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Curso de Filosofia 2º ano Ensino Médio Apostila para o Curso de Filosofia ministrado para o Segundo ano regular e EJA do Ensino Médio Professor Antonio Marques

Apostila de Filosofia - Segundo Ano Regular e EJA - Ensino Médio

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Curso de Filosofia 2º ano

Ensino Médio Apostila para o Curso de Filosofia ministrado para o Segundo ano regular e EJA do Ensino Médio

Professor Antonio Marques

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SUMÁRIO:

UMA CONVERSA INICIAL

RESPEITO, SILÊNCIO E

COOPERAÇÃO

Não nos distraiam

Pergunte sempre que preciso:

OBJETIVOS DA MINHA PRÁTICA

PEDAGÓGICA

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

METODOLOGIA / ESTRAGÉGIA DE

AÇÃO

AVALIAÇÃO

POR QUE FILOSOFIA?

UM MODELO POSSÍVEL: GRÁFICO DA

HISTÓRIA DA FILOSOFIA

PROGRAMAÇÃO SIMPLIFICADA

PROGRAMAÇÃO TEMÁTICA

ATIVIDADE EXTRA 1: Contrato tácito entre

as pessoas que se conformam

ATIVIDADE EXTRA 2: O Direito de Sonhar -

Eduardo Galeano

ATIVIDADE EXTRA 3: O Último Discurso -

Charles Chaplin

ATIVIDADE EXTRA 4: REDAÇÃO: Assista ao

filme Waking Life (2001), EUA, de Richard

Linklater.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SUGESTÕES DE VÍDEOS, FILMES,

DOCUMENTÁRIOS, MÚSICAS

CALENDÁRIO DE LUTAS

Bibliografia Sugerida

Filmografia Sugerida

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UMA CONVERSA INICIAL: Meu trabalho no estado de Minas Gerais é ser professor de filosofia. Recebo meu salário, pago por todos os contribuintes, com a condição de que eu ensine esta disciplina. Uma das maneiras de ensiná-la é apresentando algumas das dúvidas e reflexões que os filósofos ao longo da história da filosofia tiveram. Como são 2500 anos de história não é possível ver todos. Os critérios que utilizo para escolher um filósofo em detrimento de outro é a sua relevância e influência que pode ser percebida pelos livros didáticos, pelos programas de vestibulares e Enems e pelos parâmetros curriculares nacionais. A escolha de um filósofo não é pessoal. Não apresento para vocês apenas as ideias que eu concordo. Tento ser o máximo fiel às ideias de cada autor e cabe a cada um de nós, de modo independente, avaliá-las e aceitá-las ou não. Seria uma desonestidade da minha parte se eu apresentasse apenas os filósofos e/ou ideias que eu concordasse ou que os agradasse. A filosofia é muito mais um espaço para dúvidas do que para as certezas. Estas vocês devem procurar em outros espaços. O que mais há neste mundo são ―certezas‖. Também gostaria que compreendessem que apesar de haver liberdade de pensamento, de haver liberdade para cada um crer naquilo que quiser, as ideias não são todas iguais, muito menos são indiferentes ao nosso destino social, político, econômico, histórico, biológico,etc. Por exemplo: posso acreditar que tenho habilidade para voar, mas talvez ao pular do décimo andar de um prédio eu perceba que minha ideia não estava tão certa assim; posso acreditar que ao construir uma ponte, posso substituir o cimento por isopor, mas irei perceber que minhas crenças não terão a funcionalidade esperada; posso acreditar que aqueles que não creem no mesmo deus que eu, são infiéis e devem ser eliminados da face da terra, mas esta ideia teria uma consequência desagradável para muitas pessoas. Então, por favor, façam um pouquinho de esforço e tentem compreender que as ideias, não são apenas ideias e que tudo que há de concreto no mundo e que é feito e construído pelos humanos possuem relações diretas com as ideias.

RESPEITO, SILÊNCIO E COOPERAÇÃO

Prezados alunos e alunas,

Deixe os únicos 50 minutos por semana para a Filosofia para falarmos de Filosofia. Tenham calma, dediquem um pouco, leiam um pouco mais e entenderão que a Filosofia tem algo de importante a nos dizer.

As minhas aulas são o trabalho que presto para a sociedade, para você, sua família e toda a sociedade. Preciso e quero realizar minhas aulas cada vez melhor. Peço que cooperem para fazermos um bom trabalho. Isto é o melhor para todos nós.

Em toda e qualquer relação é preciso respeito, na relação professor-alun@s, não é diferente. É preciso respeito em sala, de todo e qualquer alun@, assim como também preciso respeitar.

Ao desrespeitar o professor, você está desrespeitando a tod@s. Isto entristece, superficializa e dificulta o Ensino.

Não nos distraiam:

• Deixe o celular por um momento. Deixe para usar a tecnologia de comunicação a distância quando não houver demanda por comunicação presencial. É isto que ocorre em sala de aula durante uma aula, ocorre um processo comunicacional. Participe dele. Ouvindo, compreendendo, complementando, perguntando, opinando.

• Não fique virando ou virado para trás.

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• Não saia da sala sem antes comunicar. Estas atitudes impedem que o ambiente seja o mais adequado para a realização do propósito, que é o processo-de-tentar-ensinar-filosofar-estudar-aprender...

• Quem não quer cooperar e ainda assim quer ficar em sala de aula: dormindo ou estudando, não é adequado, mas desde que ―não‖ faça barulho, nem movimento, eu compreendo, mas ficar em sala, no coletivo e sabotar o coletivo, atrapalhar e dificultar a aula...Isto não! Conto com todos vocês! Pergunte sempre que preciso:

• Pergunte, mas não fale em particular. A conversa em aula é coletiva. Tente isto!

• Pergunte sempre que estiver com uma dúvida verdadeira.

• Evite perguntas que fuja do assunto em pauta no momento.

• Pergunte em sala, pergunte pessoalmente, pelo face (no grupo ou inbox), por e-mail e pelo whatsapp.

Sugestão de Música:

Fala – Secos e Molhados

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OBJETIVOS DA MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA:

Ministrar um curso da história do pensamento filosófico;

Preparar os estudantes para os exames: Enem, Vestibular e avaliações internas;

Pautar assuntos relevantes para os estudantes;

Estimular a reflexão filosófica, o questionamento das próprias ideias e valores e o contínuo exame e consideração dos dados disponíveis;

Estimular a reflexão em torno de todas as formas de discriminação – sexual, étnica, racial, por orientação sexual.

Fazer da sala de aula e da sociedade como um todo um espaço de troca de saberes e fazeres;

Ter no diálogo o instrumento de humanização ao comprometer-se com a libertação dos sujeitos da condição de ―seres para o outros‖ passando a condição de ―seres para si‖;

Desenvolvimento da autonomia individual como sujeitos de direitos. Os sujeitos de direito são indivíduos que se reconhecem nos demais seres humanos como iguais também como sujeitos que devem ter sua autonomia e diversidade respeitadas, valorizam a solidariedade e são pessoas que estão preparadas para estar em permanente vigilância em defesa da dignidade humana.

Construção de um espaço pedagógico democrático capaz de formar cidadãos e cidadãs ativas;

Preocupação com a consolidação da democracia resultante de projetos coletivos e lutas por justiça e paz.

Recuperar a alegria em ser-humano e a ―utopia possível‖.

Norteiar a reflexão sobre a experiência tomando como pressuposto a ideia de totalidade e do materialismo histórico dialético, articulada a estudos sobre os modos de produção, antagonismos sociais e relações de poder.

Analisar as demandas pautadas pela ação dos movimentos sociais contemporâneos que, pelo processo civilizatório que desencadeiam, indagam a história em busca das causas estruturantes dos problemas hoje vivenciados.

Dar um sentido ético e político ao trabalho, à formação escolar e à atuação profissional.

Empregar o tempo da vida e o espaço da formação para capacitar atores sociais que ajudem a construir outra realidade possível.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES:

Refletir criticamente os problemas do mundo contemporâneo;

Desenvolver a compreensão de si mesmo como um bem social, histórico e em processo de autoprodução;

Ler de maneira filosófica, textos de diferentes estruturas e registros;

Elaborar textos reflexivos;

Debater, assumindo uma posição, defendendo-a através de argumentos significativos e mudando de posição diante de argumentos mais consistentes;

Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conhecimentos presentes nas ciências naturais e humanas, nas artes e em outras produções culturais;

Contextualizar conhecimentos filosóficos, nos planos de sua origem específica, sócio-política, histórica, cultural e científico tecnológico;

Diferenciar a filosofia de outros tipos de conhecimento, apontando para sua utilidade, compreender que o seu surgimento se dá a partir do pensamento crítico;

Dialogar sobre os filósofos, buscando perceber seus questionamentos, bem como suas características essenciais;

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METODOLOGIA / ESTRAGÉGIA DE AÇÃO

Exposição oral e sistemática das ideias dos filósofos;

Leitura e análise de textos em sala;

Elaboração de estudos dirigidos e pesquisas extra-sala;

Fazer uso de vídeos e músicas,

Preocupação com a coerência entre discurso e prática;

Metodologia de investigação participativa em que a pergunta é utilizada como meio de descoberta conjunta;

O Processo educativo não é para os/as estudantes, mas com as/os estudantes;

Apresentar o contexto sócio-histórico de constituição, formação e desenvolvimento das ideias filosóficas;

Apresentar visão globalizante dos problemas, pela perspectiva multidisciplinar;

Facilitar a aprendizagem, inter-relacionando conteúdos;

Deixar claro os objetivos da aula;

Estruturar o tempo conforme a relevância e complexidade do assunto;

Abordar os principais elementos da temática em questão;

Consolidar ideias principais;

Utilizar exemplos relevantes;

Facilitar a síntese do conteúdo;

Reflexão associada à prática. A reflexão deve se dar por uma participação democrática dos sujeitos refletindo a legítima organização social para a liberdade;

Enfoque pedagógico problematizador e crítico;

Apresentação de seminários;

Participação em projetos e eventos extra-classe;

AVALIAÇÃO: A avaliação será contínua e permanente e para todas as aulas será atribuído nota. O processo avaliativo retroalimentará o processo de ensino-aprendizado, servindo como um diagnóstico, que possibilite a correção das falhas e como

parâmetro para prognósticos que vise prever novas.

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POR QUE FILOSOFIA?

―Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.‖ Marilena Chauí ―Do que você precisa, acima de tudo, é de não se lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de não se

conformarem‖. Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo, 1945 ―O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, que se serve da razão para tentar pensar o mundo e a sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante é começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum.‖ COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p.79. "A tarefa da filosofia não é fornecer respostas ou soluções, mas sim submeter as próprias perguntas ao exame crítico; de nos fazer ver como a própria forma pela qual percebemos um problema é um o bstáculo para sua solução. Assim, pode-se dizer que a principal função do intelectual público hoje é fazer com que as pessoas façam as perguntas certas."— Slavoj Žižek

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UM MODELO POSSÍVEL: GRÁFICO DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

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PROGRAMAÇÃO:

Segue abaixo, de modo simplificado os Filósofos que pretendo apresentar-ensinar-aprender em 2015. A proposta está aberta para sugestões. Tem algum outro filósofo ou filósofa, deste período, que você gostaria que fosse incluído na lista? Com poucas exceções, os Filósofos estão

organizados em ordem cronológica por ser a mais simples, facilitando as convergências de compreensão. A apresentação nesta ordem não impede de estabelecer o máximo de conexões, tanto com os pensadores do futuro, quanto do passado.

PROGRAMAÇÃO SIMPLIFICADA - 2015

PERÍODO HISTÓRICO TEMA OU FILÓSOFO

DATA

IDADE MÉDIA (Séc. V a XV)

Santo Agostinho 354 – 430

Tomás de Aquino 1225 – 1274

IDADE MODERNA (1453 – 1789)

Maquiavel 1469 - 1527

Thomas Hobbes 1588 - 1679

John Locke 1632 - 1704

Rousseau 1712 - 1778

Francis Bacon 1561 - 1626

Descartes 1596 - 1650

Hume 1711 - 1776

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PROGRAMAÇÃO TEMÁTICA

FILOSOFIA MEDIEVAL PATRÍSTICA (séculos I ao V d. C.) E SANTO AGOSTINHO (354 - 430 d. C.)

Hegemonia da Igreja Católica;

A Patrística - significado;

Influências: neoplatonismo e estoicismo

Relação entre Razão Natural e Fé Cristã: as verdades da fé que ultrapassam a razão;

A questão dos universais: realismo, conceitualismo, nominalismo;

Santo Agostinho: Biografia;

O problema do mal, o maniqueísmo e o livre-arbítrio;

Crítica ao Ceticismo;

Relação alma e corpo;

A vontade;

Teoria da Iluminação Divina.

ESCOLÁSTICA E SÃO TOMÁS DE AQUINO

Artes ensinadas:Trivium (gramática, retórica e dialéctica) e Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música);

Influências: neoplatonismo e Aristóteles;

Harmonização da fé e da razão;

Principais representantes;

Neoescolástica;

São Tomás de Aquino: Vida e Obra;

Influências, FILOSOFIA POLÍTICA MAQUIAVEL

Biografia

Contexto Histórico

A Natureza Humana

Virtú e Fortuna

Realismo Político

Ética e Política: uma nova ética

O Príncipe

Maquiavelismo

Técnica

IDADE MODERNA (1453 – 1789)

Do Renascimento, no século XV e XVI ao Iluminismo, no século XVIII.

Contexto histórico e características gerais

O RENASCIMENTO (séculos XV e XVI) THOMAS HOBBES (1588 – 1679)

Teoria do Direito Divino dos Reis

Do Direito Divino ao Contrato Social

As teorias contratualistas

Estado de Natureza

Transição Estado de Natureza – Sociedade Civil

Soberania JOHN LOCKE (1632 – 1704)

Direito Natural

Estado de Natureza

Contrato social

Liberalismo e Estado JEAN JACQUES ROUSSEAU (1712 – 1778)

Biografia

Alguns princípios da filosofia rousseauniana

Estado de natureza

Teoria da Vontade Geral

O Contrato Social

Liberdade em Rousseau

Liberdade natural

Transição do estado de natureza para o estado civil

Liberdade civil

Principais obras

Bibliografia FRANCIS BACON (1561 – 1626)

Biografia

Filosofia

Classificação das ciências

Ídolos

O método

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DESCARTES (1596-1650) e RACIONALISMO

Aspectos históricos: Idade Moderna e Renascimento,

Vida e Obra

Regras do Método,

Verdade Primeira,

Dúvida Hiperbólica,

Dualismo corpo-alma,

Os três tipos de ideias ILUMINISMO EMPIRISMO

Empirismo: etimologia, definição, características

A teoria da Tábula Rasa de John Locke

A Origem do Conhecimento para o Racionalismo e o Empirismo

DAVI HUME (1711 – 1776)

Biografia

A ―ciência do homem‖: Lado cético-destrutivo e Lado propositivo

Percepção: impressões (sentidos) e ideias (representações mentais)

O problema da causalidade

O problema da indução

A Teoria do Eu como feixe (The Bundle Theory of the Self)

A razão prática, Instrumentalismo, Niilismo, Anti-realismo moral e motivação

O problema do ser - dever ser.

Livre-arbítrio vs. Indeterminismo

Utilitarismo

O problema dos milagres

O argumento teleológico

Teoria da Oscilação (sociologia da religião)

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PATRÍSTICA E SANTO AGOSTINHO

A igreja católica exerce forte influência no plano cultural criando um quadro intelectual em que a fé cristã era o pressuposto da vida espiritual;

De acordo com a doutrina católica a fé representava a fonte mais elevada das verdades reveladas;

Assim, toda investigação filosófica ou científica não poderia de modo algum contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica. Restava-lhes apenas demonstrar racionalmente as verdades da fé;

Por outro lado surgiram pensadores cristãos que defendiam o conhecimento da filosofia grega. O objetivo era convencer os descrentes pela razão para depois fazê-los aceitar a imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis à fé.

A Patrística (século I a VII) é caracterizada por um saber teológico-filosófico e procurou conciliar as verdades da revelação bíblica com as construções do pensamento próprias da filosofia grega. A maior parte de suas obras foi escrita em grego e latim, embora haja também muitos escritos doutrinários em aramaico e outras línguas orientais. O termo designa, de forma genérica, a filosofia cristã nos primeiros séculos logo após o seu surgimento, ou seja, a filosofia dos Padres da Igreja, da qual se originará, mais tarde, a escolástica. Ela surge quando o Cristianismo se difunde e consolida como religião de importância social e política, e a Igreja se firma como instituição, formulando-se então a base filosófica da doutrina cristã, especialmente na medida em que esta se opõe ao paganismo e às heresias que ameaçam sua própria unidade interna. Predominam assim os textos apologéticos, em defesa do Cristianismo.

A patrística representa a síntese da filosofia grega clássica com a religião cristã, tendo seu início com a escola de Alexandria, que revela um pensamento influenciado pelo espiritualismo neoplatônico e pela doutrina ética do estoicismo.

Os maiores nomes da patrística latina foram santo Ambrósio, são Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim) e santo Agostinho de Hipona.

As principais posições defendidas pelos primeiros padres da Igreja eram:

Não pode haver contradição entre as verdades reveladas por Deus e as verdades que o homem descobre a partir de suas capacidades naturais, portanto a fé e a razão são conciliáveis,

Algumas verdades da fé ultrapassam os limites de julgamento da razão natural, como por exemplo, o fato de Deus ser três pessoas em uma mesma substância.

A fé e a razão são suscetíveis de erro, cabe aos homens descobri-los.

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A questão dos universais: Um universal é aquilo que se relaciona a todos os indivíduos de

uma mesma classe. Universal/ universais (lat. universalis). A questão se origina de um comentário de Boécio ao Isagone, obra do filósofo neoplatônico Porfírio (232 – 305), que é por sua vez um comentário ao tratado aristotélico das Categorias. Encontramos aí a pergunta sobre se espécies (p. ex.cão) e gêneros (p.ex. animal) têm existência real ou se são apenas conceitos; se existem, são coisas materiais ou não; se são conceitos, existem apenas na mente ou independentemente dela?

Desta questão surgem três correntes principais: realismo, conceitualismo, nominalismo. Realismo: O realismo considera que os universais existem na realidade. Embora não seja mais discutida nesses termos exatamente, essa questão está longe de estar superada, encontramos ainda hoje uma discussão entre filósofos defensores dessas posições. Essa discussão se dá entretanto geralmente em relação a domínios específicos. P. ex. um filósofo pode ser realista em filosofia da matemática, considerando que objetos abstratos como números e formas geométricas existem por si mesmos, e ser conceitualista em ética, considerando que os valores são apenas ideias, não possuindo nenhuma realidade própria, extrametal. (Dicionário Básico de Filosofia, p. 238-9) Os realistas platônicos vão defender a posição de que os universais são realidades abstratas, existentes independentemente da mente humana, em si mesmas. Os realistas aristotélicos dizem que os universais são as formas, existindo apenas nas substâncias individuais, embora possam ser concebidos pela mente separadamente. Conceitualismo: Doutrina (atribuída a Aberlardo, no século XII) segundo a qual os conceitos

ou universais só existem, como ideias, no nosso espírito, não possuindo nada que lhes corresponda na realidade. Em outras palavras, doutrina segundo a qual as ideias gerais que nos servem para organizar nosso conhecimento são instrumentos intelectuais criados por nosso espírito, mas não possuindo nenhuma existência fora dele. (Dicionário, p.53) Para os conceitualistas, os universais são conceitos, entidades mentais. Nominalismo: Os nominalistas consideram os universais como simples “flatus vocis” (emissão de voz humana), entidades lingüísticas, simples termos gerais sem nenhuma realidade específica correspondente. Roscelino de Compiègne (1050 – 1125) é considerado um nominalista na questão dos universais. Nominalismo (lat. nominalis, de nomem: nome). 1. Corrente filosófica que se origina na filosofia

medieval, interpretando as ideias gerais ou universais, como não tendo nenhuma existência real, seja na mente humana (enquanto conceitos), seja enquanto formas substanciais (realismo), mas sendo apenas signos lingüísticos, palavras, ou seja, nomes. 2. Há várias formas de nominalismo na história da filosofia. Roscelino de Compiègne (séxulo XI) é considerado o autor da célebre fórmula segundo a qual os universais seriam apenas ―flatus vocis‖, sons vocais, sem nenhuma realidade além desta, e tido como o fundador do nominalismo. O empirismo inglês, sobretudo com Hobbes, defende igualmente o nominalismo, no sentido de que os termos gerais designam apenas generalizações de propriedade comuns aos objetos particulares, não havendo nenhuma realidade específica que corresponda a essas generalizações. Condillac também apóia o nominalismo, afirmando que ―um ideia geral e abstrata em nosso espírito é apenas um nome‖. Essa posição tem consequências importantes para a filosofia da ciência, sendo que o próprio Condillac considera que ―a ciência é apenas uma linguagem bem feita‖, antecipando uma tese adotada depois pelo neopositivismo. O convencionalismo em teoria da ciência pode ser considerado uma forma de nominalismo. 3. Para o nominalismo científico, ponto de vista espistemológico datando da segunda metade do século XIX, a ciência não descreve o mundo tal como ele é, pois apenas constrói um discurso coerente e puramente convencional sobre o mundo. (Dicionário, p.180-1)

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Referências: CABRAL, João Francisco P. Teoria da Iluminação natural em Santo Agostinho. Colaborador Brasil Escola. Verbete: Universal/universais. Dicionário Básico de Filosofia, p. 238-9.

SANTO AGOSTINHO: A certeza da razão por meio da fé

“Compreender para crer, crer para compreender” – Santo Agostinho.

Santo Agostinho é considerado o mais importante filósofo em toda a patrística. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. Os principais temas que abordou foram as relações entre a fé e a razão, a natureza do conhecimento, o conceito de Deus e da criação do mundo, a questão do mal e a filosofia da história. O tratado ―Sobre a doutrina cristã‖ é um dos mais representativos dessa tradição. A principal fonte para o conhecimento de textos de patrística é a Patrologia grega e latina, editada por J.P. Migne no século XIX, publicada em Viena. (Dicionário Básico de Filosofia. p.190)Desenvolvendo sua filosofia a partir do platonismo, Santo Agostinho forneceu as bases para o pensamento cristão medieval, transformando o Bem platônico no Deus cristão, fonte de todo amor e de todo bem.

Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste, província romana situada na África, e faleceu em Hipona, hoje localizada na Argélia. Nesta cidade ocupou o cargo de bispo da Igreja católica.

Até completar 32 anos, Agostinho não era cristão. Teve uma vida voltada para os prazeres do mundo. De uma ligação amorosa ilícita para a época, nasceu-lhe o filho Adeodato. Foi professor de retórica em escolas romanas.

Em sua formação intelectual, Agostinho sentiu-se despertado para a filosofia de Cícero. Posteriormente, deixou-se influenciar pelo maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, mantendo uma incessante luta entre si.

Mais tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, viajou para Roma e Milão, entrando em contato com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo, movimento filosófico do período

greco-romano, desenvolvido por pensadores inspirados em Platão, que se espalhou por

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diversas cidades do Império Romano, sendo marcado por sentimentos religiosos e crenças místicas.

Cresceu e se aprofundou em Agostinho uma grande crise existencial, uma inquietação quase desesperada em busca de sentido para a vida. Foi nesse período crítico que ele se encontrou com Santo Ambrósio, bispo de Milão, sentindo-se extremamente atraído por suas pregações. Pouco tempo depois, converteu-se ao cristianismo, tornando o seu grande defensor pelo resto da vida.

Agostinho defendeu a superioridade da alma humana, isto é, a supremacia do espírito sobre o corpo, a matéria. A alma teria sido criada por Deus, para reinar sobre o corpo, para dirigi-lo à prática do bem. O homem pecador, entretanto, utilizando-se do livre-arbítrio, costuma inverter essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma. Provoca, com isso, a submissão do espírito à matéria, equivalente à subordinação do eterno ao transitório, da essência à aparência. Mas a verdadeira liberdade estaria na harmonia das relações ações humanas com a vontade de Deus. Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de pecar é a escravidão.

Para Agostinho a vontade é uma força que determina a vida e não uma função específica ligada ao intelecto, tal como diziam os gregos. A liberdade humana é a própria da vontade e não da razão. É nisso que reside a fonte do pecado, o homem peca porque usa de seu livre-arbítrio para satisfazer sua vontade, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa. Por esta razão, os homens necessitam da graça divina para salvar-se, pois a razão não o salvará.

Somente o íntimo de nossa alma, iluminada por Deus, poderia atingir a verdade das coisas. Da mesma forma que os olhos do corpo necessitam da luz do sol para enxergar os objetos do mundo sensível, os ―olhos da alma‖ necessitam da luz divina para visualizar as verdades eternas da sabedoria.

O erro ocorre apenas por um mau uso das capacidades humanas. Para Platão, o Mal não existe enquanto entidade, só o Bem como ideia ontológica por excelência. O Mal não é uma realidade, é um juízo e uma ação errôneos por ignorância. A partir daí, Agostinho verificou que todas as coisas são boas, porque são obras de Deus e que o Mal é culpa da forma como utilizamos o livre arbítrio.

Ceticismo: O ceticismo se errado ao dizer que o conhecimento não é possível. Se me

engano, existo. Mesmo que me engane às vezes, ainda assim posso ter certeza de que existo, pois se não existisse, não poderia me enganar.

Iluminação Divina: Para Agostinho, o conhecimento humano é possível graças à Iluminação

Divina. Todos buscam a felicidade e o Bem. E o Bem e a felicidade somente se encontra em Deus, o Bem Supremo, e nós temos esse conhecimento em nosso íntimo, de forma confusa. Desse modo, Agostinho estabelece uma ordem de perfeição, uma graduação ou distinção dos seres para alcançar esse conhecimento que nos levaria a uma vida beata. O corpo é mortal e a alma é seu princípio de vida. Esta distinção vai dos seres inanimados e passa pelos vegetais, animais até o homem. Mas não termina aqui. Acima da razão (do homem) ainda há verdades que não dependem da subjetividade, pois suas leis são universais e necessárias: as matemáticas, a estética e a moral. Só acima destas está Deus, que as cria, ordena e possibilita o seu conhecimento, que deve, agora, ser buscado na interioridade do homem. Nessa ordem e por um processo de interiorização e busca, pode-se encontrar essas verdades porque Agostinho admite que Deus as ilumina, estando elas já anteriormente em nosso espírito. A doutrina da Iluminação divina caracteriza-se por uma luz que não é material e que se atinge quando do encontro com o conhecimento da verdade para que o homem possa ter uma vida feliz e beata. O lembrar-se disto, isto é, o recordar-se de um conhecimento prévio é o que o filósofo/teólogo denomina de rememoração de Deus (herança da teoria da reminiscência platônica).

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EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Quando o Império Romano iniciou sua derrocada, havia uma instituição religiosa pronta para assumir a direção do mundo. O Cristianismo se expande através da filosofia dos Padres da Igreja. No esforço de converter pagãos, combater heresias e justificar a fé, os Padres da Igreja daquele século desenvolveram a apologética, discurso racional religioso em defesa do Cristianismo. Essa realidade caracteriza a Primeira Fase da Filosofia (séculos IV aVIII) no período medieval, também conhecida como: A) Reforma B) Patrística C) Contra-Reforma D) Escolástica

QUESTÃO 02

Agostinho de Hipona (354 - 430) foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo e é um Padre latino e Doutor da Igreja Católica. Agostinho cria e tenta resolver problemas filosóficos pensando em si e nos seus dilemas e inquietudes morais e intelectuais. O que ele expôs como filosofia e teologia foram geralmente respostas para questionamentos seus. As suas investigações têm como centro as próprias características morais e intelectuais. Sobre a filosofia de Agostinho marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas:

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( .) Agostinho defendeu a superioridade do corpo, a matéria, sobre a alma humana; ( ) Para o filósofo o corpo teria sido criado por Deus para reinar sobre a alma para dirigí-lo à prática do bem; ( ) Agostinho afirma que a razão revela verdades que nem sempre a fé pode conhecer; ( .) A verdadeira liberdade para Agostinho está na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus. Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de pecar é a escravidão. A sequência CORRETA das afirmativas é: A) V – V – V – F B) V – V – F – V C) F – F – F – V D) F – F – V – V

QUESTÃO 03 Que relação Agostinho estabelece entre corpo e espírito?

A) A tese da supremacia do espírito sobre o corpo. B) A tese da supremacia do corpo sobre o espírito. C) A tese da supremacia humana. D) A tese da supremacia de Deus

QUESTÃO 04 Para Agostinho, o conhecimento humano é:

A) Impossível, a razão pode demonstrar qualquer coisa, sendo que afirmações opostas podem ser igualmente provadas. B) Fruto de uma recordação de experiência vividas pela alma antes da encarnação. C) Possível graças à Iluminação Divina.

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D) Possível apenas às pessoas mais inteligentes, escolhidas por Deus para serem salvas no Juízo Final.

QUESTÃO 05

Assinale abaixo a alternativa INCORRETA com relação ao pensamento de Santo Agostinho de Hipona. A) Fé e a razão são conciliáveis e o erro ocorre apenas por um mal uso das capacidades humanas. B) A razão natural serve para refutar algumas verdades da fé, o que provoca um enfraquecimento do cristianismo. C) Algumas verdades da fé ultrapassam os limites de julgamento da razão natural, como por exemplo, o fato de Deus ser três pessoas em uma mesma substância. D) Não pode haver contradição entre as verdades reveladas por Deus e as verdades que o homem descobre a partir de suas capacidades naturais. QUESTÕES ABERTAS 1) Por que surgiram conflitos entre a fé e a razão? Explique. 2) O que foi a Patrística? 3) Quais foram os principais filósofos representantes da Patrística? 4) Quem foi Agostinho? 5) Agostinho baseou sua filosofia em qual filósofo antigo? Explique. 6) Defina:

a) Maniqueísmo: b) Neoplatonismo:

7) Explique a ―supremacia da alma humana‖ elaborada por Agostinho. 8) O que é a vontade humana para Agostinho? 9) Explique a doutrina da iluminação divina de Santo Agostinho.

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ESCOLÁSTICA E SÃO TOMÁS DE AQUINO

Escolástica ou Escolasticismo (do latim scholasticus, e este por sua vez do

grego σχολαστικός [que pertence à escola, instruído]).

Foi o método de pensamento crítico dominante no ensino nas universidades medievais europeias de cerca de 1100 a 1500. A escolástica surgiu da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé.

Intensificou-se a tradução do grego e do árabe das obras de autores da Antiguidade, sobretudo, aquelas de Aristóteles, permitindo o surgimento de um corpo vivo de novas ideias e significações.

Não tanto uma filosofia ou uma teologia, como um método de aprendizagem, a escolástica nasceu nas escolas monásticas cristãs, de modo a conciliar a fé cristã com um sistema de pensamento racional, especialmente o da filosofia grega.

Colocava uma forte ênfase na dialética para ampliar o conhecimento por inferência e resolver contradições.

A obra-prima de Tomás de Aquino, Summa Theologica, é frequentemente vista como exemplo maior da escolástica.

Esse pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas na altura pelos académicos (escolásticos) nas escolas medievais.

Essas artes podiam ser divididas em: Trivium (gramática, retórica e dialéctica); Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música).

A filosofia, que até então possuía traços arcadamente clássicos e helenísticos, sofreu influências da cultura judaica e da cristã.

Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como Providência e Revelação Divina e Criação a partir do nada, passaram a fazer parte de temáticas filosóficas.

A escolástica é influenciada pelo neoplatonismo e pela filosofia de Aristóteles.

A questão-chave do pensamento escolástico é a harmonização da fé e da razão. O pensamento de Agostinho, mais conservador, defende uma subordinação maior da razão em relação à fé, por crer que esta venha restaurar a condição decaída da razão humana. Enquanto que a linha de Tomás de Aquino defende uma certa autonomia da razão na obtenção de respostas, por força da inovação do aristotelismo, apesar de em nenhum momento negar tal subordinação da razão à fé.

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Principais representantes do pensamento escolástico

Os maiores representantes do pensamento escolástico, que estão separados pelo tempo e pelo espaço são: Agostinho de Hipona, nascido no norte da África no fim do século IV, e Tomás de Aquino, nascido na Itália do século XIII.

Outros nomes da escolástica são: Anselmo de Cantuária, Alberto Magno,Robert Grosseteste, Roger Bacon, Boaventura de Bagnoreggio,Pedro Abelardo, Bernardo de Claraval,João Escoto Erígena, John Duns Scot, Jean Buridan, Nicole Oresme.

Neoescolástica

O Papa Leão XIII, em sua encíclica Aeterni Patris (1879), afirmou que a doutrina tomista, desenvolvida por Tomás de Aquino, deve ser a base de toda a filosofia que é considerada cristã.

A neoescolástica tentou resgatar o valor da objetividade contra o relativismo, destacando o valor do realismo contra o idealismo e promover o valor do personalismo.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Surgiram os pensadores cristãos que defenderam o conhecimento da filosofia grega, percebendo a possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. A filosofia medieval pode ser dividida em quatro momentos. Qual opção abaixo é representada por São Tomás de Aquino? A) Padres Apostólicos. (séculos I e II) B) Padres Apologistas (séculos III e IV). C) Patrística (século IV – VIII). D) Escolástica (século IX – XVI).

QUESTÃO 02

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(adaptada – UEM/2008) A Filosofia Medieval a partir do século IX é chamada Escolástica. Ensinada nas escolas ou nas universidades próximas das catedrais, a filosofia escolástica tinha por problema fundamental levar o homem a compreender a verdade revelada pelo exercício da razão, todavia apoiado na autoridade (Auctoritas), seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja, seja de um sistema de filosofia pagã. Sobre a Escolástica podemos afirmar, EXCETO: A) O pensamento platônico, ou mais exatamente o neoplatonismo de Plotino, porque mais facilmente conciliável com as doutrinas cristãs, foi à única filosofia pagã aceita durante toda a escolástica. B) A fermentação intelectual e o interesse pelo racional na escolástica evidenciam-se pela criação de universidades por toda a Europa; o método de exposição das ideias filosóficas nessas escolas era a disputa: uma tese era colocada e passava-se a refutá-la ou a defendê-la com argumentos retirados de alguma autoridade. C) Um tema recorrente na filosofia escolástica foi à demonstração racional da existência de Deus. Santo Anselmo (1034-1109) formula a prova tradicionalmente chamada argumento ontológico, no qual deduz a existência de Deus da própria ideia de perfeição de Deus. D) O apogeu da escolástica acontece no século XIII com Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que, retomando o pensamento de Aristóteles, fez a síntese mais fecunda da filosofia com o cristianismo na Filosofia Medieval.

QUESTÃO 03

Após uma longa preparação e um desenvolvimento promissor, a escolástica chega ao seu ápice com Tomás de Aquino. Adquire plena consciência dos poderes da razão, e proporciona finalmente ao pensamento cristão uma filosofia. Assim, converge para Tomás de Aquino não apenas o pensamento escolástico, mas também o pensamento patrístico, que culminou com Agostinho, além do patrimônio de revelação judaico-cristã, bem mais importante. Tomás de Aquino (1225 - 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, proclamado santo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica. Sobre a filosofia de Tomás de Aquino marque a alternativa CORRETA: A) A filosofia de Tomás de Aquino – o Tomismo – nasceu com objetivos claros: não contrariar a fé. A finalidade de sua filosofia era organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender somente os argumentos da razão. B) Tomás de Aquino propõe quatro provas da existência de Deus: (1) o primeiro motor imóvel, (2) a causa eficiente, (3) ser necessário e ser contingente, (4) os graus de perfeição. C) Além de elementos do aristotelismo a filosofia de Tomás de Aquino tem novos elementos como o conceito de criação do mundo, a noção de um Deus único, a idéia de que o vir-a-ser (a passagem da potência ao ato) não é autodeterminado, mas procede de Deus. D) Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento platônico com finalidade de nele buscar os elementos racionais que explicassem os principais aspectos da fé cristã.

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QUESTÃO 04

Sobre o período medieval, no contexto da Escolástica, considere as afirmativas a seguir. I – Intensificou-se a tradução do grego e do árabe das obras de autores da Antiguidade, sobretudo, aquelas de Aristóteles, permitindo o surgimento de um corpo vivo de novas ideias e significações. II – Foi palco de intensos debates epistemológicos no seio das Universidades, nas quais surgiu a corrente de pensamento positiva, que concedeu demasiada fé no poder da ciência, substituindo a fé delegada a Deus. III – Foram fundadas as Universidades, que constituíram uma forma institucionalizada de produção e transmissão de saber, permanecendo até os dias atuais um dos grandes sustentáculos da cultura ocidental. Estão corretas apenas as afirmativas: A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) I, II e III.

QUESTÃO 05

Tomás de Aquino tenta provar a existência de Deus, entre outras formas, através da reflexão sobre o movimento. De acordo com ele: A) Todo ser pode mover-se a si mesmo. B) Somente Deus pode mover-se a si mesmo. C) Algumas criaturas podem mover-se a si mesmo e outros não. D) Todos os seres que se movem são movidos por outros seres distintos deles.

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NICOLAU MAQUIAVEL (1469 – 1527)

Maquiavel morava na República de Florença e era um intelectual e político. Foi segundo chanceler do governo e participou de missões diplomáticas na França, na Alemanha e na Itália nas quais conheceu reis, papas e nobres.

O governo do republicano Soderini (que durou 10 anos), para quem Maquiavel trabalhava, foi deposto e os Médicis voltaram à cena política.

Contexto histórico: Monarquias Nacionais

Centralização do poder

Fortalecimento do Rei

Estado Moderno Monopólio de fazer e aplicar leis, Recolher impostos, Cunhar moeda, Ter um exército, Monopólio legítimo da força, Aparato administrativo para prestar serviços públicos.

XIV - Portugal XV - França, Espanha e Inglaterra Alemanha e Itália continuam fragmentada. A Itália era dividida em principados e repúblicas (cada uma com sua própria milícia mercenária).

O Renascimento trouxe uma série de inovações no campo cultural. Uma delas foi desenvolvida por um autor italiano, Maquiavel, que procurava fundamentar uma filosofia política tendo em vista a dominação dos homens. Essa pretensão tinha como modelo as ciências naturais que estavam em plena descoberta (física, medicina, etc.), estabelecidas por Galileu e com o próprio ideal renascentista de domínio da natureza.

Natureza Humana: Maquiavel pretendia que essa forma de conhecimento fosse aplicada

também à política enquanto ciência do domínio dos homens e que tinha como pressuposto uma natureza humana imutável. Para ele, se há uniformidade nas leis gerais das ciências

naturais, também deveria haver para as ciências humanas. Isso foi necessário para manter a ordem dentro do Estado burguês então nascente, que precisava desenvolver suas atividades e prosperar. Maquiavel é um realismo político e um pessimista antropológico pois visa falar d‘ ―o que se faz e não se costuma dizer‖, de ―como o homem de fato age‖ (violência e corrupção) e para ele a natureza humana é capaz do mal e do erro.

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Maquiavel define o homem como um ser guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes: ―Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.‖ (MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.)

Virtú e Fortuna: Maquiavel lança mão de dois conceitos chaves: virtú e fortuna (em italiano) Virtú: Virtude (grego): Força, valor, qualidade de lutador, guerreiro viril, age com energia

Virtude (cristã): bom e justo, virtuoso. Fortuna: Sentido comum: acúmulo de bens e riqueza. Deusa Romana – Fortuna

(abundância) move a roda da sorte. Agir bem, na ocasião oportuna/ propícia, precavido, ousado. Acaso, sorte e de circunstâncias. O Príncipe com Virtú é diferente Tirano: O Príncipe é forçado pela necessidade a usar da violência visando ao bem coletivo. O Tirano age por capricho ou interesse próprio.

Maquiavel é responsável por inaugurar o pensamento político moderno.

Realismo Político: Maquiavel procurou desenvolver uma política realista e pauta-se por aquilo que na opnião dele deve se fazer para manter-se no poder. Maquiavel propõem ter uma visão do homem e da política como elas eram e não como deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar, como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo. A política normativa (gregos e medievais) são normas que definem o ―bom regime‖ e as virtudes do ―bom governo‖. Desta forma Platão construiu uma utopia.

Ética e Política: uma nova ética: Maquiavel redefine as relações entre ética e política, não

julga mais as ações políticas em função de uma hierarquia de valores dada de antemão, mas em função da necessidade dos resultados que as ações políticas devem alcançar. A ética deve ser entendida a partir da política. Para ele, as exigências da ação política implicam uma ética cujo caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos na vida privada. Maquiavel propõem uma nova ética, consequencialista e não principialista, como a cristã. O governante deve agir de acordo com critérios que independam da moral, da religião, da ética privada. O governante deve estar disposto a ser uma pessoa boa ou má conforme a necessidade. O príncipe virtuoso é aquele que governa com virtú, virilidade, firmeza. A manutenção da ordem social baseava-se na conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. ―O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem aos distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo. Martin Claret, 2009).‖ A moral política é diferente da moral privada. A moral política busca o bem comum. Nova ética/moral (não um amoralismo): analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores dada ―a priori‖, mas sim em vista das consequências dos resultados da ação política. O que é útil à comunidade, qual o bem da comunidade? É dever do príncipe: manter-se no poder a qualquer custo. Às vezes é legítimo o recurso ao mal:

Emprego da força coercitiva do estado

A guerra

A prática da espionagem

Método da violência.

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O Príncipe: Em 1513 Maquiavel escreveu ―O Príncipe‖, reflexão sobre a monarquia e a

função do governante. Foi dedicado a Lourenço de Médici e foi influenciado pelo Condottiere César Bórgia. Gerou interpretações e controvérsias. À primeira vista parece defender o absolutismo e o mais completo imoralismo, por conta disto surgiu o mito do maquiavelismo, o termo maquiavélico assume a conotação de sem escrúpulos, traiçoeiro, astucioso, usa de mentira e má-fé, para quem ―os fins justifica os meios.‖ Para Maquiavel o poder deve ser conquistado e mantido de modo absoluto mas alcançada a estabilidade é possível e desejável a instalação de um governo republicano.

Maquiavelismo: ―O maquiavelismo é uma interpretação de O Príncipe de Maquiavel, em

particular a interpretação segundo a qual a ação política, ou seja, a ação voltada para a conquista e conservação do Estado, é uma ação que não possui um fim próprio de utilidade e não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade.‖. (BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Trad. de Alfredo Fait. 3.ed. Brasília: Editora da UNB, 1984. p. 14.)

Certamente, a brusca mudança de direção que encontramos nas reflexões de Maquiavel, em comparação com os humanistas anteriores, explica-se em larga medida pela nova realidade política que se criara em Florença e na Itália, mas também pressupõe uma grande crise de valores morais que começava a grassar. Ela não apenas constatava a divisão entre ―ser‖ e ―dever ser‖, mas também elevava essa divisão a princípio e a colocava como base da nova visão dos fatos políticos. (REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990. V. II, p. 127.)

Técnica: O problema para Maquiavel, entretanto, é saber a quem serve a ciência política e o

que fazer para se manter no poder. Sua teoria é voltada para a ação eficaz e imediata, portanto uma técnica. Qual é o melhor exercício da arte política. ―Maquiavel não é um mero cientista; ele é um homem de participação, de paixões poderosas, um político prático, que pretende criar novas relações de força e que por isso mesmo não pode deixar de se ocupar com o ‗deve ser‘, que não deve ser entendido em sentido moralista. Assim, a questão não deve ser colocada nestes termos, é mais complexa: trata-se de considerar se o ‗dever ser‘ é um ato arbitrário necessário, é vontade concreta, ou veleidade, desejo, sonho. O político em ação é um criador, um suscitador; mas não cria do nada, nem se move no vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na realidade factual.‖ (GRAMSCI, A. Maquiavel. A política e o Estado Moderno. 5. ed. Trad. de Luiz Mário Gazzaneo. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1984. p. 42-43.) Maquiavel não trata o ―deve ser‖ na perspectiva ontológica da filosofia clássica. O juízo moral se submete às condições concretas que se apresentam para a conquista e a conservação do poder do Estado pelo príncipe moderno.

Obras:

Teatro – comédia ―A Mandrágora‖ Poesia, Ensaios diversos, O Príncipe (1513) Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Leia com atenção o texto de Maquiavel e escolha a alternativa CORRETA:

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Como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que dela se possa imaginar e muita gente imaginou repúblicas e principados que nunca se viram nem jamais foram reconhecidos como verdadeiros. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo que se deveria viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria, do que o modo de se preservar; em um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso conforme a necessidade. (MAQUIAVEL, O Príncipe) A) Maquiavel tenta preservar a ética cristã. B) Maquiavel é um pensador socialista, pois vemos traços de não aceitação da desigualdade social em suas palavras. C) O governante deve estar disposto ser uma pessoa boa ou má conforme a necessidade. D) A política de Maquiavel é utópica e pauta-se por aquilo que é eticamente correto para o exercício do poder.

QUESTÃO 02

(ENEM 2013 - adaptada) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

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A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser. A) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. B) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. C) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. D) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.

QUESTÃO 03

Para Maquiavel a ação política não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade. De acordo com esta afirmação pode-se concluir que o governante deve agir de acordo com critérios: A) que dependem da ética, devendo ser orientado por princípios morais válidos universalmente. B) que dependem da religião, conduzidos por parâmetros ditados pela Igreja. C) que independem da moral e da religião, conduzidos por ações restritas ao meio político. D) que independem das pretensões dos governantes de realizar os interesses do Estado.

QUESTÃO 04

―O maquiavelismo é uma interpretação de O Príncipe de Maquiavel, em particular a interpretação segundo a qual a ação política, ou seja, a ação voltada para a conquista e conservação do Estado, é uma ação que não possui um fim próprio de utilidade e não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade.‖. (BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Trad. de Alfredo Fait. 3.ed. Brasília: Editora da UNB, 1984. p. 14.)

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Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, para Maquiavel o poder político é: A) Dependente da moral e da religião, devendo ser conduzido por critérios restritos a este âmbito. B) Independente da conveniência e oportunidade, pois estas dizem respeito à esfera privada da vida em sociedade. C) Independente da religião, devendo ser conduzido por parâmetros ditados pelos reformistas. D) Dependente da oportunidade, devendo ser orientado por princípios utilitários.

QUESTÃO 05

Maquiavel inaugura o pensamento político moderno. Maquiavel tem uma visão do homem e da política como ele acredita que foram e estavam sendo até o momento e não como deveriam ser. Segundo ele, a política deve ater-se ao real, deve preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar, como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo. Assim, podemos afirmar que, EXCETO: A) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que governa com justiça, estabelecendo, entre seus súditos, a igualdade social e uma participação político-democrática. B) Maquiavel redefine as relações entre ética e política, não julga mais as ações políticas em função de uma hierarquia de valores dada de antemão, mas em função da necessidade dos resultados que as ações políticas devem alcançar. C) Na concepção política de Maquiavel, não há uma exclusão entre ética e política, todavia a primeira deve ser entendida a partir da segunda. Para ele, as exigências da ação política implicam uma ética cujo caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos na vida privada. D) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre os grandes, isto é, os que possuem o poder político e econômico, e o povo oprimido. A sociedade é cindida por lutas sociais, não pode, portanto, ser vista como uma comunidade homogênea voltada para o bem comum.

QUESTÕES ABERTAS QUESTÃO 01 e 02: Leia o trecho abaixo e responda as questões que se seguem: ―Era necessário que Ciro encontrasse os persas descontentes do império dos medas e os medas muito efeminados e amolecidos por uma longa paz. Teseu não teria podido revelar suas virtudes se não tivesse encontrado os atenienses dispersos. Tais oportunidades, portanto, tornaram felizes a esses homens; e forma as suas virtudes que lhes deram o conhecimento daquelas oportunidades. Graças a isso, a sua pátria se honrou e se tornou feliz.‖ (Nicolau Maquiavel. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 30. Coleção Os Pensadores.) 01) Explique os fatos descritos usando os conceitos de virtù e fortuna. 02) Em que sentido de virtude para Maquiavel não se confunde com o conceito de moral?

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IDADE MODERNA (1453 – 1789)

Do Renascimento, no século XV e XVI ao Iluminismo, no século XVIII. A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente. Destaca-se das demais por ter sido um período de transição por excelência. Tradicionalmente aceita-se o início estabelecido pelos historiadores franceses, em 29 de maio de 1453 quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, e o término com a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789. As transformações ocorridas a partir do Renascimento e o início da ciência moderna levaram a um grande questionamento sobre os critérios e métodos para aquisição do "conhecimento verdadeiro". Uma das funções da filosofia moderna passou a ser a de investigar em que medida o saber científico atinge o seu objetivo de gerar esse conhecimento. Ocorreu uma mudança de pergunta: De ―As coisas são?‖ Para ―Podemos eventualmente conhecer as coisas? O que é possível conhecer? Qual é o critério de certeza para saber se há adequação entre o pensamento e o objeto? O que é possível a nossa inteligência conhecer? Qual é o limite da nossa razão.‖ Contexto histórico e características gerais

A partir do século XV, ocorreu uma série de transformações histórico-sociais na Europa que se refletiam na construção de uma nova mentalidade moderna. São eles:

a passagem do feudalismo para o capitalismo e a ascenção da burguesia;

A formação dos Estados nacionais;

A reforma protestante e a quebra da unidade religiosa européia;

o desenvolvimento da ciência natural, o interesse e a criação de novos métodos científicos;

invenção da prensa de tipos móveis pelo alemão Johannes Gutenberg, por volta de 1450, com base nas prensas de vinhos.

o posterior desenvolvimento industrial;

Modificou o modo de ser e viver das pessoas. As artes, as ciências e a filosofia mudaram ideias, concepções e valores.

O pensador moderno buscava conhecer a realidade e exercer controle sobre ela, ele queria descobrir as leis que regem os fenômenos naturais.

Houve, inicialmente na filosofia, duas vertentes sobre a questão do conhecimento: o racionalismo e o empirismo. No século XVIII surge na filosofia a corrente chamada de idealismo, que considera o conhecimento fundado em ambas: razão e experiência. Um dos grandes filósofos idealistas foi Immanuel Kant (1724 - 1804).

QUESTÃO 01

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28 Sobre a diferença da idade média para a idade moderna, podemos afirmar, EXCETO: A) O Estado Moderno tem a posse do território, faz e aplica as leis, recolhe impostos e tem um exército, na idade média este papel era exercido pelo senhor feudal B) Na Idade Média os governados eram súditos e na Idade Moderna eles são cidadãos. C) Na Idade. Média o poder emana de Deus e na Idade Moderna o poder tem origem social, num pacto entre os indivíduos. D) Todas as características da idade média inexistem hoje na idade moderna.

QUESTÃO 02

Sobre a Idade Moderna é correto afirmar, EXCETO:

A) Entre os séculos XV e XVIII, um volume extraordinário de transformações estabeleceu uma nova percepção do espaço e do tempo, portanto do mundo, que ainda pulsa em nossos tempos. Encurtar distâncias, desvendar a natureza, lançar em mares nunca antes navegados foram apenas uma das poucas realizações que definem esse período histórico. B) Esta série de transformações nas sociedades européias modificaram o modo de ser e viver das pessoas. As artes, as ciências e a filosofia mudaram as ideias, as concepções e os valores também. C) Dentre as transformações ocorridas temos a passagem do capitalismo para o feudalismo, a formação dos Estados Nacionais e o movimento da Reforma. D) Com essas mudanças em vez de uma supervalorização da fé, do teocentrismo (Deus no centro do universo) houve uma tendência antropocêntrica (homem como centro do universo, ou seja, valorização da capacidade humana e seus atributos: a razão e a liberdade).

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O RENASCIMENTO (séculos XV e XVI)

É o movimento cultural que marcou as transformações sócio-culturais européias, esse movimento criaria a base e os valores da ciência do século XVII. As transformações estabeleceram uma nova percepção de mundo, que ainda pulsa em nossos tempos. Encurtar distâncias, desvendar a natureza, lançar em mares nunca antes navegados foram apenas uma das poucas realizações que definem esse período histórico. As percepções do tempo e do espaço, antes tão extensas e progressivas, ganharam uma sensação mais intensa e volátil.

Os valores do renascimento contrapunham à mentalidade medieval. Contudo não houve o abandono das questões medievais. O fundo religioso ainda persiste em muitas obras intelectuais e artísticas desse período.

O Renascimento inspirou-se no humanismo, movimento de estudiosos que defendiam o estudo da cultura greco-romana e o retorno de seus dois principais atributos: a razão e a liberdade. Em vez de uma supervalorização da fé, do teocentrismo (o homem como centro do universo), ou seja, uma revalorização da capacidade humana e seus atributos: a razão e a liberdade, o homem é capaz de conhecer, de refletir sobre o homem e sobre o mundo e também é capaz de colocar a fé em segundo plano).

O paradigma de racionalidade que então se delineia é o de uma razão que, liberta de crenças e superstições, funda-se na própria subjetividade e não mais na autoridade, seja do poder político absoluto, seja da religião.

Na modernidade se afirma uma característica importante do pensamento: o racionalismo, a confiança no poder da razão. E uma das expressão mais claras desse racionalismo é o interesse pelo método.

QUESTÃO 01

Sobre o Renascimento (séculos XV e XVI). Assinale a alternativa Falsa.

A) O Renascimento é o movimento cultural que marcou as transformações sócio-culturais européias, esse movimento criaria a base e os valores da ciência do século XVII.

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B) Esse movimento exaltava o homem e seus atributos: como a razão e a liberdade, assim como se contrapunha à mentalidade medieval. C) O pensador moderno buscava conhecer a realidade e exercer controle sobre ela, ele queria descobrir as leis que regem os fenômenos naturais. D) Tudo isso significou não apenas uma ênfase menor, mas o total abandono das questões religiosas. QUESTÃO 02 Sobre a idade e a ciência moderna e sobre o renascimento, marque a alternativa INCORRETA:

A) O movimento renascentista está estreitamente ligado a uma série de transformações socioeconômicas iniciadas na Baixa Idade Média. B) Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista. C) A modernidade revaloriza o Homem que é capaz de conhecer e colocar a fé em segundo plano. D) A Ciência Moderna é harmonizada à Filosofia Antiga e a Fé.

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THOMAS HOBBES (1588 – 1679)

O Estado como direito e força para domar o lobo do homem Teoria do Direito Divino dos Reis: O fortalecimento do Estado Moderno levou ao absolutismo real.

O poder absoluto é sustentando teoricamente pela ―Teoria do Direito Divino dos Reis‖. Defendida por Jacques-Bénigne Boussuet, bispo e teólogo francês, e por Robert Filmer, da Inglaterra. Do Direito Divino ao Contrato Social: Com a secularização do pensamento político, os filósofos

procuram um fundamento racional do poder soberano, para legitimá-lo sem recorrer à intervenção divina ou qualquer fundamentação religiosa. As teorias contratualistas:São teóricos do contrato social: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-

Jacqes Rousseau. Estado de Natureza: Esta hipótese é o ponto de partida do Contrato Social: No Estado de Natureza o homem é dono exclusivo de si e dos seus poderes. No estado de natureza os homens estão entregues a si próprios. É inseguro, instável, infeliz. Os interesses egoístas predominam entre os homens, a ponto de cada indivíduo representar um perigo eminente aos outros indivíduos, de modo que o homem se torna o lobo do próprio homem. Hobbes quer dizer falando de ―guerra de todos contra todos‖, é que, sempre onde existirem as condições que caracterizam o estado de natureza, este é um estado de guerra de todos os que nele se encontram. (BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 36.) ―(...) condição dos homens fora da sociedade civil (condição esta que podemos adequadamente chamar de estado de natureza) nada mais é do que uma simples guerra de todos contra todos na qual todos os homens têm igual direito a todas as coisas; e a seguir, que todos os homens, tão cedo chegam a compreender essa odiosa condição, desejam (...) libertar-se de tal miséria. Mas isso não se pode conseguir e não se que, mediante um pacto, eles abdiquem daquele direito que têm a todas as coisas‖. HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 18. Transição Estado de Natureza – Sociedade Civil: Passamos de um Estado de Natureza para um

Estado Político mediante um Contrato Social. O ponto crucial é a legitimidade da ordem social e política, a base legal do Estado. O homem reconhece a necessidade de renunciar ao seu direito sobre todas as coisas em favor de um "contrato", (um pacto), pelo desejo de autopreservação, a Sociedade Civil. Soberania: Soberania é um conceito criado por Jean Bodin (1530-1596) e fundamental para

justificar o poder centralizado das monarquias nacionais, apenas um poder central forte é capaz de manter a unidade do corpo da república. Para Hobbes a soberania é perpétua (por toda a vida) e absoluta, o detentor da soberania estará ―absolvido do poder das leis‖, cabe a ele o poder de ―dar e

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anular a lei.‖ Um estado soberano é o que tem a posse de um território no qual o comando sobre seus habitantes se faz pela centralização do poder e o uso da força é legítimo e de direito. O poder resultante do pacto político é ilimitado e absoluto e portanto, não pode ser destituído, podendo utilizar a força das armas para manter a soberania e o silêncio dos súditos. O Contrato social é um contrato de submissão (subectionis), tácito e perpétuo. O Estado político/civil é soberano – tem poderes absolutos, portanto concentrados. Os poderes concentrados são ilimitados e indivisíveis e garantem a soberania do governante. Não há tirania para Hobbes: Hobbes tenta convencer que Estado era sinônimo de governo. Para ele, o Estado perderia a soberania se o seu conceito for desagregado do de governante. Nesse contexto, cabe lembrar a frase do rei Luis XIV, contemporâneo de Hobbes, e um dos mais bem-sucedidos reis de toda a história: "L'État c'est moi" (O Estado sou eu). Não existe tirania para Hobbes, pois não há excesso de poder na visão dele. O título de "tirano" era um mero juízo de valor feito a respeito do governante, uma pura e simples questão de ódio ou amor.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

"Como não há poder político sem a vontade de Deus, todo governo, seja qual for sua origem, justo, injusto, pacífico ou violento, é legítimo; todo depositário da autoridade, seja qual for, é sagrado; revoltar-se contra ele é cometer sacrilégio." (Jacques Bossuet). A citação acima demonstra que: A) o governo, através de seu representante, deve atender aos anseios da comunidade. B) a escolha do governante deve obedecer à vontade de Deus. C) o povo é livre para escolher o chefe da nação. D) o poder do governante está baseado na Teoria do Direito Divino.

QUESTÃO 02

(UFU 09/2002) Segundo Hobbes (1588-1679), podemos definir estado de natureza como sendo o lugar onde:

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A) todos são bons por natureza, mas a vida em sociedade os corrompe. B) os homens são bons, ―bons selvagens inocentes‖, vivendo em estado de felicidade original. C) todos são proprietários de suas vidas, de seus corpos, de seus trabalhos, portanto, todos são proprietários. D) reina o medo entre os indivíduos, que temem a morte violenta, que vivem isolados e em luta permanente, guerra de todos contra todos.

QUESTÃO 03

A justificação de Hobbes para o poder absoluto é estritamente racional e friamente utilitária completamente livre de qualquer tipo de religiosidade e sentimentalismo, negando implicitamente a origem divina do poder. O que Hobbes admite é a existência do pacto social. Esta é a sua originalidade e novidade. Marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as alternativas falsas:

( ) Para Hobbes embora o homem viva em sociedade o mesmo possui o instinto natural de sociabilidade; ( ) Onde não houver o domínio de um homem sobre outro, dirá Hobbes, existirá sempre uma competição intensa até que esse domínio seja alcançado; ( ) A conseqüência da disputa entre os homem em seu estado de natureza gera um estado de guerra e de matança permanente nas comunidades primitivas (guerra de todos contra todos); ( ) A única solução para dar fim à brutalidade social primitiva é a criação da sociedade política, através do contrato social administrado pela Igreja. A seqüência correta das alternativas é: A) F, V, V, F B) F, F, V, F C) F, F, F, F D) V, V, V, V

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JOHN LOCKE (1632 – 1704)

John Locke foi um filósofo político inglês. É considerado, na História da Filosofia, como o fundador do liberalismo político. Segundo este filósofo inglês, o Estado surge através de um contrato entre os indivíduos e deve ter como função básica. Direito Natural: Como teórico do direito natural Locke parte da definição do direito natural como direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação de ambas (propriedade privada). Estado de Natureza: No estado de natureza o homem é juiz de sua própria causa, e é um estado relativamente pacífico. Contrato social: A única finalidade para o homem renunciar a viver no Estado de natureza em prol de um Estado Civil/político é a preservação da sua propriedade. Com a burguesia em expansão, a função do estado é garantir e defender a propriedade privada contra a nobreza e os pobres. Liberalismo e Estado: A teoria liberal, primeiro com Locke, depois com os realizadores da

Independência norte-americana e da Revolução Francesa, e finalmente, no século XX, com pensadores como Max Weber, dirá que a função do Estado é tríplice:

1. Por meio das leis e do uso legal da violência (exército e polícia), garantir o direito natural de propriedade, sem interferir na vida econômica donde vem a ideia de liberalismo, isto é, o Estado deve respeitar a liberdade econômica dos proprietários privados, deixando que façam as regras e as normas das atividades econômicas;

2. O Estado tem a função de arbitrar, por meio das leis e da força, os conflitos da sociedade civil;

3. O Estado tem o direito de legislar, permitir e proibir tudo quanto pertença à esfera da vida pública, mas não tem o direito de intervir sobre a consciência dos governados. O Estado deve garantir a liberdade de consciência, isto é, a liberdade de pensamento de todos os governados e só poderá exercer censura nos casos em que se emitam opiniões sediciosas (revoltosa, insurgente) que ponham em risco o próprio Estado.

EXERCÍCIOS:

QUESTÃO 01 Leia com atenção o texto de Locke abaixo.

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―Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhe as ações e regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharam conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem.‖ LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 35. Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Locke. A) A condição natural do homem é estar sob a dependência da vontade de outro homem. B) Locke separa a origem do Estado da condição natural do homem. C) Locke concilia a liberdade dos homens com os limites da lei de natureza, que não dependem da vontade dos homens. D) A origem do poder político está desvinculada do que é conveniente aos homens.

QUESTÃO 02

Assinale a alternativa INCORRETA. Segundo John Locke (1632-1704), são proprietários:

A) todos que são proprietários de suas vidas, de seus corpos, de seus trabalhos, isto é, todos são proprietários. B) todos os operários, pois fazem parte da sociedade civil, portanto, podem governar como qualquer cidadão, pois é sua prerrogativa. C) todos os homens, já que a primeira coisa que o homem possui é o seu próprio corpo; assim, todo homem é proprietário de si mesmo e de suas capacidades. D) somente aqueles que podem governar, isto é, os homens de fortuna, pois somente esses podem ter plena cidadania.

QUESTÃO 03

John Locke justificou a existência do Estado com estas palavras:

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O motivo que leva os homens a entrarem em sociedade é a preservação da propriedade; e o objetivo para o qual escolhem e autorizam um poder legislativo é tornar possível a existência de leis e regras estabelecidas como guarda e proteção às propriedades de todos os membros da sociedade, a fim de limitar o poder e moderar o domínio de cada parte e de cada membro a comunidade; pois não se poderá nunca supor seja vontade da sociedade que o legislativo possua o poder de destruir o que todos intentam assegurar-se, entrando em sociedade e para o que o povo se submeteu a legisladores por ele mesmo criado. LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. Trad. de E. Jacy Monteiro. 3 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 121. Coleção Os Pensadores). Analise as assertivas em conformidade com a citação acima. I . A propriedade privada é contratual, isto é, ela é subseqüente ao nascimento do Estado, que institui o direito à propriedade, distribuindo a cada um aquilo que era propriedade comunal no estado de natureza. II . A propriedade privada surge com o aparecimento da sociedade civil, a geradora do Estado, que é a instituição suprema que tem, inclusive, a prerrogativa de suprimir a propriedade em benefício da segurança do Estado. III . A propriedade privada é parte do estado de natureza, pois o homem possui a propriedade de si mesmo e, com isso, tem o direito de tornar como sua propriedade aquilo que está vinculado com seu trabalho. IV . A propriedade privada é anterior à sociedade civil, portanto, a propriedade antecedeu ao Estado, cuja existência resultou do contrato social e teve a finalidade de preservar e proteger a propriedade privada de cada um. Assinale a alternativa que tem as assertivas corretas. A) III e IV B) I e II C) II e III D) II e IV

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JEAN JACQUES ROUSSEAU (1712 – 1778)

Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 — Ermenonville, 2 de Julho de 1778) foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo.

Biografia: Jean-Jacques Rousseau não conheceu a mãe, pois ela morreu de infeção puerperal nove dias depois do parto, acontecimento que seria por ele descrito como "a primeira das minhas desventuras". Foi criado pelo pai, Isaac Rousseau, um relojoeiro calvinista, cujo avô fora um huguenote fugido da França. Aos 10 anos teve de afastar-se do pai, mas continuaram mantendo contato. Na adolescência, foi estudar numa rígida escola religiosa sendo aluno do pastor Lambercier. Gostava de passear pelos campos. Acaba tendo como amante uma rica senhora e, sob seus cuidados, esenvolvendo o interesse pela música e filosofia. Longe de sua protetora, que agora estava em uma situação financeira ruim e com outra amante, ele parte para Paris. Havia inovado muitas coisas no campo da música, o que lhe rendeu um convite de Diderot para que escrevesse sobre isso na famosa Enciclopédia. Além disso, obteve sucesso com uma de suas óperas, intitulada O Adivinho da Vila. Aos 37 anos, participando de um concurso da academia de Dijon cujo tema era: "O restabelecimento das ciências e das artes terá favorecido o aprimoramento dos costumes?", torna-se famoso ao escrever respondendo de forma negativa o Discurso Sobre as Ciências e as Artes, ganhando o prêmio em 1750. Após isso, Rousseau, então famoso na elite parisiense, é convidado para participar de discussões e jantares para expôr suas ideias. Ao contrário de seu grande rival Voltaire, que também não era nobre, aquele ambiente não o agradava. Rousseau teve cinco filhos com sua amante de Paris, porém, acaba por colocá-los todos em um orfanato. Uma ironia, já que anos depois escreve o livro Emílio, ou Da Educação que ensina sobre como deve-se educaras crianças. O que escreve como peça mestra do Emílio, a "Profissão de Fé do Vigário Saboiano", acarretar-lhe-á perseguições e retaliações tanto em Paris como em Genebra. Chega a ter obras queimadas. Rousseau rejeita a religião revelada e é fortemente censurado. Era adepto de uma religião natural, em que o ser humano poderia encontrar Deus em seu próprio coração. Entretanto, seu romance A Nova Heloísa mostra-o como defensor da moral e da justiça divina. Apesar de tudo, o filósofo era um espiritualista e terá, por isso e entre outras coisas, como principal inimigo Voltaire, outro grande iluminista. Em sua obra Confissões, responde a muitas acusações de François-Marie Arouet (Voltaire). Para alguns, Jean-Jacques Rousseau revela-se um cristão rebelado, desconfiado das interpretações eclesiásticas sobre os Evangelhos. Politicamente, expõe suas ideias no Do contrato social, publicado em 1762. Procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e distante da corrupção.

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A soberania do poder, para ele, deve estar nas mãos do povo, através de um corpo político dos cidadãos. Ainda no ano de 1762, Rousseau começou a ser perseguido na França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Em 1765, foi morar na Inglaterra a convite do filósofo David Hume. De volta à França, no ano de 1767, casou-se comThérèse Levasseur. Depois de toda uma produção intelectual, suas fugas às perseguições e uma vida de aventuras e de errância, Rousseau passa a levar uma vida retirada e solitária. Por opção, ele foge das pessoas e vive em certa misantropia. Nesta época, dedica-se à natureza, que sempre foi uma de suas paixões. Seu grande interesse por botânica o leva a recolher espécie e montar um herbário. Seus relatos desta época estão no livro "Devaneios de Caminhante Solitário". Falece aos 66 anos, em 2 de julho de 1778, no castelo de Ermenonville, onde estava hospedado.

Citações

"O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros . Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles."

"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes de que os frutos são de todos e de que a terra a ninguém pertence.'"

"O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."

"Maquiavel fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo".

"A paciência é amarga, mas seus frutos são doces."

Alguns princípios da filosofia rousseauniana:

Estado de natureza: O estado de natureza, tal como concebido por Rousseau, está descrito

principalmente em seu livro Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. A definição da natureza humana é um equilíbrio perfeito entre o que se quer e o que se tem. O homem natural é um ser de sensações, somente. O homem no estado de natureza deseja somente aquilo que o rodeia, porque ele não pensa e, portanto, é desprovido da imaginação necessária para desenvolver um desejo que ele não percebe. Estas são as únicas coisas que ele poderia "representar". Então, os desejos do homem no estado de natureza são os desejos de seu corpo. "Seus desejos não passam de suas necessidades físicas, os únicos bens que ele conhece no universo são a alimentação, uma fêmea e o repouso".Até então, Rousseau toma posição contra a teoria do estado de natureza hobbesiano. O homem natural de Rousseau não é um "lobo" para seus companheiros. Mas ele não está inclinado a se juntar a eles em uma relação duradoura e a formar uma sociedade com eles. Ele não sente o desejo. Seus desejos são satisfeitos pela natureza, e a sua inteligência, reduzida apenas às sensações, não pode sequer ter uma ideia do que seria tal associação. O homem tem o instinto natural, e seu instinto é suficiente. Esse instinto é individualista, ele não induz a qualquer vida social. Para viver em sociedade, é preciso a razão ao homem natural. A razão, para Rousseau, é o instrumento que enquadra o homem, nu, ao ambiente social, vestido. Assim como o instinto é o instrumento de adaptação humana à natureza, a razão é o instrumento de adaptação humana a um meio social e jurídico.

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É justamente a falta de razão que possibilita o homem a viver naturalmente: a razão, ou a imaginação que o permite considerar outro homem como seu alter-ego (ou seja, como um ser humano também), a linguagem e a sociedade, tudo isso constitui a cultura, e não são faculdades do estado de natureza. Mesmo assim, o homem natural já possui todas essas características; ele é anti-social, mas é associável: "não é hostil à sociedade, mas não é inclinável a ela. Foram os germes que se desenvolveram, e podem se tornar as virtudes sociais, tendências sociais, mas eles são apenas potenciais."(Segundo Discurso, Parte I). O homem é sociável, antes mesmo de socializar. Possui um potencial de sociabilidade que somente o contato com algumas forças hostis podem expor.

Teoria da Vontade Geral: Segundo Rousseau a "Vontade Geral" não é consenso, nem vontade da

maioria e muito menos a soma das vontades individuais. Como a sociedade não tem objetivo estabelecido, é auto determinante, a vontade geral não seria constrangida por nada, tendo o "Todo" (sociedade) se submetendo a ela, recebendo cada um parte individual do "Todo". Uma forma de exemplificar tal teoria seria compará-la com Locke, pois a vontade geral entra em contradição com Locke, que diz que o homem não deve se submeter a nada, que ele é livre, mas Rousseau enfatiza que todos devem estar sob a vontade geral. Para atingir a vontade geral é necessário que a sociedade reduza a desigualdade social, pois assim as opiniões, conceitos e principalmente vontades seriam mais próximos e estreitos. Como também maior educação na sociedade. Caso haja o descumprimento da vontade geral ou recusa a aceita-lá, o indivíduo será constrangido pelo corpo, ou seja, pelos demais da sociedade, sendo esse indivíduo forçado a ser livre e independente, sem vínculo com os outros. De acordo com Rousseau o Contrato Social tem por fim a vontade geral.

O Contrato Social: A obra ―Do Contrato Social‖, publicada em 1762, propõe que todos os homens

façam um novo contrato social onde se defenda a liberdade do homem baseado na experiência política das antigas civilizações onde predomina o consenso, garantindo os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros. No primeiro livro ―Onde se indaga como passa o homem do estado natural ao civil e quais são as condições essenciais desse pacto‖, composto de nove capítulos. Primeiramente se aborda a liberdade natural, nata, do ser humano, como ele a havia perdido, e como ele haveria de a recuperar. Dessa forma, já no quarto capítulo, Rousseau condena a escravidão, como algo paradoxal ao direito. A conclusão é que, se recuperando a liberdade, o povo é quem escolhe seus representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção. Essa convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que fazem o mal. É a ocorrência do pacto social. Feito o pacto, pode-se discutir o papel do ―soberano‖, e como este deveria agir para que a soberania verdadeira, que pertence ao povo, não seja prejudicada. No segundo livro Onde se trata da legislação, o autor aborda os aspectos jurídicos do Estado Civil, em doze capítulos. As principais ideias são desenvolvidas a partir de um princípio central, a soberania do povo, que é indivisível. O povo, então, tem interesses, que são nomeados como “vontade geral”, que é o que mais beneficia a sociedade. Evidentemente, o ―soberano‖ tem que agir de acordo com essa vontade, o que representa o limite do poder de tal governante: ele não pode ultrapassar a soberania do povo ou a vontade geral. Mais a frente no livro, a corrupção dos governantes quanto à vontade geral é criticada, garantindo-se o direito de tirar do poder tal governante corrupto. Assim, se esse é o limite, o povo é submisso à lei, porque em última análise, foi ele quem a criou; sendo a lei a condição essencial para a associação civil.A terceira análise rousseauniana, corresponde ao livro terceiro, se refere às possíveis formas de governo, que são a democracia, a aristocracia e a monarquia, e suas características e princípios. A principal conclusão desse livro é a partir do oitavo capítulo, em que tipo de Estado, que forma de governo funciona melhor – para Rousseau, a democracia é boa em cidades pequenas, a aristocracia em Estados médios e a monarquia em Estados grandes.

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Liberdade em Rousseau

Liberdade natural: Para Rousseau, a liberdade natural caracteriza-se por ações tomadas pelo

indivíduo com o objetivo de satisfazer seus instintos, isto é, com o objetivo de satisfazer suas necessidades. O homem neste estado de natureza desconsidera as consequências de suas ações para com os demais, ou seja, não tem a vontade e nem a obrigação de manter o vínculo das relações sociais.Vale ressaltar que, para Rousseau, o homem se completa com a natureza , portanto não é um estado a ser superado, como Locke e Hobbes acreditavam. A consciência no estado selvagem não estabelece distinção entre bem ou mal, uma vez que tal distinção é característica do indivíduo da sociedade civil. Para Rousseau, o que faz o indivíduo em estado de natureza parecer bom é, justamente, o fato de conseguir satisfazer suas necessidades sem estabelecer conflitos com outros indivíduos, sem escravizar e não sentindo vontade de impor a sua força a outros para sobreviver e ser feliz.

Transição do estado de natureza para o estado civil: A transição do estado de natureza para a

ordem civil transforma a liberdade do sujeito, ocorrendo durante um período de ―guerra de todos contra todos‖ que se iniciou com o estabelecimento da propriedade privada e da ausência de instituições políticas e de regras que impedissem a exploração entre as pessoas. Não havia cidadania neste período pré-social (esse período, existente antes do contrato social, se caracterizava por uma vida comum de disputas pela propriedade e pela riqueza). Para evitar as desigualdades, advindas da propriedade privada e do poder que devido a ela as pessoas (ricos proprietários) passam a exercer sobre outras pessoas (pequenos proprietários e despossuídos), é firmado o contrato social. Na transição para a vida em sociedade Rousseau é claro em escrever que: ―O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.‖ (ROUSSEAU, 1978, p. 36)

Liberdade civil: Na resolução do estágio de conflito generalizado é estabelecido o contrato social. Tal contrato é para Rousseau o que forma um povo enquanto tal, sendo precedente à formação do Estado e do governo. Esses são decorrentes da organização e do acordo vigentes na constituição do povo. Aqui Rousseau estabelece um princípio de organização das instituições políticas, no qual a organização de um povo em relação à propriedade, aos direitos e aos deveres de cada indivíduo são estipulados na lei, a partir do contrato social que orienta a constituição do Estado e da legislação. Um dos aspectos normativos do projeto rousseauniano é o de querer demonstrar a lógica dos princípios políticos do Estado e, simultaneamente, medidas utilitárias para a ação política dos indivíduos e do Estado, por exemplo, estipular que a igualdade se dê juridicamente mesmo reconhecendo que o princípio da desigualdade decorrente da propriedade privada ainda se mantém na ordem civil. Assim estipula uma reformulação nas instituições políticas que não dá conta do problema econômico-político, delineado pelo próprio Rousseau, da desigualdade de recursos e de propriedades. Referindo-se a lei, Rousseau não considera as leis vigentes satisfatórias (leis instituídas na monarquia, na aristocracia). Sua intenção é estabelecer um padrão das leis (que seria uma forma de superar as oposições entre indivíduo e Estado), baseado na igualdade, sendo esse critério indispensável para o contrato social. Portanto, a justiça estabelecida na lei deve ter reciprocidade entre os indivíduos, cada um tendo seus direitos e deveres, tanto o soberano quanto os súditos. Por isso, as leis devem representar toda a sociedade, sendo consideradas como vontade geral (não no sentido de uma união das vontades individuais e sim da vontade do corpo político ). As leis estabelecidas no contrato social asseguram a liberdade civil através dos direitos e deveres de cada cidadão no corpo político da sociedade. Mas para isso, cada cidadão deve ―doar-se‖ completamente, submetendo-se ao padrão coletivo. Vale ressaltar que o fator limitante da liberdade civil é a vontade geral, uma vez que ela visa à igualdade (o que torna os indivíduos realmente livres), pois a liberdade no estado civil não se dá apenas pelos interesses particulares, mas também pelos interesses do corpo político. Assim, o contrato social não apenas iguala todos os cidadãos, como também fortalece a liberdade de cada indivíduo, a partir de seus interesses particulares. Uma vez

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que um dos principais objetivos do contrato social é garantir a segurança e a liberdade de cada indivíduo, ainda que a última seja limitada por normas.

―Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes. Esse, o problema fundamental cuja solução o contrato social oferece‖.(ROUSSEAU, 1978, p. 32)

O Estado, tal como é proposto por Rousseau no Contrato Social, assegura a liberdade de cada cidadão através da independência individual privada e da livre participação política.

Principais obras

Discurso Sobre as Ciências e as Artes;

Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens;

Do Contrato Social;

Emílio, ou da Educação;

Os Devaneios de um Caminhante Solitário

Bibliografia:

JEAN-JACQUES ROUSSEAU. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2015. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jean-Jacques_Rousseau&oldid=41278302>. Acesso em: 27 fev. 2015.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01 (UEL 2006) ―Um povo, portanto, só será livre quando tiver todas as condições de elaborar suas leis num clima de igualdade, de tal modo que a obediência a essas mesmas leis signifique, na verdade, uma submissão à deliberação de si mesmo e de cada cidadão, como partes do poder soberano. Isto é, uma submissão à vontade geral e não à vontade de um indivíduo em particular ou de um grupo de indivíduos.‖ (NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à liberdade. In: WEFFORT, Francisco. Os clássicos da política. São Paulo: Ática, 2000. p. 196.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a legitimidade do poder do Estado em Rousseau, é correto afirmar: A) A legislação que rege o Estado deve ser elaborada por um indivíduo escolhido para tal e que se tornará o soberano desse Estado.

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B) A liberdade de uma nação é ameaçada quando se confere ao povo o direito de discutir a legitimidade das leis às quais está submetido. C) Devido à ignorância e ao atraso do povo, deve-se atribuir a especialistas competentes o papel de legisladores. D) A legitimidade das leis depende de que as mesmas sejam elaboradas pelo conjunto dos cidadãos, expressão da liberdade do povo.

QUESTÃO 02

Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) faz parte dos contratualistas, porém tem uma posição inovadora em relação a Hobbes e a Locke, quanto ao conceito de soberania. Para ele, A) A democracia direta impede que os cidadãos vivam em paz, pois libera as paixões que impedem essa paz. B) Soberano é o poder executivo, que tem o poder absoluto para garantir a paz do povo. C) É necessário distinguir os conceitos de soberano e de governo, atribuindo ao povo a soberania inalienável e indivisível. D) A vontade geral institui o governo, que submete o povo, para garantir a paz, não podendo, ser destituído.

QUESTÃO 03

―O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer, ‗isto é meu‘ e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.‖ ROUSSEAU, Jean- Jaques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In: Primeiro Aprender. Filosofia. Vol.2, SEDUC, 2009.p.138. Segundo o trecho acima A) em estado natural os homens viviam fazendo guerras. B) em estado natural o homem era lobo do homem. C) em estado natural cada um tinha sua propriedade. D) em estado natural não havia propriedade privada.

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FRANCIS BACON (1561 – 1626)

Biografia: Francis Bacon, 1° Visconde de Alban, também referido como Bacon de Verulâmio (Londres, 22 de janeiro de1561 — Londres, 9 de abril de 1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio), visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna. Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns. Sucessivamente, durante o reinado de Jaime I, desempenhou as funções de procurador-geral (1607), fiscal-geral (1613), guarda do selo (1617) e grande chanceler (1618). Neste mesmo ano, foi nomeado barão de Verulam e em1621, barão de Saint Alban. Também em 1621, Bacon foi acusado de corrupção. Condenado ao pagamento de pesada multa, foi também proibido de exercer cargos públicos. Como filósofo, destacou-se com uma obra onde a ciência era exaltada como benéfica para o homem. Em suas investigações, ocupou-se especialmente da metodologia científica e do empirismo, sendo muitas vezes chamado de "fundador da ciência moderna". Sua principal obra filosófica é o Novum Organum. Francis Bacon foi um dos mais conhecidos e influentes rosacruzes e também um alquimista, tendo ocupado o posto mais elevado da Ordem Rosacruz, o de Imperator. Estudiosos apontam como sendo o real autor dos famosos manifestos rosacruzes, Fama Fraternitatis (1614), Confessio Fraternitatis (1615) e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz (1616). Filosofia: O pensamento filosófico de Bacon representa a tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de Instauratio magna(Grande restauração). A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, acabaria por apresentar um novo método que deveria superar e substituir o de Aristóteles. Esses tratados deveriam apresentar um modo específico de investigação dos fatos, passando, a seguir, para a investigação das leis e retornavam para o mundo dos fatos para nele promover as ações que se revelassem possíveis. Bacon desejava uma reforma completa do conhecimento. A tarefa era, obviamente, gigantesca e o filósofo produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a primeira parte da Instauratio foi concluída. A reforma do conhecimento é justificada em uma crítica à filosofia anterior (especialmente a Escolástica), considerada estéril por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. O conhecimento científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. A ciência antiga, de origem aristotélica, também é criticada.Demócrito, contudo, era tido em alta conta por Bacon, que o considerava mais importante que Platão e Aristóteles. A ciência deve restabelecer o imperium hominis (império do homem) sobre as coisas. A filosofia verdadeira não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A mentalidade científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos. O conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de conquistar poder sobre a natureza.

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Classificação das ciências Preliminarmente, Bacon propõe a classificação das ciências em três grupos: Poesia ou ciência da imaginação; História ou ciência da memória; Filosofia ou ciência da razão. A história é subdividida em natural e civil e a filosofia é subdividida em filosofia da natureza e em antropologia. Ídolos No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos: 1) Idola Tribus (ídolos da tribo): Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana. 2) Idola Specus (ídolos da caverna): De acordo com Bacon, cada pessoa possui sua própria caverna, que interpreta e distorce a luz particular, à qual estão acostumados. Isso quer dizer que, da mesma maneira presente na obra 'República' de Platão, os indivíduos, cada um, possui a sua crença, sua verdade particular, tida como única e indiscutível. Portanto, os ídolos da caverna perturbam o conhecimento, uma vez que mantém o homem preso em preconceitos e singularidades. 3) Idola Fori (ídolos do foro): Segundo Bacon, os ídolos do foro são os mais perturbadores, já que estes alojam-se no intelecto graças ao pacto de palavras e de nomes. Para os teóricos matemáticos um modo de restaurar a ordem seria através das definições. Porém de acordo com a teoria baconiana, nem mesmo as definições poderiam remediar totalmente esse mal, tratando-se de coisas materiais e naturais posto que as próprias definições constam de palavras e as palavras engendram palavras. Percebe-se portanto, que as palavras possuem certo grau de distorção e erro, sendo que umas possuem maior distorção e erro que outras. 4) Idola Theatri (ídolos do teatro): Os ídolos do teatro têm suas causas nos sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstrações. Os falsos conceitos, são as ideologias, essas são produzidas por engendramentos filosóficos, teológicos, políticos e científicos, todos ilusórios. Os ídolos do teatro, para Bacon, eram os mais perigosos, porque, em sua época, predominava o princípio da autoridade – os livros da antiguidade e os livros sagrados eram considerados a fonte de todo o conhecimento. O método O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico, mas sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos. Para isso, no entanto, deve-se descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença (responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência (responsável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam). Com isso, seria possível eliminar causas que não se relacionam com o efeito ou com o fenômeno analisado e, pelo registro da presença e variações seria possível chegar à verdadeira causa de um fenômeno.

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Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo mas fazem uma distinção entre a experiência vaga (noções recolhidas ao acaso) e a experiência escriturada (observação metódica e passível de verificações empíricas). Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon que ela ganha amplitude e eficácia. O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em primeiro lugar, Bacon não dá muito valor à hipótese. De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre. Em segundo lugar, Bacon não imaginou a importância da dedução matemática para o avanço das ciências. A origem para isso, talvez, foi o fato de ter estudado em Cambridge, reduto platônico que costumava ligar a matemática ao uso que dela fizera Platão. Referência:

FRANCIS BACON. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Francis_Bacon&oldid=40145400>. Acesso em: 30 out. 2014. EXERCÍCIOS:

QUESTÃO 01

(Universidade Católica do Paraná de 2008 - adaptada) ―Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática‖. Em relação a esse aforismo III do Livro I do Novum Organum de Francis Bacon, considere a alternativa que apresenta a interpretação CORRETA: A) O saber, para Bacon, é uma forma de alterarmos as leis da natureza e, com isso, seus fenômenos podem ser controlados tendo em vista um benefício humano. B) O autor menciona que o conhecimento, o saber, está ligado ao poder, ou seja, mediante o conhecimento é possível, de maneira segura e rigorosa, conquistar o poder sobre a natureza. C) Para Bacon, é inerente ao saber uma forma de controle sobre a natureza, mas principalmente sobre as pessoas, possibilitando um poder incondicional ao detentor do saber. D) O saber já possui um valor em si mesmo, o que conduz, conseqüentemente, de acordo com Bacon, a um poder.

QUESTÃO 02

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(UEL-PR) Segundo Francis Bacon, ―são de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber: Ídolos da Caverna, Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro‖. (F. Bacon. Novum Organum. São Paulo: Nova Cultura, 1988. p.21.) Com base nos conhecimentos sobre Bacon, os Ídolos da Tribo são: A) os ídolos dos homens enquanto indivíduos. B) aqueles provenientes do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos. C) aqueles que imigraram para o espírito dos homens por meio das diversas doutrinas filosóficas. D) aqueles fundados na própria natureza humana

QUESTÃO 03

(UEL Esp. 2005 - adaptada) ―[...] Aristóteles estabelecia antes as conclusões, não consultava devidamente a experiência para estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E tendo, ao seu arbítrio, assim decidido, submetia a experiência como a uma escrava para conformá-la às suas opiniões‖. (BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio Reis de Andrade. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 33.) Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta corretamente a interpretação que Bacon fazia da filosofia aristotélica. A) A filosofia aristotélica estabeleceu a experiência como o fundamento da ciência. B) Aristóteles consultava a experiência para estabelecer os resultados e axiomas da ciência. C) Aristóteles afirmava que o conhecimento teórico deveria submeter-se, como um escravo, ao conhecimento da experiência. D) Aristóteles desenvolveu uma concepção de filosofia que tem como conseqüência a desvalorização da experiência.

QUESTÃO 04

(UEL-2004/ESP - adaptada.) ‗‘Que ninguém espere um grande progresso nas ciências, especialmente no seu lado prático, até que a filosofia natural seja levada às ciências particulares e as ciências particulares sejam incorporadas à filosofia natural. [...] De fato, desde que as ciências particulares se constituíram e se dispersaram , não mais se alimentaram da filosofia natural, que lhes poderia ter transmitido as fontes e o verdadeiro conhecimento dos movimentos, dos raios , dos sons, da estrutura e do esquematismo dos corpos, das afecções e das percepções intelectuais, o que lhes teria infundido novas forças para novos progressos.‘‘ Com base no texto , é correto afirmar que Francis Bacon:

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A) Defende que o que há de mais importante nas ciências particulares é o seu lado prático. B) Propõe que o progresso da filosofia natural depende de que ela incorpore as ciências particulares. C) Constata a impossibilidade de progresso no lado prático das ciências particulares. D) Vincula a possibilidade do progresso nas ciências particulares à dependência destas à filosofia natural. QUESTÃO ABERTA

1. ―A verdadeira causa e raiz de todos os males que afetam as ciências é uma única: enquanto admiramos e exaltamos de modo falso os poderes da mente humana, não lhe buscamos auxílios adequados.‖ (Francis Bacon. Novum Organum. Livro I, aforismo IX. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.20. Coleção os Pensadores) Responda. a) O que Bacon critica nesse aforismo? b) Quais seriam os ―auxílios adequados‖ que deveriam ser buscados?

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RENÉ DESCARTES (1596-1650)

É um dos pais da filosofia moderna, era racionalista e inatista RACIONALISMO: é o primado da razão, da capacidade de pensar, de raciocinar, como fonte do conhecimento verdadeiro. Existem racionalismos que não pressuponhem o inatismo das ideias (dos conteúdos dos nossos atos de pensamento), mas apenas o da própria razão, como capacidade, poder ou faculdade de formar ideias. INATISMO: é a crença de que algumas ideias verdadeiras, conteúdos mentais, princípios racionais estão presentes desde o nascimento, isto é, não são adquiridos ou aprendidos. São inatistas: Platão, Descartes, Espinoza e Leibniz. O MÉTODO: Todos somos racionais, mas nem todos os homens conduzem corretamente a sua razão. O método: é caminho certo, seguro, exitoso, capaz de conduzir bem nossa razão, pensamentos, raciocínios rumo à uma verdade indubitável, clara e absoluta, à princípios absolutamente seguros, à um conhecimento fundado na certeza, na capacidade de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso. O Método foi determinante para a Ciência Moderna. OBRAS PRINCIPAIS:

Meditações Metafísicas

Regras para a direção do espírito

Tratado do mundo

Princípios de filosofia

Tratado das paixões da alma A DÚVIDA HIPERBÓLICA LEVOU AO COGITO A dúvida cartesiana ou dúvida metódica ou ainda dúvida hiperbólica é o ponto de partida do método cartesiano. O método de conhecimento que tem por objetivo descobrir uma Verdade Primeira, que não possa ser posta em dúvida, uma certeza maior do que as certezas da vida cotidiana, caracterizada pelo fato de ser indubitável, para isto se considera provisoriamente como falso aquilo cuja verdade não se encontra assegurada, ou seja, coloca todos os nossos conhecimentos em dúvida, analisa e questionar tudo. O Filósofo considerou como erradas:

as percepções sensoriais (o testemunho dos sentidos),

todas as noções adquiridas sobre os objetos materiais,

as afirmações do senso comum,

os argumentos da autoridade,

as informações da consciência,

as verdades deduzidas pelo raciocínio.

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Mas não foi possível duvidar que pensa e, portanto, existe como um ser pensante. ―Penso, logo existo.‖, O Cogito, ergo sum será o indubitável. A primeira verdade descoberta por Descartes, tão forte que nenhum cético poderia abalá-la. ―Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade; eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulos, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.‖ AS QUATRO REGRAS DO MÉTODO: O objetivo principal do método de Descartes é bem conduzir

nossa razão na busca da verdade, são elas: Regra da Evidência: ―jamais admitir alguma coisa como verdadeira se não for evidente, de modo

claro e distinto, não permitindo nenhuma dúvida.‖ Regra da Análise: dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas forem possíveis. Regra da Síntese: ordenar o raciocínio indo dos problemas mais simples para os mais complexos; Regra da Enumeração: realizar verificações completas e gerais para ter absoluta segurança de que

nenhum aspecto do problema foi omitido. CIÊNCIA MODERNA: características básicas

Controle técnico da Natureza,

Método experimental,

Quantificação dos fenômenos,

Hipóteses confrontadas com a realidade,

Verdades relativas,

Possibilidade de refutação,

Narrativas matemáticas. TRÊS TIPOS DE IDEIAS: De acordo com Descartes nós possuímos três tipos de ideias: As ideias adventícias são as que nós formamos a partir do mundo exterior, isto é, se originam de nossas sensações e percepções; são ideias que nos vêm por termos tido a experiência sensível

das coisas a que se referem. As ideias fictícias são feitas e inventadas pela imaginação, isto é, as criamos em nossa fantasia compondo seres inexistentes com pedaços ou partes de idéias adventícias que estão em nossa memória. Essas idéias nunca são verdadeiras, pois não correspondem a nada que exista realmente e sabemos que foram inventadas por nós, mesmo quando as recebemos já prontas de outros que as inventaram. As ideias inatas são aquelas que nos são dadas por Deus. Essas ideias são claras e distintas e constituem os elementos necessários ao conhecimento das leis da natureza, também criadas por Deus. [Estas ideias nasceram e foram produzidas conosco no momento da nossa criação, sendo, portanto congênitas em relação á nossa alma.] Elas formam o fundamento da ciência. Podemos conhecê-las voltando-nos sobre nós mesmos, quer dizer, por reflexão. O inatismo não se aplica a todas as ideias, apenas a um tipo específico delas. Nem todas as ideias são iguais. Distinguem-se não só porque representam coisas distintas, mas porque seus objetos podem ser situados numa escala de realidade, de graus do ser, numa hierarquia ontológica, que, para Descartes, vai do nada ao infinito (Deus). Assim, Descartes considerará a realidade objetiva das ideias puramente intelectuais (Deus, os anjos, o próprio espírito ou mente) superior à das ideias das coisas corporais. Algumas ideias claras e distintas, simples e inatas, são para Descartes: as ideias de substância, número, duração, a ideia de triângulo. E se, se é capaz de conceber essas ideias é porque existe um ser perfeito e infinito que as causou em mim.

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Referências: Leia mais em: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando – Introdução à Filosofia. 4ª Edição, São Paulo, 2009. Editora Moderna. (pp. 167 – 171). JAPIASSU E MARCONDES. Dicionário Básico de Filosofia. Dúvida. p.76. Sugestão de Filme:

Descartes (2000) Roberto Rossellini Sugestão de Música: O Conto do Sábio Chinês – Raul Seixas EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Na Idade Moderna séculos (XVI e XVII) o problema não é saber se as coisas são, mas se nós podemos eventualmente conhecê-las. Portanto, as perguntas são outras: ―O que é possível conhecer?‖; ―Qual é o critério de certeza para saber se há adequação entre o pensamento e o objeto?‖, ―Qual são os limites do nosso conhecimento René Descartes (1596-1650), filósofo racionalista propôs um Método que o conduzisse, de modo seguro à verdade indubitável. O objetivo e a utilidade do Método consistem para o homem em ―conduzir bem sua razão‖. Sobre as Regras do Método, as quais foram determinantes para a Ciência Moderna, podemos afirmar. I) Regra da Evidência: ―jamais admitir alguma coisa como verdadeira se não for evidente, de modo claro e distinto, não permitindo nenhuma dúvida.‖ II) Regra da Análise: dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis. III) Regra da Síntese: concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para, aos poucos, como que por degraus, chegar aos mais complexos. IV) Regra da Enumeração: para cada caso, fazer enumerações o mais exatas possíveis a ponto de estar certo de nada ter omitido. Dentre as alternativas acima marque a resposta correta. A) I, II e IV estão corretas. B) Todas as alternativas estão corretas. C) I, II e III estão corretas. D) Nenhuma das alternativas estão corretas.

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QUESTÃO 02

Escolha a alternativa correta: ―E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade; eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulos, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.‖ (R. Descartes. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973.) De acordo com a citação acima, Descartes quis afirmar que: A) O cogito nada mais é do que a convicção que tenho através das minhas percepções. B) A realidade e os sonhos são da mesma natureza e, portanto, as ideias são sempre verdadeiras. C) O fato de se poder duvidar de tudo oferece uma primeira verdade, uma ideia clara e distinta. ―Penso, logo existo‖ era tão forte que nenhum cético poderia abalá-la. Pois, somente alguém que pensa, existe verdadeiramente. D) As sensações e as ilusões dos sonhos são todas elas verdadeiras e conferem certeza ao conhecimento.

QUESTÃO 03

―Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar.‖ (RENÉ DESCARTES, Discurso do método, S. Paulo, Difel, 1962.) Descartes, na busca de uma Verdade Primeira que não possa ser posta em dúvida, tem como ponto de partida do seu método, a ―Dúvida Hiperbólica‖.

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Assinale abaixo o que Descartes NÃO pode colocar em dúvida no início de sua meditação: A) As afirmações do senso comum e os argumentos da autoridade. B) O testemunho dos sentidos. C) As informações da consciência e as verdades deduzidas pelo raciocínio. D) Que pensa e, portanto, existe como um ser pensante.

QUESTÃO 04

O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: ―Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?‖ Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: ―[...] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]‖ (DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.) Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar: A) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis. B) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados. C) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada. D) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar.

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QUESTÃO 05

Sobre Descartes, assinale a alternativa INCORRETA. A) Para Descartes, o caminho para se chegar ao conhecimento e a verdade, está relacionado com a necessidade de examinar as impressões sensíveis acerca dos fenômenos do mundo, concluir que são enganosas, ou seja, duvidar delas e todos os demais conhecimentos e em seguida procurar uma Verdade Primeira. B) Descartes criticou tudo que aprendeu, pois não repousava em fundamentos ou princípios sólidos. Pelo contrário, limitava-se a propor conhecimento apenas verossímeis, quer dizer, só aparentemente verdadeiros, mas que não forneciam nenhuma certeza. C) Para ele, para se fundar na certeza, o conhecimento deve começar pela busca de princípios absolutamente seguros. D) Para Descartes, para conhecer a verdade, é preciso de início colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida, é necessário analisar e acreditar em tudo.

QUESTÃO 06

Sobre Descartes, assinale a alternativa INCORRETA. A) Descartes é considerado um dos pais da filosofia medieval, dedicou-se ao estudo da matemática, física e filosofia. B) O objetivo e utilidade do seu método consistem, para o homem, em conduzir bem a sua razão até chegar a uma verdade clara e absoluta. C) Para Descartes, o poder de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina razão, é naturalmente igual em todos os homens, mas nem todos os homens, utilizam corretamente sua razão.

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D) No que diz respeito a epistemologia, a ciência que estuda como podemos conhecer a verdade, prevalece, no início da idade moderna, duas correntes principais, o racionalismo e o empirismo. Descartes era uma racionalista. O racionalismo sustenta a primazia da razão, do pensar, do raciocinar, em relação aos sentidos.

QUESTÃO 07

Sobre Descartes, assinale a alternativa INCORRETA.

A) A afirmação do caráter absoluto e universal da razão que, através de suas próprias forças, pode descobrir todas as verdades possíveis. B) A adoção do Método Matemático, que permite estabelecer cadeias de razões. C) A defesa do dualismo psicofísico, isto é, a dicotomia entre corpo e consciência. D) Destaca-se na história do dualismo porque foi o primeiro filósofo a identificar claramente a mente com a consciência e a igualá-la a sua sede corporal, o cérebro.

QUESTÃO 08

De acordo com Descartes nós possuímos três tipos de ideias: I) As ideias adventícias são as que nós formamos a partir do mundo exterior, isto é, se originam de nossas sensações e percepções; são ideias que nos vêm por termos tido a experiência sensível das coisas a que se referem. II) As ideias fictícias são feitas e inventadas pela imaginação, isto é, as criamos em nossa fantasia compondo seres inexistentes com pedaços ou partes de ideias adventícias que estão em nossa memória. (...) Essas ideias nunca são verdadeiras, pois não correspondem a nada que exista

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realmente e sabemos que foram inventadas por nós, mesmo quando as recebemos já prontas de outros que as inventaram. III) As ideias inatas são aquelas que nos são dadas por Deus. Essas ideias são claras e distintas e constituem os elementos necessários ao conhecimento das leis da natureza, também criadas por Deus. [Estas ideias nasceram e foram produzidas conosco no momento da nossa criação, sendo, portanto congênitas em relação à nossa alma.] Elas formam o fundamento da ciência. Podemos conhecê-las voltando-nos sobre nós mesmos, quer dizer, por reflexão. Marque a alternativa correta. A) Nenhuma das alternativas estão corretas. B) I e II estão corretas. C) Apenas a alternativa III está incorreta. D) Todas as alternativas estão corretas. QUESTÕES ABERTAS

01) Quantas e quais são as Regras do Método de Descartes? Explique cada uma delas. 02) Por que não se pode dizer que a dúvida de Descartes o transforma em um filósofo cético? 03) Explique a dúvida cartesiana. 04) Explique como Descartes chega ao ―Cogito ergo sum‖. 05) Quais foram os aspectos históricos e sociais que modificaram a forma de pensar na Idade Moderna? 06) Explique o foi o Renascimento.

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ILUMINISMO

• É um movimento intelectual que também recebe a denominação de Ilustração, ―aufklärung‖, ou esclarecimento, • Tem origem na Modernidade quando Descartes ressaltou o poder do sujeito de atingir o indubitável. • A razão é capaz de orientar-se sem a tutela do Princípio de Autoridade, sendo, portanto um guia da Verdade. • É OTIMISTA por acreditar ser possível reorganizar o mundo por meio das luzes. • A razão, sendo um guia da Verdade, combate com luz o fanatismo, a intolerância, a escravidão, a tortura e a guerra. • São parte do contexto histórico do Iluminismo, a Revolução Francesa, a Independência das 13 Colônias (EUA), a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana

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EMPIRISMO

Empirismo vem do grego empiria e significa experiência.

O empirismo é a teoria segundo a qual todo conhecimento provém da experiência. Algo é "empírico" quando a sua veracidade ou falsidade pode ser verificada tendo como referência os fatos que a experiência revelou.

A doutrina do empirismo foi definida explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke (1632 – 1704).

Tábula rasa: Locke argumentou que a mente seria, originalmente, tábula rasa, sobre a qual é

gravado o conhecimento, cuja base é a sensação, ou seja, todas as pessoas, ao nascer, não sabem absolutamente nada, não possuem nenhuma impressão.

Pelos cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) sentimos, percebemos , obtemos impressões, obtemos dados. Após a sensação, a experiência é abstraída, formando-se a ideia. Portanto todas as ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais. ―Segundo os empiristas, as ideias são objetos mentais, resultados de um processo de abstração, que representam objetos externos percebidos pelos sentidos. ―Por ideias, entendo as pálidas imagens das impressões em nosso pensamento e raciocínio.‖ (Hume)‖ (p.126, Dicionário)

A Origem do Conhecimento para o Racionalismo e o Empirismo

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01 Sobre o Empirismo podemos afirmar, EXCETO:

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A) A palavra ―empirismo‖ vem do grego empiria e significa experiência. O empirismo é a teoria segundo a qual todo conhecimento provém da experiência. B) Algo é "empírico" quando a sua veracidade ou falsidade pode ser verificada tendo como referência os fatos que a experiência revelou. C) A doutrina do empirismo foi definida explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke (1632 – 1704). D) Locke argumentou que a mente seria, originalmente, Tábula Preenchida sobre a qual é continuamente regravado o conhecimento, cuja base é a sensação. Antes das primeiras impressões que formam ideias há um rascunho.

QUESTÃO 02 Sobre o Empirismo podemos afirmar, EXCETO: A) Pelos cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) sentimos, percebemos , obtemos impressões, obtemos dados. Após a sensação, a experiência é abstraída, formando-se a ideia. B) Todas as ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais. Exceto três, com as quais já nascemos: Deus, alma e vida eterna. C) Segundo os empiristas, as ideias são objetos mentais, resultados de um processo de abstração, que representam objetos externos percebidos pelos sentidos. D) ―Por ideias, entendo as pálidas imagens das impressões em nosso pensamento e raciocínio.‖ (Hume) QUESTÕES ABERTAS: 01) Explique em cinco linhas o Empirismo: etimologia, critério de verdade, primeiro definidor. 02) Explique a Teoria da Tábula Rasa de John Locke.

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DAVI HUME (1711 – 1776)

Biografia: David Hume (Edimburgo, 1711– Edimburgo,1776) foi um filósofo, historiador e

ensaísta escocês. Empirista, naturalista e cético, Hume opôs-se particularmente a Descartes e às filosofias que consideravam o espírito humano desde um ponto de vista teológico-metafísico. Assim Hume abriu caminho à aplicação do método experimental aos fenômenos mentais.3

O pai morre aos três anos, como revelava precocidade intelectual, foi enviado para a Universidade de Edimburgo aos 11 anos, aos 15 anos, decidiu aprimorar seus conhecimentos por conta própria lendo livros clássicos. Seu excessivo esforço intelectual levou-o às raias de um colapso mental. Entre 1729 e 1734 sofreu um sério esgotamento nervoso. Em 1734: Hume viaja para a França. Em 1737 retornou a Escócia para juntar-se à mãe e ao irmão na antiga propriedade rural da família. Em 1744: recusado ao tentar obter a cátedra de Filosofia Moral da Universidade de Edimburgo, pois sua candidatura enfrentou forte oposição devido à sua fama de ateísta. Em 1752: Hume foi feito conservador da biblioteca dos Advogados de Edimburgo, mas em 1754 ele foi acusado de encomendar ―livros indecentes‖ para a biblioteca, e houve uma movimentação para destituí-lo do cargo. Em 1756 foi alvo de um processo malsucedido de excomunhão em 1756.7 E em 1761: a Igreja Católica romana colocou todos os seus escritos no Index. Hume nunca se casou. Tinha disposição branda, temperamento equilibrado, de humor franco, sociável e alegre, capaz de manter laços de afeição e pouco propenso a inimizades, e de grande moderação em todas suas paixões. A “ciência do homem” Lado cético-destrutivo: teria ele explicitado a impossibilidade de se alcançar alguma certeza ou

verdade absoluta nas ciências indutivas, além de ter mostrado a impossibilidade de se provar filosoficamente a existência do mundo exterior ou de se identificar uma substância consti tutiva do ego. Lado propositivo: "uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos

morais". Assuntos morais (humanidades): a política, o direito, a moral, a psicologia e a crítica das artes. Hume discorda que as questões humanas pertencem a um domínio separado do conjunto dos fenômenos naturais, sendo os últimos sujeitos a leis e a rigorosos encadeamentos causais, e as primeiras como resultado da absoluta liberdade de escolha dos seres humanos. Em termos práticos, essa concepção de mundo excluía do âmbito da investigação científica os comportamentos, emoções, ações e realizações culturais da espécie humana. Hume propõem que a natureza humana fosse investigada conforme os mesmos métodos já testados e aprovados em outros âmbitos de investigação. Hume pretende fazer no âmbito da ciência do homem, o mesmo que Newton realizou no âmbito da ciência natural: explicitar de maneira inteiramente quantificada as leis e princípios básicos que inexoravelmente comandam os modos de pensar, de sentir e de conviver dos seres humanos.

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Percepção: impressões (sentidos) e ideias (representações mentais)

Em sua obra ―Investigação acerca do entendimento humano‖ ao formular sua teoria do conhecimento dividiu tudo o que percebemos em impressões e ideias: Impressões referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos, como, por exemplo, impressões visuais, auditivas, táteis; e Ideias

referem-se às representações mentais (memória, imaginação etc.) derivadas das impressões. Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de alguma impressão. Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. Alguém que nunca teve uma impressão visual, um cego de nascença, por exemplo, jamais poderá ter uma ideia de cor, ainda que seja uma ideia não muito fiel. O problema da causalidade

Quando um evento provoca um outro evento não temos consciência da conexão (da causalidade) entre os dois. Hume negou que possamos fazer qualquer ideia de causalidade que não através do seguinte: Quando vemos que dois eventos sempre ocorrem conjuntamente, tendemos a criar uma expectativa de que quando o primeiro ocorre, o segundo seguirá. Esta conjunção constante e a expectativa dela são tudo o que podemos saber da causalidade, e tudo o que a nossa ideia de causalidade pode inferir. Infere a existência de um objeto do aparecimento do outro, mas não temos qualquer ideia ou conhecimento do poder pelo qual um objeto produz o outro. Somos levados a fazer a inferência pelo costume ou hábito. Uma crença que não pode ser eliminada mas que também não pode ser provada verdadeira por nenhum argumento, dedutivo ou indutivo, tal como na questão da nossa crença na realidade do mundo exterior. O problema da indução O termo ―indução” não aparece no argumento de Hume. Ele utiliza a palavra ―inferência‖, mas refere-se ao que hoje conhecemos como indução. Hume divide todos os raciocínios em dois: demonstrativos (―dedutivos‖) e probabilísticos, referindo-se à generalização, por indução, de um raciocínio do tipo causa-efeito. O conhecimento que obtemos por idução, na prática é resultado do hábito e, este, por sua vez, seria derivado de um processo inerente à natureza humana, de associar dois fenômenos independentes, vinculando-os em termos de causalidade, por se terem mostrado de maneira encadeada diante dos nossos sentidos. Cremos que o passado é um guia confiável para o futuro pelo raciocínio indutivo. O argumento de Hume implica a impossibilidade do fazer científico, entendendo-se ciência como saber irrefutável. A Teoria do Eu como feixe (The Bundle Theory of the Self)

Somos as mesmas pessoas que éramos há tempos atrás? Mudamos em muitos aspectos, mas mantemos a essência? Quais aspectos que se pode alterar sem que o próprio indivíduo subjacente mude? Hume, no entanto, nega que exista uma distinção entre os vários aspectos de uma pessoa e o indivíduo que supostamente transporta todas estas características. Pela introspecção, notamos grupos de pensamentos, sentimentos e percepções; mas nunca percebemos uma substância à qual possamos chamar de "o Eu". Não há nada relativamente ao Eu que esteja acima de um grande feixe de percepções transitórias. Hume compara a alma ao povo de uma nação (commonwealth), que retém a sua identidade não em virtude de uma substância básica permanente, mas que é composto de muitos elementos relacionados mas em permanente mutação. A razão prática, Instrumentalismo, Niilismo, Anti-realismo moral e motivação: Argumento contra a fundamentação da moralidade na razão. Certos comportamentos são mais razoáveis do que outros? Hume questiona o papel da razão no julgamento do comportamento. Ele nega que a razão motive ou desencoraje o comportamento. A razão é apenas uma espécie de calculador de conceitos e experiência. Uma ação é razoável, se e somente se, ela serve os objetivos e desejos do agente, quaisquer que estes sejam. A razão pode

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entrar neste esquema apenas como um servo, informando o agente de fatos úteis relativos às ações que servem aos seus objetivos e desejos, mas nunca condescendendo a dizer ao agente quais objetivos e desejos ele deverá ter. O comportamento imoral não é imoral por ser contra a razão. A razão por si só não motiva ninguém: a razão descobre os fatos e a lógica, mas ela depende dos nossos desejos e preferências quanto à percepção daquelas verdades e se isso nos motiva. Consequentemente, a razão por si não produz crenças morais. O que importa é como nos sentimos em relação a esse comportamento. As crenças morais são intrinsecamente motivantes: se você acredita que matar é errado, você estará motivado a não matar e em criticar a matança (internalismo moral). A moralidade depende do sentimento, o papel da razão é o de preparar o caminho para os nossos desejos. O problema do ser - dever ser. (The Is-Ought Problem) - ―Falácia naturalista‖ (G.E: Moore):

identificação de propriedades morais com propriedades naturais. Não é possível falar do que deve ser, na base de enunciados acerca do que é. Há uma diferença entre enunciados descritivos (o que é) e enunciados prescritivos (o que deveria ser). Tal derivação é impossível. Os teóricos éticos que pretendam dar à moralidade um fundamento objetivo precisam enfrentar esta questão. Livre-arbítrio vs. Indeterminismo (Free Will vs. Indeterminism)

Há um aparente conflito entre o livre-arbítrio e o determinismo: se as nossas ações foram determinadas há milhões de anos, como poderá ser que elas dependam de nós? Mas Hume notou um outro conflito, que torna o problema da livre vontade num denso dilema: a livre-vontade é incompatível com o indeterminismo. Imagine que as suas ações não são determinadas pelos eventos precedentes. Nesse caso, as suas ações serão completamente aleatórias. A livre-vontade parece requerer o determinismo, porque senão o agente e a ação não estariam conectados de modo necessário por ações livremente escolhidas. Sendo assim, quase todos nós acreditamos no livre-arbítrio, a livre vontade parece inconsistente com o determinismo, mas a livre-vontade parece requerer o determinismo. Utilitarismo Foi provavelmente Hume quem, juntamente com os seus colegas do Iluminismo escocês, avançou pela primeira vez a ideia de que a explicação dos princípios morais deverá ser procurada na utilidade que eles tendem a promover. Foi o seu compatriota Francis Hutcheson que cunhou o slogan utilitarista "a maior felicidade para o maior número". Foi através da leitura do "Tratado" de Hume que Jeremy Bentham sentiu pela primeira vez a força do sistema utilitário. Hume é um "proto-utilitarista" peculiar, porque ele é mesmo, um sentimentalista moral e, como tal, achava que princípios morais não podem ser justificados intelectualmente. Alguns princípios simplesmente são-nos apelativos e outros não o são. E o motivo porque princípios utilitaristas da moral são apelativos é que eles promovem os nossos interesses e os dos nossos companheiros com os quais simpatizamos. O problema dos milagres Milagre (definição): violação por Deus das leis da Natureza. Argumento 1: é impossível violar as leis da Natureza. Argumento 2: o testemunho humano nunca poderia ser suficientemente fiável para contra-ordenar a evidência que temos das leis da Natureza. Argumento 3: devido à forte evidência que temos das leis da natureza, qualquer pretensão de milagre precisa de provas fortes para derrotar as nossas expectativas iniciais.

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Questões: ressurreição de Jesus. O que é que é mais provável? que um homem se erga dos mortos ou que este testemunho esteja incorreto de uma forma ou de outra? O argumento teleológico

O argumento teleológico para a existência de Deus afirma que toda a ordem e "objetivo" do mundo evidencia uma origem divina.

1. Para o ―argumento teleológico‖ funcionar, seria necessário que pudéssemos perceber a ordem resultando da vontade do Criador. Mas nós vemos "ordem" constantemente, resultante de processos presumivelmente sem consciência, como na geração animal e vegetal.

2. O argumento do desígnio, mesmo que funcionasse, não poderia suportar uma robusta fé em Deus. Tudo o que se pode esperar é a conclusão de que o universo é o resultado de algum agente (ou agentes) moralmente ambíguo, possivelmente não inteligente.

3. Pelos próprios princípios do argumento teleológico, a ordem mental de Deus e a funcionalidade necessitam de explicação. Senão, podemos considerar a ordem do universo, etc, inexplicada.

4. Muitas vezes, o que parece ser objetivo, onde parece que o objeto X tem o aspecto A de forma a assegurar o fim F, é melhor explicado pelo processo da filtragem: ou seja, o objeto X não existiria se não possuísse o aspecto A, e o fim F é apenas interessante para nós. Uma projeção humana de objetivos na natureza. Esta explicação mecânica da teleologia antecipou a seleção natural, um século antes de Darwin.

Teoria da Oscilação (sociologia da religião)

Hume rejeita a ideia de uma evolução linear desde o politeísmo para o monoteísmo como um sumário da evolução histórica dos últimos 2000 anos. Na verdade, Hume acredita que o que a história mostra é antes um oscilar entre politeísmo e monoteísmo. Chama-lhe um "flux and reflux" (fluxo e refluxo, um oscilar) entre as duas opções. Nas palavras de Hume: "a mente humana mostra uma tendência maravilhosa para oscilar entre diferentes tipos de religião: eleva-se do politeísmo para o monoteísmo para voltar a afundar-se na idolatria". Como ―Gellner‖afirma, esta oscilação não é o resultado de qualquer racionalidade, mas sim dos "mecanismos do medo, incerteza, da superioridade e inferioridade". Obras:

Tratado da Natureza Humana (1739-1740) Investigação sobre o Entendimento Humano (1748) Investigação sobre os Princípios da Moral (1751) Diálogos sobre a Religião Natural (póstumo) Ensaios Morais, Políticos e Literários' (editados pela primeira vez em (1741-1742) A História da Grã-Bretanha (1754-1762) História Natural da Religião (1757) Da imortalidade da alma e outros textos póstumos. Referência: DAVID HUME. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2015. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=David_Hume&oldid=41368775>. Acesso em: 28 fev. 2015.

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 01

Sobre DAVID HUME (1711-1776), podemos afirmar, EXCETO:

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A) Foi um filósofo, historiador e ensaísta escocês de matriz empirista, naturalista e fideísta (baseado na fé). B) Hume opôs-se particularmente a Descartes e às filosofias que consideravam o espírito humano desde um ponto de vista teológico-metafísico. C) Hume abriu caminho à aplicação do método experimental aos fenômenos mentais. D) O pai morre aos três anos, como revelava precocidade intelectual foi enviado para a Universidade de Edimburgo aos 11 anos, aos 15 anos, decidiu aprimorar seus conhecimentos por conta própria lendo livros clássicos.

QUESTÃO 02

Sobre DAVID HUME (1711-1776), podemos afirmar, EXCETO:

A) Seu excessivo esforço intelectual levou-o às raias de um colapso mental. B) Em 1744: recusado ao tentar obter a cátedra de Filosofia Moral da Universidade de Edimburgo, pois sua candidatura enfrentou forte oposição devido à sua fama de ateísta. C) Em 1752: Hume foi feito conservador da biblioteca dos Advogados de Edimburgo, mas em 1754 ele foi acusado de encomendar ―livros indecentes‖ para a biblioteca, e houve uma movimentação para destituí-lo do cargo. Em 1756 foi alvo de um processo malsucedido de excomunhão em 1756. D) E em 1761: a Igreja Católica romana recomendou a leitura assídua e atenciosa de todos os seus escritos.

QUESTÃO 03

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Sobre DAVID HUME (1711-1776), podemos afirmar, EXCETO:

A) Hume possui um lado cético-destrutivo, pois explicitou a impossibilidade de se alcançar certeza ou verdade absoluta nas ciências indutivas. B) Hume também mostrou a impossibilidade de se provar filosoficamente a existência do mundo exterior e de se identificar uma substância constitutiva do ego. C) Hume tem um lado propositivo, pois foi responsável pela tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais (política, direito, moral, psicologia, crítica das artes). D) Hume visa sustentar que as questões humanas pertencem a um domínio separado do conjunto dos fenômenos naturais, sendo os últimos sujeitos a leis e a rigorosos encadeamentos causais, e as primeiras o resultado da absoluta liberdade de escolha dos seres humanos.

QUESTÃO 04

Sobre DAVID HUME (1711-1776), podemos afirmar, EXCETO:

A) Hume propõem que a natureza humana fosse investigada com métodos diferentes dos métodos já testados e aprovados em outros âmbitos de investigação. B) Hume pretende fazer no âmbito da ciência do homem, o mesmo que Newton realizou no âmbito da ciência natural: explicitar de maneira inteiramente quantificada as leis e princípios básicos que inexoravelmente comandam os modos de pensar, de sentir e de conviver dos seres humanos. C) Em sua obra ―Investigação acerca do entendimento humano‖ ao formular sua teoria do conhecimento dividiu tudo o que percebemos em impressões e ideias: Impressões referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos, como, por exemplo, impressões visuais, auditivas, táteis; e Ideias referem-se às representações mentais (memória, imaginação etc.) derivadas das impressões.

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D) Para Hume toda ideia é uma re(a)presentação de alguma impressão. Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. Alguém que nunca teve uma impressão visual, um cego de nascença, por exemplo, jamais poderá ter uma ideia de cor, ainda que seja uma ideia não muito fiel.

QUESTÃO 05

UEL - Univ. Estadual de Londrina/2008 (adaptada)

Leia o texto a seguir. Como o costume nos determina a transferir o passado para o futuro em todas as nossas inferências, esperamos — se o passado tem sido inteiramente regular e uniforme — o mesmo evento com a máxima segurança e não toleramos qualquer suposição contrária. Mas, se temos encontrado que diferentes efeitos acompanham causas que em aparência são exatamente similares, todos estes efeitos variados devem apresentar-se ao espírito ao transferir o passado para o futuro, e devemos considerá-los quando determinamos a probabilidade do evento. (HUME, D. Investigações acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 73.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre Hume, é correto afirmar: A) Hume procura demonstrar o cálculo matemático de probabilidades. B) Hume procura mostrar o mecanismo psicológico pelo qual a crença se fixa na imaginação. C) Para Hume, há uma conexão necessária entre causa e efeito. D) Para Hume, as inferências causais são a priori.

QUESTÃO 06

David Hume afirma na Investigação acerca do entendimento humano: “Suponha-se que uma pessoa, embora dotada das mais vigorosas faculdades de razão e reflexão, seja trazida repentinamente a este mundo. É certo que tal pessoa observaria de imediato uma

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sucessão contínua de objetos e um sucedendo-se a outro; não seria porém capaz de descobrir nada mais. (...) Suponha-se, agora, que esse homem adquiriu mais experiência e viveu no mundo o tempo suficiente para ter observado uma conjunção constante entre objetos ou acontecimento familiares: qual é o resultado dessa experiência? Ele infere imediatamente a existência de um objeto do aparecimento do outro. E, sem embargo, nem toda a sua experiência lhe deu qualquer idéia ou conhecimento do poder secreto pelo qual um objeto produz o outro; e tampouco é levado a fazer inferência por qualquer processo de raciocínio. No entanto, é levado a fazê-lo (...). Há algum outro princípio que o determina a tirar essa conclusão.” Esse princípio é: A) A lógica. B) O argumento válido. C) O costume ou hábito. D) A inferência dedutiva.

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ATIVIDADE EXTRA 1: Contrato tácito entre as pessoas que se conformam1 O mundo em que vivemos assenta num contrato tácito entre os conformistas e cujo conteúdo é o seguinte: 1) Aceito a competição como base do nosso sistema social e econômico, mesmo tendo consciência que o seu funcionamento gera frustração e cólera por entre a esmagadora maioria dos perdedores. 2) Aceito ser humilhado ou explorado na condição de também eu humilhar e explorar quem quer que se encontre abaixo de mim na hierarquia social. 3) Aceito a exclusão social dos marginais, desadaptados e dos fracos em geral, uma vez que a integração social tem que ter limites. 4) Aceito remunerar os bancos a fim destes investirem o meu salário conforme as suas conveniências, mesmo sem receber qualquer dividendo pelos seus gigantescos lucros. Aceito igualmente que os bancos me exijam uma comissão elevada para me emprestarem dinheiro que não é outro senão o dos seus clientes. 5) Aceito que permanentemente sejam congeladas e sejam lançadas fora toneladas de alimentos a fim de que os preços não baixem, o que é preferível a dá-los às pessoas necessitadas e que permitiriam salvar algumas centenas de milhares de pessoas da fome a cada ano que passa. 6) Aceito que seja expressamente proibido pôr fim aos seus dias, mas que seja perfeitamente tolerável que se vá morrendo aos poucos ao inalar-se ou ingerir-se substâncias tóxicas autorizadas pelos Estados. 7) Aceito que se faça a guerra para fazer reinar a paz. Aceito que em nome da paz a primeira despesa pública dos Estados seja para o orçamento do exército. Aceito igualmente que os conflitos sejam criados artificialmente a fim de garantir o escoamento dos estoques de armas e de fazer girar a economia mundial. 8) Aceito a hegemonia do petróleo sobre a nossa economia, muito embora se trate de uma economia de elevado custo e geradora de poluição, pelo que estou de acordo em travar ( e mesmo impedir) qualquer substituição, mesmo se vier a descobrir um qualquer meio gratuito e ilimitado de produzir energia, o que seria uma grande perda e prejuízo elevado para o nosso sistema econômico. 9) Aceito que se condene a morte do próximo, salvo se o Estado decretar que se trata de um inimigo, caso esse em que devemos então encorajar a que seja morto. 10) Aceito que se divida a opinião pública criando partidos de direita e partidos de esquerda, que passarão o seu tempo a combater-se entre si, dando a impressão de fazer avançar o sistema. Aceito, além disso, todas as divisões possíveis e imagináveis, visto que elas me permitirão canalizar a minha cólera para os tais inimigos referenciados, e cujo retrato será agitado perante os meus olhos. 11) Aceito que o poder de moldar e formatar a opinião pública, outrora entregue às religiões, esteja hoje nas mãos dos negociantes, não eleitos democraticamente e que são totalmente livres do controle dos Estados, já que estou plenamente convencido do bom uso que não deixarão de fazer daquele poder sobre a opinião pública. 12) Aceito a ideia que a felicidade se resume ao conforto, amor ao sexo, e liberdade à satisfação de todos os desejos, pois é isso que a publicidade não se cansa de me transmitir. Quanto mais infeliz, mais eu hei-de consumir, e ao desempenhar com competência este meu papel, estou a contribuir para o bom funcionamento da nossa economia. 13) Aceito que o valor de uma pessoa seja medido em função da sua conta bancária, assim como a sua utilidade social esteja dependente da sua produtividade, e não tanto da suas qualidades, pelo que será excluído do sistema quem não se mostre suficientemente produtivo.

1 Texto retirado da internet, com pequenas alterações. Segundo informações de autoria dos Amigos da Terra.

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14) Aceito voluntariamente que sejam prodigamente pagos os jogadores de futebol e os atores e atrizes, e a um nível muito inferior os professores e médicos, profissionais encarregados da educação e da saúde das futuras gerações. 15) Aceito que sejam lançados para os lares, especialmente destinados para esse fim, as pessoas de idade, cuja experiência poderia ser útil, uma vez que sendo nós a civilização mais evoluída do planeta ( e, sem dúvida, do universo) sabemos bem que a experiência não se partilha nem se transmite. 16) Aceito que todos os dias sejam apresentadas as notícias mais terríveis e mais negativas do mundo a fim que de que eu possa apreciar até que ponto é normal e possa dar-me por satisfeito a sorte que tenho em viver numa sociedade ocidental, tanto mais que incutir o medo nos nossos espíritos só pode ser benéfico para todos nós. 17) Aceito que os industriais, os militares e os políticos se reúnam regularmente para tomar decisões, sem nos consultar, sobre o futuro da vida e do planeta. 18) Aceito consumir carne bovina tratada com hormônios sem que eu esteja informado sobre o assunto. Aceito que a cultura dos transgênicos se expanda por todos os sítios do mundo, permitindo às transnacionais do setor agro-alimentar patentear as sementes, recolher dividendos e colocar sob o seu jugo toda a agricultura mundial. 19) Aceito que os grandes bancos internacionais emprestem dinheiro aos países desejosos de adquirir armamento, escolham aqueles que farão a guerra e os que a não farão. Estou plenamente consciente que mais vale financiar as duas partes beligerantes a fim de estar seguro que o conflito possa durar o mais tempo possível, de modo a ser possível pilhar os seus recursos caso não possam reembolsar os empréstimos recebidos. 20) Aceito que as empresas multinacionais se abstenham de aplicar os progressos sociais do ocidente nos países desfavorecidos. Considerando que é uma verdadeira beleza vê-los a trabalhar, prefiro que seja permitido o trabalho de crianças em condições infra-humanas e precárias e que, em nome dos direitos do homem e do cidadão, não haja o direito de ingerência nesses assuntos. 21) Aceito que os políticos possam ter uma duvidosa honestidade e, por vezes, sejam corruptos, perante as fortes pressões de que eles são alvos, desde que para a maioria dos cidadãos a regra seja a tolerância zero. 22) Aceito que os laboratórios farmacêuticos e os industriais do setor agro-alimentar vendam aos países periféricos produtos fora do prazo ou com componentes cancerígenos, e que estejam interditas nos países centrais. 23) Aceito que o resto do mundo não-ocidental possam pensar diferentemente de nós, sob a condição de não virem para cá exprimir as suas crenças e ainda menos tentar explicar a nossa História com as suas noções filosóficas primitivas. 24) Aceito a ideia que não existe senão duas possibilidades na natureza, a saber: caçar ou ser caçado. E se somos dotados de uma consciência e de linguagem, não é com certeza para saber escapar a esta dualidade, mas sim para justificar porque é que agimos assim. 25) Aceito considerar o nosso passado como uma sucessão ininterrupta de conflitos, conspirações políticas e de vontade para obter hegemonias, mas eu sei que hoje tudo isso já não existe porque estamos no apogeu da evolução humana, e que as únicas regras que regem o nosso mundo são a busca da felicidade e da liberdade de todos os povos, tal como ouvimos dizer constantemente nos discursos políticos. 26) Aceito sem discutir e considero como verdades todas as teorias propostas para expl icar o mistério das nossas origens. Além disso, aceito que a natureza tenha demorado milhões de anos para criar um ser humano, para o qual o único passatempo é a destruição da sua própria espécie daqui a alguns instantes. 27) Aceito que a procura do lucro seja o fim último da Humanidade, e que a acumulação das riquezas seja a realização efetiva da vida humana. 28) Aceito a destruição das florestas, a quase destruição da fauna marítima dos rios e oceanos. Aceito o aumento da poluição industrial e a dispersão de venenos químicos e de elementos radioativos na natureza. Aceito a utilização de todas as espécies de aditivos químicos na minha

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alimentação, porque estou convencido que, se aí são introduzidos, é porque são úteis e desprovidos de risco. 29) Aceito a guerra econômica que alastra pelo planeta, mesmo se sinto que ela nos conduz para uma catástrofe sem precedentes. 30) Aceito esta situação e admito que não posso fazer absolutamente nada para a mudar ou melhorar. 31) Aceito ser tratado como besta, pois feitas as contas, penso que não valho mais que isso. 32) Aceito não levantar qualquer questão, de fechar os olhos a tudo isso e em não me opor a nada, uma vez que estou demasiado ocupado com a minha vida e já tenho preocupações que me cheguem. Aceito mesmo defender até à morte este contrato se me pedirem. 33) Aceito pois, consciente e voluntariamente, este meu triste destino contratual que me colocaram à frente dos olhos e que vou assinar, apesar de tal me impedir de ver a realidade das coisas. Nota final: Caso estejas contra e recusas subscrever este contrato, podes em alternativa começar por utilizar os recursos que a amizade e o amor, a fraternidade e a responsabilidade partilhada te oferecem e passar a refletir, a conceber, a ousar e a tecer uma teia não-venenosa, mas saudável, para manter saudável o planeta e garantir à Humanidade o direito a viver com justiça e liberdade. Todo o atraso é demais. O texto acima faz uma crítica irônica e mordaz ao “Contrato Social” que aceitamos e mantemos por meio de nossa indiferença e conformismo. Após uma leitura atenta do mesmo desenvolva uma reflexão de no mínimo 10 linhas sobre suas possibilidades de cooperar na reversão desta situação.

ATIVIDADE EXTRA 2: O Direito de Sonhar - Eduardo Galeano Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado. Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede. Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão. Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros. O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões. O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV. A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas. Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar. Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os que quiserem se alistar. Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas. Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas. Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos. Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.

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O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre. Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão. Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua. Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos. A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela. A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la. Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro. Uma mulher - negra - vai ser presidente do Brasil, e outra - negra - vai ser presidente dos Estados Unidos. Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru. Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória. A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro. A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte". Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro. O texto acima de Eduardo Galeano mistura realidade e ficção, presente e futuro,... após uma leitura atenta do mesmo teça um comentário de 10 linhas sobre o projeto de mundo do autor. Retirando os aspectos surreais do texto, você concorda com este projeto? Quais são os desafios para torná-lo real?

ATIVIDADE EXTRA 3: O Último Discurso - Charles Chaplin

Desculpe! Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível –judeus, o gentio ... negros ... brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ...levantou no mundo as muralhas do ódio ...

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e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha

voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá. Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos. Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos. Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

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O texto acima mostra as consequências negativas do progresso tecno-científico e de igual modo aponta para as possibilidades de superação dos aspectos negativos da sociedade. Após uma leitura atenta do mesmo desenvolva uma reflexão de no mínimo 10 linhas sobre suas possibilidades de cooperar na conquista deste novo mundo.

ATIVIDADE EXTRA 4: REDAÇÃO: Assista ao filme Waking Life (2001), EUA, de Richard Linklater e com base nele e nos

conhecimentos construídos ao longo de sua existência, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre algum tema relacionado ao filme. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. O filme está disponível na internet. Pode ser assistido, por exemplo aqui: https://archive.org/details/Despertar.da.Vida. O texto deve ter no mínimo 25 linhas e no máximo 30 linhas e NÃO DEVE SER COPIADO DA INTERNET.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARANHA, Maria Lucia Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. Introdução à filosofia. volume único..4ª edição. S.P: - Moderna. 2009. DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973. DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. Coleção Os Pensadores.) FERREIRA. Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. 1ª Edição. Editora Nova Fronteira. HUME, D. Investigações acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1996. JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro.1993. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. MARQUES, Marcelo; KAUARK, Patrícia; BIRCHAL, Telma. Currículo Básico Comum – Filosofia – Proposta Curricular – Ensino Médio - Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. 2008.

SUGESTÕES DE VÍDEOS, FILMES, DOCUMENTÁRIOS, MÚSICAS

TEMA TÍTULO ANO PAÍS DIRETOR/MÚSICO

ANIMAIS A Carne é Fraca

ANIMAIS Discurso sobre o Veganismo Gary Yourofsky

ANIMAIS Não matarás! Instituto Nina Rosa

ANIMAIS Terráqueos 2005 EUA Shaun Monson

CÂNCER O Milagre Gerson 2004

CAPITALISMO Da Servidão Moderna

CAPITALISMO Ilha das Flores

CRIMINOLOGIA Juízo: Os Infratores do Brasil Maria Augusta

CRIMINOLOGIA Justiça Maria Augusta

CRISTOLOGIA A vida de Brian

DROGAS Bicho de sete cabeças 2000 BRA Laís Bodanzky

DROGAS Cortina de Fumaça

DROGAS Quebrando o Tabu

ECOLOGIA A história das Coisas Anne Leonard

ECOLOGIA A história secreta da obsolescência programada

Cosima Dannoritzer

ECOLOGIA Home

ECOLOGIA Lixo Extraordinário 2010

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ECONOMIA A Corporação

ECONOMIA Ilha das Flores Jorge Furtado

EDUCAÇÃO A Onda

EDUCAÇÃO Entre os Muros da escola 2008 FRA Laurent Cantet

EDUCAÇÃO O Jarro 1992 IRÃ Ebrahim Foruzesh

EDUCAÇÃO Pink Floyd The Wall 1982 Alan Parker

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

Quem manda na cidade que você vive

ESPIRITUALIDADE

Eu maior

FILOSOFIA A Vida de David Gale 2003 EUA Alan Parker

FILOSOFIA Baraka 1992 EUA

FILOSOFIA Beleza Americana 1999 EUA Sam Mendes

FILOSOFIA Cronicamente Inviável 2000 Sérgio Bianchi

FILOSOFIA Descartes (Cartesius) 1973 FRA/ITA

Roberto Rosselini

FILOSOFIA Dias de Nietzsche em Turim 2001 BRA Júlio Bressane

FILOSOFIA Donald no país da matemágica

FILOSOFIA Filosofia – Mart‘nália Música

FILOSOFIA Freud, além da alma.

FILOSOFIA Futebol Filosófico Monty Python

FILOSOFIA Giordano Bruno 1973 ITA/FRA

Giuliano Montaldo

FILOSOFIA Hanna Arendt 2012

FILOSOFIA La Belle Verte

FILOSOFIA Matrix 1999 EUA Andy Wachowski

FILOSOFIA Matrix Reloaded 2003 EUA Andy Wachowski

FILOSOFIA Matrix Revolutions 2003 EUA Andy Wachowski

FILOSOFIA Meu Amigo Nietzsche

FILOSOFIA O Mundo de Sofia

FILOSOFIA O nome da rosa 1986 ALE/FRA

Jean Jacques Annaud

FILOSOFIA O som ao redor 2013 BRA Kleber Mendonça Filho

FILOSOFIA Os alquimistas estão chegando – Jorge Ben

Música

FILOSOFIA Sartre

FILOSOFIA Sociedade do Espetáculo Guy Debord

FILOSOFIA Sócrates 1971 ITA/FRA/ESP

Roberto Rossellini

FILOSOFIA Surplus - com Zerzan

FILOSOFIA V for Vendetta

FILOSOFIA Waking Life 2001 EUA Richard Linklater.

ÉTICA A história dos direitos humanos

ÉTICA O Riso dos Outros

ÉTICA Solitário Anônimo

GÊNERO O Corpo das Mulheres

GÊNERO Tudo pode dar certo

GÊNERO Volver

HISTÓRIA A Batalha do Chile. (1975, 1977, 1979)

CHI Patricio Guzmán

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HISTÓRIA Nós que aqui estamos, por vós esperamos

HISTÓRIA O Grande Didator 1940 EUA Charles Chaplin

HISTÓRIA Olga

HISTÓRIA Our History in 2 minutes

HOMOFOBIA Car@s amig@s

ILLUMINATIS Bode de estimação

INDÍGENAS Xingu – O filme

MÍDIA Além do Cidadão Kane Simon Hartong

MÍDIA Criança. A alma do negócio

MITOLOGIA A Odisséia

MITOLOGIA Os 12 trabalhos de Hércules Música Zé Ramalho

MITOLOGIA Os trezentos de Esparta 1962 EUA André Klotzel

MITOLOGIA Tróia

MOTIVACIONAL O processo é lento Música BNegão

MOTIVACIONAL Qual o tamanho do seu apetite pelo sucesso

NEGRITUDE Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás

NEGRITUDE Jango Livre Quentin Tarantino

NEGRITUDE Preta – Cordel do Fogo Encantado Música

NEGRITUDE Quanto Vale Ou É Por Quilo

NEGRITUDE Vista minha pele Joel Zito Araújo

PALESTINA A Chave da casa

PALESTINA A intervenção divina

PALESTINA Al Nakba (A Catástrofe)

PALESTINA Last Interview, com Edward Said.

PALESTINA Lemmon Tree

PALESTINA O Sal Desse Mar

PALESTINA Palestina: A História de uma Terra. Simone Bitton

PALESTINA Terra Fala Árabe

PALESTINA Valsa com Bashir

PAZ A Paz - Gilberto Gil Música

PSICOLOGIA O Efeito Sombra

SAÚDE Muito Além do Peso 2013 BRASIL Maria Farinha Filmes

SAÚDE O Mundo Segundo a Monsanto

SAÚDE O veneno está na mesa Silvio Tendler

SAÚDE Sicko (S.O.S. Saúde) 2008 EUA Michael Moore

SAÚDE Simply Raw Dr. Gabriel Cousins

SAÚDE MENTAL A casa dos mortos Débora Diniz

SOCIOLOGIA Bourdie: Sociologia como esporte de combate.

SOCIOLOGIA Etiquetas psiquiátricas de transtornos inventados

SOCIOLOGIA Florestan Fernandes, O Mestre.

SUPERAÇÃO Janela da Alma

ZEITGEIST Filme Zeitgeist Addendum

ZEITGEIST Zeitgeist

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CALENDÁRIO DE LUTAS JANEIRO

FEVEREIRO 24 Dia da conquista do voto feminino no Brasil MARÇO 8 Dia internacional das mulheres

21 Dia Internacional das Florestas Dia Internacional pela eliminação da Discriminação Racial

22 Dia Mundial da Água ABRIL 17 Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária

19 Dia dos povos indígenas

22 Dia da Terra

30 Dia Nacional da Mulher

MAIO 1 Dia Internacional dos Trabalhadores

17 Dia Internacional contra a Homofobia

18 Dia Nacional da Luta Antimanicomial

22 Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

25 Dia da Unidade Africana JUNHO 24 Dia Mundial dos Discos Voadores

Dia mundial contra a Violência Policial JULHO 4 Dia Internacional do Cooperativismo

25 Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha AGOSTO 28 Dia de combate à violência sexual às mulheres

29 Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil

SETEMBRO 7 Grito dos Excluídos

11 Dia do Cerrado

20 Homenagem a Zumbi dos Palmares

21 Equinócio da Primavera

22 Dia mundial sem carro

28 Dia de luta pela descriminalização do aborto na América Latina e Caribe

OUTUBRO 11 Dia Mundial de Ação contra a Retenção de Dados

12 Dia da resistência Indígena à colonização

24 Dia Internacional da Ação Climática

26 Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre

NOVEMBRO 1 Dia de luta pela legalização da maconha Dia Mundial Vegano

20 Dia Nacional da Consciência Negra

25 Dia Internacional Sem Carne

29 Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino

Último Sábado

Dia Mundial Sem Compras

DEZEMBRO 6 Dia Internacional de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal Campanha internacional pela abolição da pena de morte

9 Dia Internacional de Combate à Corrupção

10 Dia Internacional dos Direito dos Animais

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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

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FILMOGRAFIA SUGERIDA

FILME DIRETOR (A)

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O que está escrito ali? Esforça só um pouquinho que você vai entender?