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PONTA GROSSA - PARANÁ 2009 Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio José Ornat EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA LICENCIATURA EM Geografia Geografia CARTOGRAFIA 1

Cartografia i

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pONTA gROSSA - pARANÁ2009

Almir NaboznyJoseli Maria Silva

Marcio José Ornat

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LICENCIATURA Em

GeografiaGeografiaCARTOGRAFIA 1

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSANúcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD

Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PRTel.: (42) 3220-3163www.nutead.uepg.br

2009

Todos os direitos reservados ao Ministério da EducaçãoSistema Universidade Aberta do Brasil

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG.

Pró-Reitoria de Assuntos AdministrativosAriangelo Hauer Dias - Pró-Reitor

Pró-Reitoria de GraduaçãoGraciete Tozetto Góes - Pró-Reitor

Divisão de Educação a Distância e de Programas EspeciaisMaria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe

Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a DistânciaLeide Mara Schmidt - Coordenadora Geral

Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica

Sistema Universidade Aberta do BrasilHermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral

Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora AdjuntaEdu Silvestre de Albuquerque - Coordenador de Curso

Colaborador FinanceiroLuiz Antonio Martins Wosiak

Colaboradora de PlanejamentoSilviane Buss Tupich

Colaboradores em EADDênia Falcão de BittencourtJucimara Roesler

Colaboradores de InformáticaCarlos Alberto VolpiCarmen Silvia Simão CarneiroAdilson de Oliveira Pimenta JúniorJuscelino Izidoro de Oliveira JúniorOsvaldo Reis JúniorKin Henrique KurekThiago Luiz DimbarreThiago Nobuaki Sugahara

Colaboradores de PublicaçãoDenise Galdino de Oliveira - RevisãoJanete Aparecida Luft - RevisãoLuan Dione Rein - Diagramação Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior - DiagramaçãoPaulo Henrique de Ramos - Ilustração

Colaboradores OperacionaisEdson Luis MarchinskiJoanice Kuster de AzevedoJoão Márcio Duran InglêzMaria Clareth SiqueiraMariná Holzmann Ribas

CRÉDITOS

João Carlos GomesReitor

Carlos Luciano Sant’ana VargasVice-Reitor

N117c Nabozny, Almir Cartografia I por Almir Nabozny e outros. Ponta Grossa : Ed. UEPG, 2009. 88p. il.

Licenciatura em Geografia - Educação a Distância.

1. Cartografia - história. 2. Cartografia teórica. 3. Representação cartográfica - formas. Topografia. I. Nabozny, Almir. II. Ornat, Marcio José. III. Silva, Joseli Maria. V.T

CDD : 526

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ApRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL

Prezado estudante

Inicialmente queremos dar-lhe as boas-vindas à nossa instituição e ao curso que escolheu.

Agora, você é um acadêmico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), uma renomada instituição de ensino superior que tem mais de cinqüenta anos de história no Estado do Paraná, e participa de um amplo sistema de formação superior criado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2005, denominado Universidade Aberta do Brasil (UAB).

O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) não propõe a criação de uma nova instituição de ensino superior, mas sim, a articulação das instituições públicas já existentes, possibilitando levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou cujos cursos ofertados não são suficientes para atender a todos os cidadãos.

Sensível à necessidade de democratizar, com qualidade, os cursos superiores em nosso país, a Universidade Estadual de Ponta Grossa participou do Edital de Seleção UAB nº 01/2006-SEED/MEC/2006/2007 e foi contemplada para desenvolver seis cursos de graduação e quatro cursos de pós-graduação na modalidade a distância.

Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, a CAPES e as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, ao longo de sua trajetória, vem acumulando uma rica tradição de ensino, pesquisa e extensão e se destacando também na educação a distância.

A UEPG é credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 652, de 16 de março de 2004, para ministrar cursos superiores (de graduação, seqüenciais, extensão e pós-graduação lato sensu) na modalidade a distância.

Os nossos programas e cursos de EaD, apresentam elevado padrão de qualidade e têm contribuído, efetivamente, para a democratização do saber universitário, destacando-se o trabalho que desenvolvemos na formação inicial e continuada de professores. Este curso não será diferente dos demais, pois a qualidade é um compromisso da Instituição em todas as suas iniciativas.

Os cursos que ofertamos, no Sistema UAB, utilizam metodologias, materiais e mídias próprios da educação a distância que, além de facilitarem o aprendizado, permitirão constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação.

Este curso foi elaborado pensando na formação de um professor competente, no seu saber, no seu saber fazer e no seu fazer saber. Também foram contemplados aspectos éticos e políticos essenciais à formação dos profissionais da educação.

Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para facilitar o seu processo de aprendizagem e que tenha muito sucesso na trajetória que ora inicia.

Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará parte de uma ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco sempre que desejar, acessando nossa Plataforma Virtual de Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias disponíveis para nossos alunos e professores.

Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

EQUIPE DA UAB/UEPG

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SUmÁRIOPALAVRAS DOS PROFESSO ■ RES 7OBJETIVOS E EMENT ■ A 9

A HISTóRIA DA CARTOgRAfIA 11SEçãO ■ 1- GEOGRAFIA, CARTOGRAFIA E A HISTÓRIA DOS MAPAS 12

SEçãO ■ 2- DAS ANTIGAS REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS À CARTOGRAFIA GREGA 15

SEçãO ■ 3- DA CARTOGRAFIA GREGA AOS MAPAS PORTULANOS 19

SEçãO ■ 4- DO DECLÍNIO DAS CARTAS PORTULANAS À REFORMA DA CARTOGRAFIA 20

A CARTOgRAfIA TEóRICA 27SEçãO ■ 1- A GÊNESE DA CARTOGRAFIA TEÓRICA 28

SEçãO ■ 2- TEORIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA 29

SEçãO ■ 3- TEORIA DA MODELIZAÇÃO 31

SEçãO ■ 4- TEORIA DA SEMIOLOGIA GRÁFICA 33

SEçãO ■ 5- TEORIA DA COGNIÇÃO 36

fORmAS DE REpRESENTAÇÃO CARTOgRÁfICA 41SEçãO ■ 1- CARTOGRAFIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 42

SEçãO ■ 2- O GLOBO 43

SEçãO ■ 3- O MAPA 44

SEçãO ■ 4- A CARTA 45

SEçãO ■ 5- AS REPRESENTAÇÕES POR IMAGEM 46

fORmAS DE REpRESENTAÇÃO DO pLANETA TERRA 51SEçãO ■ 1- FORMA DA TERRA 52

SEçãO ■ 2- SISTEMAS DE COORDENADAS 54

SEçãO ■ 3- PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS 57

NOÇõES DE TOpOgRAfIA 67SEçãO ■ 1- DEFINIÇÕES INICIAIS 68

SEçãO ■ 2- ALTIMETRIA E LEITURA DO TERRENO 72

SEçAO ESPECIA ■ L 81

PALAVRAS FINAI ■ S 83REFERÊNCIAS ■ 85NOTAS SOBRE OS AUTO ■ RES 87

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pALAVRAS DOS pROfESSORES

Para a sua futura atividade como professor de geografia, a disciplina de Cartografia tem fundamental importância, pois este conhecimento particular é uma ferramenta de grande valor na atividade de leitura da ação humana na superfície da Terra. O geógrafo francês Yves Lacoste (1989) trata a cartografia como um conhecimento estratégico por excelência. Segundo esse autor, na história da humanidade, os mapas e as informações estatísticas sempre estiveram reservados aos pequenos grupos, relacionados ao Estado ou a grupos de proprietários da força de trabalho.

Fugindo desta relação determinista, consideramos que a organização desse material inclui esse pressuposto. É por meio dele que buscamos inserir você, futuro(a) professor(a), nas discussões envolvendo a cartografia, não apenas a nascida entre os séculos XVI e XVIII, mas em uma forma de conhecimento que sempre esteve relacionada à manutenção da vida dos grupos sociais, afirmando que, desde que o homem existe, existe o conhecimento geográfico, e algum tipo de representação deste conhecimento, como pinturas rupestres, mapas em placas de argila, mapas com fibras de árvores, etc. Assim, você começa sua caminhada por um caminho que se mistura com o próprio desenvolvimento da humanidade.

Bem-vindo ao estudo da Cartografia!

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OBJETIVOS E EmENTA

O principal objetivo da disciplina de Cartografia I é fazer com que o estudante reconheça a importância da cartografia para o ensino e o estudo de Geografia. Dessa forma, apropriando-se desse material, o aluno adquire competência para utilizar os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia nos estudos e no ensino da Ciência Geográfica.

ObjetivOs

Reconhecer a importância da Cartografia para o estudo e o ensino da Ciência ■

Geográfica

Apreender os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia ■

Aplicar os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia aos estudos e ao ■

ensino da Ciência Geográfica;

ementa

História da Cartografia. Teoria e método da Cartografia. Principais ramos da ■

Cartografia. Fundamentos de Astronomia. Elementos de Geodésia. Sistemas de

Projeção. Planimetria e Altimetria. Noções de Topografia.

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A História da Cartografia

ObjetivOs De aPRenDiZaGem

Compreender a relação entre Geografia e Cartografia ■

Apreender todos os momentos do desenvolvimento da Cartografia ■

ROteiRO De estUDOs

SEçãO 1 - Geografia, cartografia e a história dos mapas ■

SEçãO 2 - Das antigas representações cartográficas à cartografia grega ■

SEçãO 3 - Da cartografia grega aos mapas portulanos ■

SEçãO 4 - Do declínio das cartas portulanas à reforma da cartografia ■

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pARA INÍCIO DE CONVERSA

Nossa motivação na construção deste material é percorrer um

caminho que demonstre a importância da cartografia para o ensino da

Ciência Geográfica. Para isso, estruturamos o conteúdo da Unidade

I de tal forma, que você, futuro(a) professor(a), apreenda o conteúdo

como nossas sugestões de trabalho. Esta caminhada se inicia desde os

primórdios da cartografia e da humanidade, passando pela Grécia, pela

Idade Média, pelo Renascimento, chegando depois desta jornada, na

atualidade da Cartografia.

SEÇÃO 1gEOgRAfIA, CARTOgRAfIA E A HISTóRIA DOS mApAS

A palavra cartografia tem origem na língua portuguesa. De acordo

com Silva (1999, p.69), o termo foi cunhado pelo historiador português

Visconde de Santarém, em carta de 08 de dezembro de 1839, escrita em

Paris (França) e dirigida ao historiador brasileiro Adolfo de Varnhagen.

Anterior a divulgação do termo, o vocábulo usual era “cosmografia”.

Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a

cartografia é compreendida “como a representação geométrica plana,

simplificada e convencional, do todo ou de parte da superfície terrestre,

apresentada através de mapas, cartas ou plantas” (IBGE, 2004, p. 12).

Acrescentaríamos a elaboração de croquis, cartogramas, bem

como, outros projetos empreendidos a partir da observação direta ou

indireta com auxílio de instrumentos e produtos de geotecnologias, como,

por exemplo, imagens de satélites e fotografias aéreas (veja através da

Plataforma Moodle os Link’s Imagens Cbers e Fotografias Aéreas).

Os elementos que devem ser fixados (com) em seus futuros alunos

é o fato de que a cartografia é um conjunto de técnicas, mas que tem um

objetivo tão antigo quando a história do homem: o de representar a vida

do homem na superfície da Terra e os elementos do planeta. Assim, este

conhecimento se coloca como uma importante ferramenta que auxilia o

professor e o aluno de geografia na prática escolar.

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O conhecimento nomeado como Geografia teve por objetivo, desde

a antigüidade, descrever e criar uma imagem do mundo. Este dever

buscou, como descrito pelo professor Paulo Cesar da Costa Gomes,

através da Revolução Científica, transformar-se em um discurso científico

verdadeiro, como uma única versão interpretativa da realidade, fato

ocorrido a partir dos séculos XVI e XVIII (GOMES, 1996). Todavia, o

caráter da utilização de informações com localização específica e a

elaboração de cartas referenciadas no cruzamento de tais informações

não foi um acontecimento específico deste período.

Como salienta Erwin Raisz (1969), a relação entre Cartografia

e Conhecimento Geográfico não surgiu com a Revolução Científica,

mas tem, provavelmente, existência anterior a 2.500 anos a.C. (Mapas

Babilônicos). Todos os povos, como afirma Cêurio de Oliveira (1988), de

uma forma ou de outra, legaram à humanidade diversos mapas. Veja as

figuras abaixo (aprofunde seus conhecimentos através da Plataforma

Moodle, no Link “Gráfico Temporal da Cartografia Antiga”).

Figura 1 a: Plano da Cidade de Catal Hyük (6.200 a.C.)¹

1 Fonte: http://www.henry-davis.com/MAPS/Ancient%20Web%20Pages/AncientL.html (Consulta em 6 de jan. de 2009).

Seus (futuros) alunos podem ter acesso a diversas tecnologias associadas ao conhecimento geográfico, sem sair de sua casa ou da escola. E, o que é melhor, sem custos! Convide seus alunos para acessar, no laboratório de informática da escola, ou em casa, o site do instituto nacional de pesquisas espaciais (INPE) (veja o site através da plataforma moodle). As informações contidas neste site podem auxiliar imensamente na sua prática escolar.

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Figura 1 b: Turin Papyrus, 1.300 a.C ²

Em sua obra “Cartografia Geral”, Erwin Raisz afirma que a

confecção de mapas precede a escrita, pois os homens primitivos,

vivendo como caçadores e coletores, deveriam mover-se continuamente,

e o conhecimento de direções e distâncias era uma questão de vida ou

de morte (RAISZ, 1969). Assim, a busca pela representação gráfica das

informações pode ser visível nos mais remotos grupos culturais, como os

Astecas, Babilônios, Camônios, Chineses, Egípcios, Esquimós, Gregos,

e os nativos das Ilhas Marshall. Temos em relação a cada grupo cultural

uma forma de construção cartográfica.

Sugerimos a você, quando for trabalhar com esse momento do

material, junto aos seus alunos, saliente que esse desenvolvimento da

cartografia não é fragmentado como o texto sugere, mas contínuo. O que

buscamos fazer, foi demonstrar as distinções existentes em cada período de

desenvolvimento da cartografia. Este agrupamento está colocado em três

momentos: das demonstrações mais antigas de representação cartográfica

à produção cartográfica grega; da cartografia grega aos mapas portulanos

e do declínio das cartas portulanas à reforma da cartografia.

2 Fonte: http://www.henry-davis.com/MAPS/Ancient%20Web%20Pages/AncientL.html (Consulta em 6 de jan. de 2009).

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SEÇÃO 2DAS ANTIgAS REpRESENTAÇõES CARTOgRÁfICAS À CARTOgRAfIA gREgA

Mesmo tendo pouca semelhança com os mapas ocidentais atuais,

devemos considerar a produção de representações gráficas, realizadas

por antigas culturas, como mapas. Esta afirmação parte de Ângela Katuta

(2003), defendendo a idéia de que, quando as antigas culturas buscavam

representar o lugar ou o não-lugar, facilitavam o entendimento de

processos e eventos no mundo humano, como visto nas figuras 1 acima.

As diferentes visões e narrativas de mundo produziram diferentes

representações de mundo. Estas formas de expressão são visíveis desde o

Paleolítico Superior, entre 40 e 12 mil anos a.C.. Prova dessas afirmações

são as descobertas arqueológicas, em alguns penhascos no norte da Itália,

de inúmeras figuras rupestres, com figurações topográficas, representando

uma rica organização social camponesa (ver figura 2).

Figura 2 - Mapa Rupestre (Petroglifo) de Bedolina - (OLIVEIRA, 1988, p. 17)

•Outrasproduçõesdemuitovalorforamasrealizadaspelosnativos

das Ilhas Marshall, pelos esquimós, babilônios, egípcios e chineses.

•Os nativos das IlhasMarshall confeccionarammapas feitos de

fibras de palma e conchas, demonstrando direções das ondas e localização

de ilhas.

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•Os esquimós fizeram construções gráficas com considerável

fidedignidade de suas áreas de vivência.

•Osastecas representavamemmapas,acontecimentoshistóricos

de seu grupo cultural.

•Nos mapas Babilônicos as representações mais antigas

correspondem a placas de argila contendo a demonstração de duas

cadeias de montanhas e um rio (Eufrates), tendo idade aproximada de

2.500 a.C. Os babilônios, também contribuíram à cartografia, com sua

divisão da circunferência em 360°, o grau em 60’ e o minuto em 60”.

•Paraosegípcios,acartografiafoiumimportanteinstrumentopara

a arrecadação de impostos, referente à produção agrícola no vale do rio

Nilo.

•EOSCHINESES?Eles fizeramum completo levantamento de

suas terras e águas, culminando tais levantamentos na construção de

diversos mapas. Devido a isto, antes mesmo dos ocidentais chegarem ao

oriente, a China já havia sido mapeada em detalhes, como visto por Raisz

(1969).

Os chineses contribuíram significativamente para o conhecimento

cartográfico! Suas principais contribuições foram:

•utilização de um quadriculado retilíneo, como os paralelos e

meridianos utilizados atualmente; e

•aorientaçãodosmapas.

Os gregos também cooperaram:

O momento de maior desenvolvimento foi o da cartografia grega.

Foi tão desenvolvida que, até o século XVI, não havia sido igualada por

nenhuma outra cultura.

Admitiram a existência de um Planeta Terra esférico, possuindo

Pólos, Trópicos e Equador. Conceberam de forma aprimorada um sistema

de coordenadas geográficas, construindo as primeiras representações do

planeta, chegando até a calcular o seu tamanho.

Inicialmente, os gregos concebiam a Terra como sendo um disco,

(ver Plataforma Moodle no link “Disco”) onde ao seu redor giravam

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as águas oceânicas. Tais representações buscavam descrever as terras

conhecidas até então, uma área que se estendia desde o atual Paquistão

ao Oceano Atlântico.

A FORMA PERFEITA

No princípio do século IV a.C. introduziu-se a idéia de que o Planeta

Terra não era um disco, mas sim uma esfera. Essas afirmações não estavam

relacionadas à realização de observações da iluminação solar no planeta,

mas surgiram a partir de considerações filosóficas, pois se a Terra era obra

dos deuses, sendo estes perfeitos, o Planeta Terra deveria ser esférico, a

mais perfeita de todas as formas (RAISZ, 1969).

Todavia, a principal proposição assenta-se sobre o resultado da

medição da circunferência máxima do Planeta Terra, feita por Eratóstenes.

Segundo o conhecimento da época, havia um poço em Siena (atual

Assuan – Egito), onde as luzes do Sol chegavam ao seu fundo apenas

entre os dias de 20 a 22 de junho. Tal informação aponta que o local ficava

próximo do Trópico de Câncer.

Outro dado importante para

a realização da medição

foi a existência de registros

da distância entre Siena e

Alexandria (5.000 estádias –

aproximadamente 925 km).

Supondo que Alexandria

estava exatamente ao norte de

Siena, bastava apenas medir

o ângulo do Sol ao meio-dia

em Alexandria entre o mesmo

período (ver figura 3).

Figura 3 - Experimento de Eratóstenes.

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Eratóstenes, realizando tal tarefa, obteve a leitura do ângulo da

sombra do Sol em Alexandria com o valor de 1/50 de uma circunferência

(7° 12’). Tal raciocínio apontou que um meridiano deveria medir 50 x

esta distância, de aproximadamente 46.250 km. O erro de Eratóstenes,

com relação à medida aceita atualmente de 40.009 km, foi de 15%,

ressaltando-se que esse erro se anula quando consideramos que Siena

não está no Trópico de Câncer, mas ao norte, e Alexandria não está no

mesmo meridiano, mas a oeste.

Um século mais tarde, Possidônio (135-50 a.C) realizou a mesma

medição, porém tendo como referência outras cidades. A circunferência

máxima da Terra foi calculada em aproximadamente 29.000 km. Enquanto

para Erastóstenes, 1° na direção leste-oeste equivalia a 128 km, para

Possidônio esse mesmo intervalo era de 80 km. Esta última medida,

quase 30% menor, foi difundida por Ptolomeu (87-50 a.C.). Desta forma,

tínhamos próximo ao advento das grandes navegações e das grandes

descobertas próximas do final do século XV, um planeta menor.

O apogeu da cartografia, nesse período, está relacionado à obra

de Ptolomeu. Sua famosa obra Geografia é formada de oito volumes,

tratando desde a construção de globos à técnica de projeção de mapas.

Descreveu mais de 8.000 lugares com coordenadas geográficas. O volume

mais importante trata dos princípios da Cartografia, da Geografia, da

Matemática, das projeções e dos métodos de observação astronômica.

Decorrente da importância da obra de Ptolomeu e de sua adoção da

medida possidônica do Planeta Terra, foi essa a que prevaleceu no fazer

dos geógrafos até o século XV.

Embora a Geografia como ciência sistematizada tenha seus preceitos no século XIX, utilizamos a palavra geógrafo em convergência com Gonçalves: “A palavra geógrafo aparece em 1537 para designar a atividade do ‘funcionário do Rei fazer mapa’, ou seja, aquele especialista em representar o espaço, em delimitar as fronteiras para o Estado Territorial nascente”. (GONÇALVES, 2002. p. 228).

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SEÇÃO 3DA CARTOgRAfIA gREgA AOS mApAS pORTULANOS

A Idade Média marcou um momento de recuo de todo o progresso

atingido até a produção grega. Mesmo os romanos sendo seguidores

do conhecimento grego, foram indiferentes à Cartografia matemática,

preocupando-se com mapas práticos para fins militares e administrativos.

Desprezaram as projeções, retornando aos mapas em forma de disco.

Dentro deste disco os geógrafos situaram toda a Terra, tendo como

centro a Península Italiana. As demais regiões foram reduzidas a porções

periféricas.

Dessa forma, sobretudo entre os anos 300 e 500 d.C. no ocidente,

quanto à concepção cartográfica, houve “uma regressão lamentável a todo

o progresso anterior, em que os gregos haviam pontificado” (OLIVEIRA,

1988, p.19). O cartógrafo medieval não se dedicou a representar o

planeta de forma matemática, mas concentrou-se em expressá-lo de forma

simbólica e artística. O mapa-múndi romano, em forma de disco, perdeu

sua exatidão geográfica, passando a fazer parte do discurso teológico da

época (ver através da Plataforma Moodle o Link Orbis Terrarum).

Você futuro professor (a) pode fazer uma analogia ao “mapa construído

pelos alunos do trajeto de casa à escola”. Isso mostra que desconsideramos

intencionalmente outros elementos que não nos são importantes no ato da

construção da representação.

Enquanto o ocidente tratava os mapas como mero recurso decorativo

de textos teológicos, o mundo muçulmano recolheu e desenvolveu a tradição

da antigüidade clássica. O islamismo e a necessidade de visitar Meca pelo

menos uma vez na vida, foi o motor propulsor do desenvolvimento das

habilidades cartográficas e geográficas. Calcularam o comprimento de um

grau, aproximando-se das medidas gregas, construíram esferas celestes e

estudaram as projeções. Os mapas eram utilizados no ensino de Geografia

de suas escolas, entretanto a representação da Terra continuava a ser o

disco.

No início do século XIV foi retomada a obra de Ptolomeu, orientando

à confecção das Cartas Portulanas (veja o link na Plataforma Moodle),

direcionadas aos navegadores. Tais cartas eram utilizadas para navegação

e confeccionadas com medições feitas a bússolas. As regiões representadas

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eram o Mar Mediterrâneo, o Mar Negro e o Oceano Atlântico até a Irlanda.

Suas toponímias (nome dos lugares) reduziam-se aos nomes dos portos.

Seu auge foi através do Atlas Catalão, no final do século XIV, apresentando

a Ásia Oriental, a Índia e o Oceano Índico. Os séculos XV e XVI foram

a época da decadência dos Mapas Portulanos, pois com as grandes

navegações foi necessário desenvolver um novo modelo de representação

da superfície terrestre.

SEÇÃO 4DO DECLÍNIO DAS CARTAS pORTULANAS À REfORmA DA CARTOgRAfIA

A partir do declínio dos Mapas Portulanos, temos um reavivamento

cartográfico propiciado pela nova tradução da Geografia de Ptolomeu

para o latim em 1405, e a invenção da imprensa por Gutemberg em

1436, o que propiciou a ampliação e a disseminação de documentos

cartográficos. Porém, o principal impulso à renovação da cartografia

partiu do empreendimento da Escola de Sagres, conforme aponta Cêurio

de Oliveira (1988), pois esta escola formava, além do piloto, o cosmógrafo,

denominado de cartógrafo. Este profissional ficava responsável pela

segurança da navegação.

A cartografia, a partir de então, foi orientada para a navegação,

sendo estimulada pelo mercantilismo. Diversas escolas foram formadas,

objetivando o desenvolvimento da cartografia. Estas se relacionavam às

escolas italiana, espanhola, holandesa, francesa e inglesa.

Com as grandes navegações nasce a demanda de instituir uma

reforma da cartografia, devido à circunstância de que o mundo que era de

fato conhecido até 1492 não existia mais. Tais ações estavam ancoradas

na busca de uma cartografia mais precisa, que representasse a superfície

A toponímia refere-se à lingüística, relacionada aos nomes dos lugares. O estudo da toponímia propicia o conhecimento da mentalidade do denominador, não apenas como elemento isolado, mas também como projeção espacial de seu grupo social, pois, segundo Greimas (1985), os topônimos são designações dos espaços por meio de nomes próprios, que permitem uma ancoragem histórica que constrói um simulacro de um referente externo, para produzir o efeito de sentido ‘realidade’.

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do Planeta Terra com a maior aproximação possível, utilizando-se, por

exemplo, do método de triangulação e da projeção de Mercator.

A reforma da cartografia iniciou-se com as determinações de

longitude efetuadas pela escola francesa de cartografia, no final do século

XVII, mediante observações simultâneas, em vários lugares do mundo,

dos satélites de Júpiter. Tal trabalho resultou em um novo mapa-múndi

em 1682. Ao lado da França, a escola inglesa produziu diversos mapas,

haja vista sua posição no comércio internacional.

Para a consolidação de cada Estado foi necessário, durante o

séc. XVIII, que fossem feitos levantamentos precisos para atender

demandas político-militares. A partir de 1750, os países empreenderam

levantamentos detalhados, na maioria das vezes, a cargo do exército. O

principal passo para tais levantamentos era, inicialmente, a determinação

da posição geográfica de um gride de pontos com coordenadas conhecidas

para, em seguida, realizar a determinação da distância de uma linha que

seria a base para a triangulação do terreno. O primeiro levantamento

feito desta forma ocorreu na França. De 1784 a 1787, os observatórios

de Londres (Inglaterra) e Paris (França) foram ligados por triangulação,

aumentando a precisão dos levantamentos tanto em um, quanto em outro

país. No início do século XX já se tinha quase toda a superfície do planeta

mapeada, porém a partir de metodologias e referenciais distintos. Uma

solução para tal problema seria homogeneizar a produção cartográfica

mundial.(RAISZ, 1969)

Desta forma, como você pode ver na figura 4 a seguir, o plano de

um mapeamento mundial foi proposto por Albrecht Penck , no Congresso

Internacional de Londres, ocorrido em 1909. Esta proposta estabeleceu

padrões para confecção de folhas na escala 1: 1.000.000. O objetivo

da padronização do CIM (Carta Internacional ao Milionésimo) foi

fornecer uma carta de uso geral, permitindo a confecção de outras séries

cartográficas.

Suas principais características são:

Cada folha cobre uma área de 4º de latitude e 6º de longitude;•

A divisão dos fusos compreende-se de 6° em 6° a partir do anti-•

meridiano de Greenwich, para Oeste, totalizando 60 fusos;

Por exemplo, o Brasil é coberto por 46 cartas na escala •

1:1.000.000.

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Figura 4 - Fusos UTM / Cartas ao Milionésimo.

Você deve estar notando que desde os primórdios da cartografia, até

aproximadamente o início do Século XX, este conhecimento produzido

pela humanidade não serviu, como falado por Yves Lacoste (1988), apenas

à tarefa da realização das guerras, mas também, e por que não dizer,

acima de tudo, à organização dos territórios, não apenas relacionado às

previsões de batalhas, e ao controle de mulheres e homens que habitavam

tais territórios.

DICA PARA O(A) FUTURO(A) PROFESSOR(A):

Um elemento importante que deve ser salientado em sala de aula

é o fato de que a Geografia e a Cartografia são, desde o início, saberes

estratégicos, ligados a práticas políticas e militares. Outro fato que deve ser

enfatizado junto aos seus futuros alunos é que toda forma de conhecimento

é estratégico. Assim, a Geografia não é a vilã desta história.

No caso da geografia, em hipótese nenhuma este conhecimento

se colocou como um saber resultante da busca do saber pelo saber (um

conhecimento pseudoneutro). Desse modo a carta é uma das formas de

representação geográfica por excelência, constituindo-se como ferramenta

na concepção de táticas e estratégias.

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Assim, como em diversos momentos da história do homem, o século

XX foi o período de grandes transformações na relação do homem com a

superfície da Terra, estando a Geografia incumbida, desde os primórdios,

da descrição e criação de uma imagem do mundo, cabia a este ramo do

conhecimento, a partir de sua ferramenta por excelência, a cartografia,

buscar novas formas de representação, não se preocupando apenas com

a construção dos documentos cartográficos, mas também com a sua

utilização. Este coloca-se como o assunto da próxima Unidade.

LEITuRAS COmPLEmENTARES:

1) GIRARDI, G. Leitura de mitos em mapas: um caminho para pensar as relações entre Geografia e cartografia. In: Geografares – Revista do Dep. de Geografia da uFES. Vitória, V. 01, nº 01, Jun. 2000. p. 41-50.

2) KATuTA, Â.; SOuZA, J. G. de. Geografia e conhecimentos cartográficos. São Paulo: Editora uNESP, 2001. 146 p.

3) RAIZ, E. Cartografia Geral. Rio de Janeiro: Científica, 1969, p. 7 – 46.

4) Consulte a instigante obra de ficção “Eram os deuses astronautas?” e observe nos anexos do texto um rico material com antigas representações cartográficas. Por exemplo, os mapas registrados nos livros do almirante turco Pire Reis (século XVI). Referência: DÄNIKEN, E.V. Eram os deuses astronautas? 49 ed. São Paulo: Companhia melhoramentos, 2000.180 p. (Tenha mais informações a partir da Plataforma moodle, no Link “Erich von Däniken”.

Caro futuro professor (a), nossa trajetória percorreu os caminhos da História da Cartografia. Você acompanhou que o desenvolvimento da Cartografia não foi linear, composto por avanços e retrocessos. Porém, analisando esta história a partir de um tempo longo, grandes avanços ocorreram desde a produção cartográfica realizada pelos Nativos da Ilhas marshall, ao mapeamento sistemático proposto por Albrecht Penck em 1909. Percebemos que a Cartografia sempre foi de fato uma ferramenta, que além de ser utilizada para e pela guerra, tinha e tem por finalidade a organização dos territórios e de suas populações. Nunca se colocou como um saber neutro, mas um conhecimento utilizado na estruturação de táticas e estratégias.

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1) Faça uma experiência parecida com a de Erastóstenes. Instale, no prumo, uma haste de madeira no solo com a mesma altura em dois locais diferentes, um ao norte e outro ao sul de sua casa. Registre o tamanho da sombra (da haste) de preferência ao meio dia em um dos dois locais. No mesmo horário peça a um colega fazer o mesmo registro no outro ponto. Você não conseguira medir a partir desta experiência o tamanho do Planeta Terra, assim como fez Erastóstenes, mas poderá demonstrar a sua curvatura local.

2) A partir da Plataforma moodle, acesse o site do IBGE e busque os manuais de Geociências.Faça uma leitura das páginas 10 a 12 de “Noções Básicas de Cartografia”.

3) Responda em três linhas. Qual é a relação entre Cartografia e Geografia?

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A Cartografia Teórica

ObjetivOs De aPRenDiZaGem

Identificar as principais correntes da Cartografia Teórica ■

ROteiRO De estUDOs

SEçãO 1 - A gênese da cartografia teórica ■

SEçãO 2 - Teoria da informação e comunicação cartográfica ■

SEçãO 3 - Teoria da modelização ■

SEçãO 4 - Teoria da semiologia gráfica ■

SEçãO 5 - Teoria da cognição ■

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Almir NaboznyJoseli Maria Silva

Marcio Jose Ornat

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pARA INÍCIO DE CONVERSA

Nesta unidade convidamos você futuro professor(a) a uma caminhada

pela chamada “Cartografia Teórica”. Nesse percurso passaremos por

diferentes momentos de discussões teóricas em torno da Cartografia.

São diferentes as preocupações dos autores, entre elas a identificação

do documento cartográfico à uma mensagem, pressupondo, portanto,

uma relação informativa entre um emissor e diferentes interlocutores,

inclusive nós professores!

SEÇÃO 1A gÊNESE DA CARTOgRAfIA TEóRICA

A cartografia buscava se afirmar como um ramo independente do

conhecimento, estabelecendo como foco, a partir de 1930, a produção e

a reflexão voltadas para a Cartografia Temática, disciplina a qual você

cursará na seqüência do curso. Como visto por Rosely e Edison Archela

(2002), a cartografia teórica começou a desenvolver-se, ainda, sob o

domínio da geografia acadêmica, datada do século XIX, orientando seus

objetivos a uma cartografia técnica. Os geógrafos, que se ocupavam

da confecção de mapas, direcionavam sua atenção para as projeções

cartográficas e as cores de mapas, as formas de representação do relevo

e a elaboração de Atlas.

Archela & Archela (2002) em suas reflexões sobre as “Correntes

da Cartografia Teórica e seus Reflexos na Pesquisa”, apontam que os

geógrafos que tinham ligação com as pesquisas regionais (lembrar-se

das disciplinas de Conhecimento Geográfico I e II), possuindo interesse

em mapas, os reconheceram como campo de estudo, tendência esta que

ocorreu na Alemanha com Penk, Koppen, e Hetter.

Nos EUA, o cartógrafo Erwin Raisz (1969) enfatizou os aspectos

científicos e artísticos dos mapas e, após o término da 2ª Guerra Mundial,

o núcleo de discussão da cartografia passa da Alemanha para os EUA

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e para a Inglaterra. Após este momento, a cartografia desenvolve-se de

forma acentuada.

As associações cartográficas de todo o mundo reúnem-se em 1959,

na Associação Cartográfica Internacional (ACI) (veja o link “International

Cartographic Association” através da Plataforma Moodle), constituindo-

se como um foro de trocas teórico-técnicas. A partir de 1966, a ACI definiu

a cartografia como sendo:

O conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas que intervém a partir de resultados de observação direta ou da exploração de uma documentação existente, tendo em vista a elaboração e a preparação de plantas, mapas e outras formas de expressão, assim como sua utilização. (ARCHELA & ARCHELA, 2002, p. 162)

Toda esta movimentação constituiu a década de 70 como o marco

na discussão dos modelos de comunicação cartográfica, buscando o

estabelecimento de uma cartografia teórica. A partir disto, diversos

modelos cartográficos foram desenvolvidos como, a Teoria da Comunicação

Cartográfica, a Teoria da Modelização, a Teoria da Semiologia e a Teoria

da Cognição. Esses tópicos (em itálico) serão desenvolvidos na seqüência

desta disciplina.

SEÇÃO 2TEORIA DA INfORmAÇÃO E COmUNICAÇÃO CARTOgRÁfICA

Quando comparamos um mapa com uma fotografia aérea ou

mesmo com uma imagem de satélite e nos questionamos sobre qual dos

documentos traria mais informações, a primeira impressão é que devido

ao fato de ser um recorte da vida cotidiana, a imagem de satélite ou a

fotografiaaéreatrariamaisinformações.Nãoémesmo?Estáimpressãoé

equivocada, e isso deve ser muito lembrado por você em sala de aula, pois

estes equívocos são muito corriqueiros. Isso se dá devido ao fato de uma

fotografia aérea ou imagem de satélite nunca trazer mais informações

que um mapa.

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O mapa é resultado de uma construção arbitrária e seletiva, podendo

as informações serem ou não salientadas. Com o mapa, também podemos

trabalhar com uma infinidade de escalas, servindo aos mais diversos

propósitos e objetivos. Independente da forma em que a informação é

adquirida, o construtor do mapa tem o objetivo de construir a distribuição

espacial dos fenômenos. Portanto, o mapa é um veículo de informação.

Perceba que as informações não estão desconectadas de sistemas

de sinais ou meios/veículos aptos a transmitir tais sinais e comunicar-

lhes. Portanto, podemos dizer que a teoria da informação inclui a teoria

da comunicação.

A teoria da informação surge na década de 40 como uma teoria

estatística e matemática, originada na área da telegrafia e telefonia,

consolidando-se como disciplina científica, com a função de apresentar

fatos numa ordenação lógica, visando a síntese e desenvolvendo uma

metodologia de valor operacional, aplicável a vários setores e às ciências

humanas (ARCHELA & ARCHELA, 2002).

A teoria da comunicação nasceu para solucionar problemas técnicos

de comunicação. E está reflexão auxiliou na criação de uma nova

abordagem na cartografia, abriu espaço para um caminho de pesquisa

em cartografia chamado de “Comunicação Cartográfica”. A mesma

teoria contribui para a proposta realizada por Kolacny, o qual definiu a

“cartografia como teoria, técnica e prática de duas áreas de interesse: a

criação e o uso dos mapas” (KOLACNY apud QUEIROZ, 2007, p. 140).

Para Kolacny é de fundamental importância que o documento

cartográfico satisfaça as necessidades do usuário em relação à necessidade

do mapa, ao interesse e à tarefa. O propósito do mapa deve estar refletido

em sua estruturação

geométrica (ortogonal e

escalonada) e simbólica.

Acompanhe na figura 5 o

processo de comunicação

cartográfica.

Figura 5 - Modelo do Processo de Comunicação Cartográfica - (KOLACNY

apud CASTRO, 2004)

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Observe que o modelo de comunicação ou processo de comunicação

proposto por Kolacny é composto por uma dinâmica de alimentação e

retroalimentação, é estruturado em duas fases: a primeira fase, (de 1 a 4)

caracteriza-se pela criação do mapa e a segunda fase (de 5 a 7) relaciona-

se ao consumo do mapa. Portanto, o processo de construção do documento

cartográfico não exclui a Realidade, formada pela percepção de mundo,

tanto do cartógrafo como do usuário da carta/mapa. Ambas compõem o

documento cartográfico.

SEÇÃO 3TEORIA DA mODELIZAÇÃO

A Teoria da Modelização foi introduzida no Brasil na década de

1970. Como visto por Rosely e Edison Archela (2002), esta introdução se

fez a partir dos trabalhos realizados no Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), na UNESP de Rio Claro e na UFRJ. O principal

apoio do seu desenvolvimento é a informática. Esta corrente de reflexão

da cartografia tem por referência a afirmação de que o mapa é um modelo

do real, resultado de métodos científicos de investigação.

Um dos primeiros teóricos a apresentar o mapa como um modelo do

real foi Board, em seu trabalho denominado “Ciclo do Modelo Mapa”. Essa

apreensão era subsidiada na necessidade da aceitação de que os mapas

enquanto modelos, são conceituais e generalizações da realidade.

Outro autor, citado por Queiroz (2007) como construtor da Teoria da

Modelização foi Aslanikashvili. Ele concebeu a modelização cartográfica

como um método científico de investigação, e fez uso do mapa para

descrição, análise e cognição científica dos fenômenos naturais ou sociais

(QUEIROZ, 2007).

E partindo do método cientifico de investigação André Libault (1971)

propôs um roteiro com base essencialmente cartográfica, estruturado em

quatro itens:

O compilatório, o correlativo, o semântico e o normativo

Nessa estrutura, o trabalho cartográfico apresenta em um primeiro

momento a compilação, ou seja, o momento em que ocorre o levantamento

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dos dados a serem utilizados nesta representação gráfica, tanto dados

primários (que o pesquisador levanta em campo) como secundários

(informações coletadas em instituições de pesquisa, órgãos de Estado,

etc.).

O segundo momento do trabalho está no nível correlatório, na análise

dos dados segundo aspectos de homogeneidade e comparabilidade,

constituindo uma ordenação espaço-temporal das informações, buscando

estruturar condições que caracterizassem um fenômeno geográfico.

Para Libault (1971) estas correlações devem ser estabelecidas entre

manifestações de um mesmo fenômeno em diversos locais de ocorrência,

segundo as variáveis características e a valoração destas atividades. O

próximo passo é estabelecer um coeficiente de correlação.

O terceiro momento é o semântico, localizando os elementos parciais

dentro de um problema global, estabelecendo uma síntese do fenômeno.

O último momento é o normativo, estruturado a partir da formulação

de um modelo resultante da seleção e correlação das variáveis estudadas,

envolvendo a tradução do resultado em um conjunto de normas

aproveitáveis.

No Brasil, Simielli (1979) aplicou a proposta da teoria da

Modelização na cidade de Jundiaí, a partir da correlação das cartas de

hipsometria, declividade, isotermas anuais, solos, geologia, formas de

processos de erosão e uso do solo. O resultado atingido por Simielli foi a

construção de uma carta de capacidade de uso da terra. Demonstrando a

partir da localização das variáveis estudadas, quais eram os tipos de uso

permitidos ou não permitidos.

Hoje o reflexo mais moderno da teoria da modelização está na

introdução e utilização do SIG, ampliando a capacidade de análise

automatizada das informações espaciais.

Os principais resultados desta orientação teórica encontram-se nos seguintes modelos: Estado Isolado de Von Thuner; Lugares Centrais de Christaller; Localização Industrial de Weber; Centro e Periferia de Freedman; Pólos de Crescimento de Perroux. (ARCHELA & ARCHELA, 2002)

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DICA PARA O(A) FUTURO(A) PROFESSOR(A):

Acesse o ambiente “Território Livre”, através da Plataforma Moodle

e conheça o SIG KOSMO-BR, faça download, leia o tutorial em português,

etc.

SEÇÃO 4TEORIA DA SEmIOLOgIA gRÁfICA

A Semiologia Gráfica é uma das correntes da Cartografia Teórica

que se desenvolveu no Brasil a partir da década de 1980. Esta corrente

se desenvolveu em resposta às dificuldades encontradas principalmente

quanto à representação gráfica. A Semiologia Gráfica “tem suas raízes no

estruturalismo de Ferdinand de Saussure, que criou a Semiologia Geral

como ciência que estuda os signos” (QUEIROZ, 2007, p. 140). Contudo,

seu desenvolvimento teve início na década de 1960 na França, no ano

de 1954, quando Jacques Bertin cria o Laboratoire de Cartographic da

École Pratique des Hautes Études. Entre os anos de 1960 a 1967, período

de experimentação e reflexão, Bertin sistematiza suas análises, definindo

as variáveis visuais, estruturando as primeiras regras de construção da

imagem gráfica, no livro Semiologie Graphique, em 1967.

O segundo momento da Semiologia Gráfica pode ser delimitado entre

os anos de 1967 a 1985, momento este de divulgação e desenvolvimento

dos tratamentos gráficos. Os quais para Bertin (1986) são o tratamento

dos dados a partir de algumas metodologias como a Matriz Ordenável, o

Fichário Imagem, a Coleção de Mapas e a Tabela Ordenada, constituindo-

se como alternativas à estruturação das construções gráficas. Internamente

O Sistema de Informação Geográfica (SIG) é um importante domínio para investigação e intervenção espacial. Embora suas raízes sejam antigas, refere-se, de forma simplificada, ao tratamento computacional de dados georreferenciados, entendendo estes como as informações que contêm um componente espacial, um atributo geométrico ou gráfico, descrevendo um local ou a distribuição espacial de fenômenos geográficos. (Veja na Plataforma moodle o link “ Servidor de mapas do Núcleo Curucutu – SP”.

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a este período, Bertin reedita a obra Semiologie Graphique em 1973 e

lança La Graphique et le traitement graphique de l’information em 1977

(ARCHELA, 2001).

O período de 1967 a 1985 foi o mais produtivo, em que as pesquisas interdisciplinares, foram divulgadas em diversos países, entre eles o Brasil.

Para Archela (2001) o desenvolvimento da Semiologia Gráfica no Brasil aconteceu em três momentos:

1°• momento entre os anos de 1980 a 1985, período da introdução deste enfoque em periódicos de circulação nacional; 2°• momento, de 1985 a 1989, constituído por um grande volume de produção científica, aproximadamente 50 % das publicações;3°• momento, entre 1989 a 1995, período da apresentação de um grande número de dissertações de Mestrado baseadas na Semiologia Gráfica no ensino da Geografia.

Os resultados totais da Semiologia Gráfica à Cartografia Brasileira foram que dos 100% dos trabalhos, 60% relacionavam-se ao ensino, 30% discutindo a própria Semiologia Gráfica, e os outros 10% referindo-se a outras aplicações desta orientação.

Como linguagem cartográfica, a Semiologia Gráfica está fundamentada na Semiótica, que tem por objeto de investigação todas as formas de linguagem, em especial a dos signos, componentes lingüísticos, do sistema de informações cartográficas. Desta forma a Semiologia Gráfica pode ser compreendida como um conjunto de diretrizes que orientam a elaboração de mapas temáticos com o uso de símbolos caracterizadores das informações. (BERTIN, 1986; ARCHELA, 1999, 2001).

A Teoria da Informação demonstra que, quando, a quantidade de informações fornecida em uma superfície não é muito grande, a imagem da informação é percebida num instante. Caso contrário, a visão é levada a explorar a imagem, fixar-se em um certo número de pontos, memorizá-los e realizar a integração. Este processo é estruturado nas três variáveis sensíveis de percepção visual: a Variação de Sinais e duas Dimensões no Espaço Plano, ou seja, a localização do fenômeno com suas coordenadas. Esta forma de apreensão das informações não é natural nem espontânea, requerendo aprendizagem. Portanto, temos a linguagem gráfica como um sistema de significado e significante.

Os Significados são as relações entre as informações a serem apresentadas, que podem ser de diversidade, ordem e proporcionalidade, ou seja, as informações podem

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ser diversas, podem estar em ordem ou podem ser proporcionais. Os significantes são as variáveis visuais que representam graficamente estas relações. Vejamos a figura 6 a seguir:

Os significantes podem ser descritos da seguinte forma:

Tamanho1. : Variação entre pequeno – médio – grande.

Valor2. : Variação de tonalidade do branco ao preto.

Granulação3. : Variação de repartição do preto no branco onde

deve-se manter a mesma proporção de preto e de branco.

Cor4. : Variação das cores do arco-íris, sem variação de

tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade. Usar

Figura 6 - Significantes e Significados de Bertin ³

3 Elaborado por Castro, 2004.

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vermelho, verde e azul é usar a variável cor. Quando a variável

é azul-claro, azul-médio, azul-escuro, a variável é valor.

Orientação5. : São as variáveis de posição entre vertical, oblíqua

e horizontal.

Forma6. : Agrupa todas a variáveis, geométricas ou não.

Assim, você deve perceber que a cartografia é compreendida como

uma forma de linguagem visual, estruturada a partir de leis de percepção

das imagens. Dessa forma, ela deve ser muito utilizada no ensino

geográfico, comunicando informações e possibilitando a apreensão da

realidade, do resultado da relação do homem na superfície da Terra.

SEÇÃO 5TEORIA DA COgNIÇÃO

O mapa para a Teoria da Cognição Cartográfica é avaliado como uma

fonte variável de informação, fonte esta que depende das características

do usuário (GIRARDI, 2000). Esta teoria como método cartográfico

envolve operações mentais como a comparação, a abstração, a análise,

a generalização, a síntese e a modelização cartográfica. Sua Base é a

Psicologia, tendo a Cartografia a preocupação com o processo de leitura

do mapa, demonstrando grande influência da Semiologia Gráfica.

Evidenciando o caráter cognitivo de produtor e usuário/leitor de

mapas, orientados ao processo de comunicação cartográfica, Queiroz

(2007) aponta os principais trabalhos a serem citados, desenvolvidos

por Robinson e Petchenik (1976), Petchenik (1977; 1985), Olson (1979),

Guelke (1979), Gilmartin (1981), Lloyd (1988; 2000) e Montello (2002).

Para a autora, todos os trabalhos tinham por meta desenvolver reflexões

relacionadas aos processos cognitivos pelos quais os usuários de mapas

concebem e compreendem o espaço e suas representações. Consideram,

não apenas os elementos próprios dos mapas, mas principalmente, os

mecanismos que levam os usuários a entendê-los (QUEIROZ, 2007, p.

141).

As principais contribuições da Teoria da Cognição são a construção

de mapas mentais e a alfabetização cartográfica. Assim, o primeiro

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trabalho desenvolvido no Brasil sob esta corrente foi o desenvolvido por

Lívia de Oliveira (1978), baseado em Piaget.

Como visto por Gisele Girardi (2000), a partir dos anos 60, momento

em que a cartografia busca estabelecer-se como campo do conhecimento,

têm-se dois encaminhamentos à discussão cartográfica, a produção técnica

do mapa e a teoria. Nos anos 80 e 90 as várias teorias são reorganizadas

em três linhas de pesquisa atuais (ver figura 7): a linguagem cartográfica,

os sistemas de informação geográfica e a alfabetização geográfica.

Figura 7 - Caminhos da Pesquisa em Cartografia Teórica – (GIRARDI, 2000).

O desenvolvimento de toda a Cartografia Teórica aponta para

a existência de uma grande divergência pautada por oposições de

encaminhamentos. Um dos exemplos de divergência teórica pode ser

colocado entre a Semiologia Gráfica e a Teoria da Informação/Comunicação

Cartográfica. Para a segunda, o processo de comunicação é pautado

na relação linear Emissor – Código – Receptor. Diferentemente desta

concepção, para Bertin (1986) o processo de comunicação cartográfica é

monossêmico, pois redator e usuário do documento cartográfico participam

do mesmo processo, colocando-se na mesma situação perceptiva,

buscando ambos descobrir a informação contida implicitamente nos

dados em relação à diversidade, à ordem e à proporcionalidade.

Outra ponderação realizada por Bertin (1986) refere-se a idéia de

que a construção dos mapas assenta-se sobre o fato de que estes não

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devem apenas responder à pergunta: Onde fica? Necessitam responder a

outras questões como Por quê? Quando? Por quem? Para que finalidade?

Para quem? pois as pessoas que fazem mapas não devem desconsiderar o

contexto em que a informação cartográfica é usada, pois a cartografia não

é neutra. Contudo, todas as teorias apresentam elementos comuns, como

realidade – criador de mapas – usuário de mapas – imagem da realidade,

contribuindo tal fato para o desenvolvimento da cartografia, ganhando o

mapa status efetivo de meio de transmissão de informação e ferramenta

de compreensão da realidade.

Assim, como no exercício proposto em relação à Teoria da Informação

e Comunicação Cartográfica, realize outras atividades de construção de

Representações junto aos seus futuros alunos. Isso contribui imensamente

na fixação e compreensão dos conteúdos tratados, pois é a partir desta

prática que você futuro professor(a), junto com seus alunos, torna-se

construtor do conhecimento.

A Cartografia Teórica não está desconectada do desenvolvimento da cartografia na sua acepção mais ampla. Ela abre-se como uma nova frente de reflexão, buscando representar os mais variados fenômenos, tanto sociais como naturais. Sua discussão não se coloca apenas na produção dos documentos cartográficos, mas também relaciona-se a sua utilização.

Várias correntes colocam-se na posição de reflexão, vendo o mapa de diferentes e até de formas divergentes. Assim, o mapa é visto:

Na Teoria da Informação / Comunicação Cartográfica como um veículo de informação; • Na Teoria da Modelização o mapa é visto como um modelo de real; • Na Teoria da Semiologia Gráfica o mapa é visto como um conjunto de signos; • Na Teoria da Cognição o mapa tido como uma fonte variável de informações, dependendo •

das características do usuário. Mesmo existindo divergências entre as diversas correntes, alguns elementos comuns são

preservados na reflexão, como realidade – criador de mapas – usuário de mapas – imagem da realidade.

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1) Construa uma representação de alguma espacialidade de seu cotidiano (croqui). Estabeleça alguns símbolos padrões, crie legendas. Posteriormente, apresente a representação gráfica a um colega. Se esse conseguir ler a representação construída, o objetivo foi atingido. Caso contrário, ela deve ser repensada. Isso pode ser de grande auxílio para você no entendimento (construção) dos signos cartográficos, o que facilitaria sua leitura de documentos prontos. uma vez que essa é uma linguagem-comunicação.

2) Através da Plataforma moodle, acesse os sites do “INPE” e “Scielo”. Faça uma busca de artigos ou textos tendo como chave de pesquisa a expressão “cartografia”. Depois elabore um resumo, relativo ao um artigo de sua escolha.

DICA: uma atividade possível de realizar com seus futuros alunos é a realização de “croquis mentais”. Dividem-se os alunos em grupos, cada qual com uma prancheta e um lápis, os mesmos deverão sair ao pátio da escola, por exemplo, e fazerem algumas representações desse espaço escolar. Pôr legendas nas figuras representadas sem, entretanto, escrever o que está sendo representado. Depois os grupos deverão trocar os desenhos e escrever nas legendas dos colegas o que cada símbolo representa, de modo que os alunos percebam que a cartografia é uma linguagem, a qual para o seu aprendizado perpassa pelo entendimento da construção de seus signos. Tal como quem aprende as letras, para saber ler um texto.

LEITuRAS COmPLEmENTARES

1) GOmES, m. do C. A. Velhos mapas, novas leituras: revisitando a história da cartografia. In: GEOuSP – Espaço e Tempo, São Paulo, n° 16, p. 67 – 79, 2004.

2) SEEmANN, J. mapas, mapeamento e a cartografia da realidade. In: Geografares, Vitória, n° 4, p. 49 – 60, junho de 2003.

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formas de representação cartográfica

Apropriar-se das formas de representação cartográfica. ■

SEçãO 1 - Cartografia e representação gráfica ■

SEçãO 2 - O Globo ■

SEçãO 3 - O Mapa ■

SEçãO 4 - A Carta ■

SEçãO 5 - As Representações Por Imagem ■

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pARA INÍCIO DE CONVERSA

Muitas vezes no nosso cotidiano, e até mesmo em sala de aula,

utilizamos a palavra “mapa” de forma indiscriminada para se referir a

todos os documentos cartográficos. Na unidade III discutiremos, junto com

você, futuro professor (a), as formas de representação e sua nomenclatura

específica.

As formas de representação por traço e por imagem. Os elementos

que diferenciam um do outro demonstram que, no afinco de representar

a realidade, o cartógrafo busca, a partir dos objetivos traçados, dos

resultados esperados na utilização do documento cartográfico e da

infra-estrutura à disposição na construção da representação, realizar a

construção de um documento cartográfico o mais adequado. Mas, tal

distinção, se faz também na utilização dos documentos cartográficos no

ensino geográfico.

Sendo o documento cartográfico a ferramenta por excelência

da Geografia, a sua utilização deve estar respaldada no conteúdo a

ser trabalhado na sala de aula, referente à amplitude geográfica dos

fenômenos. Assim, cada forma de representação não é excludente às

demais, podendo ser utilizada de forma simultânea, cabendo ao professor

a escolha da mais adequada representação ou do conjunto.

SEÇÃO 1CARTOgRAfIA E REpRESENTAÇÃO gRÁfICA

Em nosso dia a dia, costumeiramente chamamos um objeto onde

fazemos nossas refeições de mesa, e o objeto onde sentamos de cadeira.

Por mais que tenhamos isso como natural, isso não passa de uma

convenção produzida por determinada cultura, convenção esta que é

feita por grupos de pessoas que buscam nomear objetos. Isso também

acontece nos conhecimentos técnicos e científicos.

Em 1966 a Associação Cartográfica Internacional definiu

convencionalmente a Cartografia como sendo o conjunto das operações

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científicas-técnicas que intervêm na realidade, trabalhando com dados

primários ou secundários. Seu objetivo principal é a construção de

material gráfico, para representação da superfície da Terra.

Contudo, esta representação da superfície terrestre pode ser feita

de duas formas: por traço e por imagem. Nesta seção, trataremos com

você destas duas formas gerais de representação:

O Globo, o Mapa e a Planta, representações por traço;•

O Mosaico, a Fotocarta, a Ortofotocarta, o Ortofotomapa, o •

Fotoíndice e a Carta Imagem, representações por imagem.

SEÇÃO 2O gLOBO

O primeiro a representar o planeta Terra como um globo, segundo

Cêurio de Oliveira (1988), foi o cosmógrafo e navegador alemão Matinho

Behain, em 1491. Utilizou para sua representação gráfica o planisfério de

Henrique Martello, atualizado pela viagem portuguesa à África.

A partir desta construção, os globos terrestres passaram a ser

construídos com freqüência, não apenas globos geográficos, mas celestes.

Mercator, em 1541, construiu um globo para aplicação náutica. No

entanto, o mais conhecido fabricante de globos foi o cosmógrafo oficial

de Veneza, Vincenzo Corenalli, medindo a maioria de seus globos 1,5

m de diâmetro (veja na Plataforma Moodle o link “ Globo de Vincenzo

Corenalli”).

Podemos definir o globo como uma das melhores formas de

representação da superfície da Terra, devido à similaridade do real com

o reproduzido. Todavia, possui algumas desvantagens, relacionadas à

escala4 pequena em que é concebido. Na maioria das vezes, é produzido

sem apresentar detalhes topográficos, os quais são visíveis, por exemplo,

em representações de maior escala, como as cartas topográficas.

A utilização inadequada do globo resulta na seguinte frase: o norte

fica para cima, não é professor (?)!

4 Maiores detalhes referentes à questão da Escala Cartográfica serão abordados na disci-plina de Cartografia II. Todavia, ao cursar essa próxima disciplina lembre-se de compa-rar a Escala Cartográfica com a discussão de Escala Geográfica, presente na disciplina de Conhecimento Geográfico II.

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Devemos lembrar que não existe acima ou abaixo no universo.

Da mesma forma, isso não pode ser verdade em relação ao planeta. A

melhor utilização do globo é orientando o norte desta representação em

relação ao norte geográfico da escola. Isso desconstrói um conjunto de

mal entendidos que trazemos para a escola. Essa é a melhor forma para

que você, futuro professor(a), trabalhe o globo em sala de aula.

SEÇÃO 3O mApA

A representação denominada Mapa, segundo o Manual Técnico em

Geociências do IBGE (1999), relaciona-se a uma representação plana e em

escala pequena, representando uma área delimitada por características

físicas ou político-administrativas.

No Dicionário Cartográfico, de Cêurio de Oliveira, o mapa é concebido

como “uma representação gráfica, geralmente em uma superfície plana e

em determinada escala, das características naturais e artificiais, terrestres

ou subterrâneas, ou ainda de outro planeta” (OLIVEIRA 1987, p. 322).

Para o autor, as feições geográficas são localizadas o mais próximo das

suas áreas de ocorrência, sendo fundamental a existência de uma relação

entre as informações e uma malha de coordenadas.

Segundo o tipo de usuário do mapa e o objetivo da sua construção,

podemos classificar os mapas em: Mapas Gerais, Mapas Específicos e

Mapas Temáticos.

O mapa geral é aquele que atende a uma plêiade de possibilidades

de utilização e de usuários. Um exemplo deste tipo de representação pode

ser o mapa do Território Nacional na escala 1: 5.000.000. O qual contém

além do limite político-administrativo, as principais informações sócio-

naturais.

Porém, se as informações são gerais, elas são insuficientes a

diversas atividades como, por exemplo, a medição entre duas cidades.

Essa leitura de distâncias pode ser realizada, todavia, com resultados

sempre aproximados.

Já os mapas específicos são feitos objetivando atender a uma clientela

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específica, como por exemplo, um mapa náutico, um mapa magnético,

etc. Como notado, estas formas de representação são destinadas à

demonstração de fenômenos específicos, fixados aos assuntos e atividades

aos quais estão ligadas na atividade de sala de aula, por exemplo.

Em relação aos mapas temáticos, esta representação ocorre sobre

um fundo geográfico básico, que busca representar fenômenos os

mais variados possíveis, como fenômenos geológicos, populacionais,

econômicos, etc.

Assim, devemos utilizar em sala de aula mapas adequados aos

nossos objetivos de ensino, não como um objeto ornamental de sala de

aula.

SEÇÃO 4A CARTA

A Carta é uma representação plana, com escala média a grande, cujos limites são constituídos por coordenadas, relacionadas a séries cartográficas. Segundo Cêurio de Oliveira (1987), a carta busca representar os aspectos naturais e artificiais do planeta Terra, que permitem a quantificação precisa de distâncias, direções e localizações.

A principal distinção do mapa em relação à carta é que esta é produzida em folhas, de forma sistemática, que obedecem a um plano nacional ou internacional. Um exemplo típico seriam as cartas ao milionésimo, do mapeamento sistemático internacional que produziu cartas na escala 1: 1.000.000, já tratada em tópicos acima.

As cartas, assim como os mapas, podem ser agrupadas ou classificadas, agora não pelo objetivo a ser alcançado, mas em relação à escala em que foi produzida. Podemos, desta forma, agrupar as cartas em três categorias: cartas em grande,pequenaemédiaescala.

Uma carta em escala grande, detalhada ao extremo e com grande precisão métrica, pode ser denominada de Carta Cadastral. É um tipo de representação consagrada ao cadastro urbano, mas também orientada à implantação de obras de engenharia. Oliveira (1988) aponta que se incluem entre as cartas em grande escala as cartas com escala 1: 500, 1: 1.000, 1: 2.000 e 1: 5.000.

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Outro elemento que deve ser levado em consideração é o fato de que, quando temos uma carta em escala grande, significa que o nível de detalhamento é maior em relação a outra carta com escala menor. Onde consequentemente o nível de detalhamento é menor. Isso deve ser muito bem trabalhado junto aos seus futuros alunos, para que quando você for trabalhar com Escala, não se produzam inconvenientes futuros, no tocante a esta relação entre distância gráfica (no documento cartográfico) e a real (medida encontrada em campo).

Depois desta atenção, podemos considerar as cartas em escala média os documentos que possuem as cartas com escala de 1: 25.000, 1: 50.000, 1: 100.000 e 1: 250.000. Estas também podem ser denominadas de cartas topográficas. O documento que tem esta denominação carrega consigo tanto informações de caráter natural como social, permitindo determinações tanto altimétricas como planimétricas. Da mesma forma que a variação das cartas topográficas é considerável, sua utilização também o é.

As cartas que possuem escala de 1: 500.000 ou menores podem ser denominadas de cartas em escala pequena ou cartasgeográficas. De acordo com o Dicionário da Associação Cartográfica Internacional, visto por Oliveira (1988), denomina-se carta geográfica a carta elaborada em uma escala muito pequena que permite uma apresentação geral dos dados de uma região, regiões ou continente. A representação de localidades ou do relevo é sempre aproximada, buscando sempre dar uma noção das diferenças de nível contidas neste recorte espacial.

SEÇÃO 5AS REpRESENTAÇõES pOR ImAgEm

Referente às formas de representação por Imagem, a relação

entre o produto e as suas características podem ser diferenciadas em

representações por Mosaico, Fotocarta, Ortofotocarta, Ortofotomapa,

Fotoíndice e a Carta Imagem.

A representação por Mosaico entende-se como um conjunto de fotos

aéreas de determinada área, montada de forma a dar a impressão de que

Sempre quando falamos que uma carta ou um mapa está em escala grande, primeiramente temos de levar em consideração de que este grande ou pequena é sempre em relação a outra carta com escala distinta.

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todo o conjunto é uma única foto. Podem ser classificadas como:

“Mosaico controlado”, quando as fotografias são montadas a •

partir de correção, utilizando-se de coordenadas geográficas;

“Mosaico não-controlado”, quando é preparado apenas a partir •

do ajuste das fotografias;

“Mosaico semi-controlado”, quando usa um controle de terreno •

com fotos não corrigidas, ou fotos corrigidas, mas sem pontos de

controle.

A forma de representação por Fotocarta é um mosaico resultante de

um tratamento cartográfico planimétrico.

Já a Ortofotocarta é a transformação de uma fotografia, com

projeção central do terreno, para um documento com projeção ortogonal,

já contendo elementos de um mapa.

O Ortofotomapa é um conjunto de várias ortofocartas de uma

determinada região.

O Fotoíndice é uma montagem por sobreposição de fotografias

formando um índice cartográfico.

Por fim a Carta Imagem é uma imagem georreferenciada, contendo

as características de um mapa-carta.

Como você pode notar nessa unidade, a Cartografia, a partir de seu conjunto de operações científicas e técnicas, intervém na realidade buscando construir uma representação da realidade. Podemos escolher a forma de representação adequada, dependendo dos objetivos traçados, dos resultados esperados na utilização do documento cartográfico e da infra-estrutura disponível. Portanto, cada tipo de representação refere-se a propósitos específicos. Isso deve ser levado em consideração na sua utilização em sala de aula.

Assim, a utilização de cada tipo de representação Cartográfica na atividade docente liga-se aos objetivos esperados da utilização de cada artefato específico, referente a mensuração geográfica de cada fenômeno. Tais formas de representação não são excludentes, podendo ser utilizadas de forma simultânea, como por exemplo, na utilização do mapa do Brasil, com o mapa do Paraná, com uma carta específica do local em questão, em conjunto com Cartas Imagem e Fotocartas.

O que cabe a você futuro (a) professor (a) de geografia é escolher a representação, ou o conjunto de representações mais adequadas, maximizando o processo de ensino -aprendizagem do conhecimento geográfico.

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1) Em relação às formas de representação por Imagem, a relação entre o produto e as suas características pode ser descrita da seguinte forma (COmPLETE A IDÉIA):

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formas de representação do planeta Terra

Apreender as formas de representação do Planeta Terra. ■

Compreender as Projeções Cartográficas. ■

SEçãO 1 - Forma da Terra ■

SEçãO 2 - Sistema de coordenadas ■

SEçãO 3 - Projeções cartográficas ■

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pARA INÍCIO DE CONVERSA

Nosso objetivo com a elaboração desta unidade é trazer a você uma

leitura que demonstra a busca humana que data de mais de 2.000 anos,

a procura pela melhor forma de representação da superfície do Planeta

Terra. Um caminho que passa pela necessidade de estabelecimento da

forma da Terra. Pelas projeções utilizadas na transformação de uma

superfície curva, no caso o Planeta Terra, a uma superfície plana, no caso

o documento cartográfico, envolvendo noções de Topografia, Altimetria e

Planimetria.

SEÇÃO 1fORmA DA TERRA

A forma de nosso planeta é um tema que há muito tempo vem sendo

objeto de pesquisa e reflexão, pois fazendo um apanhado na história,

desde a Grécia, este é tema de discussão. Devido ao fato de a forma da

Terra não ser estática, mas resultado dinâmico de processos internos e

externos, ela não serve como referencial sistemático para estabelecimento

de coordenadas relacionadas ao planeta Terra. No modelo real, inexistem

definições matemáticas para sua representação. Assim, devemos buscar

modelos que representem o Planeta Terra da forma mais aproximada

possível.

Considerando toda a história da Cartografia, o primeiro modelo

a representar a Terra era o disco. Mas, a partir dos experimentos de

Eratóstenes e Possidônio, o sólido adotado foi uma superfície matemática

simples, a Esfera. Mas o modelo esférico é o mais distante da realidade,

devido ao achatamento dos pólos.

Uma segunda proposta foi o Geóide. Segundo o matemático alemão

Carl Gauss (1777-1855), a forma do planeta é o Geóide, correspondendo

à superfície do nível médio dos oceanos, supostamente homogêneo. Este

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seria derivado da força de atração da gravidade e da força centrífuga de

rotação da Terra. Devido ao fato de os diversos materiais que compõem

o planeta não serem homogêneos, estes se comportariam de diversas

formas frente à força gravitacional. As águas oceânicas buscariam um

equilíbrio, procurando ajustar-se a estas forças de gravidade e rotação.

Contudo, este modelo se mostrou muito complexo, nascendo à busca

de um modelo mais simples para a representação da Terra. Buscando

resolver o problema, lança-se mão de uma figura, a Elipse, que girando

sobre seu eixo produziria um sólido, um Elipsóide de Revolução (ver

figura 8 ).

Figura 8 - Elipsóide

Desta forma, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos

cálculos que fornecem subsídios para a elaboração de representações

cartográficas. O modelo Elipsoidal é o mais usual de todos os modelos.

No Brasil, é utilizado o Elipsóide de Referência Internacional – 1967

(SAD-69). O qual apresenta a vantagem de ser uma figura conhecida da

matemática, cujos elementos são perfeitamente dedutíveis.

Cada país adotou um elipsóide de referência para trabalhos

geodésicos e topográficos, aproximando-se do geóide da região

considerada. As características do Elipsóide (tamanho, características),

e sua posição relativa ao Geóide, definem um SISTEMA GEODÉSICO

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(Datum Geodésico).

Como podemos

ver na figura 9,

três superfícies

devem ser levadas

em consideração

na construção de

representações da

superfície da Terra: o

Elipsóide, o Geóide

e a Superfície

Topográfica.

No Brasil adota-se o SAD – 69 (Sistema Geodésico Sul Americano),

com suas características:

Elipsóide de referência – UGGI 67 (União Geodésica e Geofísica •

Internacional (Semi-eixo maior 6.378.160 m; semi-eixo menor

6.356.774,72 m));

Origem das Coordenadas – Vértice Chuá (MG) Latitude – •

19°45’41,6527”S e Longitude – 48°06’04,0639”W. Altura Geoidal

= 0 m.

SEÇÃO 2SISTEmA DE COORDENADAS

A construção de uma representação cartográfica exige o

estabelecimento de um método onde cada ponto da superfície da Terra

corresponderá a um ponto na representação cartográfica e vice-versa.

O Sistema de Coordenadas é de fundamental importância para

expressarmos a localização dos pontos sobre uma esfera, elipsóide

ou plano. É com base no Sistema de Coordenadas que descrevemos

geometricamente a superfície terrestre. Todavia, existem especificidades

em relação ao emprego dos Sistemas de Coordenadas.

Para o Elipsóide ou Esferóide empregamos um sistema de

Figura 9 – Relação entre as três superfícies

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coordenadas Cartesiano e Curvilíneo, composto por paralelos e meridianos

como por exemplo um Globo.

Para o Plano, no caso relacionado ao Mapa ou à Carta, empregamos

um Sistema de Coordenadas Cartesiano, composto pelas variáveis x e y.

Para podermos, de certa forma, amarrar os pontos a serem representados,

necessitamos de uma terceira coordenada, denominada de altitude.

Observação:

Quando relacionada •

ao Geóide de altitude

ortométrica,

Quando relacionada ao •

Elipsóide de altitude

geométrica, como pode

ser visto na figura 10:

Figura 10 – Altitude Geométrica e Ortométrica – MAPGEO 2004 – IBGE

Independente do fato da utilização de um esferóide, de um elipsóide

ou de uma superfície plana, qualquer coordenada é constituída pela

junção ou cruzamento de duas informações: Latitude e Longitude.

Quando temos a

Esfera como referência,

temos latitude e longitude

geográfica, as quais você

pode observar na figura 11.

Figura 11 – Sistema de Coordenadas Geográficas

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A latitude geográfica é entendida pelo arco contado sobre o

meridiano do lugar e que vai do Equador até o lugar considerado;

A longitude geográfica é compreendida pelo arco cortado sobre o

Equador, que vai do Meridiano Greenwich até o Meridiano do referido

lugar.

Mas quando temos, ao invés de um Esferóide, um Elipsóide, os

elementos são alterados. Vejamos a figura 12.

Figura 12 – Sistema de Coordenadas Geodésico

Quando temos o Elipsóide como referência, temos latitude e

longitude geodésica:

A latitude geodésica é o ângulo formado pela normal (fio de prumo),

ao elipsóide de um determinado ponto e o plano do Equador;

A longitude geodésica é o ângulo formado pelo plano meridiano

do lugar e o plano meridiano tomado como origem, no caso Greenwich,

como visto na figura 12.

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Figura 13 – Sistema de Coordenadas Planas

Quando temos o Plano

como referência, temos a

latitude relacionada ao eixo das

ordenadas (y), e a longitude

relacionada ao eixo das

abscissas (x), como você pode

averiguar na figura 13.

SEÇÃO 3pROJEÇõES CARTOgRÁfICAS

O principal problema da construção de documentos cartográficos

que busquem a melhor aproximação das feições da superfície da Terra

assenta-se sobre o fato de que é matematicamente impossível transformar

uma superfície curva irregular, no caso a superfície do planeta, em uma

superfície plana regular, no caso o documento cartográfico.

Para que esta empreitada tenha êxito, devemos utilizar uma superfície

de referência. Como visto anteriormente a superfície utilizada atualmente

para tais transformações é o Elipsóide.

Mesmo sendo possível tal transformação, não existe uma solução

perfeita para o problema, não existindo nenhuma projeção livre de

deformações, pois a única forma de obtenção de uma representação mais

próxima do real, seria a construção de um Globo ou a construção de uma

representação em bloco de 3 dimensões (veja na Plataforma Moodle o link

“Modelo Digital de Terreno”).

Assim, todas as formas de representação de superfícies curvas em

superfícies planas envolvem extensões ou contrações que resultam em

distensões ou rasgos. Portanto, seria ideal produzir uma representação que

reunisse todas as características da Terra, possuindo as propriedades de:

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Conformidade de formas•

Equivalência de áreas•

Equidistância de pontos•

Uma vez que, a proposta acima citada não tem possibilidade de

existência, o processo de representação de uma superfície curva em uma

superfície plana é compreendido pelas seguintes etapas:

1° - Adotar um modelo matemático da Terra: Esfera ou Elipsóide de

Revolução.

2° - Projetar os elementos da superfície da Terra sobre o modelo

escolhido.

3° - Relacionar os pontos do modelo matemático da Terra ao plano

de representação (carta).

Dessa forma todos os mapas são representações aproximadas

da superfície terrestre, porque a Terra, esférica, é desenhada em uma

superfície plana. Não podemos transformar uma superfície irregular

numa representação plana a não ser por meio de uma anamorfose de

acordo com André Libault (1975).

A elaboração de um mapa consiste em um método, segundo o qual

se faz corresponder a cada ponto da Terra, em coordenadas geográficas ou

geodésicas, um ponto no mapa, em coordenadas planas, estando sujeitos

a limitações e distorções.

De acordo com Nadal (1997) a física utiliza-se para tal transformação

de um sistema óptico de lentes reproduzindo em detalhes uma área

esférica sobre uma tela e, por esse motivo, em quase todos os idiomas foi

adotada a palavra projeção, o que torna esta palavra pouco precisa, pois,

na maioria das vezes, o que se tem é uma correspondência matemática e

não física.

As representações cartográficas podem ressaltar ou omitir

determinadas informações, de acordo com o objetivo de quem as propõe.

Para se obter essas correspondências, utilizam-se os sistemas de projeções

cartográficas, que em linhas gerais são:

“Uma correspondência matemática entre coordenadas plano-

retangulares da carta e as coordenadas esféricas da Terra” (LIBAULT,

1975, p.105).

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Trabalhamos sempre com aproximações, não existindo soluções perfeitas para tais transformações. Ainda que estejamos incorrendo numa simplificação, tomemos de empréstimo o exemplo proposto em “Noções Básicas de Cartografia” (IBGE, 1999) em que é sugerido tentar coincidir a casca de uma laranja com a superfície plana de uma mesa. Façamos isso e poderemos ter uma noção das distorções a que submeteríamos a casca. Ela expressa a impossibilidade de uma solução perfeita – livre de deformações. A superfície da Terra é uma superfície curva irregular, porém aproxima-se de um elipsóide.

Pode-se transformar o elipsóide em uma esfera com a mesma

superfície: constrói-se um globo terrestre. Entretanto, um mapa plano é

de fácil manuseio e extremamente útil para uma série de finalidades em

sala de aula.

Nesse sentido o que se advoga é a escolha de representações que

sejam mais favoráveis aos nossos propósitos, seja quando da construção

de uma carta, ou quando da escolha de um documento cartográfico pronto

para utilização em uma sala de aula, por exemplo.

Existem diferentes projeções cartográficas, uma vez que há uma

variedade de modos de projetar sobre um plano os objetos geográficos

que caracterizam a superfície terrestre.

Como a superfície da Terra é curva e irregular, é impossível fazer

uma cópia plana desta superfície sem desfigurá-la ou alterá-la. Nesse

processo, poucas grandezas podem ser mantidas.

Por isso, deve-se escolher entre uma possível conservação dos

ângulos, uma proporcionalidade das superfícies ou um outro método que

reduza os efeitos da deformação, levando-se em conta o que pretende

analisar no mapa. Conceitua-se então grau de deformação.

Conseqüentemente, torna-se necessário classificá-las sob seus

diversos aspectos, a fim de melhor estudá-las.

Classificação das Projeções Cartográficas

Analisam-se os sistemas de projeções cartográficas pelo método

adotado, tipo de superfície, grau de deformação e quanto ao tipo de

contato entre as superfícies de projeção e referenciais:

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1) Quanto Ao Métodoa) Geométrica b) Analítica

2) Quanto à Superfície de Contato

a) Planas (Azimutais)b) Cônicasc) Cilíndricasd) Poli-superficiais

3) ) Quanto às Propriedades

a) Eqüidistantesb) Conformes ou isogonais c) Equivalentes ou isométricasd) Afiláticas

4) Quanto ao tipo de tontato entre as Superfícies de Projeção e Referências

a)Tangentesb)Secantes

1) Quanto ao Métodoa) Geométricas: como o próprio nome sugere, baseiam-se em

princípios geométricos projetivos, existindo uma significação física para

a projeção. Partindo de um centro o feixe de retas passa por pontos de

uma superfície de referência, sendo obtida pela intersecção dessas retas

na superfície de projeção.

b) Analíticas: baseiam-se em leis matemáticas, para atender a um

objetivo prévio. É o caso da maioria das projeções existentes.

2 ) Superfície de Projeçãoa) Planas (Azimutais): podem assumir três posições básicas em

relação à superfície de referência: polar, transversal (equatorial) e oblíqua

(horizontal).

b) Cônicas: podem ser desenvolvidas em um plano sem que

haja distorções. Sua posição pode ser: normal, transversa e oblíqua

(horizontal).

c) Cilíndricas: podem ser desenvolvidas em um plano. Suas posições

em relação à superfície a ser projetada podem ser: equatorial, transversa

e oblíqua (horizontal).

d) Poli-superficiais: quando é utilizada mais de uma projeção

(mesma projeção) o que aumenta a superfície de contato, diminuindo as

deformações.

Vejamos abaixo o quadro que demonstra toda a classificação

sugerida a seguir:

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Figura 14 – Superfícies de Projeção (IBGE, 1999)

3) Propriedadea) Equidistantes: não apresentam distorções lineares para algumas linhas

em especial. Os comprimentos são representados em escala uniforme. Conservam a proporção entre as distâncias, em determinadas direções, na superfície representada.

b) Conformes ou isogonais: os ângulos apresentam-se sem deformação.

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Não deformam pequenas regiões mantendo fidelidade aos ângulos observados na superfície de referência da Terra, o que significa que as formas de pequenas feições são mantidas. Isto, porém, causa distorções nas áreas dos objetos representados no mapa.

c) Equivalentes ou isométricas: não alteram áreas. Conservam a relação constante com a superfície da Terra (relações de superfície) , em qualquer porção do mapa representada.

d) Afiláticas: não possuem nenhuma propriedade das demais projeções em específico.

4) Tipos de contatoa) Tangentes: a superfície de projeção é tangente à referência. No

plano é um ponto, no cone ou cilindro uma linha.

b) Secantes: a superfície de projeção secciona a de referência. No

plano é uma linha, no cone duas linhas desiguais, no cilindro duas linhas

iguais. Vejamos a figura 15.

Figura 15 – Tipos de Contato Secante

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1) De que formas podem ser classificadas as Projeções Cartográficas? Quais são as projeções mais utilizadas hodiernamente?

2) De quais formas a humanidade, através da sua história, representou a forma do planeta Terra?

Leituras Complementares

1)Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia / Departamento de Cartografia – Rio de Janeiro: IBGE, 1999, 130 p. (Plataforma moodle).

2)OLIVEIRA, C. de. Dicionário Cartográfico. 3 Ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1987, 645 p.

Vejamos a seguir o quadro retirado do tutorial do Sistema para

Processamento de Informações Georeferenciadas – SPRING (Software

desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE)

(Veja na Plataforma Moodle)

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Projeção Classificação Aplicações Características

Albers Cônica Equivalente

Mapeamentos temáticos. Serve

para mapear áreas com extensão

predominante leste-oeste.

Preserva áreas.

Substitui com vantagens todas

as outras cônicas equivalentes.

Bipolar Cônica ConformeIndicada para base cartográfica

confiável dos continentes americanos.

Preserva ângulos.

É uma adaptação da Cônica de

Lambert.

Cilíndrica

Equidistante

Cilíndrica

Equidistante

Mapas Mundi.

Mapas em escalas pequenas.

Trabalhos computacionais.

Altera áreas.

Altera ângulos.

GaussCilíndrica

Conforme

Cartas topográficas antigas.

Mapeamento básico em escala média

e grande.

Altera áreas (mas as distorções

não ultrapassam 0,5%).

Preserva ângulos.

Similar à UTM com defasagem

de 3 de longitude entre os

meridianos centrais.

Estereográfica

PolarPlana Conforme

Mapeamento das regiões polares.

Mapeamento da Lua, Marte e

Mercúrio.

Preserva ângulos.

Oferece distorções de escala.

Lambert Cônica Conforme

Cartas gerais e geográficas.

Cartas militares.

Cartas aeronáuticas do mundo.

Preserva ângulos.

Lambert Million Cônica Conforme Cartas ao milionésimo. Preserva ângulos.

MercatorCilíndrica

Conforme

Cartas náuticas.

Cartas geológicas e magnéticas.

Mapas Mundi.Preserva ângulos.

Miller Cilíndrica Mapas Mundi.

Mapas em escalas pequenas.

Altera ângulos.

Altera áreas.

No_Projection Plana

Armazenamento de dados que não

se encontram vinculados a qualquer

sistema de projeção convencional

(desenhos, plantas, imagens brutas ou

não georeferenciadas, etc.).

Sistema local de coordenadas

planas.

Policônica Cônica Mapeamento temático em escalas

pequenas.

Altera áreas e ângulos.

Substituída pela Cônica

Conforme de Lambert nos mapas

mais atuais.

Latlong -

Aramazenamento de dados matriciais

com resolução espacial definida em

graus decimais.

Geometria idêntica a da projeção

cilíndrica equidistante.

SinusoidalPseudo-cilíndrica

Equivalente

Mapeamentos temáticos em escalas

intermediárias e pequenas.Preserva áreas.

UTMCilíndrica

Conforme

Mapeamento básico em escalas

médias e grandes.

Cartas topográficas.

Preserva ângulos.

Altera áreas (mas as distorções

não ultrapassam 0,5%).

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Noções de topografia

Apropriar-se das noções de Topografia na leitura do terreno. ■

SEçãO 1 - Definições iniciais ■

SEçãO 2 - Altimetria e leitura do terreno ■

ObjetivOs De aPRenDiZaGem

ROteiRO De estUDOsU

NID

AD

E V

Almir NaboznyJoseli Maria Silva

Marcio Jose Ornat

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pARA INÍCIO DE CONVERSA

A Topografia é a ciência que estuda uma área de terra limitada, com

pequenas porções da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura

da Terra, utilizada para demarcações de áreas, cadastramentos técnicos,

etc. Trata-se de um conhecimento especializado. Contudo, importante para

estudarmos as questões de relevo, por exemplo, em que, aqui, nos cabe

entendermos alguns aspectos de suas representações com a utilização

das noções de topografia para o ensino geográfico.

SEÇÃO 1DEfINIÇõES INICIAIS

Segundo o Dicionário Cartográfico editado pelo IBGE, de autoria

de Cêurio de Oliveira (1987), a palavra Topografia está relacionada a três

acepções.

Uma primeira diz respeito a uma configuração específica da •

superfície de determinado planeta, não sendo apenas reservada

à Terra. Tal configuração inclui o relevo, as posições de cursos

d’água, estradas, aglomerações populacionais, etc. Como visto

nas palavras do autor, Topografia se entende por

O conjunto de características naturais e físicas da Terra. Um acidente simples, como uma montanha ou um vale, é denominado de acidente topográfico. A topografia é subdividida em hipsografia (os aspectos do relevo), em hidrografia (a água e os aspectos relativos à drenagem), em cultura (a obra do homem) e em vegetação. (OLIVEIRA, 1987, p. 538)

Uma outra conotação referente à palavra relaciona-se aos •

aspectos da oceanografia, referentes a extensões submarinas.

Todavia, a concepção que nos cabe discutir é a que consideramos •

de maior relevância tanto no ensino da geografia como na

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prática como professor(a), relacionada a um ramo específico

do conhecimento, entendendo topografia como “a ciência da

representação dos aspectos naturais e artificiais de um lugar ou

de uma região, especialmente no modo de apresentar as suas

posições e altitudes” (OLIVEIRA, 1987, p. 538). Este termo

inclui, segundo o autor, outros ramos do conhecimento, como

a Geodésia, a Geografia, a Geofísica, a Fotogrametria, as Artes

Gráficas, tendo em seu conjunto o objetivo de construir uma

forma de informação geográfica.

Para Domingues (1979) a palavra topografia é derivada das palavras

gregas topos (lugar) e graphen (descrever), significando a descrição exata

e minuciosa de um lugar. Segundo o autor, este ramo do conhecimento

tem por objetivo a determinação do contorno, da dimensão e da posição

de uma porção determinada da superfície do Planeta Terra, fundo de

mares e interior de minas, além da locação de projetos de Engenharia.

Suas áreas de atuação relacionam-se a:

a) Engenharia Civil:

Edificação: levantamento plani-altimétrico do terreno para •

execução de projeto; locação de projeto.

Estradas (rodovias e ferrovias): reconhecimento do terreno; •

levantamento plani-altimétrico; locação da linha básica;

terraplenagem (volume de corte ou aterro); controle e execução

e pavimentação; implantação de sinalização horizontal.

Barragem: levantamento plani-altimétrico; determinação das •

áreas submersas; controle e execução de prumadas, níveis e

alinhamentos.

b) Engenharia Mecânica: locação de base de máquinas e nas montagens

mecânicas de alta precisão.

c) Engenharia Eletrotécnica: utilizada nas hidrelétricas, subestações e

linhas de transmissão.

d) Engenharia de Minas: levantamentos de galerias de mineração.

e) Agricultura: definição das curvas de nível e desnível para as

plantações e irrigações.

Para que os levantamentos topográficos sejam mais próximos do

real, faz-se necessária a utilização de processos de medidas referenciadas

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na geometria aplicada. Os elementos geométricos referentes a ângulos

e distâncias são obtidos por instrumentos topográficos, como Teodolitos,

Níveis Óticos, etc. Assim, podemos observar na figura 16.

Figura 16 – Levantamento Planimétrico do Perímetro Urbano do Município de Ponta Grossa – Paraná OpenJUMP – Vivid Solutions Inc.

Contudo, para uma representação fidedigna da superfície da Terra,

faz-se necessário, além da utilização das medidas correspondentes a x e y,

o levantamento da medida referente ao z, dizendo respeito às diferenças

de altitude ou altura do terreno.

As informações relacionadas a x e y referem-se à Planimetria,

estruturada na obtenção de ângulos e distâncias horizontais servindo

na projeção dos pontos encontrados no terreno à sua representação

cartográfica no plano, como visto na figura 16.

Já a Altimetria, a qual pode ser percebida na figura 17, refere-se aos

métodos e instrumentos empregados no levantamento e representação do

relevo da superfície do planeta.

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Além dos métodos acima descritos, uma das formas de levantamento

de informação sobre a superfície do planeta relaciona-se a utilização de

fotografias aéreas, atividade denominada de Fotogrametria.

Esta atividade entende-se pelo levantamento de informações por

meio de fotografias tomadas de pontos da superfície terrestre, a partir

de equipamentos como câmeras fotográficas apropriadas, instaladas em

aeronaves.

Os levantamentos topográficos possuem limitações em relação ao

tamanho das áreas a serem levantadas. O limite de tais levantamentos,

segundo o Manual Técnico do IBGE (1999), é de 10 km de raio5 ,

denominado de horizonte topográfico. Esta medida está relacionada

ao fato de que acima deste limite, a curvatura da Terra produzirá erros

que não poderão ser evitados nem pelo operador, nem pela precisão dos

aparelhos.

No levantamento de campo, propriamente dito, sempre teremos de

ter três informações, ou duas distâncias e uma elevação (x,y,z), ou uma

distância, uma elevação e uma direção (distância, cota, azimute/rumo).

Normalmente, em campo são utilizados o levantamento de distâncias,

Figura 17 – Levantamento Altimétrico do Perímetro Urbano do Município de Ponta Grossa – Paraná Bloco 3 Dimensões - OpenJUMP – Vivid Solutions Inc.

5 Ou uma área correspondente a 400 km².

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direções e elevações. Para a realização

de medições angulares é utilizado

o teodolito, e para verificação de

diferenças altimétricas o nível.

Desta forma, devemos considerar

a utilização de rumos ou azimute,

compreendendo a distinção entre

ambos, vistos na figura 18.

RUMO• : é o ângulo formado pela direção norte-sul. Pode partir

tanto do norte como do sul, podendo ser medido tanto no

sentido horário como anti-horário. Varia de 0° a 90° obedecendo

o quadrante localizado.

AZIMUTE• : é o ângulo formado pela direção norte e a direção

a ser seguida no campo. Mede-se sempre a partir do norte em

sentido horário (0°-360°).

SEÇÃO 2ALTImETRIA E LEITURA DO TERRENO

O mapeamento das feições do relevo sempre constituiu um sério

problema, ao contrário da facilidade do delineamento de detalhes

horizontais do terreno. Diversas estratégias são utilizadas na produção

de uma representação em duas dimensões, de informações em três

dimensões. As formas de representação são:

Curvas de Nível;•

Perfis Topográficos;•

Relevo Sombreado;•

Cores Hipsométricas.•

1 HECTARE = 10.000 m² • 1 ALQuEIRE (mINEIRO) = 48.400 m² • 1 ALQuEIRE (PAuLISTA) = 24.200 m² • 1 ALQuEIRE (NORTE DO BRASIL) = 27.255 m²•

Figura 18 – Configuração de Rumo e Azimute

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Cores Hipsométricas

É o método por excelência para representar o relevo, permitindo ao

usuário a leitura do valor aproximado da altitude do terreno em qualquer

local da carta. Constitui-se de uma linha imaginária no terreno, onde

todos os pontos desta linha possuem a mesma altitude, geralmente em

relação ao nível do mar, como veremos na figura 19.

Figura 19 – Modelo Hipsométrico

A eqüidistância das curvas não significa a distância de uma em

relação a outra, mas a eqüidistância altimétrica entre elas. Assim, esta

eqüidistância varia conforme a escala da carta, recomendando-se:

Escala Eqüidistância Escala Eqüidistância

1:500 0,5 m 1:100000 50,0 m

1:1000 1,0 m 1:200000 100,0 m

1:2000 2,0 m 1:250000 100,0 m

1:10000 10,0 m 1:500000 200,0 m

1:25000 10,0 m 1:1000000 200,0 m

1:50000 25,0 m 1:10000000 500,0 m

Fonte: Domingues (1979).

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Características das Curvas

As curvas de nível são classificadas em Mestras (Múltiplas de 5 – 10

metros), Intermediárias e de Meia-Equidistância. Portanto, como se pode

ver na figura 20 na seqüência, as curvas mestras são representadas por

traços mais espessos e são todas cotadas.

Figura 20 – Curvas Mestras e Intermediárias

É a partir da leitura das curvas de nível contidas em uma carta

topográfica que podemos inferir as características do terreno que foi

representado. Desta forma, quanto mais afastadas as curvas, mais plano o

terreno. Assim, quanto mais próximas, maior declividade possui o terreno,

conforme a figura 21.

Figura 21 – Relação entre características do relevo e das curas de nível

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Outros elementos são de fundamental importância: duas linhas ou

curvas de nível jamais se cruzam; duas linhas jamais convergem para

formar apenas uma; uma linha não pode surgir ou desaparecer no nada;

e uma curva de nível sempre se fecha em si mesma.

Tendo posse destas informações, podemos realizar a leitura de uma

carta topográfica, inferindo as feições do relevo representado. Quando

temos a situação de curvas de nível com cotas maiores envolvendo curvas

de nível com cotas menores, temos no relevo a situação de uma depressão,

visto à direita na figura 22. Quando temos a situação inversa, temos uma

elevação, visto à esquerda na mesma figura.

Figura 22 – Situação de Elevação e Depressão

representada em Curvas de Nível

Uma outra situação é quando

temos curvas de nível alongadas com

cotas menores, envolvendo curvas de

nível com as mesmas características,

com cotas maiores, representando

uma formação chamada de espigão,

formação que se constitui como um

divisor de águas, a qual podemos olhar

na figura 23.Figura 23 – Espigão

Temos outros tipos de formação, representados através de curvas

de nível. Abrangemos um corredor quando temos faixas de terreno entre

duas elevações de grande extensão; incluímos um talvegue quando

encontramos linha de encontro entre duas vertentes opostas onde as

águas tendem a se acumular e formar cursos d’água; e um vale, formado

pela união de duas vertentes, podendo ser, como visto na figura 24 a

seguir, côncavo, chato e de ravina:

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Figura 24 – Tipos de Vale

Figura 25 – Curvas de Nível

Cores Hipsométricas

É a variável utilizada para demonstrar diferenças de altitude no

relevo. A utilização de cada cor faz referência a uma altitude específica,

como visto a seguir:

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BRANCO ACIMA DE 6.000 m

AZUL DE 4.000 ATÉ 6.000 m

MARROM DE 2.000 ATÉ 4.000 m

VERMELHO DE 1.000 ATÉ 2.000 m

LARANJA DE 500 ATÉ 1.000 m

AMARELO DE 200 ATÉ 500 m

VERDE NÍVEL DO MAR ATÉ 200 m

Quadro 02 - Cores Hipsométricas

A geografia sempre esteve incumbida da descrição e da criação de uma imagem de mundo. Assim, de um lado a Geografia tem a cartografia como ferramenta, e de outro os preceitos da própria Topografia, no levantamento das informações da superfície da Terra, em uma grande escala, e da representação destas mesmas feições.

Deste modo, tanto Cartografia como Topografia colocam-se como conhecimentos justapostos, saberes de fundamental importância, no processo de ensino-aprendizagem do conhecimento geográfico.

1) Construa uma pequena maquete de curvas de nível. Sugerimos a figura 25 anteriormente visualizada. Transforme cada curva de nível localizada na representação abaixo em um plano de isopor e cole na seqüência das curvas de nível. Complementar a esta atividade, pinte cada curva de nível segundo a seqüência de cores propostas no quadro Cores Hipsométricas. Isso é uma excelente demonstração como o terreno é representado em uma carta com duas dimensões, e como esta representação poder ser transformada novamente em uma maquete com 3 dimensões.

2) A partir da Plataforma moodle, faça o download do software googleearth. Depois conectado à internet você poderá ver em 3 dimensões a superfície terrestre.

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LEITuRAS COmPLEmENTARES

1) DOmINGuES, F. A. Topografia e Astronomia de Posição para Engenheiros e Arquitetos – Ed. mc Graw – Hill do Brasil – 1979.

2) SILVA, A. B. Sistemas de Informações Geo-referenciadas: conceitos e fundamentos. Campinas: unicamp, 1999, 236 p.

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SEÇAO ESpECIAL

1) Dicas para o(a) futuro(a) professor(a): 1) Uma sugestão para você futuro docente é pedir para seus alunos que construam

uma representação de seu trajeto, da casa até a escola, com os locais mais representativos.

Isso será muito importante, no desenvolvimento das atividades, para demonstrar que os

mapas são construídos a partir do que selecionamos de elementos e fenômenos na nossa

vida.

2) Nesse fascículo você ficou conhecendo que a cartografia é uma linguagem,

todavia especial. E que para leitura dessa linguagem um mecanismo básico consiste em

conhecer seus códigos. Uma das grandes dificuldades dos alunos no ensino básico reside

na leitura dos produtos cartográficos. Assim, propomos a realização de mapas quebra-

cabeças:

Projeto com um retroprojetor

Projete o mapa do Brasil, por exemplo, em uma tela;•

Peça que os alunos divididos em grupos passem a imagem representada na •

tela para uma placa de isopor e depois recorte os estados do Brasil;

Posteriormente os alunos deverão pintar os recortes dos estados;•

Com uma bússola localize o norte e o sul. Promova uma gincana de montagem do

quebra-cabeça. Tendo como objetivo que os alunos se apropriem das formas, bem como

da construção dos signos cartográficos de maneira divertida e lúdica e distingam como

mapa quebra-cabeça estará no chão à diferença entre norte e sul, (e não para cima e para

baixo – equívoco recorrente na alfabetização cartográfica)

2) Sugestões de bibliografia para desenvolvimentos de atividades relacionadas ao ensino de geografia e cartografia:

ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo:

Contexto, 2001.

ALMEIDA, R.D; PASSINI, E.Y. O espaço geográfico: Ensino e representação. São Paulo:

Contexto, 1994.

CASTROGIOVANNI, A.C. Apreensão e compreensão do espaço geográfico.

In CASTROGIOVANNI, A.C (org). Ensino de Geografia. 2 ed . Porto Alegre:

Mediação,2002.p.11-82.

FRANCISCHETT, M.N. A cartografia no ensino da Geografia. Rio de Janeiro: KROART,

2002.

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HEIDRICH, Á.L et al. A itinerância e o acampamento, condição e situação para o ensino de

geografia no MST. In: REGO, N; SUERTEGARAY, D.M; HEIDRICH, Á.L (org). Geografia

e Educação Geração de Ambiências. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul, 2000. p.11-30.

MARTINELLI, M. Um Atlas geográfico escolar para o ensino-aprendizagem da realidade

natural e social. In: Portal da Cartografia. Londrina, v.1, n.1, maio/ago., p. 21 - 34, 2008.

Disponível in; http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/portalcartografia. Visitado em

01/09/2008.

SAMPAIO, A.C.F; MENEZES, P.M.L de; MELO, A.A. O Ensino de cartografia no curso de

licenciatura em Geografia uma discussão para a formação do professor. In: CAMINHOS

DE GEOGRAFIA - revista on line, disponível: http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html

ISSN 1678-6343. visitado em 25/08/2008. Caminhos de Geografia 3 (16) 14 - 22, out /

2005

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83PALAVRAS FINAIS

pALAVRAS fINAIS

Você observou na caminhada desse fascículo que a Cartografia,

como um conhecimento específico da Geografia, é uma ferramenta

de fundamental importância na leitura da realidade, a partir das mais

variadas formas de representação dos fenômenos.

Acima de tudo, conhecimento que é estratégico por excelência.

Você pode observar que este conhecimento sempre está relacionado

ao Estado, ou a grupos dirigentes. Mas é a partir da escola, que esta

ferramenta potencialmente se coloca como preponderante, tanto no

cotidiano das pessoas, como na própria atividade docente, intermediando

o conhecimento entre realidade e aluno, e maximizando o processo de

ensino e aprendizagem.

Com este material inserimos você no universo deste conhecimento,

desde o primórdio da Cartografia e a produção de mapas, até as formas

de representação da superfície da Terra e sua resultante cartográfica.

Como vimos uma forma de conhecimento relacionada à manutenção da

vida dos grupos sociais, conhecimento não menos importante hoje. Vimos

que, desde que existe homem, existe conhecimento geográfico, e de certa

forma algum tipo de representação deste conhecimento.

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85REFERÊNCIAS

REfERÊNCIAS

ARCHELA, R S., ARCHELA, E. Correntes da cartografia teórica e seus reflexos na pesquisa. In: Geografia – Revista do Dep. de Geociências da UEL, v. 11, nº 2, jul./dez. 2002.

ARCHELA, R S. Imagem e representação gráfica. In: Geografia – Revista do Dep. de Geociências da UEL, v. 8, n° 1, p. 5 – 11, jan./jun. 1999.

__________. Contribuições da Semiologia Gráfica para a Cartografia Brasileira. In: Geografia – Revista do Dep. de Geociências da UEL, v. 10, n° 1, p. 45 – 55, jan./jun. 2001.

BERTIN, J. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Curitiba: Editora da UFPR, 1986, 273 p.

CASTRO, F. V. F. Cartografia Temática. Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências, Belo Horizonte, 2004, p. 61 – 74.

DOMINGUES, F. A. Topografia e Astronomia de Posição para Engenheiros e Arquitetos – Ed. Mc Graw – Hill do Brasil – 1979.

GIRARDI, G. Leitura de Mitos em Mapas: Um caminho para pensar as relações entre Geografia e Cartografia. In: Geografares – Revista do Dep. de Geografia da UFES. Vitória, v. 01, nº 01, p. 41 – 50, Jun. 2000.

GOMES, P. C da C. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. 366 p.

GOMES, M. do C. Velhos mapas, novas leituras – Revisitando a História da Cartografia. GeoUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, n° 16, p. 67 – 79, 2004.

GONÇALVES, C.W.P. Da Geografia às Geo-grafias: Um Mundo Em Busca de Novas Territorialidades. In: CECEÑA, A. E.; SADER, E. (Org.). La guerra infinita: hegemonía y terror mundial. Buenos Aires: Clacso, 2002, p. 217-256.

GREIMAS, A. Dicionário de Semiótica. São Paulo: Cultrix, 1985.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia / Departamento de Cartografia – Rio de Janeiro: IBGE, 1999, 130 p.

__________. Atlas Geográfico Escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 204 p.

KATUTA, Â. M. Representações Cartográficas: Teoria e Prática para o Ensino da Geografia. In: Geografares – Revista do Dep. de Geografia da UFES. Vitória, nº 04, 2003.

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86REFERÊNCIAS

LACOSTE, Y. Geografia: isso serve, antes de mais nada, para fazer a guerra. 2 ed. Campinas: Papirus, 1989.

LIBAULT, A. Geocartografia. São Paulo, Editora Nacional, 1975, 388 p.

NADAL, C.A. Cartografia aplicada ao SIG. Curso de Especialização em Geoprocessamento da UFPR. Curitiba, 1997. 100 p.

OLIVEIRA, C. de. Dicionário Cartográfico. 3 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1987, 645 p.

__________. Curso de Cartografia Moderna. Rio de Janeiro: IBGE, 1988, 152 p.

OLIVEIRA, L. Estudo metodológico e cognitivo do mapa. Tese de Doutorado, USP, São Paulo, 1978, 129 p.

QUEIROZ, D. R. E. Cartografia Temática – Evolução e Caminhos de Pesquisa. In: Boletim de Geografia. 25 (1): p. 138 – 151, 2007.

RAISZ, E. Cartografia Geral. Rio de Janeiro: Científica, 1969, p. 7 – 46.

SEEMANN, J. Mapas, mapeamentos e cartografia da realidade. In: Geografares – Revista do Dep. de Geografia da UFES. Vitória, nº 4, p. 49 – 60, 2003.

SILVA, A. B. Sistemas de Informações Geo-referenciadas: conceitos e fundamentos. Campinas: Unicamp, 1999, 236 p.

SIMIELLI, M. E. R. Variação Espacial da Capacidade de Uso da Terra. Um Ensaio Metodológico de Cartografia Temática, Aplicado ao Município de Jundiaí – SP. Mestrado em Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, FFLCH/USP, Brasil. Dissertação de Mestrado, 1979. Orientador: Mário De Biasi.

SPRING. Tutorial do SPRING em 10 Aulas. Disponível em: www.dpi.inpe.br/spring/portugues/banco.html. Versão 01/03/2006.

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NOTAS SOBRE OS AUTORES

almiR nabOZnY([email protected])

Licenciado e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual

de Ponta Grossa (UEPG). Mestre em Gestão do Território no Programa

de Pós-graduação em Geografia da UEPG. É membro da equipe técnica

responsável pelo site: http://www.territoriolivre.net/. Faz parte do Grupo

de Estudos Territoriais (GETE) e compõe a equipe de coordenação da

Rede de Estudos de Geografia e Gênero da América Latina (http://www.

reggal.uepg.br/). Atualmente é professor colaborador da Universidade

Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) – Campus Universitário de

Irati - PR.

Mais detalhes: http://lattes.cnpq.br/3128969547056177

jOseli maRia silva([email protected])

Possui Graduação em Geografia pela Universidade Estadual de

Ponta Grossa (1988), Mestrado em Geografia pela Universidade Federal

de Santa Catarina (1995) e Doutorado em Geografia pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro (2002). Atualmente é professora adjunta da

Universidade Estadual de Ponta Grossa. Tem experiência na área de

Geografia, com ênfase em Geografia Urbana, atuando principalmente nos

seguintes temas: desenvolvimento urbano, espaço urbano, planejamento

urbano, Geografia e gênero, Geografia feminista, Geografia e sexualidade,

epistemologia da Geografia e políticas públicas.

Mais detalhes: http://lattes.cnpq.br/3417019499339673

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88AUTORES

maRciO jOsé ORnat ([email protected])

Licenciado e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual

de Ponta Grossa (UEPG). Mestre em Gestão do Território no Programa

de Pós-graduação em Geografia da UEPG. Doutorando no Programa de

Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ). É membro da equipe técnica responsável pelo site: http://www.

territoriolivre.net/. Faz parte do Grupo de Estudos Territoriais (GETE) e

compõe a equipe de coordenação da Rede de Estudos de Geografia e

Gênero da América Latina (http://www.reggal.uepg.br/).

Mais detalhes: http://lattes.cnpq.br/7175969138658908