Upload
jefferson-camargo
View
341
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
CAPAIZ, Lôco Véio... por Jefferson Camargo1
Já hoje, dei um pulo na loja tirá uma tv, e quando apiei do piedade, me
arrepresenta que vi um loque virado no guedes, atorando pela praça lá pra diante da
prefeitura, com um tubão, comendo pipoteca e com uma setra dependurada no pescoço.
Mais tarde encontrei o caipora rabiando de bêbado. Tava mais firme que
palanque em banhado.
Quando o nego véio foi cruzá a rua veio um fuca muito que devagar e o tongo do
bêbado resolve pará de cróque na frente do carro, que freio meio decumforça. Isso pra
não dá uma borduada no animár de teta.
Daí o motorista meteu a cara pra fora da janela e gritô:
- Desulivre! Se mexa molóide!
Mais que depressa o andante se avalentô e respondeu:
- Erde, não tá vendo nuvê! Passe meio de fianco que cabe. E se apure porque se
ficá se ensebando já vamo pro tapa.
- Já pra lá jaguara! Respondeu o motorista, dando risada dos tombo do vivente,
que não gostô muito e resolveu botá banca de macho:
- Feche a cara piá, que que tá se abrindo?
- Mais é um disgranhento. Se você acha que dá... Pregue fogo!
- Pare de atiçá, porque depois você pica a mula.
- Então se finja de loco e se pinche ne mim.
Os dois ficaram se ralhando pra mais de metro, tipo jacú rabudo.
Até que o bebum se envaretô e bateu cas idéia na tórda do fuca. Caiu dum jeito
que chego a rasga a japona.
Meio que arremedando o pidonchero do bebum, o motorista tirou um sarro:
- Caiu? Foi Pialo! Se espixá é capaiz que dê na artura...
No que o jaguara se deu conta do estrago respondeu:
- Tô que é só a capa da gaita!
- Crêênndios! Tá tudo esgualepado!
Nessa hora os dois se olharam bem de perto e se reconheceram.
Calcule, loco! O caboco era cumpadi do motorista.
Há de... Capaiz? Mas que djanho. São uns bocó mesmo.
Voltimeia acontece duns quera tirá o zóio da estrada e passá por cima duns
guaipequinha, mas dois cumpadi se pegá no tapa e ficá enxendo linguiça no meio da
estrada é jóia de se vê.
O vivente já tava azur de bêbado e agora ficô vermeio de tanto sangue que
verteu.
Quando o motorista viu aquela sanguera, se desesperô e começô a gritar:
- Quedele? Quedele?
Pegô o kit de primeiros socorros e fez uma gambiarra, pra pará o sangramento,
que ficô um chachicho.
Loco do céu! Tudo eles entraram no fuca e sumiram pro postinho.
Saíram que saíram deitando o cabelo! Até que um deu com a mão e gritou: Um
abraço pro gaiteiro!
Só restô os comentário do povo que tava ali de curioso:
- Eta piá veio, mas que tar isso daí. Os dois era cumpadi.
- CAPAIZ, Lôco véio... Só pode ser dolangue. Larguei os betes.
- Puiz óia! ÁÁÁÁÁH DE SERRRR!
1 Professor na área de Letras, especialista em Línguas Estrangeiras Modernas, cronista, blogueiro e poeta. Escreveu seu primeiro poema aos 11
anos de idade, sendo que sua professora de Português não acreditou que fora ele o autor. Durante o curso de Letras aprimorou sua escrita e publicou suas poesias no blog "Papel e Caneta". Criou "As Tatinhas", personagens antagônicas em tirinhas. Foi cronista do jornal impresso "O Popular", onde publicou semanalmente crônicas sobre os mais diversos assuntos. Atualmente mantém as fanpages "O Escrevedor" e "Bazinga" nas redes sociais.