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ARTUR LOUREIRO – vida e obra Artur José de Sousa Loureiro, escultor e pintor paisagista, nasceu a 11 de Fevereiro de 1853, na Rua do Bomjardim, no Porto, tendo falecido na mesma cidade em 1932. Começou a estudar desenho e pintura com o mestre e amigo António José da Costa, tendo depois ingressado na Academia Portuense de Belas Artes, onde continuou a sua aprendizagem com João António Correia, tendo também estudado com Silva Porto. Em Portugal era então o ensino de Belas Artes académico e esclerosado, pouco aberto ao exterior, não existindo sequer na Academia do Porto a cadeira de Pintura de Paisagem. A ida para Paris ou Roma era sempre a solução para quem quisesse avançar. O seu primeiro concurso foi feito em Lisboa, concorrendo com Malhoa e Henrique Pinto, ficando empatado com o primeiro. Nesse concurso apresentou a obra “Alfeite”. O director da Academia de Belas Artes de Lisboa, Delfim Guedes, mais tarde, conde de Almedina, tomou em alto apreço o talento de Artur Loureiro e concedeu-lhe uma pensão para ir estudar para Roma, tendo ingressado no Círculo Artístico desta cidade em 1876. Este apoio mecenático do conde de Almedina foi fundamental na carreira do pintor, tendo mesmo afirmado, anos mais tarde, “Devo-lhe tudo o que sou”. Em 1879, o artista candidatou-se a bolseiro em Paris, juntamente com Columbano, ficando classificado em primeiro

Artur loureiro[1]

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ARTUR LOUREIRO – vida e obra

Artur José de Sousa Loureiro, escultor e pintor paisagista, nasceu a 11 de

Fevereiro de 1853, na Rua do Bomjardim, no Porto, tendo falecido na mesma cidade

em 1932.

Começou a estudar desenho e pintura com o mestre e amigo António José da

Costa, tendo depois ingressado na Academia Portuense de Belas Artes, onde

continuou a sua aprendizagem com João António Correia, tendo também estudado

com Silva Porto. Em Portugal era então o ensino de Belas Artes académico e

esclerosado, pouco aberto ao exterior, não existindo sequer na Academia do Porto a

cadeira de Pintura de Paisagem. A ida para Paris ou Roma era sempre a solução para

quem quisesse avançar.

O seu primeiro concurso foi feito em Lisboa, concorrendo com Malhoa e

Henrique Pinto, ficando empatado com o primeiro. Nesse concurso apresentou a obra

“Alfeite”. O director da Academia de Belas Artes de Lisboa, Delfim Guedes, mais tarde,

conde de Almedina, tomou em alto apreço o talento de Artur Loureiro e concedeu-lhe

uma pensão para ir estudar para Roma, tendo ingressado no Círculo Artístico desta

cidade em 1876. Este apoio mecenático do conde de Almedina foi fundamental na

carreira do pintor, tendo mesmo afirmado, anos mais tarde, “Devo-lhe tudo o que

sou”.

Em 1879, o artista candidatou-se a bolseiro em Paris, juntamente com

Columbano, ficando classificado em primeiro lugar. Na capital francesa viveu no

Quartier Latin e frequentou a École des Beaux-Artes, onde foi discípulo de Cabanel.

Durante este período expôs no Salon parisiense (de 1880 a 1882), ao lado de artistas

como Marques de Oliveira, Silva Porto, António Ramalho, Sousa Pinto, Columbano e

João Vaz, e na Galeria Goulpil, em Londres. Teve tempo para se apaixonar, ligando-se

sentimentalmente a uma australiana, Marie Huybers, que retratou no quadro O

Descanso do Artista e com quem veio a casar e ter filhos, um rapaz e uma rapariga.

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O descanso do artista, 1882, Museu do Chiado

Em 1882, gravemente enfermo, foi procurar saúde na pátria da sua esposa, em

Melbourne, na Austrália. Aí trabalhou muito como artista e como professor, tendo

ocupado o cargo de director e professor de primeira classe das classes de desenho e

pintura na Presbiterian Ladies Academy, onde se dedicou com particular interesse de

artista ao estudo e à prática das artes decorativas. Por nomeação do governo, exerceu

o cargo de examinador das classes de arte (inspector) da National Gallery of Victoria.

Já depois do seu regresso a Portugal, recebeu a notícia de ter sido nomeado

académico de número da Academia de Victoria, honra que pela primeira vez foi

concedida a um estrangeiro.

A sua obra teve reconhecimento internacional, tendo ficado famosos os seguintes

quadros:

- A Visão de Santo Estanislau de Kostka, que obteve a Medalha de Ouro da Galeria

Nacional. Essa obra foi adquirida por 300 libras pela referida galeria, tendo recebido os

maiores elogios numa exposição de arte religiosa, na Bélgica;

A visão de Santo Estanislau, 1889

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- Os Tigres, que, em Londres, alcançou uma Medalha de Ouro e foi adquirida pela

Galeria Sanderston. Nesta obra, Artur Loureiro faz um rigoroso estudo de anatomia

plástica, com uma técnica irrepreensível.

- O retrato de Alderman Stewart da Câmara de Melbourne;

- Os painéis decorativos de uma casa particular, intitulados As Quatro Estações, Íris e

A Cruz do Sol;

- o Santo António da Catedral de Melbourne;

- A Morte de Burke que, em 1889, recebeu a Medalha de Ouro e um diploma de

honra, na Exposição Internacional de Londres.

A morte de Burke, 1889

Em 1901, regressou em definitivo ao Porto, empenhando-se no fomento das

artes. Na sua cidade natal montou, então, um atelier-escola, numa ala do já

desaparecido Palácio de Cristal, o qual se tornou um espaço de referência, procurado

por aspirantes a artistas e admiradores do pintor. Como curiosidade, pode referir-se

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que toda a mobília do referido atelier foi executada por Artur Loureiro, pois além de

pintor era um hábil entalhador. Aí ensinou, pintou e expôs.

Vista do Jardim do Palácio de Cristal, 1927, óleo sobre madeira, Museu Nacional Soares dos Reis

Descrição do atelier de Artur Loureiro – António Lemos, Notas d’Arte, Porto,

1906

“Ao entrarmos no atelier de Artur Loureiro, decorado com uma distinta

simplicidade, tem-se a suave impressão que o artista que ali trabalha é um bom e um

delicado. Confortável e amigo, aquele atelier sem pretensão a luxo, todo ele resuma

elegância e bom gosto. Sem estofos custosos, meros cobrejões de farrapos, em tons

escuros, biombos simples de couro liso, móveis de linhas correctas desenhados por o

próprio artista e executados sob a sua direcção, é de um efeito soberbo! O indiferente,

que ao acaso ali vá, tem com certeza a impressão de que entrou na casa de um

amigo.”

“Fui há dias ao atelier-escola, precisamente no momento em que terminavam

as lições e as alunas, fulgurantes de mocidade e alegria, saíam num chilrear que

encantava. Os cavaletes, espalhados pelo atelier, eram como sentinelas que ficavam

guardando os lugares das discípulas. Passei-os em revista, cheio de curiosidade e de

interesse em notar naqueles esboços as disposições de quem os tinha executado. Aqui,

desenho dos principiantes, de diversos objectos, tais como garrafas, jarros, púcaros,

etc., e onde eles, enquanto desenham, vão tendo noções do que é a perspectiva

prática. Mais além, estudos de frutas e flores, e entre esses os de uma discípula que

compõe e aplica aos tecidos as flores e os frutos que desenha e que pinta do natural.

Outros, desenhos de gessos das diferentes escolas, grega, romana e renascença... Mais

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além, cópias flagrantes a óleo, dos modelos vivos e dos costumes populares

portugueses. Uma verdadeira escola, metódica e definida, onde os alunos não copiam

os seus trabalhos de modelos que vêem de França ou da Alemanha às grosas, mas sim

do natural; estudando desde as mais rudimentares noções de traços e linhas, até aos

intrincados problemas da perspectiva, sós por si, apenas com as indicações do

professor. São também para notar as pastas carregadas de estudos que os discípulos

executam em casa, após as lições, e que são documentos irrefutáveis do bom

aproveitamento deste sistema de ensinar o desenho e a pintura.”

“ Mas, voltemos à escola. Tem ela sobre todos os outros ateliers a grande

vantagem de estar instalada nos jardins do Palácio. Quando a Primavera, ridente,

enche aquele recinto de flores e de sol, cá para fora, para o ar livre, vêm os discípulos,

e, ou recolhem nas suas telas as flores lindas e frescas e os pontos de vista deliciosos

que dali se desfrutam, ou estudam e pintam pequeninos recantos do jardim variados e

belos. E tudo isto realiza Artur Loureiro, não sem largas e complicadas dificuldades,

que felizmente ele vê cobertas de bom resultado, se bem que com pouco interesse.

Ao vir-me embora depois de ter dado os meus parabéns sinceros ao professor pela sua

iniciativa, pensava em como aquele belo recinto do Palácio de Cristal poderia ser

aproveitado para tanta, tanta coisa útil, em vez de jazer ignominiosamente ali, mudo e

sinistro como um crime.”

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Em 1902, no Porto, abriu uma exposição de trabalhos do pintor que despertou

o mais vivo interesse e ocupou toda a imprensa portuense. Dessa exposição, destacou

a imprensa com louvor:

- 4 famosos estudos da Torre dos Clérigos;

Torre dos Clérigos, Casa- Museu

Fernando de Castro

- uma Marinha, de suavíssima luz;

- um inglês, pintado a bordo na sua viagem para Portugal;

- Cabo da Boa Esperança, e Porto de Durban, pintados igualmente na mesma

viagem.

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Exposição de 1902, no Porto

Chegado o Verão, era o ponto de partida para demoradas digressões pelo país

rural ou marítimo, com evidente predilecção pelo Minho, onde instalava o cavalete e a

caixa de tintas e captava para a sua tela paisagens e rostos por entre matizes estivais

de cor e luz. Adoptou a estética naturalista, própria do tempo, não sem deixar

transparecer uma suficiente liberdade criativa, quase experimentalista, que o livrou do

excessivo academicismo e nos faz admirar o seu traço a um século de distância. Dessas

digressões pelo país, várias tiveram como destino o concelho de Caminha, com grande

destaque para as paisagens de Moledo, Ínsua e Monte de Santa Tecla.

Praia de Moledo, Caminha

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Riacho das Presas, 1932, Casa-Museu Fernando de Castro

Morreu em Leonte, no Gerês, a 7 de Julho de 1932, local para onde se deslocara com o

intuito de pintar. Antes dessa data já haviam falecido a sua primeira mulher e o seu

único filho, este último vítima da I Guerra Mundial. Sobreviveu-lhe a segunda mulher,

Elisa Fernanda de Sousa Pires, com quem casara a 19 de Junho de 1918.

Homenagem de amigos e admiradores, Portela de Leonte (Gerês)

Obras suas integram o espólio de museus portugueses e estrangeiros como o Museu

de Évora, o Museu do Chiado, em Lisboa, o Museu Nacional de Soares dos Reis, no

Porto, o Museu Grão Vasco, em Viseu, a Galeria de Sanderstan e a Galeria Nacional de

Melbourne.

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Descrição do quadro “De aldeia em aldeia” – António Lemos, Notas d’Arte, Porto,

1906

“Tarde fria de Outono, campos intensamente cultivados, por toda a parte a revelação das forças da natureza e da actividade humana; e nos casais que além espreitam por entre as ramarias, adivinham-se colmeias de trabalhadores, lares com lumes, tulhas com pão. De lá vem esta pobre velha, curvada e triste, calcando lamas, ti8titando de frio, curtindo fome, arrastando a decrepitude, sombra errante do desamparo e da miséria que perpassa de povo em povo estendendo a mão descarnada à caridade aldeã. “

De aldeia em aldeia

Descrição do quadro “Rio Douro” – António Lemos, Notas d’Arte, Porto, 1906

“Quadro amplo, de soberba impressão, é o do Rio Douro: o vale profundo e sinuoso desenha-se com impecável verdade, e os acidentes das escarpadas margens, os pontos pitorescos que nelas se destacam, vão desdobrando-se numa perfeita sucessão de planos, até se esbaterem gradativamente, ao longe a barra, os molhes, a ténue silhueta do oceano e a linha extrema e longínqua do horizonte. Há profundidade, e ar, neste vasto panorama; e os afogueados raios do sol poente vêm dar às águas do rio encrespadas por um resfolegante vapor que as sulca, os tons candentes de ouro em fusão. Grandioso e belo quadro esse.”

Porto – rio Douro, 1922Porto – rio Douro, s.d.

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Descrição do quadro “Primavera” – António Lemos, Notas d’Arte, Porto, 1906

Primavera, pintura a óleo

“Na sua Primavera – velho tema sempre novo – transaccionaram o idealismo e o senso da verdade. Naquela cândida figura da criança que vem colhendo flores, há, sem dúvida, um não sei quê de etéreo que nos desperta a ideia de imaginárias sílfides que povoam as concepções poéticas; mas essa impressão é fugidia, momentânea, porque a ela se sobrepõe toda a verdade da expressão da roupagem, e a cor do céu, dos lírios, dos lilazes, das folhagens, surpreendida e traduzida com tal justeza, que das flores parece rescender o delicado aroma, e do espaço irradiarem as subtis vibrações do éter. É realmente a Primavera, florida e luminosa, tépida e balsâmica, o que vive e nos encanta nessa deliciosa tela”

A Primavera, 1891

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Descrição do Retrato do Dr. Júlio de Matos – Paulo Osório, Notas à margem

“Esse retrato é perfeito. Não se dá o ilustre médico num momento de pose convencional, procurado para um melhor efeito da pintura, mas no seu aspecto de sempre, característico, com o pequenino chapéu de feltro deitado um pouco para atrás, o monóculo entalado, animando todo o interesse da sua fisionomia viva e inteligente. Este respeito, tão altanamente louvável, pelo natural encontra-se em todos os retratos agora expostos (… ). A despreocupação de sempre, o tipo tal e qual é a cada hora, habitualmente, quando cruza connosco na rua ou quando conversa, à mesa do jantar, com a família… E o retrato, para ser honesto, tem de ser assim.”

Outros Retratos

Retrato do Dr Guilherme Gonçalves, óleo sobre tela, Museu Nacional Soares dos Reis

Retrato do Dr. Joaquim Madureira, óleo sobre madeira, Museu Nacional Soares dos Reis

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Retrato de rapariga maori,

Cabeça de velho, óleo sobre tela, Museu Nacional Soares dos Reis

Cabeça de velho,

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Auto-retrato, 1925, Museu Nacional Soares dos Reis

Retrato de Senhora, 1904, óleo sobre Madeira, Museu Nacional

Paisagens – Paulo Osório, Notas à margem

“Talvez porque a terra portuguesa lhe evoque sempre o tempo da mocidade em que a deixou, o caso é que as telas nacionais de Artur Loureiro são quase sempre tristes; é bem uma predisposição do seu espírito que lhe empana na retina a visão serena das coisas, como se um véu de lágrimas a toldasse, não lhe deixando ver o triunfante azul do nosso céu, não o deixando cantar com ele um hino meridional, ardente, apaixonado, de saudação à vida. O Portugal que nós ali vemos (…) é o mesmo, feito de sonho e saudade, que esse desventurado e grande António Nobre nos contou no oiro fino dos seus versos”.

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Paisagens - António Lemos, Notas d’Arte, Porto, 1906

“Ali me mostrou ele que embora longe de nós por tanto tempo, não se desabituara das cores e da luz da nossa boa terra. Não veio inebriado com o nebuloso da Escócia, com o cinzento da França, nem com o vermelho violáceo da Itália. Veio isento de escolas, preocupando-se só com o que via na natureza tal qual ela se apresentava, vibrante de luz se o sol espadanava rutilantemente no espaço, nebuloso e triste, se a névoa cobria a atmosfera e a paisagem que pintava. Era como que o executor da verdade tal como ela deve ser. Era, enfim, um paisagista perfeito e definidamente português.”

Manhã de Outono, 1893

Marinha (Foz), Casa-Museu Fernando de Castro, 1908, óleo sobre madeira

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P

Paisagem, 1903, óleo sobre tela, Museu Nacional Soares dos Reis

Castelo da Foz, 1909

Noite de Chuva- castelo da Foz, 1909

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Paisagem, 1901

Não voltará mais, pintura a óleo

“ Não voltará mais é outro poema de dor. Junto de uma bela árvore, um redodendro, uma viúva e uma criança olham o mar. Esse mar gigantesco e bárbaro que foi, decerto, quem subjugou para sempre o ente querido dessas duas figuras insinuantemente belas nas suas silhouetes” – in António de Lemos, Notas d’Arte, Porto, 1906

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Auvers-sur-Oise

Auvers-sur-Oise, 1883, Museu do Chiado

.Vista do Porto desde a Quinta da Macieirinha

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Paisagem, arredores de Melbourne, Museu Nacional Soares dos Reis

Campina Romana

Paisagem, 1901

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Cena de interior com menina, 1911

Artur Loureiro apresenta um corredor curto, que desemboca num outro aposento. A perspectiva é descentralizada e do lado esquerdo vemos uma menina embrulhada num xaile, mas que não nos olha: está remetida para os seus pensamentos. O ponto de fuga está no aposento ao fundo do corredor, onde a luz entra por uma janela. Mas o nosso olhar alterna entre esse foco de atenção e a menina, cuja veste escura contrasta com a parede branca. Temos um quadro intimista que convida à introspecção.

Mercado, Museu Nacional Soares dos Reis, 1903

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The seamstress's rêverie, 1887, Galeria Nacional de Victória

PINTURA NATURALISTA

O Naturalismo é um movimento surgido em França, na Literatura e artes plásticas, em meados do século XIX. A Pintura baseia-se na representação fiel da natureza, sem recorrer à idealização do Romantismo, captando a “realidade objectiva”, em detrimento da ideia de imaginação ou criatividade dominantes na arte oficial da época. Foi um movimento pictórico que, associado ao Realismo, veio propor uma pintura alternativa ao gosto dominante, abrindo caminho para o futuro Impressionismo. Em Portugal surge mais tarde, mas em compensação e apesar de partir dos modelos franceses, desenvolve-se de modo original, tanto ao nível da pintura como da escultura, colocando-se entre as principais “escolas” naturalistas mundiais.

Considera-se o ponto de viragem da arte no século XIX quando um grupo de pintores descontentes com a arte oficial – o Romantismo – se refugia na aldeia de Barbizon, em plena floresta de Fontainebleau, a cerca de 30 km de Paris, para pintar motivos fieis à natureza. O grupo, denominado convencionalmente por Escola de Barbizon, foi uma verdadeira quebra com as convenções pictóricas da época. Pela primeira vez nega-se a idealização e a quase obrigatoriedade de melhorar os modelos representados. O enquadramento torna-se secundário, pintando-se exclusivamente o que se vê, sem preocupações de ordem estética como na paisagem romântica

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A temática também foi muito variada. Abrange a paisagem, os campos, cenas rústicas, pitorescas, quotidiano, cenas burguesas, marinhas, tradições, retrato, animais, edifícios, interiores, exteriores, etc. Grande parte dos artistas portugueses aderiu incondicionalmente a esta estética, muito apoiada pelo público, mantendo-se até muito tarde, terminando apenas nos anos 40 de século XX. É de referir que em pleno século XX permanece a par do modernismo.

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Artur Loureiro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-05-02]

LEMOS, António de, Notas d’Arte, Porto, 1906

RIBEIRO, Arthur, Arte e artistas contemporâneos, 3ª série, Lisboa, Livraria Almedina, 1903