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Redação – Prof. João Mendonça Blog - http://profjcmendonca.blogspot.com As palavras-chave e as ideias-chave do texto As palavras-chave formam um centro de expansão que constitui o alicerce do texto. Por adquirir tal importância na arquitetura textual, as palavras-chave normalmente aparecem ao longo de todo o texto das mais variadas formas: repetidas, modificadas, retomadas por sinônimos. Elas pavimentam o caminho da leitura, levando-nos a compreender melhor o texto. Além disso, fornecem a pista para uma leitura reconstrutiva porque nos levam à essência da informação.

Aula de Redação nº04

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As palavras-chave e as ideias-chave do texto

As palavras-chave formam um centro de expansão que constitui o alicerce do texto. Por adquirir tal importância na arquitetura textual, as palavras-chave normalmente aparecem ao longo de todo o texto das mais variadas formas: repetidas, modificadas, retomadas por sinônimos. Elas pavimentam o caminho da leitura, levando-nos a compreender melhor o texto. Além disso, fornecem a pista para uma leitura reconstrutiva porque nos levam à essência da informação.

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Um exemplo: Ninguém se enamora se está, mesmo parcialmente,

satisfeito com o que tem e com o que é. O enamoramento surge da sobrecarga depressiva, isto é, da impossibilidade de encontrar alguma coisa de valor na vida cotidiana. O “sintoma” da predisposição para o enamoramento não é o desejo consciente de se apaixonar, enamorar, uma forte intenção de enriquecer o existente, mas sentimento profundo de não ser e não ter nada de valor, e a vergonha de não tê-lo. Este é o primeiro sinal de preparação para o enamoramento: o sentimento da nulidade e a vergonha da própria nulidade.

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Por essa razão, o enamoramento é mais frequente entre os jovens, pois estes são profundamente inseguros, não têm certeza de seu valor e muitas vezes se envergonham de si mesmos. E o mesmo é válido em outras idades da vida, quando se perde algo do nosso ser; no final da juventude ou quando começa a velhice. Perde-se irreparavelmente algo de si, fica-se privado de valores, degradado, no confronto com o que se foi. Não é a nostalgia de um amor que nos faz enamorar-se, mas a certeza de que nada temos a perder transformando-nos naquilo em que nos transformamos; é a perspectiva de ter o nada pela frente. Somente então se estabelece dentro de nós a disposição para o diferente e para o risco, a propensão de nos lançarmos no tudo ou nada que aqueles que de alguma forma estão satisfeitos com o próprio ser não poderão experimentar.

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Além de estar presente no título do livro, a palavra enamoramento aparece quatro vezes e é retomada pelo verbo enamorar-se três vezes. É a primeira palavra que nos chama a atenção. Mas não é a única. É preciso descobrir as outras palavras que com ela formarão os pontos nodais do texto, onde está centrada sua maior carga de significação.

Para explicar o que é o enamoramento, Alberoni fala: __ do sentimento de nulidade; __ da juventude; __ da velhice. Uma vez encontradas as palavras-chave, devemos procurar a

informação que elas trazem. O autor do texto diz que:

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1 – O enamoramento nasce: __ de uma “sobrecarga depressiva”; __ de um “sentimento profundo de não ser e não ter nada de

valor, e a vergonha de não tê-lo.” 2 – O primeiro sinal para o enamoramento é: __ “o sentimento da nulidade”. 3 – Esse sentimento é mais frequente: a ) na juventude, porque os jovens __ “são profundamente inseguros”; __ “não têm certeza de seu valor”; __ “se envergonham de si mesmos”.

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B ) e na velhice, porque é quando __ “se perde irreparavelmente algo de si”; __ “fica-se privado de valores”. Ente as palavras-chave há uma mais abrangente, da

qual podemos partir para esquematizar o texto:

Enamoramento Juventude Velhice

O nada pela frente

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Com os dados recolhidos sobre cada uma dessas palavras é possível resumir o texto de Alberoni em uma só frase:

O enamoramento ocorre com mais frequência na juventude e na velhice, quando o indivíduo experimenta o sentimento da nulidade.

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As ideias-chave

Muita gente, pouco emprego Os megaproblemas das grandes cidades

A população das megacidades cresce muito mais depressa do que sua capacidade de prover empregos e fornecer serviços decentes a seus moradores. O fenômeno, detectado no relatório da ONU sobre a população, é tanto mais grave porque atinge em cheio justamente os mais pobres. Das dez megacidades do ano 2000, sete estarão fincadas no Terceiro Mundo.

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As pessoas saem do campo para as cidades por uma razão tão antiga quanto a Revolução Industrial: querem melhorar a vida. Mesmo apinhados em periferias e favelas, suas chances de prosperar são maiores do que na área rural. As cidades, escreveu o historiador Lewis Mumford, são “o lugar certo para multiplicar oportunidades.

A típica explosão urbana é a registrada em várias cidades da África e da Índia, que dobram de população a cada doze anos e não dão conta da demanda por emprego, educação e saneamento.

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Karachi, no Paquistão, com 8,4 milhões de habitantes, quase nada investe em sua rede de esgotos desde 1962. Mesmo as que crescem a uma taxa menos selvagem, como a Cidade do México, têm pela frente seus megaproblemas. A poluição produzida pelos milhões de veículos e 35000 fábricas da capital mexicana, por exemplo, pode chegar, como em fevereiro passado, a um nível quatro vezes além do ponto em que o ar é considerado seguro em países desenvolvidos.

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Ainda que todos os prognósticos sejam pessimistas, não se deve desprezar a capacidade de as megacidades encontrarem soluções até para seus piores desastres. A mobilização da população da capital mexicana em 1985 para reconstruir partes da cidade arrasadas por um violentíssimo terremoto evitou o pior – e mostrou que as mobilizações coletivas podem driblar o apocalipse anunciado para as megalópoles.

(Veja, 14 jul. 1993.)

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O título é uma boa pista para encontrar as palavras-chave. No texto acima, temos: grandes cidades e megaproblemas. Essas palavras deverão guiar-nos a busca das ideias-chave.

Vamos por partes: 1º parágrafo – a reportagem trata dos problemas

das megacidades no ano 2000, quando os países pobres serão os mais afetados. Chegamos à seguinte ideia-chave:

Os países pobres são os que terão mais problemas para resolver no ano 2000.

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2º parágrafo – aqui o problema é a explosão urbana. Os exemplos dados referem-se a países pobres mais uma vez. A ideia-chave no parágrafo é o crescimento desregrado das cidades desses países. Não é preciso sublinhar que isso vai acontecer a cidades da África e da Índia. Os exemplos não interessam numa síntese. Podemos traduzir assim sua ideia-chave:

As cidades dos países pobres crescem desordenadamente.

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3º parágrafo – a ideia-chave deste parágrafo é que, mesmo com problemas tão complexos, as megacidades pobres têm capacidade para resolvê-los. O exemplo da Cidade do México é acidental, pois se poderia criar qualquer outra megacidade do Terceiro Mundo. Por isso não devemos levá-lo em conta na síntese, do mesmo modo como não levamos as referências às cidades da África e da Índia no parágrafo anterior.

A ideia-chave deste parágrafo é: As megacidades pobres podem encontrar

soluções para seus problemas.

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Com essas três ideias-chave podemos formular um esquema que explique a essência do texto:

1 – no ano 2000, os países pobres serão os mais atingidos;

2 – cidades dos países pobres crescem desordenadamente;

3 – megacidades pobres podem encontrar soluções para seus problemas.

Daí para a síntese é simples. Basta juntar as ideias-chave e dar-lhes uma boa redação. Neste momento podemos acrescentar alguma ideia ou palavras que sublinhamos mas que não entraram no esquema.

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Síntese a partir das ideias-chave: As megacidades no ano 2000 irão enfrentar

muitos problemas. As cidades dos países pobres são as que mais sofrerão devido ao crescimento desordenado de sua população e à poluição. Mas isso não significa o caos absoluto, pois essas metrópoles do Terceiro Mundo têm capacidade para resolver esses e outros problemas.

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Posição de pobre A )

R: pobre, mendigos, proprietários

B )

R: proprietários e mendigos:

_ se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem renovadora;

_ colocados nos dois extremos da escala social;

_ temem toda modificação para bem e para mal;

_ estão igualmente estabelecidos;

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_ parasitas do pobre;

_ têm horror ao trabalho.

Proprietários:

_ estabelecidos na opulência;

_ luxo;

_ favorecidos na fortuna;

_ instalam-se no salão;

_ fausto.

Mendigos

_ estabelecidos na miséria;

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_ esmola;

_ esfarrapados;

_ instalam-se na rua;

_ andrajos.

Pobres:

_ suor anônimo;

_ se agitam, penam perseveram e cultivam o absurdo de esperar;

_ o Estado nutre-se de sua anemia;

_ a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles;

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_ esfomeados honoráveis;

_ explorados pelo fausto e pelos andrajos;

_ saqueados.

C ) Proprietários pobres mendigos

Sociedade

Proprietários pobres mendigos

Parasitas

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_ Os ricos estão acostumados com o luxo e nada fazem para mudar o imobilismo da sociedade.

_ Os mendigos estão estabelecidos na miséria e parecem satisfeitos com essa situação.

_ Os pobres são explorados tanto pelos ricos quanto pelos mendigos.

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D ) R: A sociedade está dividia em três classes: o

rico, o mendigo e o pobre. O rico vive no luxo, na opulência, e se satisfaz com essa posição muito cômoda. O pobre, explorado tanto por um quanto por outro, é quem, com seu suor anônimo, sustenta o Estado.

Obs.: Atente para o título do texto: “Posição de pobre” e não “do pobre”. O “pobre” é a classe média.

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Ética e jornalismo A )

R: 1º parágrafo – Todo jornalista deve ter opinião política.

2º parágrafo – O jornalista deve fazer um acordo consigo mesmo.

B )

R: Todo jornalista deve ter opinião política. Ele deve ser consciente de seu trabalho, ter uma ética, para saber até onde pode ir sem se chocar com as diretrizes do jornal para o qual trabalha.