Author
jl1957
View
283
Download
8
Embed Size (px)
Apostila somente com finalidade didtica verso preliminar. 2.006.
Autor: Eng. Dr. A. E. Giansante
2. BACIA HIDROGRFICA
- DEFINIO: uma regio geogrfica drenada por um sistema conectado de cursos
dgua, denominado de rede hdrica, de maneira que toda a gua acabe passando por
um nico ponto, denominado exutrio (fig. 3).
Fig. 2.1: bacia hidrogrfica e seus elementos.
EXUTRIO, definido conforme dois tipos:
DIVISORES
CAPTAOEXUTRIO
PRECIPITAO
- Antrpico: captao, drenagem etc. Estabelecido em funo dos usos dgua impostos
pelo ser humano.
- Natural: afluncia de um rio em outro.
MANANCIAL: a Bacia Hidrogrfica destinada a fornecer gua para o abastecimento
urbano.
DIVISORES: a Bacia hidrogrfica necessariamente contornada por um divisor, assim
designado por ser a linha de separao que divide as precipitaes que caem em bacias
vizinhas e que encaminha o escoamento superficial resultante para um ou outro sistema
fluvial. O divisor segue uma linha rgida em torno da bacia, atravessando o curso d'gua
somente no ponto de sada (captao ou exutrio). O divisor une os pontos de mxima cota
entre as bacias, o que no impede que no interior de uma bacia existam picos isolados com
cota superior a qualquer ponto do divisor.
Pode-se definir bacia hidrogrfica como sendo a rea que, delimitada pelos divisores
de gua, contribui para o rio, por meio do escoamento superficial ou atravs do solo.
Eng. Dr. A. E. Giansante
A bacia hidrogrfica abrange uma rea na superfcie terrestre, onde todas as aes
que envolvem os diversos usos do solo e da gua provocam efeitos no seu escoamento
para os rios e crregos existentes no fundo do vale.
Fig. 2.2: bacias hidrogrficas (Fonte: DAEE). No Brasil existem diversas bacias hidrogrficas importantes, tais como: Amazonas,
Paran, Paraguai, So Francisco, Araguaia, Tocantins, Iguau, entre outras. Tambm no
Estado de So Paulo existem diversas bacias hidrogrficas, sendo as principais: Tiet,
Paraba do Sul, Ribeira do Iguape, Paranapanema, Grande, entre outras.
O DAEE o rgo com a responsabilidade de realizar a gesto da gua nas bacias
hidrogrficas do Estado de So Paulo.
A delimitao de bacias se faz por meio de plantas topogrficas onde esto
representadas as curvas de nvel. A Carta IBGE esc. 1:50.000 representa as curvas de nvel
a cada 20 m. A fig. 2.3 mostra a delimitao de uma bacia hidrogrfica.
Eng. Dr. A. E. Giansante
Fig. 2.3: delimitao de bacia hidrogrfica (fonte: DAEE).
2.1 Caractersticas Fsicas.
So as necessrias para o amplo conhecimento dos fenmenos hidrolgicos que
acontecem no seu territrio. Classificam-se nas bsicas, necessrias a qualquer clculo
hidrolgico; forma, a qual analisa o comportamento da bacia em relao a sua configurao,
rede hdrica etc.
2.1.1. Bsicas.
Os clculos hidrolgicos que determinam vazo de dimensionamento, por exemplo,
dependem do valor de algumas grandezas consideradas bsicas, descritas a seguir.
a) rea da Bacia (A).
a caracterstica mais importante de uma bacia, pois quanto maior for em geral maior
tambm ser a vazo atravs do seu exutrio.
Eng. Dr. A. E. Giansante
REA
EXUTRIOQ= f(A)
[A] = ha. ou km2, sendo que 1 km2 = 100 ha.
Fig. 2.3: rea de uma bacia.
Formas de determinao da rea:
1. Planmetro: zerar o relgio e fazer 3 leituras numricas, calcular a mdia;
2. Quadrculas: dividir a bacia em quadriculas de 1X1 cm2, contar o nmero destas,
repetir por 3 vezes, calcular a mdia. Ex. escala 1:50.000, carta do IBGE:
- 1cm 500m = 0,50km, logo 1cm2 = 0,25km2
3. "Scanner" digital e exportao da figura para formato dwg ou jpeg. Digitalizao
do divisor e uso em Sistema de Informao Geogrfica SIG ou Autocad, por exemplo.
b) Elementos Lineares
- P= permetro da bacia (comprimento total dos divisores) em km.
- L= comprimento do Rio Principal (nascente ao exutrio) em km.
Eng. Dr. A. E. Giansante
- La = comprimento axial (comprimento da reta ME) em km, sendo M = ponto mais
distante do Exutrio em linha reta.
Fig. 2.4: elementos lineares de uma bacia.
Formas de determinao dos Elementos Lineares:
1. Curvmetro: percorrer por 3 vezes o permetro e o rio Principal da bacia e calcular a
mdia para cada um.
2. Barbante: sobrep-lo sobre as linhas a medir e posteriormente achar seu
comprimento.
3. Vetorizao: utilizar ou mesa digitalizadora ou efetuar a digitalizao da linha para
SIG ou CAD.
c) Declividade do curso dgua principal de uma bacia.
O curso dgua principal aqui considerado como aquele que tem o maior
comprimento dentro de uma bacia. A sua declividade uma medida da inclinao do seu
leito. A fig. 2.5. mostra o perfil do leito do curso dgua principal de uma bacia. Esse grfico
necessrio para que seja calculada a declividade do curso dgua.
P
M
E
L
Eng. Dr. A. E. Giansante
Fig. 2.5: talveg e declividade do curso dgua principal de uma bacia (fonte: DAEE).
- Extrema (Sex).
Sex = H / L
Onde:
Sex = declividade extrema, m/m.
H = diferena de cotas entre a nascente do rio principal (ponto N) e o exutrio (ponto
E), m.
L = comprimento do rio principal, km.
- Equivalente
Seq = [ L / ( Li/Si)]2
Onde:
Seq = declividade equivalente, m/m.
Hi = diferena de cotas entre dois pontos que definem um trecho do rio principal
(ponto A) e o exutrio (ponto B), m.
Li = distncia entre dois pontos que definem um trecho do rio principal (ponto A) e o
exutrio (ponto B), m.
Eng. Dr. A. E. Giansante
Si = declividade do trecho i, m/m. Si = Hi/Li
L = comprimento do rio principal, km.
Obs.: comum adotar Li como a distncia entre curvas de nvel consecutivas, medida
em planta.
Exemplo: a declividade equivalente para a bacia da fig. 2.5.
A. Cotas: esto representadas a cada 5 m.
- exutrio (seo de estudo): 95 m;
- nascente: 113 m (interpolao). Na carta do IBGE, esc. 1:50.000, as curvas de nvel
representadas so de 20 em 20 m de modo que se recomenda fazer interpolao de 5 em 5
m.
B. Distncias: suposta escala 1:10.000.
- trecho 1, entre exutrio (cota 95 m) e ponto A (cota 100 m): 400 m;
- trecho 2, entre ponto A (cota 100 m) e ponto B (cota 105 m): 260 m;
- trecho 3, entre ponto B (cota 105 m) e ponto C (cota 110 m): 70 m;
- trecho 4, entre ponto C (cota 110 m) e ponto N (cota 113 m): 20 m;
Comprimento do rio principal: L = 850 m = 0,85 km.
C. Declividade extrema (Sex).
Sex = H / L = (Cota N Cota E)/ L = (113 95)/0,85 = 18/0,85 = 21,18 m/km.
C. Declividades por trecho (Si = Hi/Li).
- trecho 1, H = 5 m e L = 400 m; Si = 0,0125 m/m = 12,5 m/km;
- trecho 2, H = 5 m e L = 260 m; Si = 0,0192 m/m = 19,2 m/km;
- trecho 3, H = 5 m e L = 70 m; Si = 0,0714 m/m = 71,4 m/km;
- trecho 4, H = 5 m e L = 20 m; Si = 0,025 m/m = 25,0 m/km.
D. Declividade Equivalente (Seq).
Seq = [ L / ( Li/Si)]2
Seq = [ 850/ (400/0,0125) + ( 260/0,0192) + ( 70/0,0714) + ( 20/0,025)]2
Seq = 0,0212 m/m = 21,16 m/km
Eng. Dr. A. E. Giansante
2.1.2. Tempo de concentrao.
H um tempo de percurso de uma gota de chuva entre o seu ponto de queda no solo e
o exutrio. O tempo mximo de percurso definido como sendo o de concentrao, logo
sendo aquele ao qual demora uma gota de chuva que caiu no ponto distante em relao ao
exutrio para passar atravs deste.
Se uma chuva tiver uma durao igual ao tempo de concentrao (tc), corresponde
quela a qual todos os pontos da superfcie de uma bacia estariam contribuindo para a
vazo que passa no exutrio, logo se estaria na condio de vazo mxima. O tc de
interesse para o clculo das obras de drenagem de uma bacia hidrogrfica e calculado por
meio de 4 frmulas empricas:
tc1 = 5,3.(L2/Sx10-3)1/3
tc2 = 52,65.(L /S0,5)0,64
tc3 = 57.(L2/S)0,385
tc4 = 55,47.(L3/H)0,77
Onde:
S = declividade, m/km. Em geral utilizada a declividade equivalente.
L = comprimento do rio principal, km.
H = diferena de cotas entre nascente e exutrio, m.
O valor do tc adotado em geral igual mdia entre os valores dados pelas 4
frmulas. Se o valor dado pela frmula 4 for muito diferente dos demais, o que acontece
normalmente, porque depende de H, este desprezado. Nunca se despreza nenhum dos
valores das trs primeiras frmulas, pois dependem da declividade.
Eng. Dr. A. E. Giansante
2.1.3. Complementares.
So outras caractersticas tambm importantes para compreender o comportamento hidrolgico das bacias.
A. Forma da bacia. As bacias com forma mais arredondada tm tendncia de apresentar vazo de pico de cheia maior que as alongadas que possuem a mesma rea em planta, porque o escoamento superficial provocado por uma chuva nas primeiras tende a chegar simultaneamente no seu exutrio, enquanto nas segundas chegaria mais distribuidamente no tempo.
Q mx 1 < Qmx 2
Figura 2.5: bacias, forma e pico de vazo de cheia.
A anlise de forma da bacia tem por objetivo estabelecer a diferena de comportamento entre duas bacias de reas iguais, mas formas diferentes: alongada e arredondada. Utilizam-se dois ndices para medir esse fenmeno: compacidade (Kc) e Conformao (Ic).
A.1. ndice de compacidade Kc definido como sendo a relao entre o permetro da bacia e a circunferncia do
crculo de mesma rea da bacia. Portanto, compara-se a bacia real com um crculo de mesma rea, quanto mais arredondada for a forma da bacia, mais prximo da unidade d a relao. Logo:
Kc = P/C = 0,28 . P . A - Pois C = 2 R = 2 A/ 2A . Onde: A = R P = permetro da bacia, km;
Eng. Dr. A. E. Giansante
A = rea, Km; C = circunferncia do circulo de mesma rea que a bacia real, Km. Caso no existam outros fatores que interfiram, as seguintes faixas so vlidas:
Valores limites de Kc Tendncia de vazo de pico de cheia Inferior Superior
alta 1,00 1,25 mdia 1,26 1,35 baixa 1,36 - o -
Portanto, a frmula a utilizar para o ndice de compacidade : Kc = 0,28.P.A-0,5
A.2. ndice de conformao Ic. definido como a relao entre a rea da bacia e o quadrado de seu comprimento
axial La, medindo ao longo do curso dgua principal, desde seu exutrio at o ponto mais distante sobre a linha de divisores dgua.
Figura 2.6: Comprimento Axial.
EM = reta de maior comprimento dentro da bacia e que passa pelo exutrio. M = Ponto mais distante do exutrio em linha reta. Portanto, a frmula a utilizar para o ndice de conformao : Ic = A/La2
Caso no existam outros fatores que interfiram, as seguintes faixas so vlidas:
Valores limites de Ic Tendncia de vazo de pico de cheia Inferior Superior
alta 0,80 - o - mdia 0,30 0,79 baixa 0,00 0,29
Eng. Dr. A. E. Giansante
Exemplos:
1. Anlise forma.
Bacia A (Km) La (Km) P (Km) L (Km) Kc Ic Concluso
Crrego do Peixe 16,250 8,30 21,25 7,80 1,48 B 0,23 B Baixa
Crrego Grande 16,375 5,90 19,00 6,00 1,32 M 0,47 M Mdia
Crrego gua Suja 9,875 4,90 13,25 4,50 1,19 A 0,41 M Alta
Ribeiro Balbinos 75,000 11,10 43,00 12,50 1,40 B 0,60 M Mdia
Ribeiro Boa Vista 53,000 10,40 37,50 11,25 1,45 B 0,49 M Mdia
2. Tempo de concentrao. Obra: microdrenagem.
Municpio: So Paulo.
1. Caractersticas Fsicas da bacia.
A. Bsicas:
rea(A) = 0,85 Km^2
perimetro(P) = 3,50 Km
compr. rio principal(L) = 0,65 Km
decl. extrema(Sex) = 3,00 m/Km
decl equivalente(Se) = 3,00 m/Km
desnvel talveg(""delta""H) = 2,20 m
compr. axial(La) = 0,95 km
B. Forma:
ndice de compacidade(Kc) = 0,28.P.A^-0,5 = 1,06 alta
ndice de conformao(Ic) = A/La^2 = 0,94 mdia
concluso alta
2. Chuva de projeto.
Tempo de concentrao(tc):
tc1 = 5,3.(L2/^Sx10-3)1/3 = 27,57 min
tc2 = 52,65.(L/S^0,5)^0,64 = 28,12 min
tc3 = 57.(L^2/S)^0,385 = 26,80 min
tc4 = 55,47.(L^3/H)^0,77 = 11,17 min
Tempo de concentrao(tc) = 27,50 minutos (somente valores com Se)
Eng. Dr. A. E. Giansante
2.1.4. Rede hdrica.
- Ordem.
- Densidade de trechos.
- Densidade de drenagem.