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249 ESTUDOS Erlinda M. Batista Shirley T. Gobara As concepções de professores de um curso a distância sobre o papel do fórum on-line Resumo Focaliza o papel do fórum on-line na concepção dos professores que atuaram em um curso de pós-graduação lato sensu a distância, realizado em uma instituição públi- ca de ensino superior. Os fóruns on-line associados a cursos são meios de interações assíncronas entre professores e alunos. Os fóruns das disciplinas do curso investigado foram observados e os sujeitos (professores e alunos), entrevistados no período de agos- to de 2004 a junho de 2005. As análises desses dados se basearam na noção de situação didática e contrato didático de Brousseau (1996, apud Silva, B., 2002), nos conceitos de interação social e aprendizagem de Vigotsky (2000) e nas idéias sobre a formação do professor de educação a distância (EaD), discutidas por Belloni (2001). Essas análises foram complementadas com discussões sobre a formação de comunidades de aprendi- zagem on-line e o papel do professor e do aluno virtual, segundo Palloff e Pratt (2004), e sobre os conceitos de ambientes digitais de aprendizagem de Almeida (2003). Conclui que as concepções de fórum dos professores do curso mencionado são oriundas de formação e práticas presenciais e que há poucos incentivos para atualização permanen- te desses profissionais. Constatou-se a necessidade de investimentos do poder público na formação continuada dos professores de EaD, que contribuam para mudanças de suas concepções e resultem em transformações de suas ações no ambiente virtual, necessárias para a sociedade da informação. Palavras-chave: fórum on-line; interação; educação a distância. Abstract The conceptions of distance course teachers on the role of the on-line forum This article reports a case study, which focused the role of the on-line forum in the conception of the teachers who worked in a post-graduation lato sensu distance course held by a public university. The on-line forums associated with courses are means of asynchronous interactions between teachers and students. The forums of the subjects of the course at issue were observed and the subjects (teachers and students) were interviewed in the period between August 2004 and July 2005. The analyses of these data were based on Brousseau´s notion of didactical situation and didactical contract (1996), on Vigotsky’s concepts of social interaction and learning (2000), and on the ideas about the formation of distance education teachers (EaD), discussed by Belloni (2001). These analyses were complemented with discussions about the formation of on-line learning communities and the roles of virtual teacher and students according to Palloff and Pratt (2004), and R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 87, n. 216, p. 249-261, maio/ago. 2006.

As Concepções de Professores

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ESTUDOS

Erlinda M. BatistaShirley T. Gobara

As concepções de professoresde um curso a distância sobreo papel do fórum on-line

Resumo

Focaliza o papel do fórum on-line na concepção dos professores que atuaram emum curso de pós-graduação lato sensu a distância, realizado em uma instituição públi-ca de ensino superior. Os fóruns on-line associados a cursos são meios de interaçõesassíncronas entre professores e alunos. Os fóruns das disciplinas do curso investigadoforam observados e os sujeitos (professores e alunos), entrevistados no período de agos-to de 2004 a junho de 2005. As análises desses dados se basearam na noção de situaçãodidática e contrato didático de Brousseau (1996, apud Silva, B., 2002), nos conceitos deinteração social e aprendizagem de Vigotsky (2000) e nas idéias sobre a formação doprofessor de educação a distância (EaD), discutidas por Belloni (2001). Essas análisesforam complementadas com discussões sobre a formação de comunidades de aprendi-zagem on-line e o papel do professor e do aluno virtual, segundo Palloff e Pratt (2004),e sobre os conceitos de ambientes digitais de aprendizagem de Almeida (2003). Concluique as concepções de fórum dos professores do curso mencionado são oriundas deformação e práticas presenciais e que há poucos incentivos para atualização permanen-te desses profissionais. Constatou-se a necessidade de investimentos do poder públicona formação continuada dos professores de EaD, que contribuam para mudanças desuas concepções e resultem em transformações de suas ações no ambiente virtual,necessárias para a sociedade da informação.

Palavras-chave: fórum on-line; interação; educação a distância.

Abstract The conceptions of distance course teachers onthe role of the on-line forum

This article reports a case study, which focused the role of the on-line forum in theconception of the teachers who worked in a post-graduation lato sensu distance courseheld by a public university. The on-line forums associated with courses are means ofasynchronous interactions between teachers and students. The forums of the subjects ofthe course at issue were observed and the subjects (teachers and students) were interviewedin the period between August 2004 and July 2005. The analyses of these data were basedon Brousseau´s notion of didactical situation and didactical contract (1996), on Vigotsky’sconcepts of social interaction and learning (2000), and on the ideas about the formationof distance education teachers (EaD), discussed by Belloni (2001). These analyses werecomplemented with discussions about the formation of on-line learning communitiesand the roles of virtual teacher and students according to Palloff and Pratt (2004), and

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about Almeida’s concepts of digital learning environment (2003). It may be concludedthat the conceptions of forum that the teachers of the aforementioned course have areoriginated from presence formation and practice and that there is little incentive forbringing these professionals up to date. It was concluded that there is a need for Stateinvestments in the continuous formation of EaD teachers, so as to contribute to changesin their conceptions and to bring about transformations of their actions in the virtualenvironment, aspects necessary for the information society.

Keywords: on-line forum; interaction; distance education.

Introdução

Este trabalho apresenta as concepçõesdos professores sobre o papel do fórum on-line em cursos a distância. Esses professo-res atuaram na terceira edição do curso depós-graduação lato sensu a distância, ofe-recido por uma instituição federal de ensi-no superior no período de fevereiro de 2004a junho de 2005.

No levantamento bibliográfico realiza-do, verificou-se que não há muitas pesqui-sas sobre a utilização do fórum na litera-tura. Partindo-se dessa constatação, a ques-tão básica que originou o estudo foi: quaisas concepções de fórum on-line em umcurso a distância? Além dessa, questõescomplementares foram analisadas na pes-quisa realizada, a saber:

1) De que forma a construção doconhecimento em um curso a dis-tância pode ser realizada usando-seo fórum on-line?

2) Qual o perfil do professor usuário dofórum on-line no curso observado?

3) Quais as concepções dos professo-res do curso sobre o fórum on-line?

Entre as respostas para as questões aci-ma especificadas, buscou-se ressaltar as re-lacionadas com as concepções de fórumon-line dos professores, objeto deste arti-go, considerando-se as informações obti-das nas entrevistas e nas observações desuas práticas pedagógicas ao longo do pe-ríodo de realização do curso investigado.Além dos professores, os alunos tambémforam entrevistados e observados em suasparticipações nos fóruns on-line das disci-plinas oferecidas no curso.

Este artigo se justifica pela relevânciae pela necessidade de se discutir temáticasque tratam da utilização de tecnologiaseducacionais em cursos a distância, parti-cularmente aquelas que tratam dos meios

que possibilitam a interação entre oprofessor e o aluno e/ou entre alunosintermediada pelos ambientes on-line eoff-line,1 neste caso, o fórum.

As concepções de fórum on-line apre-sentadas pelos professores investigados,de uma forma geral, identificam-no comouma ferramenta de comunicação e/ou umrepositório de atividades. Essas concep-ções limitam as possibilidades deinteração entre professor-aluno e entre alu-nos e interferem na qualidade da interaçãoentre eles. Baseado nesse resultado, esteestudo faz uma reflexão, não exaustiva,ressaltando a importância das concepçõessobre o papel do fórum on-line para oscursos a distância e sugere o fórum comoum espaço virtual de interação, constitu-indo-se um ambiente potencialmente fa-vorável à construção do conhecimento.Este estudo visa contribuir para a forma-ção de docentes que atuam e que vão atu-ar na educação a distância (EaD).

O fórum on-line e a educaçãoa distância

A palavra fórum atualmente temdiferentes significados, a partir do contextoa que se refere. Alguns exemplos são:fórum jurídico, fórum humorístico, fórumde discussão, entre outros.

O significado original dessa palavra,segundo o Novo Aurélio, vem do latimforum – algo que permite o movimento,ou apresenta movimento – e do gregophorós, “carregar”, “transportar”, “apresen-tar certo movimento” (Ferreira, 1999, p.932).

Entre os diferentes significados queessa palavra pode assumir, na versão deHouaiss (2004, p. 352) fórum é definidocomo “reunião, congresso, conferênciapara debate de um tema”. De acordo como dicionário on-line da Columbia, por

1 Moran (2006) define on-linecomo a comunicação emtempo real e off-line como acomunicação em temposdiferentes.

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exemplo, fórum significa um encontropúblico para discussão aberta.2 Baseadoem definições como as duas últimas, sur-giram os chamados fóruns de discussão,disponibilizados como uma ferramentapara ambientes virtuais, destinados apromover debates on-line e off-line.

No contexto do ambiente virtual,alguns artigos referentes à informáticaeducativa tratam o fórum como um espa-ço de discussão e debates para assuntosde interesse comum aos membros de umdeterminado grupo.

Para Silva (2006), fórum de discussãoé a área de interação assíncrona onde osparticipantes podem trocar opiniões e de-bater temas propostos – “provocações”.

Segundo Moran (2006, p. 1), podehaver dois tipos de fórum: os fóruns ge-rais, que se destinam a todos e podem serorganizados em grupos para discutirassuntos dos respectivos interesses, e osfóruns de grupos, que podem ser abertospara todos ou só para uma equipe, depen-dendo do grupo e da atividade. Para am-bos os tipos, “um fórum previamenterealizado é um ambiente virtual de apren-dizagem, quando utilizado para atividadesde apoio ao professor”.

Almeida (2003, p. 5) considera ofórum on-line um recurso dentro de umambiente virtual de aprendizagem: “Osrecursos dos ambientes digitais deaprendizagem são basicamente os mes-mos existentes na Internet (correio,fórum, ...).”

Na abordagem de recursos deaprendizagem on-line, Preece (2000, apudPalloff, Pratt, 2004, p. 37) observa que seos recursos utilizados on-line tiverem ape-nas a função de “transmitir informação aosalunos, não se poderá considerar que a salade aula on-line constitui uma comunidadede aprendizagem on-line”.3

Fórum on-line como um recursocomputacional utilizado por professorese alunos em atividades interativas com in-teresses comuns para atingir um determi-nado objetivo pode ser, também,considerado como um artefato.4

O fórum on-line analisado como umartefato computacional fundamenta-se nateoria da atividade.5 De acordo com essateoria, o artefato contempla a necessidadede relacionar as atividades característicasde um ambiente virtual com o desenvol-vimento das atividades humanas ecriativas. Para Barsotti (2002, p. 10),

A teoria da atividade toma como unidadede análise um sistema coletivo de ativi-dade mediada por artefatos e orientadapara um objeto. Nesse enfoque, a unida-de de análise é o sistema de atividadesque tem como elementos ... os artefatosmediadores, o objeto, o sujeito, as regras,a comunidade e a divisão do trabalho.

Segundo Barsotti (2002, p. 13), nateoria da atividade os artefatos “desempe-nham o papel de mediadores dopensamento e comportamento humanos”.

Esses mediadores, numa perspectivahistórico-cultural a partir das idéias deVigotsky (2000), constituem instrumentos(técnicos e ferramentas) e signos6

(especialmente a linguagem). Ele afirma:

Todas as funções psíquicas superiores sãoprocessos mediados, e os signos consti-tuem o meio básico para dominá-las e di-rigi-las. O signo mediador é incorporadoà sua estrutura como uma parte indispen-sável, na verdade a parte central do pro-cesso como um todo (p. 70).

Pode-se afirmar que os signos(especialmente a linguagem verbal escritaou falada) e os instrumentos (em particu-lar o fórum on-line) são mediadores dasfunções psíquicas superiores do indivíduo.

Para Silva, L. (2004, p. 37),“instrumentos e signos são meios que ori-entam o comportamento humano de dife-rentes maneiras, e que permitem ao indi-víduo controlar e transformar o ambientefísico e social do qual ele é parte integran-te, como também controlar e transformarseu próprio comportamento”.

O fórum on-line não deve ser utilizadocomo um fim em si, mas como um instru-mento mediador entre professores e alu-nos e entre os próprios alunos na busca doobjeto “conhecimento”. Nesse sentido, oseu uso deve ter a função de gerar um pro-duto, o conhecimento, pela criação de umdebate coletivo, de um texto coletivo, deuma discussão intelectual a respeito de de-terminado tema de uma disciplina, sob aorientação e cooperação de um professorou de um aluno, parceiro no curso.

A utilização do fórum on-linepossibilita uma flexibilidade de espaço ede tempo dos sujeitos envolvidos no cur-so. Ele pode armazenar o objeto, o conhe-cimento, as atividades, as discussões cole-tivas, o texto coletivo e mediar as trocas

2 “a public meeting placefor open discussion”.Disponível em: http:/ /www.thefreedictionary.com/Forums. Acesso em: 1º deagosto de 2006.

3 Comunidade de aprendiza-gem on-line é definida porPalloff e Pratt (2004) comoum grupo de pessoas, profes-sores, alunos e coordenaçãocom um objetivo comum derealizar uma aprendizagempermeada por uma práticareflexiva, com políticas (di-retrizes de curso) comuns eum sistema computacional(um site onde se hospeda ocurso on-line).

4 Barsotti (2002) defineartefato como uma ferramen-ta que medeia determinadaatividade e que conecta umapessoa não apenas com omundo dos objetos, mastambém com outras pessoas.

5 “A teoria da atividade é umenfoque interdisciplinarpara as ciências humanas,que se constitui em umalinha de teorização e pesqui-sa originada na escola depensamento da psicologiacognitivista histórico-cultural com Vigotsky,Leontiev e Luria entre as dé-cadas de 20 e 30.” (Barsotti,2002, p. 9).

6 “tudo o que é utilizado pelohomem para representar,evocar, ou tornar presente oque está ausente constituium signo: a palavra, o dese-nho, os símbolos” (Fontana;Cruz, 1997, apud Silva, L.,2004, p. 37).

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de informações entre os seus usuários,professores e alunos, em espaços e temposdiferentes.

O fórum on-line, no contexto dapesquisa realizada, foi considerado comoum ambiente virtual de ensino e apren-dizagem cujo papel principal é o de ser-vir como um meio que possibilitainterações síncronas e ou assíncronasentre os elementos do sistema didático –professor, aluno e o saber – (Chevallard,2001) e que também comporta relaçõessociais, linguagens e informações carac-terizadas pela historicidade dos indiví-duos presentes nesse meio. É através des-se meio que se estabelecem as relações eas interações entre os sujeitos desse sis-tema (os alunos, professores e coordena-ção do curso), promovendo-se discussõese debates coletivos, independentementedo tempo e espaço onde estãolocalizados, com vista à construção doconhecimento.

O fórum on-line de um curso adistância, além de ser um instrumento quefunciona como um artefato em um espaçovirtual de aprendizagem, possui tambémuma função comunicacional: a de umrepositório de informações. Entretanto, oprincipal papel do fórum deve ser o de ser-vir como um mediador, um meio prepara-do pelo professor, para que ocorram asinterações entre o(s) professor(es) e os alu-nos e entre os próprios alunos para pro-mover a aprendizagem. Esse meio deve sertransparente e se assemelhar ao ambientefísico de uma sala de aula concreta; ummeio em que as interações realizadas per-mitam o compartilhamento e a apreensãodo novo conhecimento por aqueles que obuscam.

Nessa visão, em que o fórum éconsiderado um artefato, as ações do pro-fessor são, também, relevantes. Almeida(2003, p. 72) afirma:

Para o docente-formador intervir nesseprocesso, é preciso que ele assumaconcomitantemente diversos papéis, taiscomo: mediador, observador e articulador.A sua função principal é de orientar aaprendizagem dos alunos – uma aprendi-zagem que se desenvolve na interaçãocolaborativa entre formadores, formador,especialistas e outros envolvidos, propi-ciando a criação de uma rede de comuni-cação e colaboração, na qual todos seinter-relacionam.

Em outras palavras, os professores deeducação a distância assumem papéis queextrapolam a mera orientação pedagógicados alunos. As experiências vivenciadase relatadas por Almeida e Prado (2003),em um curso totalmente a distância, mos-traram a relevância e a necessidade da cri-ação de uma cultura de EaD fundamenta-da na interação e na colaboração entre ossujeitos do curso. No contexto do ambien-te de aprendizagem colaborativa,7 os no-vos conhecimentos são construídos pelogrupo, de forma coletiva, e as práticas pe-dagógicas e experiências cotidianas de salade aula dos alunos são refletidas e sociali-zadas no e para o grupo, a fim de sereelaborar o conhecimento no coletivo.

Na perspectiva da aprendizagemcolaborativa, segundo Almeida e Prado(2003, p. 76), há um rompimento da con-cepção de que o professor detém a tarefade transmitir as informações, solicitar ta-refas e definir caminhos a serem seguidos.Nesse modelo de aprendizagem, o papeldo professor passa a ser o “de orientador eprincipalmente de parceiro na aprendiza-gem e novas descobertas, respeitando asidéias e estilos de trabalho dos alunos”.

Almeida (2003, p. 77) destaca que acaracterística peculiar do desenvolvimen-to e do ritmo das atividades de um cursototalmente a distância exige dos professo-res e do coordenador uma postura de aber-tura, flexibilidade e compreensão paraaprender e desenvolver um plano de ati-vidades que dê não apenas uma direçãono ambiente virtual, mas também permi-ta – a partir dos registros textuais presen-tes nas diversas ferramentas do ambientevirtual, como fóruns, webfólios, chats –uma reformulação coerente com arealidade e necessidade dos alunos.

Um papel secundário do fórumon-line é o de permitir que as mensagenssejam postadas em seu espaço interno; seusícones e funções devem possibilitar as ope-rações dos sujeitos e a execução das tarefassolicitadas. Nesse caso, ele tem também afunção de uma biblioteca, de umcomunicador onde se postam e armazenamas mensagens, as discussões, os debates ouos objetos para serem utilizados a qualquermomento do curso. Suas característicasdevem ser de simplicidade e funcionalida-de, para que não ocorram falhas no enviode uma mensagem ou falhas no acesso, emqualquer tempo, de qualquer um dossujeitos envolvidos nesse ambiente.

7 A aprendizagem colaborativaé definida por Palloff e Pratt(2004, p. 58) a partir dadefinição de atividade co-laborativa. Para esses autores,“a atividade colaborativa emum curso on-line – seja pormeio de projetos feitos emgrupos pequenos, simulações,trabalhos com estudos decasos ou outros métodos – éprovavelmente a melhor ma-neira de abranger todos osestilos de aprendizagem dogrupo”.

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O processo de ensino e aprendizagemem cursos a distância pode serimplementado a partir das interações so-ciais que ocorrem nas situações didáticasplanejadas para o fórum. É indispensávelque o professor as prepare e que o fórumnão seja apenas um repositório de infor-mações a ser utilizado pelos sujeitos quebuscam o conhecimento.

Neste artigo objetivou-se discutir opapel do fórum on-line em um curso adistância, bem como as concepções defórum dos professores que participaram doestudo de caso. Este estudo percorreu ca-minhos que permearam as análises sobrea utilização do fórum on-line pelos pro-fessores e alunos, a partir das investiga-ções dos problemas e dificuldades no usodesse meio, e o levantamento das concep-ções dos professores acerca do papel desseartefato.

A pesquisa tratada neste artigo tevecomo base teórica as idéias de Brousseau(1996) a respeito das situações didáticas edo contrato didático e as noções deinteração de Vigotsky (2000). No que tan-ge aos aspectos da formação do professorde EaD apresenta-se uma breve discussãodas idéias discutidas por Belloni (2001),da formação de comunidades de aprendi-zagem on-line, do papel do professor e doaluno virtual de Palloff e Pratt (2004), esobre os conceitos de ambientes deaprendizagem digital de Almeida (2003).

A formação do professorde EaD

Na abordagem construtivista, oprocesso de aprendizagem é analisado le-vando-se em conta a difícil questão a sersuperada pelo professor: a de encontrar umequilíbrio entre a quantidade de informa-ção acumulada e a forma de apreensãodesse conhecimento por parte do aluno –equilíbrio no sentido de optar por um co-nhecimento que tenha significado para oaluno em detrimento da quantidadeexigida nos currículos das escolas.

A formação do professor, no contextoda teoria de situação didática (Brousseau,1996, apud Silva, B., 2002), deve serorientada para uma prática baseada no co-nhecimento do aluno. A situação didáticadiscutida por Brousseau (1996, apudChevallard, 2001, p. 217) compreende “asrelações estabelecidas explícita ou

implicitamente entre os alunos, umdeterminado meio (que inclui instrumentose objetos) e o professor, com o objetivo deque os alunos aprendam o conhecimento”.

Para que a aprendizagem se realize nasdiferentes situações didáticas, algumas re-gras devem ser observadas e respeitadas.Essas regras são estabelecidas no ContratoDidático.

Chama-se contrato didático o conjunto decomportamentos do professor que são es-perados pelos alunos e o conjunto de com-portamentos do aluno que são esperadospelo professor [...]. Esse contrato é o con-junto de regras que determinam uma pe-quena parte explicitamente mas sobretu-do implicitamente, o que cada parceiro darelação didática deverá gerir e aquilo que,de uma maneira ou de outra, ele terá deprestar conta perante o outro (Brousseau,1986, apud Silva, B., 2002, p. 43-44).

São as regras do contrato didático quepermitem aos sujeitos da situação, profes-sores e alunos, interagirem com o objetode aprendizagem – o conhecimento – atra-vés de um meio preparado pelo professor,que é o organizador das ações de todos ossujeitos envolvidos nessa situação.Segundo Chevallard (1988, apud Silva, B.,2002, p. 60-61),

O contrato didático reúne (criando-oscomo tal) três termos (três instâncias) enão duas como se acredita algumas ve-zes. O aluno (o sujeito a quem se ensina),o professor (o sujeito que ensina) e o sa-ber, considerado como o “saber ensinado”.O contrato rege, portanto, a interação di-dática entre professor e alunos a propósi-to do saber [...] as cláusulas do contratoorganizam as relações que os alunos eprofessores mantêm com o saber.

O contrato didático, segundoChevallard (2001), apresenta alguns para-doxos em função de duas ocorrências:

1) O aluno pode realizar a apren-dizagem quando obtém o sucesso,quando ele assume a responsabilida-de de resolver certos problemas dosquais não lhe ensinaram a solução.

2) O aluno se revolta porque não saberesolver o problema, e o professorse surpreende porque considerasuas explicações suficientes.

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As insatisfações de ambos, professore aluno, levarão à ruptura do contratodidático gerando uma crise na relação, oque provocará a renegociação de um novocontrato e a busca de um novo conheci-mento. A crise e a busca do conhecimentopela ruptura contribuem para a aprendi-zagem. Chevallard (2001, p. 219) afirma:“a aprendizagem não repousa, na verdade,sobre o bom funcionamento do contrato,mas sobre suas rupturas”.

Ressalta-se, entretanto, que

[...] Contratos didáticos mal-adaptados oumal-compreendidos podem originar mui-tos mal-entendidos e a sensação, por partedos alunos, de terem sido enganados. [...]Esses descontentamentos podem gerar re-cusas ou, até mesmo, verdadeiros fracassosescolares.” (Silva, B., 2002, p. 63).

Um outro conceito importante a serconsiderado pelo professor que atua emEaD é o de interação, que será discutidocom base nas idéias sociointeracionistas deVigotsky (2001b, apud Facci, 2004, p. 184):

O próprio aluno se educa [...] não cabe aoprofessor educar [...], ele tem que levar oaluno a pensar nesses conhecimentos [...],o professor é o organizador do meio soci-al educativo, é ele quem regula e controlaa sua interação com o educando.

É responsabilidade do professororganizar um meio com dificuldades a se-rem superadas por seus alunos. O profes-sor deve possuir um amplo conhecimentocientífico sobre o meio e o domínio do con-teúdo de sua disciplina num contexto dedesenvolvimento das ciências.

A tarefa do professor é ensinar aoaluno aquilo que ele não consegue desen-volver por si mesmo; suas ações de orien-tação são mediadoras entre o aluno e osconceitos científicos, resultando a forma-ção dos processos psicológicos superioresno indivíduo.

Vigotsky (2000) defendeu que aexperiência socioistórica é relevante parao aluno desenvolver seus processos psico-lógicos superiores. Ou seja, é importanteque o aluno receba na escola o conheci-mento das experiências socioistóricas, afim de que ele transforme seu próprio co-nhecimento e desenvolva seus processoscognitivos. Os resultados das pesquisas deVigotsky (2000) mostraram que o indivíduo

elabora melhor o pensamento acerca deum problema, de modo mais rigoroso, ana-lítico e lógico, quando numa situação co-letiva – de interação social – em que éacompanhado ou ajudado por uma pessoamais experiente. Enfatiza-se, também, aimportância do aspecto afetivo nainteração professor-aluno e no desenvol-vimento do sistema psíquico do indivíduo,onde o ensino escolar tem papel básico.

As interações coletivas vivenciadas nofórum do curso a distância se constituemfocos de interesses, dentro das idéias queembasam as análises das comunicaçõespela linguagem, e favoreceram o entendi-mento pedagógico e a construção dosprocessos cognitivos dos alunos.

Além das teorias discutidas,apresenta-se uma discussão sobre as ca-racterísticas principais do perfil do pro-fessor de educação a distância baseada nasidéias de Belloni (2001), de Palloff e Pratt(2004) e de Almeida (2003). As caracterís-ticas e singularidades que definem tal pro-fessor estão sendo, ainda, estabelecidas naconjuntura global e de transição pela qualesse profissional passa.

O perfil do professor de EaD

Os professores inseridos na realidadeda EaD são, em geral, profissionais forma-dos no ensino presencial. Em alguns ca-sos eles possuem, além dessa formação,experiências e participações em cursos deatualização ou especialização em EaD, oque os tornam mais bem preparados paraatuar na docência a distância.

A EaD exige do professor, alémdaquelas atitudes e ações necessárias deum profissional de educação, um ajustefundamental em seus planejamentos deatividades, nos seus conceitos de espaçoe de tempo, e de suas concepções de cursoa distância.

Até meados de 90 havia em relação aEaD uma “indefinição conceitual einstitucional” que influenciava as funçõese atuações do professor (Marsden, 1996,apud Belloni, 2001, p. 79). Hoje, emboraela faça parte das ofertas de várias empre-sas, universidades, escolas e centros detreinamento, o professor ainda não tem umpapel definido e desempenha várias fun-ções, para muitas das quais ele não foipreparado. Belloni (2001) reuniu essasfunções em três grupos:

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1) responsabilidade de criar cursos emateriais;

2) gerenciamento do planejamento, daorganização, da administração aca-dêmica (matrícula e avaliação),bem como a distribuição demateriais; e

3) acompanhamento do aluno no pro-cesso de aprendizagem (tutoria,acompanhamento e avaliação).

Belloni (2001, p. 84-85) comenta queas dificuldades de integração dos três gru-pos de funções são vivenciadas por profes-sores que atuam ou que já atuaram pelomenos uma vez na EaD. Ela afirma que acriação do cargo de “Tecnólogo Educacio-nal” veio para resolver esses problemas,uma vez que esse profissional tem o papelde garantir a “transposição do discurso es-crito do professor/autor para as linguagensadequadas aos suportes técnicos”.

Seja na EaD ou no ensino presencial,Belloni (2001) considera que a formaçãodo professor deve contemplar três dimen-sões fundamentais: a pedagógica, atecnológica e a didática.

Contribuindo também para aconstrução de um perfil próprio do pro-fessor de EaD, Palloff e Pratt (2004, p. 39)observam que “o papel e a presença do pro-fessor são fundamentais na formação dacomunidade de aprendizagem on-line”.

Uma das principais características,apontadas por esses autores, que o profes-sor de EaD deve ter, é a competência deampliar a interação no ambiente on-lineao máximo: “Incentivar a discussãoassíncrona é a melhor maneira de susten-tar a interatividade de um curso on-line.”Para eles, o professor de EaD pode mantera interação através de perguntas amplasno sentido de alcançar um equilíbrio en-tre a interação excessiva e a interação in-suficiente. Ressaltam a importância de osprofessores de EaD apresentarem uma boaparticipação na comunidade de aprendi-zagem on-line. O professor responsávelpela aprendizagem nessa comunidadedeve conectar-se com freqüência ao gru-po e contribuir para a discussão e forma-ção da comunidade (Palloff, Pratt, 2004,p. 47-48).

Entre outros papéis, Almeida (2003)menciona “acompanhar o aluno em seudesenvolvimento no curso, o estar juntovirtual”, com uma função de orientar o alu-no, “provocá-lo no sentido de fazê-lo

refletir, compreender os equívocos edepurar suas produções”. Entretanto, issonão significa que o professor estará on-line24 horas ou sempre que o aluno precisar;embora se faça presente no ambiente docurso com freqüência, ele não está no am-biente com o objetivo de controlar o alunoou o seu desempenho – isso significaria umretrocesso para um ambiente digital deaprendizagem. Ainda para esse autor, noambiente digital de aprendizagem há umasofisticação que exige do aluno certa auto-nomia e uma quebra da relação de depen-dência do aluno, característica de “umaabordagem de ensino que em algumassituações tradicionais já se mostraram ina-dequadas e ineficientes” (Almeida, 2003,p. 5).

A formação esperada do professor éaquela que desenvolva, também,competências em direção a uma prática pe-dagógica reflexiva, em que teoria e práticase aliem, e que lhe dê autonomia na apli-cação dos saberes, possibilitando a concep-ção, planejamento e promoção de práticaspedagógicas específicas a EaD.

Metodologia

A metodologia utilizada foi a dapesquisa qualitativa, do tipo estudo decaso. O fórum on-line do curso pesquisadofoi desenvolvido por uma equipe de doisprofessores do próprio curso, sendo umdeles o coordenador na primeira edição docurso e o outro, designer educacional, web-designer e web-master, entre outros papéisa ele atribuídos e confirmados em seusdepoimentos na entrevista. Este utilizou,para a criação do fórum, ferramentas de-senvolvidas em software livre, entre elas osistema operacional Linux, o banco de da-dos Mysql e o processador de scripts PHP.Os scripts do fórum tiveram como base ow-Agora,8 um sistema de publicação egerência de fórum na web.

O curso foi oferecido com dezdisciplinas disponibilizadas no ambienteon-line duas a duas para cada período dedois meses, de acordo com o calendário di-vulgado no início do curso. Nos períodosde férias (julho, dezembro e janeiro) hou-ve uma variação na quantidade de disci-plinas: foram disponibilizadas trêsdisciplinas por período.

Elaborou-se um fórum on-line paracada disciplina do curso. A disponibilidade

8 Este software está disponívelem: http://w-agora.net/en/index.php. Acesso em: 6 deagosto de 2006.

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dos conteúdos das disciplinas no ambienteon-line ocorreu simultaneamente à aber-tura de seus fóruns. A primeira aula decada disciplina foi presencial, conforme ocalendário do curso, e ocorreu um dia apósa apresentação dos conteúdos no ambienteon-line.

Após o término da disciplina, previstono calendário, os alunos tinham mais 30dias, conforme as regras implícitas no con-trato didático, para postar no fórum todasas atividades e trabalhos de conclusão dadisciplina.

Os dados da pesquisa foram coletadosnas entrevistas com os professores, alunose coordenador do curso, nas informaçõesobtidas nos fóruns das disciplinas e napesquisa documental.

As observações do ambiente foramrealizadas acessando-se os fóruns viaInternet e tomando-se notas das participa-ções, o que ocorreu até o final de junho de2005, quando se fechou o oferecimento dasdisciplinas. No período de setembro de2004 a abril de 2005 foram realizadas asentrevistas com os professores emconcomitância com as observações dosfóruns, tendo essas se estendido até junhode 2005.

A freqüência das observaçõesdiminuiu em função do término das dis-ciplinas e da conseqüente diminuição dasinterações no fórum. Verificou-se que ape-nas três fóruns fecharam o recebimento demensagens após o período de 30 dias deencerramento. Nos demais, em dois fórunsnão houve fechamento, apenas uma dimi-nuição na quantidade de interações con-forme a dinâmica do professor e do própriofórum, e cinco foram mantidos ativos pormais de dois meses, mas os professores nãoparticiparam, isto é, não mais postaramatividades ou respostas às dúvidas. Houve,também, reduzido número de mensagensdurante o período de funcionamento dadisciplina.

Para as entrevistas com os professores,elaborou-se um roteiro contendo 10 ques-tões abertas pertinentes ao uso do fórum.Dez professores do curso foram entrevista-dos; cada um deles era responsável por umadisciplina e seu respectivo fórum. Desses,um foi entrevistado duas vezes, por acumu-lar os cargos de professor e coordenador docurso.

Para a tabulação dos dados, osprofessores foram organizados por letrasdo alfabeto, de A a J, mantendo-se assim o

sigilo das informações e o respeito aosdocentes investigados.

O tratamento dos dados ocorreu apartir das análises detalhadas das respos-tas de cada professor, seguida por uma aná-lise geral e pelo cruzamento dos resultadosdas questões.

Neste artigo são apresentadas asanálises dos dados de cinco questões dasentrevistas com os professores e nos dadosde uma questão da entrevista com osalunos, em razão do recorte que se fez,visando levantar as concepções de fórumon-line dos professores. A entrevista comos alunos foi realizada mediante umquestionário contendo 10 questões do tiposemi-estruturado, aplicado aos 53 alunosdurante o seminário presencial da discipli-na “Recursos Didáticos em EaD”, no mêsde outubro de 2004. Trinta e doisdevolveram os questionários respondidos.

Análises e resultados

Para levantar as concepções acerca dopapel do fórum on-line na visão dos pro-fessores do curso pesquisado, foramanalisadas apenas algumas questões dasentrevistas dos professores e alunos. Foramacrescentadas a essas análises as informa-ções obtidas na observação do fórum decada disciplina, obtendo-se assim infor-mações que possibilitaram estabeleceruma comparação entre as concepções des-ses professores a partir dos seus depoimen-tos e de suas respectivas participações(práticas pedagógicas).

Análises dos resultadosdas entrevistas

com os professores

Serão apresentadas as análisesrelativas às questões 1, 2, 5 e 8 daentrevista realizada com os professores,por acreditar-se que essas questões subsi-diam a investigação acerca das concepçõesdesses professores sobre o papel do fórumon-line.

Na primeira questão – “Você já fez usodo fórum em outras disciplinas?” – , os re-sultados mostraram que dois professoresnão haviam utilizado o fórum antes docurso. Esses docentes não tinham experi-ências no uso do fórum, e a formaçãorelacionada com a dimensão tecnológica

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necessária, em particular do uso desserecurso, não estava contemplada.

Segundo Belloni (2001), a formaçãodos professores de EaD deve ocorrer nastrês dimensões fundamentais: pedagógica,didática e tecnológica. O fato de dois do-centes sem experiência no uso do fórumon-line terem sido selecionados para atu-arem no curso pode ser interpretado porduas vias: ou a seleção priorizou outrosaspectos da formação desses docentes ounão houve critério quanto à exigência deexperiência em ambientes on-line comopré-requisito para a seleção. Problemasdessa natureza podem ser remediados sea organização do curso oferecer umacapacitação que contenha em seus conteú-dos não apenas o desenvolvimento da ha-bilidade para trabalhar com tecnologias deinformação, mas também uma reflexãosobre o papel desses artefatos, neste casoo fórum, e a relevância da participação dodocente para incentivar e proporcionar ainteração nesse ambiente (Palloff, Pratt,2004). Caso contrário, a capacitação é inó-cua e pode reproduzir uma concepçãoinadequada de uso do ambiente on-line.

Na segunda questão – “Você tevedificuldades ou venceu falhas na utiliza-ção do fórum?” –, sete dos dez professoresdisseram que encontraram dificuldades.Entre os que responderam afirmativamen-te, observou-se que dois não utilizaram ofórum on-line durante todo o curso; osoutros cinco postaram mensagens. Quan-to aos três que afirmaram não enfrentardificuldades, verificou-se um reduzidonúmero de mensagens nos fóruns de suasrespectivas disciplinas.

A análise das duas primeiras questões(questões 1 e 2) mostrou que, embora oitotenham afirmado que já haviam utilizadoo fórum, apenas três afirmaram não en-contrar dificuldades. Verificou-se, pela ob-servação do ambiente e pelas respostas nasentrevistas, que nove professores não do-minavam o uso do fórum, isto é, não seencontravam preparados para utilizar ofórum on-line no curso pesquisado. Ape-nas uma professora manteve interaçõesenvolvendo réplica e tréplica em seufórum, embora ela também tenhaencontrado dificuldades.

Segundo Palloff e Pratt (2004, p. 47), oprofessor deve estimular a participação doaluno no ambiente on-line buscando “sus-tentar a interatividade do curso on-line”.Para a maioria dos professores observados,

a interatividade não foi sustentada, e nofórum de um professor não houve qualquerinteração.

Foram observadas mensagens dealunos reclamando da falta de respostas dealguns professores às suas dúvidas. A faltade interações sugere que esses professoresdesconhecem as potencialidades do fórumon-line. Essa ausência de mensagens do pro-fessor evidencia um descumprimento docontrato didático (Chevallard, 1988, apudSilva, B., 2002) e reforça a concepção de queo fórum serve apenas para o aluno postarali suas atividades ou tarefas.

Os professores partidários daconcepção de que o fórum é apenas ummeio a mais de comunicação com os alu-nos não sentem dificuldades no uso desseartefato.

Para aqueles que admitiram encontrardificuldades – sete professores, um dos quaisnão trocou mensagens – , observou-se queas dificuldades estavam relacionadas à faltade familiaridade de alguns professores comesse tipo de ferramenta, à concepção defórum como uma ferramenta apenas de co-municação, à concepção equivocada ao con-fundir o chat com o fórum e até mesmo àfalta de conhecimento sobre o funcionamen-to desse ambiente, como foi observado naatitude de um dos dois professores que nãochegaram a postar sequer uma mensagem emseu fórum. Um destes, ao ser questionadona entrevista por que não havia dado retor-nos aos seus alunos, respondeu: “Ah, já voulogo te avisando, eu não tenho aberto o fórumporque ele só abre lá na coordenadoria deeducação a distância” (Entrevista, ProfessorG, 1º/4/05). A dificuldade apresentada poresse professor mostrou uma concepção equi-vocada de fórum, além de um certo descasopara com o curso e para com os alunos, ca-racterizando, também, uma ruptura do con-trato didático (Chevallard, 1988, apud Sil-va, B., 2002). Mostrou ainda desconhecer ascaracterísticas de um ambiente de curso on-line, bem como sua assincronicidade (Palloff,Pratt, 2004). O outro professor que nãointeragiu no fórum, ao ser questionado porque ainda não havia trocado mensagens nofórum, respondeu que teve problemas parti-culares (doenças) com a família. A falha des-se professor, que não foi suprida pelacoordenadoria, evidenciou dificuldades porparte da coordenação do curso.

Uma outra dificuldade observadaestava relacionada com o fórum dacoordenadoria; mensagens de professores

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e de alunos foram postadas para o fórumda coordenadoria contendo dúvidas e re-clamações que não foram respondidas.Esse fato evidenciou algumas falhas na or-ganização do curso, bem como concepçõesinadequadas de utilização do fórum, umavez que o regulamento do curso não apre-sentou políticas (diretrizes e normas) defi-nidas de utilização, no sentido de estabe-lecer um termo de compromisso queexplicitasse as funções do professor e queassegurasse seu compromisso de dar retor-nos nos fóruns (interagir com os alunos)durante todo o período de utilização domeio ou de vigência do curso. Os fórunsque tiveram as mensagens neles postadase não foram respondidas receberam recla-mações dos alunos (também enviadas parao fórum da coordenação); isto, porém, nãoresultou em medidas, por parte da coorde-nação, que garantissem o direito do aluno.Na realidade, esses compromissos foramconsiderados nas regras implícitas docontrato didático de cada disciplina.

A coordenação do curso deve serpreparada para o gerenciamento do plane-jamento, da organização, da administraçãoacadêmica e do acompanhamento do alu-no no processo de aprendizagem. Consi-derando-se que o fórum é o meio pelo qualos alunos interagem com o professor e en-tre si, na ausência do professor, como umagente “provocador” dessa interação,caberia à coordenação providenciar umatutoria que acompanhasse os diversosfóruns (Belloni, 2001).

As dificuldades observadas nautilização do fórum ao longo do curso e asinformações obtidas nas entrevistas comos professores evidenciaram que tanto osprofessores quanto os conceptores do cur-so compartilham da concepção de fórumcomo uma ferramenta de comunicação, umrepositório de atividades, o que poderia,em parte, justificar a postura dacoordenação e de alguns professores.

Na quinta questão – “Na sua opinião,qual a importância do fórum com relaçãoàs outras formas de interação (e-mail, chat,blog, lista de discussão, etc.) com o alu-no?” –, sete professores consideraram ofórum um recurso que permitiu maiorinteração em relação ao e-mail, chat, listade discussão e blog. Dos três restantes, umafirmou que o fórum contribuiu para ainteração tanto quanto qualquer outro re-curso, tendo ressaltado que essa interaçãodepende do professor. O outro deu resposta

não conclusiva e o terceiro afirmou que ofórum permite o compartilhamento dasinformações, considerando o chat orecurso que permitiu maior interação.

A análise da questão 5 mostrou que,para a maioria (sete professores), o fórum éum recurso que permite o maior grau deinteração com os alunos no ambienteon-line em relação aos outros recursos exis-tentes no meio, tais como o e-mail, lista dediscussão, chat e outros. Entretanto, aobservação das práticas dos professores nofórum de suas disciplinas mostrou que es-ses sete professores não estavam prepara-dos para a utilização do fórum, porque suasmensagens de retorno aos alunos não fo-ram suficientes para estabelecer uma boainteração no ambiente (Palloff, Pratt, 2004).Eles demonstraram reconhecer a importân-cia do recurso, mas não o utilizaram corre-tamente porque desconheciam todas assuas potencialidades. Esse reconhecimen-to ficou evidenciado no depoimento da pro-fessora D: “Porque a gente usa com muitaslimitações. [...] falta um treinamento espe-cial, tanto dos professores, quanto dos alu-nos, quanto dos técnicos dos setores quetrabalham pela coordenadoria” (Entrevista,Professora D, 23/12/04).

Esse fato também evidenciou umdespreparo geral dos sujeitos envolvidosno curso; eles não se mostraram habilita-dos para utilizar esse recurso como umambiente de interação e colaboração parapromover a aprendizagem. Evidencia-senessa análise a necessidade de formar pro-fessores com competências que abranjamas três dimensões mencionadas porBelloni (2001): a pedagógica, a didática ea tecnológica, conforme apontado no de-poimento da professora citada, além da-quelas discutidas por Almeida (2003) ePalloff e Pratt (2004).

Na questão 8 – “Como foi a suainteração no fórum?” –, as formas deinteração apresentadas foram classificadasem nove categorias para fins de análise. Aanálise dos resultados mostrou que trêsprofessores interagiram de forma nãosatisfatória no fórum, isto é, apenas para apostagem das atividades, tendo deixado deresponder mensagens com dúvidas e soli-citações de alguns alunos no fórum, e doisnão utilizaram esse recurso. Um professorutilizou o fórum para provocar discussões,debates, e apresentou réplica e tréplica àsquestões debatidas pelos alunos, e quatroutilizaram-no para postagem das atividades

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e dúvidas e estimularam a interação dandoretornos aos questionamentos enviados.

Comparando-se a análise da questão8 com as das duas primeiras (as questões1 e 2), evidencia-se novamente que aalegada experiência de utilização dofórum não garantiu, em suas práticas pe-dagógicas, uma utilização de fórum coe-rente com a necessidade de interação quecaracterizasse uma aprendizagemcolaborativa. Em outras palavras, embo-ra a maioria dos professores tenha afir-mado que já havia utilizado o fórum, elesnão usufruíram as potencialidades dessemeio como um ambiente de aprendiza-gem nessa modalidade de educação eapresentaram, na prática, uma concepçãode fórum apenas como um recursocomunicacional.

Esses professores não buscarammanter o interesse dos alunos cominterações assíduas no ambiente on-line,como recomendam Palloff e Pratt (2004).

A análise em conjunto dos resultadosdas questões 2, 5 e 8 demonstrou que, nogeral, embora eles reconheçam que essemeio possibilita maior grau de interaçãoem relação aos outros recursos, o reduzi-do número de mensagens postadas nofórum e, conseqüentemente, a poucainteração apresentada pela maioria dosprofessores são evidências de que o fórumfoi um recurso utilizado de forma inade-quada no curso em estudo.

Esses resultados mostraram, ainda,que a falta de uma interação mais efetivapela maioria dos professores proporcionouuma ruptura do contrato didático, levan-do alguns estudantes a usar outros meios(o uso do telefone e reunião presencial coma coordenação) para buscar respostas aosseus problemas de interação no fórum on-line, bem como reclamar da participaçãode alguns professores que não interagiram.Embora Chevallard (2001) afirme que aruptura do contrato pode resultar emaprendizagem, Silva, B. (2002) argumentaque essa ruptura pode, também, levar averdadeiros fracassos escolares.

Análise de um resultado dasentrevistas com os alunos

Para complementar a análise sobre asconcepções dos professores foi escolhidaapenas a questão 7 do questionáriosolicitado aos alunos.

A questão solicitada foi “Na suaopinião, o fórum contribui para a interaçãoentre professor e aluno?” Dos 32 alunos queresponderam, 24 afirmaram que o fórumon-line contribuiu bastante, sete alunos,que a contribuição do fórum foi pouca, epara um aluno não houve contribuição dofórum na interação com o professor.

A análise da questão sete mostrou que,embora 31 alunos tenham consideradovantajosa a utilização do fórum, asinterações observadas no ambiente foramreduzidas, e apenas dois professores de-ram retornos freqüentes.

O fato de 31 alunos afirmarem que ofórum contribuiu para a aprendizagem –mesmo tendo sido observada a reduzidainteração, na maior parte dos fóruns, comos professores e até mesmo com os outrosalunos – mostra que os alunos tambémdesconhecem o seu papel e a sua respon-sabilidade em colaborar e gerenciar o pro-cesso de aprendizagem na condição demantenedores e formadores de uma comu-nidade de aprendizagem on-line, conformeafirmam Palloff e Pratt (2004).

Uma concepção de uso do fórumtambém inadequada foi mostrada por umaluno, que negou a contribuição do fórumjustificando que a interação não aconteceuporque o professor não deu retorno nofórum. Embora tenha declarado que nãohouve interação no fórum, ele não cobroudos professores uma boa resposta nem exi-giu uma solução por parte da instituição;essa ausência de exigência mostra o des-conhecimento do seu papel no fórum ou asua frustração pela falta de objetivo nocurso.

Para Strong e Harmon (1977, apudPalloff, Pratt, 2004, p. 73-74), os alunos deum programa a distância procuram cursosque tenham, entre outras características,foco no aluno e não no professor, bom cus-to-benefício, ambiente tecnológicoconfiável, fácil navegação e “níveis adequa-dos de informação e interação humana”.Palloff e Pratt (2004) argumentam aindaque, se esses alunos não se sentem atendi-dos, eles podem ficar frustrados e desistirdo programa ou do curso.

A falta de autonomia para debater, nofórum, a ausência das mensagens do pro-fessor mostrou que, de um modo geral, osprofessores não criaram uma comunidadede aprendizagem on-line e que os alunostambém desconheciam suas atribuições decolaboradores no sentido de provocar a

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interação entre eles mesmos, porque houveuma falta de “mensagens de apoio dos pró-prios alunos entre si, além da falta de men-sagens dirigidas de um aluno a outro quepudesse evidenciar uma aprendizagemcolaborativa” (Palloff, Pratt, 2004, p. 39).

O fato de alguns alunos não teremrecebido retornos significativos do professor,mesmo tendo 24 deles afirmado que o fórumcontribuiu para o alcance dos seus objeti-vos, mostra que esses alunos compactuamcom uma prática reprodutivista do modelopresencial, em que não há cobranças deambas as partes.

Conclusões

Concluiu-se que as dificuldades nautilização do fórum on-line na EaD têmsido inúmeras, abrangendo não somenteprofessores como também alunos, no âm-bito da pesquisa desenvolvida junto àinstituição pública de ensino superior. Osrecursos tecnológicos nela utilizados, em-bora se constituam meios eficientes e po-tenciais, não têm garantido a necessáriainteração em face do despreparo dosprofessores e de suas concepções inade-quadas de uso do fórum on-line, caracteri-zando, mais uma vez, uma concepção defórum como repositório de atividades e nãoreconhecendo nesse ambiente um impor-tante recurso para a interação e constru-ção coletivas do conhecimento através daaprendizagem colaborativa.

A maioria dos professores apresentouum perfil que se enquadra em uma ou outra

das três dimensões identificadas porBelloni (2001). Uma formação continua-da e específica para atuar na EaD, princi-palmente no que se refere ao uso do fórumon-line, merece destaque e certamente po-deria contribuir para a melhoria naqualidade dessa modalidade de ensino.

Esses resultados devem contribuirpara fomentar discussões que favoreçama construção de modelos de curso deEaD, com propostas metodológicas espe-cíficas para essa modalidade de ensinoe que potencialize o uso dos artefatostecnológicos; neste caso os recursos dainformática, em particular do fórum on-line, no sentido de contribuir para a mu-dança das atuais concepções desse meio,entre os professores que atuam emcursos a distância.

Finalmente, conclui-se que asconcepções de fórum, por parte dos pro-fessores do curso investigado, são oriun-das de formação e práticas presenciais, eque há poucos incentivos para atualiza-ção permanente desses profissionais.Esses resultados sugerem a necessidadede investimentos por parte das políticaspúblicas na formação continuada dos pro-fessores de EaD, que levem em conside-ração as dificuldades levantadas pelosprofessores no estudo realizado e quecontribuam para mudanças de suas con-cepções. Podem também contribuir nosentido de destacar e promover o desen-volvimento de novas pesquisas quevenham a apontar soluções para antigose novos problemas e de propor diretrizesnessa modalidade de educação.

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Shirley Takeco Gobara, doutora em Didática de Disciplinas Científicas pelaUniversité Claude Bernard – Lyon I (FR), é professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação e coordenadora da Comissão de Estágio Supervisionado (Coes)do curso de Licenciatura em Física do Departamento de Física (CCET) da UniversidadeFederal de Mato Grosso do Sul (UFMT).

[email protected]

Erlinda Martins Batista, mestre em Educação pela Universidade Federal de MatoGrosso do Sul (UFMS), é técnica de tecnologia da informação na Coordenadoria deEducação Aberta e a Distância e professora do curso de Pedagogia da UFMS.

[email protected]

Recebido em 17 de abril de 2006.Aprovado em 30 de agosto de 2006.

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