Deus, a criação e o propósito da vida, há uma forma mais simples de descobrir a verdade. Tudo o que tem que fazer é pedir a Deus que venha ao seu coração. Se você desejar sinceramente conhecer a verdade sobre Deus, o espírito santo irá vir até o seu ser e você se tornará um com Deus. Nesse momento, você irá ganhar conhecimento celeste e a paz; e quando você morrer, você irá para o céu e viverá para sempre em felicidade e contentamento. Sócrates: Eu anseio conhecer a verdade. O que é exatamente que eu devo fazer e dizer para ganhar esse conhecimento e sabedoria? Como eu me dirijo a ele? Jesus: Dizendo, ―Senhor, venha ao meu coração e dê-me sabedoria para entender a verdade.‖ Sócrates: Quer dizer que é só repetir isso e eu ganharei o conhecimento sobre o propósito da vida? Jesus: Sim. O Senhor diz ‗procure e encontrarás, peça e lhe será dado, bata e a porta se abrirá para ti‘. Deus prometeu mostrar a verdade a todos que a pedirem. Sócrates: Senhor, venha ao meu coração e dê-me sabedoria para entender a verdade. Jesus: Isso mesmo. Agora agradeça a Deus por lhe dar a vida eterna. Sócrates: Não aconteceu nada. Eu não sei mais sobre o propósito da vida do que eu sabia antes. Jesus: Então você não foi sincero. Você não desejou de verdade que Deus viesse a seu coração e lhe mostrasse a

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verdade. Você não teve fé de que ele viria ao seu coração. Sócrates: Eu verdadeiramente desejo saber a verdade. Eu dediquei minha vida toda a estudar a filosofia e a razão. Eu desejo mais do que tudo aprender o propósito da vida. Essa é a resposta que tenho procurado desde que vi a luz do sol pela primeira vez. Se eu não a encontrar, ainda estarei procurando até o dia da minha morte. Talvez ele não me ouviu; eu deveria pedir mais alto? Jesus: Você falhou em encontrar a resposta porque você não teve fé. Se um homem tiver fé do tamanho de um grão de mostarda, ele poderá mover uma montanha e tudo o que ele desejar irá acontecer. Sócrates: Isso é impossível. Alguma das pessoas que seguiu você aqui hoje já teve parentes ou amigos que estavam doentes e morrendo? Certamente tiveram; e certamente se eles eram bons cristãos eles desejaram que o parente ou amigo não estivesse doente, mas sim saudável e feliz novamente. Certamente ninguém será tolo de dizer que nunca perdeu um amigo. Certamente ninguém será tão insensível em dizer que ele nunca desejou de verdade que o amigo vivesse. Sendo assim, poderíamos dizer que nenhum cristão em todos os séculos nunca teve fé em Deus; ou então que Deus estava mentindo. Jesus: O Senhor dá e o Senhor tira, abençoado seja o nome do Senhor. Sócrates: Vou apresentar uma parábola que provará que nunca houve um cristão ou judeu que tivesse fé; e provar que Deus estava mentindo quando ele prometeu vir ao coração do homem ensinar a ele o propósito da vida. Primeiro, você concorda que o Inferno é a pior do que qualquer desgraça possível na terra? Jesus: Sim, certamente.

Sócrates: E, você não disse que todos os homens são pecadores e decaíram da graça de Deus? Jesus: Sim. Sócrates: Todos os cristãos e judeus, que têm fé, acreditam que irão para o Inferno se pecarem. Permita-me apresentar esta parábola. Cada Cristão é como um homem que está parado de pé no topo de um despenhadeiro: ele sabe que se cometer pecado ele cairá até a morte, ou pior, ao tormento eterno. Você disse que o Inferno é pior do que qualquer possível desgraça terrena. Não importa o quão severa sejam suas desgraças ou quão forte sejam os desejos dele, nenhum homem que fosse um fervoroso cristão cometeria um pecado; ou seja, não pularia do despenhadeiro ao tormento eterno. Você disse que todos os homens, incluindo os cristãos e judeus fervorosos, são pecadores. Isso quer dizer que nenhum cristão ou judeu – desde o início dos tempos – realmente acreditou que iria para o inferno. Porque, se ele acreditasse, ele não pecaria: ele não pularia do despenhadeiro se acreditasse que o Inferno e o tormento eterno esperam por ele lá embaixo. Todos os homens pulam dali; todos os homens pecam. Portanto, ninguém, em todos esses séculos, acreditou em você. Daí tiramos que Deus não veio ao coração deles mais do que veio ao meu há alguns momentos atrás. Portanto, Deus não tem o direito de esperar que eles ajam de uma maneira cristã ou tenham fé nele. Logo, Deus não tem o direito de puni-los ou enviá-los ao Inferno. Então seu Deus não é justo. Portanto, seu Deus não é Deus. Jesus: Olhe para o mundo à sua volta. Isso não prova que Deus exista? Veja a natureza bela e benevolente que torna você mais forte e mais saudável e lhe provém com o sol para aquecê-lo e as florestas e campos que lhe

alimentam. Você não deveria cultuar Deus por tudo o que ele tem feito por você? Sócrates: Eu sei que a natureza é toda boa e benevolente, mas e quanto a aquele granizo que quebrou minha janela? Jesus: Simplesmente porque há algum mal no mundo não implica em negar o bem. Você deve agradecer a Deus por isso. Deus deve existir, porque de onde teria vindo o mundo se ele não o tivesse criado? Sócrates: Não necessariamente foi o seu Deus que criou o mundo. Há milhares de outros sacerdotes que clamam que o deus deles fizeram isso. Só porque eu não tenho a resposta, não significa que eu deva aceitar o seu sem investigar. Eu poderia seguir a mesma lógica e exigir que você acredite que Zeus criou o mundo. Mesmo se eu concordasse que seu Deus criou o mundo, terminaria aí a definição das qualidades de Deus, e nós não podemos assumir logicamente a partir disso que os outros aspectos da sua definição de Deus estejam corretos. Jesus: Espere, não se vá! Você deve salvar sua alma da danação eterna. Aceite Deus dentro do seu coração. Eu não irei embora até que você diga amém para mim. Sócrates: Sim. Esses são apenas pensamentos à toa de um velho. Você deve estar certo, já que tem tantos seguidores. E quem sou eu, um velho estúpido que coloca a razão e a filosofia acima das vozes da multidão. Jesus: Agradeça a Deus por lhe dar a vida eterna. Sócrates foi embora. (por James L. Hart | 1997 | traduzido pela autora do site: https://destravandolinguas.wordpress.com/2010/05/14/socrates-encontra-jesus/

Sugestão de filme: Sócrates (1971 - Espanha, Itália e França). Dirigido por Roberto Rossellini

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EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Sócrates (469 – 399 a.C), filósofo grego, vivia de maneira humilde, percorrendo descalço as ruas de Atenas. Tornou-se o filósofo por excelência,amigo do saber". Passou a ensinar em praça pública, sem cobrar pelos seus ensinamentos, ao contrário do que faziam os sofistas. Sobre sua vida podes afirmar, EXCETO:

A) Em virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude com ideias ímpias, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. B) Costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos, preocupado com o método do conhecimento; C) Ele transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma falada entre a população ateniense. Não deixou nada escrito, a forma de diálogos em que ficou consagrada sua filosofia foi posteriormente redigida pelo filósofo e seu aluno Platão. D) É tradicionalmente considerado um marco divisório da filosofia grega. Os filósofos que o antecederam são chamados pós-socráticos.

QUESTÃO 02 Sobre Sócrates (469 – 399 a.C) e sua filosofia podemos afirmar, EXCETO:

A) No que diz respeito a eticidade, Sócrates associa virtude ao conhecimento, ou seja, ninguém erra deliberadamente. O erro e o vício é fruto da ignorância.

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B) Temos que renascer quantas vezes forem necessárias até pagarmos totalmente os débitos espirituais que temos, segundo a contabilidade divina. O karma nada mais é que a lei da causa e consequência aplicada ao ciclo de nascimento e morte. C) A filosofia socrática é puramente antropológica, pois ao contrário dos naturalistas procura responder à questão: ―O que é a natureza ou realidade última do homem?‖ D) Falava que o conhecimento só era alcançado quando descobrimos a nossa ignorância.

QUESTÃO 03

Sobre o método argumentativo de Sócrates (469 – 399 a.C) podemos afirmar, EXCETO:

A) Era desenvolvido mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em sete momentos, dois deles são: a ironia e a maiêutica. B) Na fase do diálogo que prevalece a ironia, a intenção fundamental de Sócrates não era propriamente destruir o conteúdo das respostas dadas pelos interlocutores, mas fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, muitas vezes repletas de conceitos vagos, imprecisos e contraditórios. Tomar consciência, portanto de suas próprias ignorâncias, C) Sócrates, fazendo perguntas, comentando as respostas e voltando a perguntar, caminha com o interlocutor para encontrar a definição da coisa procurada; D) Seu método parte do pressuposto ―só sei que nada sei‖, que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber e do conhecimento, objetivos do filósofo.

QUESTÕES ABERTAS 01) Quem foi Sócrates (469 – 399 .C) de Atenas? Faça uma pequena biografia de 5 linhas sobre a

vida dele. 02) Sócrates desenvolveu um método de filosofar. Quantas partes possui? Qual o nome e o objetivo de cada uma delas? 03) Sócrates foi condenado a morte. Quais são as acusações que lhe fora imputadas?

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04) O que Sócrates queria dizer com a frase ―só sei que nada sei‖? Explique.

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PLATÃO

"A desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta."(Platão)

BIOGRAFIA: Nascido em Atenas ou na localidade próxima de Egina, Arístocles (Platão - 427/428 -

347 a.C) veio ao mundo em uma família politicamente importante. Seu pai era descendente de Codro, o último rei de Atenas, e sua mãe teve entre seus antepassados o famoso legislador ateniense Sólon e possuía parentesco com Crítias e Cármides, dois dos Trinta Tiranos que governaram a cidade após a guerra do Peloponeso. Defensor de uma política aristocrática, foi discípulos de Sócrates e continuador de sua obra. No fim de sua vida, Platão criou a primeira instituição filosófica da história. Comprou, nos arredores de Atenas, uma propriedade onde recebia discípulos para debates. Situada num lugar chamado Jardins de Academos, passaria à história como a Academia. RELAÇÃO CORPO E ALMA: Platão defendia a superioridade do espírito em detrimento dos

sentidos. O corpo é o ―túmulo da alma‖. O corpo nos inunda de amores, paixões, temores, imaginações de toda sorte e por isso não recebemos na verdade nenhum pensamento sensato. Só teremos sabedoria se conhecermos os seres em si por intermédio da alma. (Platão. Fédon. 66 c e d. São Paulo: Abril Cultural, 1972. P.73-74. Coleção Os Pensadores.) O mundo sensível, percebido pelo corpo por meio dos sentidos, é o da mudança, do eterno devir, da ilusão, das paixões que devem ser controladas pela razão. Por isso o corpo é um entrave para o conhecimento verdadeiro, porque nos leva ao erro. A verdade é alcançada somente com o movimento em direção às ideias unas e imutáveis, por meio da razão. E isso acontece quando a alma se liberta, tanto quanto possível, da influência do corpo. MITO DA CAVERNA e a Compreensão Adequada: ―A Alegoria da Caverna‖ – Livro VII da República nos apresenta o ideal platônico de formação do filósofo, sendo que este modelo de formação possui uma dimensão ética e política. Para Platão, há dois níveis de realidade: um visível, o mundo concreto no qual vivemos (mundo sensível, das sombras, das aparências, da ignorância, do senso comum, das coisas múltiplas, mutáveis, imperfeitas, mundo das cópias) e outro inteligível (mundo das ideias — ―eidos‖, em grego, unas e imutáveis, do conhecimento verdadeiro, do conhecimento filosófico, científico, racional, mundo das essências, a realidade). O mito da caverna é uma metáfora que visa explicar a saída gradual do filósofo, do primeiro mundo, o mundo da opinião (a opinião (doxa em grego), no pensamento de Platão representa um saber sem fundamentação metódica. É um saber que possui sua origem, nas impressões ou sensações advindas da experiência), onde vive a maioria da humanidade, para o segundo mundo, o mundo da episteme (conhecimento), quando estaria compreendendo adequadamente o mundo, por abstrair das coisas do mundo sensível suas imperfeições e chegar até a sua essência, chegar até o seu ideal. Por exemplo: no mundo existem diversos tipos de cães – grandes, pequenos, claros, escuros, etc —

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mas apesar das diferenças, todos eles são cães, ou seja, todos têm em si a essência do que é um cão. Vídeos sobre o Mito da Caverna: http://www.youtube.com/watch?v=WkWQ6jB3jm0 Mito da Caverna através do desenho de Maurício de Souza: http://www.youtube.com/watch?v=I9qPYb_N3ng&NR=1 O Mito da Caverna - Director's Cut: http://www.youtube.com/watch?v=g-pUd5NaGBw

DIALÉTICA: Essa saída da caverna se faz pelo método dialético (diálogo), que consiste na contraposição de uma opinião com a crítica que dela podemos fazer. TEORIA DA REMINISCÊNCIA: conhecer é lembrar. O puro espírito já teria contemplado o Mundo

das Ideias. A alma é imortal e renasceu repetidas vezes. IDEALISMO: Platão é chamado de idealista por defender que as ideias são mais reais do que os próprios fenômenos da natureza. DEMIURGO: (gr. demiourgos: aquele que trabalha para o povo). No pensamento grego,

particularmente de Platão, o demiurgo é um deus ou o princípio organizador do universo, trabalhando a matéria (o caos) para dar-lhe uma forma. Ele não a cria, apenas a modela contemplando o mundo das ideias. (JAPIASSU e MARCONDES, Dicionário Básico de Filosofia, p.66-67). Segundo Platão, no início dos tempos, havia apenas as ideias — o Bem, a Verdade, o Humano, etc — até que um ser supremo, chamado Demiurgo, decidiu criar coisas a partir das mesmas. Essa teria sido a origem do mundo e de tudo que há nele (as pessoas, as sociedades, os costumes, e assim por diante).

Leitura Complementar: Filosofando: pp. 154-156.

EXERCÍCIOS:

QUESTÃO 01

Sobre o filósofo Platão (428-347 a.C) é correto afirmar, EXCETO: A) Escreveu textos filosóficos na forma de diálogos. B) Foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, fundador de uma escola chamada Academia. C) É um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental. Círculos culturais e intelectuais no mundo inteiro dedicam-se a estudar sua obra. D) Veio de família humilde e só foi possível estudar com assistência social do governo da sua época

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QUESTÃO 02 Sobre o filósofo Platão (428-347 a.C) é correto afirmar, EXCETO:

A) Afirmava que a educação da mulher deveria ser diferente da educação aplicada aos homens. B) Em A República, analisa a política grega, a ética, o funcionamento das cidades, a cidadania e questões sobre a imortalidade da alma. C) No diálogo ―República‖, nos livros II e III, Platão, através de Sócrates, afirma que a poesia pode levar à corrupção do caráter humano. Já no livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem ser consideradas na cidade como um todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse último livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa) deve ser inteiramente excluída da cidade (595a). Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas. D) Há uma relação direta para Platão entre o conhecimento e a virtude. Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racionalista que desconsiderava a vontade como elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acreditava que o conhecimento do bem era suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem).

QUESTÃO 03

Sobre o Mito da Caverna, no livro VII, d‘A república e Platão (428-347 a.C) é correto afirmar, EXCETO: A) O Mito da Caverna é uma explicação de como surgiu e como viviam nossos ancestrais. B) ―O mito da caverna‖ é uma metáfora do processo gradativo de aquisição do conhecimento, o qual se inicia num nível inferior, no mundo sensível, das coisas múltiplas e mutáveis, com a opinião (doxa) e o senso comum, indo até o entendimento, as ideias unas e imutáveis, o conhecimento filosófico (episteme), o mundo inteligível. C) O Mito da Caverna é o ideal platônico de formação do filósofo, modelo este que possui uma dimensão ética e política. D) Para Platão a realidade está no mundo das aparências e a maioria da humanidade vive na condição de ignorância, no mundo das essências.

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QUESTÃO 04

Segundo a teoria das ideias de Platão (428-347 a.C) existem dois níveis de realidade: um visível (mundo sensível) e outro inteligível (mundo das ideias). O mundo inteligível é o mundo da multiplicidade, do movimento, da realidade material, do conhecimento sensível. Este mundo é ilusório e apenas o inteligível é verdadeiro, sobre sua filosofia é correto afirmar, EXCETO: A) Com a dicotomia mundo sensível e mundo inteligível, Platão tenta superar a oposição instalada entre a imobilidade do ser de Parmênides e o eterno fluxo, de Heráclito. B) Sendo as ideias a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que participa do mundo das ideias, do qual é apenas sombra ou cópia. O parágrafo abaixo, retirado da República de Platão, integra uma célebre imagem que é conhecida na História da Filosofia como ―analogia do Sol‖. ― -Podes, portanto, dizer que é o Sol, que eu considero filho do bem, que o gerou à sua semelhança, o qual bem é, no lugar inteligível, em relação à inteligência e às coisas inteligíveis, o mesmo que o Sol é no lugar visível, com relação à vista e às coisas visíveis.‖ PLATÃO. República. VI, (508c). C) A alma encontra-se prisioneira do corpo por desejo do próprio homem. O próprio prisioneiro, é assim levado a colaborar da maneira mais segura, no seu próprio encarceramento. A alma humana já teria contemplado o mundo inteligível,mas ao encarnar as almas tornam-se prisioneiras do corpo e se lembram de tudo que experimentaram antes. D) Para Platão Conhecer é relembrar (Teoria da Reminiscência) e para relembrar é preciso transpor os limites do corpo e atingir o mundo inteligível por meio da contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos.

QUESTÕES ABERTAS 01) O que é a Teoria das Idéias proposta por Platão? 02) Faça um desenho que represente a Alegoria da Caverna e comente sobre seu significado. 03) Analise a seguinte citação e explicite a concepção platônica sobre a relação entre corpo e alma:

―O corpo de tal modo nos inunda de amores, paixões, temores, imaginações de toda sorte, enfim, uma infinidade de bagatelas, que por seu intermédio [...] não recebemos na verdade nenhum pensamento sensato. [...] Inversamente, obtivemos a prova de que, se alguma vez quisermos conhecer os seres em si, ser-nos-á necessário separar-nos dele e encarar por intermédio da alma em si mesma os entes em si mesmo. Só então é que nos há de pertencer aquilo de que nos declaramos amantes: a sabedoria.‖. (Platão. Fédon. 66 c e d. São Paulo: Abril Cultural, 1972. P.73-74. Coleção Os Pensadores.)

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ARISTÓTELES (384-322 a.C.)

BIOGRAFIA: Aristóteles, filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em

Estagira, colônia grega da Trácia, no litoral setentrional do mar Egeu, em 384 a.C. Aos dezoito anos, em 367, foi para Atenas e ingressou na academia platônica, onde ficou por vinte anos, até à morte do Mestre. Em 343 foi convidado pelo Rei Filipe para a corte de Macedônia, como preceptor do Príncipe Alexandre, então jovem de treze anos. Aí ficou três anos. Em seguida Aristóteles retornaria a Atenas, na Grécia, onde fundou em 340 a.C uma escola chamada Liceu. Caminhava pelo jardim do Liceu com os discípulos por isso sua filosofia é designada como peripatética (peri, ―à volta de‖, e patéo, ―caminhar‖). EPISTEMOLOGIA: a rejeição do mundo das ideias

“A verdade está no mundo à nossa volta.”

Platão poderia ter dito que não existe nada na natureza que não estivesse existido antes no ―mundo das ideias‖, para ele as ideias eram inatas e portanto, conhecer é relembrar, já para Aristóteles não existe nada na consciência que já não tenha sido experimentado antes pelos nossos cinco sentidos. A razão, mas não as ideias, é que é inata e é precisamente a característica mais importante do homem. Temos uma capacidade inata de ordenar em diferentes categorias todas as nossas impressões sensoriais. É assim que surgem conceitos como os de ―pedra‖, ―planta‖, ―animal‖ e ―homem‖. Só que nossa razão permanece totalmente "vazia" enquanto não percebemos nada. Aristóteles, portanto, recusa a Teoria das Ideias de Platão, segundo a qual o Mundo Sensível e o Mundo Inteligível são radicalmente separados. Segundo sua Teoria do Conhecimento o conhecimento sensível é diferente e interdependente do conhecimento racional. O conhecimento sensível é nossa primeira fonte de conhecimento, que se dá pelos sentidos e se chama percepção. E o conhecimento racional ocorre pela indução e pela dedução. A Indução conduz ao universal pela revisão de particulares e a Dedução extrai conclusão do universal para o particular. Aristóteles concordava com Platão que o exemplar isolado do cavalo "passa", já que nenhum cavalo vive para sempre. Em si, a ―forma‖ do cavalo era eterna e imutável. Mas a ―ideia‖ cavalo não passava de um conceito criado pelos homens depois deles terem visto um certo número de cavalos. Para ele a observação da realidade nos leva a constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, únicos e mutáveis, que são captados por nossos sentidos e que tais seres

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constituem o objeto da ciência, mas não é o seu propósito, pois a ciência deve buscar as estruturas essenciais dos seres. METAFÍSICA: A palavra Metafísica surgiu no ano 1 a.C com Andrônico de Rodes que ao organizar

as obras de Aristóteles nomeou a obra que vinha ―depois da física‖ de metafísica. O conteúdo da obra tratava do “ser enquanto ser”, do “ser em geral”, independente de suas determinações particulares e Aristóteles a nomeava de Filosofia Primeira, não no sentido de ser a primeira a ser conhecida, mas por buscar as causas mais universais. Com o tempo o sentido de ―depois‖ atribuído ao prefixo ―meta‖ foi também compreendido como ―além‖, “além da física‖, ou seja, distante dos sentidos. A metafísica fornece a todas as outras ciências o fundamento comum, o objeto que elas investigam e os princípios das quais dependem. Ao refletir sobre o ser e suas propriedades a metafísica usa e examina conceitos tais como: identidade, oposição, diferença, gênero, espécie, parte, todo, perfeição, unidade, necessidade, possibilidade, realidade. Aristóteles objetivava chegar à verdade, que é para ele a adequação do conceito à coisa real. Aristóteles procura compreender a natureza da mudança das coisas, o movimento, o devir, a transitoriedade e para tal ele formula algumas categorias que são fundamentais: substância-essência-acidente, matéria-forma, ato-potência e a Teoria das Quatro Causas. SUBSTÂNCIA: é ―aquilo que é em si mesmo‖, o suporte dos atributos. E os atributos podem ser ou essenciais ou acidentais. ESSÊNCIA: atributo sem o qual a substância não seria o que é. A essência de uma pessoa é a

racionalidade diria Aristóteles. A essência do caju é a cajuína. A essência do gato é a ―fenilidade‖. A essência de todas as coisas é também suas formas. A forma ―humano‖ é diferente da forma ―cavalo‖, que é diferente da forma ―cadeira‖. ACIDENTE: atributo que a substância pode ter ou não ter sem deixar de ser o que é. Uma pessoa pode ser alta ou baixa, nova ou velha,...e contudo continuará sendo uma pessoa. MATÉRIA (Hylé): O princípio indeterminado de que o mundo físico é composto. A matéria é pura

passividade, contém a forma em potência. FORMA (Morphé): princípio determinado em si próprio, ―o que faz com que uma coisa seja o que é‖. A forma faz parte da essência. ATO: é aquilo que a coisa está sendo. A manifestação atual do ser. POTÊNCIA: é a capacidade, a potencialidade, o possível futuro daquilo que se analisa. Aquilo que

ainda não é, mas pode vir a ser. Só tem potência seres imperfeitos. A mudança é sinônimo de imperfeição pois o que é perfeito não tem mais o que mudar. Para Aristóteles apenas o Primeiro Motor é perfeito, portanto ato puro, sem potência. A transitoriedade e a mudança das coisas se resumem na passagem de um ato a outro ato, por meio da potência. Todo ser tende a se atualizar. O ato passa à potência, o atual ao possível. Todo ser tem a tendência de realizar a forma que lhe é própria. Isto ocorre quando, por exemplo, uma semente se transforma em uma árvore. Esta é a chamada Teoria Essencialista de Aristóteles: todo ser tem em potência sua essência. Marx, Nietzsche e Sartre criticaram a Teoria Essencialista quando aplicada para compreender o ser humano. Para Marx não há essência humana. O ser humano se produz pelo trabalho conforme o contexto histórico-social. Nietzsche se propôs recusar todos os modelos metafísicos e Sartre disse que as coisas, os animais e os vegetais são ―em-si‖ e apenas o ser humano é ―para-si‖, constrói sua existência.

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A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS Para Aristóteles, a ciência é o conhecimento pelas causas e, portanto o conhecimento verdadeiro que nos possibilita superar os enganos da opinião. Causa é tudo aquilo que determina a realidade de um ser. Há quatro tipos de causas fundamentais: a material, a eficiente (motriz), a formal e a final;

Causas Descrição Exemplo: Estátua

Material Refere-se à matéria de que é feita uma coisa

Mármore

Formal Refere-se à forma, a configuração de uma coisa. Aquilo que a coisa tende a ser.

A forma da estátua. Por ex.: uma estátua em forma de homem e não de cavalo.

Eficiente Refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa.

O escultor que fez a estátua

Final A finalidade de uma determinada coisa. Beleza, glória, devoção, dinheiro

Segundo Aristóteles é pela causa final que as coisas mudam, e transita, por ter potência, de um ato ao outro. DEUS: PRIMEIRO MOTOR IMÓVEL Pelo Princípio da Causalidade ―tudo que se move é necessariamente movido por outro.‖ Ao refletir sobre a causalidade Aristóteles chega à conclusão de que no encadeamento das causas e efeitos é preciso admitir uma primeira causa incausada: Deus.

―Se as coisas são contingentes é preciso concluir que são produzidas por causas exteriores a elas.‖ Então é necessário admitir uma primeira causa incausada para não regressarmos infinitamente. A descrição das relações entre as coisas leva ao reconhecimento da existência de um ser superior e Necessário, Deus, a causa primeira de todo existente. O Primeiro Motor move tudo que há não como causa eficiente, mas sim como causa final. As move por ―atração‖, pois ele é Ato Puro, sem potência, imóvel e perfeito, mas não conhece e nem ama os seres individualmente, é puro pensamento que pensa a si mesmo. ÉTICA: RAZÃO, VIRTUDE E FELICIDADE O fundamento da Ética aristotélica é o mesmo de sua metafísica, para a qual todo o ser humano tende necessariamente à realização da sua natureza, no caso do homem, a razão é a sua essência. Para ser feliz o homem deve viver de acordo com a sua essência que o conduzirá à prática da virtude. A virtude é, portanto uma atividade conforme a razão e representa o meio-termo, a justa medida, o equilíbrio entre dois extremos de um atributo qualquer. Os excessos e as faltas são vícios. Este justo meio na ação de um homem não é abstrato, é concreto e não é igual para todos, é relativo a cada qual e variável conforme as circunstâncias. A felicidade é um fim em si mesmo, é o único fim que não visa promover outro fim, e consiste numa ação virtuosa. Não é um estado, mas sim uma atividade, a mais auto-suficiente de todas. Para Aristóteles, a virtude moral não é inata, o ser humano não é mau, nem bom por natureza. A virtude é uma inclinação permanente, um costume, um hábito, uma disposição constante da vontade para agir em conformidade com esta medida. Nos tornamos bons com os atos bons, pois estes atualizam nossa potencialidade para a razão e para a felicidade. Para Aristóteles há duas espécies de excelências: a moral e a intelectual, e nenhuma delas são inatas. Elas possuem, respectivamente, origem no hábito e na instrução.

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Vício por deficiência Virtude Vício por excesso

Covardia Coragem Temeridade, audacioso

Fraqueza de vontade Perseverança Vontade obsessiva

Insensibilidade Temperança Libertinagem

Avareza Generosidade, Liberalidade

Esbanjamento, extravagância

Vileza Magnificência Vulgaridade

Modéstia Respeito Próprio Vaidade

Indiferença Gentileza Irascibilidade

Descrédito Próprio Veracidade Orgulho

Rusticidade Agudeza de Espírito Zombaria

Enfado Amizade Condescendência

Desavergonhado Modéstia Timidez

Malevolência Justa Indignação Inveja

A concepção teleológica de racionalidade prática baseia-se na ética dos fins (TELE significa : fim). Aristóteles em sua concepção da virtude como mediania, destaca que o fim de nossas ações é o bem supremo – o sumo bem, que é o fim último da ação (teleologia) e, esse bem maior - é a felicidade. Deontologia é entendida como: 1. tratado do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adotadas por um determinado grupo profissional. e, 2. segundo Kant, por regras autoimpostas. LÓGICA A lógica é o estudo da estrutura e dos princípios relativos à argumentação válida. O estudo da lógica serve para:

Identificar se nossos argumentos e operações do pensamento são válidas (corretas) ou não.

Organizarmos as ideias de modo mais rigoroso.

Para investigar as condições em que a conclusão de um argumento se segue necessariamente de enunciados iniciais, chamados premissas.

Os princípios da lógica servem de base a todos os argumentos. Por serem princípios, são de conhecimento imediato e, portanto, indemonstráveis. São eles: o de identidade, o de não contradição e o do terceiro excluído.

Segundo o princípio de identidade, se um enunciado é verdadeiro, então ele é verdadeiro.

O princípio de não contradição: ¬ (P ∧ ¬P), que alguns denominam simplesmente princípio

de contradição – afirma que não é o caso de um enunciado e de sua negação. Portanto, duas proposições contraditórias não podem ser ambas verdadeiras: se for verdadeiro que ―alguns seres humanos não são justos‖, é falso que ―todos os seres humanos são justos‖.

O princípio do Terceiro Excluído: (P ∨ ¬P), (em latim, principium tertii exclusi ou tertium non

datur) afirma que para qualquer proposição, ou esta proposição é verdadeira, ou sua negação é verdadeira. É necessário que qualquer sentença seja ou verdadeira ou falsa. Por exemplo, se P for a proposição: Sócrates é mortal então a lei do terceiro excluído sustenta que a disjunção lógica: Ou Sócrates é mortal, ou não é o caso de Sócrates ser mortal é verdade simplesmente por sua forma. Ou seja, o valor "intermediário", que Sócrates não é nem mortal, nem não-mortal, é excluído pela lógica, e portanto, ou a primeira possibiliade (Sócrates é mortal) ou a negação (não é o caso de Sócrates ser mortal) tem que ser verdade.

O princípio do terceiro excluído, juntamente com seu complemento, o princípio da não-contradição (a segunda das três leis clássicas do pensamento), são correlatos da lei da

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identidade (a primeira dessas leis). Por o princípio da identidade particionar o universo em exatamente duas partes, ele cria uma dicotomia na qual as duas partes são "mutualmente exclusivas" e "mutualmente exaustivas". O princípio da contradição é meramente uma expressão do aspecto mutualmente exclusivo dessa dicotomia, e o princípio do terceiro excluído é uma expressão desse aspecto mutualmente exaustivo. Aristóteles escreveu que ambiguidade pode surgir do uso de nomes ambíguos, mas não pode existir nos fatos em si. Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados.

Proposições são tipos particulares

de Enunciados nas quais se afirma

ou nega um termo de outro termo.

As proposições podem ser

classificadas quanto a sua

Quantidade e quanto a sua

Qualidade

Os Diagramas de Euler representam as relações entre dois conjuntos (A e B) nos permitindo definirmos a

Extensão dos mesmos. As relações podem ser de sobreposição, de contenção ou nenhuma. Os espaços

internos comum a dois conjuntos representam a sua interseção, ou seja, os elementos comuns a ambos os

conjuntos.

Qual a

relação entre

eles?

Representaç

ão gráfica

sem

hachuras.

O devemos

hachurar?

Representação

gráfica com

hachuras.

Extensão dos Termos:

Total: quando o conjunto for

totalmente hachurado ou ficar

totalmente sem hachuras e;

Parcial: quando o conjunto for

parcialmente hachurado

São possíveis 8 proposições com

dois termos quaisquer. Ex. A e B.

Quantidade

Qualidade

A ou ―x‖ um dos seus

exemplares

B

1

Todo A é B

Universal

Afirmativa

Contenção

Os As que são

Bs: todos

Total

Parcial

2

Nenhum A não é

B

Universal

Afirmativa

Contenção

Os As que são

Bs: todos

Total

Parcial

3

Algum A é B

Particular

Afirmativa

Sopreposiçã

o

Os As que são

Bs: intercessão

Parcial

Parcial

4

X (um exemplar

de A) é B

Singular

Afirmativa

Contenção

Sem hachuras

Total

Parcial

5

Todo A não é B

Universal

Negativa

Nenhuma

Todos os As

que não são B

e todos oB que

não são As

Total

Total

6

Nenhum A é B

Universal

Negativa

Nenhuma

Todos os As

que não são Bs

e todos os Bs

que não são As.

Total

Total

7

Algum A não é B

Particular

Negativa

Sobreposiçã

o

Todos os As

que não são Bs.

Parcial

Total

8

X (um exemplar

de A) não é B

Singular

Negativa

Nenhum

Sem hachura

Total

Total

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QUADRADO DAS OPOSIÇÕES: Diagrama que explicita as relações entre proposições.

Proposições Conclusões Exemplos

Contraditórias

A e O

Se A é V, O é F Ambas não podem ser V Se ―Todo homens é mortal‖ for V, então ―Algum homem não é mortal.‖ é F.

Se A é F, O é V Ambas não podem ser F Se ―Todo homem é ovíparo‖ for F, então ―Algum homem não é ovíparo.‖ é V.

E e I

Se E é V,I é F Ambas não podem ser V Se ―Nenhum homem é ovíparo‖ for V, então ―Algum homem é ovíparo.‖ é F.

Se E é F, I é V Ambas não pode ser F Se ― Nenhum homem é mamífero‖ for F, então ―Algum homem é mamífero.‖ é V.

Contrárias

A e E

Se A é V, E é F Ambas não podem ser V Se ―Todo homem é mamífero‖ for V, então ―Nenhum homem é mamífero.‖ é F.

Se A é F, E é Vou F Ambas podem ser F Se ―Todo homem é justo‖ é F, então ―Nenhum homem é justo.‖ é F.

Uma falsa e outra verdadeira Se ―Todo homem é ovíparo‖ é F, então ―Nenhum homem é ovíparo.‖ é V.

Subcontrárias

I e O

Se I é V, O é V ou F Ambas V Se ―Algum homem é justo‖ é V, então ―Algum homem não é justo.‖ é V.

Uma V e a outra F Se ― Algum homem é mamífero‖ é V, então ―Algum homem não é mamífero.‖ é F.

Se I é F, O é V Ambas não podem ser F Se ―Algum cão é gato‖ é F, então ―Algum cão não é gato.‖ é V.

Subalternas

A e I

Se A é V, I é V Ambas são V Se ―Todo homem é mortal‖ é V, então ― Algum homem é mortal.‖ é V.

Se A é F, I é V ou F Ambas podem ser F Se ― Todo homem é imortal‖ é F, então ―Algum homem é imortal.‖ é F.

Uma F e outra V Se ― Todo homem é injusto‖ é F, então ―Algum homem é injusto.‖ é V.

Se I é V, A é V ou F Ambas podem ser V Se ―Algum homem é mamífero‖ é V, então ―Todo homem é mamífero.‖ é V.

Uma verdadeira e outra F Se ―Algum homem é justo‖ é V, então ―Todo homem é justo.‖ é F.

Se I é F, A é F Ambas são F Se ―Algum homem é ovíparo.‖ é F, então ―Todo homem é ovíparo.‖ é F.

E e O

Se E é V, O é V Ambas são V Se ―Nenhum homem é ovíparo.‖ é V, então ―Algum homem não é ovíparo.‖ é F.

Se E é F, O é V ou F Uma F e a outra V Se ―Nenhum homem é justo‖ é F, então ―Algum homem não é justo.‖ é V.

Ambas F Se ―Nenhum homem é mamífero.‖ é F, então ―Algum homem não é mamífero‖ é falso.

Se O é V, E é V ou F Ambas podem ser V Se ―Algum homem não é ovíparo.‖ é V, então ―Nenhum homem é ovíparo.‖ é V.

Uma V e outra F Se ―Algum homem não é justo. é V, então ―Nenhum homem é justo é F

Se O é F, E é F Ambas são F Se ―Algum homem não é mamífero.‖ é F, então ―Nenhum homem é mamífero.‖ é F

Referências: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à Filosoifa / Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. – 4.ed. – São Paulo: Moderna, 2009, Cap.13 (6) (p.156-159) e Atividades: 3,8,11. (p.166). ARISTÓTELES. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Arist%C3%B3teles&oldid=40278515>. Acesso em: 28 out. 2014. LEI DO TERCEIRO EXCLUÍDO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lei_do_terceiro_exclu%C3%ADdo&oldid=40079906>. Acesso em: 28 out. 2014.

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EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Sobre a filosofia de Aristóteles marque a alternativa INCORRETA:

A) Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C., na cidade antiga de Estagira, e morreu em 322 a.C. B) Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, ética, etc. É considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade. C) Valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. D) Após educar Alexandre, a pedido de Filipe da Macedônia, Aristóteles retornaria a Atenas, na Grécia, onde fundo sua escola chamada Coliseu.

QUESTÃO 02

Com base na doutrina da Substância aristotélica, marque a alternativa FALSA.

A) Aristóteles afirma que em cada coisa existem elementos Acidentais e elementos Substanciais. Os Acidentes são coisas que não alteram a Substância, a essência, de uma determinada coisa. B) O ser substancial não pode ser mudado porque isso comportaria numa transformação da essência. C) Por substância se entende a união da Matéria e Forma. D) A substância supra-sensível deve ser eterna, o movimento é eterno, eterno deve ser a sua causa; assim como imóvel: ―só o imóvel é a causa absoluta do móvel‖.

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QUESTÃO 03 Sobre a teoria aristotélica das ―Quatro Causas‖, marque a alternativa INCORRETA:

A) É uma das explicações encontradas pelo filósofo para explicar o problema da imobilidade do mundo. B) segundo Aristóteles é pela causa final que as coisas mudam, determinando a passagem da potência para o ato; C) Aristóteles afirma que a indagação filosófica é uma investigação sobre as causas das coisas, das quais há quatro diferentes tipos: a material, a eficiente (motriz), a formal e a final; D) para o filósofo a transitoriedade e a mudança das coisas se resumem na passagem da potência para o ato;

QUESTÃO 04 Aristóteles rejeitou a dicotomia e o distanciamento estabelecido por Platão entre mundo sensível e mundo inteligível. No entanto, acabou fundindo os dois em um conceito só, que é:

A) A Forma, aquilo que faz com que algo seja o que ele é, princípio de inteligibilidade das coisas. B) A Matéria, enquanto princípio de indeterminação. C) A Substância, enquanto aquilo que é em si mesmo e enquanto suporte de atributos. D) Acidente, enquanto atributo não necessário.

QUESTÃO 05

Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

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I – Matéria ( ) A manifestação atual do ser, aquilo que ele já é. II – Forma ( ) HYLÉ – o princípio indeterminado dos seres. III – Ato ( ) Aquilo que ainda não é mas pode vir a ser. IV – Potência ( ) MORPHÉ – o princípio determinado em si próprio. A) III, I, IV e II; B) I, IV, II e III; C) IV, II, I, e III; D) I, II, III e IV;

QUESTÃO 06 (UFU/2012) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão ―ser segundo a potência e o ato‖, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.

A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta. A) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência). B) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível.

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Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma). C) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel. D) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto.

QUESTÃO 07

(UEL-PR) Quatro tipos de causas podem ser objeto da ciência para Aristóteles: causa eficiente, final, formal e material.

Assinale a alternativa correta em que as perguntas correspondem, respectivamente, às causas citadas. A) Por que foi gerado? Do que é feito? O que é? Quem gerou? B) O que é? Do que é feito? Por que foi gerado? Quem gerou? C) Do que é feito? O que é? Quem gerou? Por que foi gerado? D) Quem gerou? Por que foi gerado? O que é? Do que é feito?

QUESTÃO 08 Em relação ao conceito do Primeiro Motor Imóvel, posso AFIRMAR que:

A) a descrição das relações entre as coisas leva ao reconhecimento da existência de um ser superior e necessário;

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B) para não ir ao infinito na sequência de causas, é preciso admitir uma primeira causa por sua vez incausada, um ser necessário (e não contingente); C) segundo Aristóteles, Deus é ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de todo existente; D) todas as afirmações acima estão corretas;

QUESTÕES ABERTAS 01) Identifique a que se refere Aristóteles neste trecho.

―É evidente que há um princípio e que as causas dos seres não são infinitas [...]. Com efeito, não é possível que, como da matéria, isto proceda daquilo até o infinito, por exemplo, a carne da terra, a terra do ar, o ar do fogo e isto sem parar; nem quanto àquilo donde é o movimento [a origem do movimento], sendo por exemplo o homem movido pelo ar, o ar pelo Sol, o Sol pela discórdia, sem que disto haja um limite.‖ (Aristóteles. Metafísica. Livro II, Capítulo II. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.240. Coleção Os Pensadores.)

02) Faça uma pequena Biografia de 5 linhas sobre Aristóteles. 03) Com base na teoria metafísica de Aristóteles, explique o que é substância, essência e acidente. 04) Explique a teoria aristotélica das ―Quatro Causas‖ de Aristóteles. 05) Explique a teoria do ato e da potência de Aristóteles. 06) Explique a teoria do Primeiro Motor Imóvel de Aristóteles.

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ATIVIDADE EXTRA 1:

Contrato tácito entre as pessoas que se conformam3 O mundo em que vivemos assenta num contrato tácito entre os conformistas e cujo conteúdo é o seguinte: 1) Aceito a competição como base do nosso sistema social e econômico, mesmo tendo consciência que o seu funcionamento gera frustração e cólera por entre a esmagadora maioria dos perdedores. 2) Aceito ser humilhado ou explorado na condição de também eu humilhar e explorar quem quer que se encontre abaixo de mim na hierarquia social. 3) Aceito a exclusão social dos marginais, desadaptados e dos fracos em geral, uma vez que a integração social tem que ter limites. 4) Aceito remunerar os bancos a fim destes investirem o meu salário conforme as suas conveniências, mesmo sem receber qualquer dividendo pelos seus gigantescos lucros. Aceito igualmente que os bancos me exijam uma comissão elevada para me emprestarem dinheiro que não é outro senão o dos seus clientes. 5) Aceito que permanentemente sejam congeladas e sejam lançadas fora toneladas de alimentos a fim de que os preços não baixem, o que é preferível a dá-los às pessoas necessitadas e que permitiriam salvar algumas centenas de milhares de pessoas da fome a cada ano que passa. 6) Aceito que seja expressamente proibido pôr fim aos seus dias, mas que seja perfeitamente tolerável que se vá morrendo aos poucos ao inalar-se ou ingerir-se substâncias tóxicas autorizadas pelos Estados. 7) Aceito que se faça a guerra para fazer reinar a paz. Aceito que em nome da paz a primeira despesa pública dos Estados seja para o orçamento do exército. Aceito igualmente que os conflitos sejam criados artificialmente a fim de garantir o escoamento dos estoques de armas e de fazer girar a economia mundial. 8) Aceito a hegemonia do petróleo sobre a nossa economia, muito embora se trate de uma economia de elevado custo e geradora de poluição, pelo que estou de acordo em travar ( e mesmo impedir) qualquer substituição, mesmo se vier a descobrir um qualquer meio gratuito e ilimitado de produzir energia, o que seria uma grande perda e prejuízo elevado para o nosso sistema econômico. 9) Aceito que se condene a morte do próximo, salvo se o Estado decretar que se trata de um inimigo, caso esse em que devemos então encorajar a que seja morto. 10) Aceito que se divida a opinião pública criando partidos de direita e partidos de esquerda, que passarão o seu tempo a combater-se entre si, dando a impressão de fazer avançar o sistema. Aceito, além disso, todas as divisões possíveis e imagináveis, visto que elas me permitirão canalizar a minha cólera para os tais inimigos referenciados, e cujo retrato será agitado perante os meus olhos. 11) Aceito que o poder de moldar e formatar a opinião pública, outrora entregue às religiões, esteja hoje nas mãos dos negociantes, não eleitos democraticamente e que são totalmente livres do controle dos Estados, já que estou plenamente convencido do bom uso que não deixarão de fazer daquele poder sobre a opinião pública. 12) Aceito a ideia que a felicidade se resume ao conforto, amor ao sexo, e liberdade à satisfação de todos os desejos, pois é isso que a publicidade não se cansa de me transmitir. Quanto mais infeliz, mais eu hei-de consumir, e ao desempenhar com competência este meu papel, estou a contribuir para o bom funcionamento da nossa economia. 13) Aceito que o valor de uma pessoa seja medido em função da sua conta bancária, assim como a sua utilidade social esteja dependente da sua produtividade, e não tanto da suas qualidades, pelo que será excluído do sistema quem não se mostre suficientemente produtivo.

3 Texto retirado da internet, com pequenas alterações. Segundo informações de autoria dos Amigos da Terra.

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14) Aceito voluntariamente que sejam prodigamente pagos os jogadores de futebol e os atores e atrizes, e a um nível muito inferior os professores e médicos, profissionais encarregados da educação e da saúde das futuras gerações. 15) Aceito que sejam lançados para os lares, especialmente destinados para esse fim, as pessoas de idade, cuja experiência poderia ser útil, uma vez que sendo nós a civilização mais evoluída do planeta ( e, sem dúvida, do universo) sabemos bem que a experiência não se partilha nem se transmite. 16) Aceito que todos os dias sejam apresentadas as notícias mais terríveis e mais negativas do mundo a fim que de que eu possa apreciar até que ponto é normal e possa dar-me por satisfeito a sorte que tenho em viver numa sociedade ocidental, tanto mais que incutir o medo nos nossos espíritos só pode ser benéfico para todos nós. 17) Aceito que os industriais, os militares e os políticos se reúnam regularmente para tomar decisões, sem nos consultar, sobre o futuro da vida e do planeta. 18) Aceito consumir carne bovina tratada com hormônios sem que eu esteja informado sobre o assunto. Aceito que a cultura dos transgênicos se expanda por todos os sítios do mundo, permitindo às transnacionais do setor agro-alimentar patentear as sementes, recolher dividendos e colocar sob o seu jugo toda a agricultura mundial. 19) Aceito que os grandes bancos internacionais emprestem dinheiro aos países desejosos de adquirir armamento, escolham aqueles que farão a guerra e os que a não farão. Estou plenamente consciente que mais vale financiar as duas partes beligerantes a fim de estar seguro que o conflito possa durar o mais tempo possível, de modo a ser possível pilhar os seus recursos caso não possam reembolsar os empréstimos recebidos. 20) Aceito que as empresas multinacionais se abstenham de aplicar os progressos sociais do ocidente nos países desfavorecidos. Considerando que é uma verdadeira beleza vê-los a trabalhar, prefiro que seja permitido o trabalho de crianças em condições infra-humanas e precárias e que, em nome dos direitos do homem e do cidadão, não haja o direito de ingerência nesses assuntos. 21) Aceito que os políticos possam ter uma duvidosa honestidade e, por vezes, sejam corruptos, perante as fortes pressões de que eles são alvos, desde que para a maioria dos cidadãos a regra seja a tolerância zero. 22) Aceito que os laboratórios farmacêuticos e os industriais do setor agro-alimentar vendam aos países periféricos produtos fora do prazo ou com componentes cancerígenos, e que estejam interditas nos países centrais. 23) Aceito que o resto do mundo não-ocidental possam pensar diferentemente de nós, sob a condição de não virem para cá exprimir as suas crenças e ainda menos tentar explicar a nossa História com as suas noções filosóficas primitivas. 24) Aceito a ideia que não existe senão duas possibilidades na natureza, a saber: caçar ou ser caçado. E se somos dotados de uma consciência e de linguagem, não é com certeza para saber escapar a esta dualidade, mas sim para justificar porque é que agimos assim. 25) Aceito considerar o nosso passado como uma sucessão ininterrupta de conflitos, conspirações políticas e de vontade para obter hegemonias, mas eu sei que hoje tudo isso já não existe porque estamos no apogeu da evolução humana, e que as únicas regras que regem o nosso mundo são a busca da felicidade e da liberdade de todos os povos, tal como ouvimos dizer constantemente nos discursos políticos. 26) Aceito sem discutir e considero como verdades todas as teorias propostas para explicar o mistério das nossas origens. Além disso, aceito que a natureza tenha demorado milhões de anos para criar um ser humano, para o qual o único passatempo é a destruição da sua própria espécie daqui a alguns instantes. 27) Aceito que a procura do lucro seja o fim último da Humanidade, e que a acumulação das riquezas seja a realização efetiva da vida humana. 28) Aceito a destruição das florestas, a quase destruição da fauna marítima dos rios e oceanos. Aceito o aumento da poluição industrial e a dispersão de venenos químicos e de elementos radioativos na natureza. Aceito a utilização de todas as espécies de aditivos químicos na minha

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alimentação, porque estou convencido que, se aí são introduzidos, é porque são úteis e desprovidos de risco. 29) Aceito a guerra econômica que alastra pelo planeta, mesmo se sinto que ela nos conduz para uma catástrofe sem precedentes. 30) Aceito esta situação e admito que não posso fazer absolutamente nada para a mudar ou melhorar. 31) Aceito ser tratado como besta, pois feitas as contas, penso que não valho mais que isso. 32) Aceito não levantar qualquer questão, de fechar os olhos a tudo isso e em não me opor a nada, uma vez que estou demasiado ocupado com a minha vida e já tenho preocupações que me cheguem. Aceito mesmo defender até à morte este contrato se me pedirem. 33) Aceito pois, consciente e voluntariamente, este meu triste destino contratual que me colocaram à frente dos olhos e que vou assinar, apesar de tal me impedir de ver a realidade das coisas. Nota final: Caso estejas contra e recusas subscrever este contrato, podes em alternativa começar por utilizar os recursos que a amizade e o amor, a fraternidade e a responsabilidade partilhada te oferecem e passar a refletir, a conceber, a ousar e a tecer uma teia não-venenosa, mas saudável, para manter saudável o planeta e garantir à Humanidade o direito a viver com justiça e liberdade. Todo o atraso é demais. O texto acima faz uma crítica irônica e mordaz ao “Contrato Social” que aceitamos e mantemos por meio de nossa indiferença e conformismo. Após uma leitura atenta do mesmo desenvolva uma reflexão de no mínimo 10 linhas sobre suas possibilidades de cooperar na reversão desta situação.

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ATIVIDADE EXTRA 2:

O Direito de Sonhar - Eduardo Galeano Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado. Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede. Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão. Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros. O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões. O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV. A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas. Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar. Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os que quiserem se alistar. Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas. Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas. Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos. Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas. O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre. Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão. Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua. Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos. A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela. A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la. Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro. Uma mulher - negra - vai ser presidente do Brasil, e outra - negra - vai ser presidente dos Estados Unidos. Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru. Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória. A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro. A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte". Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro. O texto acima de Eduardo Galeano mistura realidade e ficção, presente e futuro,... após uma leitura atenta do mesmo teça um comentário de 10 linhas sobre o projeto de mundo do autor. Retirando os aspectos surreais do texto, você concorda com este projeto? Quais são os desafios para torná-lo real?

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ATIVIDADE EXTRA 3: O Último Discurso - Charles Chaplin

Desculpe! Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível –judeus, o gentio ... negros ... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ...levantou no mundo as muralhas do ódio ...e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá. Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos. Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos. Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres,

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levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos! O texto acima mostra as consequências negativas do progresso tecno-científico e de igual modo aponta para as possibilidades de superação dos aspectos negativos da sociedade. Após uma leitura atenta do mesmo desenvolva uma reflexão de no mínimo 10 linhas sobre suas possibilidades de cooperar na conquista deste novo mundo.

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ATIVIDADE EXTRA 4: REDAÇÃO: Assista ao filme Waking Life (2001), EUA, de Richard Linklater e com base nele e nos conhecimentos construídos ao longo de sua existência, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre algum tema relacionado ao filme. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. O filme está disponível na internet. Pode ser assistido, por exemplo aqui: https://archive.org/details/Despertar.da.Vida. O texto deve ter no mínimo 25 linhas e no máximo 30 linhas e NÃO DEVE SER COPIADO DA INTERNET.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARANHA, Maria Lucia Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. Introdução à filosofia. volume único..4ª edição. S.P: - Moderna. 2009. ARISTÓTELES. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Arist%C3%B3teles&oldid=40278515>. Acesso em: 28 out. 2014. ARISTÓTELES. Metafísica. Livro II, Capítulo II. São Paulo: Abril Cultural, 1973. P.240. Coleção Os Pensadores. FERREIRA. Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. 1ª Edição. Editora Nova Fronteira. GOETHE, Wolfgang von. Prometheus. 1774. HART, James L. Sócrates Encontra Jesus. 1997. Disponível em: <https://destravandolinguas.wordpress.com/2010/05/14/socrates-encontra-jesus/> Acesso em: 01/03/2015 JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro.1993. LEI DO TERCEIRO EXCLUÍDO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lei_do_terceiro_exclu%C3%ADdo&oldid=40079906>. Acesso em: 28 out. 2014. MARQUES, Marcelo; KAUARK, Patrícia; BIRCHAL, Telma. Currículo Básico Comum – Filosofia – Proposta Curricular – Ensino Médio - Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. 2008. OS PRÉ-SOCRÁTICOS. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.84. (Col. Os Pensadores) PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987. PLATÃO. Fédon. 66 c e d. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p.73-74. Coleção Os Pensadores. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994.

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SUGESTÕES DE VÍDEOS, FILMES, DOCUMENTÁRIOS, MÚSICAS

TEMA TÍTULO ANO PAÍS DIRETOR/MÚSICO

ANIMAIS A Carne é Fraca

ANIMAIS Discurso sobre o Veganismo Gary Yourofsky

ANIMAIS Não matarás! Instituto Nina Rosa

ANIMAIS Terráqueos 2005 EUA Shaun Monson

CÂNCER O Milagre Gerson 2004

CAPITALISMO Da Servidão Moderna

CAPITALISMO Ilha das Flores

CRIMINOLOGIA Juízo: Os Infratores do Brasil Maria Augusta

CRIMINOLOGIA Justiça Maria Augusta

CRISTOLOGIA A vida de Brian

DESCARTES Descartes (Cartesius) 1973 FRA/ITA

Roberto Rosselini

DROGAS Bicho de sete cabeças 2000 BRA Laís Bodanzky

DROGAS Cortina de Fumaça

DROGAS Quebrando o Tabu

ECOLOGIA A história das Coisas Anne Leonard

ECOLOGIA A história secreta da obsolescência programada

Cosima Dannoritzer

ECOLOGIA Home

ECOLOGIA Lixo Extraordinário 2010

ECONOMIA A Corporação

ECONOMIA Ilha das Flores Jorge Furtado

EDUCAÇÃO A Onda

EDUCAÇÃO Entre os Muros da escola 2008 FRA Laurent Cantet

EDUCAÇÃO O Jarro 1992 IRÃ Ebrahim Foruzesh

EDUCAÇÃO Pink Floyd The Wall 1982 Alan Parker

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

Quem manda na cidade que você vive

ESPIRITUALIDADE Eu maior

ÉTICA A história dos direitos humanos

ÉTICA O Riso dos Outros

ÉTICA Solitário Anônimo

FILOSOFIA A Vida de David Gale 2003 EUA Alan Parker

FILOSOFIA Baraka 1992 EUA

FILOSOFIA Beleza Americana 1999 EUA Sam Mendes

FILOSOFIA Cronicamente Inviável 2000 Sérgio Bianchi

FILOSOFIA Fala Secos e Molhados

FILOSOFIA Filosofia – Mart‘nália Música

FILOSOFIA Freud, além da alma.

FILOSOFIA Futebol Filosófico Monty Python

FILOSOFIA Giordano Bruno 1973 ITA/FRA

Giuliano Montaldo

FILOSOFIA Hanna Arendt 2012

FILOSOFIA La Belle Verte

FILOSOFIA Matrix 1999 EUA Andy Wachowski

FILOSOFIA Matrix Reloaded 2003 EUA Andy Wachowski

FILOSOFIA Matrix Revolutions 2003 EUA Andy Wachowski

FILOSOFIA O Mundo de Sofia

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FILOSOFIA O nome da rosa 1986 ALE/FRA

Jean Jacques Annaud

FILOSOFIA O som ao redor 2013 BRA Kleber Mendonça Filho

FILOSOFIA Os alquimistas estão chegando – Jorge Ben

Música

FILOSOFIA Sociedade do Espetáculo Guy Debord

FILOSOFIA Surplus - com Zerzan

FILOSOFIA V for Vendetta

FILOSOFIA Waking Life 2001 EUA Richard Linklater.

GÊNERO O Corpo das Mulheres

GÊNERO Tudo pode dar certo

GÊNERO Volver

HISTÓRIA A Batalha do Chile. (1975, 1977, 1979)

CHI Patricio Guzmán

HISTÓRIA Nós que aqui estamos, por vós esperamos

HISTÓRIA O Grande Didator 1940 EUA Charles Chaplin

HISTÓRIA Olga

HISTÓRIA Our History in 2 minutes

HOMOFOBIA Car@s amig@s

ILLUMINATIS Bode de estimação

INDÍGENAS Xingu – O filme

MARX Hino a Internacional Comunista

MARX Manifestoon, Manifesto Comunista

Jesse Drew

MARX Marx Reloaded 2010 Jason Barker

MARX (Marighella) Um Comunista Chico Buarque

MÍDIA Além do Cidadão Kane Simon Hartong

MÍDIA Criança. A alma do negócio

MITOLOGIA A Odisséia

MITOLOGIA Mulher nova, bonita e carinhosa Zé Ramalho

MITOLOGIA Mulheres de Atenas Chico Buarque

MITOLOGIA Os 12 trabalhos de Hércules Música Zé Ramalho

MITOLOGIA Os trezentos de Esparta 1962 EUA André Klotzel

MITOLOGIA Tróia

MOTIVACIONAL O processo é lento Música BNegão

MOTIVACIONAL Qual o tamanho do seu apetite pelo sucesso

NEGRITUDE Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás

NEGRITUDE Jango Livre Quentin Tarantino

NEGRITUDE Preta – Cordel do Fogo Encantado

Música

NEGRITUDE Quanto Vale Ou É Por Quilo

NEGRITUDE Vista minha pele Joel Zito Araújo

NIETZSCHE Dias de Nietzsche em Turim 2001 BRA Júlio Bressane

NIETZSCHE Meu Amigo Nietzsche

NIETZSCHE Para Além de Bem e de Mal

NIETZSCHE Quando Nietzsche Chorou

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PALESTINA A Chave da casa

PALESTINA A intervenção divina

PALESTINA Al Nakba (A Catástrofe)

PALESTINA Last Interview, com Edward Said.

PALESTINA Lemmon Tree

PALESTINA O Sal Desse Mar

PALESTINA Palestina: A História de uma Terra.

Simone Bitton

PALESTINA Terra Fala Árabe

PALESTINA Valsa com Bashir

PAZ A Paz - Gilberto Gil Música

PITÁGORAS Donald no país da matemágica

PLATÃO Mito da Caverna - Platão - Myth of the Cave - Plato

PLATÃO Mito da Caverna através do desenho de Maurício de Souza

PLATÃO O Mito da Caverna – Director‘s Cut

PSICOLOGIA O Efeito Sombra

SARTRE Sartre

SAÚDE Muito Além do Peso 2013 BRASIL Maria Farinha Filmes

SAÚDE O Mundo Segundo a Monsanto

SAÚDE O veneno está na mesa Silvio Tendler

SAÚDE Sicko (S.O.S. Saúde) 2008 EUA Michael Moore

SAÚDE Simply Raw Dr. Gabriel Cousins

SAÚDE MENTAL A casa dos mortos Débora Diniz

SOCIOLOGIA Bourdie: Sociologia como esporte de combate.

SOCIOLOGIA Etiquetas psiquiátricas de transtornos inventados

SOCIOLOGIA Florestan Fernandes, O Mestre.

SÓCRATES Sócrates 1971 ITA/FRA/ESP

Roberto Rossellini

SUPERAÇÃO Janela da Alma

ZEITGEIST Filme Zeitgeist Addendum

ZEITGEIST Zeitgeist

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CALENDÁRIO DE LUTAS JANEIRO

FEVEREIRO 24 Dia da conquista do voto feminino no Brasil MARÇO 8 Dia internacional das mulheres

21 Dia Internacional das Florestas Dia Internacional pela eliminação da Discriminação Racial

22 Dia Mundial da Água ABRIL 17 Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária

19 Dia dos povos indígenas

22 Dia da Terra

30 Dia Nacional da Mulher

MAIO 1 Dia Internacional dos Trabalhadores

17 Dia Internacional contra a Homofobia

18 Dia Nacional da Luta Antimanicomial

22 Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

25 Dia da Unidade Africana JUNHO 24 Dia Mundial dos Discos Voadores

Dia mundial contra a Violência Policial JULHO 4 Dia Internacional do Cooperativismo

25 Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha AGOSTO 28 Dia de combate à violência sexual às mulheres

29 Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil

SETEMBRO 7 Grito dos Excluídos

11 Dia do Cerrado

20 Homenagem a Zumbi dos Palmares

21 Equinócio da Primavera

22 Dia mundial sem carro

28 Dia de luta pela descriminalização do aborto na América Latina e Caribe

OUTUBRO 11 Dia Mundial de Ação contra a Retenção de Dados

12 Dia da resistência Indígena à colonização

24 Dia Internacional da Ação Climática

26 Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre

NOVEMBRO 1 Dia de luta pela legalização da maconha Dia Mundial Vegano

20 Dia Nacional da Consciência Negra

25 Dia Internacional Sem Carne

29 Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino

Último Sábado

Dia Mundial Sem Compras

DEZEMBRO 6 Dia Internacional de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal Campanha internacional pela abolição da pena de morte

9 Dia Internacional de Combate à Corrupção

10 Dia Internacional dos Direito dos Animais

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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

OBRA AUTOR (A)

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FILMOGRAFIA SUGERIDA

FILME DIRETOR (A)

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O que está escrito ali? Esforça só um pouquinho que você vai entender?

i Etimologia: Mito. Mythos, em grego, significa ―palavra‖, o que se diz‖, na ―narrativa‖. A consciência mítica é

predominante em culturas de tradição oral, quando ainda não há escrita. ii Inconsciente coletivo. Para Jung, o inconsciente coletivo é hereditário, ―idêntico em todos os homens, e constitui um

substrato psíquico comum, de natureza suprapessoal, que está presente em cada um de nós‖. iii Exogamia. Palavra composta por dois termos gregos: exo, ―fora de‖, e gamos, ―casamento‖.

iv LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. p.31.

v Disposição afetiva em relação a coisas de ordem moral ou intelectual. Exs.: Pesar, tristeza, alegria, entusiasmo.

vi Processo sensorial consciente correlacionado com um processo fisiológico, e que proporciona aos animais, entre eles

o homem, o conhecimento do mundo externo. vii

Para Anaxímenes, o ar a se dilatar (rarefazer-se) tornar-se fogo e ao condensar-se torna água, depois terra e depois pedra. Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da Filosofia Grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). viii

LEUCIPO (séc. V a.C). Filósofo grego, criador do atomismo ou teoria atomista. Considerado discípulo de Parmênides ou de Zenão de Eleia, pouco se sabe de sua vida. Segundo Diógenes Laércio, Leucipo acreditava que o universo é infinito, possuindo uma parte cheia e outra vazia. A parte cheia é constituída por "elementos": os átomos girando em forma de torvelinho. Esse movimento dos átomos não possui lugar, obedecendo à razão e à necessidade. No seu único fragmento, declara: "Nada deriva do acaso, mas tudo de uma razão sob a necessidade." Assim, tudo tem uma razão de ser (determinismo), pois os átomos não se movem devido ao acaso, mas devido à necessidade; e isso, chocando-se mutuamente e rechaçando-se uns aos outros. No dizer de Aristóteles, Leucipo foi o primeiro pensador a formular uma teoria atomista para explicar a formação das coisas, teoria essa desenvolvida por Demócrito. (JAPIASSU e MARCONDES. Dicionário Básico de Filosofia, p.150) ix Oráculo. Resposta da divindade às perguntas feitas pelos devotos.