4

Click here to load reader

Artrópodes - cap. 37

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Artrópodes - cap. 37

O nome Arthropoda significa pés articulados (podas = pés; arthro = articulação). É o filo que apresenta o maior número de indivíduos do reino animal, possuindo hoje mais de 1.500.000 espécies já descritas. Possuem simetria bilate- ral, com esqueleto externo (exoesqueleto) formado pelo te- gumento. Este, por sua vez, compreende a epideme e a cutícula. O tegumento, sendo a camada externa dos artrópodes, possui as funções de proteção, sustentação e impede a perda de água. A cutícula é secretada pela epider- me que, quando recente, é flexível, mole; entretanto, pas-

sado algum tempo após a secreção, toma-se esclerotisada, principalmente pelo eruijecimento da quitina, que é a porção mais externa da cutícula. Em algumas articulações, a cutícula permanece flexível, não apresentando quitina (não é escle- rotisada) mas sim a resilina, que é elástica. A existência de quitina rígida (exoesqueleto) impede o crescimento contínuo do artrópodes; este crescimento é feito através de mudas ou ecdises, que são regulados por hormônios e outros proces- sos endócrinos. Os apêndices locomotores ou alimentares são articulados e dispostos aos pares. O corpo é dividido em duas porções (cefalotórax e abdome, cabeça e tronco) ou três (cabeça, tórax e abdome). Internamente, apresentam uma

Arthropoda

Capitulo 37 31 9

Filo Classe Ordem Subordem Família

-

Insecta

- Psychodidae

Nematocera Culicidae Ceratopogonidae Simuliidae

Diptera Tabanomorpha [~abanidae Calliphoridae

Muscomorpha Sarcophagidae Muscidae Oestridae

Reduviidae Hemiptera Heteroptera E Cimicidae

Tungidae Siphonaptera Pulicidae

Rhopalopsyllidae Anoplura Pediculidae

Pthiridae Ixodides ["Ee

Arachnida Sarcoptiformes [Sarcoptidae Pyroglyphidae Demodecidae

Trombidiformes Trombiculidae Scorpiones Araneida -

Page 2: Artrópodes - cap. 37

cavidade geral (hemocele) cheia de líquido (hemolinfa), e os Outros aspectos morfológicos serão vistos durante o órgãos respiratório, circulatório, nervoso, digestivo, excretor estudo de cada grupo ou espécie. e reprodutor. A superficie do corpo dos artrópodes é forma- da pela união de várias placas ou escleritos, unidos por su- turas ou sulcos. Apresentam numerosas cerdas, acúleos, CLASSIFICAÇÃO tubérculos e esporões, importantes na sistemática e com O filo Arthropoda, segundo Barnes (1977), está subdi- funções variadas: proteção, secreção, excreção etc. A união vidido nos seguintes subfilos e classes: dos escleritos forma anéis ou metâmeros que possuem as seguintes denominações: dois escleritos dorsais, chamados tergitos, compõem o tergo ou noto; dois escleritos ventrais, SUBFILO TRILOBITA chamados esternitos, compõem o esterno ou ventre; dois Artrópodes fósseis, todas espécies extintas. escleritos laterais, chamados pleuritos, compõem a pleura.

Tabeia 373 Principais Doenças Transmitidas por Artrbpodes aos Humanos, em nosso k l o

Nome Comum Agente Etiológico Reservatório Espécie($ Vetora(s) Transmissão

Tifo murino ou Rickettsia mooseri Ratos X. cheopis Fezes esporádico (= R. typhi)

Peste bubônica Yersinia pestis Roedores domésticos X. cheopis Picada (= Pasteurella pestis) e silvestres

Tifo exantemático Rickettsia prowazeki Humanos P humanus Fezes e esmagamento ou epidêmico

Febre das trincheiras Rochalimaea quintana Humanos ou dos cinco dias (doença em

desaparecimento, antigamente vista na Europa)

P humanus (Picada?) fezes

Febre recorrente Borrelia recurrentis Humanos P humanus, P capitis Esmagamento

Febre maculosa Rickettsia rickettsi Roedores, cães e o Amblyomma cajennense, Picada americana (Minas, próprio carrapato Rhipicephalus sanguineus São Paulo, Colômbia, México e Estados Unidos)

Doença de Chagas Trypanosoma cruzi Tatu, gambá, humanos, Triatoma infestans, Dejetos cão, gato etc. Panstrongylus megistus

Calazar Leishmania chagasi Raposa, cão Lutzomyia longipalpis Picada

Leishmaniose tegumentar Leishmania braziliensis, Roedores, cão, Várias espécies de americana L. mexicana preguiça Lytzomyia

Picada

Malária Plasmodium vivax, Humanos P falciparum, P malariae

Anopheles darlingi, Picada A. aquasalis, A. cruzi, A. bellator

Febre amarela Vírus Macacos e humanos Aedes aegypti Haemaggus sp

Picada

Dengue Virus Humanos Aedes aegypti Picada

Enterites Bactérias Humanos Musca domestica Mecanicamente e Calliphoridae, regurgitação Sarcophagidae

Elefantiase Wuchereria bancrofti Humanos Culex quinquefasciatus Picada

Oncocercose Onchocerca volvulus Humanos Simulium guianense Picada

Mansonelose Humanos Simulium guianense Picada

Capitulo 37

Page 3: Artrópodes - cap. 37

SUBFILO CHELICERATA Classe Insecta - moscas, pulgas, borboletas;

Classe Merostomata - lunulos (caranguejo pata-decavalo); Classe Chilopoda - centopéia;

Classe Arachnida - escorpiões, aranhas, carrapatos; Classe Diplopoda - milipés (piolho-de-cobra);

Classe Pynogonida - aranhas marinhas. Classe Symphyla - sínfilos de terra vegetal; Classe Pauropoda - paurópodos de híimus.

SUBFILO MANDIBULADA Classe Crustácea - camarão, lagosta, pitu;

Os Onychophora (Peripatus sp) e os Pentastomida (Linguatulida) estão atualmente colocados em filos indepen- dentes e separados dos Arthropoda. Dentre todos os

Tabela 37,s Arthpades Venenosos mais Cwnuns no BrasiP

Nome Vulgar Gênero ou Espécie Modo de Agressão Reação ou Sintomas Tratamento

Aranha armadeira Phoneutria sp Picada Dor forte; sudorese, Analgésico; compressa de gelo no local. distúrbios respiratórios

Tarântula Lycosa sp Picada Dor forte; edema; Analgésico; soro antilicásico; gelo. (Aranha de jardim) necrose local da picada

Viúva-negra Latrodectus sp Picada Dor forte no corpo todo; Analgésico; calmante, soro antilatrodectus; sudorese; palpitação, compressa de gelo no local; injeção calafrios, câimbras, intravenosa de gluconato de cálcio. convulsões, dispnéia, morte

Aranha-marrom Loxosceles sp Picada Dor forte; necrose ou Analgésico; soro antilotoscilico; gelo no gangrena; hemoglobinúria local; excisão cirúrgica da área picada.

Escorpião-amarelo Tityus serrulatus Ferroada Dor forte; contrações Analgésico (ou anestésico local); musculares. hiperestesia, enviar para o hospital para: controle das agitação, mal-estar, funções vitais, tratamento angústia, vertigens, edema sintomático, aplicar soro antiescorpiônico. pulmonar, morte

Escorpião-negro Tityus bahiensis Ferroada Dor forte; sudorese, mal-estar Analgésico; soro antiescorpiônico.

Lacraia Scolopendra sp Picada Dor no local da picada Analgésico

Abelhas Apis sp Ferroada Dor forte e edema no local da ferroada; em pessoas hipersensíveis pode ocorrer edema generalizado, inclusive da glote; manifestações urticariformes

Analgésico; quando presente, retirar a glândula de veneno do local da ferroada com pinça fina ou faca, forçando de baixo para cima (nunca tirar com os dedos pois ai haverá compressão da do veneno); glândula e mais inoculação no caso de edema generalizado, anti-histaminicos potentes e rapidamente. Injeção intravenosa de gluconato de cálcio

Marimbondos Polybia sp Ferroada Idem acima

Formiga tocandira Paraponera clavata Ferroada Idem acima

Lagartas cabeludas Podalia sp Contato Dor local ou todo o Analgésico; friccionar no local folhas de dália Megalopyge sp. membro atingido; edema ou de Wedelia ou aplicar "Andolba"

local; ingua; febre.

'Há grande controvérsia quanto ao significado correto dos termos venenoso e peçonhento. Alguns autores dizem desta forma: Venenoso: todo e qualquer animal que possui glândula produtora de veneno, podendo ser: a) venenifero: quando é capaz de inocular o veneno - cascavel, abelha; b) peçonhento: quando não é capaz de inocular o veneno - sapo, taturanas. Outros autores preferem assim: Venenoso ou peçonhento: palavras sinõnimas que se referem a todo e qualquer animal que possui veneno (zootoxina), podendo ser: a) peçonhento vulnerante: cascavel. escorpião, abelha; b) peçonhento por contato: sapo; c) peçonhento por projeção: lança o veneno - Naja nigricolis e o potó (Paederus sp).

Capitulo 37

Page 4: Artrópodes - cap. 37

artrópodes conhecidos, a classe que apresenta maior número de espécies causando lesão ou transmitindo doenças aos humanos é a Insecta. Essa classe apresenta várias Ordens, das quais estudaremos: Hemiptera, Diptera, Anoplura e Siphonaptera. Da Classe Arachnida estudaremos apenas a Ordem Acari, que possui várias espécies de interesse médi- co-veterinário.

Demonstramos, resumidamente, a grande importância que tem esse filo na Parasitologia humana, através das Ta- belas 37.1 a 37.3.

O subfilo Pentastomida ou Linguatulida representa os artrópodes vermiformes, adaptados ao parasitismo, de con- formação bastante peculiar. Possuem corpo segmentado, alongado, recoberto por cutícula quitinosa; próximo da boca apresentam dois pares de ganchos ventrais; não pos- suem antenas, nem patas, exceto na fase larvar, que apresen- ta quatro patas curtas; respiração através de cutícula. Em geral, os adultos são parasitos de pulmões e fossas nasais de carnívoros e répteis; as larvas são encontradas em vís- ceras de pequenos hervívoros e roedores.

As espécies que têm interesse em parasitologia huma- na são:

Linguatula serrata: corpo em forma de língua (lanceo- lado), com cerca de 90 anéis curtos, de cor branca. Macho mede 2,Ocm e fêmea cerca de 10cm. Os adultos são encontrados em fossas nasais de cão, lobo, rapo-

sa etc.; as larvas são encontradas nas vísceras de pe- quenos roedores e coelhos, e raramente do homem, cavalo, cabra.

Ciclo Os parasitos adultos produzem ovos que atingem o meio

exterior junto com o espirro, fixando-se em vegetais; o hos- pedeiro intermediário (ou o homem) se infecta ao ingerir o ovo embrionado; esse, após eclosão do ovo, perfura a pa- rede intestinal, indo fixar-se no figado ou pulmão; nove me- ses depois já estão maduros e se forem ingeridos por um animal carnívoro darão vermes adultos. Estes vivem cerca de 15 meses. O parasito adulto provoca irritações e secre- ções purulentas no trato respiratório; não se conhece a pa- togenia da larva. A profilaxia consistem em não se comer le- gumes crus sem lavar bem, ou cozê-los previamente. Não se conhece o tratamento.

Esse parasito já foi encontrado em humanos no Pana- má, Suíça, Alemanha e um caso no Brasil, parasitando o intestino.

Armillifer armillatus (= Porocephalus subclavatus): o adulto vive em traquéia e pulmões de serpentes; as larvas são encontrados no figado, peritônio e intestino de vários animais e humanos. Na África, é comum o encontro desse parasito na espécie humana, porém ainda não assinalado em nosso meio, apesar de vári- as espécies de Porocephalus terem sido encontradas em serpentes nossas.

Capitulo 37