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junior-ferreira
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Livro Amkoullel, o Menino Fula. Scaneado a partir da xerox do livro. O livro compila recordações de infância e juventude do autor, com impressionante riqueza de detalhes e com a deliciosa fluência e simplicidade que caracteriza os narradores orais. Hampâté Bâ cresceu no Mali, e sua visão de mundo é marcada pelo Islamismo predominante na região. A obra revela uma África desconhecida, sendo ilustrada com cartões postais e belíssimas imagens daquele continente em início do século 20.
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2. A M 1 i 11 I H i i I 11 I, Ae foi I I I I I I I >(>' | IMM rlirfluilit ilo "subtenente" AbdelkaderMiidciiilirt ' | lithftiti Ill ,i lUimnniIIng, c devia permanecer no segundo regi-I I X M I I M IIM mlllh nln ! Iitilit |iiiir |)Oit(!i'iiV acontecer ao primeiro-sargento! Assim, orw min .|ii. havia I I I M I I I I I I linilnlmen te e maltratado vontade era agora subtenente,! nlnilrt |nii i Inii MON qiuidros franceses, enquanto ele, Fadiala Keita, continuava ailr.li Ilmlr rnrla.4 c pacotes s mulheres! E continuava primeiro-sargento de artilha-li i , quer dizer, duplamente inferior a Abdelkader, em graduao e no corpo aque pertencia.Muito contrariado, deixou o local antes do fim da reunio e foi direto para ocorreio buscar a correspondncia. Eu caminhava atrs dele. Ele estava to transtornado,que o encarregado de receber a correspondncia me perguntou, discretamente,se o primeiro-sargento-"no tinha ficado louco de repente". De l, foi para apraa da cidade onde costumvamos distribuir o correio instalados numa mesa.Com um gesto brusco, o primeiro-sargento me jogou os pacotes de cartas: "Chame!..." Comecei a chamar em voz alta os nomes escritos nos envelopes: "AminataTraor... Kadia Bor... Naa Diana... Koumba So..." Cada vez mais irritado, elebateu na mesa vociferando: "Voc me enche o sa... com essa voz fininha que mefura os tmpanos..." Abaixei o tom de voz, esf orando-me em torn-la o mais gravepossvel: "DenmKon... AlssataDiallo... KoumbaCoulibaly...""E agora est me gozando, falando neste tom cavernoso! Saia daqui! V parao inferno! No quero mais v-lo aqui at a semana que vem!" Para grande surpresadas mulheres, pegou todas as cartas, inclusive as que j tinham sido entregues asuas destinatrias. "Suspendo a distribuio da correspondncia at a semana quevem", exclamou. "Eu sou o primeiro-sargento e fao o que bem entendo!"As mulheres entreolharam-se surpresas! Ora! Que m notcia poderia terrecebido o primeiro-sargento para estar to raivoso contra todo mundo? Devia seralgo bem' desagradvel, para fazer mudar o humor de um homem normalmenteto paciente e jovial com elas!Uma semana antes da chegada a Kati do subtenente Abdelkader Mademba,o primeiro-sargento foi se abrir com meu pai, que considerava um amigo e bomconselheiro. Temia que o subtenente Abdelkader lhe fizesse sofrer represlias devidoao tratamento que lhe infligira, porque, se fosse o caso, Fadiala Keita no poderiaficar sem reagir e haveria um drama.Meu pai levou-o casa do sargento-brigada Mara Diallo, responsvel pelo.campo, a quem exps o problema. Quando acabou de falar, Fadiala interveio: "Meusargento-brigada, dou minha palavra de malinqu descendente deSundiata Keitaao homem fula que voc , que se porventura Abdelkader Mademba tentar me. 3 0 2K A T I , A C I D A D E M I L I T ARfazer pagar a punio que lhe infligi, eu o matarei e depois me suicidarei. Juro pelasalmas de meus ancestrais, a comear pelo imperador Soundiata".O sargento-brigada Mara Diallo assegurou a Fadiala que iria refletir sobre aquesto e o mandou de volta para casa. Em seguida, conversou Um longo tempocom meu pai. Afinal, este o aconselhou a intervir junto a seus superiores em favordo primeiro-sargento, expondo-lhes os perigos de um confronto entre os dois homens.O sargento-brigada passou a questo para o capito de Lavale, que julgoumelhor informar o prprio coronel Molard. A fim de evitar qualquer incidente,Molard decidiu que, durante a estada do subtenente Abdelkader Mademba, o primeiro-sargento Fadiala Keita seria enviado em misso de recrutamento e treinamentoa Uagadugu (atual Burkina Fasso).Assim que o primeiro-sargento recebeu a notcia, recuperou o bom humor epediu perdo a todos e todas que havia injustamente maltratado durante sua crise:"Fiquei meio louco", dizia para se desculpar. Ele partiu para Uagadugu via Bamako,no mesmo trem do qual acabara de descer vindo de Dakar o subtenente AbdelkaderMademba. Este ficou uma semana em Kati, depois foi para S.egu organizar seusnegcios e em seguida dirigiu-se a Sansanding onde deveria passar o resto dalicena com a famlia. O primeiro-sargento Fadiala Keita voltou a Kati para treinarseu contingente de recrutas.Como o trmino do perodo de treinamento coincidia com o retorno deAbdelkader, desta vez o primeiro-sargento foi enviado a Dori (atual Burkina Fasso),em nova misso de recrutamento. Assim, Abdelkader retornou a Kati durante suaausncia. Trs dias depois, partia para juntar-se a seu regimento e ir para a frente,onde a guerra fervia. A Frana estava em apuros. Abdelkader, valento inveterado,era voluntrio em todas as misses mais arriscadas.Uma vez mais, q primeiro-sargento Fadiala Keita trouxe seu contingente denovos recrutas a Kati e retomou tranquilamente sua dupla funo de instrutor e devagomestre, com este vosso servidor como auxiliar. Todo mundo estava aliviado. Opequeno jogo de vaivm tinha funcionado s mil maravilhas e nada parecia poderreunir os dois homens por um bom tempo. Prosseguimos com nossa rotinazinha.No podamos prever a virada dos acontecimentos na frica com a chegada,em fevereiro de 1918, de Blaise Diagne, nico deputado negro do Parlamento francs(nascido em Gor, ele era cidado francs com plenos direitos), encarregado pelogoverno francs de promover, na frica do oeste, um grande recrutamento detropas negras, de que a Frana precisava desesperadamente. O governo francs tinha pedido ao ento governador geral da A.O.F., JoostVan Vollenhoven, que procedesse a um intenso recrutamento de no mnimo setenta3 0 3