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Aula de Sociologia no Ensino Médio - Narrativas Norte-Americanas sobre o Impeachment de Dilma: da delação de Delcídio até a votação na Câmara dos Deputados Nomes:……………………………………………………. Turma:……………. Data: …../…../….. Dois editoriais, um do The Economist e outro do New York Times, demonstraram o impacto e o interesse com que os acontecimentos políticos no Brasil, após as manifestações de 13/03/2016, causaram nos Estados Unidos. De um lado, acredito, chama a atenção o longo período em que o Brasil encontrava-se mergulhado em uma crise política que coincidiu com uma severa crise econômica e com a posse do segundo mandato de Dilma Rousseff em 2015. De outro lado, está a espetacularização desta crise, ou seja, chama a atenção a sequência de fatos e desdobramentos políticos que foram produzidos pelas delações premiadas da operação Lava Jato, gravações interceptadas, vazamentos de informações pela imprensa, etc. No meio desta crise, havia uma importante divisão social entre apoiadores e críticos da continuidade do governo Dilma. Esta divisão acarretava uma aproximação de ambos os grupos na direção de discursos mais radicalizados. O objetivo deste trabalho é avaliar o olhar estrangeiro sobre esta crise brasileira, num cenário tão dividido. Assim, parece normal que os veículos de comunicação nacionais assumam posições políticas mais abertamente. Portanto, é possível que veículos da imprensa internacional consigam ter uma visão mais apurada dos excessos existentes em ambos os lados em disputa e que adotem uma postura política mais distante dos interesses imediatos da política nacional. Tempo de Ir Desacreditada, a presidente deveria renunciar agora The Economist – 26/03/2016 As dificuldades de Dilma Rousseff estão se aprofundando faz meses. O enorme escândalo que atinge a Petrobras, a gigantesca petrolífera estatal da qual foi presidente do conselho administrativo, envolve algumas de suas pessoas mais próximas. Dilma preside um país cuja economia vive sua pior recessão desde os anos 1930, causada principalmente pelos erros que cometeu em seu primeiro mandato. Sua fraqueza política tornou seu governo quase que impotente face ao aumento do desemprego e da queda do padrão de vida da população. Sua taxa de aprovação mal chega a dois dígitos e milhões de brasileiros tem ido às ruas para entoar “Fora Dilma!” Entretanto, até agora (26/03/2016), a presidente do Brasil poderia reivindicar com determinação que estava intacta a legitimidade conferida por sua reeleição. Desse modo, teria condições de afirmar que nenhuma das alegações feitas contra ela justificavam seu impeachment. Acompanhando os juízes e a polícia federal que estão na cola dos líderes mais importantes do seu Partido dos Trabalhadores (PT), ela poderia declarar em tom de seriedade o seu desejo de que a justiça seja feita. Porém, ela jogou fora qualquer invólucro de credibilidade. No dia 16 de março (2016), Dilma Rousseff tomou uma decisão extraordinária ao nomear seu predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para ser seu Ministro-Chefe da Casa Civil. Ela justificou seu ato como uma jogada perspicaz. Lula, como ele é mais conhecido, é um astuto negociador político: ele poderia ajudar a presidente a sobreviver à tentativa de impeachment no Congresso e, até mesmo, estabilizar a economia. Há poucos dias desse fato, Lula tinha sido levado coercitivamente para prestar esclarecimentos por ordem do juiz Sérgio Moro, o juiz federal que comanda as investigações da Petrobras (apelidada de Lava Jato), que suspeita que o ex-presidente se beneficiou do esquema de propinas. Procuradores no Estado de São Paulo acusaram Lula de esconder a propriedade de um apartamento com vista para o mar. Ele nega estas acusações. Porém, ao assumir o posto de ministro do governo, Lula ganharia uma imunidade parcial: somente a suprema corte do país poderia julgá-lo. Suspeitando desta intenção, um juiz deste tribunal suspendeu sua nomeação. Este jornal tem, desde sempre, argumentado que apenas o sistema judiciário ou os eleitores – não os políticos fisiológicos que estão tentando impichá-la – é que deveriam decidir sobre o destino da presidente. Porém, ao esconder Lula, Dilma Rousseff parece ter feito uma tentativa estúpida de obstruir a justiça. Mesmo se aquilo não fosse sua intenção, este foi o seu efeito. Assim, foi neste momento que a presidente escolheu os interesse estreitos de sua tribo política ao invés do Estado de Direito. Desse modo, ela se tornou incapaz de permanecer no poder. Três modos de deixar o Planalto A forma como ela sairá do Planalto, o palácio presidencial, é uma questão importante. Nós continuamos acreditando que, na ausência de provas de criminalidade, o impeachment de Dilma é injustificado. O processo contra ela no Congresso está baseado em alegações não provadas de que ela estava fraudando as contas públicas para esconder o verdadeiro tamanho do deficit no orçamento de 2015. Isto parece mais um pretexto para a destituição de um presidente impopular. A ideia, apresentada pelo presidente do comitê do impeachment na câmera dos deputados, que para deliberar sobre o destino de Dilma todo deputado ouvirá “as ruas” estabelece um precedente preocupante. Democracias representativas não deveriam ser governadas por protestos ou por pesquisas de opinião.

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Aula de Sociologia no Ensino Médio - Narrativas Norte-Americanas sobre o Impeachment deDilma: da delação de Delcídio até a votação na Câmara dos Deputados

Nomes:……………………………………………………. Turma:……………. Data: …../…../…..

Dois editoriais, um do The Economist e outro do New York Times, demonstraram o impacto e o interesse com que osacontecimentos políticos no Brasil, após as manifestações de 13/03/2016, causaram nos Estados Unidos. De um lado,acredito, chama a atenção o longo período em que o Brasil encontrava-se mergulhado em uma crise política quecoincidiu com uma severa crise econômica e com a posse do segundo mandato de Dilma Rousseff em 2015. De outrolado, está a espetacularização desta crise, ou seja, chama a atenção a sequência de fatos e desdobramentos políticos queforam produzidos pelas delações premiadas da operação Lava Jato, gravações interceptadas, vazamentos deinformações pela imprensa, etc. No meio desta crise, havia uma importante divisão social entre apoiadores e críticos dacontinuidade do governo Dilma. Esta divisão acarretava uma aproximação de ambos os grupos na direção de discursosmais radicalizados. O objetivo deste trabalho é avaliar o olhar estrangeiro sobre esta crise brasileira, num cenário tãodividido. Assim, parece normal que os veículos de comunicação nacionais assumam posições políticas maisabertamente. Portanto, é possível que veículos da imprensa internacional consigam ter uma visão mais apurada dosexcessos existentes em ambos os lados em disputa e que adotem uma postura política mais distante dos interessesimediatos da política nacional.

Tempo de Ir

Desacreditada, a presidente deveria renunciar agora

The Economist – 26/03/2016

As dificuldades de Dilma Rousseff estão se aprofundando faz meses. O enorme escândalo que atinge aPetrobras, a gigantesca petrolífera estatal da qual foi presidente do conselho administrativo, envolve algumas de suaspessoas mais próximas. Dilma preside um país cuja economia vive sua pior recessão desde os anos 1930, causadaprincipalmente pelos erros que cometeu em seu primeiro mandato. Sua fraqueza política tornou seu governo quase queimpotente face ao aumento do desemprego e da queda do padrão de vida da população. Sua taxa de aprovação malchega a dois dígitos e milhões de brasileiros tem ido às ruas para entoar “Fora Dilma!”

Entretanto, até agora (26/03/2016), a presidente do Brasil poderia reivindicar com determinação que estavaintacta a legitimidade conferida por sua reeleição. Desse modo, teria condições de afirmar que nenhuma das alegaçõesfeitas contra ela justificavam seu impeachment. Acompanhando os juízes e a polícia federal que estão na cola doslíderes mais importantes do seu Partido dos Trabalhadores (PT), ela poderia declarar em tom de seriedade o seu desejode que a justiça seja feita.

Porém, ela jogou fora qualquer invólucro de credibilidade. No dia 16 de março (2016), Dilma Rousseff tomouuma decisão extraordinária ao nomear seu predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para ser seu Ministro-Chefe da CasaCivil. Ela justificou seu ato como uma jogada perspicaz. Lula, como ele é mais conhecido, é um astuto negociadorpolítico: ele poderia ajudar a presidente a sobreviver à tentativa de impeachment no Congresso e, até mesmo, estabilizara economia. Há poucos dias desse fato, Lula tinha sido levado coercitivamente para prestar esclarecimentos por ordemdo juiz Sérgio Moro, o juiz federal que comanda as investigações da Petrobras (apelidada de Lava Jato), que suspeitaque o ex-presidente se beneficiou do esquema de propinas. Procuradores no Estado de São Paulo acusaram Lula deesconder a propriedade de um apartamento com vista para o mar. Ele nega estas acusações. Porém, ao assumir o postode ministro do governo, Lula ganharia uma imunidade parcial: somente a suprema corte do país poderia julgá-lo.Suspeitando desta intenção, um juiz deste tribunal suspendeu sua nomeação.

Este jornal tem, desde sempre, argumentado que apenas o sistema judiciário ou os eleitores – não os políticosfisiológicos que estão tentando impichá-la – é que deveriam decidir sobre o destino da presidente. Porém, ao esconderLula, Dilma Rousseff parece ter feito uma tentativa estúpida de obstruir a justiça. Mesmo se aquilo não fosse suaintenção, este foi o seu efeito. Assim, foi neste momento que a presidente escolheu os interesse estreitos de sua tribopolítica ao invés do Estado de Direito. Desse modo, ela se tornou incapaz de permanecer no poder.

Três modos de deixar o Planalto

A forma como ela sairá do Planalto, o palácio presidencial, é uma questão importante. Nós continuamosacreditando que, na ausência de provas de criminalidade, o impeachment de Dilma é injustificado. O processo contraela no Congresso está baseado em alegações não provadas de que ela estava fraudando as contas públicas para escondero verdadeiro tamanho do deficit no orçamento de 2015. Isto parece mais um pretexto para a destituição de umpresidente impopular. A ideia, apresentada pelo presidente do comitê do impeachment na câmera dos deputados, quepara deliberar sobre o destino de Dilma todo deputado ouvirá “as ruas” estabelece um precedente preocupante.Democracias representativas não deveriam ser governadas por protestos ou por pesquisas de opinião.

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Há três modos de remover Dilma Rousseff que se apoiam em fundamentos mais legítimos. O primeiro seriademonstrar que ela obstruiu a investigação na Petrobras. As alegações do senador do PT que afirmam o envolvimentoda presidente poderia formar a base de um segundo pedido de impeachment, mas as alegações não foram até agoracomprovadas e ela as nega; a tentativa de Dilma em dar abrigo à Lula de seus processos pode dar outro fundamento.Uma segunda opção seria uma decisão da corte eleitoral brasileira, chamando uma nova eleição presidencial. Issopoderia acontecer, no caso de se descobrir que a campanha de reeleição de Dilma em 2014 foi financiada com propinacanalizada através dos executivos da Petrobras. Porém, esta investigação será prolongada. O mais rápido e o melhorcaminho para Dilma Rousseff deixar o Planalto seria sua renúncia, antes dela ser posta para fora.

A saída da presidente ofereceria ao Brasil a chance de um novo começo. Porém a renúncia não resolveria porsi só a série de problemas existentes no Brasil. O posto presidencial seria inicialmente assumido pelo vice-presidenteMichel Temer, líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Temer poderia liderar um governo de uniãonacional, incluindo partidos de oposição, que, em teoria, fosse capaz de emplacar a reforma fiscal necessária paraestabilizar a economia e fechar o deficit orçamentário que está próximo aos 11% do Produto Interno Bruto (PIB).

Infelizmente, o partido de Michel Temer está tão profundamente enredado nos escândalos da Petrobras quantoo PT. Muitos políticos que poderiam fazer parte de um governo de união, incluindo alguns da oposição, são vistos pelapopulação como representantes de uma classe governante desacreditada. Dos 594 membros do congresso, 352 possuemacusações criminais. Uma nova eleição presidencial daria aos eleitores uma oportunidade de sustentarem as reformas deum novo líder. Mesmo assim, continuaria no poder até 2019 uma detestável legislatura.

O judiciário, também, tem questões a responder. Os juízes merecem grande crédito por responsabilizarcriminalmente empresários e políticos brasileiros poderosos, mas eles desabonam sua causa ao ignorarem normaslegais. O último exemplo é a decisão de Sérgio Moro de divulgar a gravação de telefonemas entre Lula e seuscompanheiros, incluindo Dilma Rousseff. Muitos juristas acreditam que somente a suprema corte poderia divulgarconversações em que uma das partes possua imunidade legal, como a presidente possui. Isto não justifica a alegação dosapoiadores do governo de que os juízes estão encenando um “golpe.” Entretanto, este procedimento judiciário facilitapara os investigados na Lava Jato a tentativa de desviarem a atenção de seus próprios crimes para os equívocos de seusjulgadores.

A guerra entre partidos e personalidades brasileiras obscurecem algumas das mais importantes lições da crise.O escândalo da Petrobras e a quebra econômica tem suas origens em leis mal concebidas e práticas que existem hádécadas. Limpar o Brasil de sua bagunça requer uma mudança generalizada: controle dos gastos públicos, incluindo asaposentadorias; revisão do crescimento esmagador dos impostos e das leis trabalhistas; reformar o sistema político queencoraja a corrupção e a existência de partidos políticos fracos.

Isto tudo não pode mais ser adiado. Se a presidente for deposta, aqueles que gritam nas ruas “Fora Dilma!”celebrariam uma conquista. Porém para que o Brasil vença, isto seria apenas o primeiro passo.

1) Marque Falso (F) ou Verdadeiro (V), conforme as informações e análises do texto acima e não conforme suaspróprias convicções:

(__) Os problemas políticos e econômicos que Dilma enfrentou são perfeitamente comuns em qualquer governo deesquerda na América Latina;(__) Os problemas políticos e econômicos que Dilma enfrentou são o resultado de erros cometidos em seu primeiromandato;(__) Os milhões de desempregados que existiam no Brasil em 2016 jogaram por terra qualquer legitimidade dapresidente, tornando inevitável seu impeachment;(__) O fato de Dilma ter nomeado Lula seu ministro foi uma cartada perspicaz e bem-sucedida;(__) É plenamente legítimo o processo de impeachment contra Dilma que ocorreu no Congresso Nacional em 2016;(__) A ocorrência de obstrução da justiça por parte do governo seria um motivo real para o impeachment de DilmaRousseff;(__) O clamor das ruas seria por si só motivo suficiente para o impeachment de qualquer presidente;(__) A melhor saída da crise seria a realização de novas eleições, se fosse descoberto que a campanha de reeleição deDilma em 2014 foi financiada com propina canalizada através dos executivos da Petrobras;(__) Acredita-se que a saída de Dilma Rousseff da presidência seria a melhor opção para o início da superação dascrises política e econômica do Brasil de 2016;(__) O PMDB, o partido do vice-presidente, estaria tão envolvido na corrupção da Petrobras quanto o PT.

2) A operação Lava Jato possuiu uma forma de atuação baseada em “3 Ds” (Detenção, Delação e Divulgação). Adivulgação das ações da Lava Jato foi primordial para que a investigação tivesse apoio social. Porém, o jornal criticoualgumas de suas divulgações. Sublinhe no texto qual seria uma destas divulgações criticadas e circule o motivo peloqual o jornal critica tal divulgação.

3) Em seu editorial, The Economist defendia uma agenda de ajustes para o Brasil bastante liberal, ou seja, com menosparticipação do Estado na economia. Na campanha de reeleição de 2014, a presidente Dilma apresentou um programade ampliação dos gastos públicos para atender interesses das classes populares, porém, o deficit entre o que o governo

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arrecadava com impostos e os seus gastos fez com que Dilma não pudesse aumentar os gastos sociais em 2015 e 2016.Tal desequilíbrio é chamado de crise fiscal. Sublinhe no texto, uma medida que o jornal defendia para que o Brasilsuperasse sua crise fiscal.

4) Complete a frase. A corrupção no Brasil existe porque: _________________________________________________

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A Rede de Corrupção que Atolou o Brasil

Simon Romero para New York Times - 03/04/2016

O Senador grisalho da fronteira oeste do Brasil estava ainda de pijama quando agentes da polícia federalbateram à porta de sua suíte no Royal Tulip, o futurista hotel de luxo que serve como um bastião para muitos da elitepolítica brasileira. Isto aconteceu às 6 da manhã. Os agentes estavam armados com uma gravação secreta que parecia oenredo de um filme de suspense de Hollywood. O senador Delcídio do Amaral tinha sido pego detalhando um elaboradoplano para que um executivo da Petrobras, atolado no vertiginoso escândalo de propina no Brasil, fugisse do país emum avião particular.

Delcídio Amaral, 61, até sua prisão naquela manhã de Brasília, no fim de novembro, era o poderoso líder dogoverno no Senado. Ele rapidamente procurou fazer um acordo de delação, mas os procuradores o deixaram apodrecerna prisão por semanas, propondo-o somente após o humilhado senador ter fornecido espantosas revelações uma apósoutra que traíram seus ex-camaradas e que deixavam o governo da presidente Dilma Rousseff muito próximo docolapso. “Eu me sentia como se tivesse batido em um muro depois de uma perseguição em alta velocidade,” lembrouDelcídio, que foi solto em fevereiro. “Eu fiz coisas erradas, então eu percebi que precisava de uma chance para fazer ocorreto novamente. Você precisa ser pragmático.” Os investigadores, procurando jogar definitivamente Delcídio contraDilma Rousseff e seu Partido dos Trabalhadores, batizaram a operação que o prendeu de Catilinárias, uma referênciaaos patrícios renegados cujas conspirações tiveram lugar no Senado Romano no primeiro século d.C.

Os relatos do senador de subornos colossais, dos bastidores dos acordos na Petrobras e de maquinaçõesimplacáveis – reunidos em depoimentos, interceptações telefônicas e documentos – ofereceram um raro vislumbre decomo um partido de esquerda que chegou ao poder prometendo erradicar a corrupção de uma elite política privilegiada,acabou por incorporar as práticas de seus antecessores. O testemunho do senador acelerou a crise política no Brasil, emque governantes apavorados estão praticando abusos de poder, gravando secretamente uns aos outros e se preparandopara o dia em que eles, também, podem se encontrar no outro lado de uma batida policial ao amanhecer.

Até mesmo o juiz, que primeiramente foi tido como um destemido perseguidor dos poderosos, é agora acusadode violar a lei ao divulgar evidências da investigação. Toda esta convulsão começou a dois anos atrás (2014) quandoprocuradores descobriram um esquema dentro da companhia petrolífera estatal, Petrobras: empreiteiras tinham pagoaproximadamente $3 bilhões de dólares em propinas para executivos que por sua vez canalizaram dinheiro paracampanhas dos partidos que integravam a coalizão governamental. Aproximadamente 40 políticos, grandes empresáriose doleiros foram presos desde então, a expectativa é que esta lista cresça, com os procuradores investigando suspeitosque incluem os líderes das duas câmaras no Congresso.

Pesquisadores afirmam que o escândalo de corrupção está entre os maiores já vistos nos países emdesenvolvimento, equiparando-o a um terremoto que atingiu a elite privilegiada da nação. Isto está acontecendo junto aesmagadores desafios econômicos, enquanto a queda do preço das commodities tem elevado o desemprego de 6,8%para 9,5% durante o último ano. Apenas em 2015, o Brasil perdeu 1,5 milhão de empregos, uma impressionante guinadapara uma nação que cresceu 7,6% em 2010. A dupla derrocada política e econômica devastou as ambições globais damaior nação da América Latina no pior momento possível: o Brasil está simultaneamente enfrentando uma epidemia demicrocefalia ligada ao mosquito transmissor do vírus Zika e se preparando para sediar os jogos olímpicos neste verão(no hemisfério norte).

O coração do escândalo é a Petrobras, fundada em 1953 e cercada por uma mística áurea nacionalista. Acompanhia é a peça central de uma rede que incluem estatais do setor elétrico e bancos públicos que forma a base daeconomia brasileira. Até então, ela projetava uma imagem de pujança tanto para a nação quanto para o exterior. APetrobras também financiava uma série de projetos de arte, incluindo uma orquestra sinfônica, grupos de dançamoderna e exibições de pinturas, atividades que a companhia tem reduzido além da diminuição do número de seuspróprios trabalhadores.

Os brasileiros, muitas vezes, fazem piada com as raízes históricas profundas que a corrupção possui aqui,traçando sua história desde quando o navegador Pedro Álvares Cabral chegou em 1500, carregando presentes comouma estratégia de arrebanhar as terras habitadas por indígenas. Faz tão somente 25 anos que outro presidente, FernandoCollor, foi forçado a renunciar em um escândalo de tráfico de influências, deslizes que parecem amadores perto do queestá acontecendo hoje.

Quando o Senador Delcídio começou a arruinar o governo que ele uma vez apoiou lealmente, muitosbrasileiros começaram a compreender o quanto a corrupção tinha se enraizado. Ele testemunhou que Luiz Inácio Lulada Silva, o ex-presidente e fundador do Partido dos Trabalhadores, tinha determinado a compra do silêncio de um ex-executivo da Petrobras condenado por gerir um esquema de desvio de dinheiro para partidos. Ele sustentou que o vice-

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presidente Michel Temer, que está manobrando pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, estava envolvido emuma aquisição ilegal de etanol. Ele também alvejou Aécio Neves, o líder da oposição que por um triz perdeu as eleiçõesde 2014, ao revelar que a família dele tinha uma conta bancária secreta em Liechtenstein. (Aécio Neves disse que suamãe tinha aberto a conta para pagar a educação dos netos).

Antes das revelações de Delcídio, Dilma Rousseff tinha em grande parte administrado a situação pairando porcima das investigações, isso principalmente por declarar apoio à independência judicial, por permitir que osprocuradores investiguassem casos de suborno em seu próprio partido. Então, o senador alegou que a presidente tinha oinstruído a sabotar as investigações na Petrobras, através da persuasão de um juiz da suprema corte para que eleliberasse um empreiteiro acusado de corrupção. Dilma Rousseff e Lula da Silva dizem que Delcídio está mentindo.Além disso, Dilma disse em uma entrevista recente que ela não tinha conhecimento sobre a corrupção na Petrobras,apesar de ter sido presidente do conselho da companhia entre 2003 e 2010, quando ela foi eleita presidente do país, umperíodo em que a propina correu fartamente. Ela também insistiu que sua campanha não teve financiamento ilegal.

Delcídio, acusado de ser um contador de fábulas por líderes de todo o espectro político, sorriu durante aentrevista como o “Gato que Ri.” Ele é um talentoso orador que entremeou seu relato com ditados do Pantanal, o vastopântano onde sua família possui fazendas de criação de gado. Buscando meios para explicar o turbilhão político, ele acerta altura recitou um verso de uma antiga canção brasileira. “Eu estou apenas fazendo minha parte para ajudar arepública,” o senador disse.

Um Ator Ilude um Senador

Em retrospecto, Delcídio do Amaral disse que reconhece que nunca deveria ter confiado em Bernardo Cerveró,um jovem ator do Rio de Janeiro. O senador, que foi diretor de gás e energia da Petrobras entre 2000 e 2001, disse queele tinha concordado em encontrar com Bernardo, 34, em novembro, por causa de sua amizade com o pai do ator,Nestor, que foi sentenciado à prisão por acusações de corrupção praticados na empresa petrolífera. O jovem Cerveró,um ator esforçado em um grupo teatral experimental, gravou secretamente, usando seu telefone, a conversa com oSenador no Royal Tulip, o hotel em formato de ferradura onde o senador vivia em Brasília, próximo ao paláciopresidencial.

Delcídio primeiramente assegurou à Bernardo que persuadiria os juízes da mais alta corte do Brasil para enviarseu velho amigo à prisão domiciliar. Então, ele explicou como ele organizaria para pagar à família de Cerveró $1milhão de dólares, além de uma mesada em torno de $13 mil por mês. Os procuradores suspeitam que era paraassegurar que a família não pressionasse Nestor para contar sobre seus atos na Petrobras. Delcídio Amaral planejoucomo ele ajudaria Nestor Cervero a fugir para a Espanha, incluindo detalhes de como desativar seu aparelho demonitoramento eletrônico. O ator sugeriu escapar por barco, mas o senador disse que um avião privativo era preferível,adicionando: “O melhor meio dele sair é através do Paraguai.” Isto foi suficiente para levantar acusações contraDelcídio e André Esteves, o banqueiro bilionário que o senador disse que financiaria a jornada.

Antes de sua prisão, Delcídio ficou conhecido em Brasília como um habilidoso negociador de bastidores,capacidade adquirida em sua longa experiência no negócio de petróleo. Educado por Jesuítas e formado em engenharia,ele trabalhou na Holanda para a gigante de energia Royal Dutch Shell no início da década de 1990. De volta para casa,ele escalou a burocracia da indústria de energia controlada pelo governo brasileiro. Quando servia no Ministério daEnergia em 1993, ele conheceu Dilma Rousseff, uma obscura funcionária que comandava a política de energia doEstado do Rio Grande do Sul. “Eu encontrei Dilma durante um voo,” ele disse, recordando seu primeiro encontro comDilma Rousseff, ela queria negociar um débito federal da companhia pública de eletricidade de seu Estado. “Ela éextremamente agressiva. Sempre foi.” Delcídio se juntou ao Partido dos Trabalhadores em 2001 e venceu a eleição parao Senado no próximo ano, quando Lula concorreu de forma bem-sucedida para presidente. Delcídio fez isso enquanto oBrasil aumentava sua riqueza com a descoberta de campos profundos de Petróleo.

Alguns colegas do Partido dos Trabalhadores não comentam a festa de debutante que Delcídio e sua esposaorganizaram em 2011 para o aniversário de sua filha de 15 anos. Colunistas sociais compararam o evento, na cidade dooeste brasileiro, Campo Grande, aos bailes organizados pela nobreza europeia e ressaltaram cada aspecto luxuoso dafesta: 240 garrafas de Veuve Clicquot Champagne e um vestido feito de cristais Givenchy para o aniversário da garota.

Em dezembro, enquanto o senador sofria na prisão, seus velhos amigos da Petrobras, Nestor Cerveró, disse aosinvestigadores que Delcídio Amaral tinha embolsado $10 milhões em propinas, em relação à compra de turbinas daAlstom, a companhia de energia da França. Delcídio negou esta e todas as outras acusações de que tinha enriquecidoilegalmente, declarando: “Eu não sou um homem corrupto.”

Pânico no Partido dos Trabalhadores

Delcídio do Amaral foi o primeiro Senador ocupante do cargo a ser preso desde que o Brasil reestabeleceu ademocracia nos anos de 1980 e sua prisão gerou pânico e indignação no Partido dos Trabalhadores, que Lula e outroslíderes sindicais fundaram em 1980 em resistência à ditadura militar. A presteza do senador em passar para trás seuscolegas deixa claro uma certeza: mais gravações secretas enriqueceriam a novela do impasse político no Brasil. Umpouco depois à prisão no Royal Tulip, o Ministro da Educação, Aluísio Mercadante, um dos principais ministros deDilma Rousseff, contatou Eduardo Marzagão, um assessor de Delcídio Amaral oferecendo ajuda para custear asdespesas jurídicas de sua família. “Puxa, Marzagão, diga-me como eu posso ajudar,” disse Mercadante. “Eu estou aqui

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para ajudar.” Ele desconhecia claro, que o senhor Marzagão estava gravando a conversa; os procuradores têm agoraMercadante em sua lista de alvos. O Ministro da Educação sustenta que ele estava agindo por conta própria. Mas outraspessoas poderosas no Partido dos Trabalhadores estavam também envolvidos. Jaques Wagner, o ex ministro-chefe dacasa civil, foi gravado discutindo a situação com Lula. Ele expressou preocupação que o testemunho de Delcídioalegasse que Dilma Rousseff estava consciente do suborno que envolveu em 2006 a aquisição de uma refinaria depetróleo em Houston pela Petrobras. “Eu nunca imaginei que ele era tão escroto,” Jacques Wagner disse, utilizando-seuma gíria de nojo para descrever Delcídio.

O Juiz e o Ex-Presidente

Por mais de um ano, Sérgio Moro, um aguerrido juiz do sul do Brasil tem supervisionado o inquérito daPetrobras. Ele explorou uma nova legislação anticorrupção que permite que réus reduzam suas sentenças de prisão emtroca de informações, ajudando os procuradores a prenderem uma série de figuras poderosas. O inquérito labiríntico aofinal conduziu ao popularmente conhecido por Lula. Ficou claro que o ex-presidente tinha lucrado através de suasconexões com os magnatas que presidiam empreiteiras, que pagaram a ele milhões de dólares por palestras. Então, osprocuradores descobriram que tais empresas tinham pago pra reformar um sítio próximo à São Paulo e um apartamentode frente à praia no Guarujá, duas propriedades que os procuradores sustentam que pertencem ao ex-presidente. (Lulanega a propriedade de ambas).

No sítio, os agentes policiais encontraram uma caneca com o logotipo do Corinthians, o time de futebol queLula torce, na qual estavam gravadas as palavras: “para o ilustre Presidente Lula.” A adega tinha garrafas dedicadas aoex-presidente. Atracado no cais no lago, estava gravado nos pedalinhos os nomes de seus sobrinhos, Pedro e Arthur.Conforme os investigadores o cercavam, Lula ficava crescentemente alarmado de acordo com interceptações de suaschamadas telefônicas obtidas no inquérito. Ele depreciou o Supremo Tribunal Federal, usou epítetos de baixo calão paradescrever as lideranças de ambas as casas no Congresso e convocou seus companheiros do Partido dos Trabalhadorespara exercerem pressão nos procuradores. “Por que nós não podemos intimidá-los?” o ex-presidente perguntou a umcongressista. Instruindo-o sobre como irritar um investigador, Lula disse: “Ele precisa ir dormir sabendo que no diaseguinte ele terá dez deputados irritando ele em sua casa, irritando ele em seu escritório, levando o caso ao SupremoTribunal Federal.”

Em outra conversa com um líder sindical, Lula, tal como os procuradores que estão em sua cola, citou ahistória antiga, especialmente o Imperador acusado de começar um grande incêndio em Roma no ano de 64 d.C. parareconstruir a capital conforme o seu desejo. “Eu sou a única pessoa que pode incendiar esse país,” ele disse. “Mas eunão quero fazer o que Nero fez.” Enquanto a pressão aumentava, o acordo de delação de Delcídio de 255 páginas foivazado nos meios de comunicação no início de março, provocando uma onda de furiosas negações e movimentosdesesperados. Dilma Rousseff nomeou Lula, seu predecessor e mentor, para ser seu ministro-chefe da casa civil, o quedaria a ele ampla proteção. O plano audacioso pareceu funcionar apenas por poucas horas em 16 de março (2016).

O Game of Thrones do Brasil

Naquele mesmo dia, o juiz Sérgio Moro divulgou gravações de conversas telefônicas de Lula com DilmaRousseff e como uma série de outros políticos. A chamada retratou um ex-presidente procurando salvar sua heroicabiografia ao lado de uma líder querendo evitar o procedimento do impeachment, o qual ela compara com um golpe emcâmera lenta.

Juízes do Supremo Tribunal Federal suspenderam a nomeação de Lula. Mas o juri também fez recriminaçõesao juiz Sérgio Moro, por ter revelado conversações da presidente da nação sem a autorização de sua mais alta corte,destacando que o seu então admirado inquérito tinha se tornado um caça às bruxas partidarizado. Enquanto o processolegal está fazendo seus estragos, muitos aliados estão abandonando Dilma Rousseff com um olho em assumirem elespróprios o poder. Eles dizem que ela deveria ser afastada por violar lei fiscais através do uso de fundos de bancosestatais para cobrir rombos no orçamento. Liderada pelo vice-presidente Temer, cujo enigmático e taciturnocomportamento faz com que seus rivais o comparem com um mordomo de filmes de horror, a coalizão centrista deDilma Rousseff foi rompida na semana passada (29/03/2016).

No congresso, deputados com imensas acusações pessoais de corrupção aceleram o processo de impeachment,que não possui acusações de enriquecimento ilícito da presidente. Delcídio Amaral, sobre o qual o comitê de ética dosenado poderá cassar o seu mandato, parece não assistir os acontecimentos à distância. No dia 13 de março, ele acelerouo motor de uma moto Harley-Davidson e se juntou às centenas de milhares de manifestantes antigoverno em São Paulo.Mas ele não retirou seu capacete, receoso do quanto furiosa a multidão poderia reagir. Dias depois, durante umaentrevista em uma confortável casa de campo em São Paulo onde ele está agora sob prisão domiciliar, Delcídio Amaralse valeu de uma canção para tentar captar a convulsão política que ajudou a criar. Especificamente, ele invocou acanção de 1978 “Cartomante” de Ivan Lins, sobre a perseguição de dissidentes da ditadura militar no Brasil.

Olhando pela janela, Delcídio vocalizou a letra: Cai o Rei de Espadas; Cai o Rei de Ouros; Cai o rei de Paus;Cai, não fica nada.“Isto está correto,” o senador disse. “Todo mundo está caindo junto.”

5) O senador Delcídio foi preso por ter cometido o crime de obstrução da justiça, ou seja, por tentar impedir ainvestigação da Lava Jato. Sublinhe no texto acima o que na prática fez o senador para obstruir a justiça.

Page 6: Aula de Sociologia - Narrativas Norte-Americanas sobre o Impeachment de Dilma: da delação de Delcídio até a votação na Câmara dos Deputados

6) O editorial do New York Times afirma que a crise política no Brasil em 2016 ocorreu num momento em o paísenfrentava outros desafios. Cite ao menos três desses desafios expressos na reportagem acima:

a)_________________________________________________________________________;

b)_________________________________________________________________________;

c)_________________________________________________________________________.

7) A reportagem acima afirma que os brasileiros até mesmo brincam com a história de corrupção no país. Marque aalternativa que apresenta a melhor citação que expressa essa afirmação:(A) Faz tão somente 25 anos que outro presidente, Fernando Collor, foi forçado a renunciar em um escândalo de tráficode influências, deslizes que parecem amadores perto do que está acontecendo hoje.(B) Quando o Senador Delcídio começou a arruinar o governo que ele uma vez apoiou lealmente, muitos brasileiroscomeçaram a compreender o quanto a trapaça tinha se enraizado.(C) Dilma disse em uma entrevista recente que ela não tinha conhecimento sobre a corrupção na Petrobras, apesar deter sido conselheira da companhia de 2003 até 2010, quando ela foi eleita presidente, um período em que a propinaocorreu fartamente.(D) O jovem Cerveró, um ator em um grupo teatral experimental, gravou veladamente em seu telefone sua conversacom o Senador no Royal Tulip.(E) Os brasileiros traçam a história da corrupção desde quando o navegador Pedro Álvares Cabral chegou em 1500,carregando presentes como uma estratégia de arrebanhar as terras habitadas por indígenas.

8) Segundo esta reportagem, quais forma as evidências que os agentes federais encontram no sítio para alegarem queele pertenceria a Lula? Quais foram as ações do judiciário que a reportagem qualificou como inapropriadas?

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9) Nas duas reportagens, como o Congresso Nacional é descrito ou qual a visão norte-americana da casa legislativabrasileira? Utilize alguma citação para fundamentar sua resposta.

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10) Em geral, um “Golpe de Estado” é a troca de governo de um país através de uma ruptura das leis e da Constituição,ou seja, se retira um governante, por qualquer motivo, sem que exista parâmetro legal para tanto. O governo dapresidente Dilma em 2016 reiteradamente afirmou em eventos oficiais no Palácio do Planalto que havia um “Golpe deEstado” em curso no Brasil. Dessa forma, responda: as duas reportagens apresentadas reforçam essa análise de quehavia um “Golpe de Estado” contra a presidente Dilma? Retire alguma citação que reforce suas análises. Ao final, como conhecimento que você dispõe deste fato histórico, além das reportagens, dê a sua opinião sobre a ocorrência ou nãode um “Golpe de Estado” no Brasil em 2016. Justifique sua opção.

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