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Teorias da Comunicação Marshall McLuhan – O meio é a mensagem Prof. Ms. Elizeu Silva

Aula 11 Marshall McLuhan - O meio é a mensagem

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Teorias da ComunicaçãoMarshall McLuhan – O meio é a mensagem

Prof. Ms. Elizeu Silva

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O MEIO É A MENSAGEM

De partida, Marshall McLuhan divide os meios

de comunicação de massa em duas espécies,

distinguíveis pela “temperatura”:

a) Meios quentes: prolongam um único (ou

preferencialmente algum) dos sentidos humanos,

e em “alta definição”. Alta definição significa um

estado de alta saturação de dados. O rádio é

quente, a fotografia é quente, o cinema é quente.

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O MEIO É A MENSAGEM

b) Meios frios: acionam

simultaneamente vários

sentidos humanos, em baixa

saturação de informação.

Permite maior interação com o

meio, ou exigem que o indivíduo

complete as lacunas de

informação.

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O MEIO É A MENSAGEM

“Há um princípio básico pelo qual se pode distinguir um meio

quente, como o rádio, de um meio frio, como o telefone:

O meio quente é aquele que prolonga um único dos nossos

sentidos e em alta definição (ou alta saturação de dados).

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O MEIO É A MENSAGEM

O telefone é um meio frio, de baixa

definição, porque muito pouco é

fornecido e muita coisa deve ser

preenchida pelo ouvinte.

Quentes ou frios, os meios têm

efeitos muito diferentes sobre

seus usuários.

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O MEIO É A MENSAGEM

Paulo Serra: a concepção de McLuhan pode ser resumida em três

afirmações fundamentais:

I. A primeira – e primária – dessas afirmações, é a de que os

media são “extensões do homem”.

McLuhan dá a este termo um sentido muito amplo, incluindo não

só os media propriamente ditos – os meios de comunicação –

como os meios tecnológicos em geral.

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O MEIO É A MENSAGEM

Os media, longe de serem meros “meios” ou “instrumentos” de

que o homem se serve, nomeadamente para “comunicar” uma

“mensagem”, são uma espécie de prolongamento do homem

sobre o que o rodeia.

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O MEIO É A MENSAGEM

Ao prolongar o corpo humano, os sentidos, os membros, o próprio

sistema nervoso de uma certa maneira, cada meio acaba por

também configurar, de certa maneira, a “realidade”.

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Assim, por si só e independentemente do seu “conteúdo”

configura uma certa forma de conhecimento da realidade.

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O MEIO É A MENSAGEM

Se os meios são uma espécie de prolongamento do homem sobre

o que o rodeia, eles também são, inevitavelmente, um

prolongamento do que rodeia o homem sobre si próprio.

Com efeito, contemplar, usar ou perceber qualquer extensão

tecnológica de nós próprios é “abraçá-la”.

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O MEIO É A MENSAGEM

Ouvir o rádio ou ler o jornal é aceitar estas

extensões de nós próprios no nosso

sistema pessoal, e suportar os efeitos que

em nós provocam automaticamente; é

relacionarmo-nos com elas como seus

servomecanismos:

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O MEIO É A MENSAGEM

“Um índio é o

servomecanismo da sua

canoa, tal como o cowboy o

é do seu cavalo ou o

executivo do seu relógio”*, e

o indivíduo contemporâneo

de seu smartphone.

* Marshall McLuhan, Understanding Media. The Extensions of Man,

Londres, Nova Iorque, Ark Paperbacks, 1987

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O MEIO É A MENSAGEM

Apesar de todos os meios ou tecnologias serem “extensões do

homem”, só com a tecnologia elétrica, que permite a extensão do

seu sistema nervoso central, transferindo as funções de

conhecimento consciente para o mundo físico, o

homem se dá plenamente conta de que os media

são extensões de si próprio, do seu corpo físico.

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O MEIO É A MENSAGEM

A segunda afirmação de McLuhan em destaque:

II. “O meio é a mensagem” (the medium is the message).

Segundo o autor, (em Understanding Media) “as consequências

pessoais e sociais de qualquer media (. . .) resultam da nova

escala que é introduzida na nossa circunstância* por cada

extensão de nós próprios, ou seja, por qualquer nova

tecnologia”.

* Conjunto de fatores materiais ou não que acompanham ou circundam alguém ou alguma

coisa; contexto. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

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O MEIO É A MENSAGEM

McLuhan cita como exemplo a automação, a eletricidade, a ferrovia, o

avião: todos eles são meios ou tecnologias que, independentemente da

sua utilização – do seu “conteúdo” ou “mensagem” –, alteraram

profundamente a sociedade e o indivíduo humano, de formas muitas

vezes imprevisíveis para os seus criadores.

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O MEIO É A MENSAGEM

A eletricidade é particularmente

importante para McLuhan, na

medida em que ela é “informação

pura”, “meio sem mensagem” e,

apesar disso, revolucionou toda a

nossa existência, levando,

nomeadamente, à eliminação das

barreiras do tempo e do espaço.

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O MEIO É A MENSAGEM

A importância da eletricidade é tal que McLuhan, repetidas vezes

ao longo da sua obra, se refere ao nosso tempo como “idade da

eletricidade” (electric age).

Para o pesquisador canadense, aqueles que se preocupam com

o “conteúdo” do meio e com os seus “efeitos”, e não com o

próprio meio, fazem lembrar o médico que se preocupa com a

“doença”, esquecendo o doente.

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O MEIO É A MENSAGEM

McLuhan nota que o conteúdo de um meio é sempre outro meio:

• O conteúdo do cinema é a fotografia,

• O da novela é a escrita, etc.

O essencial não é, portanto, o conteúdo do meio, argumenta

McLuhan, mas o meio em si próprio.

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Os efeitos dos media, para McLuhan, não ocorrem no nível

intelectual, das opiniões e dos conceitos, mas no nível mais

primário dos sentidos, dos modos de sentir e perceber.

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Por fim, McLuhan afirma que:

III. Os media são uma espécie de “motor da história”. Segundo o

autor, toda a história pode ser vista como uma evolução dos

meios de comunicação – uma tese em virtude da qual ele é

visto, habitualmente, como um “determinista tecnológico”.

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Na concepção do determinismo tecnológico,

a história da humanidade desenvolveu-se

em três fases fundamentais, a saber:

• “Sociedade tribal”, dominada pela voz. A

comunicação envolve todos os sentidos.

• “Galáxia de Gutenberg”, dominada pela

escrita e, sobretudo pela imprensa. A

comunicação privilegia o olhar.

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• “Galáxia de Marconi”, dominada

pelos media eletrônicos. A

comunicação volta a envolver todos

os sentidos, configurando uma

verdadeira “aldeia global” ou “tribo

planetária”.

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O MEIO É A MENSAGEM

McLuhan estabelece um contraste entre o nosso tempo – a

“idade da eletricidade” – e a época que o precedeu, em termos

de “explosão” versus ”implosão”:

• Depois de três milênios de explosão, provocada pelos meios

mecânicos e fragmentários, o Mundo Ocidental está, há mais

de um século, a implodir por efeito da tecnologia elétrica.

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• A eletricidade permite a

extensão do nosso sistema

nervoso central, abolindo

espaço e tempo, aproximando-

nos da fase final da extensão

do homem: a simulação

tecnológica da consciência.

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Ao contrair-se eletricamente, “o globo não é mais do que uma

aldeia”; a velocidade é a da luz.

No contexto das tecnologias elétricas, os computadores

representarão, segundo McLuhan, um passo decisivo:

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• “Tendo estendido ou traduzido o nosso sistema nervoso central

na tecnologia eletromagnética, a transferência da nossa

consciência para o computador não é senão um estádio a mais”,

um passo rumo a uma nova era.

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A possibilidade de “programar a

consciência” permitiria à

humanidade escapar do

“entorpecimento” dos outros media.

Ao traduzirmos todas as nossas vidas

“na forma espiritual da informação”,

o globo tornar-se-á como que uma

imensa consciência única.

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Bibliografia recomendada

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem.

Trad.: Décio Pignatari. Editora Cultrix, São Paulo, 1979

SERRA, Paulo J. Manual de teoria da comunicação. Ed. Universidade da Beira

Interior, Covilha, 2007.