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Práticas Agroecológicas e inclusão digital como ferramentas para a agricultura familiar Dirlane de F. do Carmo - TER Regina Leal Toledo - TIC James Hall - TER Mariana Vezonne Karine Marinho TER Camila da Silva Almeida TER Wanderson Trindade Vitorino TCC Maria Thereza A. de J. Dutra TGH Outubro a Dezembro de 2014 São Gonçalo Rio de Janeiro

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Práticas Agroecológicas e inclusão digital como

ferramentas para a agricultura familiar

Dirlane de F. do Carmo - TER

Regina Leal Toledo - TIC

James Hall - TER

Mariana Vezonne

Karine Marinho – TER

Camila da Silva Almeida – TER

Wanderson Trindade Vitorino – TCC

Maria Thereza A. de J. Dutra – TGH

Outubro a Dezembro de 2014 São Gonçalo – Rio de Janeiro

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Índice

1. Análise e Caracterização da Propriedade Rural ..................... 4

2. Atividades agrícolas e proteção ambiental.............................. 7

2.1 Áreas de proteção ............................................................................ 7

2.1.1 Unidades de Proteção Integral ................................................. 7

2.2 Código Florestal ................................................................................. 9

2.3 Cadastro Ambiental Rural – CAR ..................................................... 15

2.3.1 O que é o CAR? ........................................................................ 15

2.3.2 Passo a passo para fazer o Cadastro ambiental rural (CAR) .... 16

3. O produtor rural e o uso de Agroquímicos ............................ 23

3.1 O que motivou o uso de agrotóxicos? .............................................. 23

3.2 Cuidados no manuseio ..................................................................... 25

3.2 Cuidados ao meio ambiente quando utilizar agrotóxicos ................. 28

3.3.1 Controles Alternativos de Pragas e Doenças. ........................... 30

3.3.1.1 Controle biológico ............................................................... 30

3.3.1.2 Controle cultural .................................................................. 30

3.3.1.3 Controle físico ..................................................................... 31

3.3.1.4 Controle mecânico .............................................................. 31

3.2.1.5 Controle químico ................................................................. 31

4.1 Qualidade do solo ............................................................................ 32

4.2 Qualidade da água ........................................................................... 33

5. Resíduos agrícolas ............................................................... 37

5.1 Bokashi ............................................................................................ 37

5.2 Compostagem .................................................................................. 39

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6.1 Análise de solos ............................................................................... 40

6.2 Nutrientes do solo ............................................................................ 41

7. Rotação de Culturas e Consorciação ................................... 44

7.1 Rotação de culturas ............................................................ 44

7.2 Consórcio de Culturas ...................................................................... 45

8. Caldas .................................................................................. 53

8.1 Calda bordalesa ............................................................................... 53

8.2 Calda sulfocálcica ............................................................................ 56

8.3 Uso de extratos vegetais e outras soluções ..................................... 58

9. Produção Animal agroecológica ........................................... 59

9.1 Principais diferenças entre a produção convencional e a produção

agroecológica: .................................................................................................. 59

9.1.1 Sustentabilidade: Harmonia com a natureza ............................. 59

9.1.2 Alimentação ............................................................................... 60

9.1.3 Controle de pragas e doenças ................................................... 61

9.1.4 Instalações e Manejo ................................................................. 61

Método ..................................................................................... 64

Modo de preparação ............................................................................ 64

Método ..................................................................................... 65

Modo de preparação ............................................................................ 65

Método ..................................................................................... 66

Modo de preparação ............................................................................ 66

Page 4: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 1 – Caracterização da propriedade rural

1. Análise e Caracterização da Propriedade Rural

A agricultura familiar representa um importante setor da economia, sendo

muito importante para a produção de alimentos e para o desenvolvimento do país

(MACEDO e BORTOT, 2011). Apesar de a agricultura familiar responder por 84 %

das propriedades rurais no Brasil, a área total ocupada é de 24 %, entretanto, é a

principal fornecedora, para a população brasileira, de alimentos básicos como:

feijão (70%), leite (58%), mandioca (87%), milho (46%), aves (50%) e suínos

(59%). Além disso, a agricultura familiar ocupa 15,3 trabalhadores a cada

100 hectares, enquanto a patronal ocupa 1,7. As cadeias da agricultura familiar

respondem por quase 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,

gerando R$ 677,00 por hectare, enquanto a patronal gera R$ 358,00 a cada ano

(BRASIL, 2010).

Atualmente é de grande importância conciliar a produção agrícola com a

preservação do meio ambiente, mas mantendo a viabilidade e o lucro.

Para isso, torna-se necessário avaliar como os produtores rurais realizam

suas atividades, qual a relação que têm com o meio, quais pontos positivos

devem ser desenvolvidos e quais pontos fracos devem ser minimizados ou

eliminados visando aproximar a atividade rural local da sustentabilidade.

A falta de planejamento estratégico é um ponto relevante apontado por

Padilha e colaboradores (2010), visto que observa-se que no modelo de gestão

rural familiar atualmente adotado por diversas propriedades há falhas na

administração, não havendo a adoção de formas de controle, como por exemplo

sobre os custos de produção e a renda, reduzindo assim as possibilidades de

aumentar a competitividade, dificultando a agilidade na tomada de decisões

diante de situações difíceis.

Portanto, o agricultor familiar deve se reconhecer como empreendedor rural

e a partir daí, como ressaltam Padilha e colaboradores (2010), assim como ocorre

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com os empresários de outras atividades econômicas, deve monitorar o ambiente

do qual faz parte, avaliando tudo o que envolve a atividade desenvolvida,

preocupando-se com a elaboração de estratégias para defender-se das ameaças,

sabendo aproveitar as oportunidades.

Dessa forma, o agricultor familiar deve identificar os pontos fracos e fortes

da sua estrutura produtiva, avaliando a tecnologia adotada e os resultados

econômicos obtidos para definir qual a melhor decisão a ser tomada para a

condução adequada das atividades agrícolas. Esta verificação deve atingir os

campos produtivos, financeiros, comerciais e ligados aos recursos humanos,

sendo a utilização do diagnóstico estratégico uma ferramenta auxiliar de

fundamental importância (PADILHA et al., 2010).

O agricultor familiar deve buscar reduzir custos, utilizar novas tecnologias,

identificar novas alternativas de produção e diferentes tipos de mercado. Torna-se

fundamental, portanto o planejamento!

Uma das formas de facilitar o planejamento é o uso da matriz SWOT

(Tabela 1 – Análise SWOT de uma propriedade:).

Tabela 1 – Análise SWOT de uma propriedade:

Pontos Positivos Pontos Negativos

Na

pro

prie

dad

e Forças Fraquezas

Fo

ra d

a

pro

prie

da

de

Oportunidades Ameaças

Page 6: Apostila jovens rurais (mv)

Para preenchê-la o produtor rural deve avaliar em sua propriedade o que

são considerados pontos positivos, ou seja, suas forças e o que são considerados

pontos negativos, ou seja, suas fraquezas. Desta forma, fica mais fácil saber o

que pode ser ressaltado, aproveitado e o que deve ser melhorado. Fora da

propriedade, o produtor deve avaliar quais são as suas oportunidades, ou seja,

condições que devem ser aproveitadas, tais como: feiras livres disponíveis,

estradas boas, mercado acessível, atendimento de órgãos de extensão rural ou

setores da prefeitura que atendem ao produtor rural. Também devem ser

identificadas as ameaças, o que ocorre fora da propriedade que dificulta a ação

do produtor rural. A inexistência do que foi apresentado como oportunidade pode-

se caracterizar como ameaças.

Assim, o agricultor familiar deve identificar as forças, fraquezas,

oportunidades e ameaças e colocá-las em uma matriz para melhor visualização e

busca de alternativas. O preenchimento da matriz facilita a observação da

propriedade como um todo para buscar soluções. Portanto, avaliar as

propriedades rurais a partir da percepção dos que realizam a atividade, buscando

reduzir as fraquezas e ameaças, e aumentar as forças para alcançar as

oportunidades, assume importância em qualquer região do país.

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Módulo 2 – A legislação brasileira e a atividade rural

2. Atividades agrícolas e proteção ambiental

No Brasil há várias leis que buscam proteger o ambiente. Entretanto, uma

das que mais afetam a atividade está relacionada ao código florestal brasileiro.

Portanto, é importante identificar quais são as áreas de proteção ambiental e a

sua importância para as diversas atividades agrícolas.

Para entender o conceito, apresentamos abaixo os diferentes tipos de

áreas de proteção:

2.1 Áreas de proteção

2.1.1 Unidades de Proteção Integral

A proteção da natureza é o principal objetivo dessas unidades, por isso as

regras e normas são mais restritivas. Nessas áreas é permitido apenas o uso

indireto dos recursos naturais; ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta

ou dano aos recursos naturais. Exemplos de atividades de uso indireto dos

recursos naturais são: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico,

pesquisa científica, educação e interpretação ambiental, entre outras.

As categorias de proteção integral são:

a) Estação Ecológica: área destinada à preservação da natureza e à

realização de pesquisas científicas, podendo ser visitadas apenas com o objetivo

educacional.

b) Reserva Biológica: área destinada à preservação da diversidade

biológica, na qual são realizadas medidas de recuperação dos ecossistemas

alterados para recuperar o equilíbrio natural e preservar a diversidade biológica,

podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional.

c). Parque Nacional: área destinada à preservação dos ecossistemas

naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma

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maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvolvimento de

atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, turismo, além de

permitir a realização de pesquisas científicas.

d) Monumento Natural: área destinada à preservação de lugares

singulares, raros e de grande beleza da paisagem, permitindo diversas atividades

de visitação.

e) Refúgio da Vida Silvestre (REVIS): área destinada à proteção de

ambientes naturais, no qual se objetiva assegurar condições para a existência ou

reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna. Permite

diversas atividades de visitação e a existência de áreas particulares, assim como

no monumento natural.

2.1.2 Unidades de Uso Sustentável

São áreas que visam conciliar a conservação da natureza com o uso

sustentável dos recursos naturais. Nessas áreas pode haver atividades que

envolvem coleta e uso dos recursos naturais, mas desde que praticadas de uma

forma que a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos

ecológicos esteja assegurada.

As categorias de uso sustentável são:

a) Área de Proteção Ambiental: área que possua características naturais,

beleza e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das

populações humanas. Geralmente, é uma área extensa, com o objetivo de

proteger a diversidade biológica, ordenar o processo de ocupação humana e

assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terra

pública e privada. As áreas de topo de morro e margens de rios e lagoas são

exemplos dessas áreas de proteção ambiental, também conhecidas pela sigla

APP.

b) Área de Relevante Interesse Ecológico: área com o objetivo de

preservar os ecossistemas naturais de importância regional ou local. Geralmente,

é uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e

com características naturais singulares. É constituída por terra pública e privada.

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c) Floresta Nacional: área com cobertura florestal onde predominam

espécies nativas, visando o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais

e a pesquisa científica. É admitida a permanência de populações tradicionais que

a habitam desde sua criação.

d) Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas

tradicionais onde exercem suas atividades baseadas na retirada de material

florestal, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte,

assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes. Permite

visitação pública e pesquisa científica.

e) Reserva de Fauna: área natural com populações animais de espécies

nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para

estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recurso da

fauna. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas

em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com a lei. A visitação

pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de

acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua

administração. É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. A

comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas

obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos.

f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem

populações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração

de recursos naturais. Permite visitação pública e pesquisa científica.

g) Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada com o objetivo

de conservar a diversidade biológica, permitida a pesquisa científica e a visitação

turística, recreativa e educacional. É criada por iniciativa do proprietário, que pode

ser apoiado por órgãos integrantes do SNUC na gestão da UC.

2.2 Código Florestal

O código florestal é uma importante lei federal que o produtor rural deve

obedecer. Trata-se da lei federal número 4.771 que foi inicialmente promulgada

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em 15 de Setembro de 1965. Essa lei foi alterada pela lei federal número 12.651

em maio de 2012.

Pela lei florestal as áreas de encostas com declividade superior a 45 graus

são protegidas por muitos motivos, tais como: permitem a infiltração de água das

chuvas que vão alimentar nascentes e rios consequentemente, são, portanto

áreas de recarga de água; se preservadas evitam a erosão, a descida de terra

que pode prejudicar áreas agricultáveis, perda de solo fértil e também redução da

quantidade de água disponível para uso.

A nova lei destaca que em áreas de inclinação entre 25 e 45 graus são

permitidos o manejo florestal sustentável, o exercício de atividades

agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao

desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, desde

que estas atividades estivessem sendo realizadas antes da lei de 2012. Não

permite, portanto a conversão de novas áreas, a não ser em casos de utilidade

pública e de interesse social, o que é definido pelo governo e não pelo produtor

rural.

Porém como podemos definir os tipos de topos de morros, montes,

montanhas e serras? Como podemos saber qual é a inclinação?

Para isso alguns conceitos devem ser entendidos. A altura mínima

considerada de importância é de 100 (cem) metros e a inclinação média, como foi

dita, é maior que 25 graus (como demonstrado na Figura 1). A divisão das áreas

específicas dos morros é feita basicamente da seguinte forma:

Base: definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho

d'água próximo, vizinho ou, nos relevos (Figura 1),

Ondulados: pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação (Figura

2).

APP: as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3

(dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base (Figura 2).

A Figura 2 pode auxiliar na identificação destes conceitos.

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Figura 1 - Identificação das áreas de topo de morro em que deve ser mantida a área de preservação permanente.

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Figura 2 - Esquema demonstrando morros com altura inferior e superior a 100 metros, o que seriam os pontos de sela e a área a ser destinada para preservação permanente.

As áreas de topo de morro, assim como as áreas de margens de rios,

lagoas e nascentes são, portanto consideradas áreas de preservação permanente

porque podem conter a erosão do solo e reduzir riscos de enchentes e

deslizamentos de terra e de rocha; porque protegem as restingas ou veredas e

também várzeas; porque podem abrigar exemplares da fauna ou da flora

ameaçados de extinção; porque podem proteger locais de excepcional beleza ou

de valor científico, cultural ou histórico; porque podem formar faixas de proteção

ao longo de rodovias e ferrovias; porque asseguram condições de bem-estar

público; porque podem auxiliar na defesa do território nacional e porque podem

proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.

Para a intervenção na beira de cursos de rios, encostas, manguezais,

dentre outros, existe um espaço físico que deve ser protegido por lei. Essa área

Page 13: Apostila jovens rurais (mv)

de recomposição da área de preservação permanente (APP) deve ser respeitada,

para que o lençol freático ou as nascentes não fiquem com o nível d‟água

comprometido. O resumo das principais áreas e espaços físicos a ser

protegida/mantida pode ser visto na tabela a seguir:

Tabela 2 – Resumo apresentando ás principais áreas de preservação permanente (considerando local e metragem de acordo com a legislação federal):

Para os produtores rurais que alteraram essas áreas de preservação

permanente e que possuem atividades nessas áreas, deve ser feita a

recomposição da faixa florestal. Porém, com a alteração no código florestal, para

os módulos fiscais menores, o que se encaixa nas propriedades rurais familiares,

a área de recomposição é menor, de acordo com os módulos. Essas informações

estão mais detalhadas quando for esclarecido o passo a passo para o cadastro

ambiental rural (item 2.3.2 desta apostila). Essas informações constam no decreto

federal número 7830 de 2012, no artigo 19.

O novo código florestal assegura a todas as propriedades rurais a

manutenção de atividades agrossilvopastoris nas margens dos rios, desde que

consolidadas até 2008, e autoriza o uso de APPs para alguns tipos de cultivos,

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como maçã e café. A pecuária também ficaria permitida em encostas de até

45 graus.

No código florestal também é destacada a área de reserva legal.

A área de Reserva Legal é a área de mata nativa que deve ser preservada

dentro da propriedade. De acordo com o texto aprovado na Câmara, a área a ser

protegida na propriedade rural deve ser de 20 %, porém se a propriedade estiver

na Amazônia Legal essa área deve ser de 80% e se estiver no cerrado, a área

deve ser de 35 %.

O projeto aprovado no Senado permanece com as especificações citadas,

mas possibilita a redução da reserva para 50% em estados com mais de 65% das

suas áreas em reservas ambientais, desde que a redução seja autorizada pelo

Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Para quem foi multado por destruir áreas de preservação permanente

houve com a mudança no código florestal a possibilidade de conversão de multas.

Produtores rurais com propriedade de até 4 módulos fiscais, autuados até julho de

2008, poderiam converter multas com reflorestamento, de acordo com o texto

aprovado pela Câmara. Com a nova redação, estes benefícios passaram a valer

também para os grandes proprietários rurais que desmataram até julho de 2008.

Considerando a pequena propriedade ou posse rural familiar, os cultivos e

outras atividades de baixo impacto ambiental em Áreas de Preservação

Permanente (APPs) e de reserva legal poderiam ser mantidos, desde que o

imóvel estivesse inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e que as atividades

fossem declaradas ao órgão ambiental.

O registro da reserva legal no CAR será gratuito para as unidades rurais

familiares. O CAR estabelece prazo de um ano, prorrogável uma única vez por

igual período, para que os donos de terras registrem suas propriedades nesse

cadastro. O cadastro serve para armazenar informações ambientais de todas as

propriedades rurais. Essa base de dados servirá para controle, monitoramento,

planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

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2.3 Cadastro Ambiental Rural – CAR

2.3.1 O que é o CAR?

O Cadastro Ambiental Rural ou CAR é um registro obrigatório para todos

os imóveis rurais, disposto na Lei federal 12.651/2012. Consiste no levantamento

de informações georreferenciadas de um imóvel, com delimitação das Áreas de

Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação

nativa, área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública,

com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os

valores das áreas para diagnóstico ambiental.

O CAR se constitui em base de dados estratégica para o controle,

monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de

vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico

dos imóveis rurais.

Como exemplo de alguns benefícios em decorrência do cadastramento,

podemos citar:

- Possibilidade de regularização das Áreas de Preservação Permanente

(APP) e/ou Reserva Legal cuja vegetação natural foi suprimida ou alterada até

22/07/2008 no imóvel rural, sem autuação por infração administrativa ou crime

ambiental;

- Suspensão de sanções em função de infrações administrativas por

supressão irregular de vegetação em áreas de APP, Reserva Legal e de uso

restrito, cometidas até 22/07/2008.

- Obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas

de juros menores, bem como limites e prazos maiores que o praticado no

mercado;

- Dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de

uso restrito base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR,

gerando créditos tributários;

- Contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas

no mercado;

Page 16: Apostila jovens rurais (mv)

- Linhas de financiamento específicas para atender iniciativas de

preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa

ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na

propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas; e

- Isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais

como: fio de arame, postes de madeira tratada, bombas d‟água, trado de

perfuração do solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e

manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso

restrito.

Deve ser destacado que as instituições financeiras não poderão conceder

nenhum tipo de crédito agrícola para imóveis rurais que não estejam com o CAR

registrado após cinco anos da publicação do novo Código Florestal (outubro de

2017).

Para saber como fazer o CAR apresentamos abaixo o passo a passo, mas

maiores informações podem ser obtidas na internet, no site www.car.org.br, onde

podem ser vistos os dados apontados na figura abaixo:

Figura 3 – Dados que podem ser visualizados no site para o CAR:

2.3.2 Passo a passo para fazer o Cadastro ambiental rural (CAR)

Passo 1 - Definir se o imóvel é rural ou urbano. Se o proprietário paga o

ITR (Imposto Territorial Rural), o imóvel é rural, mesmo que esteja dentro de

áreas de expansão urbana. Portanto, imóvel rural é uma área formada de uma ou

mais matrículas de terras contínuas, do mesmo detentor, podendo ser localizada

Page 17: Apostila jovens rurais (mv)

tanto na zona rural quanto urbana do município. O que caracteriza o imóvel rural

para a legislação agrária é a sua “destinação agrícola, pecuária, extrativa vegetal,

florestal ou agroindustrial”.

Passo 2 - Em sendo rural, saber quantos módulos fiscais tem o imóvel. O

Módulo fiscal é estabelecido para cada município. No município de São Gonçalo

no estado do Rio de Janeiro cada módulo fiscal corresponde a 10 hectares.

Passo 3 - Conferir a classificação do imóvel em relação ao número de

módulos fiscais. Porém, atenção: a área do imóvel rural é a considerada em 22

de julho de 2008. Essa identificação é importante no momento de definir:

As obrigações do imóvel em relação à área de Reserva Legal. Nesse caso

os imóveis são classificados em:

Até 4 módulos fiscais

Com mais de 4 módulos fiscais.

Largura mínima de recomposição obrigatória das APPs. Para este item, os

imóveis seguem estas classificações:

Até 1 módulo fiscal;

Entre 1 e 2 módulos fiscais;

Entre 2 e 4 módulos fiscais;

Entre 4 e 10 módulos fiscais;

Mais de 10 módulos fiscais.

Passo 4 - Delimitar todas as áreas de Preservação Permanente do imóvel

rural.

Identificar todas as APPs do imóvel rural (independente do seu tamanho)

em um mapa. Devem ser delimitar todas as APPs, independente do uso ou de

sua situação atual. Caso as APPS estejam cobertas com vegetação nativa, ela

deverá ser mantida e protegida, não podendo mais ser removida.

Passo 5 - Delimitar as chamadas áreas de uso restrito (AUR).

Page 18: Apostila jovens rurais (mv)

São duas as chamadas áreas de uso restrito e as limitações sobre elas

estão nos artigos 10 e 11 da nova Lei.

Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração

ecologicamente sustentável (...)

Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo

florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris (...)

Passo 6 - Mapear todos os fragmentos de vegetação nativa do imóvel.

Passo 7 - Conferir o uso do solo das APPs

Caso a APP tenha sido convertida antes de 22 de julho de 2008 e a

cobertura vegetal nativa seja menor que a exigida, o proprietário ou produtor rural

tem duas opções (Tabela 3):

I) Recompor as APPs com vegetação nativa dentro dos limites

determinados;

II) Optar por manter o uso consolidado e recompor somente as faixas

obrigatórias previstas para as APPs.

IMPORTANTE: Para a pequena propriedade ou posse rural familiar de até

4 módulos fiscais, é permitido o plantio de culturas temporárias de ciclo curto, na

faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos. Mas

desde que não haja corte de novas áreas de vegetação nativa e que o cultivo

conserve a qualidade da água e do solo e proteja a fauna silvestre.

Page 19: Apostila jovens rurais (mv)

Tabela 3 – Faixas mínimas e obrigatórias de recomposição de APP hídricas naturais para áreas convertidas até 22 de julho de 2008.

A obrigação poderá ser menor que a apresentada anteriormente na tabela

somente quando a área recomposta atingir:

1) 10% (dez por cento) da área total do imóvel, com até 2 (dois) módulos

fiscais;

2) 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com

área entre 2 (dois) e 4 (quatro) módulos fiscais.

Passo 8 - Avaliar se há a necessidade de recompor a Reserva Legal

Para os imóveis de até 4 módulos fiscais, a Reserva Legal será

representada pelos fragmentos existentes na propriedade.

Para os imóveis com mais de 4 Módulos Fiscais, sempre que a cobertura

florestal for menor que a porcentagem exigida para os imóveis da região ou do

bioma, haverá a obrigação de recompor a Reserva Legal.

Page 20: Apostila jovens rurais (mv)

Passo 9 - Definir a forma de Recompor a Reserva Legal

Se houver necessidade de restauração, ela pode ser feita na própria

propriedade, ou compensada em outra propriedade. A compensação deve

ocorrer, obrigatoriamente, no mesmo bioma e, preferencialmente, no mesmo

Estado. Veja a figura abaixo:

Figura 4 – Formas de recomposição da área de reserva legal.

Passo 10 - Comprovar a existência da RL, como mostra a figura abaixo:

Page 21: Apostila jovens rurais (mv)

Figura 5 – Formas de comprovação da existência de Reserva legal na propriedade.

Passo 11- Comprovar a existência de excedente (somente aplicável para

quem tem excedente de Vegetação Nativa), como demonstrado na figura abaixo:

Figura 6 – Formas de comprovação de excedente de vegetação nativa

Atenção: a APP, mesmo que ocupe mais de 20% da propriedade, não

conta como excedente. Para calcular o excedente, veja a figura abaixo:

Page 22: Apostila jovens rurais (mv)

Figura 7 – Formas de calcular o excedente de vegetação nativa.

Page 23: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 3 - Agroquímicos

3. O produtor rural e o uso de Agroquímicos

3.1 O que motivou o uso de agrotóxicos?

Os agroquímicos são produtos químicos sintéticos, ou seja, produzidos

pelo homem, destinados à atividade agrícola. São exemplos de agroquímicos os

agrotóxicos, os fertilizantes e os corretivos.

A perda de fertilidade do solo, a descoberta das necessidades químicas da

planta, além da possibilidade de aumentar a produtividade motivaram o uso de

fertilizantes químicos, os adubos.

Além disso, com o desmatamento, a monocultura, o uso de sementes

híbridas ao invés de variedades, aumentou-se muito o número de pragas e

doenças na agricultura que passaram a ser controladas pelo uso dos agrotóxicos.

A falta de mão de obra também motivou o uso de agrotóxicos (herbicidas)

na chamada capina química. Portanto, os agrotóxicos são substâncias (produtos

químicos) usadas para proteger as culturas agrícolas das pragas, doenças e

plantas daninhas. Estes chegaram ao Brasil, alavancados pelo crescimento

tecnológico proporcionado pela 2ª Guerra Mundial e a descoberta das

propriedades inseticidas do DDT, em 1939.

Os agrotóxicos também são conhecidos como defensivos agrícolas,

pesticidas e biocidas. Classificam-se quanto:

i) Ao organismo-alvo: Exemplos: Inseticidas (controle de insetos);

Acaricidas (controle de ácaros); Formicidas (controle de formigas); Nematicidas

(controle de nematóides); Fungicidas (controle de fungos);

Bactericidas/fumegantes (controle de bactérias do solo); Herbicidas (controle de

plantas invasoras); Rodenticidas ou raticidas (controle de roedores/ratos);

Desfolhantes (controle de folhas indesejadas)

ii) Toxicidade: Podem ser distribuídos considerando de pouco a

extremamente tóxico, separando dessa forma por classe e cor, de acordo com a

Page 24: Apostila jovens rurais (mv)

dose letal, que é descoberta a partir de experimentos em laboratório a partir da

quantidade de agrotóxico utilizada em que há a morte de 50% (metade) de uma

população exposta. Assim, a classificação é feita como mostra a tabela abaixo:

Tabela 4 – Classificação dos agrotóxicos de acordo com a toxicidade, indicando a dose letal e a cor utilizada:

Classe

Toxicológica

Toxicidade Dose letal a 50% (DL50) Cor da faixa

(advertência)

I Extremamente tóxico Menor que 5 mg/kg Vermelha

II Altamente tóxico Entre 5 e 50 mg/kg Amarela

III Medianamente tóxico Entre 50 e 500 mg/kg Azul

IV Pouco tóxico Entre 500 e 5000 mg/kg Verde

As principais formas de entrada dos agrotóxicos no corpo humano e os

possíveis cenários que apresentam o risco dessa ocorrência estão apresentados

na tabela abaixo:

Tabela 5 – Formas de entrada dos agrotóxicos no corpo humano e situações mais prováveis em que isso pode ocorrer:

VIAS DE

ENTRADA

PELE OLHOS NARIZ BOCA

Risco de

ocorrência

- Tipos de

formulações;

-Altas

temperaturas e

umidade do ar.

- respingos -vapores, pós e

gases;

- partículas

mínimas durante

pulverização;

-pulverização em

locais fechados.

- armazenar em

vasilhames

incorretos;

- limpar bicos ou abrir

embalagens com a

boca;

- comer, beber ou

fumar durante o

manuseio.

Page 25: Apostila jovens rurais (mv)

Por isso, observar e executar as instruções para o manuseio e uso seguro

dos agrotóxicos é fundamental para evitar danos à saúde humana e a natureza

em geral.

3.2 Cuidados no manuseio

Ao decidir pelo uso de agrotóxicos, vários são os cuidados que o agricultor

deve tomar em diferentes etapas que vão desde a aquisição até o descarte:

a) Na aquisição ou compra o agricultor deve ter o cuidado de comprar

somente agrotóxicos que forem indicados por um agrônomo e que lhe forneçam o

receituário agronômico. Deve ser exigida a nota fiscal e o agricultor deve

examinar o prazo de validade; não aceitando embalagens que estiverem

danificadas. Além disso, o rótulo e a bula devem estar legíveis.

b) No transporte do agrotóxico o agricultor deve utilizar veículos abertos

tipo caminhonete, tendo o cuidado de não transportar o produto junto com

pessoas, animais, alimentos, rações ou medicamentos. E lembrando sempre de

levar junto a nota fiscal do produto.

c) No armazenamento do agrotóxico o agricultor deve ter o cuidado de

deixar o produto separado da residência e de outras instalações rurais; alimentos,

rações animais, medicamentos e sementes. O depósito onde for ficar o agrotóxico

deve ser trancado para evitar a entrada de crianças, animais e pessoas não

autorizadas.

d) No preparo da calda o agricultor deve ter os seguintes cuidados: usar

equipamentos de proteção individual (bota, avental, mascara /óculos); manusear

longe de pessoas desprotegidas; utilizar sempre água limpa para preparar a calda

e evitar o entupimento dos bicos do pulverizador; nunca desentupir bicos com a

boca e sempre seguir as instruções do rótulo e bula do produto.

Page 26: Apostila jovens rurais (mv)

e) No destino de embalagens vazias: há uma legislação aplicada no Brasil

que exige que quando for utilizado agrotóxico em galão ou similar, deve ser

realizada a tríplice lavagem antes do descarte da embalagem.

A tríplice lavagem quando são utilizados galões ou similares é feita da

seguinte forma:

1º: após esvaziar completamente o conteúdo da embalagem no tanque do

pulverizador;

2º: adicionar água limpa à embalagem até ¼ do volume (metade da

metade);

3º: tampe bem a embalagem e agite-a por 30 segundos;

4º: despeje a água da lavagem no tanque do pulverizador;

5º: Faça esta operação 3 vezes;

6º: inutilize a embalagem plástica ou metálica perfurando o fundo.

A figura abaixo demonstra as etapas apresentadas acima:

Figura 8 – Etapas a serem seguidas na tríplice lavagem antes do descarte da embalagem de agrotóxico

Porém, se o agrotóxico vier em sacos plásticos o descarte correto deve ser

feito da seguinte forma: primeiro deve ser esvaziado completamente na ocasião

de uso e depois guardado dentro de um saco plástico padronizado ou seja,

utilizado apenas para esse fim (pode ser com cor diferente, por exemplo).

f) Na aplicação do agrotóxicos o agricultor deve ter os seguintes cuidados:

não usar equipamentos com defeitos ou vazamentos; fazer a revisão e

Page 27: Apostila jovens rurais (mv)

manutenção periódica nos pulverizadores; lavar o pulverizador e verificar o seu

funcionamento após cada dia de trabalho; sempre ler as instruções do fabricante

do equipamento pulverizador e calibrar corretamente; observar a pressão exigida

para a bomba porque pressão excessiva na bomba causa perda da calda de

pulverização. O agricultor nunca deve comer, beber ou fumar enquanto prepara

ou usa o agrotóxico. Além disso, há vários fatores que influenciam na dispersão

do agrotóxico: o tamanho da gota; a dosagem, a formulação e o volume do spray

e o solvente utilizados no preparo; as condições ambientais e a altura da

plantação.

Na figura abaixo são apresentadas algumas formas de auxiliar na

visualização da velocidade do vento para a pulverização:

Tabela 6 – Velocidade do ar a ser observada para a pulverização

g) Carência do produto a ser observada: o agricultor deve ter o cuidado de

respeitar a carência do produto, ou seja, o número de dias entre a última

aplicação e a colheita, que vem escrito na bula do produto. Dessa forma fica

garantido que o alimento colhido não possua resíduo acima do limite máximo.

Page 28: Apostila jovens rurais (mv)

h) Higiene antes e após a aplicação do agrotóxico: o agricultor deve ter o

cuidado de lavar bem as mãos e o rosto antes de comer, beber ou fumar. Ao final

do dia de trabalho de aplicação de agrotóxicos deve lavar as roupas usadas na

aplicação separadas das roupas da família e tomar banho com bastante água e

sabonete, lavando bem o corpo.

i) Primeiros socorros em caso de contaminação: Em caso de contaminação

o agricultor deve ver a bula; dar banho e vestir uma roupa limpa na vítima e levá-

la imediatamente para o hospital. A bula do produto ou rótulo deve ser mostrado

ao médico e também o agricultor deve ligar para o telefone de emergência do

fabricante, informando o nome e a idade do paciente, o nome do médico e o

telefone do hospital.

3.2 Cuidados ao meio ambiente quando utilizar agrotóxicos

Os defensivos levados por águas de chuva podem atingir a terra e também

o lençol freático, as águas do subsolo. Isso pode levar a contaminação, ou seja, à

possibilidade de causar doenças.

As enxurradas e erosões também podem auxiliar na contaminação,

principalmente se ocorrer fortes chuvas logo após as aplicações.

Outras formas de contaminação de águas por práticas agricultáveis são as

lavagens de embalagens e pulverizadores, diretamente nos mananciais ou a

disposição inadequada de embalagens nas margens.

3.3 Por que não utilizar agrotóxicos?!

A preocupação com a presença de agrotóxicos nos alimentos não é de

hoje, a relação entre agricultura e saúde pública sempre teve espaço nas

discussões sobre qualidade de vida da sociedade e preservação do meio

ambiente.

Infelizmente, o uso do agrotóxico no Brasil é uma realidade que faz parte

da vida rural, principalmente pela grande extensão de terras com possibilidade de

Page 29: Apostila jovens rurais (mv)

plantio no país e escassez de mão de obra. Além disso, a monocultura e a

alteração do meio rural sem avaliação do equilíbrio dado pelas florestas e

diversificação de culturas forçam o produtor rural a usar agrotóxicos para o

controle de pragas e doenças. Muitas vezes, os agrotóxicos são usados sem

controle, sem observar as indicações e ajustes corretos na aplicação, sem

aprovação de um profissional, provocando assim, contaminação do meio

ambiente, prejudicando a saúde da população e causando danos ao próprio

produtor rural que os utiliza.

O grande aumento no volume de agrotóxicos aplicados na agricultura tem

trazido uma série de problemas para o ambiente, tanto pela contaminação dos

seres vivos, quanto pela sua acumulação nos grupos com vida e sem vida que

fazem parte do ecossistema.

Há dois grupos químicos que apresentam alto nível tóxico e são

amplamente utilizados: os organoclorados e os organofosforados. Estes são

capazes de causar danos ao ambiente, pessoas e animais. A capacitação técnica

para a correta aplicação dos produtos é uma medida que apenas reduz os riscos.

Além dos riscos durante a aplicação de agrotóxicos, os resíduos destes

nos alimentos consumidos podem influenciar diretamente na saúde da população.

Esses resíduos são encontrados não apenas nos produtos agrícolas, mas

também no solo, na água e no ar.

A aplicação dos defensivos agrícolas pode levar também ao

desaparecimento de algumas espécies de insetos úteis que atacam as pragas e

que são conhecidos como inimigos naturais. Sem estes há o aumento das pragas.

Além disso, muitas espécies tornaram-se resistentes a certos agrotóxicos, o que

levou ao uso de venenos mais potentes ou a mistura de agrotóxicos.

Há vários métodos e ações que permitem a redução no uso de agrotóxicos

e até mesmo a não utilização destes.

Portanto é preciso incentivar à produção agrícola sustentável, ou seja, é

necessário incorporar na produção práticas mais limpas, como por exemplo, a

produção orgânica, o manejo integrado de pragas e doenças, o uso de caldas

alternativas e o controle biológico de pragas e doenças. É possível ter uma

Page 30: Apostila jovens rurais (mv)

agricultura que mantenha os níveis de produtividade e que ao mesmo tempo

agregue valor ao produto agrícola, garantindo alimentação para a população, sem

elevar os níveis de contaminação ambiental, nem prejudicar a saúde humana.

3.3.1 Controles Alternativos de Pragas e Doenças.

Há diferentes formas de controle de pragas e doenças. Abaixo

apresentaremos algumas:

3.3.1.1 Controle biológico

O controle biológico de doenças de plantas é feito pela utilização de

organismos selecionados para o controle ou eliminação de agentes causadores

de doenças nas plantas. Um exemplo de controle biológico é o uso do

Baculovírus, que age de maneira eficiente no controle de lagarta da soja ou a

joaninha que controla o pulgão.

3.3.1.2 Controle cultural

O controle cultural das doenças consiste basicamente na manipulação das

condições de pré-plantio e durante o desenvolvimento da cultura, favorecendo-a

em relação à praga que levaria à doença. Busca-se assim reduzir o contato entre

a cultura suscetível à doença e o causador desta, de maneira a reduzir a taxa de

infecção e a propagação da doença, eliminando o agente causal e levando a

obtenção de plantas sadias (MICHEREFF, 2001).

São exemplos de controle cultural: (MICHEREFF, 2001): a rotação de

culturas, a utilização de material propagativo (mudas e sementes) sadio; a

eliminação de plantas vivas doentes ("roguing"); a eliminação ou queima de restos

de cultura; a incorporação de matéria orgânica no solo; a irrigação de forma

adequada; o manuseio de plantas buscando controlar a densidade de plantio; a

alteração nas épocas de plantio e colheita; a utilização de enxertia e poda.

Page 31: Apostila jovens rurais (mv)

3.3.1.3 Controle físico

Os métodos de controle físico baseiam-se no uso agentes físicos para

reduzir o inoculo (organismo que causa a doença) ou o desenvolvimento da

doença (MICHEREFF, 2001).

A utilização de temperatura, umidade e radiações eletromagnéticas são os

principais agentes físicos de controle dos insetos indesejáveis. Um exemplo de

controle físico é o uso de armadilhas luminosas. Elas são eficientes tanto para

combater insetos diurnos quanto noturnos, tendo como as principais faixas

espectrais do ultravioleta, visível e a do infravermelho as mais utilizadas para este

fim.

Outros exemplos de controle físico são (MICHEREFF, 2001): solarização

do solo; tratamento por calor do material de propagação das culturas; utilização

de filmes plásticos.

3.3.1.4 Controle mecânico

Os métodos de controle mecânico se caracterizam pela utilização de

barreiras e/ou pela destruição direta dos insetos.

São exemplos desta forma de controle: o uso de armadilhas; a utilização de

casa de vegetação; a catação de larvas e pragas adultas; a utilização de barreiras

como o ensacamento feito em goiabas.

3.2.1.5 Controle químico

Os métodos de controle químicos alternativos correspondem a utilização de

caldas. As mais comumente utilizadas são as Caldas Bordalesa e a Sufocálcica.

Porém também podem ser utilizadas caldas à base de extratos vegetais.

Page 32: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 4 – Qualidade ambiental

4. O que é ambiente degradado?

A atividade agrícola pode levar a alteração da paisagem pelo uso do solo,

da água, pelo cultivo de plantas e criação de animais, muitas vezes não

característicos da região. Essa alteração pode causar um desequilíbrio

provocando a destruição do ambiente, gradativa ou abrupta.

4.1 Qualidade do solo

O solo apresenta características químicas, físicas e biológicas que

dependem de diferentes fatores, tais como a rocha que o originou, o clima da

região, os organismos que interferem nele, como vegetais e animais.

São exemplos de características químicas dos solos que interferem nas

práticas agrícolas:

O potencial hidrogeniônico (pH) que indicará se o solo é ácido ou

alcalino;

A capacidade de troca catiônica (CTC) que indica a capacidade que

o solo tem em reter ou perder nutrientes. Normalmente baixa CTC

indica susceptibilidade à perda de nutrientes, baixa fertilidade,

reduzida quantidade de matéria orgânica e, portanto, necessidade

de calagem e adubação mais frequente que um solo com CTC mais

elevada (FERREIRA, SCHWARZ e STRECK, 2000);

Teor de nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, que são

essenciais para o desenvolvimento da planta.

Teor de matéria orgânica que é formada pela decomposição de

restos animais e vegetais.

São exemplos de características físicas dos solos que interferem nas

práticas agrícolas:

Page 33: Apostila jovens rurais (mv)

Textura que indica a proporção que há no solo de areia, silte e

argila.

Estrutura que mostra o arranjo das partículas do solo e do espaço

poroso. A estrutura do solo pode ser alterada em função do manejo

inadequado; considerando assim o aspecto físico (mecanização,

pastoreio) e também o químico (adubação desbalanceada); podendo

também ser influenciada por mudanças de clima e atividade biológica;

Porosidade que é o espaço do solo não ocupado por sólidos, mas por

ar e água.

O manejo nas atividades agrícolas pode, portanto interferir na qualidade do

solo, favorecendo ou prejudicando.

As operações de aração e gradagem, por exemplo, realizadas na

agricultura convencional podem levar à formação do “pé-de-arado” ou “pé-de-

grade”, que é uma camada compactada formada no perfil do solo pela destruição

dos agregados do solo, que são pulverizados pela ação dos implementos e

também do tráfego do trator (VEIGA, REICHERT e REINERT, 2009). Entretanto,

uma forma de manejo também pode ser a solução, que é a implantação do plantio

direto ou manejo mínimo do solo.

Os pequenos açudes sucessivos, alocados da parte mais alta para a mais

baixa do terreno, visando a contenção de águas de chuva também são uma forma

de manejo que contribui para a qualidade ambiental (BARROS, 2000).

Outra forma de manejo que contribui para a qualidade do solo e da água é

o cultivo adotando curvas de nível. As curvas de nível unem pontos de mesma

cota no terreno e desta forma a água da chuva ao cair nesse solo encontra esses

sulcos com as plantas. Assim há a infiltração de água, evita-se a alta perda de

nutrientes pelo arraste, evita-se a erosão.

4.2 Qualidade da água

A falta de água pode se tornar um problema sério para a agricultura e em

alguns locais, essa questão grave já é uma realidade. O assoreamento (arraste

Page 34: Apostila jovens rurais (mv)

de terra para os corpos de água), a poluição (lançamento de esgoto e de outros

resíduos nos corpos hídricos) e o desmatamento estão entre os principais fatores

que interferem na qualidade das águas nas regiões rurais.

Assim como o solo, a água também apresentada características físicas,

químicas e biológicas que indicam sua qualidade.

São características físicas da água:

Temperatura: medida da intensidade de calor que pode variar em

função de fontes naturais, como a energia solar e também de fontes

humanas, como o lançamento de esgoto. A temperatura pode

interferir em outras características da água, como por exemplo, a

viscosidade e a quantidade de oxigênio dissolvido. Há uma

temperatura ideal para os organismos que vivem na água, portanto,

a mudança de temperatura pode também interferir na vida aquática;

Sabor e odor: a água não tem gosto e cheiro, porém pode sofrer

alteração destes pela presença de algas, restos de vegetação que

se decompõem, além da presença de organismos como bactérias e

fungos. Portanto, a alteração do sabor e odor podem indicar a

qualidade da água;

Compostos orgânicos: ao contrário do solo, a presença de matéria

orgânica na água pode levar a perda de sua qualidade, alterando

outros fatores, tais como: sabor, odor, quantidade de oxigênio

disponível. A presença de matéria orgânica da água se dá pelo

carreamento de material sólido da terra para a água, como também

pelo lançamento de esgotos, dentre outras formas.

Cor: resulta da existência de substâncias em solução. As causas

podem ser naturais, como a cor amarelada devido a presença de

ferro vindo do solo; ou pela presença de material orgânico em

decomposição.

Turbidez: presença de matéria em suspensão na água, como argila,

silte, substâncias orgânicas, organismos, que interferem na sua

Page 35: Apostila jovens rurais (mv)

transparência. No meio rural é comum avaliar a turbidez na água na

criação de peixes.

Sólidos: material presente na água que pode ser visível e se

encontrar em suspensão ou pode ser invisível, se encontrando

dissolvido na água.

São características químicas da água importantes de ser avaliadas no meio

rural:

pH (potencial hidrogeniônico): que indica se a água é ácida (pH

menor que 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7).

Água com baixo pH pode ser corrosiva e com alto pH pode levar a

formação de incrustações em tubulação

Cloretos: são substâncias químicas que podem vir da dissolução de

minerais ou da intrusão de águas do mar, do lançamento de esgoto

ou do uso inadequado de insumos agrícolas. Em alta concentração

podem levar a salinização do solo, prejudicando a produção

agrícola;

Nitrogênio e fósforo: são nutrientes importantes para o crescimento

vegetal, que, portanto, em excesso na água podem causar diversos

problemas. Esses nutrientes podem chegar à água pelo uso de

adubos, estercos, pelo despejo de esgoto.

Oxigênio Dissolvido (OD): é essencial para a respiração de

organismos aeróbios. Se há o aumento do lançamento de matéria

orgânica na água, a quantidade de oxigênio dissolvida pode ser

reduzida ao ser utilizada pelos organismos para a decomposição

dessa matéria. Quanto menor o teor de oxigênio dissolvido, menor a

qualidade da água.

São características biológicas da água importantes de ser avaliadas no

meio rural:

Page 36: Apostila jovens rurais (mv)

Coliformes: esses organismos são utilizados como indicadores da

presença de microrganismos patogênicos na água;

Algas: são organismos importantes na produção de oxigênio

dissolvido através da fotossíntese, mas em grande quantidade

podem causar danos, como aumentando a quantidade de matéria

orgânica que para ser decomposta levará a redução da quantidade

de oxigênio.

No meio rural, para a decomposição dos resíduos orgânicos evitando os

diversos danos que estes podem causar à água, podem ser utilizados alguns

tipos de tratamento, sendo os mais comuns os biodigestores e as wetlands.

Page 37: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 5 – Resíduos agrícolas e sua utilidade

5. Resíduos agrícolas

No meio rural podem ser gerados diferentes tipos de resíduos que deverão

ser separados para ser utilizados, vendidos ou descartados.

Na casa são gerados resíduos recicláveis e não recicláveis. Dentre os

recicláveis temos as garrafas, papéis, latas, caixas, dentre outros.

Dentre os não recicláveis podemos fazer a separação como orgânicos e

não orgânicos.

Alguns resíduos orgânicos podem ser reutilizados no próprio local, como os

resíduos alimentares, cascas, restos vegetais.

Resíduos de controle de pragas, bem como restos de remédios devem ser

encaminhados para a coleta pública, para serem destinados a aterros sanitários.

Nas atividades agrícolas os resíduos gerados variarão com as

propriedades e com as práticas adotadas, podendo ser citados como exemplos:

restos de ração e silagem; palhada; cascas; carcaças; estrumes.

Embalagens de agrotóxicos são resíduos em que há legislação específica

para o descarte, evitando a contaminação do agricultor e de sua propriedade,

como já citado anteriormente.

O produtor rural deve estar atento aos resíduos gerados e na possibilidade

de sua utilização. Resíduos orgânicos podem ser utilizados na compostagem, na

formação de biofertilizantes, na formação do bokashi.

5.1 Bokashi

Page 38: Apostila jovens rurais (mv)

É um adubo orgânico de excelente qualidade, muito utilizado na adubação

de plantio das espécies mais exigentes, tais como o tomate, couve flor, brócolis,

milho, frutíferas, dentre outras espécies.

Materiais necessários:

- 250 Kg de terra virgem de barranco, isento de sementes;

- 100 Kg de esterco de galinha (ou farelo de soja ou farelo/torta de mamona);

- 100 Kg de farelo de arroz (pode ser substituído por resíduos de milho e batata

obtidos em fábricas de fécula);

- 75 Kg de farinha de osso;

- 1 litro de microrganimos (EM-4) diluídos em 20 a 30 litros de água;

Deixar fermentar durante 7 a 10 dias, revirando 3 vezes ao dia nos 3 a 4

primeiros dias.

Dosagens:

- 300 gramas por cova (tomate, etc.);

- 200 a 300 gramas/m² no preparo de canteiros de hortaliças;

- 150 a 200 gramas por metro em sulcos;

- 500 gramas por cova em fruteiras.

Como fazer EM4:

Cozinhe qualquer quantidade de arroz (mais ou menos 1 quilo), sem óleo e

sem sal e coloque numa vasilha de barro ou de madeira. Coloque esta vasilha

com o arroz numa mata fechada e embrulhe ou projeta-a com uma tela ou

sombrite. Coloque as folhas do solo encima deste embrulhado e deixe este

material durante 30 dias. Depois dos 30 dias, desembrulhe e elimine as colônias

de fungos de coloração negra, cinza escuro e amarronzada. Dissolve/esfarele o

restante do material em um balde com 10 litros de melaço ou garapa ferventada

(espere esfriar para depois dissolver o arroz). Deixar curtir durante 10 dias ou

mais, em recipiente aberto (tipo um balde) e em ambiente escuro (quarto

Page 39: Apostila jovens rurais (mv)

fechado). Depois de 10 dias poderá diluir este material em qualquer quantidade

de água e inocule no bokashi.

5.2 Compostagem

A compostagem pode ser definida como um processo controlado de

decomposição da matéria orgânica.

A compostagem pode ser feita com os restos de alimentos da casa.

Também pode ser feita na limpeza dos currais, auxiliando no combate a

doenças e pragas. Todos os dias deve ser feita a raspagem do curral,

acumulando em um monte até o término da semana. Na semana seguinte

começa-se novo monte de estrumes. Ao final de 5 semanas, o primeiro monte já

poderá ser utilizado para adubação das pastagens.

Pode-se fazer o composto também mais elaborado, montando-se as leiras.

No material da apresentação e na pasta do módulo 6 – Adubação há informações

mais detalhadas para a compostagem.

Page 40: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 6 - Adubação

6.1 Análise de solos

Antes de qualquer adubação, seja convencional ou orgânica, é essencial a

análise de solo. Somente essa análise indicará o estado em que se encontra o

solo, qual a quantidade que há nele de nutrientes e quais devem ser repostos.

A amostragem depende de quem está executando-a. Para que ela seja a

mais representativa possível, é preciso que a área amostrada seja homogênea ou

bem próxima disto. Por este motivo divide-se a propriedade em vários „mini-locais‟

ou glebas. Para ser homogênea a gleba deve ser de apenas uma cultura. Em

cada gleba serão retiradas várias amostras simples que misturadas formarão a

amostra composta.

Portanto, a amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da

gleba e a composta é a mistura homogênea das várias amostras simples

coletadas na gleba. Assim, a amostra composta é representativa da área e á

amostra que será submetida à análise química.

Deve-se andar em zigue-zague durante a retirada de amostras e colocá-

las, de preferência, em um balde plástico, para que assim as interferências sejam

minimizadas (Figura 9).

Figura 9 - Divisão da área em glebas para amostragem de solo (RIBEIRO, GUIMARÃES e ALVAREZ V., 1999).

Page 41: Apostila jovens rurais (mv)

Para a maioria das culturas, as amostras simples são coletadas na camada

de 0 a 20 cm, contudo, deve-se levar em conta a camada de solo, onde se

concentra o maior volume da raiz. Por exemplo, para pastagens já estabelecidas,

recomenda-se a amostragem na camada de 0 a 5cm, ou, até, 0 a 7cm. Quando

necessário, pode retirar-se outra amostra composta de 7 a 20 cm.

No ponto de coleta das amostras simples, a superfície do solo deverá ser

limpa, removendo restos vegetais sem, contudo, remover a camada superficial do

solo. Os pontos de coleta das amostras simples não devem ser localizados

próximos a acidentes atípicos na área, como por exemplo, cupinzeiros, local de

queimadas de restos culturais, formigueiros, local de deposição de fezes e cochos

ou saleiros em áreas de pastagens.

As amostras podem ser coletadas com trado ou com pá.

O número de amostras a ser coletado depende do tamanho da área. Em

uma área com até 4 hectares deverão ser coletadas pelo menos 15 amostras

simples para fazer uma composta; em uma área com até 20 hectares deverão ser

coletadas pelo menos 20 amostras.

As amostras simples são colocadas em um mesmo balde, fazendo-se a

mistura com as mãos para homogeneizar e formar a amostra composta. Esta

deve secar à sombra por um dia para eliminar o excesso de umidade.

Retira-se então em torno de 300 gramas de amostra para enviar ao

laboratório para análise.

6.2 Nutrientes do solo

Segundo a pesquisadora da Embrapa, Alessandra M. S. Mendes, os

elementos carbono (C), hidrogênio (H) e o oxigênio (O) são absorvidos pelas

plantas a partir da água absorvida pelas raízes e do gás carbônico (CO2)

absorvido via fotossíntese. Juntamente a esses três elementos, mais seis são

absorvidos e exigidos pelas plantas em quantidades superiores aos demais:

nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg),

formando os chamados macronutrientes. Já os micronutrientes, que são exigidos

Page 42: Apostila jovens rurais (mv)

em quantidades inferiores aos nove anteriormente citados, são: ferro (Fe),

manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B) molibdênio (Mo) e cloro (Cl).

Estes nutrientes possuem funções específicas e essenciais no

metabolismo da planta.

Falaremos aqui sobre o N, P, K , Ca e Mg.

Nitrogênio está ligado diretamente ao desenvolvimento da planta, pois

constitui a „peça-base‟ de formação das proteínas, os aminoácidos. Na ausência

deste, o processo mais afetado é a produção de proteínas, o que compromete o

crescimento da planta.

Indício de sua ausência - As folhas velhas tornam-se amareladas.

Fósforo é um importante componente energético da planta. Importante

para o enraizamento da planta e deve ser aplicado antes ou no momento do

plantio.

Indício de sua ausência – Folhas mais velhas adquirem coloração

arroxeada. Além disso, a planta retarda a sua frutificação.

Potássio participa do processo de fotossíntese. Também é importante no

momento da formação e enchimento do fruto.

Indício de sua ausência - As folhas novas afilam e as velhas apresentam

amarelecimento das bordas, tornando-se amarronzadas e necrosadas.

Cálcio ajuda a planta a evitar estresse decorrente da presença de metais

pesados, segundo a pesquisadora da Embrapa Alessandra M. S. Mendes.

Indício de sua ausência - Observam-se tecidos necrosados no interior dos

frutos. Deformações das folhas novas e morte dos pontos de crescimento.

Magnésio está ligado ao metabolismo energético do vegetal.

Page 43: Apostila jovens rurais (mv)

Indício de sua ausência - Quando a deficiência é mais severa, as áreas

amarelas vão escurecendo, tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas

por infecção de vírus podem ser confundidos com a falta deste nutriente.

É também muito importante para o conhecimento do agricultor a definição,

isto é, entender no que consiste o processo de calagem, algo tão falado durante

o dia-a-dia do cultivo dos vegetais.

Este processo fornece cálcio e magnésio para as plantas. O cálcio estimula

o crescimento das raízes e, portanto, com a calagem ocorre o aumento do

sistema radicular e uma maior exploração da água e dos nutrientes do solo,

auxiliando a planta na tolerância à seca. Além de contribuir para o aumento da

eficiência dos adubos e reduzir a acidez do solo (que prejudica a disponibilidade

de nutrientes contidos no solo).

A quantidade de calcário a ser aplicada ao solo será determinada pelo

agrônomo, mediante o resultado da análise química do solo.

Page 44: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 7 – Rotação e Consorciação de Culturas

7. Rotação de Culturas e Consorciação

7.1 Rotação de culturas

A rotação de culturas é a alternância regular e ordenada do cultivo de

diferentes espécies vegetais em sequência temporal em uma determinada área.

O planejamento cultural estratégico na propriedade proporciona o equilíbrio

necessário quanto aos aspectos físicos, químicos, biológicos e econômicos dos

sistemas de produção.

Alguns benefícios da rotação de culturas são:

Auxilia o controle da propagação de ervas daninhas, pragas e

doenças;

Reciclagem de nutrientes;

Repõe a matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes

climáticos;

Melhora a estrutura e fertilidade do solo.

Apesar das vantagens da rotação de culturas, alguns cuidados devem ser

tomados, tais como evitar a rotação com culturas da mesma família, evitar rotação

com culturas que possam inibir o crescimento das que a sucederão e promover a

rotação com culturas que beneficiarão as próximas que ocuparão a área. Assim,

na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de rotação favoráveis e

desfavoráveis:

Page 45: Apostila jovens rurais (mv)

Tabela 7 – Exemplos de rotação apontando a cultura, o cultivo anterior que pode ser favorável e o que deve ser evitado:

Família / Cultura Cultivo anterior que

pode ser Favorável

Cultivo anterior que deve

ser Evitado

Compostas: Alface,

Alcachofra, Cravo Túnico,

Calêndula

Alho, Alho-Francês,

Batata, Cebola

Beterraba, Couve, Nabo,

Compostas

Crúciferas: Couve,

Brócolos, Nabo, Rúcula,

Rabanete

Alho, Alho-Francês,

Cebola, Espinafre

Abóbora, Aipo, Cenoura,

Feijão, Melão, Pepino,

Tomate, Crucíferas

Cucurbitáceas: Abóbora,

Courgete, Melão, Melancia,

Pepino

Alho, Alho-Francês,

Cebola, Espinafre Abóbora, Cucurbitáceas

Liliáceas: Alho, Alho-

Francês, Cebola, Cebolinho

Crucíferas,

Cucurbitáceas,

Leguminosas

Beterraba, Milho, Liliáceas

Leguminosas: Ervilha,

Fava, Feijão

Alho, Alho-Francês,

Cebola Leguminosas

Solanáceas: Batata,

Berinjela, Pimento, Tomate

Alho, Alho-Francês,

Cebola

Abóbora, Melão, Pepino,

Solanáceas

Umbelíferas: Aipo,

Cenoura, Salsa, Coentros

Alho, Alho-Francês,

Cebola, Milho Aipo, Beterraba, Cenoura

7.2 Consórcio de Culturas

O consórcio de culturas é o cultivo simultâneo, num mesmo local, de duas

ou mais espécies vegetais (Figura 10).

As plantas podem ser semeadas ou plantadas ao mesmo tempo ou terem

época de implantação levemente defasada, mas compartilham dos mesmos

recursos ambientais durante grande parte de seus ciclos de vida, fato que leva a

Page 46: Apostila jovens rurais (mv)

forte interatividade entre as espécies consorciadas e entre elas e o ambiente,

como mostra a figura abaixo.

Figura 10 - Consórcio de culturas

Os benefícios da consorciação são:

Auxilia no controle de ervas daninhas, pragas e doenças;

Promove uma excelente cobertura viva e morta do solo, durante o

maior período de tempo possível;

Maximiza o aproveitamento do solo;

Maximiza o aproveitamento da água disponível no solo ou do

período chuvoso.

Podem ser utilizados diferentes tipos de consorciação, como demonstrado

na figura abaixo:

Page 47: Apostila jovens rurais (mv)

Figura 11 – Tipos de consorciação

Para a escolha das culturas, deve-se levar em conta:

Os insumos que precisa (sementes, adubos, inseticidas);

As raízes que as culturas têm;

A capacidade que as culturas têm de melhorar a fertilidade do solo;

A capacidade das culturas em cobrir o solo;

Os efeitos de consorciação entre as culturas.

Da mesma forma que na rotação, na consorciação também pode haver

culturas que são benéficas e outras que prejudicam. Na tabela abaixo são

apresentados alguns exemplos de consorciação:

Page 48: Apostila jovens rurais (mv)

Tabela 8 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados:

Cultura Consorciações Favoráveis Consorciações Desfavoráveis

Abóbora Alface, Chaga, Feijão, Manjericão, Melão, Milho

Batata, Legumes-Tuberoso, Rabanete

Acelga Cebola, Cenoura, Couve, Feijão

Aipim Feijão-de-vagem rasteiro, batata, milho-verde

Aipo Alface, Alho-Francês (alho-poró), Couve, Feijão

Batata, Milho

Alface

Abóbora, Aipo, Alcachofra, Alho-Francês, Beterraba, Cebola, Cenoura, Couve, Couve-Flor, Ervilha, Feijão, Morango, Pepino, Picle (pepino para conserva), Rabanete, Repolho, Tomate

Espinafre, Girassol, Salsa

Alho Aipo, Alface, Beterraba, Cenoura, Couve, Morango, Pepino, Picle, Tomate

Ervilha, Espargo, Feijão, Repolho

Alho-Francês Aipo, Alface, Batata, Beterraba, Cebola, Cenoura, Couve, Espinafre, Morango, Tomate

Beterraba, Ervilha, Feijão, Repolho

Batata Aipo, Ervilha, Espinafre, Feijão, Nasturtium, Rabanete, Repolho

Abóbora, Aipo, Berinjela, Beterraba, Cebola, Couve, Ervilha, Framboesa, Girassol, Maçã, Milho, Pepino, Picle, Tomate

Berinjela Ervilha, Estragão, Feijão, Pimenta, Salsa, Tomate, Tomilho

Batata, Cebola

Espargo Alcachofra, Alho-Francês, Ervilha,

Manjericão, Salsa, Tomate Alho, Beterraba, Cebola

Beterraba

Aipo, Alface, Alho, Cebola, Cenoura,

Couve, Feijão-Rateiro, Morango,

Pepino, Rabanete, Rábano, Repolho

Alho-Francês, Batata,

Espargo, Feijão, Feijão-

Trepador, Milho, Tomate

Brócolis Alface, Alecrim, Chaga, Salsa, Sálvia,

Tomate Morango

Page 49: Apostila jovens rurais (mv)

Tabela 9 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados (continuação):

Cultura Consorciações Favoráveis Consorciações Desfavoráveis

Cebola

Alface, Alho-Francês, Beterraba, Camomila,

Cenoura, Erva-Doce, Morango, Pepino,

Salgado, Tomate

Batata, Couve, Ervilha,

Feijão, Repolho

Cenoura

Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho, Alho-

Francês, Beterraba, Cebola, Cebolinho,

Cerefólio, Ervilha, Espinafre, Rabanete,

Rábano, Sálvia, Tomate

Aneto, Endro, Funcho

Couve Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho-Francês,

Batata, Beterraba, Ervilha, Espinafre, Feijão

Menta, Rabanete,

Rábano, Rasteiro, Sálvia,

Tomate, Tomilho

Couve-

Flor

Alface, Alecrim, Aipo, Batata, Beterraba,

Camomila, Cebola, Chaga, Endro, Feijão,

Hortelã, Rabanete, Sálvia

Morango, Tomate, Videira

Damasco Manjericão, Malmequer, Alho, Espinafre,

Urtiga, Girassol, Chagas (Nastartium) Tomate

Ervilha

Aipo, Alface, Batata, Cenoura, Couve,

Feijão, Milho, Nabo, Pepino, Picle,

Rabanete, Rábano, Repolho

Alho, Alho-Francês,

Batata, Cebola, Feijão,

Salsa, Tomate

Espargo Alcachofra, Alho-Francês, Ervilha,

Manjericão, Salsa, Tomate Alho, Beterraba, Cebola

Espinafre Aipo, Alface, Alho-Francês, Couve, Feijão, Milho, Morango, Nabo, Rabanete, Rábano, Repolho, Tomate

Batata, Beterraba

Feijão

Acelga, Aipo, Alface, Alho, Batata, Beterraba, Cenoura, Couve, Espinafre, Milho, Morango, Nabo, Pepino, Rabanete, Rábano, Tomate

Alho, Alho-Francês, Batata, Cebola, Ervilha

Page 50: Apostila jovens rurais (mv)

Tabela 10 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados (continuação):

Cultura Consorciações Favoráveis Consorciações Desfavoráveis

Feijão-Verde Batata, Milho, Rabanete Alho, Beterraba, Cebola

Manjericão Damasco, Espargo, Feijão, Pepino, Repolho, Tomate

Milho Abóbora, Alface, Ervilha, Feijão, Pepino, Tomate

Aipo, Alecrim, Alface, Batata, Beterraba, Hortelã

Morango Alface, Alho, Alho-Francês, Beterraba, Cebola, Couve, Espinafre, Feijão, Rabanete, Rábano, Tomilho

Repolho

Nabo Acelga, Alecrim, Alface, Ervilha, Espinafre, Feijão, Hortelã

Alho, Batata, Mostarda, Tomate

Pepino Aipo, Alface, Beterraba, Cebola, Ervilha, Feijão, Girassol, Milho, Repolho, Salsa

Batata, Melão, Rabanete, Rábano, Tomate

Pimentão Cebola, Cenoura, Salsa, Tomate Rábano

Rabanete Acelga, Agrião, Alface, Alho, Cenoura, Couve, Ervilha, Espinafre, Feijão, Morango, Salsa, Tomate

Abóbora, Acelga, Batata, Pepino, Repolho, Videira

Salsa Alface, Alho-Francês, Espargo, Milho, Rabanete, Tomate

Ervilha, Feijão, Repolho

Tomate

Aipo, Alface, Alho, Alho-Francês, Cebola, Cebolinho, Cenoura, Coentro, Couve-Flor, Endro, Espargo, Espinafre, Feijão, Manjericão, Milho, Rabanete, Salsa

Batata, Beterraba, Couve, Erva-Doce, Ervilha, Feijão, Pepino

Videira Aipo, Alface, Camomila, Chaga, Feijão, Pepino

Beterraba, Brócolis, Tomate

Uma das formas de consórcio mais utilizadas na agricultura familiar é a do

milho com o feijão. Neste caso, a leguminosa (feijão) pode ser semeada nas

Page 51: Apostila jovens rurais (mv)

linhas, nas entrelinhas ou nas linhas e entrelinhas do milho. O feijão pode ser

semeado simultaneamente, na maturação fisiológica ou de 10 a 20 dias antes da

semeadura do milho. Esta cultura pode ser consorciada também a outras

leguminosas anuais, tais como, feijão-de-porco, mucuna anã, lab lab, crotalária,

objetivando, principalmente, por meio da simbiose e da reciclagem, obter-se

significativo aporte de nitrogênio que, em parte, é usado pela gramínea (Figura

12).

Figura 12 – Consórcio do milho

Na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de consórcio que

podem ser utilizados, o que é feito na prática e o efeito que pode ocorrer.

Page 52: Apostila jovens rurais (mv)

Tabela 11 - Exemplos de consórcios, com a prática comumente adotada e o efeito da consorciação das culturas:

Consorciação Prática Efeito

Batata + Feijão Filas alternadas Protege a batata do escaravelho

Cenoura + alho francês ou cebola ou ervilha

2 filas de cenoura e 1 de alhos ou cebola ou ervilhas

Protege a cenoura da mosca

Cenoura + alecrim, salva e losna

Aromáticas em fronteira

Repele a mosca da cenoura

Couve + tomilho Aromática envasada e dispersa entre a cultura

Repele a mosca da couve

Couve, nabo ou rabanetes + hissopo e hortelã pimenta

Aromáticas em fronteira

Repele a altica

Couve + aipo Filas alternadas Repele a lagarta da couve

Couve + alecrim, hissopo e salva

Aromáticas em fronteira

Repele a lagarta da couve

Couve + trevo Filas alternadas Repele a lagarta da couve

Espargo + tomate Filas alternadas Repele o gorgulho do espargo

Macieiras + chagas (capuchinha)

Plantadas junto de cada árvore

Protege do pulgão lanígero

Macieira + cebolinho Plantadas junto de cada árvore

Protege do pedrado

Melão + cebola 1 cebola junto a cada pé de melão

Protege do fusário

Tomate + cravos de Tunes ou chagas

Protege da mosca branca

Coentro + Tomate Reduz os danos da traça do tomate

Sálvia e Alecrim + Brássicas (repolho, couve-flor, couve e brócolis)

Repele a borboleta que põe os ovos nas folhas dando origem as lagartas

Arruda e hortelã + hortaliças Repele a mosca branca

Manjerona Repele insetos em geral

Capim Cidreira Repele insetos em geral

Poejo Repele as formigas e traças

Hortelã Repele as formigas e ratos

Page 53: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 8 – Caldas para controle de pragas e doenças

8. Caldas

Há diversas caldas que podem ser utilizadas no controle de pragas e

doenças na agricultura, além de outros métodos alternativos como a homeopatia.

Entre as mais usadas estão a Calda bordalesa e a Sulfocálcica.

8.1 Calda bordalesa

A calda bordalesa é um fungicida à base de sulfato de cobre previamente

neutralizado com cal. É eficiente no controle de diversas doenças fúngicas, mas

também pode ser utilizada para o combate a infecções por bactérias e para o

controle de algumas pragas.

Material necessário:

200 gramas de sulfato de cobre

200 gramas de cal virgem (Pode ser empregada a cal hidratada para o

preparo da calda bordalesa, porém esta deve ser nova quanto à

fabricação e deve-se utilizar 360 gramas ao invés de 200 gramas)

20 litros de água

Modo de preparar:

Utilizar para preparar a calda bordalesa um tanque ou vasilhame de plástico,

cimento amianto ou madeira. Não utilizar tambores de ferro, latão ou alumínio, pois

estes reagem com o sulfato de cobre. No recipiente a ser utilizado, coloque 10

litros d‟água. Se o sulfato de cobre (200 gramas) estiver na forma de pedra deve

ser imerso nesta água. Para isso deve estar bem moído e ser colocado dentro de

Page 54: Apostila jovens rurais (mv)

um saco de pano ralo que será amarrado em uma vara atravessada sobre o

recipiente com a água, de modo a apenas mergulhar nesta. Espere o sulfato de

cobre dissolver, o que geralmente ocorre uma hora após a imersão.

Se o sulfato de cobre estiver na forma cristalizada, será de mais fácil

solubilidade, podendo ser dissolvido na mesma hora de preparo, em um pouco de

água quente ou normal.

Em outro recipiente com capacidade superior a 20 litros vá adicionando

200 gramas de cal virgem com água aos poucos até formar uma pasta

consistente. Após isto, complete o volume de água para 10 litros.

Despeje a calda contendo o sulfato de cobre sobre a calda contendo a cal

ou então em um terceiro recipiente de capacidade superior a 20 litros, juntam-se

as duas soluções, em pequenas quantidades, ao mesmo tempo, agitando-se a

mistura, enquanto vai sendo preparada.

Para verificar se a calda apresenta pH neutro (desejável), você deve

mergulhar na solução uma lâmina de canivete ou faca bem limpa, durante meio

minuto. Se houver formação de ferrugem sobre a lâmina quando for retirada da

solução, indica que esta está ácida e que deve ser acrescentada mais solução de

água e cal. Quando a faca/canivete for colocada na solução e não houver mais

reação, significa que a calda está pronta e sua aplicação deve ser feita no mesmo

dia. Para o controle do pH pode ser utilizada uma fita de tornassol (comprada em

farmácia) ao invés da faca. Se a solução estiver ácida o pH estará abaixo de 7,0 e

deve-se acrescentar mais cal ou seja o leite de cal até que esteja neutralizado o

cobre (o pH ficará acima de 7,0).

A aplicação deve ser feita com tempo bom e seco, sendo a pulverização no

início da manhã ou no final da tarde. Essas recomendações devem ser

obedecidas para não haver risco de toxicidade à planta. A pulverização também

deve ser feita em alta pressão.

Informações importantes:

Fazer a aplicação da calda bordalesa imediatamente após o seu preparo.

Page 55: Apostila jovens rurais (mv)

A concentração dos ingredientes, difere de uma espécie, condições

climáticas, grau de infestação e da fase de crescimento da planta. Utilizar

dosagens menores nas fases iniciais e em plantas mais sensíveis. Testar em

poucas plantas e depois fazer o tratamento ideal para o local. Na tabela abaixo há

uma indicação de acordo com o tipo de cultura:

Tabela 12 – Calda bordalesa: indicação das quantias ideias para a mistura de acordo com o tipo de cultura e doença

Cultura Doenças Sulfato De

Cobre (gramas)

Cal Virgem (gramas)

Abobrinha Míldio e manchas foliares 500 500

Abacate Antracnose 1.000 1.000 Alface Míldio e podridão de esclerotínia 500 500

Alho Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000

Batata Requeima, Pinta preta 1.000 1.000

Beterraba Cercospora 1.000 1.000

Café Ferrugem, manchas foliares 1.500 1.500

Caqui Antracnose, cercosporiose e mycosferela

300 a 500 1500 a 2500

Cebola Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000

Chicória Míldio e esclerotínia 500 500

Citros Verrugose, Melanose, Rubelose 600 300

Couve, Repolho Míldio e alternária em sementeira 500 500

Cucurbitáceas Míldio, Antracnose 300 300

Figo Ferrugem, Antracnose, Podridões 800 800

Goiaba Verrugose e Ferrugem 600 600

Maçã Entomosporiose, sarna, podridões 400 800

Macadâmia Manchas foliares 1.000 1.000 Manga Antracnose 1.000 1.000

Maracujá Bacteriose, Verrugose 400 400

Morango Micosferela, Antracnose 500 500

Nêspera Entomosporiose, Manchas foliares 800 800

Noz pecã Manchas foliares 1.000 1.000

Pepino Míldio e manchas foliares 500 500

Pêra Entomosporiose, Sarna, Podridões 400 800

Solanáceas Pinta preta, Podridões 800 800

Tomate Requeima, Pinta preta e Septoriose 1.000 1.000

Uva Itália Míldio, Podridões 600 300

Uva Niágara Míldio, Manchas 500 a 600 800

Page 56: Apostila jovens rurais (mv)

Em plantas novas, deve ser usada a metade da quantidade de sulfato de

cobre e de cal virgem. Pulverize preferencialmente em horários de temperatura

amena, sendo recomendável filtrar a calda para evitar entupimento no

pulverizador.

Não aplicar a Calda Bordalesa em goiabeira quando os frutos atingirem

diâmetro superior a 2 cm.

8.2 Calda sulfocálcica

A calda Sulfocálcica também é amplamente utilizada na atividade agrícola

tendo ação fungicida, inseticida e acaricida.

Material necessário

5 kg de enxofre

2,5 kg de cal virgem pura e bem calcinada (acima de 95%)

10 litros de água

2 vasilhames de ferro ou lata com capacidade de no mínimo 40 litros

Modo de preparar

A calda é feita sobre o fogo em vasilhame de lata ou inox. Coloque 40 litros

de água para ferver, num tambor de ferro ou latão. Em outro tambor (esmaltado

de preferência ou de ferro, nunca de cobre), fora do fogo, coloque 5 quilos de

enxofre peneirado. Adicione (lentamente e mexendo) 5 litros de água quente e

mais 2 colheres de espalhante adesivo (1 copo de álcool ou cachaça ou leite)

sobre o enxofre peneirado, para facilitar a mistura.

Em seguida, agite fortemente essa calda com um bastão de madeira, até

formar uma pasta. Encima desta pasta, espalhe aos poucos 2,5 quilos de cal

virgem moída e mais 5 litros de água quente, mexendo continuamente a mistura.

Coloque o tambor sobre o fogo intenso e deixe a mistura cozinhando

durante 10 a 15 minutos. Vá acrescentando à pasta água fervente até completar

20 litros (o tambor deve apresentar no seu lado interno uma marca para indicar

este volume).

Page 57: Apostila jovens rurais (mv)

Deixe ferver em fogo alto por mais 30 minutos, devendo-se repor a água

perdida por evaporação, mantendo constante o volume inicial de 20 litros. Essa

reposição deverá ser feita com a água quente do outro tambor (O uso de água

quente reduz o tempo de preparação da calda).

A calda apresenta coloração amarelada no início e com o tempo de

preparo vai se transformando num tom avermelhado cada vez mais intenso.

Quando a calda passar a um líquido transparente de cor pardo-avermelhada ou

vinho e de fundo preto ou café, deverá ser retirada do fogo.

Deixe a calda coberta descansando por 12 horas para haver a separação

do enxofre com o cal. Haverá a formação de uma “massa” no fundo do vasilhame.

Deverá ser recolhido o sobrenadante com uma caneca esmaltada ou de plástico,

que deverá ser coada em pano ralo (saco de pano)

Deve ser feita a leitura com o densímetro - Aerômetro de Baumé. A calda

considerada boa apresenta uma faixa de 28º a 32º Baumé.

A calda sulfocálcica deve ser guardada em garrafões de vidro ou plásticos

bem tampados, em ambiente escuro, podendo permanecer assim por até

5 meses.

Indicações

A concentração a ser utilizada depende do tipo de planta ou espécie

vegetal, as condições climáticas, o grau de infestação da doença e fase de

crescimento da planta.

Cultura Doenças Mistura

Hortaliças: alho, cebola, feijão, pimentão, tomate e berinjela:

Ferrugem e ácaros

0,5 litro de calda para 20 litros de água

Quiabo oídio 0,5 litro de calda para 20 litros de água

Alho, feijão, cebola e tomate

Tripes 800 mililitros para 20 litros de água.

Goiaba e café Ferrugem 0,5 litro para 20 litros de água

Coqueiro Ácaro 600 mililitros para 20 litros de água (antes da bainha abrir, nunca nos frutos)

Page 58: Apostila jovens rurais (mv)

Informações importantes:

Essa calda nunca deve ser usada em plantas da família das curcubitáceas

(abóbora, melancia, pepino, etc) pois elas são sensíveis ao enxofre.

Também não deve ser utilizada sobre a florada das culturas.

Há o risco de queima da folhagem com doses concentradas no verão,

havendo a necessidade da utilização de diluições fracas.

Aplicar em períodos frescos do dia. Não aplicar quando estiver previsto

ocorrências de geadas ou quando a temperatura for superior a 32 º C.

A calda sulfocálcica é altamente alcalina e corrosiva, danifica recipientes de

metal, roupas e a pele. Então, após o seu uso, os recipientes e as mãos devem

ser muito bem lavados com solução de 1 parte de vinagre e/ou limão para 10

litros de água.

8.3 Uso de extratos vegetais e outras soluções

Há várias outras formas de controle de pragas e doenças que vêm sendo

utilizadas na agricultura, tais como homeopatia e usos de extratos naturais.

No final desta apostila, no anexo, há uma tabela com diferentes extratos e

indicações de uso para controle de pragas e doenças na atividade agrícola.

Page 59: Apostila jovens rurais (mv)

Módulo 9 – Produção animal e agroecologia

9. Produção Animal agroecológica

O número de produtores rurais que vêm adotando práticas agroecológicas

em suas atividades é crescente, por diversos motivos, destacando-se a

preocupação com a saúde e agregação de valor ao produto.

É comum associar o produto agroecológico a um em que não se utiliza

agrotóxicos, porém não se resume a isso.

9.1 Principais diferenças entre a produção convencional e a produção

agroecológica:

A agroecologia muitas vezes se apresenta como uma ferramenta a ser

utilizada para mudar a produção convencional, seguindo a agricultura chamada

moderna para a produção orgânica. Há entre a produção convencional e a

agroecológica várias diferenças, porém alguns pontos podem ser ressaltados.

9.1.1 Sustentabilidade: Harmonia com a natureza

A produção agroecológica visa a sustentabilidade, ou seja, que haja um

equilíbrio das ações tomadas em relação ao ambiente natural. Avalia-se assim o

risco que as atividades possam implicar ao ambiente e como podem ser

executadas minimizando ao máximo os danos causados.

Através das práticas agroecológicas busca-se aproximar a atividade

agrícola das relações normais que ocorrem na natureza, evitando a entrada de

produtos estranhos ao ambiente e que possam dessa forma causar algum

desequilíbrio.

Portanto, o ambiente natural torna-se uma fonte de observação e

aprendizagem. Um exemplo prático disso é o controle de pragas. Observando a

Page 60: Apostila jovens rurais (mv)

predação que normalmente ocorre na natureza pode-se usar de ações que

estimulem estas evitando assim o uso de produtos sintéticos como os

agrotóxicos.

9.1.2 Alimentação

Na alimentação animal prioriza-se a produção do alimento para a condução

da atividade no próprio local ou onde haja acesso a informação para saber como

foram produzidos.

Evita-se a utilização de alimentos que possuam alguma forma de

contaminação, aditivos, promotores de crescimento, ureia, estimulante de apetite,

dentre outros.

Avalia-se também a necessidade de cada animal de forma a supri-la sem

causar desgastes.

Para a criação de galinhas caipiras, por exemplo, observa-se a formação

de piquetes e a rotação necessária entre eles para a alimentação das aves,

partindo da ideia que o mínimo necessário para manter as condições ideais para

as aves é de 3 metros quadrados para cada uma delas.

A área de pasto necessário, seja para aves ou gado, depende do tipo de

gramínea utilizada, da sua forma de crescimento, do número de animais que

ocupam a área. Dessa forma pode-se ocupar um determinado piquete por um

tempo em que não haja prejuízo do crescimento da gramínea quando o animal for

retirado, avaliando-se, portanto o tempo de ocupação e o tempo de descanso

necessário para a recuperação da gramínea. É comum adotar o tempo de

descanso de acordo com a gramínea utilizada no piquete. Também pode ser

utilizada a avaliação da altura da gramínea na entrada e na saída do animal para

a rápida rebrotação depois que este for retirado do piquete, o que também varia

de acordo com a gramínea plantada.

Devem-se buscar também outras formas de alimentação, como cultivos de

hortaliças e grãos para a manutenção dos animais na época de baixo crescimento

das gramíneas, como também para manter a qualidade nutricional.

Page 61: Apostila jovens rurais (mv)

9.1.3 Controle de pragas e doenças

O controle de pragas e doenças no manejo agroecológico ocorre e é de

grande importância.

Deve-se seguir o calendário de vacinação para a criação evitando-se assim

epidemias e mantendo a sanidade do rebanho. Esse calendário varia de região

para região e tem informações importantes, tais como: para qual doença está

sendo empregada, a época em que deve ser feita e quais condições devem ser

observadas.

É importante que o produtor rural tenha um controle mínimo sobre os

animais que cria, tomando nota para haver o controle zootécnico da atividade. É

importante que o produtor rural saiba a idade dos animais, quando foi feita a

vacinação, quais tratamentos utilizou, qual a produtividade animal. Essas

informações são úteis para o controle de doenças e gastos, bem como para uma

eventual necessidade de descarte animal, o produtor rural saber qual animal deve

ser descartado/vendido.

Busca-se a utilização de produtos naturais ou de métodos naturais, tais

como a homeopatia.

O ambiente é avaliado para evitar o desequilíbrio, que na maioria das

vezes é o causador da praga ou doença.

9.1.4 Instalações e Manejo

As condições em que os animais são mantidos e a forma de manejo são de

grande importância para manter a sanidade animal.

Atualmente tem sido comum utilizar o termo “bem estar animal” para indicar

formas de ação na condução da atividade agrícola que mantenham a qualidade

de vida animal, evitando estresse e o desconforto dos animais.

Os cuidados no manejo e nas instalações estão relacionados não somente

com a higiene, mas também com o conforto considerando a temperatura,

umidade, água disponível, redução do estresse animal, redução de focos de

doença e cuidados na condução da atividade.

Page 62: Apostila jovens rurais (mv)

De acordo com a criação é que são determinadas essas ações. Estão

disponíveis manuais de boas práticas no material cedido nesse curso, bem como

na internet em sites especializados, como o do Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento e também da EMBRAPA.

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Referências Bibliográficas

AUGUSTO, G.; ABREU JÚNIOR, H. Controle fitossanitário com produtos alternativos coletânea de receitas. Apostila. Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI; Departamento de Extensão Rural – DEXTRU, 84 p. BARROS, L. C.de. Captação de águas superficiais de chuvas em barraginhas. Circular Técnica, 2. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2000. 16p. (Embrapa Milho e Sorgo. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER). Disponível em: http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/programas/assistenciatecnica/2522569. Acesso em: 24 abr. 2013. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em: < http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Tomate/TomateIndustrial_2ed/deficiencias.htm FERREIRA, T. N.; SCHWARZ, R. A.; STRECK, E. V. Solos: manejo integrado e ecológico - elementos básicos. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. 95p. MENDES, A. M. S. Introdução à Fertilidade do solo. Pesquisadora. Aula ministrada no Curso de Manejo e Conservação do Solo e da Água na Universidade Federal da Bahia. MICHEREFF, S. J. Fundamentos de fitopatologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE. 150 p.2001. PADILHA; A. C. M. et al. O desenvolvimento do diagnóstico estratégico em propriedades rurais do agronegócio: análise ambiental em uma propriedade rural familiar. INGEPRO – Inovação, Gestão e Produção. v.2, n. 6, 57-68 p., 2010. PAULUS, G.; MULLER, A.M.; BARCELLOS, L.A.R. Agroecologia aplicada: praticas e métodos para uma agricultura de base ecológica. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. p. 86. RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V., V. H.. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes, 5ª Aproximação. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 359 p., 1999. Viçosa, Minas Gerais. VEIGA, M., REICHERT, J. M.; REINERT, D. J. Compactação: das causas às soluções. Revista A Granja, p. 41-43, fevereiro de 2009.

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Anexo

Tabela 13 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças: indicação, forma utilizada, preparo e aplicação

Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação Ácaros e Cochonilhas

Macerado de samambaia

500 g de folhas frescas ou 100g de folhas secas de samambaia em 1 litro de água. Ferver p/ meia hora.

Diluir 1 litro de solução em 10 litros de água e pulverizar.

Pulgões, Lagartas (Aplicar no solo)

Macerado curtido de urtiga

500 g de folhas frescas ou 100 g de folhas secas de urtiga em l litro de água. Deixar curtir por 2 dias.

Diluir 1 litro de solução em 10 litros de água e pulverizar sobre a planta ou no solo.

Pulgões, Cochonilhas e Lagartas

Macerado de fumo

Picar 10 cm de fumo em corda.Colocar 1 litro de água. Curtir por 2 dias.

Diluir 1 litro de solução em 10 litros de água e pulverizar as plantas.

Pulgões, Cochonilhas e Lagartas

Solução de água e sabão

Colocar 50 g de sabão em 5 litros de água quente.

Após esfriar aplicar com pulverizador.

Lesmas Sacos de aniagem

Colocam-se os sacos molhados estendidos entre os canteiros, a noite.

No dia seguinte retirar os sacos e matar as lemas que estarão embaixo.

Pulgões e Nematóides

Macerado de alho

Esmagar os dentes em 1 litro de água. Curtir por 12 dias. Diluir em 10 l e usar.

Pulverizar a planta e /ou imergir os dentes na solução quando plantar.

Lagartas e Lesmas Infusão de losna Derramar 1 litro de água fervente sobre 300g de folhas secas e deixar em infusão por 10 minutos. Diluir em 10 l de água.

Pulverizar sobre as plantas.

Ácaros Soro de leite Pulverizar sobre a planta.

Resseca e mata o ácaro

Diversas doenças fúngicas.

Chá de camomila

Imergir um punhado de flores em água fria por 1 a 2 dias.

Pulverizar as plantas e mudas na sementeira.

Cochonilhas e pulgões

Querosene + sabão + calda de fumo

Aquecer 10 litros de água. Juntar 20 colheres de sobremesa de querosene e 3 colheres de sopa de sabão em pó.

Deixar esfriar e adicionar 1 litro de calda de fumo. Pulverizar as plantas atacadas.

Pragas da parte aérea

Cinzas Deixar um punhado de cinzas de molho em água durante 1 dia.

Coar e pulverizar sobre as plantas.

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Tabela 14 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças: indicação, forma utilizada, preparo e aplicação (continuação)

Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação Formigas lava-pés. quémquém e cupins.

Solução de creolina

1 copo de creolina em 10 litros de água, ou duas tampinhas por litro d‟água

Localizar o formigueiro, remover a terra com a enxada. Encharcar o local com a solução.

Formigas Hortelã Plantio nas bordas dos canteiros.

As formigas desaparecem.

Pulgões, ácaros, cochonilhas e trips.

Solução de fumo com cinzas

Picar 100g de fumo em corda ou 500g de folha de fumo verde picado. Acrescentar 100 g de cinzas e 10 litros de água.

Deixar repousar por 12 horas e coar. Aplicar em pulverização logo em seguida.

Pulgões, trips e cochonilhas

Sabão e querosene

Cortar ½ quilo de sabão em fatias finas e dissolver em 1,5 litros de água quente. A seguir agitando bastante despeje lentamente 3 litros de querosene.

Completar com 50 litros de água. Juntar 3 Kg de farinha de trigo previamente dissolvida em água fria para não empelotar. Pulverizar as plantas

Pulgões e trips Pulverizar nas horas mais quente do dia.

Extrato de nicotina

Picar 20cm de fumo de rolo forte em 1 litro de água. Levar ao fogo e ferver por ½ hora. Retirar do fogo e deixar esfriar.

Acrescentar 3 litros de água. Regar os canteiros e as plantas. Aplicar rapidamente, pois o efeito dura só 8 horas.

Pulgões e cochonilhas

Sabão e querosene

Raspar um sabão com canivete. Deixar de molho em água por 24 horas.

Coar com pano. Adicionar 6 gotas de querosene e 10 litros de água. Pulverizar as plantas.

Formigas e outros insetos

Atanásia Plantio Repele formigas e outros insetos.

Traças Anis Plantio Repelente Nematóides, pulgões e brocas.

Cravo de defunto Plantio Controla nematóides e age como repelente.

Tatuzinho e formigas

Tártaro emético e açúcar

Misturar 10 g de tártaro e 80 g de açúcar.

Espalhar em caixas de fósforo p/ tatuzinho e entrada do formigueiro.

Tatuzinho Pano úmido Umedecer um pano. Colocar o pano no solo ao anoitecer. De manhã virar o pano e jogar água quente.

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Tabela 15 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças: indicação, forma utilizada, preparo e aplicação (continuação) Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação Lesmas e caracóis

Cal ou cinza Um punhado de cal ou cinza. Ela adere ao corpo das lesmas e as mata.

Distribuir nas bordas do canteiro em uma faixa de 15 cm.

Lesmas e caracóis

Infusão de losna Fazer uma infusão com 30 g de losna (folhas secas) em 1 litro de água fervente. Deixar em infusão por10 minutos.

Diluir a solução preparada em 5 litros de água e pulverizar.

Desinfeção de cortes de poda, lesões, pintura de troncos e ramos grossos. Controla barba, liquens, musgos, algas, fungos em frutíferas e ajuda a controlar doenças bacterianas em outras plantas.

Pasta Bordalesa

1 Kg de Sulfato de cobre 2 Kg de cal virgem e 12 li- tros de água. Colocar o sulfato de cobre em 6 lts. De água quente. Numa vasilha de plástico ou madeira dissolver aos poucos 2 Kg de cal virgem até completar 6 litros água Depois que a cal apagar deitar a cal na vasilha com Sulf. Cobre, mexendo sempre, formando pasta.

A mistura formada é a Pasta Bordalesa e é aplicada com auxílio de uma brocha. Obs. A cal virgem é queimada com água quente e o sulf de cobre, bem moido. A aplicação é feita logo após que a calda esfrie.

Escama farinha. Caldo de cinzas

Juntar a maior qtde. de cin zas do fogão de lenha e misturar dentro de um tam bor com água suficiente para formar um caldo gro- sso.

Pincelar os troncos das laranjeiras atacados com uma brocha de pintar paredes.

Lesmas e caracóis. Sulfato de cobre Misturar 100 gramas de Sulfato de Cobre em 12 litros de água

Irrigar o solo infestado com lesmas com essa mistura.

Vaquinha ou patriota

Cabaça ou Purungo

Planta trepadeira, seme- lhante a folha da abóbora. O fruto maduro é usado para cuia de chimarrão.

O fruto verde é cortado no meio e colocado na lavoura. O líquido junto à semente atrai os insetos

Formigas cortadeiras

Incorporação de matéria orgânica

À medida que vai se incorporando as formigas desaparecem