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Casa de Caridade Itaúna

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Page 2: Casa de Caridade Itaúna

JORNAL O IMPARCIAL SEXTA - FEIRA, 19 DE NOVEMBRO 1915.

Está se construindo na próspera cidade mineira de Itaúna um moderno e confortávelhospital de caridade, que o antigo comerciante daquella praça, sr. coronel ManoelGonçalves de Souza Moreira, hoje presidente da Junta Commercial de Minas, vae doar ápobreza da zona Oeste do estado. É uma obra benemérita, das poucas que se conhecem noBrasil. Raros são os capitalistas que consomem as verbas da sua fortuna em donativosdeste alcance. Contam-se nomes como Gonçalves de Araújo, Júlio Ottoni e José CarlosRodrigues, aqui, o saudoso Halield, em Juiz de Fóra, e poucos outros. Nesta obra debenemerência, o coronel Manoel Gonçalves gastará seguramente cem contos de réis, vistonuma linda explanada, á margem do rio São João, de salubérrimo clima, o disporá de todosos apetrechos da moderna cirurgia e clinica.A casa de caridade "Coronel Manoel Gonçalves" terá: uma vasta enfermaria para mulheres,outra para homens, uma sala de cigurgia, uma capella, quatro quartos particulares, vastacosinha independente, ampla lavanderia, um quarto para religiosas, dois lavabos, quatro "Water-closets", duas banheiras completas, vestíbulo, sala para portaria, óptimo alpendrede entrada, tudo separado por seis vastos corredores, área ajardinada e uma passagem paraa cosinha.O edifício terá 32, m 35 de fundo por 27, m 90 de frente, e será todo de cantaria, concreto,cimento e argamassa de cal e areia, devidamente ladrilhado e assolhado.Resta notar que o clima de Itaúna é um dos melhores do Brasil, óptimo para tuberculosos econvalescentes, e foi quase preferido pelo sábio Lund[1], quando procurou estabelecer-seno Brasil para sua cura.

Obra Benemérita

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[1] Peter Wilhelm Lund : Diplomou-se em Medicina pela Universidade de Copenhague em 1821,doutorando-se posteriormente pelaUniversidade de Kiel. Grande estudioso de Botânica e Zoologia,viajou em 1825 para o Brasil, onde percorreu as províncias do Rio de Janeiro e São Paulo. Nestasexcursões, coletou grande quantidade de material, que enviava, em parte, para o Museu de HistóriaNatural da Dinamarca.

*Digitado conforme original.

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ASYLO DE CARIDADE“ CEL. MANOEL GONÇALVES “

Eis como o “ Minas Geraes”, órgão oficial dos poderes do Estado, notificou as festasdo lançamento da pedra fundamental do asylo de caridade “ Cel. Manoel Gonçalves”realizadas nesta cidade a 7 do corrente mez:

“ Conforme já noticiamos, o exmo. Sr. Presidente do Estado foi anteontem à cidade deItaúna, paranymphar, o acto do lançamento da pedra fundamental do hospital de caridademandado construir pelo sr. Coronel Manoel Gonçalves de Souza Moreira, antigocomerciante naquela cidade. O especial partiu desta Capital às 7 horas da manhã, levando na comitiva presidencial asseguintes pessoas : dr. Raul Soares, secretário da Agricultura; dr. Vieira Marques, chefe depolícia; coronel Vieira Christo, ajudante de ordens da presidência; dr. Agostinho Porto,diretor da oeste de Minas; dr. Carvalhães de Paiva, diretor da Imprensa Offcial; marjorFurst, ajudante de ordens da Chefia de Polícia; major Francisco de Castro e suas filhassenhoritas Alzira e luizinha; coronel Manoel Gonçalves de Souza Moreira e sua exma.Esposa; dr. Oswaldo de Araújo, pelo “ Diário de Minas”;coronel Antônio de Mattos,acadêmicos Antônio Moreira, Dario, Augusto, Clarindo e Aldemar Gonçalves, Gines Gea

Pedra Fundamental

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Ribeira e M. Alvim. Em Soledade do Pará foi servido à comitiva um optimo, “Lunch”. As onze horas damanhã, o especial deu entrada na “gare” de Itaúna, ao som do Hynno Nacional e debaixode aclamações da grande massa popular àlli estacionada. O exmmo . sr. Presidente doEstado e seus auxiliares foram recebidos pelo sr. Augusto Gonçalves, presidente daCâmara; dr. Alfredo de Albuquerque, juiz municipal do termo; dr. Pedro Nestor, juiz dedireito da comarca do Pará, pelos membros do directorio político, autoridades, professorese alunos do grupo escolar. O sr. Dr. Alfredo de Albuquerque produziu então o discurso seguinte constantementeinterrompido por aplausos :Exmo. Sr. Dr. Delfim Moreira:Quando a população de Itaúna foi buscar-me, a mim exclusivamente devotado às cousasde direito, para dirigir a v. exc. As suas saudações de boas vindas, certo pensou que, para asinceridade da homenagem que entendeu prestar-lhe, poderia servir a voz de quem avessoa lisonjas, tem com tudo um grande culto pela justiça e um espírito capaz de admirar comintensidade.Aliás, os sentimentos do mandatário não destoam do sentimento dos mandantes.V. exc. conhece a alma deste povo que, por fortuna sua o tem por guia, num momentodifícil da vida nacional. Sabe que os mineiros, gente de virtudes simples, não sãothuribularios profissionais.Reconhecem o mérito e o proclamam com ingênua e ruidosa alegria.O seu preito é sempre uma sagração. Bem grande deve ser o orgulho de v. exe., nãoobstante a modéstia que o caracteriza, ao sentir, nas agruras do poder, nesses ásperoscimos eriçados de tamanhas responsabilidades, o conforto moral que lhe vem dá apoiodesinteressado e unanime do povo de Minas Gerais.As massas humanas, por mais rudimentares que sejam, têm um instíncto que dirige a suaalma e que norteia as suas acções. Esse instíncto, às vezes, pertuba-se ao sopro das paixõesrugidoras. Nas épocas de céo lavado é bussola segura.V. exc. typo representativo desta gente das montanhas, é o seu chefe natural e , por issomesmo, idolatrado. A confiança no piloto é absoluta. Um passado de esforços patrióticosem prol da terra mineira, justifica essa confiança que se deposita em seu governo por todosos títulos beneméritos.Nesta ligeira saudação não vem a propósito enumerar o acervo de benefícios que o Estadolhe deve. Alguns deles sagrariam um estadista.Sempre que Minas o teve em sua administração gosou de paz e na paz fluiu o espetáculoconfortador do trabalho fecundo. Tem appellado com êxito pra o alto espirito detolerância que enobrece o caracter de v. exc. e para a sua clarividência de homem deestado, todas as vezes em que é preciso amortecer os ódios que a vida política costumaagitar ,todas as vezes em que há necessidade de se organizar e atividade productora.

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Foi assim no governo do sr. Dr. Francisco Salles de quem foi v. exc. o braço direito, -governo pacificador, do qual datou uma época radiosa de renascimento em nossa vidaeconômica. Foi assim, agora quando o voto popular procurou-o como por uma inspiraçãoprovidencial, para dirigir os nossos destinos por sobre um mar de incerteza.Coube-lhe a ventura de terminar a tarefa de confraternização da família mineira, scindidano fragor de luctas ainda memoráveis.E apesar das dificuldades da hora presente, a aconselharem severas economias – o que v.exc. tem alcançado com uma prudência , com um critério, com uma habilidade realmenteadmiráveis, - apesar dos tropeços que a situação financeira tem creado à marcha daadministração pública, minas caminha , em rota segura, para o brilhante futuro que lheserá reservado.Ao influxo benéfico de seu governo, as forças vivas se agitam, há um rumor de trabalho euma doce esperança de grandes dias de fartura e riqueza enche os nossos corações.Fazer brotar do rochedo de Horeb a lympha crytalina, foi obra milagrosa de Moysés, guiado povo eleito. V.exc.- tirando de uma época de abalos e de desatinos energias creadoras-está realizando milagre semelhante. E isso, com calma modestamente, sem alarde, comoessas águas profundas que correm quietas.Ainda agora a sua presença aqui para uma festa de caridade , é um grande estimulo para asiniciativas dos corações generosos.Exmo. Sr. Dr. Delfim Moreira há de consentir que eu não termine esta saudação sem orelato de uma reminiscência pessoal.No antigo Theatro Soucasaux, em Bello Horizonte, tive ocasião de assistir a um acto debelleza empolgante, promovido por italianos, há uns quinze annos atrás. Era uma solenedistribuição de prêmios a alumnos das escolas mantidas pela colônia . Mas , confesso, sahíacabrunhado daquella festividade, porque Minas amada, por um desolador constraste nãocurava também da educação de seus filhos.Estes se entristeciam e se acabrunhavam sob o maldito regimen da férula. Com que santaalegria patriótica dias após, vi no palacete do conde de Santa Marinha, uma festa egual,melhor em enthusiasmo e pompa! Os alunos , porém eram mineiros. Mineiro era opresidente da magna assembleia. Esse presidente era v. exe. – secretário do Interior dogoverno de então. Póde ser que a memória me engane. Mas guardo a convicção de que foi,como primeiro toque de que foi, como primeiro toque de alvorada, o primeiro passo para olevantamento da nossa instrucção primária.Outros, muitos outros passos se deram e v. exc. tem sido um dos chefes mais dedicados dasanta cruzada, que já nos collocou como modelo, em posição de inconfundível destaque,no seio da federação brasileira. São poucos os elogios pra os obreiros dessa majestosaconstrução, sem a qual não é possível a vida das democracias. Bemdicta essa grandepreocupação de v.exc. !Feliz daquelle que póde receber as aclamações populares com a consciência de que

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merece por haver cumprido o seu dever ! Viva o dr. Delphim Moreira !O exmo. Sr. Delphim Moreira agradeceu esta saudação , erguendo vivas ao povo deItaúna.Em seguida o especial seguiu até o local onde vae ser construído o hospital , nasproximidades da cidade onde, em um barracão belamente ornamentado, foi servido umlauto almoço. Ao champagne o sr. Coronel Francisco Santiago, redactor do “Itaúna” pela imprensa e pelo directorio político, produziu um bello e eloquente discurso desaudação ao exmo. Sr. Presidente do Estado e cel. Manoel Gonçalves de Souza Moreirapelo seu generoso acto de fazer construir, exclusivamente à sua custa, um importanteestabelecimento de caridade.Em seguida o exmo. Sr. Padre João Ferreira Álvares, vigário de Itaúna, saudou com muitaeloquência o sr. dr. Agostinho Porto, diretor da Oeste . Em nome do sr. coronel ManoelGonçalves , falou brilhantemente o nosso ilustre collega de imprensa dr. Oswaldo deAraújo. O brinde de honra foi levantado pelo exmo. Sr. Presidente do Estado, aos srs. Dr.Augusto Gonçalves e coronel Manoel Gonçalves.Depois do almoço ,teve logar o lançamento da pedra fundamental. O acto revestiu-se demaior solemnidade, sendo a benção dada pelo revmo. Padre João Álvares. Aquelle dignosacerdote usou da palavra, discorrendo com eloquência sobre a importância do grandemelhoramento. Ao povo foi servido então, pelo sr.coronel Manoel Gonçalves, um copo decerveja.Depois desta solemnidade, o exmo. Sr. Presidente acompanhado de sua comitiva, dasauctoridades locaes, de grande massa popilar e da banda de música, visitou o prupoescolar e o edifício do fórum. No grupo s. ex. visitou todas as salas, sendo carinhosamenterecebido pelos professores e alumnos.O regresso teve logar às 3 e ½ . Na hora da partida foram erguidos, na estação,enthusiásticos vivas ao exmo. Sr. dr. Delphim Moreira e aos seus auxiliares de governo. Oespecial chegou a esta capital as 8 horas da noite. O sr. coronel Manoel Gonçalves e suaexma. Esposa foram incansáveis em dispensar gentilezas a todos os convidados.- Ao exmo. Sr. Presidente do Estado foi transmitido pelo dr. José Gonçalves, deputadofederal, o seguinte elegramma :

Rio, 7 – “ Cumprimento a agradeço honrosa visita minha terra natal”

- O sr. coronel Manoel Gonçalves ofereceu ao exmo.sr. Presidente do estado a caneta epenna de ouro servidas por s. exe. Na assignatura da acta.

- A casa de caridade cuja pedra fundamental acaba de ser lançada em Itaúna é uma obra degrande vulto e muito recommenda os sentimentos nobres do sr. coronel ManoelGonçalves de Souza Moreira. O edifício, composto de dois pavilhões, de bela architectura

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, terá todas as instalações exigidas pela hygiene e uma sala de operações com osinstrumentos cirúrgicos necessários. O digno cavalheiro julga que terá de gastaraproximadamente cem contos na execução da humanitária obra.

Fonte : Jornal Cidade de Itaúna, 25 Julho 1916Local : Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira - ICMC Pesquisa : Charles AquinoDigitado conforme original / 1916

Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

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Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira

A Casa de Caridade Manoel Gonçalves, foi fundada devido à generosidade do beneméritoItaunense cel. Manoel Gonçalves de Souza Moreira, que deixou em testamento grandeparte de seus haveres, avaliados e mais de mil contos, destinados a amparar e minorar ossofrimentos dos desprotegidos da sorte. A actual meza administrativa é a seguinte: Dr.Dario Gonçalves, Provedor; Mardocheu Gonçalves de Sousa, vice-provedor; Dr. Affonsodos Santos, Secretário; Francisco de Araújo Santiago, Thesoureiro; Francisco Marques daSilva, Procurador. Sobre este notável estabelecimento, nada se pode accrescentar àsimpressões de um illustre visitante, transmittidas a um jornal carioca, em fins de Outubro."A Casa de Caridade Coronel Manoel Gonçalves de Souza Moreira", é uma das melhoresde todo o Estado de Minas, gosando de grande e proclamada reputação regional. Distandopouco mais ou menos de um kilometro da cidade, á margem da linha férrea, onde existeuma pequena parada para o embarque e desembarque dos innumeros doentes que alliafluem, erguem-se magestoso o vasto e imponente prédio. Magnificamente installada,construida em logar saudável, está amplamente dotada de todo os requisitos necessários àprática da cirurgia moderna. As operações cirurgicas são feitas diariamente alli. Corta-sede manhã e á noite ...O principal médico operador da Santa Casa de Itaúna, é o dr. Dorinato Lima. Este é ochefe do corpo médico, o tudo dalli, hoje considerado como um dos nossos melhores emais competentes operadores, e tanto trata com carinho o rico como o pobre. Comodissemos, á Santa Casa de Itaúna chegam diariamente, doentes á procura de remédio.Indivíduos papudos, aleijados, estropiados, cambaios, de tudo alli se vê. Estive na presençade um doente "barriga d'agua", vindo de São José do Canastrão, há mais de 200 léguas deItaúna, esperançoso - disse elle - de que o Dr. Dorinato lhe tirasse a água da barriga. DeBello Horizonte, Juiz de Fóra, até mesmo do Rio, segundo apuramos, vem gente se operarna Santa Casa de Itaúna. Todo o mundo alli proclama a excellencia do corpo clinico ecirúrgico do hospital.Também são médicos daquella casa os drs. Dario Gonçalves, Antônio Lima Coutinho eLincoln Nogueira Machado. O doentes se destacam pela infinita bondade de seus corações,como a superiora, Irmã Candida de Jesus, Irmã Celeste, Irmã Amélia, Irmã Alda, Irmã

C.C.M.G.S.M.

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Therezinha e Irmã Clara. Há ainda três enfermeiros que são bastantes solícitos eattenciosos para com os doentes; são elles os srs. Messias, Bonifácio e Benedicto. A SantaCasa possue uma optima pharmacia e uma perfeita installação dos apparelhos de Raio X.Assim, graciosamente deixamos registrada a optima impressão que trouxemos da SantaCasa de Itaúna.Minas Geraes Em 1925Obra Subvencionada Pelo Governo do Estado com a Auctorização do Congresso Mineiro.Organisador e Editor : Victor SilveiraPágina : 708

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

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"Em Itaúna - Um aspecto do local onde vae ser construída a Santa Casa"

Casa de Caridade, Santa Casa e Casa de Misericórdia são a mesma coisa no Brasil

As Misericórdias eram instituições de assistência aos necessitados, tradicionais emPortugal desde há cinco séculos, não só na metrópole, mas também em todas as provínciasultramarinas que descobriu e civilizou, atingindo um prestígio que raras instituiçõesalcançaram, pela eficácia e caráter humano. Dedicavam-se à administração de hospitais.[1]

[1] SERRÃO, Joel: Dicionário da História de Portugal, vol IV,p. 312Itaúna em detalhes: Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa. Fascículo 37

Postado há 19th December 2014 por Charles Aquino

Casas de Misericórdia

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Pedra Fundamental 1916 - Itaúna MG

Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

Pedra Fundamental

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TESTAMENTO MANOEL GONÇALVES DE SOUSA MOEIRA(Primeira Parte)

Em nome de Deus, Amém. É este o meu testamento e disposição de minha última vontade.Declaro que sou natural da cidade de Itaúna, Estado de Minas Gerais, comarca da cidadedo Pará; que sou filho legítimo de Manoel José de Sousa Moreira e dona Joaquina deJesus, já falecidos; que sou casado com Maria Gonçalves de Sousa Moreira, não havendofilhos de nosso casal; que os nossos bens se ligam; que por este revogo "in totum" (notodo) o meu testamento anterior a este, aprovado pelo Tabelião Doutor Plínio deMendonça; e que nada devo a pessoa alguma. Deixo à minha mulher Maria Gonçalves deSousa Moreira, o usufruto, durante toda a sua vida, de uma morada de casa, sita na ruaTupis, número cinquenta e um, nesta capital, com todo o seu terreno cercado de gradil deferro e muros, que são três lotes, com mil e oitocentos metros quadrados, números vinte,vinte e um e vinte e dois do quarteirão vinte e quatro, da terceira secção urbana. Deixomais à mesma o usufruto de cem apólices federais, sendo oitenta e cinco númerosquatrocentos e vinte mil, novecentos e sete quatrocentos e vinte mil novecentos e noventae um, e quinze de números sessenta e seis mil, seiscentos e quarenta e seis, sendo estas deemissão de vinte e nove de março de mil novecentos e onze, todas de valor nominal de umconto de réis cada uma, e juros de cinco por cento(5%) ao ano. Deixo mais à mesma ousufruto de uma casa que estou construindo na cidade de Itaúna, perto da Casa deCaridade, em terreno comprado ao senhor Tobias Viana e sua mulher. Deixo à mesma todaa mobília que existir, roupas de cama e de vestir, na casa da rua Tupís número cinquenta eum, bem como o cofre de ferro (burra), os anéis de ouro com brilhantes que existir e todamais joia. Deixo às minhas sobrinhas, mulheres, filhas do meu irmão Virgílio, já falecido,que estiverem solteiras, por ocasião de minha morte, cem ações da Companhia TecidosSantanense de valor nominal, duzentos mil réis, em partes iguais, as quais serão por elasadministradas e não aliená-las, enquanto não tiverem trinta anos de idade. Deixo ao meusobrinho Sebastião, filho de meu irmão Orozimbo Gonçalves de Sousa Moreira, cinquentaações da Companhia de Tecidos Santanense, de valor nominal, duzentos mil réis, as quaisnão poderá aliená-las enquanto não tiver trinta anos de idade, passando por morte aos seusherdeiros. Deixo a meu sobrinho e afilhado Augusto, filho de meu irmão doutor AugustoGonçalves de Sousa Moreira, vinte ações da Companhia Tecidos Santanense de valornominal, duzentos mil réis, e mais o meu relógio de ouro "Pateck Philipe". Deixo à minha

Testamento 1º Parte

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parente e afilhada Gumercinda, filha do finado Cassiano Dornas, vinte ações daCompanhia Tecidos Santanense. Deixo ao meu irmão Jovino Gonçalves de Sousa Moreira,vinte ações da Companhia Tecidos Santanense, valor nominal de duzentos mil réis. Deixotrês contos de réis para serem distribuídos aos pobres da cidade de Itaúna, no sétimo,trigésimo e quinquagésimo dia do meu falecimento. Declaro que as apólices federais, cemde valor nominal de um conto de réis cada uma, juros de cinco por cento ao ano, e asmoradas de casas, uma sita na rua Tupís, número cinquenta e um, nesta capital e todo o seuterreno, que são três lotes, números vinte, vinte e um e vinte e dois (22), do quarteirãovinte e quatro, da terceira secção urbana, e outra em Itaúna, perto da Casa de Caridade, quedeixo à minha mulher o usufruto, durante toda a sua vida, passarão por sua morte apertencer à Casa de Caridade "Manoel Gonçalves de Sousa Moreira", que estouconstruindo em Itaúna, em terreno que comprei do senhor Tobias Viana e sua mulher e , sefalecer antes de concluí-la, a minha testamenteira ou testamenteiro a concluirá, vendendopara esse fim os bens precisos, reservando para seu patrimônio as apólices federais eestaduais, as ações da "Companhia Industrial Belo Horizonte" e as da "Companhia TecidosSantanense", só gastando em seu custeio os juros e dividendos. Essas ações não poderãoser alienadas, sim sub-rogadas, por apólices da dívida pública federal ou estadual,inalienáveis.

Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em DetalhesEdição: Jornal Folha do PovoEditor: Renilton Gonçalves PachecoPesquisa e redação final: Guaracy de Castro NogueiraFonte de pesquisa: Fundação Maria de Castro / Itaúna em DadosTextos: Sérgio CunhaDiagramação: Márcio Heleno Santos / Daniel Machado CamposAno: 2003Impressão: Gráfica São Lucas Ltda.Fascículo nº: 37

Postado há 18th December 2014 por Charles Aquino

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TESTAMENTO MANOEL GONÇALVES DE SOUSA MOEIRA(Segunda Parte)

Essa casa denominar-se à "Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira", seráadministrada pela Câmara Municipal da cidade de Itaúna, que poderá criar uma associaçãoou irmandade para administrá-la, e em sua falta pela diretoria da "Companhia TecidosSantanense". Declaro que o meu testamenteiro ou testamenteira, mandará celebrarcinquenta missas por minha alma, além da do sétimo , trigésimo e quinquangésimo dia domeu falecimento, dez por alma de meus parentes, dez por alma de minha mulher, des poralma de meus pais; que a administração da Casa de Caridade mandará celebraranualmente, enquanto ela existir, oito missas, sendo duas por minha alma, duas por almade minha mulher, duas por alma de meu pai e duas por alma de minha mãe. Deixo oitocontos de réis para se erigir um mausoléu de mármore em meu jazigo perpétuo, ficando asua conservação, zelo e limpeza a cargo da administração da "Casa de Caridade ManoelGonçalves de Sousa Moreira", que o conservará sempre limpo e bem cuidado. Instituo a"Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira", herdeira do remanescente detodos os meus bens, valores e haveres, deduzida a importância de todos os legados, detodas as minhas disposições e despesas de funeral que será de primeira classe. Desejo quemeu corpo seja sepultado na cidade de Itaúna, se falecer em lugar que me possa sertransportado, sem ser embalsamado. Nomeio meus testamenteiros minha mulher, MariaGonçalves de Sousa Moreira, meu afilhado Augustinho Gonçalves de Sousa , doutorAlcides Gonçalves de Sousa e meu irmão, Augusto Gonçalves de Sousa Moreira, servindoum no impedimento do outro na ordem em que ficam mencionados. Deixo como prêmioao trabalho de testamenteiro, sessenta ações da Companhia Tecidos Santanense, de valorde duzentos mil réis cada uma, à testamenteira ou testamenteiro que aceitar, por essaquantia, e der cumprimento a todas as disposições deste, no prazo de seis meses. BeloHorizonte, três de março de mil novecentos e dezessete. Manoel Gonçalves de SouzaMoreira.Termo de aprovação: O testamento foi, em seguida, aprovado no mesmo dia, no cartóriodo Tabelião do Primeiro Ofício, Plínio de Mendonça, na presença do Coronel ManoelGonçalves de Souza Moreira, "que se achava de pé em seu perfeito juízo e entendimento"

Testamento 2ª Parte

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e das testemunhas que foram convocadas. Depois de ele afirmar que era seu testamento eúltima vontade e que por ele revogava outro qualquer ou codicilo, foi fechado, cosido elacrado com cinco pingos de lacre por banda, com a rubrica do tabelião.Termo de Abertura: Foi aberto aos vinte e um dias do mês de julho de mil novecentos evinte, no Palácio da Justiça em Belo Horizonte, na presença dos senhores doutor Horáciode Andrade, juiz de direito da segunda vara e do doutor Alcides Gonçalves de Sousa,tendo o testador falecido no dia anterior, às onze horas da noite.Termo de aceitação: A testamenteira, sua mulher, Maria Gonçalves de Sousa Moreira,compareceu em companhia de seu advogado, dr. Alcides Gonçalves de Sousa, no dia dozede agosto de mil novecentos e vinte , ao Palácio da Justiça, no cartório do Tabelião doutorPlínio de Mendonça, sendo o termo de aceitação para cumprir o testamento e requerer oinventário assinado pelo escrivão Galdino de Freitas. Transcreveu-se a procuração dada aodr. Alcides Gonçalves de Sousa e ao dr. Tomaz Andrade, aos 28 de julho de 1920 (livro77, fls.46), o primeiro casado residente em Pitangui e o segundo solteiro residente em BeloHorizonte.

Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em DetalhesEdição: Jornal Folha do PovoEditor: Renilton Gonçalves PachecoPesquisa e redação final: Guaracy de Castro NogueiraFonte de pesquisa: Fundação Maria de Castro / Itaúna em DadosTextos: Sérgio CunhaDiagramação: Márcio Heleno Santos / Daniel Machado CamposAno: 2003Impressão: Gráfica São Lucas Ltda.Fascículo nº: 37

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Manoel Gonçalves de Souza Moreira

Entre os itaunenses ilustres, um dos maiores foi, sem dúvida, Manoel Gonçalves de SousaMoreira. Morreu no primeiro quartel, quando ainda havia muita insensibilidade diante dosofrimento. E ele pensou em todos os necessitados. Dono de uma fortuna considerável,usou de seu patrimônio para construir a Santa Casa e deixar-lhe fartos meios desubsistência . Pediu em testamento , que com o excesso das rendas do hospital, fossemconstruídos dois colégios - um para moças e outro para moços . E temos a Escola Normal eo Colégio Santana , erguidos com o que sobrava à Santa Casa. Mais tarde, sua viúva,Maria Gonçalves de Souza Moreira, Dª Cota, como a chamávamos, fundou o Orfanato SãoVicente, dotando-o também com valioso patrimônio. Assim , o que temos de melhor, nasárea da educação e da caridade - exceto a Universidade - devemos a Manuel Gonçalves deSouza Moreira . Não o conheci, lembra-me apenas o dia em que seu corpo chegou para umvelório, numa das salas da Santa Casa, recém construída . Lá estive ainda criança, comminha mãe que lhe fora prestar sua última homenagem.Um dos grandes valores doados à Santa Casa por Manoel Gonçalves de Sousa Moreira foisua casa de residência , ampla e bonita , que eu conheci. Ocupava um lote enorme , na RuaTupis, quase na esquina da Avenida Afonso Pena , onde hoje se erguem uma igreja e umcolégio protestantes. O lote e o local eram de tal modo privilegiados que FerreiraGonçalves, um grande amigo de Itaúna, na época de seu apogeu, fez uma oferta extraordinária à Santa Casa. Construiria ali um belo prédio de 14 pavimentos . A Santa

Manoel Gonçalves

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Casa exploraria as lojas, no térreo e ele, Ferreira Gonçalves , durante 10 anos os 13pavimentos superiores. Ao fim dos 10 anos a Santa Casa se tornaria proprietária de todo oprédio . Pude ver o projeto , pois Ferreira Gonçalves , ainda hoje é um bom amigo, apesarde agora nos encontrarmos raramente e ele já estar vivendo os seus noventa e tantos anos. Itaúna é devedora a Manoel Gonçalves de Sousa Moreira de uma justa homenagem . Fazpena ver o seu túmulo, ali na velha Santa Casa , tão esquecido e abandonado. Nada maisjusto do que perpetuar-lhe a memória, com um bom monumento , numa das praças dacidade. Mais que ninguém ele o merece. A administração que o fizer terá honrado um dosmaiores , se não o maior dos itaunenses .

Monsenhor Hilton Gonçalves de Sousa

Fonte : Jornal Brexó 1983

Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

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MARIA GONÇALVES DE SOUZA MOREIRA

“Dona Cota”

Nasceu em Sant’Ana do São João Acima, em 23 de Novembro de 1875, filha do capitãoVicente Gonçalves de Souza e de sua esposa Joaquina Maria da Conceição (DonaQuinota). Casou-se na Matriz de Sant’Ana, com seu primo-irmão Manoel Gonçalves deSouza Moreira (Monoelzinho do Hospital), nascido em 19 de Dezembro de 1853, filho deManoel José de Souza Moreira e de Anna Joaquina de Jesus.Segundo depoimentos orais chegados ao nosso conhecimento, Dona Cota ao nascer e atéos 10 anos, ficou aos cuidados de um casal que residia nos fundos da casa, mãe Tininha eseu marido José, escravos de seu pai, capitão Vicente. O barracão era uma pequenasenzala, onde moravam outros escravos que serviam à família. Consta que a jovem“Cotinha” (seu apelido), quis se casar com um rapaz comprador de gado, residente emOuro Preto, mas houve oposição de seu severo pai que cultivava a tradição: “case sua filhacom o filho de seu vizinho”. O casamento com Manoelzinho nasceu de uma homenagemque a comunidade itaunense lhe prestou, quando ela foi a oradora, escolhida para falar emnome de todos, saindo-se muito bem e com muita graça. Tudo muito bem arranjado pelasfamílias de ambos, para que das palavras proferidas nascesse o amor. Em 14 de Julho de1894 aconteceu o casamento, ele com 40 anos e meio, ela com 18 anos e meio. Ele jámaduro e experiente, ela uma menina-moça.

Estiveram em Paris, na Cidade-Luz, e lá, depois de convencidos de que não teriam filhos,trocando ideias sobre o futuro de ambos, teriam feito um pacto de que deixariam suasfortunas para os pobres e humildes de sua terra natal, Itaúna. O esplendor de Pariscontrastando, naquela época, com a pobreza e falta de recursos do Brasil, motivou adecisão do casal.

Dona Cota

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Em 3 de Março de 1917, ele já com 63 anos e ela com 41 completos, com quase 23 anoscasados, Manoelzinho fez seu testamento. Residiam em Belo Horizonte. Os bens de ambosnão se ligavam em virtude do regime de casamento adotado. Ambos eram ricos. Deixoupara ela no testamento, “o usufruto, durante toda a sua vida, de uma casa de morada, sita àrua dos Tupis, nº 51, nesta capital, como todo seu terreno cercado de gradil de ferro emuros, que são três lotes com 1.800m2, números 20, 21 e 22 do quarteirão 24, da terceiraurbana. Mais o usufruto de 100 apólices federais emissão de 29 de Março de 1911, todasde valor nominal de um conto de réis cada uma, e juros de 5% ao ano. Mais o usufruto deuma casa que estava construindo em Itaúna, perto da casa de caridade, em terrenocomprado ao senhor Tobias Viana e sua mulher. E, ainda, toda mobília que existir, roupasde cama e de vestir, na casa do rua Tupis, bem como o cofre de ferro (burra), os anéis deouro com brilhantes que existir e todas mais joias”.Determinou que os bens supra relacionados e onerados com a cláusula de usufruto,“passarão por minha morte a pertencer à Casa de Caridade “Manoel Gonçalves de SouzaMoreira (...) e que esta casa será administrada pela Câmara Municipal da Cidade de Itaúna,que poderá criar uma associação ou irmandade para administrá-la, e em sua falta, peladiretoria da Companhia Tecidos Santanense.Manoel Gonçalves de Souza Moreira revogou, através deste testamento, um anterioraprovado pelo Tabelião Doutor Plínio de Mendonça. Faleceu em 20 de Julho de 1920, com66 anos e meio de idade, 3 anos, 4 meses e 17 dias depois de elaborado seu últimotestamento.

Lamentavelmente, seus sobrinhos, indignados, após a abertura do testamento de seumarido, Manoelzinho, disseram para Dona Cota: “Tia, isto é um absurdo! Ponhaadvogado!” Ao que ela respondeu: “Eu? Tocar demanda contra os pobres de Jesus? Deusme livre de tal coisa!” Cota era muito religiosa e temente a Deus. Piedosa, sabia rezar econversar com Ele, pedindo sempre Sua proteção e amparo par a sua obra e os que nelatrabalhavam e fossem por ela assistidos.Temos grande admiração pelas mulheres da família Gonçalves de Souza. Nossa história érica de exemplos deixados por estas extraordinárias figuras humanas. Sem dúvida, DonaCota merece um lugar de grande destaque nesta galeria. Após a morte de seu ilustre ebenemérito marido, maior figura de Itaúna em termos de capacidade administrativa, tinocomercial e serviços filantrópicos prestados à comunidade, Dona Cota trilhou seu caminhoe na qualidade de viúva ainda viveu 34 anos, 4 meses e 7 dias, vindo a falecer em 27 deNovembro de 1954.Nestes longos anos soube aumentar e construir seu patrimônio. Edificou uma bela casa emBelo Horizonte, à rua Espírito Santo, nº 1594, onde viveu a maior parte de sua viuvez.Seis anos antes de seu falecimento instituiu a Fundação São Vicente de Paulo, em 6 deDezembro de 1948, com escritura pública registrada no Cartório do 1º Ofício, no Livro deNotas nº 32, às folhas 164v., com assistência do Doutor Promotor de Justiça, Dr. JoséValeriano Rodrigues, com o objetivo: “proteger, moral e materialmente, menoresdesamparados, de preferência do sexo feminino, com especialidade, os naturais eresidentes na cidade de Itaúna”: estabelecendo que “são absolutamente inalienáveis oterreno localizado à Avenida Getúlio Vargas, nesta cidade, onde foi a casa de residência deseu pai Vicente Gonçalves de Souza e os a ele adjacentes que a fundação vier a adquirir,bem como as ações das seguintes sociedades: Companhia Tecidos Santanense, CompanhiaIndustrial Belo Horizonte e Companhia Renascença Industrial”. Nesta escritura, ainstituidora promete “transferir à fundação uma casa de morada e seu terreno situados emBelo Horizonte, à rua Espírito Santo, nº 1594, reservando para si o usufruto vitalício sobreela”.

Imitando seu marido, em 15 de Janeiro de 1949, Dona Cota chamou à sua presença o

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Imitando seu marido, em 15 de Janeiro de 1949, Dona Cota chamou à sua presença oTabelião do 5º Ofício de Notas, Carlos Bolivar Moreira, e fez o seu testamento. Nele,admitiu que sua casa em Belo Horizonte, encontrando um bom negócio, poderia servendida e produto da venda se converteria em ações inalienáveis.Aos 20 de Março de 1949, na primeira reunião da entidade, com os dirigentes Dr. LincolnNogueira Machado (presidente), Dr. Alcides Gonçalves de Sousa (vice-presidente), Dr.Fajardo Nogueira de Souza (1º secretário), Victor Gonçalves de Souza (2º secretário) eAstolfo Dornas (tesoureiro), Dona Cota também presente, foi apresentado e aprovado oacordo com as Irmãs Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento,visando a direção interna do Orfanato. Foram aprovadas as plantas para a construção doOrfanato, ficando o engenheiro Dr. Rubens Vaz de Melo encarregado de dirigir e fiscalizaras obras. Decidiu-se que o capelão indicado pelo Arcebispo Dom Cabral seria irmãoconselheiro com direito a voto.Em 14 de Fevereiro de 1950, faleceu Dona Tereza Gonçalves de Souza, destinando seupatrimônio ao Orfanato instituído por sua irmã, Cota, ainda viva. Vários sobrinhostentaram anular o testamento que consistia de ações de várias companhias, apólices doEstado, dinheiro, casa de morada à Avenida Getúlio Vargas e seu terreno com 1.400m2,também um anel de brilhantes, tudo avaliado, na época, em um milhão, duzentos equatorze mil cruzeiros.Em resumo, esta foi a vida de grandes personalidades da família Gonçalves de Souza asquais, com espírito cristão e religioso, demonstraram que dinheiro não é um mal, mas umbem, que filantropicamente aplicado, melhora a vida dos mais humildes, carentes esofredores.

Fonte: Guaracy de Castro Nogueira -Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira - ICMCDigitalização: Juarez Nogueira FrancoPesquisa / Fotografia : Charles Aquino

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

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Manoel Gonçalves de Souza Moreira, o "Manoelzinho do Hospital", nasceu em Santana doSão João Acima, aos 19 de dezembro de 1851, filho de Manoel José de Souza Moreira ede Dª Ana Joaquina de Jesus. Seu pai, Manoel José de Souza Moreira, nascido em Bonfim,em 5 de fevereiro de 1829 e falecido em Santana do são João Acima , aos 22 de dezembrode 1898, foi o pioneiro da industrialização local e a mais importante expressão da famíliaSouza Moreira de Bonfim. Fundou a Casa Comercial "Moreira & Filhos", de grandeimportância para a formação econômica e histórica de Itaúna. Contribuiu pra transformar oarraial de Santana no principal empório comercial da região Centro Oeste de Minas.Foi na firma "Moreira & Filhos" que Manoel Gonçalves de Souza Moreira, João deCerqueira Lima e Josias Nogueira Machado, respectivamente filho e genros do seu patrão,aprenderam e se tornaram hábeis comerciantes. Manoel Gonçalves de Souza Moreira foium legítimo herdeiro das qualidades e virtudes de seu notável pai, Ainda muito jovem setornou sócio da firma "Moreira & Filhos". Nela trabalhando arduamente fez carreira debalconista a gerente. Acumulou desde cedo bom patrimônio, vivendo exclusivamente parao trabalho. Participou ativamente na estruturação da Companhia de Tecidos Santanense, deque foi fundador com seu pai Manoel de Souza Moreira. Quando da Assembleia Geral dafundação realizada em 23 de outubro de 1891, com apenas 29 anos de Idade, subscreveu400 ações, no valor de 80 contos, importância altamente expressiva para época, somenteprecedido por seu pai, Manoel José de Souza Moreira, que subscreveu 600, no valor de120 contos de réis. Ele e seu pai eram realmente os únicos ricos da família. Depositaram

Manoelzinho

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no Banco do Império do Brasil os 60 contos necessários, 30 de cada um deles, comocaução, para lançaras ações da primeira sociedade anônima de Itaúna. Foi a pedrafundamental da mentalidade capitalista de Itaúna . Capitalismo caboclo, familiar epaternalista. Foi diretor tesoureiro da empresa, desde sua fundação até o ano de 1904,quando, atraído pelo rápido progresso na nova capital mineira, inaugurada em 12 dedezembro de 1897, se transferiu pra Belo Horizonte. Lá com sua mentalidade deempresário bem sucedido, foi um dos fundadores da Companhia Industrial Belo Horizonte,com capital de 600 contos de réis, sendo eleito na Assembleia de Constituição, realizadaaos 28 dias de agosto de 1906, membro da primeira diretoria, para o mandando de 1906 a1911, composta pelos fundadores da sociedade, a saber: Cel. Inácio Magalhães; Cel.Manoel Gonçalves de Souza Moreira e Cel. Américo Teixeira Guimarães.Antemonarquista histórico foi o principal fundador , em 21 de abril de 1889, do Cluberepublicano "21de Abril", de Santana do São João Acima, sendo eleito pelos noventamembros que o acompanharam na fundação, e também pelas principais liderançassantanenses, presidente do clube e que se filiou ao Centro Republicano, de igual nome, emOuro Preto. Foi também o criador, em 13 de abril de 1890, do semanário o "Centro deMinas", o primeiro jornal a circular em Santana do São João Acima. Ao regressar de suaviagem à Europa, em Paris, na Cidade Luz, já idoso, passou a meditar em profundidadesobre o destino a ser dado ao expressivo patrimônio por ele acumulado. Não possuía filhose amava Itaúna , a terra de seu nascimento. Espírito cristão e fraterno tomou a maisimportante decisão de sua vida modelar: fundar, em sua terra natal, uma "Casa deCaridade", e doar parcela substancial de seu grande patrimônio a uma instituição queviesse a ser construída com o objetivo de instalar e manter o hospital, um asilo de velho,um pavilhão pra tuberculosos; bem como investir, conforme recomendado em seutestamento, na educação dos jovens itaunenses. Casou-se com a sua prima MariaGonçalves de Souza Moreira, conhecida por Dª Cota. Foi uma das mais extraordináriaspersonalidades de Itaúna, sem dúvida o maior filantropo do século XX em nossa cidade,pelo seu alto espírito humanitário. Este ato o credenciou ao respeito, ao apreço e à eternagratidão de todos itaunenses, pois se transformou em nosso maior benfeitor. Faleceu emBelo Horizonte, aos 20 dias de junho de 1920, aos 68 anos de idade, sendo sepultado,como do seu desejo, em Itaúna, junto à "Casa de Caridade" que ostenta o seu beneméritonome. Sua Viúva, Dª Maria Gonçalves de Souza Moreira, a caridosa Dª Cota, alguns anosapós, impulsionada por seus sentimentos cristãos e inspirada no belo ensinamento de seuesposo, fundou o "Orfanato São Vicente de Paula". Ela faleceu em 26 de novembro de1954, aos 79 anos de idade, sendo sepultada, em Itaúna, como de sua vontade, sendoverdadeiro que ela se tornou benfeitora e benemérita. Esta é a origem da "Casa deCaridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira", da Escola Normal e do Colégio Santana.

Guaracy de Castro Nogueira

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Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

Page 25: Casa de Caridade Itaúna

SANTA CASA DE MISERICÓRDIAA Câmara Municipal e o Patrimônio

No testamento de Manoelzinho está a disposição: Essa casa denominar-se-á "Casa deCaridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira", será administrada pela CâmaraMunicipal da cidade de Itaúna, que poderá criar uma associação ou irmandade paraadministrá-la, e em sua falta pela diretoria da "Companhia Tecidos Santanense".Para se cumprir a disposição acima, a Câmara se reuniu e há nos arquivos da instituição ooriginal da certidão de seguinte teor: Certifico que, o livro de registro de leis e decretosdesta Municipalidade, nele, às páginas 360 a 367, encontrei o seguinte:Lei nº 127 de 8 de setembro de 1920, sobre a Casa de Caridade. O povo do Municípiode Itaúna, por seus vereadores, decretou, e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lei:Art. 1º - A Câmara Municipal de Itaúna desiste do encargo de administrar a Casa deCaridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira, a fundar-se nesta cidade, preferindo queseja administrada por uma Irmandade.Art. 2º - Fica o Presidente da Câmara Municipal de Itaúnaautorizado a organizar umaIrmandade, que será a seu cargo a administração da nova Casa de Caridade e de seupatrimônio, de acordo com as disposições de testamento do finado itaunense ManoelGonçalves de Sousa, podendo fundar outros estabelecimentos de caridade, e de instrução,organizando os Estatutos, que serão aprovados por decreto do Presidente da CâmaraMunicipal.Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas as autoridadesa quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façamcumprir, tão inteiramente como nela se contém.O Presidente da Câmara, Dr. Augusto Gonçalves de Sousa Moreira.O Diretor Interino, Cordovil Nogueira. Registrada e publicada nesta Secretaria da Câmara Municipal de Itaúna, aos 8 de setembrode 1920.

Câmara Municipal

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Nossos comentários: Nessa altura, tendo a Câmara desistido do encargo de administrar aCasa de Caridade, preferindo organizar uma Irmandade, competia ao Presidente da Câmararedigir o anteprojeto dos Estatutos, submetê-los à discussão e votação dos vereadores, deacordo com as disposições do testamento. Em seguida, após cumpridas as normas neleestabelecidas, submetê-los à autoridade competente, o promotor da Comarca do Pará.Itaúna era apenas "termo da Comarca do Pará" e aqui não havia promotor. Tratava-se deuma fundação, edificada sobre um patrimônio de grande valor. Matéria já regulamentadapelo Código Civil Brasileiro, sancionado e promulgado a 1º de janeiro de 1916. Através dodecreto sob nº 3071, entrou em vigor, conforme disposto no art. 1806, no dia 1º de janeirode 1917.E o Art. 24 já em vigor há mais de três anos, na época, determinava que "Para se criaruma fundação, far-lhe-á o seu instituidor, por escritura pública ou testamento,dotação especial de bens livres especificando o fim a que se destina, e declarando, sequiser, a maneira de administra-la".O Art. 26 é taxativo: "Velará pelas fundações o Ministério Público do estado, ondesituadas".Finalmente, o Art. 27 explicita: "Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação dopatrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suasbases (art.24), os estatutos da fundação projetada, submetendo-os, em seguida, àaprovação da autoridade competente". Nada disso se cumpriu, nem se deseja agora que se cumpra, é assunto morto, tudoprescrito. E mais: já no artigo segundo a Câmara ultrapassou sua competência, "quandoautoriza fundar outros estabelecimentos de caridade e de instrução", contrariando otestamento.Fala-se num tal esboço do testamento redigido de próprio punho pelo instituidor, mas semassinatura, conhecido, segundo tradição oral, por poucos parentes, presumimos, suspeitoslegalmente. Admitamos, por hipótese, que os acréscimos feitos pelo Dr. Augusto, naqualidade de Presidente da Câmara tenham estado no primeiro testamento, anulado "intotum". Afinal, um homem formado, culto, com tanto dinheiro na mão, responsável pelaadministração e desenvolvimento do município, imaginou que teria chegado a hora dedotar seu município com o ensino de melhor qualidade, concordando em colocar ainstrução como objetivo do instituidor, o que não está no testamento. Documentos semassinatura e boas intenções não podem ser aceitos, contrariando o espírito do fundador e alegislação em vigor. Principalmente, num documento de tão grande valor, comrepercussões futuras, danosas à saúde financeira da Irmandade.

Outro documento da Câmara: Certifico que, revendo o livro de registro de leis e decretosdesta Municipalidade, nele às páginas 375 e 376, encontrei o seguinte: "Decreto n. 52, de20 de setembro de 1920. Promulga os Estatutos da Casa de Caridade ManoelGonçalves de Sousa Moreira.Dr. Augusto Gonçalves de Sousa Moreira, presidente daCâmara Municipal de Itaúna, usando da atribuição que lhe faculta aprovar os Estatutos daCasa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira, expedido em 16 de setembro 1920,e assinado pelos membros do Conselho Deliberativo". Registre-se e publique-se. Secretariada Câmara Municipal, aos 20 de setembro de 1920. O Diretor Interino, Cordovil Nogueira.É o que cotinha nos registros que fielmente copiei e a que me reporto. Secretaria daCâmara Municipal de Itaúna, aos 16 de novembro de 1920. O Diretor Interino, CordovilNogueira.

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Nossos comentários: Preocupou-nos o fato de o dr. Augusto ter promulgado os Estatutosdoze dias da manifestação da Câmara, tempo, a nosso ver, insuficiente para a suaelaboração pela Câmara e aprovação pelo promotor em Pará. E não havia prazodeterminado para tais providências. No Estatuto aprovado pela Câmara, cuja cópia não foitranscrita na ata da primeira reunião da Irmandade que, "redundantemente o aprovou" (17de outubro), com a presença apenas de 14 irmãos, quando a Câmara já havia fixado em 25o número dos membros do Conselho Deliberativo, vitalícios e escolhidos pelos vereadores.Não encontramos em nenhum documento a relação dos 25 membros iniciais, integrantes doConselho. Sem se conhecer os nomes desses integrantes, a irmandade, reunida pelaprimeira vez, com 14 pessoas, elegeu os membros da Mesa Administrativa e do ConselhoFiscal. Entre os eleitos e não empossados na primeira reunião estavam os senhores: ArturContagem Vilaça e o Padre João Ferreira Álvares da Silva (fiscais efetivos), JoãoRodrigues Nogueira Penido e Artur Pereira Matos (ficais suplentes). Nesta altura jáconhecíamos 18 membros do Conselho (os 14 presentes e estes 4 ausentes eleitos).

Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em DetalhesEdição: Jornal Folha do PovoEditor: Renilton Gonçalves PachecoPesquisa e redação final: Guaracy de Castro NogueiraFonte de pesquisa: Fundação Maria de Castro / Itaúna em DadosTextos: Sérgio CunhaDiagramação: Márcio Heleno Santos / Daniel Machado CamposAno: 2003Impressão: Gráfica São Lucas Ltda.Fascículo nº: 38

Postado há 31st December 2014 por Charles Aquino

Page 28: Casa de Caridade Itaúna

Quem era dr. Augusto em 1920?

Nascido em 29 de julho de 1861, estava com 59 anos de idade; diplomado médico em1887, estava na profissão há 33 anos; e, no comando do município, desde suaemancipação, há 19 anos. Em plena maturidade, lúcido, líder e chefe. Comandoindiscutível. Era o poder pela autoridade de sua liderança, posição financeira eprofissional. Altamente prestigiado pelas autoridades constituídas do estado Chefepolítico, sem contestação. Ex- deputado constituinte, presidente da Companhia IndustrialItaunense, afinal detentor de uma gama enorme de poderes. Suas decisões eram acatadas,jamais discutidas. Poderíamos, afirmar, sem incorrer em julgamento falho, que ele estavaacima do bem e do mal, não temia julgamento algum que pudesse afetar sualiderança. Assim, médico e não advogado cometeu falhas na organização da Casa deCaridade, sem receio de qualquer censura de promotor ou juiz. O art. 27 da lei municipalcumpriu o testamento, no primeiro artigo, quando desistiu do encargo de fundar ainstituição e autorizou a criação de uma irmandade. Perfeito. O decreto nº 52, doPresidente da Câmara, de 22 de setembro de 1920 promulgando o Estatuto, expedido peloConselho Deliberativo (!) em 16 de setembro anterior, é uma aberração. Como o ConselhoDeliberativo poderia aprovar o Estatuto em 16 de setembro se a Câmara não haviaorganizado nomeados seus 25 membros? Nem era atribuição do Conselho aprovar estatutoelaborado pela Câmara(órgão maior), sem a prévia aprovação do Promotor. E estaaprovação se deu por unanimidade com apenas 14 irmãos presentes. O registro no Cartóriode Rossini de Matos, parente, em 17 de novembro de 1920, quanto aos fins da instituição" fala na fundação da Casa de Caridade pra tratamento de indigentes e não indigentes, eoutros estabelecimentos de caridade, inclusive um colégio para meninas.(posteriormente, incluíram também meninos).Não dá para entender! E mais, o"Registro Especial" no cartório do "termo", quando devia ser no cartório da Comarca do

Dr. Augusto

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Pará, do "extrato dos estatutos aprovado pela maioria de seus irmãos" (na ata fala emaprovação unânime pelos 14 dos 25 irmãos) não aborda aspectos fundamentais dosEstatutos, assim por exemplo o único do art. 24 "só poderão fazer parte da MesaAdministrativa os irmãos que residirem na cidade de Itaúna" (Seria omissão proposital?).Incrível: o Tabelião afirma que estava cumprindo o disposto nos artigos 18 e 19 do CódigoCivil. Não fala em Fundação e sim Associação (art. 10º do Estatuto). Prova de quetinham conhecimento do Código Civil e escolheram o caminho do "facilitário", fugindoda fiscalização do promotor. Aliás, lendo todas as atas vi a presença do promotor dacomarca, pela primeira vez, na reunião de 24 de janeiro de 1937, quando da apresentaçãodas contas do exercício de 1936, dr. João de Paula Silva Filho, convidado pelo provedordr. Dario Gonçalves.Na qualidade de historiador não nos interessa criticar as personagens envolvidas, masapenas a análise dos documentos exibidos e consultados. Estamos um tanto decepcionadoscom as atitudes de homens ilustres de nosso passado histórico. Eles não foram fiéis aomandato que receberam. Ficaremos muito felizes se provarem que estamos enganados.Vejamos. Não encontramos nos arquivos da Casa de Caridade nenhum documentoredigido pelo instituidor que falasse de seus sucessores e dos fins da instituição, além desua atividade natural, prevista, na área de saúde, o hospital.

Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em DetalhesEdição: Jornal Folha do PovoEditor: Renilton Gonçalves PachecoPesquisa e redação final: Guaracy de Castro NogueiraFonte de pesquisa: Fundação Maria de Castro / Itaúna em DadosTextos: Sérgio CunhaDiagramação: Márcio Heleno Santos / Daniel Machado CamposAno: 2003Impressão: Gráfica São Lucas Ltda.Fascículo nº: 38

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Page 30: Casa de Caridade Itaúna

Escola Normal Manoel Gonçalves de Souza Moreira

Foi fundada pela Casa de Caridade e custeada por esta, até ser convertida em SociedadeAnônima, da qual a Casa de Caridade possui a quase totalidade das ações.[1]Em 5 de junho de 1921, reuniu-se o Conselho Deliberativo para tratar da fundação de umaEscola Normal, em Itaúna, conforme desejava o fundador desta instituição. Entre oindiferentismo de uns e o ceticismo de outros, a feliz iniciativa encontrou o apoio damaioria, ficando a Mesa Administrativa autorizada a fundar a escola. Em 31 de dezembrode 1921, esteve reunia a Mesa Administrativa, composta dos seguintes membros:

Provedor Dr. Augusto Gonçalves de Souza MoreiraVice-Provedor Acácio Baeta CoelhoSecretário Afonso dos SantosTesoureiro Francisco de Araújo SantiagoProcurador Dr. Dario Gonçalves de Souza

Fixou-se, em consequência do deliberado, na mencionada reunião, o dia 15 de março de1922, para a instalação da escola, havendo sido nomeada a seguinte Diretoria para dirigir onovo estabelecimento do ensino:

Diretor Dr. Afonso dos SantosVice-diretor Dr. Mário MatosSecretário Hidelbrando ClarkDiretoria interna Maria Augusta Gonçalves

Em 1º de fevereiro de 1923, foi eleito Provedor da Casa de Caridade o signatário desteesboço histórico, o qual vem sendo reeleito, em Biênios sucessivos, até a presente data.Reuniu-se, em 3 de fevereiro de 1924, o Conselho Deliberativo e autorizou, a Mesa

Escola Normal

Page 31: Casa de Caridade Itaúna

Administrativa, a incorporar a sociedade Escola Normal Manoel Gonçalves S/A., com ocapital inicial de Cr$ 140.000,00. Subscreveu, a Casa de Caridade, Cr$ 100.000,00,ficando o restante, para ser subscrito por itaunenses desejosos de dotar Itaúna de modernoestabelecimento de ensino secundário. Na mesma reunião, ficou deliberada a construçãode um prédio para a sede do mesmo. Organizada legalmente a sociedade foi eleita aseguinte Diretoria:

Presidente Arthur Contagem VilaçaTesoureiro Aristeu GonçalvesSecretário Dr. Lincoln Nogueira Machado

Esta Diretoria, em reeleições sucessivas, dirigiu o estabelecimento com grandes vantagenspara a cidade e para o educandário.

Em 5 de maio de 1924, iniciou-se a construção do majestoso edifício, onde funciona aEscola, à rua Arthur Bernardes, sendo paraninfos : Dr. Fernando de Melo Viana,Secretário do Interior de Minas, representando o Presidente do Estado Dr. Raul Soares deMoura e a Sra. D. Maria Gonçalves de Souza Moreira, viúva do Fundador da Casa deCaridade.[2]

[1] Ata Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira: Registrado sob nº 16.539 às fls 272 vºdo Livro A-XI. [2] Revista Acaiaca: Esboço Histórico da Casa de Caridade "Manoel Gonçalves de Souza Moreira". Dr.Dario Gonçalves de Souza. Paginas: 100, 101. Ano: 1952.

Postado há 20th December 2014 por Charles Aquino

Page 32: Casa de Caridade Itaúna

Ginásio Sant'Ana

Na década de trinta, a cidade de Itaúna contava com o Grupo Escolar Dr. AugustoGonçalves, para o denominado “Ensino Primário” e a Escola Normal que ofereciacontinuidade de ensino para as meninas, oportunizando-lhes tornarem-se professoras. Paraos meninos, a oferta se restringia aos quatro anos de curso primário. Aqueles cujasfamílias possuíam melhores condições financeiras iam para internatos em Pará de Minas,Belo Horizonte e Caraça. Os menos favorecidos não tinham oportunidade de continuaremos estudos. Percebendo a necessidade de se corrigir tal situação, alguns itaunenses sereuniram para criar um ginásio. Entre esses, destacamos o então vigário da Paróquia, Pe.José Ferreira Neto; Sr. José de Cerqueira Lima, diretor da Itaunense; Sr. Victor Gonçalvesde Sousa, diretor da Santanense; Dr. Lincoln Nogueira Machado, prefeito; o Dr. NisoPena, juiz de direito.Fundaram o Ginásio Sant’Ana a 22/10/43 que funcionou primeiramente na casa da FamíliaCerqueira Lima, à Rua Silva Jardim e era mantido pela Casa de Caridade ManoelGonçalves de Sousa Moreira. Dificuldades várias foram enfrentadas galhardamente peloSr. José Edwards Santiago, encarregado de levar o projeto adiante. Decidiu-se então porbuscar o auxílio de Padres americanos para a administração do Ginásio Sant’Ana. Essespadres ficaram aqui por pouco tempo. E as dificuldades aumentavam. Optou-se, então, porvender o Ginásio para os padres holandeses da Congregação do Espírito Santo, queconstituíram a Sociedade Civil Ginásio Sant´Ana. Inicialmente, colocaram funcionandoum internato, seminário e externato masculino. Mais tarde, o regime passou a ser apenasde externato misto. [...]. ¹[...] Em 3 de junho de 1945, reuniu-se o Conselho Deliberativo, convocandoextraordinariamente, para estudar e opinar sobre uma proposta da Mesa Administrativa, deencampação do GINÁSIO SANT'ANA, estabelecimento de ensino secundário pararapazes, fundado, nesta cidade, por plêiade de patriotas itaunenses. Nessa reunião, ficou aMesa Administrativa autorizada a subscrever Cr$ 260.000,00, em ações da Escola NormalGonçalves S/A, cujo capital foi elevado a Cr$ 500.0000,00, passando o Ginásio apertencer a esta sociedade. Em novembro do mesmo ano, iniciou-se a construção doedifício do GINÁSIO SANT'ANA, seção de externato, à rua José Gonçalves. Emdezembro de 1946, passou a funcionar em sua sede própria o Ginásio e a Escola de

Ginásio Sant'Ana

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Comércio Sant'Ana.[...]².

[...] Em reunião do conselho Deliberativo, realizada a 31 de agosto de 1947, foi a MesaAdministrativa autorizada a subscrever mais Cr$ 1.500.000,00 (Um milhão e quinhentosmil cruzeiros), em ações da sociedade EDUCANDÁRIOS MANOEL GONÇALVES S/A.,para construir o majestoso edifício onde funciona o internato do Ginásio Sant'Ana.[...]³.

[1] http://www.colsantana.com.br/Site/historia.aspx[2] Revista Acaiaca: Esboço Histórico da Casa de Caridade "Manoel Gonçalves de Souza Moreira". Dr. DarioGonçalves de Souza. Pagina: 102. Ano: 1952.[3] Revista Acaiaca: Esboço Histórico da Casa de Caridade "Manoel Gonçalves de Souza Moreira". Dr. DarioGonçalves de Souza. Pagina: 103. Ano: 1952.

Postado há 20th December 2014 por Charles Aquino

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Dr. ANTÔNIO AUGUSTO DE LIMA COUTINHO

"Humanista, grande médico, homem honrado e caridoso"

Dr. COUTINHO, tratado na família como "NICO", nasceu em Ouro Preto no dia 12 deAbril de 1898, filho de Pedro Artur de Souza Coutinho e Felicíssima Ricardina Coutinho.Seus avós paternos, Cel. João Batista de Souza Coutinho e dona Francisca de Assis deAzeredo de Sousa Coutinho eram originários de Barão de Cocais. Seu avô maternoAntônio Augusto Pereira Lima, nasceu na Fazenda do Marzagão, em Itabira do Campo(Itabirito), também terra natal de sua avó, dona Anna Josephina França. No ano de 1907,Pedro Artur (Doca), que era funcionário público, transferiu-se com a família para BeloHorizonte, onde o menino Antônio Augusto (nome em homenagem ao avô materno)prosseguiu seus estudos no curso primário com a professora particular Ana Cintra,renomada educadora mineira, sua amiga, enquanto ela viveu, pela troca decorrespondência mantida ao longo de muitos anos. Sempre aplicado e compenetrado,criado em ambiente de alta religiosidade, foi jovem e adulto temente a Deus. No cursosecundário, estudou no Colégio D. Viçoso. Com a mudança do Colégio Azevedo para acapital, do velho mestre, seu amigo Caetano de Azeredo Coutinho, terminou neste seusestudos, os quais lhe permitiram aspirar uma carreira de nível superior e concretizar seussonhos de juventude. Estudioso, desde cedo aplicou-se no conhecimento do francês, quelhe era familiar. Não saía das bibliotecas onde os melhores livros didáticos estavamescritos nessa língua. Submeteu-se ao exame de admissão na Faculdade de Medicina deBelo Horizonte, em 1916, onde ingressou, vindo a ser, nos primeiros anos, preparador daCadeira de Anatomia. No terceiro ano, trabalhou como interno no Serviço de Oftalmologiada Santa Casa de Misericórdia. Ao término do quarto ano, transferiu-se para a Faculdadeda Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, como interno no Serviço de Ginecologia,oportunidade em que escreveu um sério trabalho, denominado "Prenhez Ectópica(Tubária). Formou-se em 1922. Logo foi convidado pelo seu antigo chefe na Faculdade,professor Augusto Brandão, para clinicar na cidade de Campinas (SP), mas recusou o

Dr. Lima Coutinho

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professor Augusto Brandão, para clinicar na cidade de Campinas (SP), mas recusou oconvite, porque esteve em Belo Horizonte, em visita aos seus pais e recebeu de seu tioAgripino Augusto Pereira Lima um convite para trabalhar em Itaúna, onde chegou no dia18 de Janeiro de 1923. A Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira,inaugurada em 19 de Março de 1921, dez dias depois, perdeu seu provedor, Dr. AugustoGonçalves, vítima de um derrame cerebral, vindo a falecer 20 de Maio de 1924. Dr.COUTINHO ficou morando na casa de seu tio, farmacêutico Agripino Lima. Este o levoua conhecer o renomado médico Dr. Dorinato de Oliveira Lima, que o convidou para serseu auxiliar, como cirurgião. Optando pela ginecologia, Dorinato lhe disse não serinclinado para tal especialidade, pediu-lhe então que examinasse pacientes na enfermariade mulheres. Paradoxal, Dorinato obteve em Paris seu diploma de pós-graduaçãojustamente em ginecologia e obstetrícia. Dr. COUTINHO, com os recursos disponíveis -dedo, vista e ouvido - examinou algumas e, por um capricho do destino, constatou prenheztubária em uma delas. Dorinato espantou-se porque tratava-se de um diagnóstico difícil. Dr. COUTINHO, assumindo o caso, utilizou pela primeira vez em Minas Gerais, aRaquianestesia, injetando no canal medular uma ampola de Percaine, que trouxera do Rio,obtendo êxito completo no tratamento da paciente. A partir de então, Dr. COUTINHOganhou a confiança de Dorinato que lhe entregou todos os casos de ginecologia doHospital. Dorinato, seduzido pela política se transferiu para Belo Horizonte e, como é doconhecimento geral, Dr. COUTINHO, além de clínico geral, assumiu a chefia do setorcirúrgico da Santa Casa. Fez da Medicina um sacerdócio, dando combate sem quartel àdoença, sua inimiga de todas as horas. Perseguia-a onde estivesse, tanto na fazenda comona cidade. Ia ao encalço dela pelas estradas da roça, montado em cavalo ou burro. E ascirurgias sucediam-se, uma atrás da outra, quando para a Santa Casa afluíam doentes deDivinópolis, Cajuru, Pará de Minas, Cláudio, Mateus Leme, Itaguara, Itatiaiuçu, Bonfim emuitos outros lugares. Em 1931, o jovem João Guimarães Rosa, formado em Medicina, foiresidir em Conquista (Itaguara) e tornou-se frequentador da Santa Casa de Itaúna e daresidência do Dr. COUTINHO. Tornaram-se grandes amigos. Dr. COUTINHO fez o partode sua filha Vilma. Publicou em 1932 o livro "A Messe de um Decênio", em que relatoupassagens dos 10 anos iniciais de sua atividade profissional, leitura que se recomenda atodos que desejarem conhecer o homem e médico que foi. Casou-se, em 15 de Setembrode 1924, com NAIR CHAVES, de rara beleza, "Miss Itaúna", de tradicionais famílias,descendente dos fundadores do município, distinguida na época com uma serenata de"Catulo da Paixão Cearense", em visita à cidade. O casal teve dez filhos, sendo que umamenina, primogênita, AUXILIADORA, morreu criança, aos quatro anos. Os outros são:HELÊNIO ENÉAS, falecido, médico, ex-membro da Academia Brasileira de Medicina;RÔMULO AUGUSTO, falecido, foi Secretário de Segurança do Estado de Minas Gerais;JUAREZ CARLOS, falecido, farmacêutico prático; EVANDRO ALBERTO, agrônomo;MARCO ELÍSIO, professor universitário; JAIRO CÉLIO, ex-gerente da extinta CaixaEconômica Estadual, MARIA ÂNGELA, casada com Achilles Ferreira, aposentado, ex-gerente do extinto Banco da Lavoura e do extinto Banco Real; ÂNGELA MARIA,formada na Universidade de Itaúna e HELDER MAGNUS, falecido, era alto funcionárioda CEMIG. Todos se casaram.Foi professor de francês e psicologia educacional na Escola Normal Oficial de Itaúna,onde sua esposa foi excelente Diretora. No período em que a Escola foi desoficializada,por sete anos, ele e Dª NAIR, como vários outros dedicados professores, lecionaram suasmatérias sem remuneração alguma.Sua primeira participação na vida pública de Itaúna foi na vitoriosa Revolução de 1930,dela um dos vigorosos propagandistas e defensores, ao lado de outros idealistas, comoArtur Vilaça, Dr. Hely Nogueira e José Augusto dos Santos (Juca do Bá). Lutaram naAliança Liberal, liderada por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, contra o governo

central da República Velha e outros 17 Estados da Federação. Foi nomeado e participou do

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central da República Velha e outros 17 Estados da Federação. Foi nomeado e participou doprimeiro Conselho Consultivo, em substituição à extinta Câmara Municipal. Líderintegralista, ao lado do Monsenhor Hilton Gonçalves de Souza, acreditou nos ideais dePlínio Salgado. Foi Prefeito no período de 14 de Dezembro de 1947 a 31 de Janeiro de1951, o primeiro após a reconstitucionalização do país com a queda de Getúlio Vargas.Trabalhou, incessantemente, em favor do desenvolvimento harmônico e global domunicípio. No cargo, deu atenção especial aos problemas vinculados à área de saneamentobásico. O abastecimento de água, a extensão da rede de esgotos, o combate às moléstiasendêmicas, como a malária, mereceram investimentos prioritários em seu mandato. Trouxea Itaúna o famoso professor CARVALHO LOPES, que entrevistei para a Folha do Oeste, enos deu água de primeira qualidade, por alguns anos, com os poços subterrâneos. Deuatenção especial à educação, eis que foi, em vida, autêntico educador. Dedicou-se tambémà tarefa de melhorar as condições de vida, na área rural, destacando-se seu empenho naconstrução de estradas vicinais. Ocorreu em seu mandato, logo no início, uma das maioresenchentes do rio São João, que passou à história como a "enchente do Dr. Coutinho". Omunicípio entrou em estado de calamidade pública. A tragédia deu frutos: elaborou-se omelhor Plano Diretor já feito para a cidade, lamentavelmente não executado pelo seusucessor, por falta de recursos, e projetou-se a construção da Barragem do Benfica,resultados de sua atuação junto aos Governos estadual de Milton Campos, onde seucompadre Pedro Aleixo era Secretário do Interior, e federal de Gaspar Dutra, de ondetrouxe técnicos para estudar e viabilizar a solução dos problemas, como o Dr. CamiloMenezes, Diretor Geral do Departamento Nacional de Obras e Saneamento. Nasnegociações, envolveu a Companhia Industrial Itaunense, que se responsabilizou pelolevantamento topográfico da bacia, e, afinal, em sociedade com a Companhia TecidosSantanense construíram, de 1954 a 1958, a importante e vital obra para Itaúna, a Barragemdo Benfica.Juntamente com o prefeito Lincoln Nogueira Machado, Artur Vilaça e outros, o Dr.COUTINHO tudo fez para trazer para Itaúna uma indústria de grande porte, a CompanhiaNacional de Ferro Puro - CNFP, que seria instalada onde é hoje o Bairro Padre Eustáquio.Uma enorme empresa, organizada em São Paulo, com o capital de 16 mil contos de réis.Lançou-se a pedra fundamental da iniciativa com as bênçãos do virtuoso Padre EustáquioVan Lieshout. A ideia não vingou, mas ficou, para sempre, conosco o nome do santosacerdote que ganhou, merecidamente, o título, dado pela nossa Câmara Municipal, de"Cidadão Honorário". Seu nome enobrece o Distrito Industrial da Fazendinha.Nasceu pra servir, foi um dos fundadores do Rotary de Itaúna e seu Presidente. Foi bompara Itaúna, para sua família, e, especialmente para a sua legião de clientes, alunos eamigos. Grande orador, altíssimo nível cultural, jamais saiu de sua terra de adoção. Esposoe pai, construiu edificante lar. Romântico, idealista, sempre digno e ético, jamais foi umSancho Pança e muitas vezes foi um D. Quixote, deixou marcas profundas na história domunicípio e um grande número de descendentes, herdeiros dos exemplos e das nobresqualidades maternas e paternas.Faleceu aos 84 anos, aos 10 dias do mês de Junho de 1982, às 7:30 horas de uma manhãensolarada, no dia de Corpus Christi, data santa tão vinculada ao grande morto, autênticocristão.Continua vivo na memória dos legítimos Itaunenses.

Texto: Guaracy de Castro NogueiraAcervo: Professor Marco Elísio Local : Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira - ICMCCharles Aquino, graduando em História pela Universidade do Estado de Minas Gerais / FUNEDI Campus da

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Fundação Educacional De Divinópolis.Juarez Nogueira Franco

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

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Itaúna, 18 Agosto 1942

Exmo. Sr. Dr. Domingos Henriques Carlos da SilvaM. D. Delegado de Ordem Social

Belo Horizonte

Eu, Urçini Antonio de Oliveira, Brazileiro, Branco 42 anos casado, pae de 8 “oito” Filhosmenores. Serviços: Machadeiro, enxadeiro, lavrador , rezidente na Estação de Angicosneste município chamado pelo srs. Regino Leonardo Rabello e seu Filho Pedro ReginoRabello, na sua fazenda próxima a villa de Cajurú , para prestar meos serviços de Machadeiro Lavrador, em dias do mez de maio de 1941 estando eu trabalhando na citadaFazenda e ao preço de 7000 diários, cerca de 3 horas da tarde do dia 13 do mesmo mez ,quando eu lavrava uma pessa de madeira, chegava nesta ocazião e hora mais uma carradade paús para serem lavrados e eis que surge uma manobra violenta com os Bois e Carroda qual veio uma pancada relampago da qual quebrou minha perna acima do tornozello eesfaçelou o osso em deformação como consta da Radiografia e meo estado da ocazião atéagora estando ruim estado de mizeria e pobreza e sem recurços para tratar . Na ocazião oFazendeiro citado digo, Pedro Regino Rabelo sendo genro do sr. Antônio Dellaretti , esterezidente em Cajurú de nacionalidade Italiana que me procurou na Santa Caza para eu darum reçibo sobre o açidente na quantia de 2000$000 duzentos mil reis, dando por findo ocazo, recuzei na presença dos enfermeiros assistentes da dita Santa Caza de Itaúna e isto sedeu em prezença do sr. Delegado de Polícia de Itaúna o qual foi em Companhia do Sr.Delaretti do qual é intimo amigo apezar da inssistençia de ambos, recuzei , e a conçelhos de amigos constitui o delegado Exm. Dr. José Cabral, o qual dirigiu-se a Justiça de Itaúnae feito o Inquérito policial o sr. delegado concluiu pela negativa em parte e desvirtuamentoem outra parte apezar de eu ser um homem rustico e sem nenhúm preparo, nêm lêr ouescrevêr estou revoltado diante do feito , pois o Dr. Cabral requereu o inquerito dentrodo prazo da lei e concluíndo o inquerito policial o rezultado é até contra mim. Venho Sr.Delegado a Vª prezença na esperança de que vossa srª amparando um póbredesgraçado dentro dos limites da lei de nosso Paiz , faça novo inquerito, porém com umDelegado indicado a altura que seja imparcial e reto , estando os autos em poder do sr. juizde Direito de Itaúna este até hoje não manifestou porém diante dos autos vistos pelo Dr.

Stª Caza de Itaúna

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de Direito de Itaúna este até hoje não manifestou porém diante dos autos vistos pelo Dr.José Cabral e da forma finalizada pela polícia, é fraca a esperança de fazer valer a verdadea Justiça , a religião e açima de tudo o Patriotismo sem paixão. Sr. Delegado tenho a maisviva esperança na revizão e novo inquérito policial pois nesta zona são rarissimos os cazosque se apuram contra os pobres desgraçados como eu, leis boas e retas foram criadas pelonosso chefe da nação o Sr. Dr. Getúlio Vargas , porém não chegaram aqui. Estouatualmente na Stª Caza de Itaúna pôr favôr, e na espectativa de sêr cortada a perna aqualquér momento, minha idade 42 anos.De olhos fitos com fé no todo poderozo quero morrer com a esperança em vossa exmªMuito agradeçidoAssino – Urçini Antônio de Oliveira

Texto digitalizado conforme o originalFonte pesquisa : A.P.M Arquivo Público MineiroAv. João Pinheiro 372, FuncionáriosCEP 30130-180 | Belo Horizonte - MG DADOS DA PASTA Pasta 4680DESCRIÇÃO DA PASTANº 11 ,12,13 Rolo: 068Data: set. 1931 - dez. 1947Imagens: 15D.O.P.S (MG) Arquivo

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

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Fotografia meramente ilustrativa

Luz da Cirurgia

Em 1954, Eduardo Ferreira Amaral deu entrada na Casa de Caridade Manoel Gonçalvesde Souza Moreira com fortes dores abdominais. Examinado pelo Dr. Coutinho, odiagnóstico foi de “APENDICITE SUPURADA”, caso cirúrgico e de extrema urgência.Naquela época a cidade dependia da energia elétrica fornecida pela Companhia IndustrialItaunense e era escassa, principalmente no período de seca, havendo a necessidade dodesligamento intermitente à noite. O Dr. Coutinho enviou um mensageiro à Companhiapedindo que não desligassem a energia naquela tarde, porque teria que fazer uma cirurgiade urgência. Era tarde, por volta das 18h30min quando começou a cirurgia. A esposa, Dª Maria Xavier Ferreira, pediu ao médico para assistir a operação, sendo o pedido negado eentão ela ficou no corredor do Hospital esperando por notícia. Minutos depois a energiaacaba e todo o hospital fica na mais completa escuridão. Do corredor ouviu-se o barulhoda porta se abrir e ela viu o Dr. Coutinho saindo da sala de cirurgia com uma vela nasmãos. Desesperada, perguntou com voz triste e lágrimas nos olhos: ele se foi? Dr.Coutinho rapidamente respondeu: não, venha comigo você irá me ajudar na sala decirurgia. Segure esta vela que vamos começar a operação agora e não temos tempo aperder. Dr. Coutinho operou o paciente à luz de uma vela e foi um grande êxito!O Sr. Eduardo Ferreira Amaral foi operado com 46 anos de idade e ainda viveu mais 47

Luz da Cirurgia

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O Sr. Eduardo Ferreira Amaral foi operado com 46 anos de idade e ainda viveu mais 47anos, vindo a falecer de morte natural no ano de 2001.

Fonte : Marco Elísio & Dª Vera Coutinho

Realização: Charles Aquino / Juarez francoPostado há 17th December 2014 por Charles Aquino

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"Procurei cumprir o dever que me foi imposto como também na medida de minhas forças,mantive como foi possível à minha capacidade a ordem e o respeito dentro do hospital."

Irmã Benigna Victima de Jesus

Itaúna 16 de novembro de 1947

O movimento do Hospital foi o seguinte:

Durante o ano de 1943

Grandes operações 62Consultas 6.558Curativos 7.861Injeções 2.207Pequenas operações 366Receitas 5.138

Durante o ano de 1944

Consultas 8.376Grandes operações 84Curativos 8.146

Benigna Victima

Page 43: Casa de Caridade Itaúna

Injeções 6.796Pequenas operações 482Receitas 8.167

Durante o ano de 1945

Consultas 7.849Grandes Operações 76Curativos 7.842Injeções 6.425Pequenas operações 436Receitas 7.948

Durante o ano de 1946

Consultas 8.204Grandes operações 69Curativos 7.896Injeções 5.904Pequenas operações 392Receitas 6.948

Ata da Casa de Caridade C.Manoel Gonçalves de Souza MoreiraIrmãs Auxiliares da PiedadeRegistrado sob nº 16.539 às fls 272 vº do Livro A-XI.

Postado há 20th December 2014 por Charles Aquino

Page 44: Casa de Caridade Itaúna

Irmãs Auxiliares da Piedade

MOVIMENTO DOS ENFERMOS

O número de 7.409 doentes aceitos durante esses 21 anos de existência: examinados pelosMédicos assistentes e feito diagnósticos; foram internados e receberam o necessáriosegundo a prescrição médica. Deles 6.917 receberam alta completamente restabelecidos efaleceram 492.

Serviços externos gratuitos da policlínica, funcionam regularmente e tiveram o seumovimento aumentando.

Para os externos foram aplicados:

Curativos 46.628Aplicação de Injeção 48.910Pequenas operações 9.112Lavagens vaginais 8.267Exames de urina 12.997Consultas 38.912Radiações-ultra-violeta 10.590

Serviços internos das enfermarias e administração interna do hospital continuam a cargodas Irmãs Auxiliares da Piedade; com dedicação e proficiência desempenhando todoserviço do hospital no zelo e o amor no cumprimento de seus deveres, tem despertado omais profundo reconhecimento, gratidão dos enfermos e desvalidos. São examinados pelosMédicos e assistentes.

Irmãs Auxiliares

Page 45: Casa de Caridade Itaúna

Para os internos foram aplicados:

Injeções 62.240Curativos 50.108Pequenas operações 10.201Grandes operações 12.000Lavagens vaginais 11.212Exames de urina 13.402Radiações-ultra-violeta 1.190

Itaúna, 24 de maio de 1942

Ata da Casa de Caridade C.Manoel Gonçalves de Souza MoreiraIrmãs Auxiliares da PiedadeRegistrado sob nº 16.539 às fls 272 vº do Livro A-XI.

Postado há 20th December 2014 por Charles Aquino

Page 47: Casa de Caridade Itaúna

Farmacêutico Afrânio Santiago

Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

Afrânio Santiago

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Do Meu Arquivo Clínico ...

ANTÔNIO AUGUSTO DE LIMA COUTINHO

Em janeiro de 1923, vim a Itaúna passar alguns dias e repousar das fadigas do fim do anode minha formatura , ocorrida no final de dezembro de 1922 . Na manhã de 19 daquelemês , fui levado ao hospital para conhecê-lo e ao Dr. Dorinato, cuja fama corria por todaparte.Dr. Dorinato Lima logo me indagou com quem eu trabalhara no Rio de Janeiro. respondi-lhe que fora interno do Serviço de Ginecologia da Faculdade de Medicina do Rio deJaneiro, na Maternidade das Laranjeiras , sob a chefia do professor Modesto Brandãoatuando como assistente José Mauriti dos Santos, naquele tempo um dos mais completos eacatados cirurgiões , que desapareceu ainda moço, deixando , porém um nome aureolado.Estava Dr. Dorinato Lima com uma doente da especialidade para operar e solicitou-me aexaminasse. Assim o fiz e, de pronto, dei-lhe o diagnóstico : Prenhez Tubária.Embora se tratasse de um diagnóstico difícil, para mim se tornou fácil porque era esseassunto de tese que iria defender e que já estava muito adiantada.A intervenção então realizada e a que prestei auxílio como assistente, conferiu-meconceito perante ao Dr. Dorinato Lima e seus auxiliares. Todas as manhãs , estava eucedinho no Hospital, colaborando com os colegas que contribuíram para engrandecer onome do Dr. Dorinato Lima e tornar cada vez mais significativa a afluência ao VelhoHospital.Possuo um vasto arquivo onde se acham registradas as intervenções praticadas no Hospitalde Itaúna , desde os primeiros tempos até a época em que assumi a chefia dos serviçoscirúrgicos, com a transferência do Dr. Dorinato para Belo Horizonte, cabendo-mecontinuar à frente dos mesmos até aparecerem os elementos novos que hoje integram ocorpo clínico do mesmo Hospital, já agora nas suas novas e confortáveis instalações.Fomos, portanto, os vanguardeiros , lutando, naquele tempo, com a falta de recursos, paratornar realidade o que Itaúna pode agora apresentar e que constitui magnífico patrimônio ,graças à benemerência de Manuel Gonçalves de Sousa Moreira, cujo nome se alteia e

Arquivo Clínico

Page 49: Casa de Caridade Itaúna

enflora o frontispício da magnífica instituição.Tudo isso que escrevi, veio-me à mente para por em realce, perante as novas gerações,essa obra grandiosa da qual fui operário humilde, mas devotado. Vêm-me à lembrança asrecordações dos momentos felizes, como também das aperturas que passamos, os dramas aque assistimos, tudo o que aconteceu no seu viver quotidiano.Mas, ao lado de tudo isso, horas alegres também vivemos ali, quando se registrava um fatoauspicioso , na luta contra os grandes males, conseguindo, por vezes sem conta, arecuperação de vidas, condenadas a esvair-se , caso não se lançasse mão dos recursosembora escassos que bastavam, todavia, para conferir triunfos, salvando-se as vidasdaqueles que procuravam a nossa cidade, em busca de lenitivo para os seus sofrimentos.

Fonte : Livro Itaúna Humana & Pitoresca / Página : 89 - 90 / Ano: 1961Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

Page 50: Casa de Caridade Itaúna

Enfermaria das MulheresIrmãs Auxiliares da Piedade

Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

Enfermaria Mulheres

Page 53: Casa de Caridade Itaúna

"A meca dos papudos"

Bócio endêmico, conhecido popularmente como papo, foi muito comum em Itaúna, pelacarência de iodo na alimentação. O Dr. Dorinato Lima foi uns dos pioneiros dainterveções cirúrgicas. E chamado por alguns de "O Extipador de Papos" por ser um ótimoprofissional nas realizações do seu trabalho na Casa de Caridade. Itaúna tinha um títulojocoso: “A meca dos papudos”. Com o uso do sal iodado, os papudos foram desaparecendoe a cidade perdeu o título.

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

Meca dos Papudos

Page 54: Casa de Caridade Itaúna

A riqueza de espírito dos grandes beneméritos da Casa de Caridade

Postado há 16th December 2014 por Charles Aquino

Beneméritos

Page 55: Casa de Caridade Itaúna

Irmandade da Casa de Caridade Manoel Gonçalves deSouza Moreira

Postado há 7th February por Charles Aquino

Irmandade

Page 56: Casa de Caridade Itaúna

Revmo. Pe. Waldemar Antônio de Pádua TeixeiraCapelão da Casa de Caridade de Itaúna

Nasceu em 12 de junho de 1899 na cidade de Ouro Preto. De família pobre, ficou órfãomuito cedo e foi criado pelo avô. Sua vocação religiosa despertou ainda quando eracriança e foi coroinha na Igreja do pilar de Ouro Preto e, depois de ordenado, semprebuscou a santidade. Foi sacristão da paróquia de Ouro Preto, porteiro do Colégio Arnaldo edepois auxiliar do palácio do bispo Dom Cabral, o que lhe possibilitou ingressar noseminário em 1926. Exerceu seu ministério em vários lugares. Foi Capelão do noviciadoda piedade, vigário em Maravilhas, Papagaios, Pequi, Itaúna, Santo André (BeloHorizonte), Igaratinga , Santanense e , em 1957, começou a viver sua vocação na Casa deCaridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira como Capelão, onde permaneceu por 29anos. Faleceu em 03 de outubro de 1986 depois de 55 anos dedicados á vida religiosa.Padre Waldemar foi um exemplo. Com simplicidade, silenciosamente trabalhou comabnegação e heroísmo e, na construção da igreja Matriz, deixou seu suor e trabalhoregistrados.[1] A Casa de Caridade "Manoel Gonçalves", funciona em prédio moderno, com todaaparelhagem adequada às exigências atuais. Dirigida por 7 Irmãs da CongregaçãoAuxiliares da Piedade, sendo o seu provedor atual Dr. Virgílio Gonçalves de Sousa. OCapelão é o Revmo. Pe. Waldemar Antônio de Pádua Teixeira que forneceu-nos omovimento espiritual : 15 mil comunhões por ano; Confissões in extremis, uma média de

Capelão Hospital

Page 57: Casa de Caridade Itaúna

80; Viáticos: 50; extrema-Unção: 50; Encomendações:30.[2]

[1] Jornal Centenário de Itaúna.[2] Jornal A Semana. Divinópolis, 1959.

Postado há 18th December 2014 por Charles Aquino

Page 58: Casa de Caridade Itaúna

Padre Ubaldo Anselmo da Silveira

Nasceu aos 21 abril do ano de 1869, em Piedade do Paraopeba e batizado na igreja matrizdesta mesma localidade em 01 junho do ano de 1869. Era filho legítimo de Joaquim Joséda Silveira e Maria Emilia do Amaral.Seus irmãos eram: Conceição Maria da Silveira, Joaquim Cândido da Silveira, UbaldinaNila da Silveira, Anselmo Silveira, Leão Treze da Silveira (Tenente), Saturno da Silveira eMaria Josefa da Silveira.Padre Ubaldo – então com 26 anos de idade – assumiu a paróquia em 1895, sucedendo oPadre José Joaquim de Mello Alvim, falecido em 23/4/1893.Padre Ubaldo foi vigário de Piedade até 1912, período em que fez muitos melhoramentos eem que criou o Jubileu de N. Sa. da Piedade (1907).

Em 1913 assumiu a paróquia de Prados - MG, cargo que exerceu por cerca de oito meses.Retornou a Piedade somente 38 anos depois de sua saída, em setembro de 1950, com 81anos de idade, para presidir o 43º Jubileu. Foi capelão da Casa de Caridade ManoelGonçalves de Souza Moreira em Itaúna, onde faleceu e foi enterrado.

Fonte: Engenheiro Euler de Carvalho Cruz

* Parte da biografia: Cadernos de História do Distrito de Piedade do Paraopeba

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

Capelão Hospital

Page 59: Casa de Caridade Itaúna

PADRE JOSÉ FERREIRA NETTO

Grande figura humana, Modelar Discípulo de Jesus, Pastor dedicado e zeloso de seurebanho. Educador e formador de gente. Uma vida dedicada aos humildes, principalmenteaos carentes e órfãos. Nasceu no pequeno lugarejo, freguesia do Sagrado Coração do Coco (São Caetano deMoeda), em 19 de junho de 1910. Mário Delfino Moreira, nascido na Moeda e AntôniaFerreira são seus pais. Avós paternos, José Ferreira, português, e Leonor Vieira Braga, doCoco. Avós maternos, Francisco Machado Netto e Maria Ferreira Marques, de São José doParaopeba. Encaminhado para a vida sacerdotal pelo grande arcebispo de Mariana, Dom SilvérioGomes Pimenta . Seminarista no Seminário do Coração Eucarístico de Belo Horizonte,com apoio de Dom Antônio dos Santos Cabral, com bolsa que lhe deram as irmãs doColégio Coração de Jesus, de Belo Horizonte. O Bispo e arcebispo Dom Cabral lhedevotava grande amizade e afeto, acompanhou sua passagem pelo seminário e lhe deu atonsura, as ordens menores, o subdiaconato, o diaconato e o presbiterado. Ordenou-se nomesmo dia com Dom Cristiano Portela de Araújo Pena, Padre Sinfrônio Torres e PadreGuilherme Kriger. Antes de vir para Itaúna, foi cooperador do Monsenhor Guedes na Lagoinha (1938/39),depois, sucessivamente, vigário de Piedade do Paraopeba (1939/43) e de Itaúna (1943/85).Nestes períodos, foi encarregado de várias outras paróquias: São José do Paraopeba(1939/43), Moeda (1941/43), Itatiaiuçu (1943/46), Santanense (1943) e Padre Eustáquio(1960). Seu colega de ordenação, Dom Cristiano, primeiro bispo de Divinópolis, concedeu-lhe otítulo honorífico de cônego, por autorização do Papa Paulo VI (1966).

Padre José Netto

Page 60: Casa de Caridade Itaúna

Em nossa cidade, criou novas paróquias: Coração de Jesus de Santanense (1953), NossaSenhora de Fátima do Padre Eustáquio (1960), Nossa Senhora das Graças, na Ponte (hojeGraças) e Nossa Senhora da Piedade do Serrado (hoje Piedade), em 1970. A zona rural foienriquecida com novas capelas: Córrego do Soldado, Garcias (depois paróquia).Cachoeirinha, Vista Alegre (nome dado por ele ao Pasto das Éguas), Carneiros, Paulas eSanto Antônio da Barragem (construída pela Itaunense, com participação da comunidade). Presença decisiva na criação da Granja Escola São José, realizando um sonho de quandoseminarista frequentava o Instituto João Pinheiro em Belo Horizonte, um centro de amparoa órfãos, carentes e meninos com desvio de conduta. Co-fundador do Colégio Santana, quepassou pelas mãos do Padre José Nobre, do professor Raimundo Corrêa de Moura e doprofessor José Coutinho (com a colaboração de sua esposa Dª Vani e do saudoso professorGeraldo dos Santos), no casarão dos Cerqueira Lima na Rua Silva Jardim. Construída anova sede do Colégio pela Santa Casa, fruto do testamento do maior benemérito de Itaúnano século XX, Manoel Gonçalves de Sousa Moreira (através da Sociedade Anônima com onome do benemérito instituidor da Fundação), Padre Netto foi o responsável pela vindados padres americanos, frei Ambrósio e Cipriano, franciscanos conventuais e, finalmentepelos padres espiritanos ( Adriano, Pedro Schoonnaker, Cauper, Luiz e outros), os quais setornavam vigários, ficando o colégio nas mais deste notável educador que é o Padre José"das crianças", que transformou em educandário orgulho da comunidade, sala de visitas deItaúna . Exerceu grande influência na instalação do Orfanato São Vicente de Paula, obrameritória de Dona Cota. Vigário de Itaúna ao longo de quase 42 anos. Pastor que maistempo ficou à frente da paróquia de Santana. Conseguiu uma nova Casa Paroquial com aajuda de dedicadas senhoras das famílias Cerqueira Lima e Gonçalves de Souza. Alémdisso, são imensas as marcas deixadas pelo operoso e dinâmico vigário em Itaúna.Membro do conselho fiscal da Universidade de Itaúna, completou a construção da Igrejada Matriz, terminando o coro, instalando os altares laterais e o púlpito. Assumiu a direçãoda Escola Normal oficial de Itaúna (Colégio Estadual), em momento de grande crise. Inspirador da APAC, obra que sempre contou com o trabalho e a dedicação de WaldeciAntônio Ferreira. Ergueu o Centro Comunitário da Paróquia, contando com o patrocíniodo senhor Joaquim Soares Nogueira (Quincas), numa homenagem ao seu falecido Cláudio. Muito pode ser acrescentado à biografia deste notável e humilde homem de Deus. Estaligeira exposição, ao ensejo dos 160 anos da criação da Paróquia de Sant'Ana, atendeapenas ao desejo jornalístico da Tribuna da Imprensa, solidária com as manifestaçõesprestadas no Museu Francisco Manoel Franco, pela comunidade itaunense, a tão grandebenfeitor cidadão honorário da terra de Sant'Ana, merecedor do eterno reconhecimento dosbarranqueiros do Rio São João Acima.Padre José Ferreira Netto está na galeria de honra dos mais notáveis itaunenses !

Guaracy de Castro NogueiraPostado há 17th May 2014 por Charles Aquino

Page 61: Casa de Caridade Itaúna

Caro colega e amigo Dr. Téofilo

Cordiais cumprimentos

A construção do novo hospital de Itaúna ainda não foiiniciada, estando já escolhida a empresa que vai construí-lo,mas perdura entre aqueles que não concordaram com aescolha do local, a esperança de que a Mesa Administrativaresolva a construí-lo num outro ponto, onde não houvesse asinconveniências daquele que foi escolhido. Lembro-me aindade sua opinião, indagando se não havia outro terreno, maispróximo da cidade, ou mesmo na cidade, que melhor seprestasse; com as respostas negativas, mas percebendobem que o terreno apontado não lhe satisfazia, apontou parao terreno em frente, de propriedade de José de CerqueiraLima, a cavaleiro da linha férrea. Foi manifestada pelo Darioa impossibilidade do Cerqueira Lima cedê-lo. Mostrei-lhe,então, outro terreno do lado oposto ao rio São João, local

Hospital Novo

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magnífico, num descampado, insolado e ventilado,satisfatoriamente, no alto de um cômoro, absolutamenteplano, bem em frente à cidade, mais próximo desta, longe dalinha férrea e da estrada de automóvel. A MesaAdministrativa, no momento representada pelo Dario,Santiago e Drumond, combateram todos esses alvitres,alegando que o terreno apresentado, junto ao atual Hospitalera o mais conveniente para a administração, por ser maispróximo e por já pertencer ao Hospital, facilitando aadministração do futuro asilo em que se transformará o atuale do novo hospital. Recordo-me perfeitamente de suapalavra, dizendo uma vez que não me apresentam outroterreno, você leva os dados deste único, para estudar melhora maneira de nele localizar o Hospital, procurando sanar-lheos defeitos, entre muitos o de estar muito próximo à linhaférrea e à estrada de automóvel e ficar, além disso, entreestas e o rio São João, não podendo se afastar muitodaquelas por se tornar maior o declive junto ao rio, o quesanaria em parte os outros dois inconvenientes. Veio-nos,afinal, o "croquis" para receber sugestão e estas lhe foramenviadas e obedecidas, vindo-nos, posteriormente, o projetodefinitivo, magnífico em todos os sentidos e que a todossatisfez. Na carta que V. escreveu ao Dario sugeriu que senão desse ouvidos a opiniões de leigos que quizessem metero bedelho, com intuito de modificá-lo. Esse seu conselho foiexclusivamente, quanto ao projeto e nunca ao terreno.Nós que sempre julgamos que a construção no outro localdaria maior realce à obra, ficamos satisfeitos também, com averificação que o projeto pode ser perfeitamente adaptado ao

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outro terreno, bastando para isso suprimir-se o porão,oriundo do declive do terreno. Tudo fizemos para convenceraos Membros da Mesa para estudarem a possibilidade delocalisá-lo no terreno do Sr. Astolfo Dornas, já anteriormentedescrito e de onde se descortina magnífico panorama, visívelde qualquer lado que se chegue à cidade, seja por via férrea,seja pela rodovia, longe portanto dos ruídos e da poeira, comespaço suficiente para ornamentá-lo com um parque emredor, afim de amenisar a vida dos doentes. Tudo foi em vão.O Dario, de princípio pareceu concordar, mas influindo-lhedemasiado no espírito a opinião do Santiago e como esse, setornou ferrenho adversário da mudança do local. O Santiagofaleceu, há dias, em Belo Horizonte e nós que somosfavoráveis à outra localização, queríamos agora outra opiniãono caso. Deve-se recordar do terreno que temos em vista eque foi combatido pelo Dario porque julgava difícil oabastecimento d'água e por ser de propriedade de terceiros.Esses argumentos não prevalecem e nós queríamos suaopinião abalisada, mais ainda porque os defensores dalocalização junto ao antigo Hospital alegam que foi esse omaior terreno que V. achou apropriado. De vez que a Mesanão concordava com nenhum outro e só lhe tenhaapresentado aquele, outra não podia ser sua atitude.Alegasse mais ainda que até a opinião de técnicosamericanos fosse ouvida e que estes achavam magnífico oterreno. Isso foi ouvido aqui de gente muito bôa... Nãoconcordando em absoluto com essas alegações por merecordar perfeitamente de suas palavras que ainda me foramrepetidas aí no Rio quando me indagou se a mesa ainda

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resistia no intento de localizar o Hospital junto ao antigo.Ainda ontem conversando com o engenheiro da empresaencarregada da construção ele alegou que no terrenoescolhido ela ficará muito mais dispendiosa pela natureza doterreno e que reconhece todos os inconvenientes do pontode vista de nós outros que não nos apegamos a argumentossem base e solos para localizar a obra num lugar quepossuímos, por certo hão de censurar. Desejaria, pois, sua opinião definitiva sobre esse caso, paraque de futuro, caso a construção se realize no local jáescolhido, nós tenhamos ressalvada a nossaresponsabilidade. Pedindo-lhe muitas desculpas pelaimportunação, subscrevo-me com verdadeira estima eespecial simpatia, colega e velho admirador,

A.Lima Coutinho

Itaúna, 2-VI-46

Postado há 17th December 2014 por Charles Aquino

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Banco de Leite Humano

A Casa Rena cumpriu seu papel social em Itaúna, agorarevitalizando o Banco de Leite do Hospital Manoel Gonçalves. Aempresa destinou parte do seu lucro ao projeto e reforma do Postode Coleta de Leite Humano do Hospital local, investindo mais de 10mil reais na estrutura. Com isso, o Rena resgata também a beleza doantigo e belo prédio, parte do patrimônio histórico da cidade.Foram convidadas para a reinauguração autoridades do município, àdiretoria do Hospital Manoel Gonçalves e as mamães que com tantocarinho doam seu leite materno. O Diretor Presidente AlexandreMaromba, o médico pediatra responsável pelo Banco de LeiteHumano Dr. Roberto Gomes Chaves e Dr. Augusto Machado Sousaprovedor do Hospital discursaram ressaltando a importância dobanco de leite na cidade e o grande apoio que a Casa Rena temprestado durante os anos.

Banco de Leite

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Publicado : Terça, 23 Dezembro 2014

Fonte/Fotografia : www.santanafm.com.br

Postado há 30th December 2014 por Charles Aquino