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SOROCABA • DOMINGO • 12 DE JULHO DE 2015 caderno de domingo E3 Monitorar o que os filhos fa- zem na web nem sempre é tarefa fácil, reconhecem os pais. Segundo especialistas, a proibição pura e simples pode dar em nada, enquanto o diá- logo e a confiança recíproca tendem a ser as melhores alia- das de pais e filhos diante da multiplicidade de caminhos que a web oferece, o tempo todo. Veja algumas dicas que podem auxiliar a obter mel- hores resultados nessa equação: * Tenha certeza de que proi- bir não educa e não previne nada. As “tecnologias” mais avançadas para proteger crianças e adolescentes em qualquer espaço continuam sendo diálogo e orientação. * Se não sabe usar o compu- tador nem navegar na inter- net, aproveite para aprender junto com seus filhos. Verá que será muito interessante receber lições de tecnologia, entender o que eles fazem, com quem conversam e o que di- vulgam na internet. E você te- rá oportunidade para ensiná- los a tomar cuidado. * Coloque-se sempre à dis- posição para que peçam ajuda quando se sentirem ameaça- dos ou receberem conteúdos impróprios on-line. * No lugar das velhas dicas para não receber doces nem carona de estranhos, hoje os pais precisam alertar os filhos para não divulgarem dados pessoais na inter net, não aceitarem convites para se encontrarem com amigos vir- tuais e nem receberem arqui- vos de estranhos. * Es pio nar e gra var tu do o que seus fi lhos fa zem não são bo as sa ídas, pois vo fe re a pri va ci da de e po de fra gi li zar a con fian ça. Pen - se bem: vo cê gra va as con - ver sas dos fi lhos na qua dra de futebol ou na casa de bo- necas? Por que faria isto na in ter net? * Programas de filtro de conteúdo podem ajudar, mas o diálogo aberto sobre como, quando e com quem usar a in- ternet continua sendo respon- sabilidade dos pais. Os progra- mas podem funcionar bem em casa, mas e na lan house? E na casa do colega? * Ensine que não podemos acreditar em tudo, nem em todos. Como em todos lugares, há pessoas mal intencionadas e mentirosas. * Mantenha sempre diálo- go aber to com seus fi lhos. Assim eles poderão incorpo- rar as di cas de se gu ran ça como proteção e não apenas co mo mais uma re gra im - posta. Quando entenderem que é para o bem deles, es- tarão protegidos em todos os lugares. ( T.S. ) Fonte: http://www.safernet.org.br SOROCABA • DOMINGO • 12 DE JULHO DE 2015 3 Crianças devem ser orientadas a não aceitarem convites para se encontrarem com amigos virtuais e nem receberem arquivos de estranhos As redes sociais possibilitam a troca de ideias, informações e conteúdos em qualquer parte do mundo e a todo momento Pedagoga e psicopedagoga Lygia Nascimento: os alunos devem sair da posição de expectadores para protagonistas, caminhando frente às tecnologias de informação e comunicação LUIZ SETTI LUIZ SETTI EMÍDIO MARQUES Protagonismo infantil tem de ser alicerçado em valores Telma Silvério [email protected] T endo a world wide web, www ou simplesmente web como ferra- menta de acesso, a internet co- necta milhões de computado- res pelo mundo, portanto, um espaço coletivo. A pedagoga e psicopedagoga Lygia Nascimento de Almeida explica que esse território sem um dono único é um espaço que apresenta múltiplas tarefas e milhares de usuários. As in- formações estão disponíveis e são aces- síveis a qualquer um que tenha acesso a um computador. Dinâmica e ambí- gua, a tecnologia pode ir além de um lu- gar de pesquisa, pois através das redes sociais possibilita a troca de ideias, in- for mações e conteúdos em qualquer parte do mundo e a todo momento. Des- ta forma, a escola tem papel importan- te nessa relação entre tecnologia e usuário, destaca a educadora. A escola muitas vezes introduz a criança em ambientes virtuais, aproxi- mando-as de uma realidade que é reco- nhecida como parte de suas vidas. Em artigo intitulado O Protagonista das No- vas Habilidades do século XXI, Lygia Al- meida esclarece que a iniciativa não dei- xa de ser uma oportunidade para que os alunos saiam da posição de expectado- res para protagonistas da criação de in- formação, caminhando frente às tecno- logias de informação e co- municação (TICs). A prio- ridade, nesse caso, é o co- nhecimento produzido com autonomia. Desde ce- do a criança precisa ter autonomia e consciência das suas postagens. E is- so ela só aprende na esco- la, opina. Por outro lado, acres- centa a psicopedagoga, trata-se de uma iniciativa que exige parceria da es- cola e da família na cons- trução de valores. “Na verdade é um tra- balho feito desde a infância e a longo prazo. Não se aprende a ter essa atitu- de da noite para o dia. É uma questão de formação”, finaliza. Soluções mágicas Quando as crianças frequentam a escola aprendem de tudo: bom e mau. E com o acesso irrestrito que a inter - net oferece com PCs, tablets e celula- res podem aprender de tudo e muito mais, destaca o professor da Univer- sidade de Sorocaba (Uniso), Hélder Leal da Costa, que pos- sui experiência na área de Ciência da Compu- tação, com ênfase em Sistemas de Infor mação. A única maneira segura de protegê-las contra in- formações per niciosas é não deixar que frequen- tem a escola e não usem a internet. O que, eviden- temente, é um absurdo, acrescenta. “Não existe nenhuma tecnologia se- gura para proteção na in- ter net. É preciso tentar educar as crianças em casa, principalmente com exemplos e menos com discursos”, en- fatiza. Para o especialista, não existem so- luções mágicas. A confiança e o diálogo aberto com os filhos, sobre todos os as- suntos, com honestidade e amor, po- dem ser a melhor forma de conduzir es- se tipo de situação. Ao invés de proibir o uso das redes sociais, pais devem educar Desde cedo, a criança precisa ter autonomia e consciência das suas postagens na web

Caderno de domingo e3

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Page 1: Caderno de domingo e3

SOROCABA • DOMINGO • 12 DE JULHO DE 2015caderno de domingo E3

Monitorar o que os filhos fa -zem na web nem sempre étarefa fácil, re co nhe cem ospais. Se gun do especialistas, aproibição pura e simples podedar em nada, en quan to o diá -lo go e a confiança recíprocatendem a ser as me lho res alia -das de pais e fi lhos dian te damultiplicidade de caminhosque a web oferece, o tempotodo. Ve ja al gu mas di cas quepo dem auxiliar a obter mel-hores resultados nessaequação:

* Tenha cer te za de que proi -bir não edu ca e não pre vi nena da. As “tecnologias” maisavançadas para pro te gercrian ças e adolescentes emqualquer espaço continuamsendo diálogo e orien tação.

* Se não sa be usar o com pu -ta dor nem na ve gar na in ter -net, apro vei te pa ra apren derjun to com seus fi lhos. Ve ráque se rá mui to interessantereceber lições de tec no lo gia,

en ten der o que eles fa zem, comquem con ver sam e o que di -vul gam na in ter net. E vo cê te -rá oportunidade para ensiná-los a tomar cuidado.

* Coloque-se sempre à dis-posição para que peçam ajudaquando se sentirem ame a ça -dos ou re ce be rem con te ú dosimpróprios on-line.

* No lugar das velhas di caspa ra não re ce ber do ces nemca ro na de estranhos, hoje ospais precisam aler tar os fi lhospa ra não divulgarem dadospessoais na in ter net, nãoacei ta rem con vi tes pa ra seen con tra rem com ami gos vir -tuais e nem re ce be rem ar qui -vos de es tra nhos.

* Es pio nar e gra var tu doo que seus fi lhos fa zem nãosão bo as sa í das, pois vo cêfe re a pri va ci da de e po defra gi li zar a con fian ça. Pen -se bem: vo cê gra va as con -ver sas dos fi lhos na qua dra

de fu te bol ou na ca sa de bo -ne cas? Por que fa ria is to nain ter net?

* Pro gra mas de fil tro decon te ú do po dem aju dar, mas odiá lo go aber to so bre co mo,quan do e com quem usar a in -ter net con ti nua sen do respon-sabilidade dos pais. Os progra-mas podem funcionar bem em

casa, mas e na lan house? Ena casa do colega?

* En si ne que não podemosacreditar em tudo, nem emtodos. Como em to dos lu ga res,há pes so as mal intencionadase mentirosas.

* Mantenha sempre diá lo -go aber to com seus fi lhos.

As sim eles po derão in cor po -rar as di cas de se gu ran çaco mo pro teção e não ape nasco mo mais uma re gra im -pos ta. Quan do en ten de remque é pa ra o bem de les, es -tarão pro te gi dos em to dos oslu ga res. (T.S.)

Fon te: http://www.safernet.org.br

SOROCABA • DOMINGO • 12 DE JULHO DE 2015 3

Crianças devem ser orientadas a não acei ta rem con vi tes pa ra se encontrarem com amigos virtuais e nem receberem ar qui vos de estranhos

As re des so ciais pos si bi li tama tro ca de ideias, in for mações

e con te ú dos em qual quer par tedo mun do e a to do mo men to

Pe da go ga e psi co pe da go ga Lygia Nas ci men to: os alu nos de vem sair da po sição de ex pec ta do res pa ra pro ta go nis tas, ca mi nhan do fren te às tec no lo gias de in for mação e co mu ni cação

LUIZ SETTI

LUIZ SET TI

EMÍDIO MAR QUES

Protagonismo infantil temde ser alicerçado em valoresTel ma Sil vé riotel ma.sil ve rio@jcru zei ro.com.br

T en do a world wi de web, www ousim ples men te web co mo fer ra -men ta de aces so, a in ter net co -nec ta milhões de com pu ta do -

res pe lo mun do, por tan to, um es pa çoco le ti vo. A pe da go ga e psi co pe da go gaLygia Nas ci men to de Al mei da ex pli caque es se ter ri tó rio sem um do no úni coé um es pa ço que apre sen ta múl ti plasta re fas e mi lha res de usuá rios. As in -for mações estão dis po ní veis e são aces -sí veis a qual quer um que te nha aces soa um com pu ta dor. Di nâ mi ca e am bí -gua, a tec no lo gia po de ir além de um lu -gar de pes qui sa, pois atra vés das re desso ciais pos si bi li ta a tro ca de ideias, in -for mações e con te ú dos em qual querpar te do mun do e a to do mo men to. Des -ta for ma, a es co la tem pa pel im por tan -te nes sa re lação en tre tec no lo gia eusuá rio, des ta ca a edu ca do ra.

A es co la mui tas ve zes in tro duz acrian ça em am bien tes vir tuais, apro xi -man do - as de uma re a li da de que é re co -nhe ci da co mo par te de suas vi das. Emar ti go in ti tu la do O Pro ta go nis ta das No -vas Ha bi li da des do sé cu lo XXI, Lygia Al -

mei da es cla re ce que a ini cia ti va não dei -xa de ser uma opor tu ni da de pa ra que osalu nos saiam da po sição de ex pec ta do -res pa ra pro ta go nis tas da criação de in -for mação, ca mi nhan do fren te às tec no -lo gias de in for mação e co -mu ni cação (TICs). A prio -ri da de, nes se ca so, é o co -nhe ci men to pro du zi docom au to no mia. Des de ce -do a crian ça pre ci sa terau to no mia e cons ciên ciadas suas pos ta gens. E is -so ela só apren de na es co -la, opi na.

Por ou tro la do, acres -cen ta a psi co pe da go ga,tra ta- se de uma ini cia ti vaque exi ge par ce ria da es -co la e da fa mí lia na cons -trução de va lo res. “Na ver da de é um tra -ba lho fei to des de a in fân cia e a lon gopra zo. Não se apren de a ter es sa ati tu -de da noi te pa ra o dia. É uma questãode for mação”, fi na li za.

Soluções mágicas

Quan do as crian ças fre quen tam aes co la apren dem de tu do: bom e mau.

E com o aces so ir res tri to que a in ter -net ofe re ce com PCs, ta blets e ce lu la -res po dem apren der de tu do e mui tomais, des ta ca o pro fes sor da Uni ver -si da de de So ro ca ba (U ni so), Hél der

Le al da Cos ta, que pos -sui ex pe riên cia na áreade Ciên cia da Com pu -tação, com ên fa se emSis te mas de In for mação.A úni ca ma nei ra se gu rade pro te gê- las con tra in -for mações per ni cio sas énão dei xar que fre quen -tem a es co la e não usema in ter net. O que, evi den -te men te, é um ab sur do,acres cen ta. “Não exis tene nhu ma tec no lo gia se -gu ra pa ra pro teção na in -

ter net. É pre ci so ten tar edu car ascrian ças em ca sa, prin ci pal men te comexem plos e me nos com dis cur sos”, en -fa ti za.

Pa ra o es pe cia lis ta, não exis tem so -luções má gi cas. A con fian ça e o diá lo goaber to com os fi lhos, so bre to dos os as -sun tos, com ho nes ti da de e amor, po -dem ser a me lhor for ma de con du zir es -se ti po de si tuação.

Ao invés de proibiro uso das redes

sociais, paisdevem educar

Desde cedo, acriança precisater autonomia econsciência dassuas postagensna web