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  • 1. GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Acio Neves Cunha Secretria de Estado de Educao Vanessa Guimares Pinto Secretrio Adjunto da Educao Joo Antnio Filocre Saraiva Subsecretria de Desenvolvimento da Educao Bsica Raquel Elizabete de Souza Santos Superintendente de Educao Infantil e Fundamental Maria das Graas Pedrosa Bittencourt Gerente Executivo do Projeto Escola de Tempo Integral Gustavo Nominato Marques
  • 2. GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS Acio Neves Cunha SECRETRIO DE ESTADO DE ESPORTES E DA JUVENTUDE Deputado Gustavo Corra SECRETRIO ADJUNTO DE ESPORTES E DA JUVENTUDE Rogrio Aoki Romero EMPREENDEDOR PBLICO GERENTE DO PROJETO ESTRUTURADOR MINAS OLMPICA Alexandre Massura Neto SUPERINTENDENTE DE ESPORTE EDUCACIONAL Mrcia Campos Ferreira AUTORES DANA Marcos Antnio Almeida Campos Mestre em Histria da Educao (UFMG). Graduao em Educao Fsica (UFMG). Co-autoria Adrilene Marize Muradas Nunes Graduaoem Educao Fsica e Artes Cnicas (UFMG). CAPOEIRA Fernando C. M. Ennes - Mestre Boco Mestre em Treinamento Esportivo/Comportamento Motor (EEFFTO/UFMG). Especialista em Educao Fsica/Esporte - PREPES (PUC-Minas). Mestrede Capoeira segundo grau formado pelo Mestre Mo Branca - Grupo Capoeira Gerais. Mestre do Centro de Cultura Canzu Capoeira.
  • 3. Professor Cristiano Brando Figueiredo de Souza Bacharel em Educao Fsica (UFMG). Licenciatura em educao Fsica (UFMG). FUTEBOL Guilherme Carvalho Franco da Silveira Mestre em Educao (UFMG). Especialista no ensino da Educao Fsica (PUCMINAS) Licenciatura em Educao Fsica (UFMG). Joelcio Fernandes Pinto Doutorando em Educao(Faculdade de Educao da UFMG). Mestre emEducao pelaFaculdade de Educao (UFMG). Licenciatura em Educao Fsica (UFMG). Psgraduao em EducaoFsica Escolar (PUC-Minas. PETECA Renato Machado dos Santos Especialista em Metodologia de Ensino Fundamental e Mdio (CEPEMG). Especialista em Administrao Escolar (UNIGRANRIO). Especialista em Treinamento Esportivo PREPES (PUC-Minas). Licenciado em Educao Fsica (UFMG). BRINQUEDO Admir Soares de Almeida Junior Doutorado em Educao (Faculdade de Educao da UNICAMP). Mestre em Educao pela (PUC-Minas). Licenciado em Educao Fsica (UFMG).
  • 4. Apresentao Implantar nas escolas pblicas de Minas Gerais uma Educao Fsica Escolar diferenciada e inovadora, atenta aos desafios da educao integral de crianas e jovens, o principal objetivo da poltica atualmente em vigor, desenvolvida pela Secretaria de Estado da Educao (SEE) e contando com a parceria da Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude (SEEJ), por intermdio do Programa Minas Olmpica. Nessa Educao Fsica Escolar renovada, o esporte entendido na sua concepo ampla, ou seja, como um conjunto de prticas corporais que se expressam sob a forma de jogos, lutas, ginstica, brinquedos e brincadeiras, danas e movimentos, que so os temas integrantes dos Contedos Bsicos Comuns definidos pela SEE. Os cadernos pedaggicos que ora entregamos s equipes de nossas escolas fazem parte dessa poltica mais ampla e compem a proposta para a prtica da Educao Fsica nas Escolas de Tempo Integral (ETI). Eles contemplam os seguintes contedos: atletismo, capoeira, brinquedo, dana, futebol, ginstica, peteca, jogos e brincadeiras. Nossa expectativa de que a distribuio desses materiais, aliada capacitao dos professores, feita por instituies de ensino superior, em cursos regionais, venha proporcionar a segurana necessria construo de uma escola com mais tempo para a efetiva aprendizagem e desenvolvimento das crianas e jovens.
  • 5. Introduo com muita satisfao que apresentamos a coletnea ESPORTE NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL (ETI), com objetivo de subsidiar o (a) professor (a) no seu trabalho com a Educao Fsica. Essa uma iniciativa da Secretaria de Esporte e da Juventude (SEEJ) em parceria com a Secretaria de Estado da Educao (SEE). O esporte, nessa proposta, entendido na sua concepo ampla, ou seja, como um conjunto de prticas corporais que se expressam na forma de: Jogos e brincadeiras, capoeira, ginsticas; brinquedos; futebol; atletismo; dana; e peteca. Tais temas foram escolhidos e desenvolvidos com a inteno de contemplar as inmeras possibilidades de prticas corporais presentes na histria cultural da humanidade. Entendemos que outras tantas podem e devem ser trabalhadas nas escolas. O esporte na ETI considera a corporeidade como elemento da formao humana, assegurando aos alunos (as) conhecimentos que possam garantir autonomia em relao ao seu corpo e aos seus processos de aprendizagem. Neste sentido, o esporte uma rica possibilidade de ampliao do seu universo cultural, constituindo estratgia importante para incentivar o aluno na ampliao do seu tempo de permanncia na escola. Os (As) autores (as) dos cadernos so especialistas nos temas abordados e professores (as) com grande experincia no ensino da Educao Fsica na educao bsica. Ainda assim, foi grande o desafio na produo de propostas que contemplassem o cotidiano escolar e que fossem significativas para as crianas e jovens de nossas escolas, a partir de uma perspectiva ldica, inclusiva e interdisciplinar. Propomos um ensino do esporte comprometido com a promoo de vivncias ldicas caracterizadas por interaes compartilhadas, promotoras de curiosidade, autonomia e alegria dos educandos. Prticas corporais compreendidas como espaos de produo e vivncia de valores, campo de atividade educativa e exerccio da liberdade, da crtica e da criatividade. Essas so indispensveis s descobertas sobre o corpo e a cultura corporal, ao exerccio da participao, da cooperao e autogesto na organizao e no usufruto das atividades. A perspectiva inclusiva fundamenta-se na premissa de que o esporte na escola deve ser compreendido como uma prtica pedaggica que garanta igualdade de oportunidades a todos os alunos (as), independentemente de idade, sexo, condio fsica, habilidades na prtica corporais, dentre outros. A coletnea prioriza as metodologias tendo como referncia os conceitos e as diretrizes para o ensino da Educao Fsica que orientam a Proposta Curricular de Educao Fsica do Ensino Fundamental que vem sendo implantada nas escolas da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais desde 2005. A idia a ser preservada a ampliao dos temas e a flexibilidade na organizao dos projetos em funo da proposta pedaggica da escola. Os princpios pedaggicos norteadores desse Programa de Esporte na Escola de Tempo Integral apontam para a necessidade de se pensar a avaliao em seu carter processual e formativo, como parte inerente ao processo de ensinar e aprender. Assim, fundamental que ela esteja presente ao longo de todo o processo educativo. Inicialmente para diagnosticar o que os alunos j sabem e o grau de construo do conhecimento em que o aluno se encontra. A partir da, a avaliao dever ser realizada de forma contnua, para acompanhar a trajetria de aprendizagem do aluno, ao longo de cada aula, tendo em vista as intencionalidades das aes pedaggicas estabelecidas em curto, mdio e longo prazo. Nesse processo de avaliao, pode-se utilizar diversos instrumentos tais como: observaes sistemticas (registros, relatrios, fichas avaliativas), aulas dialogadas, questionrios, auto-avaliao, dentre outros. Uma vez coletadas, as informaes precisam ser organizadas, categorizadas e analisadas de forma tal que a escola possa fazer uma leitura crtica dos seus significados. A anlise dos dados deve ser feita luz de referenciais, isto , de critrios (padres de desempenho, conduta, atitude) previamente estabelecidos em coerncia com os objetivos e princpios norteadores da proposta pedaggica da escola. Esses critrios permitiro fazer um julgamento de valor (timo, bom, regular, insuficiente ) sobre o nvel de aprendizagem dos alunos. Esse conjunto de informaes subsidiar a tomada de deciso do
  • 6. professor sobre a aprendizagem do aluno e do redimensionamento, ou no, de suas aes pedaggicas. Se a leitura e o estudo dessa coletnea conseguir instigar voc professor (a) a querer saber um pouco mais, a sistematizar suas experincias, que, com certeza, so muito ricas, e a despertar o gosto e a alegria da criana e do (a) jovem para conhecer mais sobre as prticas corporais, a experimentar novas formas de jogar e brincar com os seus colegas, ela cumpriu o seu objetivo. Organizadoras Aleluia Heringer Lisboa Teixeira Eustquia salvadora de Sousa
  • 7. Brinquedos Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 11
  • 8. 12 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 9. Brinquedos INTRODUO O tema a ser tratado nesse caderno o de Brinquedos. Durante algum tempo muitos professores (as) associavam o trabalho com brinquedos nas escolas somente s aulas de Arte ou a momentos de atividades livres dos educandos. Dessa forma, gostaramos de ressaltar a relevncia da publicao de um caderno dedicado exclusivamente aos brinquedos no contexto da prtica pedaggica da Educao Fsica. Mas, o que o Brinquedo1? Podemos considerar o Brinquedo como contedo de ensino da Educao Fsica? Para procurarmos responder primeira pergunta buscamos auxlio na produo de Brougre (2000). Assim como o autor, entendemos que o Brinquedo um objeto que possui funes associadas ao seu uso potencial (carrinho de metal, boneca) e, ao mesmo tempo, valor simblico (ou significao social produzida por sua imagem), que extrapola, por vezes, sua funcionalidade inicial. Dessa forma, o brinquedo pode ser entendido como um objeto distinto e especfico, cuja funo bsica nem sempre est explcita. Pode-se afirmar que a principal funo do brinquedo a brincadeira. Para o autor, o brinquedo , acima de tudo, um dos meios para desencadear a brincadeira. E a brincadeira , dentre outras coisas, um meio de a criana viver a cultura que a cerca, tal como ela verdadeiramente, e no como ela deveria ser (2000:59). O Autor entende que o brinquedo no a materializao de um jogo, mas uma imagem que evoca um aspecto da realidade que o sujeito pode manipular conforme a sua vontade. Dessa forma, no possvel definir a priori o que brincar com um carrinho de metal ou com uma boneca. Ao associarmos os brinquedos brincadeira, concordamos que no Brinquedo o valor simblico a sua funo. Outro aspecto importante que gostaramos de destacar a considerao de que os brinquedos so produes culturais. necessrio considerarmos o brinquedo como produto de uma sociedade dotada de traos culturais especficos. preciso aceitar o fato de que o brinquedo est inserido em um sistema social e suporta funes sociais que lhe conferem razo para ser. Neste sentido, o brinquedo dotado de um forte valor cultural, se definimos a cultura como o conjunto de significaes produzidas pelo homem. Percebemos como ele rico de significados que permitem compreender determinada sociedade e cultura (Brougre, 1987, p. 8). Ao considerarmos o Brinquedo como expresso da produo cultural de uma determinada sociedade e assumirmos a cultura como um sistema simblico, faz-se necessrio ampliarmos nosso olhar para os sujeitos da ao do brincar; isto , as crianas e os educandos. Nessa perspectiva, importante que passemos a considerar as crianas e nossos estudantes como sujeitos produtores de cultura2. No tocante relao das crianas com os brinquedos, a questo deixa de ser apenas o efeito socializador do brinquedo, ou como e quando a cultura transmitida pelo mesmo, mas como as crianas formulam sentidos diversos em relao ao mundo que as rodeia. (CONH, 2005) Portanto, as crianas e os educandos ao lanarem mo de brinquedos no so produtores de cultura. Essa produo d-se de forma tensa, visto que os sentidos produzidos a partir da ao com e sobre os brinquedos ocorrem num contexto cultural compartilhado com os adultos. Vamos agora tentar responder segunda questo formulada por ns no incio desse texto: Podemos considerar o Brinquedo como contedo de ensino da Educao Fsica? A resposta sim! A Educao Fsica, como uma rea de conhecimento escolar, possui saberes que lhe so prprios, possui uma especificidade de conhecimentos, tendo como objeto de estudo as prticas corporais produzidas por homens e mulheres. Os brinquedos, junto aos jogos e brincadeiras, correspondem a uma das reas de conhecimento da Educao 1 - Utilizaremos a grafia com letra maiscula para nos referirmos aos brinquedos de uma forma genrica e indistinta. 2 - Para uma discusso interessante acerca dessa concepo, sugerimos a leitura de Conh, Clarice. Antropologia da Criana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2005. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 13
  • 10. Fsica e representam conhecimentos histricos e culturais, vivenciados em diferentes comunidades, em diferentes pocas. Para exemplificar, podemos enumerar as diversas formas de expresso e denominao do brinquedo conhecido como papagaio3. Alm das concepes de brinquedo e criana apresentadas acima, outros princpios devem ser observados para que o processo de trabalho possa ser desenvolvido de maneira adequada. Destacamos nesse momento os princpios da ludicidade e do direito de todos aprendizagem. A ludicidade uma forma de linguagem, pois, permite que a criana/educando exteriorize o seu pensamento de mltiplas formas, que se comunique e interaja com os outros, com os objetos, em diferentes tempos e espaos. Ao brincar, a criana movimenta-se, fala, desenha, sorri, chora, grita. Ela utiliza diferentes modos de discurso para expressar o que sente e pensa. Considerar a ludicidade como um princpio significa que as aulas devem possibilitar a expresso plena da criana, ou seja, a descoberta do conhecimento de forma criativa, crtica, contextualizada e divertida, por meio de diferentes experincias de movimento que pode realizar. O princpio do direito de todos aprendizagem remete-nos a uma reflexo sobre o cotidiano das aulas de educao fsica em que, por vezes, tem prevalecido um modelo de prtica que segrega e seleciona os estudantes. Para efetivarmos o direito de todos aprendizagem como princpio, necessrio considerarmos que as aulas de Educao Fsica oferecem-nos uma oportunidade significativa para reconhecer o lugar de diferentes possibilidades da existncia humana: ser menino ou menina; ser branco ou negro; ser rico ou pobre; ser alto ou baixo; ser habilidoso ou no; ser forte ou fraco dentre tantas maneiras de sermos humanos. Portanto, preciso realizar um esforo no sentido de construirmos prticas pedaggicas significativas que possibilitem o direito e a aprendizagem dos conhecimentos da educao fsica a todos os educandos. Por fim, para que o conhecimento tratado nas aulas de educao fsica tenha sentido e significado para os estudantes, entendemos que necessrio uma organizao do conhecimento a ser apresentado e construdo com os estudantes. Os projetos de trabalho tm-se constitudo numa interessante estratgia metodolgica para o trato pedaggico dos contedos de ensino da educao fsica. A seguir apresentamos, de forma sinttica, alguns passos a serem percorridos na elaborao de projetos de trabalho no contexto das aulas de educao fsica: ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DE UM PROJETO a) Reconhecimento dos educandos quanto as suas ansiedades, desejos, representaes e necessidades. Neste momento, seria interessante um caderno de anotaes para registrar as falas e os comportamentos. Algumas questes so fundamentais para serem levantadas, tais como: os tipos mais comuns de brinquedos utilizados por eles, sobre quais inovaes a respeito do tema eles tm noticias, quais os objetivos do projeto da Escola em Tempo Integral, quais aprendizados eles gostariam de adquirir sobre o tema e outros tantos que o professor considerar conveniente. b) Proposio de um tema para o projeto. Partindo do reconhecimento dos educandos, todo o grupo (estudantes e professores/as) ir discutir possibilidades de aprendizagem relevantes para os sujeitos, culminando com a escolha de um tema ou de uma pergunta orientadora do projeto. Nesse momento, o professor no apenas mediador das falas e dos interesses dos alunos, mas tambm apresenta seus prprios pontos de vista, interesses e propostas. A sugesto de temas pode partir tanto do professor quanto dos alunos. Neste caderno, como ainda no temos contato com os alunos, sero apresentados projetos cujos temas seriam selecionados pelo professor. c) Problematizao: o ponto de partida, o momento inicial em que vo ser observados os conhecimentos prvios em relao ao tema, vo ser relatadas as expectativas do grupo e realizada uma organizao coletiva (inicial) do projeto. Para esta organizao inicial, a pesquisa muito importante. 3 -Veja mais detalhes da histria desse brinquedo na descrio do Projeto Objetos voadores de papel. 14 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 11. d) Desenvolvimento: realizao de diferentes vivncias do tema proposto, de acordo com as estratgias e objetivos traados pelo grupo. Novas pesquisas e novos debates. Possibilidade de realizao de experincias fora da escola ou trazer convidados (pessoas para debater o tema e propor outras vivncias). Durante o desenvolvimento do projeto, importante confrontar os conhecimentos prvios e as hipteses iniciais com o que est sendo vivenciado, com as novas aprendizagens. e) Sntese: pode ser feita atravs de diferentes formas de registro (desenhos, livros de memrias, festas, festivais, exposies etc.), indicando uma produo coletiva dos conceitos, prticas e valores construdos durante o projeto. A Sntese deve indicar novas possibilidades, novas aprendizagens e sugerir novos temas, novos projetos. Os projetos que apresentamos a seguir so sugestes de intervenes pedaggicas que colocam estudantes e professores no centro da ao pedaggica, isto , como protagonistas da construo de uma cultura escolar de prticas corporais. Alm disso, importante ressaltar que essa proposta volta-se para todos os alunos que participaro do Projeto Escola em Tempo Integral, indistintamente. O trabalho com brinquedos no deve ficar restrito s crianas, mesmo porque ele no um atributo exclusivo dessa fase do desenvolvimento humano. Assim, devemos possibilitar tambm aos alunos/as adolescentes o contato e a aprendizagem desses contedos. Por fim, importa destacar que alguns dos projetos so um exerccio de registro e sntese reflexiva de nossa prpria prtica pedaggica em escolas pblicas de ensino fundamental. PROJETO BA DE SEGREDOS E BRINQUEDOS SUB-TEMA: OBJETOS VOADORES DE PAPEL Reconhecimento dos educandos O professor/a poder elaborar um instrumento de registro (coleta de dados) sobre os brinquedos que a turma conhece e quais so pouco conhecidos. Pode tambm apresentar o nome ou imagens de alguns brinquedos de antigamente e outros que pertencem cultura ldica de crianas de outros pases. Proposio de um tema A idia que o professor/a possa inicialmente, realizar junto com a turma a leitura do livro Troca de Segredos1. A partir da histria apresentada no livro, o professor apresenta a turma o seu ba de segredos/brinquedos. Nesse momento, o professor/a pode lanar algumas perguntas aos estudantes: o que vocs acham que tem dentro desse meu ba? Quais brinquedos vocs acham que encontraro dentro do ba? Nesse momento, importante que o professor/a faa anotaes das respostas apresentadas pelos estudantes. Problematizao do projeto O professor abre seu ba de segredos e deixa que os estudantes tomem contato com seu contedo. importante perceber quais os brinquedos chamam mais a ateno das crianas. Sugerimos que o professor d destaque para os seguintes brinquedos: papagaios, avies, baranguando arcoris e bumerangues de papel. O professor/a poder formular algumas questes: algum de vocs conhece esses brinquedos? O que eles tm em comum? Vocs gostariam de construir e brincar com alguns deles? A idia que o professor/a possa levar os estudantes ao entendimento de que os brinquedos selecionados possuem uma caracterstica em comum: so objetos voadores de papel. A partir da, o professor/a pode sugerir a turma a construo de um ou mais modelos dos brinquedos. Desenvolvimento Nesse item o professor/a ir construir junto com os estudantes alguns modelos dos brinquedos que so objetos voadores de papel. Sugerimos que as aulas sejam geminadas, ou seja, de no mnimo 100 minutos, para que os 1 - Coelho, Ronaldo Simes. Troca de Segredos. Ilustraes: Edna de Castro. Belo Horizonte: editora L, 2 Edio, 1995. O livro trata de um menino que descobre os segredos de seu av contidos em um ba. O interior desse ba mgico contm brinquedos pouco conhecidos do garoto, tais como: papagaio, bilboqu, futebol de boto, pio, diabol e outros. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 15
  • 12. estudantes possam construir os brinquedos e experiment-los. Iniciaremos pelos modelos de papagaios. Os dois modelos apresentados abaixo no utilizam varetas, so tambm conhecidos como pandorgas ou capucheta. 1. Pipa/Papagaio Modelo Cartola (dobradura) Instrues para confeco: 1. Utilize uma folha de papel carto colorido ou cartolina no formato de um retngulo de 19 cm X 25 cm, conforme indicado na fig.n. 1; 2. Dobre as bordas da folha de papel conforme indicao pontilhada da fig.n. 2; Depois, compare para que as duas bordas fiquem iguais, conforme a fig. n. 3; 3. Agora s colocar a barbela (estirante) e a rabiola (cauda) conforme indica a fig.n. 4 e empinar o papagaio bem longe dos fios eltricos! 2. Pipa/Papagaio Modelo Diamante Material Necessrio: . 1 folha de papel carto colorido . retalhos de papel para a rabiola . linha 10 para a barbela e para empinar . fita adesiva . tesoura . estilete . rgua . cola Instrues para confeco: 1. Dobre a folha de papel ao meio, como indicado na fig. n 1; 2. Marque na lateral a diviso em 04 partes (fig. n 2). Na 1, trace uma linha at a outra ponta da folha e, da mesma 1 parte, trace outra linha at a ponta de baixo da folha de papel. Depois de traadas as linhas, corte-as; 3. Separe as partes cortadas (fig. n 3); 4. Coloque, nas duas pontas laterais e na ponta de baixo, um pedao de fita adesiva, abraando o papel, para reforo (fig. n 4); 5. Faa um furo em cada reforo (por cima da fita adesiva), corte a linha para a barbela (mais ou menos 1 o tamanho da largura da pipa), amarre as duas pontas, estique a linha por igual acima da pipa e d um n. Nesse n ser amarrada a linha para se empinar a pipa. Com os retalhos de papel, faa as rabiolas e prenda-as na cauda da pipa (fig. n 5). 16 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 13. Sugestes: a) Verifique junto aos estudantes se alguns deles conhecem outros modelos de papagaios e pipas que no precisam de varetas para voar. b) Apresente para a turma um pouco da histria das pipas e papagaios2. c) Discuta com os estudantes os provveis motivos das diferentes denominaes das pipas e papagaios, bem como de suas partes constitutivas (ex: barbela/estirante, cauda/rabiola etc.) d) Convide os demais professores/as para produzirem um glossrio de termos relativos aos papagaios e pipas. e) Produza com os educandos e os professores/as um registro por escrito do processo de construo das pipas/papagaios. Eles podero vir a fazer parte de um caderno de brinquedos construdos pelas crianas. Veja abaixo um exemplo: 2. Avies de Papel O segundo brinquedo que sugerimos para construo o Avio de Papel. Esse um brinquedo que faz parte da memria de muitos adultos e da cultura ldica das crianas e adolescentes. Os modelos apresentados abaixo so muito fceis de construir, alm de utilizar pouco material. Para o primeiro modelo, vamos precisar apenas de uma folha de papel A4. Para esse modelo vamos precisar: . 01 folha de papel sulfite ou papel carto; . 01 vidro de cola; . 01 palito de dentes. Instrues para confeco: 1. Corte as asas nas seguintes medidas: 7cm x 1cm x 1,5 cm (fig. n 1). 2. Corte o profundor e o leme vertical nas seguintes medidas: 3 cm x 1cm (fig. n2). 3. Corte as pontas de uma das tiras de papel menor. Este vai ser o leme vertical. 4. Cole as asas a 2,3 cm da ponta do palito de dentes (fig n 3). 5. Dobre o leme vertical em V e cole no centro do profundor. 6. Cole o conjunto rente ponta traseira do palito (fig n 3). 7. Dobre as asas para cima, at conseguir um diedro de 1,5 a 2 cm (fig. n 4). 8. Com as pontas do dedo, curve um pouco a asa, formando um arco (fig. n 4). 9. Adicione massa de modelar ou sabo na ponta, at conseguir peso para que o avio voe reto. 2 - Nos livros: Brincando com Pipas Orientais e Brincando com Pipas Mltiplas e de Duplo Comando, de autoria de Silvio Voc, possvel encontrar informaes sobre a histria e origem das pipas e papagaios. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 17
  • 14. Foto 1: Avio Mosquito Disponvel em: http://paginas.terra.com.br/lazer/avioesdepapel/mosquito_foto.jpg Sugestes: a) Verifique junto aos estudantes se alguns deles conhecem outros modelos de avies de papel. b) Pea a turma para pesquisar junto aos familiares e pessoas da comunidade outros modelos de avies de papel e apresent-los nas prximas aulas. c) Deixe que os estudantes personalizem seus avies. Eles podem utilizar lpis de cor ou giz de cera. d) Produza com os educandos e os demais professores/as um registro por escrito do processo de construo dos avies de papel. Eles podero vir a fazer parte de um caderno de brinquedos construdos pelas crianas. 3. Barangando Arco-ris/Foguetinho Na cidade de Salvador, na Bahia, o barangando um objeto geralmente feito de pedra, caroo de manga ou um pedacinho de pau que amarrado numa linha. As crianas brincam de muitas maneiras. Aqui em Minas Gerais, conhecido como Berimbau, e muito utilizado pelas crianas em pequenas disputas com linhas de empinar papagaio. Nas escolas possvel construir uma verso de barangando (arco-ris)3 utilizando: . Papel crepom; . Jornal; . Barbante. Instrues para confeco: 1. Dobre uma folha de jornal fazendo com que ela fique parecendo uma tira. 2. Dobre essa folha ao meio. 3. Agora, corte algumas tiras do papel crepon (pode ser de cores variadas) e coloque no meio da tira de jornal. 4. Enrole a tira de jornal sobre as tiras de papel crepom, formando um pequeno canudo. 5. Amarre o canudo utilizando um pedao de barbante. Veja abaixo uma ilustrao produzida por um aluno que demonstra o processo de construo do barangando arco-ris, que tambm recebe o nome de foguetinho nas escolas. Ilustrao 1. Como construir o foguetinho. Fonte: Arquivo pessoal do autor 3 - Para conhecer este e outros brinquedos, sugerimos o livro de Adelsin. Barangando arco-ris: 36 brinquedos inventados por meninos. Belo Horizonte: Adelsin, 1997. 95p. 18 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 15. Na foto abaixo possvel perceber o efeito colorido produzido pelo barangando arco-ris/ foguetinho: Foto 2. Crianas brincando com o Barangando Arco-ris (Arquivo pessoal do autor) Sugestes: a) b) c) Experimente junto com a turma outras formas de construir o barangando/foguetinho, utilizando papis e outros materiais diferentes. Desafie as crianas a produzirem novas formas de brincar com o barangando/foguetinho. Produza com os educandos e demais professores um registro por escrito do processo de construo do barangando/foguetinho. Eles podero vir a fazer parte de um caderno de brinquedos produzidos pelas crianas. 4. Bumerangues de Papel Geralmente, os bumerangues so associados aos povos nativos (aborgines) da Austrlia. Entretanto, algumas descobertas paleontolgicas recentes encontraram artefatos parecidos com bumerangues, com aproximadamente 23 mil anos, na Polnia. At mesmo entre alguns povos indgenas da Amaznia, esse artefato j era conhecido, sendo utilizado como instrumento de caa. O fascnio deste brinquedo est na possibilidade de arremess-lo e o mesmo retornar a nossas mos. Inicialmente pode parecer difcil, mas depois de algumas tentativas nossos alunos ficaro craques. Vamos sugerir a construo um modelo bsico de bumerangue de papel capaz de voar pequenas distncias. Bumerangue de trs pontas (Trip) Material: . Papel carto (02 folhas); . Tesoura ou estilete; . Lpis ou caneta; . Cola branca. Instrues para confeco: 1. Cole uma folha de papel carto contra a outra folha. 2. Desenhe conforme o modelo apresentado acima. 3. Recorte o desenho. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 19
  • 16. Variao: Modelo em Y FIG. 1 FIG. 2 FIG. 3 FIG. 4 1. Corte um tringulo Eqiltero, medindo 10cm (fig. n 1) 2. Trace trs linhas partindo das extremidades de encontro ao centro do lado oposto. Para no errar, faa marcas de 5 cm em cada lado do tringulo. (Fig. n. 2) 3. Desenhe o bumerangue como na figura, seguindo as linhas que voc desenhou e com largura de 1 cm Recorte e arredonde as pontas (Fig. n. 4). Pronto! Seu bumerangue j est prontinho para dar o primeiro vo, mas no se esquea de deix-lo plano. Bons vos! 5. Boneca/o de Papel e Pra-quedas Vamos comear ela construo de um/a boneco/a de papel. Logo depois construiremos um pra-quedas e amarraremos o boneco a ele. O modelo de boneco/a de papel foi baseado nas bonecas feitas de palha de milho muito comuns no interior do Brasil. Para construir a boneca vamos precisar de: Material 01 folha de jornal Fita crepe Instrues para confeco: 1. Pegue uma folha de jornal e divida em duas.Pegue um pedao e divida em dois. (fig. 1) 2. Enrole os pedaos pequenos para fazer dois canudinhos. (fig. 2) 3. Faa uma trouxinha para confeccionar a cabea. (fig. 3) 4. Pegue os canudinhos e dobre um sobre o outro. (fig.4) 5. Agora, junte a cabea ao corpo. Nesse momento, para garantir que o boneco/a fique firme, passe fita crepe em volta do pescoo e no corpo. (fig.5) 6. Agora s inventar uma roupa legal para seu/a boneco/a e prepar-lo para saltar de pra-quedas. 20 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 17. Agora vamos construir o pra-quedas. Vamos precisar de: Material 01 sacola plstica de supermercado; Tesoura; Barbante Instrues para confeco: 1. Corte as alas da sacola. Depois corte o fundo. Abbra a sacola e corte ao meio. (fig.1) 2. Amarre quatro linhas extremidades. (fig. 2) de papagaio nas 3. Segure bem no centro do pra-quedas, estique as linhas e amarre o boneco/a. D um n bem firme. (fig.3) 4. Agora s enrolar as linhas com o pra-quedas em volta do boneco. Jogue para o alto e veja como legal observar o pra-quedas abrir e cair bem devagar! Sntese Como momento de sntese parcial desse projeto, sugerimos que os alunos iniciem a produo de um caderno de brinquedos. Esse caderno pode conter um pouco da histria de cada brinquedo, suas diferentes denominaes, curiosidades e instrues de como constru-los. muito importante tambm discutir e refletir com os alunos que muitos brinquedos possuem uma forte representao de gnero, sendo identificados como brinquedo de menino ou de menina. preciso que os alunos percebam que essas representaes foram construdas na sociedade, e como tal, podem ser reconstrudas. Nesse caso, importante que os professores/as possibilitem esse processo. PROJETO BA DE SEGREDOS E BRINQUEDOS SUB-TEMA: O PIO ENTROU NA RODA ... BRINQUEDOS GIRANTES E MIRABOLANTES! Reconhecimento dos educandos Percepo por parte do (a) professor (a) de que a turma como um todo conhece pouco alguns brinquedos de antigamente e outros que pertencem cultura ldica de crianas de outros pases. Proposio de um tema A idia que o professor/a possa, inicialmente, realizar junto turma a leitura do livro Troca de Segredos4. A partir da histria apresentada no livro, o professor apresenta turma o seu ba de segredos/brinquedos. Nesse momento, o professor pode lanar algumas perguntas aos estudantes: o que vocs acham que tem dentro desse meu ba? Quais brinquedos vocs acham que encontraro dentro do ba? Nesse momento, importante que o professor/a faa anotaes das respostas apresentadas pelos estudantes. 4 -Coelho, Ronaldo Simes. Troca de Segredos. Ilustraes: Edna de Castro. Belo Horizonte: editora L, 2 Edio, 1995. O livro trata de um menino que descobre os segredos de seu av contidos em um ba. O interior desse ba mgico contm brinquedos pouco conhecidos do garoto, tais como: papagaio, bilboqu, futebol de boto, pio, diabol e outros. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 21
  • 18. Problematizao do projeto Nesse momento do projeto, o professor abre novamente seu ba de segredos e apresenta aos estudantes uma nova coleo de brinquedos: diferentes modelos de pies e brinquedos girantes5. Aps deixar que os alunos brinquem e experimentem os diferentes modelos de pies e brinquedos girantes, o professor/a poder formular algumas questes: algum de vocs conhece esses brinquedos? O que eles tm em comum? Vocs gostariam de construir e brincar com alguns deles? A idia que o professor/a possa levar os estudantes ao entendimento de que os brinquedos apresentados possuem uma caracterstica em comum: so brinquedos girantes, isto , utilizam um implemento geralmente uma corda, barbante ou fio - para funcionarem. A partir da, o professor/a pode sugerir turma a construo de um ou mais modelos dos brinquedos. Desenvolvimento O pio um brinquedo bastante antigo. Existem indcios de sua ocorrncia como jogo e brinquedo desde a pr-histria. Alguns pies encontrados por arquelogos so feitos de argila e tm mais de 4 mil anos de idade. At hoje um brinquedo muito popular entre crianas e adolescentes. Existem diversos modelos e tipos de pies. No Brasil, o mais conhecido o modelo trazido pelos colonizadores portugueses. Geralmente, ele recebe o nome de pio ou pinho. O pio grande tambm recebe nome de bojudo ou mamona, j o pequenino, geralmente, chamado de carrapeta. Veja abaixo um exemplo: Foto 3. O pio tradicional portugus. Em alguns mercados municipais ou em feiras de artesanato possvel encontrar modelos desses pies. Seria muito interessante que as escolas pudessem disponibilizar um nmero significativo desses brinquedos para que as crianas e adolescentes possam experimentar e aprender a manuse-los e a brincar com eles. A seguir vamos propor a construo de alguns modelos de pies e piorras6 pouco conhecidos das crianas. Vamos iniciar por uma piorra feita de sementes. Esse um tipo de piorra muito comum entre algumas etnias indgenas do Brasil7. 1. Piorra de Semente Material: . Uma semente mdia de abacate; . Uma vareta de aproximadamente 10 cm. 5 - Como sugesto de acervo de pies e brinquedos girantes indicamos: pies de madeira, pies bay-blade manufaturados, piorras de madeira, plstico e tampinha, pies indgenas de cabaa, corrupios de tampinha, boto e tampinha de garrafas pets, diabols de funil de plstico e de garrafas pet. 6 - Existe uma diferena entre os pies e as piorras. Os pies precisam de um barbante, fieira ou algum outro mecanismo para faz-los girar. J as piorras giram a partir do movimento da ponta de nossos dedos. 7 - Para mais informaes sobre os pies e outros brinquedos e brincadeiras indgenas sugerimos uma visita ao site Jogos Indgenas do Brasil: www. jogosindigenasdobrasil.art.br 22 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 19. Instrues para confeco: 1. Pegue a vareta (pode ser um espeto de churrasco feito de bambu) e apare sua ponta deixando-a levemente afinada. (Fig. 1) 2. Introduza a vareta na semente. (Fig. 2) 3. Encaixe a semente prximo ponta da vareta. (Fig.2) Agora s girar a vareta entre as palmas das mos e soltar a piorra em uma superfcie lisa. Abaixo podemos ver algumas crianas indgenas brincando com suas piorras de sementes. Foto 4. Crianas brincam com seus pies de sementes Fonte: www.jogosindigenasdobrasil.art.br 2. Piorrinha de Tampa de PET possvel construir um outro tipo de piorra utilizando o seguinte material: . 01 tampa de garrafa PET; . 01 prego; . 01 palito de dente. Instrues para confeco: 1. Com um prego com ponta bem fina, fure a tampinha de PET bem no centro. (Fig. 1) 2. Agora passe o palito, de dentro para fora, de maneira que ele fique bem apertado e com a parte menor para baixo. (Fig.2) 3. Pronto! Agora s segurar a parte de cima do palito com os dois dedos e girar! (Fig.3) Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 23
  • 20. 4. Pio Indgena Sonante Foto 5. Pio dos Manchineri que feito de cabaa Fonte: www.jogosindigenasdobrasil.art.br Este um tipo de pio muito utilizado por crianas indgenas das etnias Manchineri e Ticuna. O pio feito de uma cabaa pequena e uma vareta. Ns vamos constru-lo modificando alguns materiais. Materiais: . 01 cabaa pequena; . 01 lpis; . Barbante; . 01 basto de cola-quente; . 01 pedao de papelo (10 cm). Instrues para confeco: 1.Com um perfurador, fure a cabaa em cima, embaixo e dos lados. (Fig.1) 2.Passe o lpis pelos furos centrais e cole-o. (Fig.2) 3.Faa um pequeno furo no pedao de papelo. (Fig. 3) Agora s enrolar o barbante na parte de baixo da cabaa. Passe a outra ponta do barbante pelo orifcio da base de papel e segure-o prximo ao brinquedo, isso dar estabilidade ao pio. Com a outra mo, puxe o barbante. O pio vai girar e saltar pelo cho, enquanto o vento passa pelos furos, d para escutar um barulho diferente e interessante. Foto 6. Crianas e jovens Manchineri se enfrentam numa batalha de pies. Fonte: www.jogosindigenasdobrasil.art.br 24 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 21. Foto 7. Criana Ticuna brinca com seu pio de castanha da floresta da Amaznia Fonte: www.jogosindigenasdobrasil.art.br Sugestes: a) Faa um levantamento com os alunos e a comunidade escolar sobre outros tipos de pies e piorras. b) Construa com a turma uma linha do tempo dos pies e piorras. Nela, vocs podero indicar desde os modelos mais antigos de pies at os modelos contemporneos como os bay-blades. c) Alguns alunos/as constroem modelos muito originais de pies a partir do formato dos bay-blades. Motive seus alunos/as a demonstrarem quais os tipos de pies e piorras eles sabem construir. d) Produza com a turma e demais professores um registro por escrito do processo de construo dos pies e piorras. Eles podero vir a fazer parte de um caderno de brinquedos produzidos pelas crianas. e) A construo de pies e piorras indgenas pode motivar os aluno/as a conhecerem um pouco mais da cultura ldica das crianas e adolescentes indgenas do Brasil. Proponha um novo projeto com este tema! 5. Corrupio de Tampinha de Garrafa PET O corrupio tambm faz parte da famlia dos brinquedos girantes. Ele muito fcil de fazer e tambm est presente na memria ldica de muitos adultos que provavelmente brincaram com um modelo feito a partir de botes de camisa. Ns iremos construir um corrupio com tampinhas de garrafas PET. Material: . 02 tampinhas de garrafas PET; . Alguns gros de feijo; . Um pedao de barbante; . 01 rolo de durex colorido. Instrues para confeco: 1. Faa dois furos em cada uma das tampinhas. Os furos no devem ter uma distncia maior que 1,5 cm entre eles. (Fig.1) 2. Passe o barbante por entre os furos de cada uma das tampinhas de maneira alternada: uma de boca para baixo e outra de boca para cima. D um n unindo as duas pontas. 3. Coloque um pouco dos gros de feijo dentro de uma das tampinhas. 4. Junte as partes de baixo das duas tampinhas e cole com o durex colorido. Em caso de dvida, veja o modelo produzido pela aluna Edmarcele: Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 25
  • 22. Ilustrao 2. Passo-a-passo da construo do Corrupio Fonte: Arquivo pessoal do autor Pronto! Agora s segurar as pontas duplas do barbante e rodar, rodar, rodar, at que o barbante fique um pouco enroscado. Deixe o barbante desenrolar um pouco e ento puxe e solte, puxe e solte. Logo, logo voc vai pegar o tempo e o corrupio no pra mais de girar! Ah! Esse corrupio faz um barulho muito especial, produzido pelos gros de feijo que ficam dentro dele! Veja como as crianas adoram: Foto 8. Crianas brincam com o corrupio Fonte: Arquivo pessoal do autor possvel construir corrupios com outros materiais, tais como: botes de camisa, tampinhas de alumnio e at mesmo com cacos de bambu. Faa um levantamento com seus alunos sobre quais outros modelos de corrupio eles conhecem. 6. Diabol Na atualidade, o diabol um brinquedo pouco conhecido pelas crianas e adolescentes. Geralmente, quando elas o conhecem associam o mesmo ao universo do circo e dos malabares. Entretanto, ainda que hoje o diabol faa parte dos equipamentos de malabares, ele na verdade um brinquedo milenar. difcil precisar quando o diabol foi inventado. No entanto, alguns historiadores concordam que na China, onde o diabol foi descoberto, este brinquedo utilizado h mais de 4 mil anos. No Brasil, o diabol foi um brinquedo muito popular no final do sc. XIX e incio do sc. XX. Ele tambm chamado de jabol, diavol e dibolo. Hoje em dia, existem muitos modelos de diabol: profissionais (de borracha sinttica), de funil de plstico, de garrafas PET e at de chapeuzinho de festa de aniversrio. Um dos principais divulgadores da magia dos diabols entre crianas, adolescentes e professores o arte- 26 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 23. educador e escritor Francisco Marques o Chico dos bonecos. Material: . Duas garrafas PET; . Tesoura; . Fitra crepe e durex colorido; . 01 metro de barbante; . Duas varetas de aproximadamente 25 cm de comprimento. Instrues para confeco: 1. Corte as duas garrafas PET ao meio, a partir da boca. 2. Corte o gargalo de uma das garrafas. Dependendo do tipo de garrafa pode ser necessrio utilizar uma serra pequena. Lixe a ponta para retirar as rebarbas do plstico. 3. Encaixe as duas garrafas pela boca e enrosque a tampa de uma delas na outra. 4. Amarre as pontas do pedao de barbante na extremidade de cada uma das varetas. possvel tambm construir diabols com funis de plstico ou chapeuzinhos de aniversrio! Dicas para brincar com o diabol: Voc deve colocar o diabol no cho e passar o barbante por baixo, deixando que o mesmo fique encostado no meio do brinquedo. A seguir, role o brinquedo pelo cho para pegar embalo e em seguida levant-lo. Com uma das mos, d umas puxadas rpidas, para que o diabol gire apenas em um sentido. A outra mo apenas acompanha os movimentos. importante ficar de frente para uma das bocas do diabol. Se ele se desequilibrar e pender para frente ou para trs, preciso ajeit-lo novamente. A princpio, pode parecer difcil brincar com o diabol, entretanto, depois que voc dominar os movimentos bsicos possvel criar outros mais complexos, como por exemplo, jogar o diabol para cima e peg-lo de volta. Existem alguns sites e vdeos no you-tube que ensinam outras manobras radicais com esse brinquedo. Bom divertimento! Foto 10. Crianas brincam com diabols construdos com funis de plstico. Fonte: Arquivo pessoal do autor Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 27
  • 24. Sugestes: b. Inicie o projeto a atividade de construo do corrupio e do diabol tendo como motivador o trecho abaixo do poema de Cndido Portinari O Menino e o povoado: No tnhamos nenhum brinquedo Comprado. Fabricamos Nossos papagaios, pies, Diabol. A noite de mos livres e ps ligeiros era: pique, barramanteiga,cruzado. [...] c. Proponha aos demais professores/as um trabalho interdisciplinar. Seria interessante conhecer outros poemas, poesias e pinturas que tratam ou retratam brinquedos e brincadeiras. d. Produza com a turma e demais professores um registro por escrito do processo de construo do corrupio e do diabol. Eles podero vir a fazer parte de um caderno de brinquedos produzidos pelas crianas. Sntese Como sntese desse projeto, sugerimos que os alunos continuem a produo do caderno de brinquedos. Nesse momento, o caderno pode conter um pouco da histria dos brinquedos girantes e mirabolantes, suas diferentes denominaes, curiosidades e instrues de como constru-los. Seria muito interessante se os alunos/as pudessem ensinar a construo dos brinquedos para outras crianas, adolescentes e adultos da comunidade. muito importante tambm discutir e refletir com os alunos que muitos brinquedos possuem uma forte representao de gnero, sendo identificados como brinquedo de menino ou de menina. preciso que os alunos percebam que essas representaes foram construdas na sociedade, e como tal, podem ser reconstrudas. Nesse caso, importante que os professores/as possibilitem esse processo. Referncias Adelsin. Barangando arco-ris: 36 brinquedos inventados por meninos. Belo Horizonte: Adelsin, 1997. 95p. Coelho, Ronaldo Simes. Troca de Segredos. Ilustraes: Edna de Castro. Belo Horizonte: editora L, 2 Edio, 1995. CONH, Clarice. Antropologia da Criana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2005 BROUGRE, Gilles. Brinquedo e cultura. 2. ed. So Paulo: Cortez: Coleo Questes de Nossa poca, 1997. _______________. Jogo e educao. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1998. _______________. A criana e a cultura ldica. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). O brincar e suas teo rias. So Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2002. p. 19-32. VOCE, Silvio. Brincando com Objetos Voadores em Papel. So Paulo: Global, 1994. 2 Edio. 28 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 25. Oficina Curricular de Futebol Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 29
  • 26. 30 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 27. Oficina Curricular de Futebol Ganamos, perdimos, igual nos divertimos (Eduardo Galeano) INTRODUO O tema a ser tratado neste caderno o Futebol, uma prtica corporal que muitos definem como uma paixo nacional, outros como um grande e lucrativo negcio, outros ainda como uma arte ou como uma atividade que produz relaes de proximidade e identificao entre pessoas1. Podemos encontrar outras tantas definies. Mas o objetivo deste caderno no discorrer sobre as definies possveis para tal prtica, e sim oferecer algumas possibilidades de experincias com o futebol que acreditamos que no so divulgadas e/ou vivenciadas no cotidiano dos/as alunos/as nas escolas. Entretanto, antes de apresentar tais possibilidades, faz-se necessrio esclarecer alguns princpios e conceitos que nortearo a escrita deste caderno. O primeiro deles o entendimento de que o futebol uma construo cultural, uma prtica social que expressa a sociedade brasileira, em suas aspiraes, desejos e contradies2, ou seja, uma prtica corporal que no tem uma definio a priori, cujos sentidos e significados manifestar-se-o conforme as intenes (conscientes ou no) de seus participantes. Assim, entendemos que cada professor/a junto com seus/suas alunos/as so autores/as de suas prprias atitudes e no meros/as reprodutores/as de prticas veiculadas na mdia. Por isso, podemos e devemos construir sentidos e significados que dignifiquem a existncia humana proporcionando aos seus praticantes momentos de diverso, de exerccio de autonomia para escolhas conscientes e de desenvolvimento de uma viso crtica do mundo, da criatividade pessoal e de potencialidades as mais diversas possveis. O segundo princpio o do conhecimento contextualizado. De acordo com este princpio, o futebol pode ser vivenciado, nas aulas, de forma que os/as estudantes, compreendendo melhor esse fenmeno social, tambm entendam melhor o mundo no qual o futebol est inserido. importante superar a superficialidade das atividades, ou seja, o jogo pelo jogo, a prtica pela prtica. Em nossa opinio, planejamento de aulas no significa apenas planejamento de atividades. Ao pensarmos nas aulas, devemos pensar no significado de cada atividade. Qual o sentido das aulas de futebol na formao das crianas e adolescentes? O que importante aprender nas aulas de futebol? Para responder a essas questes, necessrio conhecer a realidade de nossos/as estudantes, para que as intenes e atividades pensadas tenham a ver com o cotidiano deles/ as, mas que tambm possam fazer com que eles/as compreendam o mundo (e o futebol) para alm de seu entorno imediato. Conseqncia desse princpio a idia de que uma aula de futebol (ou de Educao Fsica) no se faz sem que recursos como dilogo, vdeos, textos, visitas, reflexes sejam associados ao ato de jogar bola. Atividades com bola, por mais divertidas que sejam, precisam ser acompanhadas de palavras e imagens que provoquem a aprendizagem, no apenas de tcnicas, mas tambm de conhecimentos sobre outras dimenses do futebol e do mundo (histrica, cultural, tica, social, fisiolgica etc). O terceiro princpio est intimamente interligado ao segundo, e diz respeito forma como o tema deve ser tratado, ou seja, para que o conhecimento faa sentido para crianas e adolescentes, necessria uma seqncia de aes, atividades e intervenes relacionadas a uma aprendizagem significativa. Como conseqncia desse princpio, propomos que a pedagogia de projetos e os projetos de trabalhos3 orientem a relao entre professores/as, alunos/as e conhecimento. Os projetos de trabalho constituem um planejamento de ensino e aprendizagem em que se d importncia ao papel do/a estudante como responsvel pela sua 1 - Touraine, citado por Costa (1999, p. 8). 2 - Sobre o conceito de cultura e para entender o que significa o futebol como prtica cultural, ver Da Cultura do Corpo (1999) e Cultura, Educao Fsica e Futebol (1997), ambos de Jocimar Daolio. 3 - Para uma leitura apurada sobre o tema indicamos Transgresso e mudana na educao: os projetos de trabalho de Fernando Hernandez (1998). Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 31
  • 28. prpria aprendizagem (HERNANDEZ,1998). Isso no significa simplesmente atender aos gostos dos/das estudantes, mas compreender, pelo dilogo com eles/as, interesses e necessidades de aprendizagem. Assim, o/a professor/a, como parte do processo, intervm sempre, d suas idias, questiona falas inconsistentes dos alunos, oferece estratgias de aprendizagem, mas nunca abre mo da troca de idias com os/as estudantes. Desta forma, as aulas devem ser pensadas em forma de um projeto a ser construdo coletivamente por professores/as e alunos/as e executado em um tempo longo o suficiente para garantir uma aprendizagem relevante sobre o tema proposto. Assim, por exemplo, se foi iniciado um projeto sobre histria do futebol, tal projeto deve ter uma durao suficiente (entre 4 e 12 semanas) para garantir que se aprenda algo sobre o assunto, antes que o tema das aulas mude. Dessa maneira, evitam-se atividades e aes isoladas, perdidas no tempo, sem clareza de sentido e significado para professores/as e alunos/as. Imagem: http://www.polarisimages.com/Portfolios/Photographers/Adam_Nadel/ O quarto princpio o da ludicidade, ou seja, acreditamos que os conhecimentos sobre futebol podem ser apropriados de forma criativa, crtica, contextualizada e divertida. Entretanto, desejamos defender a idia de que alegria aparente e ludicidade so coisas diferentes. Para justificarmos tal distino, usaremos o exemplo das peladas de futebol que so realizadas cotidianamente pelas crianas. Naquele espao e tempo em que alegria, diverso e criatividade parecem dominar as prticas, tambm so construdos e/ou reproduzidos muitos saberes indesejveis, como, por exemplo, o de que futebol coisa de homem. Este saber, preconceituoso, impede que a pelada possa ser experimentada ludicamente por todos/as. No podemos abrir mo em hiptese nenhuma da responsabilidade pedaggica de debatermos comportamentos que no promovam o bem estar social, algo que infelizmente ainda muito presente na prtica do futebol. Devemos defender a idia de que ldica a prtica de futebol que divertida, mas que tambm questiona idias e costumes violentos, discriminadores, injustos. Apostamos neste princpio por acreditarmos que a escola pode e deve ser um espao criativo de conhecimento e no um santurio da rotina4, um lugar de mera reproduo das coisas como elas se encontram hoje no mundo. Adotamos tambm o princpio da incluso de todas e todos que, por uma questo ou outra, so excludos das prticas do futebol. Nesse grupo, normalmente encontramos os/as que no sabem jogar como atletas, os/as gordinhos/as, algumas vezes as meninas, os/as que possuem alguma necessidade especial. Alis, a existncia de casos como os citados uma excelente oportunidade de criao de um projeto para a quebra de paradigmas e preconceitos construdos pela sociedade. Para evitarmos situaes constrangedoras e excludentes, devemos estar atentos a cada detalhe de nossa interveno, por exemplo, utilizando, na diviso dos times, estratgias diversas que eliminem a possibilidade de escolhas por nvel tcnico (como acontece no tradicional par ou mpar), o que pode desestimular e discriminar os/as colegas escolhidos/as por ltimo. 4 - Cf. CHERVEL, Andr. Histria das Disciplinas Escolares: reflexes sobre um campo de pesquisa. In: Teoria e Educao, Porto Alegre: Ed. Pannonica, n. 2, p. 177 229,1990. 32 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 29. Os projetos que apresentaremos a seguir so possibilidades de intervenes que podem devolver aos/s professores/as e alunos/as a condio de construtores/as de uma cultura de prticas corporais que privilegiem o desenvolvimento das pessoas, ao contrrio de apenas reproduzir prticas que a sociedade e a mdia muitas vezes defendem como naturais. Acreditamos que dessa forma poderemos tambm promover uma valorizao maior das experincias escolares, principalmente aquelas referentes s prticas corporais, pois, elas podem ser responsveis pela construo de saberes e representaes mais dignas para a existncia humana. Para tanto, inicialmente descreveremos uma sntese de como pode ser o desenvolvimento de um projeto para logo em seguida exemplificarmos possibilidades de projetos de futebol. PROJETOS DE TRABALHO Inicialmente, queremos destacar que a pedagogia de projetos e os projetos de trabalho no podem ser entendidos como um modelo fixo e pr-determinado que limita tudo o que vai acontecer nas aulas. Apesar de apresentarmos a seguir as fases de um projeto, deve-se compreender que elas podem acontecer em outra ordem ou de outra forma, dependendo do tema e da criatividade do grupo envolvido, desde que o princpio de construo coletiva entre professores/as e aluno/as seja respeitado, bem como a idia de que qualquer projeto deve oferecer uma oportunidade de aprendizagem significativa para todo/as e no apenas um conjunto de atividades divertidas para ocupar o tempo das aulas. Reconhecimento dos/as alunos/as quanto a seus desejos, saberes, ansiedades, representaes e necessidades. Nesse momento, seria interessante um caderno de anotaes para registrar as falas e os comportamentos. Algumas questes so fundamentais para serem levantadas, tais como: quem treina futebol, quais as prticas de futebol que tm costume de jogar, quais as inovaes sobre o tema eles/ as tm noticias, quais os objetivos do projeto da Escola em Tempo Integral, quais aprendizados eles/as gostariam de adquirir a respeito do futebol e outras tantas que o professor considerar conveniente. Proposio de um tema para o projeto. Segundo Hernandez (1998), o tema pode pertencer ao currculo oficial, partir de uma sugesto do/a professor/a, originar-se de um fato da atualidade ou de uma experincia dos/as educandos/as. Todo o grupo (alunos/as e professor/a) ir discutir possibilidades de aprendizagem relevantes, culminando com a escolha de um tema ou de uma pergunta orientadora do projeto (como surgiu o futebol, por que as mulheres so discriminadas na prtica do futebol, quais so as tcnicas e tticas do futebol profissional, por que os jogadores de futebol famosos ganham tanto dinheiro etc). Nesse momento, o/a professor/a no apenas mediador das falas e dos interesses dos alunos, mas tambm apresenta seus prprios pontos de vista, interesses e propostas. Apesar de a sugesto de temas poder partir tanto do/a professor/a quanto dos/as educandos/as, neste caderno, como ainda no temos contato com as crianas e adolescentes, sero apresentados projetos cujos temas seriam propostos pelo/a professor/a. Aps o incio das aulas, interessante que tambm sejam desenvolvidos projetos que partam de curiosidades dos/as alunos/as. Problematizao do tema proposto com os alunos. Aqui, professor/a e alunos/as discutem as possibilidades de explorao do tema. O que queremos aprender, como podemos aprender e com quais recursos e atividades podemos aprender so as principais questes orientadoras. Ao final dessa problematizao, todo o grupo dever definir objetivos de aprendizagem para o projeto. Devem-se tambm combinar os princpios de relacionamento com os/as colegas e com o conhecimento que orientaro a execuo das atividades. Construo coletiva de atividades que possibilitem aprender tudo aquilo proposto no projeto. Esse o momento de se construir um cronograma de atividades (prticas, visitas, leituras, filmes, debates etc) para atender aos objetivos estipulados durante a fase de problematizao. Experincias e Registro. Aps a construo do cronograma, hora de experiment-lo. Cada atividade proposta no cronograma dever ser realizada. Durante a fase de vivncias importante que ao final de cada aula uma breve avaliao seja realizada no sentido de averiguar se os objetivos do proAprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 33
  • 30. jeto esto sendo contemplados. Nesta fase, podem aparecer dvidas e conflitos, o que esperado e altamente formativo. Nesse caso uma reconstruo de objetivos e interesses pode ser realizada, desde que o tema do projeto seja mantido. O registro dos aprendizados, tanto por professores/as quanto pelos/as alunos/as, importante na medida em que colabora para uma organizao do pensamento sobre o tema do projeto. Os registros so formas de garantir que os saberes construdos durantes as vivncias prticas no se percam to facilmente. Pode-se usar o portiflio, o vdeo, a internet (construindo-se sites ou blogs) ou qualquer forma que se considere interessante para perpetuar a experincia vivida. Tempos e espaos Apesar de sugerirmos o oferecimento de condies ideais de espao e material, acreditamos que as intervenes podem acontecer, com sucesso, sem muito recurso de infra-estrutura e material pedaggico, pois apostamos na capacidade de professores/as e alunos/as de, a partir de uma realidade difcil, construrem coletivamente estratgias e aes para melhorar e/ou superar condies limitantes Para uma interveno que d tempo para o cumprimento dessas etapas sugerimos que tais projetos sejam realizados em aulas de 100 minutos, que possibilitam a coexistncia de prticas e reflexes, e a utilizao de recursos variados (jogos, vdeos, leituras, conversas etc) numa mesma aula. PROJETO BRINCANDO DE FUTEBOL Reconhecimento da turma Percepo por parte do/a professor/a de quais pequenos jogos de futebol a turma conhece ou desconhece. Proposio de um tema A idia do projeto apresentar opes de pequenos jogos que podem ser realizados com poucos/ as jogadores/as, em pequenos espaos e sem muito material, fazendo crianas e adolescentes refletirem sobre como podem praticar alguma forma de futebol, no seu tempo de lazer. Outra idia interessante a possibilidade de os/as alunos/as inventarem novos pequenos jogos de futebol a partir daqueles vivenciados. Um aspecto relevante desse projeto conscientizar-se de que nesses jogos todos/as participam com a mesma intensidade, principalmente se dividirmos o espao (quadra ou ptio) em mini-quadras, no havendo a necessidade de filas de espera, o que garante um nvel de motivao e participao interessante. Problematizao do projeto Algumas questes podero ajudar a sensibilizar alunos/as para o conhecimento desses jogos. Exemplos: O que vocs jogam quando existem poucos/as colegas disponveis para jogar? Quem j experimentou jogar duplinha de chute, tambm conhecido como rebatida? Qual a importncia de vivenciarmos estes pequenos jogos derivados do futebol? Em que essas atividades podem influenciar nossas prticas de lazer? Construo coletiva Professores/as e alunos/as constroem, juntos, uma lista de pequenos jogos com a descrio de nomes, regras, espao, nmero de jogadores etc. A partir da montam um cronograma especificando os jogos que sero vivenciados em cada dia. Para auxiliar professores/as, descreveremos a seguir uma lista de jogos (que no inclui todos os pequenos jogos de futebol, mas apenas alguns deles, a ttulo de exemplo) que contempla os objetivos ora propostos: Bobinho (peruzinho): muito conhecido por meninos e meninas, consiste em no deixar que o/a jogador/a do centro (em vermelho) encoste e/ou domine a bola. O passe deve ser realizado com os ps e deve-se combinar que tipo e quantos toques podem ser dados na bola. Simultaneamente, 3 ou mais grupos podem realizar a mesma atividade. 34 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 31. Acerta o alvo: o jogo tem a mesma formao que o Bobinho, porm o objetivo acertar a bola no cone que dever estar no centro da roda. O/a bobinho/a tem como funo evitar que a os passes acertem o cone. Ele/a poder movimentar-se apenas em torno do cone. A cada 3 defesas do/a bobinho/a troca-se a posio dos jogadores. Pode-se combinar que o passe seja realizado apenas com um dos ps ou apenas com a parte interna/externa do p, de bico etc. Quem infringir tal regra vai para o meio defender o cone. Outras regras podem ser criadas. Tira-tira: o jogo consiste em uma disputa entre duas duplas ou trios. O/a goleiro/a neutro/a, ou seja, ele/a deve defender a bola que for chutada, independentemente da dupla/trio. O objetivo tabelar e/ou driblar com a inteno de fazer o gol. A dupla que fizer dois gols tem o direito de indicar um jogador da dupla perdedora para ir para o gol. Como em todos os jogos, podem-se criar regras do tipo s vale dois toques na bola, s vale gol com a perna esquerda, dentre outras. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 35
  • 32. Gol-a-gol: este jogo consiste em fazer gols de longa distncia. Assim, os/as jogadores/as, em duplas devem posicionar-se a uma distncia de cerca de 10 m um do outro e o objetivo chutar para fazer gol na meta do/a colega. Uma variao chutar por cima do/a colega que no poder posicionar-se muito perto do gol e nem defender o chute com as mos. Dupla ou trio de chute (rebatida): jogo muito atraente, ele consiste em uma disputa entre duplas/ trios em que o incio ocorre com um chute de um/a parceiro/a de uma dupla contra a dupla oposta, a qual se posiciona no gol. Cada jogador/a tem direito a trs chutes e ganha a dupla/trio que fizer mais pontos aps todos os chutes. Se num chute acontecer uma rebatida da dupla/trio que est defendendo, os/as jogadores/as da dupla/trio que est chutando podem tentar recuperar a bola e jogar como se fosse um jogo de dois contra dois. Se nesse momento acontecer um gol, esse gol valer dois pontos. Gol de cabea vale 3 pontos e assim podem ser criadas outras regras. Futebol de lata: este jogo tem a formao em crculo e cada jogador/a tem como objetivo acertar a bola no cone (ou lata) de um/a outro/a jogador/a e defender a sua lata/cone. Os/as participantes podem conduzir e driblar vontade antes de tentar acertar o cone de um/a colega. Nesse jogo, a contagem dos tentos pode ser: a) negativa, ou seja, cada cone que for atingido significa um ponto a menos para o dono daquele cone (pode-se combinar que cada criana comece com 10 pontos, por exemplo) ou b) positiva, isto , cada cone atingido significa um ponto para quem o acertou. Regras podem ser criadas, do tipo: s vale acertar o cone com um chute com o p no dominante, ou com o lado interno do p, dentre outras. 36 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 33. Tico-tico fuzilado de futebol: este jogo uma adaptao de uma brincadeira de rua muito praticada no sul de Minas. A formao inicial consiste em uma fileira de jogadores/as de frente a uma fileira de seus respectivos cones. O jogo inicia-se com um/a jogador/a chutando a bola tentando acertar um dos cones. Caso no acerte o jogo continua com uma nova tentativa por um/a outro/a jogador/a. Se um dos cones for atingido, o dono do cone dever correr em direo bola e, driblando com os ps, perseguir e tentar acertar um/a dos/das colegas. Se o/a jogador/a acertar um/a colega, um ponto para quem foi atingido, se errar um ponto para quem errou. Quem completar 3 pontos primeiro vai para o paredo. No paredo, com bolas de meia ou boles, brinca-se de mirar o/a colega com chutes a uma distncia que permita acertar, mas no machucar. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 37
  • 34. Cruzinha: o jogo consiste em lanar bolas na rea para os/as jogadores/as que l esto tentarem fazer gol de cabea, de voleio e at quem sabe de bicicleta. O jogo prev um rodzio nas posies dos/as jogadores/as. Conforme a habilidade dos/as participantes, pode-se permitir que a bola quique uma ou mais vezes antes de ser chutada a gol. Menos bolas: nesse jogo ganha o time que ficar com menos bolas em seu campo depois do prazo de um minuto. O passe deve acontecer por cima dos cones. O time que atravessar a bola para o outro lado por baixo ou acertar algum cone ser penalizado em uma bola, ou seja, na hora da contagem este time ter uma a mais. O/a jogador/a que estiver sem bola dever pegar a bola que est vindo do outro lado e devolvla para o outro campo, mas ele/a dever faz-lo da marca estipulada. Podem, ainda, ser construdas outras regras em relao ao passe e zona de passe. Rei do pnalti: a posio inicial do jogo a formao de fileiras de 4 jogadores/as no mximo. Cada fileira dever posicionar-se de frente a um gol, a uma distancia de cerca de 6 metros, com um/a goleiro/a de outro time. Ao sinal, um/a jogador/a por vez, dever chutar para tentar fazer gol. A fileira que fizer dez gols primeiro ganha o jogo. Algumas regras podero ser criadas, tais como: s vale gol com o p esquerdo, s vale gol de calcanhar, dentre outras. 38 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 35. Me da rua de futebol: a lgica do jogo a mesma da brincadeira de me da rua, ou seja, um/a colega fica no meio da quadra (a me da rua) sem bola e os demais, cada um/a com uma bola, sobre as linhas laterais, ou outro limite que se combinar. Ao sinal, os/as jogadores/as que esto com a posse da bola devero atravessar a rua conduzindo a bola com os ps, sem deixar que o/a colega que est sem bola tome-a. O/a colega que perder a posse da bola passa a ser me da rua. Alm dos jogos apresentados, podem-se experimentar jogos conhecidos pelos/as educandos/as, sendo ainda muito interessante a criao de novos jogos derivados do futebol. Registros dos aprendizados Uma boa estratgia de registro a construo de um caderno de jogos derivados do futebol. Se na escola houver computador, uma alternativa fazer um CD com a descrio e ilustrao dos jogos praticados e inventados durante o projeto. PROJETO FUTEBOL E FUTEBIS Reconhecimento da turma Percepo por parte do/a professor/a de quais variaes de jogos de futebol a turma conhece ou desconhece. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 39
  • 36. Proposio de um tema A idia do projeto seria conhecer as vrias verses de prtica futebolstica (jogos de tabuleiro, jogos eletrnicos, modalidades de futebol etc) que as pessoas, no Brasil e no mundo, construram para se divertir. Esse projeto pode servir tambm para estimular a criao de outras formas de vivenciar o princpio do jogo. Recentemente foi noticiado com bastante sucesso um jogo de futebol realizado em cima de bicicletas, jogo este que exige dos/as jogadores/as muito equilbrio, destreza e confiana. Mas seus criadores ganharam muito mais do que tais capacidades, eles inventaram uma nova forma de se divertir e conquistaram a autoria de um jogo diferente e que agora faz sucesso no mundo Problematizao do projeto Sugerimos que sejam feitas algumas perguntas para os/as alunos/as no sentido de instigar curiosidades e/ou interesses. Exemplos: Quem conhece ou sabe jogar diferentes jogos de futebol criados pelo homem? Algum j ouviu falar no tot humano ou no futhandcabea? Qual a diferena entre futebol soaite, futsal e futebol de areia? Para que aprender esses jogos? Construo coletiva Professores/as e alunos/as relacionam os jogos que conhecem e agendam a prtica. Nas primeiras aulas, jogam-se as variaes que todos j conhecem. Posteriormente aquelas descobertas nas pesquisas do projeto. Como o/a professor/a parte importante do projeto ele/a tambm deve propor alguns jogos. Faz-se necessrio ainda que a falta de material e/ou de campo para realizao de um jogo proposto seja debatida, com o objetivo de construir dois movimentos: um primeiro de criatividade de adaptao dentro das condies da escola e um segundo movimento de busca do material/espao necessrio (solicitando o emprstimo, por exemplo), na comunidade ou fora dela. Sugerimos que alunos/as sejam incentivados a criarem outros jogos a partir dos jogos que foram vivenciados. Para auxiliar professores/as, descreveremos a seguir algumas modalidades de futebol que podem fazer parte do projeto. 1) Futebol Americano/Flag: em nossas experincias este jogo tem proporcionado bastante interesse nos/as alunos/as. Obviamente so necessrias algumas alteraes nas regras devido falta de material de segurana. As regras podem e devem ser pesquisadas pelos/as prprios/as alunos/as, mas o princpio levar a bola at o campo do adversrio sem ser detido/a. A partir deste princpio, outras regras podem ser criadas. O flag uma variao do futebol americano em que se prendem bandeiras nos cales dos/as alunos/as. Assim, todo contato fsico eliminado e, no lugar dos empurres, coloca-se a tentativa de retirar da cintura as bandeiras de quem est com a bola. Esses jogos so uma boa lembrana do passado comum entre futebol e rugby(que depois deu origem ao futebol americano). 2) Futvlei: um jogo que exige muita habilidade e controle de bola. Consiste em uma adaptao do vlei de praia, s que jogado com os ps. Pode-se diminuir a altura da rede ou combinar um ou mais toques da bola no cho, para facilitar o jogo. 3) Futhandcabea: Jogo que consiste em misturar o futebol com o handebol, muito dinmico, pois, os/as jogadores/as podem carregar a bola com os ps ou com as mos, sendo que neste caso se voc for tocado por um/a colega do outro time voc perde a posse da bola. O objetivo do jogo levar a bola at a linha de fundo do campo oposto e fazer o gol com a cabea. O gol s vale se um/a jogador/a enviar a bola para o/a outro/a cabecear. No vale fazer gol jogando a bola para si prprio. 40 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 37. 4) Futebol de prego Imagem: www.vivatranquilo.com.br/.../tabuleiro.gif Jogo simples e divertido de jogar, no qual existem onze jogadores de prego, fixados no tabuleiro, e cuja bola uma moeda impulsionada alternadamente com as mos pelos/as participantes. Uma boa dica confeccionar os tabuleiros. 5) Futebol de boto e tot Imagem: www.pca.org.br/ Imagem: www.jolbrink.com.br/ imagens/robson/16botao.jpg .../xalingo/6706.5.jpg Muitos/as alunos/as podem desenvolver o gosto pelo futebol utilizando habilidades com as mos. 6) Tot humano Nesse jogo, os/as participantes devem jogar segurando um barbante que deve estar esticado de um lado ao outro da quadra, como mostra a figura. O princpio o mesmo do futebol, ou seja, colocar a bola na rede com os ps. A diferena que os/as participantes s podem se movimentar lateralmente, segurando o barbante. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 41
  • 38. 7) Futebol de areia A possibilidade de se jogar descalo faz desse jogo uma grande oportunidade de vivenciar outra sensibilidade com os ps. Existem algumas peculiaridades nas regras que podem ser pesquisadas durante o projeto. A busca de locais, dentro ou fora da comunidade, onde se possa praticar essa modalidade outra tarefa do projeto. Imagem: http://intranet.itajai.sc.gov.br/ fotos/big/2007-02-21-6b585125b8.jpg 8) Futebol soaite Tambm com regras especficas, pode suscitar uma boa discusso: a diversificao da prtica do futebol como forma de lazer. Um movimento interessante seria a escola fazer um contato com uma academia de futebol soaite para pleitear o emprstimo do campo para propiciar tal vivncia. Imagem: www.ecp.org.br/images/ onde_futebol.society.jpg 9) Futebol de campo Vivenciar um jogo de futebol em um campo gramado algo difcil ultimamente, motivo pelo qual pode constituir uma experincia marcante para crianas e adolescentes. 10) Futebol eletrnico Atualmente, os jogos eletrnicos de futebol (Playstation, jogos de computador, jogos no celular) so uma febre mundial e uma forma bastante interessante de conhecer este esporte. A visita a uma Lan House ou casa de jogos eletrnicos pode despertar uma interessante discusso sobre a relao entre as prticas corporais, a tecnologia moderna e sobre a suposta relao tecnologia-sedentarismo. 11) Criao de novos jogos de futebol A criao, pelos alunos, de novas modalidades de futebol, sejam jogos de campo, de quadra ou de tabuleiro pode constituir-se num timo encerramento do projeto. A leitura da crnica O Futuro e as lagartixas de autoria de Jos Roberto Torero poder servir de inspirao nessa fase de inveno de novas modalidades de futebol, assim como a apreciao de imagens como a que vemos abaixo. Imagem: bp3.blogger.com/.../464581291_34d402ef34_o.jpg 42 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 39. Registros dos aprendizados Sabemos que muitos dos jogos descritos so bem conhecidos, mas dependendo da regio podem ter nomes e regras diferentes, por isso sugerimos que os/as alunos/as construam, durante o projeto, um livro de modalidades de futebol, registrando os vrios nomes e regras, os aspectos positivos e negativos de cada jogo bem como apresentando os jogos criados pela prpria turma. Apoio didtico Imagens das diversas modalidades de futebol conhecidas atualmente, associadas crnica de Jos Roberto Torero. O FUTURO E AS LAGARTIXAS Jos Roberto Torero (colunista da Folha de So Paulo) Caro Leitor, querida, bela e encantadora leitora, o futebol est morrendo. Tudo nasce, cresce e morre, e no ser diferente com o ludopdio. Alguns podem contestar, dizendo que ele o principal esporte do planeta, o maior e mais poderoso. A estes responderei que os dinossauros tambm reinaram sobre a terra e hoje s o que nos resta deles so as lagartixas ( e talvez o Jader) Claro que essa extino no uma coisa para amanh, para depois de amanh ou para daqui a um ms. Charles Darwin nos ensinou que os fenmenos naturais seguem uma lenta progresso, na qual os mais adaptados acabam por se impor. Assim sendo, temos que nos preparar para a morte do Futebol. Entretanto, em vez de chorar, melhor imaginar as lagartixas, os futuros descendentes do nosso esporte breto. Um deles , que j podemos observar hoje, o futevlei, praticado em quase todas as praias brasileiras. Mas podemos pensar em outros, muitos outros. Por exemplo: 1) Futesquete uma mistura de futebol com basquete. Os times seria de cinco jogadores, mas eles s poderiam usar os ps e a cabea. Seria um esporte gil: as equipes seriam obrigadas a passar para o campo ofensivo em apenas dez segundos. O faltoso seria expulso do jogo na quinta falta e uma cesta de longe valeria trs pontos. A brilhariam os Arces e Petkovics da vida. 2) Futnis igual ao tnis, mas substituindo aquela bolinha verde-limo por uma bola de futebol, alm de trocar a raquete pelo p do jogador (alis, dessa forma o futnis realmente mereceria o nome de tnis, ao contrrio do tnis de hoje, que deveria chamar-se raquete). J posso at imaginar as paralelas, as deixadinhas e os golpes, imaginem, de bicicleta. De cara, poderamos ter um grande craque: Guga, que gosta dos dois esportes. 3) Futnis de mesa uma variante do esporte anterior. Seria jogado, de preferncia, com cabeadas. A brilhariam o Viola, Luizo e o Somlia. 4) Arremesso de bola Mais ou menos como o arremesso de disco. S que usando uma bola de futebol. Com um pouco de imaginao podemos at ver a esttua do bobbolo substituindo o discbolo. Ele, porm, no estaria nu, e sim vestido um uniforme bem colorido. Neste esporte brilhariam os goleiros, como o velho Leo e o Dida. 5)100m rasos com lel nesse caso, os corredores teriam que percorrer a distancia fazendo embaixadas. Seria um jogo de habilidade pura, ideal a um Robert ou um Edilson. A prova tambm poderia ter uma variante, os 100 m com obstculos, na qual, em vez de barreiras, seriam utilizados buracos, cachorros e at velhinhas. 6) Futeplo aqutico seria obviamente, uma mistura entre plo aqutico e futebol. Um bom esporte para o peixe. Os atletas jogariam numa piscina, com um gol de cada lado. A gua iria at o pescoo, e a bola teria que ser bem pesada, para ficar no fundo da piscina. O divertido seria que os jogadores pareceriam estar sempre em cmera lenta. Enfim, leitor, eis a verdade: mais cedo ou mais tarde o futebol morrer, e o que vai sobrar sero apenas mutaes, lagartixas que lembraro de longe o remoto ancestral, desse antigo esporte. Mas, infelizmente, nesse dia faremos to parte do passado quanto os dinossauros. Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 43
  • 40. PROJETO TORNEIO Reconhecimento da turma Percepo por parte do/a professor/a de quais torneios os/as alunos/as da turma tm participado. Questionar os/as estudantes sobre sua compreenso a respeito da diferena de objetivo, de sentido e de organizao entre esporte profissional, esporte de lazer e esporte escolar. Proposio de um tema A idia do projeto conhecer uma verso de campeonato diferenciada, em que o principal objetivo incentivar a prtica da ludicidade, da honestidade e do futebol bonito. Dessa forma, o/a professor/a poder propor um campeonato em que cada partida ter uma pontuao diferente conforme o nmero de conflitos e de jogadas tcnicas bonitas e originais. Assim, um time poder at perder um jogo e ter uma pontuao maior do que o do time que ganhou o jogo, pois, uma pedalada, uma canetada (bola debaixo das pernas do adversrio), um chapu (lenol) e outros dribles valero mais que um gol. Espera-se que dessa forma alunos/ as empenhem-se mais em aprimorar as dimenses ldica, atitudinal e tcnica do que em simplesmente ganhar o jogo. Problematizao do projeto Sugerimos a leitura de uma crnica esportiva intitulada Parece que no vivo no mundo de Marlboro de Artur da Tvola em que o tema deste projeto discutido, porm de uma maneira provocativa e criativa. Tais crnicas podero instigar curiosidades e/ou interesses. Algumas questes ajudaro a sensibilizar alunos/ as. Exemplos: Quem j experimentou jogar um campeonato nas condies propostas? Como ser o jogo nestas condies? Para que vivenciarmos esta experincia? Podemos levar tal idia para nossos torneios escolares ou de lazer? Construo coletiva Professores/as e alunos/as constroem juntos/as um torneio entre turmas ou mesmo na turma elaborando regulamento que contenha as condies propostas inicialmente, com acrscimos de sugestes que apareceram no debate do projeto. Importante tambm instigar a necessidade de vivenciar um campeonato em que a arbitragem seja responsabilidade dos/das prprios/as jogadores/as. Ser necessria a existncia de anotadores dos lances tcnicos, mas as faltas e o cumprimento das regras podem ser observados por cada um/a dos/das participantes. Para auxiliar os/as professores/as, descreveremos a seguir o regulamento de um torneio que contempla os objetivos ora propostos. Obviamente, outras idias para o regulamento podero surgir durante a problematizao do projeto: O presente regulamento destina-se a nortear as relaes humanas no mbito do Torneio Escolar de Futebol, tendo como referncia princpios de ludicidade, liberdade, justia, dignidade humana, solidariedade, aprendizagem, participao e incluso e a defesa do futebol como manifestao cultural, historicamente construda, e praticada neste torneio como possibilidade de lazer e de interao na escola. O Torneio Escolar de Futebol tem como objetivos: Promover a formao humana, o lazer, a aprendizagem tcnica e ttica e a integrao dos/das estudantes e professores/as da escola; Difundir o futebol como prtica cultural importante, objeto e meio de educao; Construir uma forma de evento esportivo escolar alternativa aos modelos oficiais estabelecidos; 44 Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana.
  • 41. O Torneio Escolar de Futebol ser promovido e organizado por uma comisso formada pelos/as professores/ as de Educao Fsica da escola e pelos/as representantes dos/das alunas da escola. Os jogos sero regidos pelas regras de futebol decididas nas aulas por professor/a e alunos/as, tendo como referncia as regras das peladas de futebol e tambm as regras oficiais de futebol de campo, soaite, futebol de areia, futsal, showball, etc. As partidas sero jogadas em trs tempos de 10 ou 15 minutos corridos, sendo a participao de cada aluno/a idntica de seus/suas colegas, independentemente de habilidade. Cada tempo de jogo ser considerado como um set de vlei, isto , ao final de um tempo, se uma equipe venceu aquele tempo, ela ganha um set. Em caso de empate num tempo de jogo, ambas as equipes ganham o set. Assim, os nicos resultados possveis ao final de cada jogo so: 3x3, 3x2, 3x1, 3x0 ou 2x1. Em cada um dos trs tempos de jogo, para determinar o vencedor daquele tempo, ser atribudo 1 ponto por gol, alm de um ponto a cada jogada espetacular (caneta, chapu, gacha, bicicleta, drible inusitado, etc). Se uma equipe faz 2 gols e 5 jogadas espetaculares, por exemplo, significa que ela fez 7 pontos naquele tempo. Os/as prprios/as jogadores/as em quadra sero responsveis pela arbitragem, no se recorrendo a um rbitro tradicional de forma alguma. No haver cartes amarelos e vermelhos. Em caso de faltas/atos de indisciplina repetitivos e nos casos de falta ou indisciplina grave, o/a professor/a poder solicitar a substituio do/a aluno/a faltoso/a. O critrio fundamental na organizao deste torneio que todas as equipes participantes tenham direito ao mesmo nmero de partidas, independentemente da sua classificao final. Em caso de diviso em grupos ou de turno nico, havendo empate entre duas ou mais equipes em qualquer fase, sero utilizados os seguintes critrios de desempate, na ordem em que aparecem (destaque-se que o SALDO DE GOLS OU PONTOS NUNCA dever utilizado como critrio de desempate): Maior nmero de pontos de jogadas espetaculares conquistados durante toda a fase; Confronto direto (aplicado apenas no caso de empate entre duas equipes); Menor nmero de faltas cometidas durante toda a fase de classificao: Partida extra, caso haja disponibilidade de datas; Disputa de pnaltis entre as equipes envolvidas. No haver premiao, uma vez que a maior recompensa para quem joga e gosta de futebol se divertir e jogar o mximo possvel. Registros dos aprendizados Uma boa estratgia a criao de jornalistas que faam um site, blog, jornal ou revista de divulgao do torneio na escola. Devero ser divulgadas entrevistas com jogadores/as e torcedores/as a respeito das sensaes, jogadas, conflitos, enfim de todos os aspectos do torneio, alm de fotos, desenhos e charges. Esse registro servir como uma avaliao do projeto, em que aparecero reflexes sobre as aprendizagens construdas durante o torneio. Apoio didtico Imagens espetaculares do futebol, associadas ao texto de Arthur da Tvola. PARECE QUE NO VIVO NO MUNDO DE MARLBORO Por Arthur da Tvola O vdeo anda carregado de imagens desportivas e como h um comercial de patrocnio exatamente dos cigarros Marlboro cujo texto diz o seguinte: Lutar, competir e vencer esse o mundo de Marlboro. Gostaria de discutir o assunto. Ser mesmo necessrio ganhar? De onde vem a necessidade do ser humano de ganhar? O futebol do futuro vai ser sem gol como nica aferio da vitria e sem juiz. O movimento do gol ser festejado pelos dois times e cumprimentados os autores. Nem ser necessrio a bola transpor a linha. Uma bela jogada de concluso infeliz Aprimoramento do Esporte na Escola de Tempo Integral: Brnquedos, Futebol, Peteca, Capoeira e Dana. 45
  • 42. ser considerada meio gol pelo time adversrio que aceitar a qualidade de sua urdidura e mandar anotar o meio ponto. Haver uma qualificao para a beleza das jogadas a valer pontos e dela participaro os dois times, mais empenhados em descobrir a beleza do que em evit-la. O resultado final ser a mescla do nmero de gols, como do de escanteios, o de jogadas consideradas belas e atitudes dignas de registro. Os dois times se reuniro para proclamar a ambos. Comemoraro o fato de terem feito o espetculo, aproveitando para verificar em que pontos melhoraram. No futebol do futuro o adversrio no servir para ser superado ou superar e sim para ajudar a conferir em que aspectos cada time superou-se (a si prprio e no ao adversrio). Ganhar o que de quem e para que? Qual o sentido de ganhar? O que se ganha, ganhando? Uma alegria super-passageira e fugaz, algo culpada at porque h sempre alguma crueldade embrulhada na mais legtima vitria. Pessoas e pases. Estes, aprisionados dentro do mito do heri ( e no so poucos) entram na mesma parania e se transformam em enormes mquinas de capital e de estado destinados a manter o poder, a fora e a hegemonia de qualquer grupo, classe, burocracia ou casta dominante. PROJETO 4 - FUTEBOL LEVADO A RISO Reconhecimento da turma Compreender o sentido do futebol na vida de cada aluno/a. O futebol diverso para eles/as? Como lidam com os conflitos, erros, dificuldades e frustraes experimentados no futebol que praticam ou assistem? Proposio de um tema A vivncia e registro de lances engraados e curiosos do futebol pode ser o tema inicialmente proposto para este projeto, com o objetivo de incentivar a valorizao dos momentos ldicos de tai