3
CARREIRA ÚNICA. Todos ganham: É bom para a PM, O PM, O Estado e a Sociedade Ao longo dos anos a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais vêm passando por diversas transformações. A maior transformação nesta década é a revolução educacional nas instituições militares. Quando eu ingressei na Polícia Militar em 1988, era exigido do candidato a 4ª série primária, hoje ensino fundamental. Essa exigência tinha impacto direto em nossa remuneração, afinal não se admitia um salário digno para um profissional com apenas ensino fundamental. Ouve-se até, que outrora haviam policiais que mal sabiam assinar o próprio nome, pois nos anos de “ferro”, buscava-se um militar de grande porte físico e não de maior envergadura educacional. Com o passar dos anos, houve uma facilitação ao ensino médio e ensino superior. Atualmente, um grande número de pessoas de baixa renda tem acesso a universidade pública ou privada através de programas governamentais. Essa evolução educacional, obviamente trouxe impacto em nossa corporação. Houveram turmas de soldados onde quase 1/3 dos alunos (recrutas) tinham curso superior. Mas, existem ainda algumas incoerências educacionais na Policia Militar. Atualmente, para ser cadete da APM é preciso ser Bacharel em Direito, mas para ser Coronel da PM (último posto da carreira) ou Juiz do

Carreira única

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Carreira única

CARREIRA ÚNICA. Todos ganham: É bom para a PM, O PM, O Estado e a Sociedade

Ao longo dos anos a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais vêm passando por diversas transformações. A maior transformação nesta década é a revolução educacional nas instituições militares. Quando eu ingressei na Polícia Militar em 1988, era exigido do candidato a 4ª série primária, hoje ensino fundamental. Essa exigência tinha impacto direto em nossa remuneração, afinal não se admitia um salário digno para um profissional com apenas ensino fundamental. Ouve-se até, que outrora haviam policiais que mal sabiam assinar o próprio nome, pois nos anos de “ferro”, buscava-se um militar de grande porte físico e não de maior envergadura educacional. Com o passar dos anos, houve uma facilitação ao ensino médio e ensino superior. Atualmente, um grande número de pessoas de baixa renda tem acesso a universidade pública ou privada através de programas governamentais. Essa evolução educacional, obviamente trouxe impacto em nossa corporação. Houveram turmas de soldados onde quase 1/3 dos alunos (recrutas) tinham curso superior.

Mas, existem ainda algumas incoerências educacionais na Policia Militar. Atualmente, para ser cadete da APM é preciso ser Bacharel em Direito, mas para ser Coronel da PM (último posto da carreira) ou Juiz do Tribunal de Justiça Militar é possível somente com o 2º Grau de escolaridade. Imaginem um Coronel chamando a atenção de um 2º Tenente em razão de um Inquérito Policial Militar mal conduzido (na visão do coronel) e o militar usar a seguinte resposta: “com todo respeito Coronel, mas o senhor está falando isso por que não é Bacharel em direito, pois o CPPM diz isso ou aquilo...”. E ai? O fato é possível, mas improvável em razão do nosso militarismo. Ou ainda, um Coronel do Tribunal de Justiça Militar (equivale a um desembargador) resolve iniciar um curso de direito e como acontece em cada inicio de semestre na faculdade os alunos do curso de direito se apresentam aos professores. O juiz do TJM, aluno do curso de direito, se levanta e se apresenta: “Eu sou Juiz do Tribunal de Justiça Militar”. Imaginem o nó na cabeça dos alunos ao imaginarem que um Juiz sem curso de Direito vai analisar as decisões de um Juiz (e ai, juiz de verdade)

Page 2: Carreira única

togado que passou por um concurso de provas e títulos em um concurso para bacharéis dificílimo. Dá pra imaginar? É por isso que defendemos a carreira única nas Instituições militares, onde a única forma de ingresso seria o CTSP – Curso Técnico de Segurança Pública. Todos os demais cursos, inclusive o CFO – Curso de Formação de Oficiais seriam através de processo seletivo (concursos) interno. Essa medida traria benefícios diretos para toda a tropa. As vagas de cadetes seriam preenchidas por praças das diversas graduações que por sua vez abririam novas vagas para promoções. Além de que o curso de formação poderia abreviado, dispensado as disciplinas já cursadas em cursos anteriores, ocasionando redução de tempo e de gastos públicos com a formação do novo oficial. A exigência do Curso de Bacharel em Direito para a promoção ao último posto do oficialato é algo que precisa ser revisto urgentemente e a carreira única é a verdadeira revolução educacional e de valorização profissional nas instituições militares.

Julio Cesar Gomes dos Santos, CB BM QPR Advogado OAB/MG nº 136.363Pós Graduando em Ciências Penais na Faculdade Milton CamposDeputado Estadual Eleito