23
Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM) Disciplina: Comunicação Pública e Política: perspectivas teóricas e metodológicas Profª Drª Heloiza Matos e Nobre Estudante: Cristina Paloschi Uchôa de Oliveira nº USP 3472117 Tradução livre: BUCY e HOLBERT, Erick P. e R. Lance (org.). The Sourcebook for Policital Communication Research: Methods, Measures, and Analytical Techniques . Taylor & Francis: Nova Iorque e Londres, 2011. Cap. 10 (pp. 165-193) O rosto como foco da Comunicação Política Perspectivas evolucionárias e método etológico Patrick A. Stewart Department of Political Science University of Arkansas Frank K. Salter Max Planck Research Group for Human Ethology Andechs, Alemanha Marc Mehu Swiss Centre for Affective Sciences University of Geneva, Genebra, Suíça O significado do rosto para a comunicação política tem sido apreciado há tempo tanto por profissionais quanto por comentaristas, com o rosto expressando não apenas experiência emocional imediata e ato comportamental, mas também refletindo um traço de personalidade. Indivíduos competem por posições de poder e exercem influência em muito por causa de sua habilidade de se comunicar não verbalmente, especialmente por meio do rosto. A comunicação não verbal indica que líderes possuem as qualidades requeridas para que os membros de um grupo cedam controle a eles e que eles têm a capacidade de liderar o grupo em efetivamente enfrentar obstáculos. Por sua parte, a mídia de massa opera como um intermediário entre um líder político e seus/suas seguidores/as presumidos/as, com o oferecimento de um contato face-a-face virtual que remonta às raízes evolutivas do processo de tomada de decisão em grupos pequenos. A importância de líderes provocarem as paixões de seus seguidores é conhecida desde pelo menos Aristóteles (Arnhart, 1981), enquanto o estudo sistemático do rosto e como ele comunica intenções emocionais tem sido feito desde o tempo de Charles Darwin (Darwin, 1872/1998). No entanto, a pesquisa experimental sistemática do potencial da face para afetar a comunicação política encontra suas raízes apenas pouco mais de um quarto de século atrás, com estudos de Friedman e colegas analisando o impacto de expressões faciais de apresentadores de jornais ao discutir candidaturas presidenciais ao longo de campanhas políticas (Friedman, DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980) e sua influência nos resultados eleitorais (Mullen et al., 1986). No mesmo período, o Comitê de Estudo Experimental do Comportamento Social e Político (Committee for the Experimental Study of Social and Political Behavior) da Dartmouth College (daqui por diante, chamado de “Grupo de Darthmouth”) por meio de sua agenda de pesquisa sistemática, considerou como espectadores reagiam às expressões faciais de líderes políticos em uma série de experimentos realizados por mais de uma década (Masters, 1989a; Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986; McHugo, Lanzetta, Sullivan, Masters, & Englis, 1985; Sullivan & Masters, 1988). Do mesmo modo, o livro editado de Ellyson e Dovidio (1985) oferece uma primeira referência para entender como abordar o estudo da comunicação política não verbal, por meio da consideração de como a exposição comportamental não verbal se relaciona com a dominância de poder ao longo das diferentes culturas, eras e espécies. Um dos mais importantes indicadores de status de um político como um candidato sério é a atenção, ou o “face time” (tempo de exibição de seu rosto) que consegue na mí dia de massa. Essa dominância visual é bem estabelecida como um indicador de status não apenas com humanos, mas com qualquer espécie

Cap. 10 expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Embed Size (px)

DESCRIPTION

pesquisa experimental

Citation preview

Page 1: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM)

Disciplina: Comunicação Pública e Política: perspectivas teóricas e metodológicas Profª Drª Heloiza Matos e Nobre Estudante: Cristina Paloschi Uchôa de Oliveira – nº USP 3472117

Tradução livre:

BUCY e HOLBERT, Erick P. e R. Lance (org.). The Sourcebook for Policital Communication Research: Methods, Measures, and Analytical Techniques. Taylor & Francis: Nova Iorque e Londres, 2011. Cap. 10 (pp. 165-193)

O rosto como foco da Comunicação Política

Perspectivas evolucionárias e método etológico Patrick A. Stewart Department of Political Science University of Arkansas

Frank K. Salter Max Planck Research Group for Human Ethology Andechs, Alemanha

Marc Mehu Swiss Centre for Affective Sciences University of Geneva, Genebra, Suíça O significado do rosto para a comunicação política tem sido apreciado há tempo tanto por profissionais

quanto por comentaristas, com o rosto expressando não apenas experiência emocional imediata e ato

comportamental, mas também refletindo um traço de personalidade. Indivíduos competem por posições

de poder e exercem influência em muito por causa de sua habilidade de se comunicar não verbalmente,

especialmente por meio do rosto. A comunicação não verbal indica que líderes possuem as qualidades

requeridas para que os membros de um grupo cedam controle a eles e que eles têm a capacidade de liderar

o grupo em efetivamente enfrentar obstáculos. Por sua parte, a mídia de massa opera como um

intermediário entre um líder político e seus/suas seguidores/as presumidos/as , com o oferecimento de um

contato face-a-face virtual que remonta às raízes evolutivas do processo de tomada de decisão em grupos

pequenos.

A importância de líderes provocarem as paixões de seus seguidores é conhecida desde pelo menos

Aristóteles (Arnhart, 1981), enquanto o estudo sistemático do rosto e como ele comunica intenções

emocionais tem sido feito desde o tempo de Charles Darwin (Darwin, 1872/1998). No entanto, a pesquisa

experimental sistemática do potencial da face para afetar a comunicação política encontra suas raízes

apenas pouco mais de um quarto de século atrás, com estudos de Friedman e colegas analisando o

impacto de expressões faciais de apresentadores de jornais ao discutir candidaturas presidenciais ao longo

de campanhas políticas (Friedman, DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980) e sua

influência nos resultados eleitorais (Mullen et al., 1986). No mesmo período, o Comitê de Estudo

Experimental do Comportamento Social e Político (Committee for the Experimental Study of Social and

Political Behavior) da Dartmouth College (daqui por diante, chamado de “Grupo de Darthmouth”) por

meio de sua agenda de pesquisa sistemática, considerou como espectadores reagiam às expressões faciais

de líderes políticos em uma série de experimentos realizados por mais de uma década (Masters, 1989a;

Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986; McHugo, Lanzetta, Sullivan, Masters, & Englis,

1985; Sullivan & Masters, 1988). Do mesmo modo, o livro editado de Ellyson e Dovidio (1985) oferece

uma primeira referência para entender como abordar o estudo da comunicação política não verbal, por

meio da consideração de como a exposição comportamental não verbal se relaciona com a dominância de

poder ao longo das diferentes culturas, eras e espécies.

Um dos mais importantes indicadores de status de um político como um candidato sério é a atenção, ou o

“face time” (tempo de exibição de seu rosto) que consegue na mídia de massa. Essa dominância visual é

bem estabelecida como um indicador de status não apenas com humanos, mas com qualquer espécie

Page 2: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

animal em que há uma estrutura social hierárquica (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl-Eibesfeldt, 1989;

Mazur, 2005; Salter, 1995; Turner, 1997). Para ser escolhido como líder, a pessoa deve parecer e agir

como um líder viável; isso, por seu turno, é condicionado por haver outros indivíduos dando atenção.

Dominância visual é a chave para candidatos se comunicarem não verbalment e sua capacidade de

liderança ao público, sendo o elemento não verbal uma forma mais provável de afetar a resposta

emocional de espectadores do que a mesma informação transmitida apenas via áudio, em formato escrito

ou em cobertura noticiosa (Exline, 1985; Patterson, Churchill, Burger, & Powell, 1992; Schubert, 1998).1

O rosto é uma fonte de informação especialmente importante não apenas devido a ser o lugar onde os

estímulos de cheiro, gosto, visão e escuta são recebidos, mas também por estar sempre visível e

oferecendo informação, seja verbal ou não verbal, mesmo em repouso. O rosto oferece informação por

diferentes propriedades..2 A primeira prioriedade, estrutura morfológica, é estática, como o tamanho, a

forma, a localização de caracteres faciais, seus contornos, oferece informação sobre a identidade e

atratividade de um indivíduo. A estrutura morfológica é afetada por sinais naturais (slow signs) como

rugas e inchaços, que dão informações sobre idade, e sinais artificiais (artificial signs) , como cosméticos,

tatuagens, piercings e cirurgias plásticas, destinadas a mudar os sinais naturais. O grande foco deste

capítulo é a propriedade dos sinais rápidos (rapid signs) , nos quais mudanças no tônus muscular, fluxo

sanguíneo e temperatura da pele afetam as apresentações do rosto que comunicam estado emocional e

intenções comportamentais (Cohn & Ekman, 2005; Schmidt & Cohn, 2001).3

Portanto, este capítulo foca no rosto como o componente-chave da comunicação política, enfatizando

expressões flexíveis e momentâneas e que podem sinalizar um traço comportamental, por uma

perspectiva etológica. Especificamente, consideramos o principal enquadramento teórico compreender as

relações de dominação entre líderes e seguidores e como a comunicação não verbal desempenha um p apel

nelas. Particulamente, focamos em categorias -chave de comportamentos de expressão da face. Na

sequência, analisamos uma sequência estendida de estudos experimentais publicados que consideram a

influência do comportamento não verbal de políticos, sobre temas de pesquisas em termos de estímulos,

medidas e pesquisa subjetiva. Seguimos com sugestões para pesquisas futuras, novamente, em termos de

estímulos, medidas e temas antes de oferecer comentários conclusivos.

QUESTÕES E MÉTODOS EVOLUCIONISTAS

Nos primeiros estudos de comunicação política sobre expressões faciais, e os desenvolvidos com

inspiração neles, a chave era a apreciação da importância da teoria evolucionária para entender constantes

no comportamento político e uma interdisciplinaridade largamente assentada nas ciências naturais.

Espécies de mamíferos não humanos, especialmente primatas, ofereceram insights e ainda apresentam

modelos de comportamento para atividades políticas humanas. Essa perspectiva “biobehaviorista”

(biocomportamentalista) deriva fortemente da etologia clássica e difere das perspectivas tradicionais que

focam principalmente nas influências próximas sobre o comportamento político por meio da consideração

de quatro diferente tipos de questões. Essas questões são separadas, ainda que não mutuamente

excludentes, e consideram não apenas causalidades próximas, pela observação do comportamento de

indivíduos, mas também causalidades últimas, que consideram tanto os níveis de comportamento

individual quanto populacional (Lehner, 1996).

Esses quarto tipo de questões sobre comportamento foram apresentadas pelo etologista Niko Tinbergen

em seu trabalho seminal, um paper de 1963, que tratava de causalidades próximas, desenvolvimento

ontogenético, raízes filofenéticas e causalidades últimas (Barrett, Dunbar, & Lycett, 2002; Lehner, 1996;

Tinbergen, 1963). Os dois primeiros consideram causalidades aproximadas (“proximal”) do

comportamento individual. Causalidades primeiras (“proximate”) consideram o que motiva um

indivíduo a se comportar de uma maneira específica num determinado momento, a partir de perguntas

relativas aos mecanismos que produzem diferentes tipos de comportamento. Desenvolvimento

ontogenético observa as raízes do desenvolvimento e do comportamento ao longo do tempo de vida de

um indivíduo; em outras palavras, verifica se existem tendências inatas na criação ou no desenvolvimento

de um indivíduo ao longo de sua vida que desencadeiam comportamentos específicos. Tanto fatores

ambientais quanto internos são considerando ontogenia, embora ambos estejam interligados e sejam

difíceis de separar, especialmente porque a ontogenia se opera ao longo da trajetória de vida de um

indivíduo (embora com o desenvolvimento mais importante ocorrendo no início da vida).

As duas últimas questões se identificam fatores de causas últimas, com o entendimento de que questões

respondidas no nível um de análise podem não criar uma base válida para generalização para outro nível

(Peterson & Somit, 1982). A terceira questão considera como o comportamento se desenvolve numa

espécie ao longo de sua história e analisa suas raízes filogenéticas ao considerar diferenças de

comportamento entre várias espécies que com vínculos próximos. Causalidades últimas dizem respeito à

Page 3: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

causa funcional de um comportamento em termos de como ele promove a passagem dos genes de um

indivíduo para futuras gerações (Barrett et al., 2002; Lehner, 1996; Tinbergen, 1963).4

QUESTÕES METODOLÓGICAS A capacidade de responder cada uma dessas quatro questões postas é limitada pelas ferramentas que

podem ser usadas em termos de planejamento de pesquisa e pelos parâmetros utilizados. Seja como for,

um necessário primeiro passo para compreender o comportamento humano e observá -lo e medi-lo. Como

afirmado por Tinbergen “[C]ontempt for simple observation is a lethal trait in any science...” (1963, p.

412) [desprezo pela simples observação é um traço letal em qualquer ciência...]. Na sequência disso está a

experimentação de testar o quanto mudanças nos parâmetros podem influenciar a ocorrência de t ipos

específicos de comportamento. Ambas estas abordagens têm limitações, que incluem o efeito da

observação no comportamento, seja no campo ou no laboratório, saber o que medir e empregar a métrica

própria, escolher uma amostra com números adequados, e observar comportamentos por uma quantidade

suficiente de tempo e em condições que permitam verificar eventos recorrentes e ambientes que podem

influenciar resultados (Peterson & Somit, 1982).

Outras dificuldades dizem respeito a limitações éticas quando da experimentação em humanos. Dado que

o maior esforço de pesquisa se direciona a aferir uma “natureza humana” permitindo inferências a serem

feitas sobre todos os humanos, experimentos “verdadeiros” que alterem o “comportamento humano” são

raros.5 Em vez disso, a grande maioria de experimentos tenta alterar a informação contextual / ambiental.

Além disso, enquanto as questões de validade interna, com base em como um projeto de pesquisa está

configurado e realizado, são sempre pontos de preocupação, a maior crítica de estudos experimentais é

sobre sua validade externa (Barrett et al., 2002; Hansen & Pfau, this volume); em outras palavras, podem

os resultados ser aplicados ao “mundo real” com credibilidade? Questões específicas dizem respeito se as

pessoas vão fazer o que declaram em entrevistas ou escrevem em questionários ou se a lista de assuntos

tem diversidade suficiente para refletir diferenças. Isto pode causar estragos na validade externa dos

resultados.

Portanto, a maioria das pesquisas, predominantemente experimentais, consideram causalidades próximas

para entender por que as pessoas tomam as decisões que tomam. Contudo, tanto estudos de observação

quanto pesquisas experimentais considerando mudanças de desenvolvimento ao longo da experiência de

vida de um indivíduo (ontogenética) e comparações entre espécies (filogenética), especialmente com

primatas socializados próximos a humanos, são muito úteis para a compreensão de comportamento. No

primeiro caso há um entendimento de como indivíduos interagem com seu ambiente e mudam no

desenvolvimento de modos (Panksepp, 1998). No último, primatas sociais como bonobos (Pan paniscus)

e chimpanzés (Pan troglodytes) são vistos como espécies tão próximas a fornecer insight para o

comportamento que podem ter herdado de um ancestral comum (Chance, 1967; De Waal, 1982; Eibl-

Eibesfeldt, 1989; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Preushoft & Van Hooff, 1997; Van Hooff &Preushoft,

2003; Waller & Dunbar, 2005).

ABORDAGEM ETOLÓGICA SOBRE EXPRESSÕES FACIAIS DE EMOÇÃO

Os seres humanos são uma espécie socialmente instável em que os indivíduos apresentam um forte desejo

dominar socialmente os outros, mas desistem da oportunidade em nome de impedir os outros de dominá-

los. Assim, enquanto se tornam estabelecidas relações com fortes dominâncias hierárquicas, nas quais

líderes exercem poder coercitivo para produzir submissão pela prática do “classifique -e-arquive” (rank-

and-file) (Somit & Peterson, 1997), também parece haver um ímpeto de compensação no sentido de uma

“anti-hierarquia” na qual o igualitarismo reina (Boehm, 1999). Especificamente, existe um receio de que

líderes ultrapassem seus limites de controle e uma série de grupos conta com sanções sociais em resposta

a líderes que tentem exercer sua autoridade para além das normas do grupo (Boehm, 1999). Aqueles que

desejam se tornar líderes devem comunicar a “ausência de arrogância, de autoritarismo, de ostentação e

indiferença pessoal” (p. 69) e “defender uma combinação de não-aggressividade, generosidade e emoções

amigáveis” (p. 234). Portanto, líderes potenciais devem exibir não só a habilidade de dominar outros, seja

em resposta a ameaças internas à paz do grupo ou ameaças externas a seu bem-estar, mas também a

capacidade de arregimentar membros para o grupo.

O comportamento de expressões faciais de líderes, e daqueles que esperam vestir o manto da liderança,

então deve ser capaz de comunicar tanto traços agonísticos quanto hedonísticos.

Entretanto, circunstâncias determinam que tipo de comportamento de aparência é apropriado e deve

predominar (Bucy, 2000; Bucy & Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008; Bucy & Newhagen, 1999).

Page 4: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Pesquisas etológicas sobre figures políticas desenvolvidas pelo Grupo de Darthmouth (Lanzetta et al.,

1985; Masters, 1989b; Masters, Sullivan, Lanzetta, McHugo, & Englis, 1986) e elaboradas por Salter

(1995) sugerem uma tipologia de aparências emocionais baseadas tanto em se a circunstância social é

competitiva ou não competitiva e a posição no ranking ocupada pelo sujeito que aparenta.

Especificamente, existe a expectativa de que indivíduos dominantes manifestem comportamento

raivoso/ameaçador em situações agonísticas/competitivas, enquanto indivíduos submissos apresentem

medo e sucumbam.

A habilidade de sinalizar ameaça e sumissão pelas respectivas partes beneficiadas t anto por assegurar

ordem social e a ausência de perigo de danos sérios ou morte, que ocorreria a nenhuma ou ambas as

partes se a expressão do comportamento não fosse codificada ou interpretada com sucesso. Nessas

situações não competitivas nas quais indivíduos se afiliam ao grupo, indivíduos dominantes em geral

apresentam taxas mais altas de felicidade/reafirmação, enquanto membros do grupo de status mais baixos

evitam o conflito potencial e/ou interação social a partir da exibição de taxas mais altas de

comportamento triste/apaziguado, ambos contra um contexto de impacto neutro (Salter, 2007/1995, p.

145). Tal comportamento aparente beneficia os membros do grupo por meio do fortalecimento de

coalizões a partir de exibições compartilhadas de não competitividade e afinidades pessoais. Entretanto,

na medida em que líderes ou concorrentes a posições de liderança apresentam comportamento de

submissão ou resignação, haverá um enfraquecimento concomitante das atribuições de seu papel (Bucy &

Bradley, 2004; Bucy & Grabe, 2008).

Uma característica interessante das abordagens etológicas e outras evolucionárias é sua ênfase em

comportamentos universais. Isso melhora as perspectivas de descobrir princípios da comunicação

presentes em todas as culturas. Salter (2007/1995) ressalta um ponto quando define categorias de

observação de comportamento não verbal em seu estudo sobre hierarquias de comando. Por exemplo,

dominação é uma coisa que frequentemente foi associada a movimentos tranquilos e relaxados (e.g.,

Knipe & Maclay, 1972). Mas há exceções, e a associação da dominação tanto com comportamentos

aparentes brutos e suaves, agressivos e afiliativos sugere que liderança pode requerer habilidade para

combinar ou misturar diferentes sinais gestuais de uma maneira funcional. Em particular, líderes

mostram-se com habilidades sociais para selecionar comportamentos não verbais apropriados em

encontros agonísticos e afiliativos (de Waal, 1982; Sapolsky, 1990; Tiedens & Fragale, 2003).

Ao longo dessas linhas, Palagi e seus colegas desenvolveram extensa pesquisa de observação com

bonobos (Palagi, Paoli, & Tarli, 2004), lêmures (Palagi, Paoli, & Tarli, 2005), chimpanzés (Palagi,

Cordoni, & Tarli, 2004), e gorilas (Cordoni, Palagi, & Tarli, 2006), destacando a importância de

reconciliações pós-conflito e consolação pela coesão e harmonia do grupo. O comportamento agonístico é

tipicamente seguido por encontros afiliativos para manter a ordem do grupo. Embora essa pesquisa tenha

se focado em comportamento amplamente definido, express ões faciais de primatas são reconhecidas

como sendo “altamente conservadas”, ou seja, constante em diferentes espécies, ainda que com diferenças

em sua função social, desde pelo menos a obra The Expression of the Emotions in Man and Animals [A

Expressão das Emoções em Homens e Animais] de Darwin (1872/1998) (v. também De Marco, Petit, &

Visalberghi, 2008; Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi,

Valenzano, & Preuschoft, 2006). Comparações cruzadas entre espécies foram complementadas pelo

desenvolvimento de ChimpFACS, uma ferramenta de observação padronizada que permite comparação

estrutural direta de comportamentos de expressões faciais de humanos e chimpanzés com base na

musculatura facial (Parr et al., 2007; Parr, Waller, & Fugate, 2005; Parr, Waller, & Vick, 2007; Vick et

al., 2007).

O rosto, assim, é o primeiro meio de comunicação que tem características universais. Nas diferentes

populações humanas, parece haver um consenso no que diz respeito ao significado emocional atribuído a

expressões faciais particulares (Ekman & Oster, 1979), com os movimentos musculares subjacendo essas

configurações emocionalmente significativas nas regras de aparência, quando uma configuração facial

prototípica e exibida ela tem um significado entre culturas (Marsh, Anger-Elfenbein, &Ambady, 2003).

Scherer e Grandjean (2008) recentemente sugeriram que esse efeito poderia se dare m razão do fato de

que palavras de emoção (assim como componentes de emoção) estão mais prontamente disponíveis para

realizar julgamentos sobre rostos do que outras categorias, como motivos sociais e tendências de ação.

Das seis emoções básicas identificadas por Ekman e outros (Ekman & Friesen, 2003) como presentes em

expressões faciais prototípicas (surpresa, medo, nojo, raiva, felicidade e tristeza), quatro estão

estreitamente ligadas a relações de dominação, enquanto afiliativas (felicidade-reafirmação e tristeza-

resignação) ou agonísticas (raiva-ameaça e medo-evasão).

No entanto, o significado preciso de uma express ão facial geralmente depende do contexto. Por exemplo,

um sorriso pode expressar dominação ao mesmo tempo que sumissão e funcionar como um cumprimento

ou convite a jogar ou interagir socialmente. Um sorriso pode também ser usado instrumentalmente para

comunicar esses significados ainda que o emissor não esteja se sentido feliz. O significado de um sorriso

Page 5: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

ou outra expressão facial depende dos interagentes da relação e da configuração social. O sorriso de um

líder pode funcionar para tranquilizar um subordinado de que a punição não está pendente. De um

subordinado, um sorriso é mais provavelmente um sinal de disposição para cooperar (Salter, 2007/1995;

Salter, Grammer, & Rikowski, 2005). Mudanças sutis em sorrisos podem também ser ligados a diferentes

significados, como afiliação entre pares ou rendição a outros com dominância maior, dependendo do

contexto (Mehu, Grammer, & Dunbar, 2007; Mehu & Dunbar, 2008a). Na próxima seção revisitamos a

elaboração de Salter (2007/1995) sobre a tipologia do Grupo de Darthmouth (Masters et al., 1986) para

comportamento de expressão facial, que tem tido suas categorias de observação usadas para estudos de

campo, análise de conteúdos de mídia e experimentos que avaliam a influência da aparência de líderes.

EXPRESSÕES FACIAIS AFILIATIVAS

Comparação de Primatas Em diferentes espécies primatas o espírito afiliativo é sinalizado por postura e olhar variáveis, enquanto

os movimentos corporais são suaves (van Hooff, 1973; de Waal, 1982). A cabeça geralmente se inclina

ou pende para um lado em estado de espírito feliz. No entanto, as aparências faciais são cruciais nas

sociedades primatas para sinalizar as intenções comportamentais e assim moldar as interações e relações

de filiação, apego e resignação.

Três padrões faciais se destacam ao ser usados mais frequentemente em encontros de agremiação de

primatas: estalo de lábios, boca aberta relaxada e, com variações a serem discutidas mais tarde, a exibição

silenciosa de dentes. A primeira expressão, estalo de lábios (beijo) é mais proximamente as sociada com

cumprimento e consiste em (1) sobrancelhas elevadas, (2) pálpebras suspensas (ou não fechadas, com

chimpanzés); (3) olhares evitados ou não fixos; (4) boca não fixa, mas variada entre aberta e fechada; (5)

lábios relaxados e mostrando pelo menos alguns dentes; (6) cantos de boca variáveis; (7) cabeça inclinada

para cima; e (8) movimentos suaves do corpo (De Marco et al., 2008; van Hooff, 1969; Visalberghi et al.,

2006).

A boca aberta relaxada e o silencioso exibir de dentes, embora específicos de alguns humanos não

primatas, é vista também como comportamento convergente em humanos que realizam funções filiativas,

embora recentes pesquisas sugiram que há níveis maiores de conservação desses dois caracteres de

exibição no comportamento social. Especificamente, a aparência de boca aberta relaxada, na qual os

cantos dos lábios ficam esticados e a boca aberta, é vista em várias espécies primatas e é usada como

indicador de disposição para desempenhar (De Marco et al., 2008 Preuschoft & van Hooff, 1997; van

Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar, 2005) e, em macacos Tonkin

(Preuschoft & van Hooff, 1997), macacos-prego (De Marco et al., 2008), e chimpanzés (Waller &

Dunbar, 2005), comportamento gregário.

A exibição silenciosa de dentes, que também é associada a comportamento de submissão/ resignação, é

usada com a iniciação do contato e outro comportamento gregário e é indicada pelos cantos da boca sendo

empurrados para mostrar os dentes de cima e de baixo em posição fechada (De Marco et al., 2008

Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003; Visalberghi et al., 2006; Waller & Dunbar,

2005).

Felicidade/tranquilidade Nas aparências humanas de felicidade/reafirmação, gestos não ameaçadores se combinam com ações

faciais de reafirmação como sorrisos e elevação de sobrancelhas (Eibl-Eibesfeldt, 1989; Kleinke, 1986).

Esses comportamentos seguem o padrão geral com primatas. Uma face sorridente pode induzir uma

expressão similar e humor correspondente no observador e aliviar o impulso de fugir. Assim, um sorriso

pode agir para neutralizar a agressão e funcionar como um cumprimento eficaz. Morris (1977) observou

que o reconhecimento humano de resposta consiste em um sorriso, um “flash” de sobrancelha (com

duração de cerca de um sexto de segundo), inclinação da cabeça, saudação, aceno, e abraço intencional.

Os três primeiros são quase sempre presentes e ocorrem simultaneamente, enquanto os três últimos são

mais variáveis entre as situações e culturas. Eibl-Eibesfeldt (1979) identificou características salientes em

aparência de cumprimentos como contato inicial olho, seguido pelo movimento de cabeça e “flash” de

sobrancelha, seguido por um ou mais acenos com a cabeça. O sorriso é frequente, mas não sempre

presente. O “flash” de sobrancelha comunica concordância em vários contextos, incluindo concordância

para o contato social. Grammer, Shiefenhovel, Schleidt, Lorenz, e Eibl-Eibesfeldt, (1988) descreveram

sorrisos como uma ferramenta de “marcação social” usada para enfatizar o significado de outros sinais,

faciais, gestuais e verbais. A natureza do cumprimento visual é consistente com o princípio de Darwin

Page 6: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

(1998/1872, Capítulo 2) de antítese, sendo a aparência de saudação o oposto do comportamento

agonístico, raivoso/ameaçador.

A boca é um indicador importante de intenção filiativa, por meio da aparência de felicidade/reafirmação

do sorriso. Entretanto, há muitos diferentes tipos de sorriso que podem ser distinguidos por movimentos

de boca variáveis (Brannigan & Humphries, 1972), ou pela coativação da órbita ocular, um conjunto de

músculos que circundam o olho e produzem a elevação das bochechas e rugas de pés -de-galinha quando

estimulados (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982). Outra aparência afiliativa que

envolve a boca é a boca aberta relaxada, que é principalmente observada em interações recreativas e

promove relações filiativas (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller &

Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados

(evidente durante a risada) é particulamente saliente em relações igualitárias em que esses

comportamentos funcionam para fortalecer laços sociais. Em complemento, pesquisa recente sugere que

diferentes tipos de sorriso têm diferentes funções em interações sociais (Mehu & Dunbar, 2008a), em que

sorrisos baseados em emoções podem funcionar para regular relações cooperativas por meio do anúncio

de intenções altruístas (Brown, Palameta, & Moore, 2003, Mehu et al., 2007; Mehu, Little & Dunbar

2007). Essa emancipação funcional da exibição silenciosa de dentes pode ser interpretada como resultado

de pressões seletivas impostas por uma organização social cada vez mais complexa (Parr, Waller, &

Fugate, 2005; Preuschoft & van Hooff, 1997).

Relações hierárquicas baseiam-se na capacidade de assinalar a posição social de alguém na hierarquia e,

portanto, evitar conflitos potencialmente danosos. Neste caso, é importante ter sinais explícitos de poder e

submissão distintos de sinais de filiação e cooperação. Em relações igualitárias, a necessidade de sinais

distintos para poder, submissão e filiação é consideravelmente menor porque recompensas dependem

muito de esforço colaborativo, portanto, da força do vínculo social. Isso explica por que sorriso e o riso

são usados alternadamente em relações igualitárias, enquanto que ambas as expressões são usadas

separadamente em contextos hierárquicos (Mehu & Dunbar, 2008b; Preuschoft & van Hooff, 1997).

Tristeza/condescendência

A tristeza tem sido interpretada para servir a função de um comportamento condescendente que acalma

um agressor, reduzindo ainda mais o risco de ataque futuro e permitindo que o indivíduo vencido a

permanecer no grupo. A função anterior foi associada à angústia da separação em crianças por Plutchik

(1980, pp. 322–326; v. também Darwin, 1998/1872, Capítulo 6). A hipótese da condescendência, de Price

e Sloman (1987), interpreta que o comportamento individual triste como a segurança de que o adversário

é incapaz de “se vingar” e que, portanto, merece cuidado e preocupação.6 Com raras exceções, demonstrar

tristeza é um comportamento inaceitável por nossos líderes. Por exemplo, o Senador Edmund Muskie,

candidato líder pelo Partido Democrata à eleição presidencial, viu sua campanha perder o trilho ao ser

visto chorando em resposta a um ataque de sua esposa. Por outro lado, a aparente tristeza do Presidente

Gorge W. Bush ao longo da vigília dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram vistas como

adequadamente empatia. Descrições de tristeza são muito concordantes. Além dos cantos de boca

apontados para baixo, a cara triste tem como característica a parte interna das sobrancelhas se levantando

e se juntando, formando uma ruga em forma de “U” invertido no centro da testa. Os olhos se destacam

pela pálpebra superior interna delineada e com a pálpebra inferior aparecendo levantada (Darwin,

1998/1872, pp. 177–178; Ekman & Friesen, 2003, p. 117). Darwin considerava as sobrancelhas e as

linhas horizontais da testa como os maiores sinais de tristeza ou pesar, chamando os músculos

responsáveis de “músculos do pesar” (1998/1872, p. 179) e concluiu, por evidências de estudos que

cruzavam diferentes culturas, que esta última configuração era universal.

Enquanto a tristeza é relativamente bem reconhecida em diferentes culturas, a precisão proporcionada a

pesquisadores pela medição eletromiográfica da atividade muscular permite uma análise mais rigorosa da

expressividade emocional do que as expressões visíveis. Notavelmente, no caso da

tristeza/condescendência o músculo corrugador do supercílio, que se põe lateralmente acima e em cada

lado do nariz, é geralmente associado a expressões de tristeza, pesar, sofrimento e é certamente ativado

pelo humor depressivo.

EXPRESSÕES FACIAIS AGONÍSTICAS

Comparações entre primatas

Características comuns da raiva-ameaça apresentadas em primatas não humanos, a cara de ameaça boca-

aberta, foram categorizados por van Hooff (1969) e incluíam o olhar em direção fixa (diretamente ou

Page 7: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

desviando dos outros) e boca tensa, com sobrancelhas abaixadas em macacos. Em geral, o

comportamento agonístisco é marcado por tens ão corporal maior do que em estado de felicidade-

reafirmação. Na aparência de raiva-ameaça, primatas dominantes pendem a cabeça adiante, completando

a transição para o ataque com movimentos bruscos ou repentinos. Essas aparências tendiam a ser usadas

instrumentalmente em conjunção com comportamento agonístico contra membros de posição mais baixa

para provocar manifestações submissas (Visalberghi, Valenzano, & Preuschoft, 2006), embora em

macacos-prego a cara de ameaça boca-aberta seja frequentemente encontrada com a mesma resposta (De

Marco, Petit, & Visalberghi, 2008). Todavia, essa aparência não é encontrada com comportamentos

brincalhões ou afiliativos (De Marco et al., 2008; Visalberghiet al., 2006).

Expressões identificadas unicamente com submissão incluem olhar desviado, cabeça orientada afastada

do dominante e pálpebras fechadas (Marler, 1965, p. 571). Características comuns dos primatas com

expressão de medo-submissão, a aparência de dentes alinhados silenciosos, incluem, como discutido

acima, boca aberta, lábios retraídos verticalmente para expor a maior parte dos dentes, e cantos da boca

completamente retraídos (De Marco et al., 2008; Preuschoft 1992; Visalberghi et al., 2006). Essa

aparência é flexível, sendo vista usada para indicar condescendência em Rhesus e macacos de rabo longo,

macacos-cinomolgo, macacos-de-gibraltar, macacos Tonkin, chimpanzés e humanos (Preushoft & van

Hooff, 1997); entretanto, essa expressão é dependente de context, não sendo associada a comportamento

submissivo ou em resposta a agressão em “tufted macaques” (De Marco et al., 2008) ou macacos-preto

(Visalberghi et al., 2006). Especificamente, como postulado por van Hooff e Preuschoft, a intenção dessa

expressão é flexível, com base no contexto social, neste caso o quanto as espécies ou a convivência social

são igualitárias ou hierárquicas (Preuschoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preuschoft, 2003).

Raiva/Ameaça Em humanos, raiva/ameaça é uma aparência emocional relativamente não ambígua e imediatamente

decodificada, como enfatizado pela descrição de Ekman da expressão de raiva sobrancelha -baixa (v. Box

10.1) aplicada em diferentes culturas humanas (Ekman, Friesen, & Ellsworth, 1972). Com base em

extensas observações transculturais , Eibl-Eibesfeldt (1989, pp. 370–371) descreveu a aparência humana

de ameaça como um olhar fixo acompanhado por sinais de confiança, com as sobrancelhas levantadas ou

abaixadas. A literatura psicológica sustenta a visão de que os olhares se tornam especialmente

ameaçadores quando acompanhados por dinâmicas associadas com sorrisos ou atratividade física

(Kleinke, 1986). Psicólogos sociais documentaram vastamente como indivíduos dominantes encaram

mais que outros em situações competitivas (Dovidio & Ellyson, 1985; Exline, Ellyson, & Long, 1975).

O olhar é mais ameaçador, medido em níveis de excitação, quando os olhos estão em plano horizontal.

Assim, um olhar horizontal de olhos arregalados é característico de ameaça e parece projetar raiva

(Morris, 1967, pp. 162–163). Em complemento a (e certamente por causa de) comunicar ameaça,

comportamentos agressivos atraem atenção. Indivíduos dominantes são mais adeptos e desfrutam de mais

liberdade para realizar gestos e táticas agressivo como um meio de marcar o território. E dominância, uma

vez alcançada, é centro das atenções por si mesma. Atratividade visual sinaliza poder social de tal forma

que quanto maior a quantidade da atenção visual dado a um indivíduo, menor o estatuto do observador

em relação ao foco de atenção (Hold-Cavell, 1992). Da mesma forma, experimentos descobriram que os

indivíduos dominantes olham mais para seu público ou interlocutor enquanto fala, mas menos quando

ouvem indivíduos com status menor (Dovidio & Ellyson 1985;. Exline et al, 1975).

Medo/Submissão

De uma perspectiva evolucionista, de encontros entre estranhos geralmente surgem sinais de medo-

submissão desde que humanos são adaptados a grupos pequenos, íntimos. Essa regra é sustentada por

evidências fisiológicas que indicam o aumento da ansiedade nos participantes abordados por estranhos

(McBride, King, & James, 1965). Um estudo de observação verificou que em mais de 90% das interações

observadas entre estranhos, indivíduos apresentaram combinações de evitar olhares, comprimir lábios e

morder lábios; mostrar a língua e encostar a língua na bochecha; manipulações mão -no-rosto, mão-na-

mão e mão-no-corpo; e posturas envolvendo flexão e abdução dos membros superiores (Givens 1981, p.

222). Estas "atividades de deslocamento" auto-dirigidas servem como medidas comportamentais de

estresse social em seres humanos e primatas não-humanos (Troisi, 2002).

A descrição de Ekman para os sinais faciais de medo tem as pálpebras em configuração similar à

expressão de raiva, deixando a combinação de sobrancelhas levantadas e a boca horizontalmente esticada

como a característica mais distintiva das expressões faciais de medo (Ekman & Friesen, 2003). Diversas

configurações de boca são consistentes com a descrição de Ekman de lábios horizontalmente esticados.

Por exemplo, a aparência da boca comprimida associada com ansiedade em interações com estranhos e

Page 8: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

outras interações sociais desagradáveis (Givens, 1981; Grant, 1969; Smith, Chase, &Lieblich, 1974; Stern

& Bender, 1974). E sorrisos, como mencionado anteriormente, podem expressar condescendência (Eibl-

Eibesfeldt, 1989, pp. 466–467; Ekman, Friesen, & Ancoli, 1980; Ekman, Friesen, & O’Sullivan 1988;

Mehu & Dunbar, 2008b; Waller & Dunbar, 2005).

Dado que expressões submissivas ou amedrontadas envolvem a sobrancelha abaixada similar a

expressões de raiva, embora com uma aparência enrugada, sinais complementares de orientação da

cabeça e do olhar dão importantes pistas do contexto. Em contraste com a raiva, o queixo é reduzido e é

evitado o olhar, como pode ser visto com crianças em diferentes culturas (Konner, 1972; McGrew, 1972;

Stern & Bender, 1974). A aversão do olhar pode ser usada para diminuir o estresse. De fato, pesquisa

ligou excitação aumentada com olhar de estranhos em situações ameaçadoras (Kleinke, 1986). Enquanto

o olhar contínuo é antipático, aqueles que evitam o olhar durante a conversação são julgados como

defensivos, evasivos, nervosos ou com falta de confiança (Kraut & Poe, 1980).

RESPOSTAS DE ESPECTADORES A EXPRESSÕES NÃO VERBAIS DE LÍDERES

Estudos investigando o comportamento aparente não verbal de líderes políticos utilizaram estas e outras

categorias de expressões em análises de conteúdo longitudinais de campanhas eleitorais, assim como

pesquisa experimental que segue subsidiando nosso entendimento de política e liderança. Ao longo do

tempo, métodos e medidas de investigação ficaram mais sofisticados e atingiram mais validade

(ecological validity).Especificamente, pesquisas feitas desde meados da década de 1980 apresentaram-se

com mais validade externa em termos de estímulos empregados, mais experiente na medição de respostas

do espectador e mais consciente da necessidade de testar uma grande variedade de participantes. A seção

seguinte repassa estudos realizados e publicados ao longo do último quarto de século que tratam de

reações do espectador a expressões não-verbais de líderes. Dá-se atenção à forma como o estímulo da

face é apresentado em pesquisa experimental, como as variáveis dependentes são medidas, e quem são os

participantes do estudo experimental (ver Tabela 10.1).

Como pontuado por Masters et al. (1986, p. 323), pesquisas a respeito do comportamento da express ão

facial leva a três diferentes questões: (1) se o ator realmente sente a emoção que apresenta – em outras

palavras, se a aparência é genuína; (2) o quanto observadores atribuem intenções ao ator em termos de

como pretende atuar; (3) o quanto as expressões realmente apresentam reações emocionais em

observadores. Enquanto a primeira questão só pode ser inferida, dado que políticos certamente

dominaram a arte de mascarar seu estado interior enquanto apresentam expressões socialmente

apropriadas, as duas últimas podem ser empiricamente investigadas por meio de pesquisa experimental.

Por consequência, o estudo do comportamento das expressões faciais não se limita apenas à avaliação do

estado emocional do ator (Fridlund, 1994, 1997), mas também trata da dinâmica social de comunicação

que pode ocorrer com ou sem percepção consciente por parte do observador.

TABELA 10.1 – Aparências emocionais no contexto da classificação

COMPORTAMENTO E FISIOLOGIA

Agonístico (competitivo) Gregário (não competitivo)

Classificação Dominante Raiva - ameaça Felicidade - confiança Submisso Medio - submissão Tristeza - resignação

Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza / resignação. De Salter, 1995, p. 144.

O Rosto como Estímulo Experimental

A análise de influência de expressões não verbais de líderes em espectadores pode ser agrupada em duas

categorias. O primeiro agrupamento considera a influência do comportamento não verbal de candidato

presidencial durante debates televisionados .7 A análise de Exline (1985) de sinais não verbais enfáticos do

Presidente Gerald Ford e do governador Jimmy Carter em seu primeiro debate de 1976 e o estudo de

Paterson et al. (1992) sobre o segundo debate Reagan-Mondale verificaram que movimentos que refletem

tensão ou estresse afetam o quanto os candidatos são favoravelmente avaliados em se us respectivos

debates. Esses indicadores não verbais de estresse incluíam piscadas de olhos, deslocamento e direção do

olhar, fala desajeitada, acenos de cabeça, inclinação corporal e gestos com as mãos, além de gestos

afetivos, como movimentos de sobrancelha e sorrisos e demonstraram-se como tendo uma influência

sobre as percepções dos participantes sobre os candidatos presidenciais.

A segunda abordagem, usada pelo Grupo de Dartmouth e pesquisadores subsequentes, olha a abordagem

apresentada acima, com orientação mais teórica, com estudos interculturais, de desenvolvimento e

Page 9: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

interespécies para a derivação de três expressões faciais prototípicas: felicidade/tranquilidade,

raiva/ameaça e medo /evasão, bem como uma expressão neutra, como ponto de referência. Enquanto os

primeiros estudos realizados sobre o tema focavam na influência das expressões prototípicas (Masters &

Sullivan, 1989; McHugo et al., 1985; Sullivan & Masters, 1988), os realizados posteriormente

consideravam intensidade e valência do comportamento das expressões (Bucy, 2000; Bucy & Bradley,

2004; Bucy & Newhagen, 1999; McHugo, Lanzetta, & Bush, 1991), e passaram do foco exclusivo nas

expressões do líder ao estado de expressões faciais em relação a contextos específicos de notícias,

particularmente notícias sobre crises nacionais (Bucy, 2000, 2003; Bucy & Bradley, 2004; Bucy &

Newhagen, 1999; Sullivan & Masters, 1994), dando à pesquisa experimental maior validade externa.

A seleção de estímulos de tratamento, de noticiários noturnos e outras fontes acessíveis publicamente,

pode ser vista como contribuição para a validade externa desses estudos. Figuras políticas nacionalmente

conhecidas representam estímulos altamente destacáveis, devido à sua visibilidade pública e à capacidade

destas figuras, uma vez no poder, de influenciar a resultados políticos por meio de sua liderança.

Como observado por Masters (1989a), o contexto é importante para a interpretação e para o poder dos

estímulos.

Os políticos apresentados em uma situação de concorrência, como em um debate, são vistos de forma

diferente do que quando sozinhos. Da mesma forma, políticos que não ocupam cargos públicos no

momento terão menos relevância para o espectador do que aqueles atualmente em exercício e exercendo

influência (Way & Mestres, 1996a, 1996b).

Com a exceção das sequências de 9 e 10 minutos dos debates presidenciais de Exline (1985), a duração de

tratamentos experimentais sobre a dinâmica de expressões faciais geralmente dura entre 30 e 75

segundos. O mapeamento da prevalência e influência de sinais não verbais apresentados em notícias leva

em consideração um entendimento explícito da estrutura das notícias de televisão e como elas são

apresentadas (v. Grabe & Bucy, 2009). Além das expressões dos candidatos, a influência das express ões

do/a apresentador/a foi estudada. Trabalhos iniciais de Friedman e outros examinaram a “tendência”

percebida nas expressões faciais do/a apresentador/a de notícias da rede a respeito dos candidatos

presidenciais Gerald Ford e Jimmy Carter durante as eleições de 1976. De cinco âncoras de redes

analisados, um (John Chancellor) mostrou mais positividade facial de julgamento de Gerald Ford e três

(Walter Cronkite, David Brinkley, and Harry Reasoner) para Jimmy Carter. A quinta âncora (Barbara

Walters) não apresentou diferenças significativas.

Com apenas um/a âncora exibindo maior positividade quando o conteúdo verbal das notícias era

considerado (a favor de Ford), a “tendência” da mídia pode ser percebida mais precisamente na

expressividade facial de apresentadores/as do que no conteúdo semântico de suas narrativas (Friedman,

DiMatteo, & Mertz, 1980; Friedman, Mertz, & DiMatteo, 1980). Trabalho subsequente de Mullen e

outros verificou que expressões de apresentadores/as podem ter desempenhado um papel no

comportamento de definição de voto, com o âncora da rede ABC, Peter Jennings, exibindo forte viés a

favor de Ronald Reagan em relação a Walter Mondale em seu comportamento facial quando

apresentando o noticiário.

Quando realizaram uma enquete (survey) telefônica em quatro diferentes mercados de mídia, havia uma

diferença significativa de padrões de votos entre os entrevistados que assistiam ABC, com maior

inclinação a votar em Reagan (Mullen et al., 1986).

Um resultado interessante dessa pesquisa é que o efeito da expressão do líder pode ser modificado via um

efeito visual primário que precede imediatamente o estímulo evidenciado. A sensibilidade do espectador a

sinais emocionalmente relevantes e sutis, se não subliminares 8 de 33 milissegundos antes de ver múltiplas

figuras políticas foi documentada em estudos experimentais por Way e Masters (1996a, 1996b), que

verificaram que esses breves estímulos apenas afetavam participantes quando vendo o Presidente

democrata Bill Clinton comparado com democratas menos proeminentes (Earnest Hollings, Reubin

Askew, e Walter Mondale), sugerindo maiores níveis de potencial de atenção a líderes. Um estudo sobre

“microexpressões” de emoção no rosto do presidente George H. W. Bush durante seu discurso de 1991 ao

público americano, declarando sua intenção de atacar o Iraque em resposta à invasão do Kwait, verificou

que diversas expressões faciais inapropriadas de menos de 1 segundo cada levaram a respostas

emocionais desconfiadas em espectadores, reforçando a sensibilidade de espectadores a pequenas fatias

de comportamento não verbal problemático por líderes em tempos de crise (Stewart, Waller, & Schubert,

2009).

Medidas

Enquanto a maioria dos estudos em ambos os grupos utilizou itens de “autodeclaração” (self-report) e

escalas para avaliar efeitos experimentais, o uso de medidas psicofisiológicas e latência de resposta

também foi visto em vários dos estudos considerados neste estudo, indicando a importância do uso de

Page 10: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

métodos múltiplos para mensurar as reações de espectadores. Medidas complementares permitem que

pesquisadores confirmem padrões de reação a partir de vários pontos de vista, quer para determinar o

valor do sinal ou o significado das expressões do líder tal qual percebido pelos observadores ou reações

cognitivas, emocionais fisiológicas de observadores face ao comportamento da aparência de políticos

(Mestrado et al., 1986). Os estudos também examinaram avaliações de espectadores de políticos de forma

mais geral, normalmente na forma de termômetros de sentimento, e empregaram avaliações de traço,

incluindo medidas de competência, honestidade, confiabilidade, atratividade, capacidade de liderança e

simpatia, entre outros. Através do uso de múltiplas medidas, os pesquisadores podem contornar

preocupações sobre a validade e credibilidade de suas métricas.

Avaliação de Políticos

Quando avaliação de espectadores, tanto no que diz respeito a classificações afetivas e atribuições de

traço, foram sujeitas a análise fatorial, dois fatores teoricamente congruentes porém distintos emergem:

confiança e dominação. Em um estudo transcultural da comparação de reações a líderes nos Estados

Unidos (Ronald Reagan) e França (Jacques Chirac e Laurent Fabius), o primeiro fator extraído foi

confiança, com cargas negativas para os termos emocionais consolo e alegria, e cargas positivas para

raiva e nojo (Masters & Sullivan, 1989). O segundo fator, dominação, apareceu igualmente para todos os

três políticos, com cargas positivas para a força e interesse, e cargas negativas para confusão e medo.9

Uma aplicação de estudo nos Estados Unidos (Sullivan & Mestres, 1994) verificou tranquilidade

associada a cargas positivas para caloroso, competente, inspirador e moral, e carga negativa para evas ão.

Da mesma forma, no estudo realizado apenas nos Estados Unidos, atribuições a traços de confiança e

agressividade indicou a constatação de um fator de dominação.

Reação Emocional

A autodeclaração de reações emocionais para expressões faciais de líderes foi vastamente utilizada pelo

Grupo de Dartmouth em seus es tudos, refletindo uma valorização do papel da emoção no processo de

tomada de decisão.10 Enquanto muitos estudos consideram medidas únicas de emoção (Bucy, 2000, 2003;

McHugo et al., 1985; Stewart et al., 2009) ou listam variáveis com base em raciocínios teóricos (Bucy &

Bradley, 2004; Masters, 1994; McHugo et al., 1991; Sullivan & Masters, 1988; Warnecke, Masters, &

Kempter, 1992; Way & Masters, 1996a, 1996b), quando são realizadas análises fatoriais de medidas

múltiplas de emoção, dois fatores geralmente são constatados. Esses dois fatores reproduzem o mapa

circular (circumplex model) de emoções visto na pesquisa de opinião nacional (Abelson et al., 1982;

Marcus, Neuman, & MacKuen, 2000), de onde se extraem duas dimensões ortogonais de afeto. Esses dois

fatores têm sido descritos como valência de emoção e excitação (Bucy, 2000), abordagem

comportamental e inibição comportamental (Gray, 1987), ou, como descrito na literatura de psicologia

política, como o entusiasmo e ansiedade, o que representa a disposição emocional e os sistemas de

vigilância (Marcus et al., 2000). Na literatura etológica, essas dimensões são rotuladas como estilos de

comportamento hedonístico e agonístico, respectivamente, e tem sido usadas como abrangências

temáticas para agrupar sinais emocionais específicos (Mestrado et al., 1986, p. 322). Quando estudados

por análise fatorial, os dois fatores são constatados em reação direta às expressões emocionais de líderes

(Lanzetta et al., 1985; Masters & Sullivan, 1989) ou a partir de reflexos da experiência emocional nos

dias após tratamento experimental (Masters & Carlotti, 1994; Sullivan & Mestres, 1994).

Reações psicofisiológicas foram selecionadas em um certo número de estudos e proporcionaram

resultados não apenas sobre a própria reação, mas também sobre o processo pelo qual os participantes

avaliam os políticos. Especificamente, em três estudos aqui analisados (Bucy & Bradley 2004;. McHugo

et al, 1991, 1985), condutividade da pele, frequência cardíaca e eletromiografia (EMG) facial foram

medidas utilizadas para avaliar a reação de participante a expressões do líder. Nesta pesquisa, a

condutividade da pele é usada como um indicador de excitação, frequência cardíaca como um indicador

de atenção do espectador, e EMG facial como um indicador de valência emocional. A condutividade da

pele aumentava em reações a aparências de raiva / ameaça (McHugo et al., 1985) e a partir da visão de

expressões inadequadas do líder (Bucy & Bradley, 2004). A frequência cardíaca, em um estudo inicial,

aumentava como resultado tanto de expressões agonísticas de raiva/ameaça e medo/evasão, especialmente

quando comparada com felicidade/tranquilidade (McHugo et al., 1985). Bucy e Bradley (2004)

verificaram que a frequência cardiac inicialmente diminuía (sinalizando foco de atenção) diante da

exposição a aparências de alta de intensidade do Presidente Clinton após imagens de notícias negativas,

indicando atenção aumentada a expressões agonísticas do presidente.

Page 11: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Com uma eletromiografia facial, eletrodos colocados sobre os músculos corrugadores são usados para

medir franzimento da testa ou sentimento negativo, enquanto a gravação a atividade do músculo

zigomático, que é o envolvido no sorriso, é usada para medir o sorriso ou afeição positiva. Ambos tem

sido usados com sucesso para medir a reação facial, seja de empatia ou anti-empatia, em resposta à

aparência de políticos (Bucy & Bradley, 2004; McHugo et al, 1991, 1985). Por outro lado, o músculo

orbicular da boca (músculo obicularis oris), que controla a abertura da boca (isto é, os lábios) não

mostrou efeitos significativos no único estudo em que foi utilizado. Neste estudo, os autores concluíram

que a reação de participantes aos estímulos experimentais foi principalmente afetiva, ao passo que o

obicularis oris poderia indicar a profundidade de processamento de informação (isto é, a resposta

cognitiva) através de elementos subvocais (McHugo et al., 1991, pp. 32-33).

Bucy e outros usaram um pouco mais das novas abordagens para analisar o processamento de

informações e experiência emocional. Bucy e Newhagen (1999) observaram a elaboração do pensamento

a partir da solicitação a participantes para que escrevessem seus pensamentos depois de cada estímulo, de

notícia mostrando expressão de líder, e então analisaram o conteúdo das resp ostas dos espectadores por

número de pensamentos e tipo de avaliação feita. Eles também empregaram latência de reconhecimento

para medir a profundidade do processamento, medido por quão rapidamente os participantes

identificavam os curtos pedaços de vídeo que viam como sendo do estímulo experimental ou material de

distração; finalmente, consideraram a fixação na memória de informações a partir das notícias, por meio

de questões de múltipla escolha para a identificação de informações em áudio em um questionário final.

Além do EMG facial e medidas psicofisiológicas relatados acima, Bucy e Bradley (2004) pediram aos

participantes para classificar sua experiência subjetiva emocional, usando a escala de Auto-Avaliação de

Manikim (SAM), que consiste de uma série de índices pictóricos em três dimensões emocionais de

valência (negativo-positivo), excitação (calma-animação) e dominância (no controle, fora do controle),

verificando aumento da excitação para imagens de notícias e aparência de líderes com alta intensidade e

negativas, e menor dominância para intensidades maiores tanto em notícias quanto na expressão de um

líder.

Participantes dos Experimentos

Não inesperadamente, a grande maioria dos estudos aqui considerados usaram estudantes de graduação

como participantes pesquisados. A confiança no estereótipo do aluno de segundo ano de faculdade foi

motivo de fortes críticas por ser um banco de dados muito pequeno. Notavelmente, Sears (1986)

argumentou que o retrato da natureza humana pode ser traçado como um resultado do uso de uma base de

pesquisa predominantemente de estudantes de graduação, que é mais tendente a ser socialmente

condescendente, especialmente com figuras de autoridade, e que é mais provável que sejam espontâneos

em seus atos, devido à falta de autoconhecimento. Ao mesmo tempo, Sears observou que o “uso de

sujeitos relativamente bem educados, selecionados por suas habilidades cognitivas superiores, junto com

os locais, procedimentos e atividades de pesquisa que promovem processamento de informações

desapaixonadas, com rigor acadêmico, deveriam produzir evidências que retratassem os seres humanos

como dominados por processos cognitivos, mais do que por fortes predisposições de julgamento ” (Sears,

1986, p. 526; v. também Stewart, 2008).

Interessantemente, isso pode dar mais crédito ao trabalho sobre comunicação não verbal aqui apresentado,

dado que o que foi verificado indica robustos resultados afetivos apesar do traço presumido sobre o

processamento cognitivo de estudantes de faculdade (Sears, 1986, p. 527). Apesar disso, os resultados

considerados aqui podem ser vistos com uma dúvida persistente sobre sua validade ecológica (isto é,

sua aproximação a situações da vida real) e sua generalidade. Especificamente, os estudos são

predominantemente preenchidos por amostras de alunos de graduação mediante conveniência ou

oportunidade, e tais amostras que, no caso do trabalho do Grupo de Dartmouth (no campus de elite Ivy

League) representam jovens estudiosos e com perfil de alto grau de sucesso. Em termos de interesse e

compreensão de informações políticas, bem como (às vezes) proximidade de eventos políticos,

particularmente durante as primárias de New Hampshire, tal amostra populacional pode não representar

totalmente a população em geral. Vale a pena notar, no entanto, que alguns pesquisadores têm

argumentado de forma convincente que o processamento de informações básicas e as reações emocionais,

particularmente processos registrados por medidas psicofisiológicas, podem não ser totalmente afetados

pelo conhecimento anterior (Lang, 1988). Em estudos posteriores, o problema da validade ecológica foi

levado em conta por pesquisas comprando reações de espectadores em diferentes culturas (Masters &

Sullivan, 1989), diferentes etnias nos Estados Unidos (Masters, 1994), e enquetes com participantes

adultos não estudantes (Bucy, 2000, exp. 1; Bucy, 2003; Bucy & Newhagen, 1999; Warnecke et al.,

Page 12: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

1992). Enquanto populações adultas reforçam a validade externa dos resultados, a análise sistemática de

dados considerando os efeitos da influência do ciclo de vida ainda segue sem ser explorada.11

ORIENTAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Análises futuras do impacto do comportamento das expressões faciais de políticos necessariamente serão

influenciados pelo que foi feito antes, em termos de tratamento, medição e temas. Além disso, serão

afetados por avanços na tecnologia que permitem a replicação e o progresso na agenda de pesquisa

iniciada há quase 30 anos. No entanto, ao mesmo tempo, uma contínua valorização dos princípios

norteadores dos métodos e teoria etológicos evolutivos, isto é, as Quatro Questões de Tinbergen (1963),

irá guiar a geração e o teste de hipóteses. Abaixo consideramos os avanços tecnológicos e teóricos nos

últimos anos que provavelmente afetarão as futuras pesquisas em comunicação política a respeito do

comportamento de expressões faciais de personagens políticas.

Observação e medição

Uma das significativas lições aprendidas é a importância de juntar experimentação com observação para

compreender o comportamento de políticos e a cobertura noticiosa concomitante sobre eles. Compreender

como o comportamento facial influencia a visão de espectadores é um importante primeiro passo;

compreender como um político é apresentado ao público é ao mesmo tempo importante para

pesquisadores que esperam entender a influência da mídia na opinião pública. Alguns resultados de

pesquisas indicam que a cobertura de mídia sobre as expressões faciais varia tanto em termos de

frequência quanto tipo de expressão facial, dependendo de diferentes fases de campanha (Bucy & Grabe,

2008; Masters et al., 1987), do status do candidato (Bucy & Grabe, 2008; Masters et al., 1987; Masters,

Frey & Bente, 1991), e da cultura (Masters et al., 1991). Enquanto a análise de conteúdo da cobertura

noticiosa sobre candidates políticos tem sido realizada ao longo do tempo, tanto nas primárias simples das

eleções (Masters et al., 1987) e em eleições gerais múltiplas (Bucy & Grabe, 2008) e proporcionaram

extensas ideias para a cobertura midiática de processos eleitorais, poucas pesquisas consideraram como

indivíduos mudam em suas reações a expressões faciais de emoção de políticos ao longo de um extenso

período de tempo. Especificamente, com a exceção da comparação do Grupo de Dartmouth de

composição de grupos nas quais a fortuna de candidatos é mapeada em diferentes pontos ao longo da

temporada eleitoral por diferentes amostras de indivíduos (Sullivan & Masters, 1988 [eleição presidencial

de 1984]; Masters, 1994 [eleição presidencial de 1988]; Masters & Carlotti, 1994 [eleição presidencial de

1992]) e com sua composição de painel apontando temas para avaliar candidatos um dia depois (Sullivan

& Masters, 1994), há um potencial de mapear a reação emocional ou cognitiva de um indivíduo a um (ou

múltiplos) político por um período de tempo.

Uma das críticas que podem ter sido feitas a respeito da pesquisa do Grupo de Dartmouth e Bucy é a

confiança na interpretação dos padrões estereotipados de expressões faciais como raiva, medo, felicidade

e tristeza e o nível de precisão obtido pela codificação ao focar em movimentos de músculos faciais

específicos. Especificamente, o advento e a ascensão do Sistema de Codificação de Ação Facial (Facial

Action Coding System - FACS) (Box 10.1), um sistema baseado em observadores no qual 41 unidades de

ação facial (se excluídos movimentos de cabeça e olhos) são codificadas, proporcionou maior precisão na

codificação de expressões faciais. Enquanto o sistema faz uma distinção entre movimentos faciais

anatomicamente classificados e inferências a respeito do que significam, ele permite uma maior precisão

na descrição do comportamento facial e não compromete pesquisadores com nenhuma posição teórica. O

caráter relativamente exaustivo do FACS também permite a descrição de configurações faciais complexas

que resultam do efeito adicional de unidades de ação facial individuais (Cohn, Ambadar, & Ekman,

2007).

Enquanto a precisão do FACS de Ekman & Friesen (2003) não é questionada, sua análise quadro-a-

quadro não é bem aplicável para a atividade facial dinâmica (Nusseck, Cunningham, Wallraven, &

Bulthoff, 2008) e é proibitivo em termos de custo de tempo quando a codificação de segmentos de vídeo é

necessária. Como cada quadro relevante demanda uma média de 10 minutos para codificação, o

investimento de pesquisa pode saltar dos estimados 5 minutos de codificação não verbal por evento por

codificador para uma hora e meia por evento. Portanto, o ganho na precisão de codificação pode ser

superado de longe pelo custo em tempo e energia da investigação. No entanto, novos desenvolvimentos

em visão computadorizada permitem a extração automática de movimentos faciais com bons níveis de

precisão em um número de unidades de ação (Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006), que

promete simplificar o processo de investigação.

Page 13: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Experimentação

Um problema central a ser enfrentado por pesquisas futures diz respeito a como sinais não verbais

específicos são comunicados e processados. Especificamente, sinais dos olhos e da boca podem ser

comunicados como componentes separados no rosto, ou como uma configuração desses sinais. No último

caso, expressões faciais estereotipadas são vistas como leituras de estados emocionais básicos (alegria,

tristeza, raiva, medo, nojo, surpresa). Embora essas expressões possam ser mascaradas, modificadas por

meio de regras de expressão ou misturadas para expressar nuances de estados emocionais (Ekman &

Friesen, 2003), o principal ponto de partida é o que reflete o estado emocional central de um indivíduo.

Por outro lado, a intenção do comportamento de movimentos faciais pode se basear no contexto social

(Fridlund, 1994, 1997; Russell et al., 2003). Dado que se pode dizer que emoções refletem tendências de

comportamento (Frijda, 1986) e resultam de avaliações cognitivas de eventos externos (Scherer, 2001),

expressões emocionais poderiam ser usadas para prever um comportamento futuro numa situação

particular. Com essa abordagem, unidades de ação facial individual são vistas como reflexo do resultado

de pontos de avaliações cognitivas de um evento particular, por exemplo a relevância do evento para o

indivíduo ou a capacidade do indivíduo de lidar com aquele evento (Kaiser & Wehrle, 2001; Scherer,

2001; Scherer & Ellgring,2007). Em outras palavras, a influência do comportamento não verbal pode

ocorrer por meio do processamento de diferentes componentes do rosto, neste caso dos olhos e da boca.

Portanto, devido à natureza sutil da comunicação não verbal, em que sinais individuais podem indicar

intenções comportamentais, consideramos expressões não verbais da boca e dos olhos separadamente.

A Boca e os Olhos como Estímulos Separados

A boca é um indicador importante de intenção agremiativa por meio da aparência de

felicidade/tranquilidade do sorriso. Contudo, há muitos diferentes tipos de sorriso que se podem distinguir

por diversos graus de abertura de boca (Brannigan & Humphries, 1972) ou pela coativação do músculo

orbicularis occuli, um anel de músculos que circulam os olhos e produzem a elevação das bochechas e

rugas de pés de galinha quando estimulado (Duchenne de Boulogne, 1862; Ekman & Friesen, 1982).

Outra expressão afiliativa que envolve a boca é a aparência da boca aberta, que é principalmente

observada em interações recreativas e promove relações agremiativas (Preushoft & van

Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003; Waller & Dunbar, 2005). A co-ocorrência da boca aberta

relaxada e a exibição silenciosa de dentes alinhados (evidente na express ão do sorriso) é particularmente

notável em relações igualitárias em que esses comportamentos funcionam para fortalecer os laços sociais.

A ideia de que diferentes tipos de sorrisos tem diferentes funções sociais foi formalizada na hipótese do

poder assimétrico (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), que sugere que relações

fortemente hierarquizadas revelam diferentes padrões de expressões faciais do que os encontrados em

relações mais igualitárias. Especificamente, a hipótese de assimetria de poder propôs que o padrão de

ocorrência desses diferentes tipos de expressões agremiativas dependerá do tipo de relação de poder entre

os interagentes. Essa hipótese encontrou suporte em recente pesquisa que mostrou que homens exibiam

taxas desproporcionalmente maiores de sorrisos deliberados em comparação com risada quando

interagindo com indivíduos mais velhos e presumivelmente de maior status. Esse efeito não foi

encontrado para sorrisos espontâneos, indicando que diferentes tipos de sorrisos poderiam ser relevante

em contextos hierárquicos e outros tipos de sorrisos para contextos afiliativo s (Mehu & Dunbar, 2008a).

A extensão do significado associada com a elevação do canto do lábio é a provável razão pela qual os

enquadramentos de etologia política de Masters (1989a) e Salter (1995) indicam essa expressão tanto em

categorias de medo/submissão quanto de felicidade/tranquilidade. Veja a tabela 10.2 para um esboço do

critério para classificação de expressões faciais.

Os Olhos

Pesquisas relacionadas ao processamento do comportamento de expressão facial sugere que enquanto a

boca desempenha um importante papel, especialmente quando indicando felicidade / confiança (Nusseck

et al., 2008; Smith et al., 2007), a boca não desempenha um papel tão importante na identificação de

estados mentais complexos centrais, como fazem os olhos (Adolphs et al, 2005;. Ambadar, Schooler, &

Cohn, 2005; Baron-Cohen, Wheelwright, & Joliffe, 1997; Nusseck et al., 2008; Smith et al., 2007). Desde

o nascimento, mamíferos sociais tendem a centrar a sua atenção sobre os olhos (Adolphs et al, 2005;

Page 14: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Goossens et al, 2008). As expressões de olhos arregalados de medo e surpresa, nas quais os brancos do

olho são acentuados, são processadas pré-cognitivamente através da amígdala (Whalen et al., 2004).

Além disso, a direção do olhar, especialmente com expressões de raiva/ameaças e medo/submissão, pode

alterar a resposta amígdala, como uma maior ambiguidade no olhar pode levar à percepção de uma

potencial ameaça, com consequente aumento da resposta fisiológica e emocional e concomitantes

esforços com foco cognitivos na reação (Adams et al, 2003;.. Goossens et al, 2008).

TABELA 10.2 - Critérios para Categorizar Expressões Faciais

Raiva - ameaça Medo - submissão Felicidade - confiança Tristeza - resignação

Sobrancelhas Abaixadas Abaixadas e franzidas Levantadas Cantos internos levantados

Pálpebras Bem abertas De cima levantadas, de baixo apertadas

Bem abertas, normais ou levemente fechadas

De baixo levantadas

Direção do olhar Encarando Desviada Focada, depois cortada Desviada

Cantos da boca Expandidos ou

abaixados

Retraídos ou normais Retraídos ou

levantados

Abaixados

Exibição de dentes Baixa Variável ou nenhuma Os de cima ou ambas

as arcadas

Variável ou nenhuma

Movimento de cabeça: lateral

Nenhum Lado a lado Lado a lado Afastando do interlocutor

Movimento de cabeça: vertical

Nenhum Cima-baixo Baixo para cima Para baixo

Direção da cabeça em relação ao corpo

À frente do tronco Para baixo na vertical Normal em relação ao tronco

Virada para baixo

Direção da cabeça: ângulo em relação à vertical

Abaixada Abaixada Levantada Abaixada

Fonte: Modificado de Masters et al. (1986) com a adição de tristeza – resignação de Salter (2007/1995).

Atratividade Facial

É importante advertir que é provável que as características individuais dos políticos utilizados como

estímulos influenciem reações individuais. Embora todo político deva ter um mínimo de carisma para ser

bem sucedido, alguns políticos são mais carismático do que outros. Indiscutivelmente, Ronald Reagan,

base da maioria dos estímulos para a pesquisa do grupo Dartmouth, tem sido um dos presidentes mais

“telegênicos” (televisivos e fotogênicos) da história dos EUA, devido em grande parte à sua vasta

formação e experiência como ator. Da mesma forma, Bill Clinton exibiu (e ainda exibe) um grande

carisma público (e privado), enquanto dono de um nível de atratividade física (Keating, Randall, &

Kendrick, 1999) que aumentava sua capacidade de se comunicar com o público. Por outro lado, tanto o

Grupo de Dartmouth (Sullivan & Masters, 1988) e Patterson et al. (1992) notaram que, em comparação

com Ronald Reagan, o candidato presidencial democrata de 1984 Walter Mondale foi avaliado deficient

tanto em expressividade quanto em atratividade, fatores que provavelmente tiveram não pouca

importância em sua derrota.

Com o Presidente Clinton, assim como outros candidatos políticos, o rosto é visto como reflexo de

caráter, uma síntese do que eles fizeram e provavelmente vão fazer. Portanto, a escolha de um líder pode

ser resultado do encaixe do modelo do que parece ser um candidato de sucesso – em outras palavras, eles

podem ser simplesmente mais atraentes, dominantes e com aparência saudável do que outros

candidatos.12 Pesquisas considerando a influência da atratividade do rosto no sucesso eleitoral indica

automatividade na escolha daqueles que seriam nossos líderes. Todorov e colegas verificaram que mesmo

com apenas um segundo para avaliar os rostos de candidatos, sujeitos são capazes de prever os

vencedores das eleições para o congresso dos Estados Unidos com um grande nível de precisão (Todorov,

Mandisodza, Goren, & Hall, 2005). Benjamin e Shapiro (2009) da mesma maneira encontraram suporte

para isso em nível estadual, dado que a avaliação de participantes desavisados de videoclipes de 10

segundos contabilizou 20% de variação nas previsões eleitorais para governador.

Estes resultados foram encontrados em diferentes culturas. A pesquisa de James Schubert encontrou

resultado transcultural a respeito do papel da atratividade facial, ao procurar saber se um candidato era

considerado viável ou não, enquanto a atratividade facial se correlacionava fortemente com as taxas de

elegibilidade nos resultados da eleição romena de 1996 (Schubert, Curran, e Strungaru, 1998). Também

Antonakis e Dalgas (2009) verificaram que crianças suíças pareciam utilizar sinais semelh antes para

Page 15: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

julgar competência a partir da aparência facial ao escolher vencedores para a eleição parlamentar francesa

em 2002, indicando não apenas efeitos transculturais (embora de nações vizinhas), mas também um grau

de invariabilidade de idade.

Little et al. (2007) verificaram não só que a aparência facial estava fortemente relacionada a vitória em

eleições em quatro países (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos), mas também que há

preferências por diferentes rostos com base no contexto ambiental. Especificamente, rostos com

características masculinas são favorecidas em tempos de guerra, enquanto características mais indulgentes

e femininas são preferidas em tempos de paz. Traços percebidos no rosto podem refletir dimensões de

confiança e dominância quando vistos em expressões faciais. Em sua análise de fator de atribuições de

traço em 66 rostos naturais e 200 rostos gerados por computador, Todorov, Said, Engell e

Oosterhof (2008) encontraram uma solução de dois fatores, com dimensões que sugerem um potencial de

interação de qualidades de traços e comportamento do humor. Como afirmado por Todorov et al., “

As stated by Todorov et al., “semelhança sutil de rostos neutros com expressões que sinalizam se uma

pessoa deveria ser evitada (raiva) ou aproximada (felicidade) serve como base da avaliação de valência.

Sinais de força física como maturidade do rosto e masculinidade servem como base para avaliação de

dominância e são generalizados como atribuições de disposições relacionadas.” (2008, p. 458).

Em suma, experimentos futuros devem considerar não apenas o grau de variação em expressões faciais e

seu impacto na intenção do comportamento comunicacional (como em McHugo, Lanzetta, & Bush,

1991), mas também considerer o efeito interativo da características faciais em tais expressões. Por

exemplo, os rostos de alguns políticos podem ser mais bem configurados para comunicar emoções

específicas e intenções comportamentais do que outros (Waller, Cray, & Burrows, 2008), por sua vez

afetando tanto a sua competitividade para a ação quanto o estilo de liderança quando em ação. Além

disso, como sugere a pesquisa revisada aqui, informações de contexto podem afetar as preferências dos

cidadãos, podendo pautar pesquisas futuras.

Medidas

Pesquisas a respeito do comportamento de expressões não verbais do rosto por políticos estiveram na

pauta principal da pesquisa experimental por meio não só do uso de autodeclarações (self-reports), mas

também reações afetivas e processamentos cognitivos. Pode-se esperar que autodeclarações continuem a

ser um dos pilares da pesquisa experimental, se feitos com lápis-e-papel ou no computador, e têm sido

utilizados de modo eficaz para verificar fatores inferiores, ainda que com maior clareza conceitual quando

se integra o modelo de equações estruturais (Structural Equation Model - SEM) (ver Holbert, capítulo

22). Análises do processamento cognitivo por meio do tempo de resposta, elaboração de pensamentos e

associação de informações foram construídas com autodeclarações e ofereceram uma compreensão mais

completa e sofisticada sobre como sujeitos reagem ao comportamento de expressões faciais,

especialmente embutidos em notícias (Bucy & Newhagen, 1999). O uso contínuo dessas medidas,

especialmente latência, tem o potencial de oferecer ideias sobre o processamento automático de

informações (Newhagen, capítulo 26), inclusive sobre aquele nível de conforto junto a um líder em

particular, com altos níveis de simpatia provavelmente levando a tempos de resposta mais rápidos devido

a níveis mais baixos de ansiedade.

Do mesmo modo, medidas fisiológicas de frequência cardíaca e conditividade da pele e comportamento

de expressão facial nos músculos corrugadores e zigomático foram usadas para medir de modo eficaz

reações afetivas ao comportamento aparente de políticos (v. Bucy & Bradley, capítulo 27). Entretanto,

enquanto a medição EMG do comportamento de expressão facial foi usada com eficácia para detectar até

reações instantâneas a assuntos em expressões faciais de políticos, trata-se de método altamente intrusivo,

reduzindo o caráter “mundano” e o “realismo psicológico” dos experimentos, pois ter equipamentos de

medição no rosto e no corpo não é uma situação provável no “mundo real” e com isso o resultado pode

afetar processos psicológicos cotidianos (v. capítulo 11 desta obra). Talvez um método menos intrusivo e

um não usado nos estudos aqui repassados (com exceção da medição facial EMG), é a análise em vídeo

de reações não verbais a assuntos. Enquanto essa abordagem é demorada, especialmente no caso de se

usar FACS, avanços na análise automatizada do comportamento facial (v. acima e Box 10.2) fazem essa

abordagem mais acessível quando se realiza pesquisa em comunicação política. No mínimo, tem-se dito

há um bom tempo que "(...) modificações na taxa de piscadas de olhos são mais significativos sobre

estados emocionais do que a GSR (resposta galvânica da pele)” (Peterson & Allison em Exline, 1985, p.

190).

Sujeitos

Page 16: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

A importância de ir além do "estudante de segundo ano de faculdade" na escolha dos sujeitos pesquisados

foi devidamente anotada e posta em prática no progresso da pesquisa do grupo de Dartmouth e no

trabalho de Bucy e colegas (ver acima).

Os resultados referentes a assuntos universitários Afro-Americanos (Masters, 1994) e assuntos europeus

(Masters & Sullivan, 1989;. Warnecke et al, 1992) e suas reações diferentes ao comportamento aparente

de personagens políticas sugerem que, embora possa haver um mínimo de convergência quanto ao que

são expressões básicas de emoções, há variação no que é percebido como apropriado e como elas são

processadas cognitivamente (Anger-Elfenbein & Ambady, 2002; Fridlund, 1994; Russell & Fernandez-

Dols, 1997; Scherer & Ellgring, 2007). Por exemplo, como sugerido pela pesquisa experimental de

Marsh, Anger-Elfenbein e Ambady (2003) sobre a decodificação de apresentações pictóricas de

expressões faciais em duas culturas (cidadãos japoneses e nipo-americanos), pode haver "sotaques" não-

verbais, situações em que diferenças sutis de comportamento não verbal indicam a cultura da pessoa

observada e isso por sua vez afeta potencialmente a percepção do observador, sua interpretação e sua

resposta. Portanto, é recomendável partir de uma pesquisa com temas mais diversos para trazer à tona as

diferenças tanto de codificação do comportamento de exibição facial por políticos quanto de reações a

ele.

Embora o recrutamento de indivíduos para além da oportuna amostra de estudantes de faculdade possa ser

difícil de organizar, a saturação da tecnologia da Internet e sua acessibilidade, ao menos nos Estados

Unidos e na Europa Ocidental, oferece a oportunidade de pesquisar a partir de uma amostra mais ampla

de indivíduos e de acompanhá-los ao longo de um período de tempo (Iyengar, capítulo 8; Stewart,

2008; Quadro 10.3). Além disso, estudos envolvendo a Internet podem se mostrar mais naturais do que

estudos de laboratório (ver capítulos 8 e 11 desta obra), em que os sujeitos são colocados em ambientes

não naturais, uma limitação reconhecida pelos cientistas políticos que usam o método experimental (por

exemplo, Brader, 2006).

CONCLUSÕES

Embora a importância das representações visuais de líderes políticos tenha se valorizado por muito

tempo, refletindo-se o fenômeno nos programas de pesquisa aqui considerados, novos desenvolvimentos

apenas servem para sublinhar a importância de compreender a influência do comportamento de expressão

facial. Não só os políticos tornaram-se cada vez mais escolados em suas estratégias de mídia, atingindo o

circuito de talk show para melhor mostrar sua simpatia aos indivíduos com baixos níveis de interesse

político e motivação (Baum, 2005), como também a tecnologia de visualização mudou com telas de

televisão cada vez maiores, com áudios mais ricos e superiores em resolução.

Olhando para frente, é provável que a televisão se torne cada vez mais realista, com apresentação de cada

vez mais claridade e verossimilhança, senão mais reais do que a vida. No último caso, sabemos da

existência de uma pesquisa sobre a percepção de proximidade no diálogo político leva a níveis mais

elevados de excitação, com efeitos concomitantes sobre atitudes em relação à memória de políticos e à

legitimidade de suas posições políticas (Mutz, 2007).

Além disso, o fácil acesso às gravações de uma série de fontes de mídia, seja de televisão, páginas de

notícias on-line ou vídeo enviado diretamente pelos telespectadores para sites de compartilhamento de

arquivos como o YouTube após participação em eventos está expandindo o escrutínio público de figuras

políticas.

Com isto em mente, a pesquisa considerando reações de espectadores a gravações onipresentes,

multiplataformas, de momentos memoráveis da política televisionada torna-se uma preocupação

premente, especialmente em luz dos resultados acumulados aqui relatados. Recentes descobertas que uma

personalidade de mídia existe, ainda que de forma visual e contrária ao entendimento populares (Grabe &

Bucy, 2009), ressaltam a importância de compreender totalmente um rápido avanço e proliferação de

tecnologia que influenciam indivíduos em vários níveis.

Ao unir conhecimentos teóricos da etologia com as lições de planejamento de pesquisa dos estudos aqui

analisados, a mais completa, uma compreensão mais detalhada do comportamento político humano deve

emergir.

BOX 10.1 SISTEMA DE CODIFICAÇÃO DA AÇÃO FACIAL (FACIAL ACTION CODING

SYSTEM - FACS)

Page 17: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

O Sistema de Codificação de Ações Faciais (Facial Action Coding System – FACS) de Ekman e Friesen

(1977), uma elaboração da análise pioneira de Hjortsjö (1969), é o sistema de avaliação facial mais

exauriente disponível. O FACS foi desenvolvido para analisar expressões no nível de contrações

musculares. Uma descrição dos movimentos de sobrancelhas é pertinente a expressões faciais afiliativas e

outras desde que a sobrancelha seja uma das características faciais mais salientes. Sobrancelhas abaixadas

foram identificadas com expressões agressivas (Keating et al., 1981).

As três ações únicas e quadro combinações esgotam o repertório conhecido de expressões de

sobrancelhas. Nem expressões de nojo nem de felicidade envolvem ações de sobrancelhas (Ekman, 1979,

p. 181). Felicidade-tranquilidade é mais bem decodificada de ações das bochechas e da boca (98% de

credibilidade) e de ações combinadas de olhos, pálpebras, bochechas e boca (99% de credibilidade)

(Boucher & Ekman, 1975). Ekman descreve tristeza, surpresa medo e raiva da seguinte maneira: Em tristeza, tanto a Unidade de Ação 1 ou a combinação 1+4 ocorre, junto com o relaxamento da pálpebra superior

(provavelmente o músculo levator palpebralis superioris), às vezes com a pele ao redor do olho sendo puxada e leve

elevação das bochechas (orbicularis oculi, pars orbitalis e zygomatic minor), leve diminuição do ângulo da boca

(triangularis), às vezes também um movimento do queixo (mentalis) e abaixamento do lábio de baixo (depressor labii inferioris).

No choro de angústia algumas das ações faciais mudam. A Unidade de Ação 4 é mais importante nas sobrancelhas,

com menos evidência da Unidade de Ação 1. Isso é acompanhado pelas partes internas e externas do músculo

orbicular do olho, com elevação das bochechas, contração da pele na direção dos olhos e aperto das pálpebras. Ao

redor da boca as ações descritas para a tristeza agrupam estiramento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma), abaixamento da mandíbula, abaixamento do lábio inferior (depressor labii inferioris), e elevação do lábio superior

(levator labii superioris).

Em surpresa, a combinação 1 + 2 está acompanhada da elevação da pálpebra superior (levator palpebralis) e

relaxamento da mandíbula (relaxamento dos músculos masseter).

Em medo, a combinação 1 + 2 + 4 é acompanhada de elevação da pálpebra superior e aperto das pálpebras inferiores (orbicularis oculi, pars palpebralis), e pelo esticamento horizontal dos lábios (risorius e/ou platysma).

Em raiva, a Unidade de Ação 4, sem qualquer elevação da sobrancelha, é acompanhada pelas mesmas ações ao redor

dos olhos, tal como descrito para medo, com os lábios ou fortemente pressionados juntos (orbicularis oris e talvez

mentalis), ou quadrados e apertados (uma combinação de orbicularis oris, levator labii superiouris quadratus e depressor labii inferioris).

Para duas emoções – nojo e felicidade – nenhuma ação específica de sobrancelhas é realizada (Ekman,

1979, pp. 180–181, alguns grifos acrescentados).

Ekman (1979) verificou que ações de sobrancelhas 1+2 e 4 são usadas mais frequentemente que outras.

Consistentes com o princípio antítese de Darwin, elas são as ações mais facilmente reconhecidas

e realizadas. Medo (1 + 2 + 4) e raiva (4) são previstos com mais sucesso a partir de ações de olho e

pálpebra (67% de confiabilidade) (Boucher & Ekman, 1975). Isto indica que disposições de sobrancelha

agonística e submissa as distinções feitas com mais prontidão.

BOX 10.2 VERIFICAÇÕES AUTOMÁTICAS DA EXPRESSÃO FACIAL

A análise automática do comportamento facial ocorre tipicamente em três passos (Pantic & Rothkrantz,

2000). Primeiro o rosto tem que ser localizado em uma cena de vídeo, em seguida, movimentos faciais

tem que ser detectados e monitorados, e, finalmente, as alterações detectadas devem ser classificadas em

categorias adequadas. Para alcançar a detecção confiável de um rosto em uma cena, o sistema tem de

superar alguns problemas, incluindo mudanças no tamanho e orientação provocadas por movimentos d a

pessoa ou da câmera, ou a presença de pelos faciais e óculos. Uma vez que esses problemas sejam

resolvidos, o sistema precisa detectar e extrair informações relacionadas à posição e movimento dos

caracteres faciais relevantes para o comportamento facial (por exemplo boca, olhos, sobrancelhas).

Diversas abordagens são usadas para realizar essa etapa, como fluxo óptico, funções de Gabor

wavelets, modelos multiestados, e encaixe de modelo gerativo (Cohn & Kanade, 2007). A

eficiência destas abordagens depende do tipo de movimento a ser detectado. A etapa final envolve a

transformação dos caracteres extraídos em uma lista de parâmetros que serão usados para identificar

movimentos faciais. As categorias usadas para essa identificação diferem entre equipes de pesquisa,

enquanto alguns optam por usar categorias gerais de emoção, como raiva, felicidade ou medo, enquanto

outros preferem usar Unidades de Ação Facial com base no FACS para categorizar as mudanças

detectadas (Bartlett, Hager, Ekman, & Sejnowski, 1999; Cohn & Kanade, 2007; Valstar & Pantic, 2006).

Uma vez que este último caminho não pressupõe uma relação entre determinadas categorias emocionais e

configurações faciais, este método é visto como mais rigoroso e válido internamente.

BOX 10.3 RECRUTAMENTO DE PESQUISADOS VIA INTERNET

Page 18: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Enquanto a maior parte de estudos acadêmicos se baseia em estudantes de faculdade como objetos de

pesquisa (Sears, 1985), com concomitantes linhas de pesquisa que podem se desenvolver, o Programa de

Volutariado para Pesquisa de Alkami (RSVP) permite a pesquisadores se conectarem com participantes

que possam representar de modo mais próximo o grupo populacional focado em seu estudo. A partir de

agosto de 2010, o RSVP teve uma adesão de mais de 7.400 voluntários cadastrados que variam em idade

de 18 a 90. Como parte do processo de triagem do programa, os membros fornecem respostas a uma

seleção de questionários de pesquisa com perguntas padronizadas, bem como questionários

personalizados que pesquisadores individuais podem requisitar para melhor selecionar os participantes

para as necessidades específicas de seu protocolo de pesquisa.

Além do recrutamento de pessoas, da triagem e acompanhamento in loco de protocolos, o RSVP obtém

participantes para pesquisas e comportamentos experimentais para es tudos via web em universidades de

todo o mundo, incluindo a Universidade de Harvard, a Universidade da Califórnia em Berkeley,

a Universidade da Califórnia em São Francisco, a Universität Göttingen (Alemanha), a University

College London (Inglaterra), e a Universidade de Oxford (Inglaterra).

O RSVP começou em 2006 como parte de um projeto de pesquisa na Universidade da Califórnia em

Berkeley, e é agora um serviço prestado pela organização sem fins lucrativos Instituto Biobehavioral

Alkami (ABI). Para saber mais sobre o RSVP de Alkami, visite http://rsvp.alkami.org.

NOTAS

1. Isto não significa que o canal de áudio não transmite informação não verbal. Especificamente, informações vocais

tais como tom, intensidade e vibração influenciam a reação emocional e tem sido estudadas em contextos políticos, tais como reuniões do conselho da cidade e da Suprema Corte dos Estados Unidos por James N. Schubert e colegas

(Schubert, 1988; Schubert et al., 1992).

2. Nem tudo o que transmite a informação é um sinal. A palavra "sinal" é reservada a elementos (como estruturas

morfológicas ou comportamentos) que foram selecionados porque eles influenciaram o comportamento dos

receptores em favor do remetente. Isso nem sempre implica que algumas informações são comunicadas (ver, por exemplo, Dawkins & Krebs, 1978). Um sinal ou uma sugestão é uma estrutura ou comportamento a partir dos quais

um receptor pode inferir algumas informações, mas que não necessariamente evoluiu para transmitir informações.

Por exemplo, o tamanho do corpo pode ser um bom indicador de força física, mas que não evoluiu por causa do seu

efeito sobre o receptor.

3. Espera-se que o sistemas de quatro sinais interagirá para influenciar a qualidade e o conteúdo de sinais. Por exemplo, indicações de idade e experiência, como óculos, emprestam seriedade para os indivíduos, mas podem

prejudicar a percepção de vitalidade, enquanto os tratamentos de botox podem dar um rosto jovem, mas também

inibem a expressão das emoções através dos olhos e sobrancelhas.

4. Os exemplos podem ser extraídos dos temas humor e riso. Uma questão a respeito da causalidade próxima do riso

e do humor que o provoca poderia considerar os laços sociais construídos pelo riso, tanto entre o contador da piada e seu público e entre os próprios membros da plateia. Por exemplo, quando se considera o tema do humor e da

produção de riso, em termos de causalidade ontogenética pode-se considerar quando um indivíduo começa a rir (~

3,5-4 meses;. Provine, 2000, p 112), quando a brincadeira e o riso se tornam uma parte importante da vida social (5-6

anos;. Provine, 2000, p 93) e sua diminuição enquanto a idade avança. Ao analisar as raízes filogenéticas do riso

pode-se considerar a produção de sinais homólogos e usos sociais em uma variedade de espécies, incluindo ratos (Panksepp, 1998, 2007) e primatas não humanos (Preushoft & van Hooff, 1997; van Hooff & Preushoft, 2003), e

como se comparam essas espécies com os usos humanos. Em termos de causalidade final, pode-se considerar como o

envolvimento na prática do riso e da provocação do riso podem beneficiar o indivíduo ou uma espécie que assim se

portam em termos de obtenção e defensa de recursos, o que por sua vez afeta as taxas de reprodução. (Preushoft &

van Hooff, 1997). 5. Experimentos verdadeiros podem usar a estratégia de considerar as variações da "natureza humana" normal

pressuposta e, em seguida, avaliar as diferenças entre "normais" e este grupo "experimental". Exemplos dessa

abordagem incluem um extenso trabalho de Damásio com cérebro danificado de indivíduos (1994) e estudos que

consideram o comportamento “cego” de expressão facial de indivíduos, incluindo um estudo recente comparando

expressões faciais espontâneas em atletas cegos de forma congênitae não congênita com atletas com visão normal depois de ganhar / perder partidas de alto nível (Matsumoto & Willingham, 2009).

6. Preço e Sloman (1987) citam a observação de dominância em aves por Schjelderup -Ebbe para argumentar que

tristeza é seguida por uma “subrotina que repercute": "Se um determinado um pássaro perde uma luta e tem que fugir

voando, o seu comportamento se modifica inteiramente. Profundamente deprimido em espírito, humilde, com asas

caídas e cabeça empoeirada - de qualquer forma, diretamente ao serem derrotados sobrevem uma paralisia, embora não se possa detectar qualquer dano físico" (Schjelderup-Ebbe, 1935, p. 966).

7. Outro estudo experimental foi realizado em 1981 e analisou a reação do espectador ao debate para vice-presidência

de 1976 entre Robert Dole e Walter Mondale à luz de diferentes conteúdos apresentados (audiovisual, vídeo apenas,

transcrição, e conteúdos filtrados, em que a fala era ininteligível, mas que refletiam qualidades paralinguísticas). No

entanto, não houve nenhuma codificação direta do comportamento facial não verbal (Krauss et al., 1981), e, portanto, não é aqui utilizado.

Page 19: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

8. Os estudos com expressões faciais perto ou abaixo do limiar da percepção consciente demonstraram que

expressões faciais de emoções como raiva, medo e felicidade impactam a reação emocional de um indivíduo sem a

sua consciência disso (Masters & Way, 1996; Stewart et al., 2009).

9. Quando estes dados foram analisados com base na resposta a um comportamento determinado de expressões

faciais, três fatores foram verificados, com expressões de alegria / confiança conduzindo a um fator composto pelos termos fortes, alegre, reconfortante, e interessado; raiva / ameaça levando a um fator composto dos termos irritado e

chateado; e medo / evasão levando aos termos temerosos, confuso a se associarem a um fator (Lanzetta et al., 1985).

10. A separabilidade de emoção e cognição, esta última com a primazia, é um dos debates nucleares da psicologia,

com debates produtivos entre Zajonc (1980, 1982) e Lazarus (1982) tendo colocado esta discussão na vanguarda das

agendas de pesquisa no início dos anos 80. Isso está, no entanto, para além do escopo do presente documento (ver Ekman & Davidson, 1994 para uma excelente discussão sobre as questões fundamentais sobre a natureza da emoção).

11. Além disso, o efeito de personalidade pode precisar ser considerado também, especialmente à luz do recente

estudo aplicado on-line sobre as afirmações de Sears (1986), usando um banco de dados de quase 10.000-

participantes (N> 9.800) para comparar alunos de graduação e uma amostra comunitária ampla, que constatou

significativas e fortes diferenças entre as amostras (Stewart, 2008). Enquanto Stewart observa que personalidade é um fenômeno complexo de mudança, resultado de experiências de vida e idade fisiológica, ela também reconhece um

elemento de auto-seleção para o ensino superior, que pode desempenhar um papel em influenciar os efeitos dos

estudos experimentais tais quais discutido aqui.

12. A atratividade facial tem papel importante para saber se um indivíduo é considerado um candidato líder porque

afeta inferências sobre a competência e a honestidade no mercado de trabalho, na política e na vida em geral (Mazur, 2005).

REFERÊNCIAS

Abelson, R. P., Kinder, D. R, Peters, M. D., Fiske, S. T. (1982). Affective and semantic components in political personal perception. Journal of Personality and Social Psychology, 42, 619–630.

Adams, R. B. J., Gordon, H. L., Baird, A. A., Ambady, N., & Kleck, R. E. (2003). Effects of gaze on amygdale

sensitivity to anger and fear faces. Science, 300, 1536–1537.

Adolphs, R., Gosselin, F., Buchanan, T. W., Tranel, D., Schyns, P., & Damasio, A. R. (2005, January 6). A

mechanism for impaired fear recognition after amygdala damage. Nature, 433(7021), 68–72. Ambadar, Z., Schooler, J. W., Cohn, J. F. (2005). Deciphering the enigmatic face: The importance of facial dynamics

in interpreting subtle facial expressions. Psychological Science, 16, 403–410.

Anger-Elfenbein, H., Ambady, N. (2002). On the universality and cultural specificity of emotion recognition: A

meta-analysis. Psychological Bulletin, 128, 203–235.

Antonakis, J., & Dalgas, O. (2009, February 27). Predicting elections: Child’s play! Science, 323, 1183. Arnhart, L. (1981). Aristotle on political reasoning: A commentary on the “Rhetoric.” DeKalb, IL: Northern Illinois

University Press.

Baron-Cohen, S., Wheelwright, S., & Joliffe, T. (1997). Is there a “language of the eyes”? Evidence from normal

adults, and adults with autism or Asperger Syndrome. Visual Cognition, 4, 311–331.

Barrett, L., Dunbar, R., & Lycett, J. (2002). Human evolutionary psychology. New York: Palgrave. Bartlett, M. S., Hager, J. C., Ekman, P., & Sejnowski, T. J. (1999). Measuring facial expressions by computer image

analysis. Psychophysiology, 36, 253–263.

Baum, M. A. (2005). Talking the vote: Why presidential candidates hit the talk show circuit. American Journal of

Political Science, 49, 213–234.

Benjamin, D. J., & J. M. Shapiro. (2009). Thin-slice forecasts of gubernatorial elections. Review of Economies and Statistics, 91(3), 523–536.

Boehm, C. (1999). Hierarchy in the forest: The evolution of egalitarian behavior. Cambridge, MA: Harvard

University Press.

Brader, T. (2006). Campaigning for hearts and minds: How emotional appeals in political ads work. Chicago, IL:

University of Chicago Press. Brannigan, C. R., Humphries, D. A. (1972). Human nonverbal behavior, a means of communication. In N. Blurton-

Jones (Ed.), Ethological studies of child behavior (pp. 37–64). Cambridge: Cambridge University Press.

Brown, W. M., Palameta, B., & Moore, C. (2003). Are there nonverbal cues to commitment? An exploratory study

using the zero-acquaintance video presentation paradigm. Evolutionary Psychology, 1, 42–69.

Bucy, E. P. (2000). Emotional and evaluative consequences of inappropriate leader displays. Communication Research, 27(2), 194–226.

Bucy, E. P. (2003). Emotion, presidential communication, and traumatic news. Harvard International Journal of

Press/Politics, 8, 76–96.

Bucy, E. P. & Bradley, S. D. (2004). Presidential expressions and viewer emotion: Counterempathic responses to

televised leader displays. Social Science Information, 43(1), 59–94. Bucy, E. P., & Grabe, M. E. (2008). “Happy warriors” revisited: Hedonic and agonic display repertoires of

presidential candidates on the evening news. Politics and the Life Sciences, 27(1), 24–44.

Bucy, E. P., & Newhagen, J. E. (1999). The emotional appropriateness heuristic: Processing televised

presidential reactions to the news. Journal of Communication, 59–79.

Chance, M. R. A. (1967). Attention structure as the basis of primate rank orders. Man, 2, 503–518. Cohn, J. F., Ambadar, Z., & Ekman, P. (2007). Obersver-bsased measurement of facial expression with the

Page 20: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Facial Action Coding System. In J. A. Coan & J. B. Allen (Eds.), The handbook of emotion elicitation and

assessment (pp. 222–238). New York: Oxford University Press.

Cohn, J. F. & Ekman, P. (2005). Measuring facial action. In J. A. Harrigan, R. Rosenthal, & K. R. Scherer (Eds.), The

new handbook of methods in nonverbal behavior research (pp. 9–64). New York: Oxford University Press.

Cohn, J. F., & Kanade, T. (2007). Use of automated facial image analysis for measurement of emotion expression. In J. A. Coan & J. J. B. Allen (Eds.), The handbook of emotion elicitation and assessment (pp. 222–238). New York:

Oxford University Press.

Cordoni, G., Palagi, E., & Tarli, S. B. (2006). Reconciliation and consolation in captive western gorillas.

International Journal of Primatology, 27, 1365–1382.

Damasio, A. R. (1994). Descartes’ error: Emotion, reason and the human brain. New York: Avon Books. Darwin, C. (1998). The expression of the emotions in man and animals (3rd ed.). New York, Oxford University Press.

Dawkins, R., & Krebs, J. R. (1978). Animal signals: Information or manipulation? In J. R. Krebs & N. B. Davies

(Eds.), Behavioral ecology: An evolutionary approach (pp. 282–309). Oxford: Blackwell.

De Marco, A., Petit, O., & Visalberghi, E. (2008). The repertoire and social function of facial displays in Cebus

capucinus. International Journal of Primatology, 29, 469–486. De Waal, F. B. M. (1982). Chimpanzee politics: Power and sex among apes. Baltimore, MD: The Johns Hopkins

University Press.

Dovidio, J. F., & Ellyson, S. L. (1985). Patterns of visual dominance behavior in humans. In S. L. Ellyson & J. F.

Dovidio (Eds.), Power, dominance, and nonverbal behavior (pp. 129–149). New York: Springer-Verlag.

Duchenne de Bologne, G. B. (1862). The mechanisms of human facial expression (R. A. Cuthbertson, trans.). New York: Cambridge University Press.

Eibl-Eibesfeldt, I. (1979). Ritual and ritualization from a biological perspective. In M. V. Cranach, K. Foppa, W.

Lepenies, & E. Klinghammer (Eds.), Human ethology (pp. 3–55). New York: Cambridge University Press.

Eibl-Eibesfeldt, I. (1989). Human ethology. New York: Aldine de Gruyter.

Ekman, P., & Davidson, R. J. (Eds.). (1994). The nature of emotion: Fundamental questions. New York: Oxford University Press.

Ekman, P., & Friesen, W. V. (1977). Manual for the Facial Action Coding System. Palo Alto, CA: Consulting

Psychologists.

Ekman, P., & Friesen, W. V. (1982). Felt, false and miserable smiles. Journal of Nonverbal Behavior, 6, 238–252.

Ekman, P., & Friesen, W. V. (2003). Unmasking the Face. Cambridge, MA: Malor Books. Ekman, P., Friesen, W. V., & Ancoli, S. (1980). Facial signs of emotional expression. Journal of Personality and

Social Psychology, 39, 1125–1134.

Ekman, P., Friesen, W. V., & Ellsworth, P. (1972). Emotion in the human face: Guidelines for research and an

integration of findings. New York: Pergamon Press.

Ekman, P., Friesen, W. V., & O’Sullivan, M. (1988). Smiles when lying. Journal of Personality and Social Psychology, 54, 414–420.

Ekman, P., & Oster, H. (1979). Facial expressions of emotion. Annual Review of Psychology, 30, 527–554.

Ellyson, S. L., & Dovidio, J. F. (Eds.). (1985). Power, dominance, and nonverbal behavior. New York: Springer-

Verlag.

Exline, R. V. (1985). Multichannel transmission of nonverbal behavior and the perception of powerful men: The presidential debates of 1976. In S. L. Ellyson & J. F. Dovidio (Eds.), Power, dominance, and nonverbal behavior.

New York: Springer-Verlag.

Exline, R. V., Ellyson, S. L., & Long, B. (1975). Visual behavior as an aspect of power role relationships. In P.

Pliner, L. Krames, & T. Alloway (Eds.), Nonverbal communication of aggression (pp. 79–114). New York: Plenum

Press. Fridja, N. H. (1986). The emotions. New York: Cambridge University Press.

Fridlund, A. J. (1994). Human facial expression: An evolutionary view. San Diego, CA: Academic Press.

Fridlund, A. J. (1997). The new ethology of human facial expressions. In J. A. Russell and J. M. Fernandez -Dols

(Eds.), The psychology of facial expression (pp. 103–129). London: Cambridge University Press.

Friedman, H. S., DiMatteo, M. R., & Mertz, T. I. (1980). Nonverbal communication on television news: The facial expressions of broadcasters during coverage of a presidential election campaign. Personality and Social Psychology

Bulletin, 6, 427–435.

Friedman, H. S., Mertz, T. I., & DiMatteo, M. R. (1980). Perceived bias in the facial expressions of television news

broadcasters. Journal of Communication, 30, 103–111.

Givens, D. (1981). Greeting a stranger: Some commonly used nonverbal signals of aversiveness. In T. A. Sebeok & J. Umiker-Sebeok (Eds.), Nonverbal communication, interaction, and gesture (pp. 219–235). New York: Mouton.

Goossens, B. M. A., Dekleva, M., Reader, S. M., Sterck, E. H. M., & Bolhuis, J. J. (2008). Gaze following in

monkeys is modulated by observed facial expression. Animal Behaviour, 75, 1673–1681.

Grabe, M. E., & Bucy, E. P. (2009). Image bite politics: News and the visual framing of elections. New York: Oxford

University Press. Grammer, K., Shiefenhovel, W., Schleidt, M., Lorenz, B., & Eibl-Eibesfeldt, I. (1988). Patterns on the face: The

eyebrow flash in crosscultural comparison. Ethology, 77, 279–299.

Grant, E. (1969). Human facial expression. Man, 525–536.

Gray, J. A. (1987). The psychology of fear and stress. New York: Cambridge University Press.

Hjortsjö, C. H. (1969). Man’s face and mimic language. Lund, Sweden: Studentlitteratur. Hold-Cavell, B. C. L. (1992). Showing-off and aggression in young children. Aggressive Behavior, 11, 303–314.

Page 21: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Kaiser, S., & Wehrle, T. (2001). Facial expressions as indicators of appraisal processes. In K. R.Scherer,. Schorr, &

T. Johnstone (Eds.), Appraisal processes in emotion: Theory, methods, research (pp. 285–300). New York: Oxford

University Press.

Keating, C. F., Randall, D., Kendrick, T. (1999). Presidential physiognomies: Altered images, altered perceptions.

Political Psychology, 20(3), 593–610. Kleinke, C. L. (1986). Gaze and eye contact: A research review. Psychological Bulletin, 100, 78–100.

Knipe, H., & Mclay, G. (1972). The dominant man. London, England: Collins.

Konner, M. (1972). Infants of a foraging people. In N. G. Blurton-Jones (Ed.), Ethological studies of child behavior

(pp. 285–304). New York: Cambridge University Press.

Krauss, R. M., Apple, W., Morency, N., Wenzel, C., & Winton, W. (1981). Verbal, vocal, and visible factors in judgements of another’s affect. Journal of Personality and Social Psychology, 40, 312–320.

Kraut, R. E., & Poe, D. (1980). Behavioral roots of person perceptions: The deception judgments of customs

inspectors and laymen. Journal of Personality and Social Psychology, 39, 784–798.

Lang, P. J. (1988). What are the data of emotion? In V. Hamilton, G. H. Bower, & N. H Frijda (Eds.), Cognitive

perspectives on emotion and motivation (pp. 173–191). Boston, MA: Kluwer Academic Publishers. Lanzetta, J. T., Sullivan, D. G., Masters, R. D., & McHugo, G. J. (1985). Emotional and cognitive responses to

televised images of political leaders. In S. Kraus & R. Perloff (Eds.), Mass media and political thought (pp. 85–116).

Beverly Hills, CA: Sage.

Lazarus, R. S. (1982). Thoughts on the relation between emotion and cognition. American Psychologist, 37, 1019–

1024. Lehner, P. N. (1996). Handbook of ethological methods (2nd ed.). New York: Cambridge University Press. Little, A.

C., Burriss, R. P., Jones, B. C., & Roberts, S. C. (2007). Facial appearance affects voting decisions. Evolution and

Human Behavior, 28, 18–27.

Marcus, G. E., Neuman, W. R., & Mackuen, M. (2000). Affective intelligence and political judgment. Chicago, IL:

University of Chicago Press. Marler, P. (1965). Communication in monkeys and apes. In I. DeVore (Ed.), Primate behavior (pp. 544–584). New

York: Holt, Rinehart, and Winston.

Marsh, A. A., Anger-Elfenbein, H., & Ambady, N. (2003). Nonverbal “accents”: Cultural differences in facial

expressions of emotion. Psychological Science, 14, 373–376.

Masters, R. D. (1989a). The nature of politics. New Haven, CT: Yale University Press. Masters, R. D. (1989b). Gender and political cognition: Integrating evolutionary biology and political science.

Politics and the Life Sciences, 8, 3–26.

Masters, R. D. (1994). Differences in responses of blacks and whites to American leaders. Politics and the Life

Sciences, 13, 183–194.

Masters, R. D., & Carlotti, S. J., Jr. (1994). Gender differences in response to political leaders. In L. Ellis (Ed.), Social stratification and socioeconomic inequality (Vol. 2, pp. 13–35). Boulder, CO: Praeger.

Masters, R. D., Frey, S., & Bente, G. (1991). Dominance and attention: Images of leaders in German, French and

American TV news. Polity, 23, 373–394.

Masters, R. D., & Sullivan, D. G. (1989). Nonverbal displays and political leadership in France and the United States.

Political Behavior, 11, 121–130. Masters, R. D., Sullivan, D. G., Feola, A., & McHugo, G. J. (1987). Television coverage of candidates’ display

behavior during the 1984 Democratic primaries in the United States. International Political Science Review, 8, 121–

130.

Masters, R. D., Sullivan, D. G., Lanzetta, J. T., McHugo, G. J., & Englis, B.G. (1986). The facial displays of leaders:

Toward an ethology of human politics. Journal of Social and Biological Structures, 9, 319–343. Masters, R. D., & Way, B. M. (1996). Experimental methods and attitudes toward leaders: Nonverbal displays,

emotion, and cognition. In S. Peterson & A. Somit (Eds.), Research in Biopolitics, Vol. 4 (pp. 61–98). Greenwich,

CT: JAI Press.

Matsumoto, D., & Willingham, B. (2009). Spontaneous facial expressions of emotion of congenitally and

noncongenitally blind individuals. Journal of Personality and Social Psychology, 96, 1–10. Mazur, A. (2005). Biosociology of dominance and deference. Rowman & Littlefield Publishers.

McBride, G., King, M., & James, J. (1965). Social proximity effects on GSR in adult humans. Journal of Psychology,

61, 153–157.

McGrew, W. (1972). Aspects of social development in nursery school children with emphasis on introduction to the

group. In N. Blurton-Jones (Ed.), Ethological studies of child behavior (pp. 129–156). New York: Cambridge University Press.

McHugo, G. J., Lanzetta, J. T., & Bush, L. K. (1991). The effect of attitudes on emotional reactions to expressive

displays of political leaders. Journal of Nonverbal Behavior, 15, 19–41.

McHugo, G. J., Lanzetta, J. T., Sullivan, D. G., Masters, R. D., & Englis, B. G. (1985). Emotional reactions to a

political leader’s expressive displays. Journal of Personality and Social Psychology, 49, 1513–1529. Mehu, M., & Dunbar, R. I. M. (2008a). Naturalistic observations of smiling and laughter in human group

interactions. Behaviour, 145, 1747–1780.

Mehu, M., & Dunbar, R. I. M. (2008b). Relationship between smiling and laughter in humans (Homo sapiens):

Testing the power asymmetry hypothesis. Folia Primatologica, 79, 269–280.

Mehu, M., Grammer, K., & Dunbar, R. I. M. (2007). Smiles when sharing. Evolution and Human Behavior, 28, 415–422.

Page 22: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Mehu, M., Little, A. C., & Dunbar, R. I. M. (2007). Duchenne smiles and the perception of generosity and sociability

in faces. Journal of Evolutionary Psychology, 5, 133–146.

Morris, D. (1967). The naked ape. London: Jonathan Cape.

Morris, D. (1977). Manwatching: A field guide to human behavior. New York: Abrams.

Mullen, B., Futrell, D., Stairs, D., Tice, D. M., Dawson, K. E, Riordan, C.A., Kennedy, J. G., Baumeister, R. F., Radloff, C. E., Goethals, G. R., & Rosenfield. P. (1986). Newscasters’ facial expressions and voting behavior of

viewers: Can a smile elect a president? Journal of Personality and Social Psychology, 51, 291–295.

Mutz, D. C. (2007). Effects of “in-your-face” television discourse on perceptions of legitimate opposition. American

Political Science Review, 101, 621–635.

Nusseck, M., Cunningham, D. W., Wallraven, C., & Bulthoff, H. H. (2008). The contribution of different facial regions to the recognition of conversational expressions. Journal of Vision, 8, 1–23.

Palagi, E., Cordoni, G., Tarli, S.B. (2004). Possible roles of consolation in captive chimpanzees (Pan troglodytes).

American Journal of Physical Anthropology, 129, 105–111.

Palagi, E., Paoli, T., & Tarli, S. B. (2004). Reconciliation and consolation in captive bonobos (Pan paniscus).

American Journal of Primatology, 62, 15–30. Palagi, E., Paoli, T., & Tarli, S. B. (2005). Aggression and reconciliation in two captive groups of Lemur catta.

International Journal of Primatology, 26, 279–294.

Panksepp, J. (1998). Affective neuroscience: The foundation of human and animal emotions. New York: Oxford

University Press.

Panksepp, J. (2007). Neuroevolutionary sources of laughter and social joy: Modeling primal human laughter in laboratory rats. Behavioral Brain Research, 182, 231–244.

Pantic, M., & Rothkrantz, L. J. M. (2000). Automatic analysis of facial expressions: The state of the art. IEEE

Transactions on Pattern Analysis and Machine Intelligence, 22, 1424–1445.

Parr, L. A., Waller, B. M., & Vick, S. J. (2007). New developments in understanding emotional facial signals in

chimpanzees. Current Directions in Psychological Science, 16, 117–122. Parr, L. A., Waller, B. M., Vick, S. J., & Bard, K. A. (2007). Classifying chimpanzee facial expressions using muscle

action. Emotion, 7, 172–181.

Parr, L. A., Waller, B. M., & Fugate, J. (2005). Emotional communication in primates: Implications for neurobiology.

Current Opinion in Neurobiology, 15, 716–720.

Patterson, M. L., Churchill, M. E., Burger, G. K., & Powell, J. L. (1992). Verbal and nonverbal modality effects on impressions of political candidates: Analysis from the 1984 presidential debates. Communication Monographs, 59,

231–242.

Peterson, S.A., & Somit, A. (1982). Methodological problems associated with a biologically oriented social science.

In T. C. Wiegele (Ed.), Biology and the social sciences: An emerging revolution (pp. 349–366). Boulder, CO:

Westview Press. Plutchik, R. (1980). Emotion: A psychoevolutionary synthesis. New York: Harper and Row.

Preuschoft, S. (1992). “Laughter” and “smile” in Barbary macaques (Macaca sylvanus). Ethology, 91, 220–236.

Preuschoft, S., van Hooff, J. A. R. A. M. (1997). The social function of “smile” and “laughter”: Variations across

primate species and societies. In U. Segerstrale & P. Molnar (Eds), Nonverbal communication: Where nature meets

culture (pp. 171–189). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum. Price, J. S. & Sloman, L. (1987). Depression as yielding behavior: An animal model based on Schjelderup -Ebbe’s

pecking order. Ethology and Sociobiology, 8, 85S–98S.

Provine, R. R. (2000). Laughter: A scientific investigation. New York: Penguin Books.

Russell, J. A., Bachorowski, J. A., & Fernandez-Dols, J. M. (2003). Facial and vocal expressions of emotion. Annual

Review of Psychology, 54, 329–349. Russell, J. A., & Fernandez-Dols, J. M. (1997). What does a facial expression mean? In J. A. Russell & J. M.

Fernandez-Dols (Eds.), The psychology of facial expressions (pp. 3–30). New York: Cambridge University Press.

Salter, F. K. (2007/1995). Emotions in command: Biology, bureaucracy, and cultural evolution. New York:

Transaction.

Salter, F. K., Grammer, K., & Rikowski, A. (2005). Sex differences in negotiating with powerful males: An ethological analysis of approaches to nightclub doormen. Human Nature: An Interdisciplinary Biosocial Perspective,

16, 306–321.

Sapolsky, R. M. (1990). Stress in the wild. Scientific American, 262, 106–113.

Scherer, K. R. (2001). Appraisal considered as a process of multi-level sequential checking. In Scherer, K. R., Schorr,

A., & Johnstone, T. (Eds.), Appraisal processes in emotion: Theory, methods, research (pp. 92–120). New York: Oxford University Press.

Scherer, K. R., & Ellgring, H. (2007). Are facial expressions of emotion produced by categorical affect programs or

dynamically driven by appraisal? Emotion, 7, 113–130.

Scherer, K. & Grandjean, D. (2008). Facial expressions allow inference of both emotions and their components.

Cognition and Emotion, 22, 789–801. Schjelderup-Ebbe, T. (1935). Social behavior of birds. In C. A. Murchinson (Ed.), A handbook of social psychology

(pp. 947–972). Worchester, MA: Clark University Press.

Schmidt, K. L., & Cohn, J. F. (2001). Human facial expressions as adaptations: evolutionary questions in facial

expression research. Yearbook of Physical Anthropology, 44, 3–24.

Schubert, J. N. (1988). Age and active-passive leadership style. American Political Science Review, 82, 763–772.

Page 23: Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental

Schubert, J. N. (1998). The role of sex and emotional response in indoctrinability: Experimental evidence on the

“rally ’round the flag” effect. In I. Eibl-Ebbesfelt & F. Salter (Eds.), Indoctrinability, warfare and ideology (pp. 241–

262). Oxford, England: Berghahan Books.

Schubert, J., Curran, M., & Stungaru, C. (1998, August). Male/female differences in leadership appraisal. Paper

presented to the 14th biennial conference of the International Society for Human Ethology. Burnaby, Canada. Schubert, J. N., Peterson, S. A., Schubert, G., & Wasby, S. (1992). Observing Supreme Court oral argument: A

biosocial approach. Politics and the Life Sciences, 11, 35–51.

Sears, D. O. (1986). College sophomores in the laboratory: Influences of a narrow database on social psychology’s

view of human nature. Journal of Personality and Social Psychology, 51, 515–530.

Smith, J., Chase, J., & Lieblich, A. (1974). Tongue showing. Semiotica, 11, 210–236. Smith, K., Larimer, C. W., Littvay, L., & Hibbing, J. R. (2007). Evolutionary theory and political leadership: Why

certain people do not trust decision makers. Journal of Politics, 69, 285–299.

Somit, A., & Peterson, S. A. (1997). Darwinism, dominance, and democracy: The biological bases of

authoritarianism. Westport, CT: Praeger Press.

Stern, D., & Bender, E. (1974). An ethological study of children approaching a strange adult. In R. C. Friedman, R. M. Richart, & R. L. Va de Wiele (Eds.), Sex differences in behavior (pp. 233–258). New York: John Wiley & Sons.

Stewart L. E. (2008). College students as research subjects: Are study results generalizable? Poster presented at the

PsyPAG Annual Conference 2008, University of Manchester, Manchester, UK.

Stewart, P. A., Waller, B. M., & Schubert, J. N. (2009). Presidential speechmaking style: Emotional response to

micro-expressions of facial affect. Motivation and Emotion, 33, 125–135. Sullivan, D. G., & Masters, R. D. (1988). Happy warriors: Leaders’ facial displays, viewers’ emotions, and political

support. American Journal of Political Science, 32, 345–368.

Sullivan, D. G., & Masters, R. D. (1994). Biopolitics, the media, and leadership: Nonverbal cues, emotions, and trait

attributions in the evaluation of leaders. In A. Somit & S. A. Peterson (Eds.), Research in Biopolitics (Vol. 2, pp.

237–273). New York: JAI Press. Tiedens, L. Z. (2001). Anger and advancement versus sadness and subjugation: The effect of negative emotion

expressions on social status conferral. Journal of Personality and Social Psychology, 80, 86–94.

Tiedens, L. Z., & Fragale, A. R. (2003). Power moves: Complementarity in dominant and submissive nonverbal

behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 84, 558–568.

Tinbergen, N. (1963). On aims and methods of ethology. Zeitschrift fur Tierpsycholgie, 20, 410–433. Todorov, A., Mandisodza, A. N., Goren, A., & Hall, C. C. (2005). Inferences of competence from faces predict

election outcomes. Science, 308, 1623–1626.

Todorov, A., Said, C. P., Engell, A. D., & Oosterhof, N. N. (2008). Understanding evaluation of faces on social

dimensions. Trends in Cognitive Sciences, 12, 455–460.

Troisi, A. (2002). Displacement activities as a behavioral measure of stress in nonhuman primates and human subjects. Stress, 5, 47–54.

Turner, J. H. (1997). The evolution of emotions: The nonverbal basis of human social organization. In U. Segerstråle

& P. Molnár (Eds.), Nonverbal communication: Where nature meets culture (pp. 211–223). Mahwah, NJ: Lawrence

Erlbaum.

Van Hooff, J. A. R. A. M. (1969). The facial displays of the catarrhine monkeys and apes. In D. Morris (Ed.), Primate ethology (pp. 9–98). New York: Academic Press.

Van Hooff, J. A. R. A. M. (1973). A structural analysis of the social behavior of a semi-captive group of

chimpanzees. In M. Cranach & I. Vine (Eds.), Social communication and movement (pp. 75–162). New York:

Academic Press.

Van Hooff, J. A. R. A. M., & Preushoft, S. (2003). Laughter and smiling: The intertwining of nature and culture. In F. B. M. de Waal & P. L. Tyack (Eds.), Animal social complexity: Intelligence, culture, and individualized societies (pp.

260–292). Cambridge, MA: Harvard University Press.

Vick, S.-J., Waller, B. M., Parr, L. A., Smith Pasqualini, M. C., & Bard, K. A. (2007). A cross-species comparison of

facial morphology and movement in humans and chimpanzees using the facial action coding system (FACS). Journal

of Nonverbal Behavior, 31, 1–20. Visalberghi, E., Valenzano, D. R., & Preuschoft, S. (2006). Facial displays in Cebus apella. International Journal of

Primatology, 27, 1689–1707.

Waller, B. M., Cray, J .J., & Burrows, A. M. (2008). Selection for universal facial emotion. Emotion, 8, 435–439.

Waller, B. M., & Dunbar, R. I. M. (2005). Differential behavioral effects of silent bared teeth display and relaxed

open mouth display in chimpanzees (Pan troglodytes). Ethology, 111, 129–142. Warnecke, A. M., Masters, R. D., & Kempter, G. (1992). The roots of nationalism: Nonverbal behavior and

xenophobia. Ethology and Sociobiology, 13, 267–282.

Way, B. M., & Masters, R. D. (1996b). Emotion and cognition in political information processing. Journal of

Communication, 46, 48–65.

Way, B. M., & Masters, R. D. (1996b). Political attitudes: Interactions of cognition and affect. Motivation and Emotion, 20(3), 205–236.

Whalen, P. J., et al., (2004, December 17). Human amygdala responsivity to masked fearful eye whites. Science, 306,

2061.

Zajonc, R. B. (1980). Feeling and thinking: Preferences need no inferences. American Psychologist, 35, 151–175.

Zajonc, R. B. (1982). On the primacy of affect. American Psychologist, 39, 117–123.