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9 CÓDIGO PENAL Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos Ê DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: ` PARTE GERAL ` TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Ê ANTERIORIDADE DA LEI Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia comi- nação legal. 1. BREVES COMENTÁRIOS Não basta que a norma penal incriminadora tenha sido instituída por lei em sen- tido estrito (princípio da reserva legal), mas esta deve também ser anterior ao fato criminoso (princípio da anterioridade), escrita, estrita, certa e necessária. Daí porque a doutrina desdobra o princípio em exame em outros cinco: A) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei estrita (nullum crimen, nulla poena sine lege), proibindo-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador, fundamentar ou agravar a pena. Entretanto, a analogia in bonam partem é perfeitamente possível, encontrando justificativa no princípio da equidade. B) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei anterior (nullun crimen, nulla poena sine praevia lege), proibindo-se a retroatividade maléfica; ATENÇÃO: o que se proíbe é apenas a retroatividade maléfica, podendo a lei retroa- gir para beneficiar o réu. Nesse sentido: art. 5º, XL, da CF: “A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.”. C) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei escrita, excluindo-se o direito consuetudinário para fundamentação ou agravação da pena. Entretanto, tem o costume grande importância no direito penal, em espe- cial na elucidação do conteúdo dos tipos. Por fim, sua aplicação in bonam partem é, por alguns doutrinadores, reconhecida como legítima (ainda que para abolir a sua eficácia social); D) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei certa (princípio da taxatividade ou da determinação). Este princípio é dirigido

Código Penal para Concursos (CP) - 7a ed.: Rev., amp. e atualizada (2014)

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CÓDIGO PENAL

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Ê DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.Código Penal.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da

Constituição, decreta a seguinte Lei:` PARTE GERAL

` TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Ê ANTERIORIDADE DA LEI Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia comi-

nação legal.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Não basta que a norma penal incriminadora tenha sido instituída por lei em sen-tido estrito (princípio da reserva legal), mas esta deve também ser anterior ao fato criminoso (princípio da anterioridade), escrita, estrita, certa e necessária. Daí porque a doutrina desdobra o princípio em exame em outros cinco:

A) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei estrita (nullum crimen, nulla poena sine lege), proibindo-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador, fundamentar ou agravar a pena. Entretanto, a analogia in bonam partem é perfeitamente possível, encontrando justificativa no princípio da equidade.

B) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei anterior (nullun crimen, nulla poena sine praevia lege), proibindo-se a retroatividade maléfica;

ATENÇÃO: o que se proíbe é apenas a retroatividade maléfica, podendo a lei retroa-gir para beneficiar o réu. Nesse sentido: art. 5º, XL, da CF: “A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.”.

C) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei escrita, excluindo-se o direito consuetudinário para fundamentação ou agravação da pena. Entretanto, tem o costume grande importância no direito penal, em espe-cial na elucidação do conteúdo dos tipos. Por fim, sua aplicação in bonam partem é, por alguns doutrinadores, reconhecida como legítima (ainda que para abolir a sua eficácia social);

D) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei certa (princípio da taxatividade ou da determinação). Este princípio é dirigido

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mais diretamente à pessoa do legislador, do qual se exige clareza na elaboração dos tipos penais, sem margens para dúvidas, permitindo à população em geral o pleno entendimento da norma penal. Dessa forma o cidadão adquire segurança, habilitando-se a calcular exatamente os inconvenientes de uma conduta criminosa. Alerta Cesare Beccaria (Dos delitos e das penas, p. 51):

“Quanto maior for o número dos que compreenderem e tiverem entre as mãos o sagrado código das leis, menos freqüentes serão os delitos, pois não há dúvida de que a ignorância e a incerteza das penas propiciam a eloqüên-cia das paixões.”.

Somente quando o direito for “certo” a ação humana estará garantida.

E) Não há crime (ou contravenção penal), nem pena (ou medida de segurança) sem lei necessária, desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima.

A soma desses princípios constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais, por isso estampada não somente no art. 5º, XXXIX da CF, mas também nos arts. 9º da Convenção Americana de Direitos Humanos e 22 do Estatuto de Roma (que cria o Tribunal Penal Internacional).

Normas penais em branco: são normas que dependem de complemento norma-tivo. Classificam-se em próprias (em sentido estrito ou heterogênea) ou impróprias (em sentido amplo ou homogêneas).

Norma penal em branco

Própria Imprópria

O complemento é dado por espécie normati-va diversa (portaria, por exemplo).

O complemento é dado pela mesma espécie normativa (lei completada por lei).

As normas penais em branco impróprias ainda podem ser subdivididas em duas outras espécies: homovitelina (ou homóloga) e heterovitelina (ou heteróloga).

Norma penal em branco imprópria (homogênea)

Homovitelina Heterovitelina

É aquela cujo complemento normativo se en-contra no mesmo documento legal.Exemplo: no crime de peculato (art. 312 do CP), a elementar “funcionário público” está descrita no próprio CP, art. 327;

É aquela cujo complemento normativo se encon-tra em documento legal diverso.Exemplo: no delito de ocultação de impedimen-to para o casamento (art. 236 do CP), as hipóte-ses impeditivas da união civil estão elencadas no Código Civil.

2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – Súmula 722

São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimen-to das respectivas normas de processo e julgamento.

Art. 1º TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

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3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – 623 – Furto e ligação clandestina de TV a cabo

A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado pela prática do crime descrito no art. 155, § 3º, do CP (“Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:. .. § 3º – Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica. HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011.

4. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (FUNCAB – Delegado de Polícia – ES/2013) A Presidente da República editou uma Medida Provisória, agravando a pena de um determinado crime. Logo, pode-se afirmar:

I. Trata-se de lei em sentido formal.II. Pelo princípio da retroatividade benéfica, a Medida Provisória somente poderá ser aplicada

a fatos posteriores à sua edição.III. A agravação da pena somente poderá ocorrer após a aprovação da Medida Provisória pelo

Congresso Nacional.IV. Apresenta vício de origem que não convalesce pela sua eventual aprovação. Indique a opção que contempla a(s) assertiva(s) correta(s).(A) I, II, III e IV.(B) I, II e III, apenas.(C) II, III e IV, apenas.(D) I, apenas.(E) IV, apenas.

02. (UFMT – Promotor de Justiça – MT/2012 – Adaptada) Em caso de relevância e urgência, é possível a edição de Medida Provisória em matéria penal, desde que em benefício do réu.

03. (Procurador do MP – TCE/SP – 2011) O princípio constitucional da legalidade em matéria penal

(A) não vigora na fase de execução penal.(B) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em razão de causa supralegal de exclusão

da ilicitude.(C) não atinge as medidas de segurança.(D) obsta que se reconheça a atipicidade de conduta em função de sua adequação social.(E) exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo, em certas situações, o emprego da

analogia.

04. (Defensor Público – DPE/AM – 2011) Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código Penal) é correto afirmar:

(A) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por um fato que a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade compreende-se que alguém somente responderá por crime devidamente previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano anteriormente à prática da conduta;

(B) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de lei anterior à prá-tica de uma determinada conduta para que esta possa ser considerada como crime;

(C) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de lei para que uma conduta seja considerada crime;

TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Art. 1º

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(D) são incompatíveis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias diversas;(E) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de determinada conduta

como criminosa independentemente de definição por lei em sentido estrito.

05. (Analista/Judiciária – TJ/ES – 2011) Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e indeterminadas, visto que, no preceito pri-mário do tipo penal incriminador, é obrigatória a existência de definição precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princípio, a criação de tipos que conte-nham conceitos vagos e imprecisos.

06. (Promotor de Justiça – MP/PR – 2011 – Adaptada) A analogia in bonam partem não possui restrições em matéria penal, sendo admissível, por exemplo, em causas de justificação, cau-sas de exculpação e situações de extinção ou redução da punibilidade, e a analogia in malam partem possui menor nível de aceitabilidade em matéria penal, sendo admissível apenas em hipóteses excepcionais.

07. (Promotor de Justiça – MP/CE – 2011 – Adaptada) O princípio da legalidade exige, além da previsão legal do crime e da pena anteriores ao fato praticado, definição de conduta e cominação balizada de punição.

08. (Promotor de Justiça – MP/DFT – 2011 – Adaptada) O uso de leis penais em branco, em sentido estrito, foi banido pelo Supremo Tribunal Federal, por caracterizar ofensa ao princí-pio da taxatividade.

GAB 01 E 02 F 03 E 04 B 05 V 06 F 07 V 08 F

Ê LEI PENAL NO TEMPOArt. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar

crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-

-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

1. BREVES COMENTÁRIOS

A sucessão de leis penais no tempo pode gerar quatro situações bem definidas:

1) Abolitio criminis (art. 2º, caput, do CP):

A) É o caso de supressão da figura criminosa, é dizer, a revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora.

B) A lei nova (mais benigna) retroagirá, alcançando os fatos pretéritos, mesmo que acobertados pela coisa julgada (lei abolicionista não respeita coisa julgada).

Vigência da lei penal incriminadora

Lei que revoga o tipo penal

RetroatividadeAção criminosa Data do Julgamento

Art. 1º e 2º TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

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Exemplo: crime de adultério (art. 240 do CP), revogado em 2005.

ATENÇÃO: a abolitio criminis faz desaparecer os efeitos penais de eventual condena-ção, permanecendo os extrapenais.

2) Novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP):

A) É o caso de lei posterior, não abolicionista, porém mais benéfica que a vigente à época dos fatos. Deverá retroagir para beneficiar o réu.

B) Diferentemente da abolitio criminis, nesta hipótese, o fato continua sendo crimino-so, porém, tratado de maneira mais branda.

Vigência de tipo penal mais grave

Lei mais benéfica

RetroatividadeAção criminosa Data do Julgamento

Exemplo: art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 (progressão em crimes hediondos).

Para beneficiar o réu, admite-se combinação de leis penais?

A combinação de leis penais seria a faculdade conferida ao juiz, na determinação da lei mais benéfica, tomar preceitos ou critérios mais favoráveis da lei anterior e, ao mes-mo tempo, os da lei posterior, conjugando-os de forma a aplicá-los ao caso concreto.

A título de exemplo, imagine-se que a lei A disponha sobre determinado crime pre-vendo a pena de 2 a 4 anos e multa, enquanto a lei B, passando a disciplinar o mesmo crime, preveja pena de 4 a 8 anos, sem a previsão de multa. É possível conjugar a lei A com a lei B para punir o réu com pena de 2 a 4 anos e sem multa (combinando as partes favoráveis de ambas as leis)?

Para Nelson Hungria (Comentários ao Código Penal. Vol. 1. Rio de Janeiro: Forense, 1949, p.110) o juiz, membro do Poder Judiciário, ao conjugar critérios de uma e outra lei, se arvora à condição de legislador criando um terceiro tipo penal (lex tertia), o que acabaria por violar a separação dos Poderes. Neste sentido dispunha o Código Penal de 1969, determinando a “apuração da maior benignidade” entre a lei posterior e anterior deveria ser feita considerando-as “separadamente”.

O STJ sumulou entendimento neste sentido: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis” (súmula 501).

De outro lado, Basileu Garcia e Celso Delmanto opinam favoravelmente à conju-gação de leis penais. Damásio de Jesus, partidário desta última corrente, explica que: “Não obstante ser mais comum a tese da impossibilidade da combinação, há razões

TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Art. 2º

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ponderáveis no sentido de que se apliquem as disposições mais favoráveis das duas leis, pelo menos em casos especiais. Se o Juiz pode aplicar o ‘todo’ de uma ou de outra lei para favorecer o sujeito, não vemos por que não possa escolher parte de uma e de outra para o mesmo fim, aplicando o preceito constitucional. Este não estaria sendo obedecido se o Juiz deixasse de aplicar a parcela benéfica da lei nova, porque impossí-vel a combinação de lei” (Direito Penal – Parte Geral. Vol. 1. 33ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 134).

3) Novatio legis in pejus:

A) É o caso da lei posterior mais rigorosa. Por agravar a situação do agente, não pode retroagir.

B) Será aplicada a lei revogada (vigente na data dos fatos) em detrimento da lei nova (vigente na data do julgamento). A tal fenômeno dá-se o nome de ultra-atividade da lei mais benigna.

Vigência da lei penal incriminadora

Lei que torna tipo penal mais grave

UltratividadeAção criminosa Data do julgamento

4) Novatio legis incriminadora:

A) É o caso da lei que incrimina uma conduta anteriormente considerada irrelevante penal.

B) Não retroagirá para atingir fatos passados (art. 1º do CP).

ATENÇÃO: não podemos confundir abolitio criminis com mera revogação formal de uma lei penal. No primeiro caso, há revogação formal e substancial da lei, sinalizando que a intenção do legislador é não mais considerar o fato como infração penal (hipó-tese de supressão da figura criminosa). Já no segundo, revoga-se formalmente a lei, mas seu conteúdo (normativo) permanece criminoso, transportado para outra lei ou tipo penal (altera-se, somente, a roupagem da infração penal). Sobre o tema, explica Luiz Flávio Gomes: “Revogação da lei e não ocorrência da abolitio criminis: mas não se pode nunca confundir a mera revogação formal de uma lei penal com a abolitio criminis. A revogação da lei anterior é necessária para o processo da abolitio criminis, porém, não suficiente. Além da revogação formal impõe-se verificar se o conteúdo normativo revoga-do não foi (ao mesmo tempo) preservado em (ou deslocado para) outro dispositivo legal. Por exemplo: o art. 95 da Lei 8.212/91, que cuidava do crime de apropriação indébita previdenciária, foi revogado pela Lei 9.983/00, todavia seu conteúdo normativo foi deslo-cado para o art. 168-A do CP. Logo, nessa hipótese, não se deu a abolitio criminis, porque houve uma continuidade normativo-típica (o tipo penal não desapareceu, apenas mudou de lugar). Para a abolitio criminis, como se vê, não basta a revogação da lei anterior, impõe-se sempre verificar se presente (ou não) a continuidade normativo-típica” (Direito Penal – Parte Geral vol. 2, p. 100).

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Na hipótese de norma penal em branco, havendo alteração de conteúdo, alteram-se as respectivas normas complementares, surgindo a questão sobre se, em relação a es-sas alterações, deve incidir (ou não) as regras da retroatividade. Sobre o assunto, temos quatro correntes:

A) Paulo José da Costa Jr. ensina que a alteração do complemento da norma penal em branco deve sempre retroagir, desde que mais benéfica para o acusado, tendo em vista o mandamento constitucional (a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores) e o direito de liberdade do cidadão.

B) Em sentido contrário, Frederico Marques entende que a alteração da norma com-plementadora, mesmo que benéfica, terá efeitos irretroativos, por não admitir a revogação das normas em consequência da revogação de seus complementos.

C) Mirabete, por sua vez, ensina que só tem importância a variação da norma com-plementar na aplicação retroativa da lei penal em branco quando esta pro-voca uma real modificação da figura abstrata do direito penal, e não quando importe a mera modificação de circunstância que, na realidade, deixa subsistente a normapenal.

D) Por fim, Alberto Silva Franco (seguido pelo STF) leciona que a alteração de um complemento de uma norma penal em branco homogênea sempre teria efeitos retroativos, vez que a norma complementar, como lei ordinária que é, também foi submetida a rigoroso e demorado processo legislativo. A situação, contudo, se inverte quando se tratar de norma penal em branco heterogênea. Quando a legis-lação complementar não se reveste de excepcionalidade e nem traz consigo a sua autorrevogação, como é caso das portarias sanitárias estabelecedoras das moléstias cuja notificação é compulsória, a legislação complementar, então, pela sua característica, se revogada ou modificada, poderá conduzir também à des-criminalização.

Vejamos as várias correntes no quadro abaixo, observando suas lições diante de três casos de normas penais em branco:

A) Art. 237 do CP – Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta (norma penal em branco homogênea, não se revestindo sua legislação complementar de excepcionalidade).

B) Art. 33 da Lei de Drogas – Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer con-sigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (norma penal em branco heterogênea, não se revestindo sua legis-lação complementar de excepcionalidade).

C) Art. 2º da Lei 1.521/51 – São crimes contra a economia popular: VI – transgredir tabelas oficiais de gêneros de mercadorias, ou de serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público ou vender tais gêneros, mercadorias ou ser-viços, por preço superior ao tabelado... (norma penal em branco heterogênea, revestindo-se sua legislação complementar de excepcionalidade).

TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Art. 2º

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ART. 237 DO CP ART. 33 DA LEI DE DROGAS ART. 2º LEI 1.521/51

1C – se a alteração for benéfi-ca, retroage

1C – se a alteração for benéfica, retroage

1C – se a alteração for bené-fica, retroage

2C – mesmo que a alteração seja benéfica, não retroage

2C – mesmo que a alteração seja benéfica, não retroage

2C – mesmo que a alteração seja benéfica, não retroage

3C – havendo real modifica-ção da figura abstrata, retro-age

3C – havendo real modificação da figura abstrata, retroage

3C – não havendo real mo-dificação da figura abstrata, não retroage

4C – tratando-se de alteração benéfica de npb homogênea, retroage

4C – não se revestindo de ex-cepcionalidade, retroage

4C – revestindo-se de ex-cepcionalidade, não retro-age

2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – Súmula 711

A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é ante-rior à cessação da continuidade ou da permanência.

` STF – Súmula 611

Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.

` STJ – Súmula 501

É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – 635 – Conjugação de leis e descabimento

Com base no princípio unitário, a 1ª Turma denegou habeas corpus em que se pleiteava a mescla da legislação nova com a antiga, nos trechos em que mais favoráveis ao paciente. Na espécie dos autos, ele fora condenado a 17 anos e 6 meses de reclusão e, em grau de recurso, o STJ concedera a ordem, de ofício, a fim de reduzir a pena para 13 anos e 4 meses de reclusão, nos termos dispostos pela Lei 12.015/2009 — que revogou o art. 9º da Lei 8.072/90 e criou o tipo específico de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A). Alegava-se que o acórdão questionado prejudicara o paciente, visto que a sentença condenatória estabelecera a pena-base em 6 anos e, pela nova regra, aplicada pelo STJ, esta fora fixada em 8 anos. Considerou-se, ademais, que não houvera qualquer decisão contrária aos inte-resses do paciente, porque reduzida a pena final, de 17 para 13 anos. HC 104193/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 9.8.2011.

` STF – 613 -Estupro e atentado violento ao pudor: continuidade delitiva – 1

A 1ª Turma concedeu, de ofício, habeas corpus para incumbir ao juízo da execução a tarefa de enquadrar o caso ao cenário jurídico trazido pela Lei 12.015/2009, devendo, para tanto, proceder à nova dosimetria da pena fixada e afastar o concurso material entre os ilícitos contra a dignidade sexual, aplicando a re-gra da continuidade (CP, art. 71, parágrafo único: “Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometi-dos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do pará-grafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código”). Na situação dos autos, pleiteava-se a exclusão da causa de aumento de pena prevista no art. 9º da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) a condenado pela

Art. 2º TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

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prática dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra menores de 14 anos. A impetração argumentava que: a) a aplicação da referida causa especial de aumento com a presunção de violência decorrente da menoridade das vítimas, sem a ocorrência do resultado lesão corporal grave ou morte, implicaria bis in idem, porquanto a violência já teria incidido na espécie como elementar do crime; e b) o art. 9º daquela norma estaria implicitamente revogado após o advento da Lei 12.015/2009. HC 103404/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 14.12.2010.

` STF – 613 -Estupro e atentado violento ao pudor: continuidade delitiva – 2

Inicialmente, a Turma, por maioria, vencido o Min. Marco Aurélio, não conheceu do writ, ao fundamento de que a apreciação da matéria sob o enfoque da nova lei acarretaria indevida supressão de instância. Salientou-se, no entanto, a existência de precedentes desta Corte segundo os quais não configuraria bis in idem a aludida aplicação da causa especial de aumento de pena. Ademais, observaram-se re-centes posicionamentos das Turmas no sentido de que, ante a nova redação do art. 213 do CP, teria desaparecido o óbice que impediria o reconhecimento da regra do crime continuado entre os antigos delitos de estupro e atentado violento ao pudor. Por fim, determinou-se que o juízo da execução enquadre a situação dos autos ao atual cenário jurídico, nos termos do Enunciado 611 da Sú-mula do STF (“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna”). Alguns precedentes citados: HC 102355/SP (DJe de 28.5.2010); HC 94636/SP (DJe de 24.9.2010). HC 103404/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 14.12.2010.

` STJ – 475 – Posse. Arma. Uso permitido. Numeração raspada.

A impetração busca reconhecer a atipicidade da conduta de posse de arma de fogo, visto en-tender incidir o período de abolitio criminis temporalis advindo da prorrogação da entrega es-pontânea de armas até 31/12/2008 (vide arts. 30, 31 e 32 da Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento). Nesse contexto, vê-se que a doutrina e a jurisprudência do STJ, debruçadas sobre o Estatuto e as Leis n. 10.884/2004, 11.118/2005 e 11.191/2005, fixaram o entendi-mento de que se considera atípica a conduta de posse irregular de arma de fogo, seja ela de uso permitido ou restrito, perpetrada entre 23/12/2003 e 23/10/2005, em razão da abolitio criminis temporalis ou vacatio legis indireta que exsurge da redação do referido art. 30 do Estatuto. É certo, também, que a prorrogação do prazo de entrega do armamento até 31/12/2008 preconizada pela MP n. 417/2008 (convertida na Lei n. 11.706/2008), que, assim, alterou o período da vacatio legis indireta, só incide em casos de arma de fogo de uso per-mitido, dada a necessária apresentação do respectivo registro exigida também pela nova redação do citado art. 30 do Estatuto. No caso, cuida-se de conduta apurada em 20/11/2006 de porte de arma de fogo de uso permitido (revólver calibre. 32) mas com a numeração suprimida, a qual a jurisprudência do STJ equipara à arma de fogo de uso restrito. Portanto, na hipótese, não há falar em atipicidade da conduta porque esta não se encontra abarcada pela referida vacatio legis indireta. Esse entendimento foi acolhido pela maioria dos Ministros da Turma, visto que o Min. Gilson Dipp (vencido), ao ressaltar conhecer a orientação traçada pelos precedentes do STJ, dela divergiu, pois, a seu ver, ela, ao cabo, entende que a equiparação das condutas previstas no parágrafo único do art. 16 do Estatuto pela pena prevista em seu caput as iguala às condutas lá descritas, ou seja, às armas de uso proibido ou restrito. Contudo, aduziu que essa equiparação (quoad poenam) não transmuta a natureza das condutas, pois se cuida de recurso do legislador destinado a aplicar a mesma pena para crimes que vislumbra semelhantes ou de mesma espécie. Assim, firmou que o porte da arma com a numeração raspada somente sujeita o agente à pena do art. 16 do Estatuto, mas não a transforma em arma de uso restrito, que possui características legais próprias. Anotou, por último, que essa equiparação vem agravar a situação do paciente, o que não se justifica no sistema constitucional e legal penal. Daí conceder a ordem para trancar a ação penal por falta de justa causa (atipicidade da conduta) decorrente da referida abolitio criminis temporalis, no que foi acompanhado pelo Min. Napoleão Nunes Maia Filho. Precedentes citados: HC 64.032-SP, DJe 12/8/2008; RHC 21.271-DF, DJ 10/9/2007; HC 137.838-SP, DJe 2/8/2010, e HC 124.454-PR, DJe 3/8/2009. HC 189.571-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 31/5/2011.

4. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (UEL – Delegado de Polícia – PR/2013) Quanto à eficácia temporal da Lei Penal, relacione a coluna da esquerda com a da direita.

TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Art. 2º

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(I) Novatio legis incriminadora. (A) Lei supressiva de incriminação.

(II) Novatio legis in pejus. (B) Aplicável às leis temporais e excepcionais.

(III) Novatio legis in mellius. (C) Lei nova incrimina fato anteriormente considerado lícito.

(IV) Abolítio criminis. (D) Lei nova modifica o regime anterior, agravando a si-tuação do sujeito.

(V) Ultra-atividade. (E) Lei nova modifica o regime anterior, beneficiando a situação do sujeito.

Assinale a alternativa que contém a associação correta.(A) I-C, II-D, III-A, IV-E, V-B.(B) I-C, II-D, III-E, IV-A, V-B.(C) I-D, II-B, III-A, IV-E, V-C.(D) I-D, II-C, III-B, IV-A, V-E.(E) I-D, II-C, III-E, IV-A, V-B.

02. (Cespe – Investigador de Polícia – BA/2013 – Adaptada) Suponha que Leôncio tenha pra-ticado crime de estelionato na vigência de lei penal na qual fosse prevista, para esse crime, pena mínima de dois anos. Suponha, ainda, que, no transcorrer do processo, no momento da prolação da sentença, tenha entrado em vigor nova lei penal, mais gravosa, na qual fosse estabelecida a duplicação da pena mínima prevista para o referido crime. Nesse caso, é cor-reto afirmar que ocorrerá a ultratividade da lei penal.

03. (MPE-SC – Promotor de Justiça – SC/2013) Em se tratando de crime continuado, na hipó-tese de novatio legis supressiva de incriminação, a lei nova retroage, alcançando os fatos ocorridos antes de sua vigência. Quanto aos fatos posteriores, de aplicar-se o princípio da reserva legal.

04. (Cespe – Promotor de Justiça – PI/2012 – Adaptada) A lei posterior que, de qualquer modo, favoreça o agente aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Por essa razão, o agente condenado por crime hedion-do em 1998, que não teria direito a progredir de regime por vedação expressa da lei, faria jus à progressão de regime caso tal vedação fosse declarada inconstitucional pelo STF e adviesse lei prevendo progressão de regimes para os crimes hediondos, desde que o agente fosse réu primário e tivesse cumprido dois quintos da pena.

05. (UFMT – Promotor de Justiça – MT/2012 – Adaptada) Na sucessão de leis penais no tem-po, aplica-se a lei mais favorável ao réu, seja ela contemporânea ao fato delituoso ou aquela vigente na data da sentença.

06. (Cespe – Juiz de Direito Substituto-BA/ 2012 – Adaptada) A lei penal mais benéfica retro-agirá se favorecer o agente, aplicando-se a fatos anteriores, respeitados os fatos já decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

07. (Cespe – Juiz de Direito Substituto-PI/ 2012 – Adaptada) Desde que em benefício do réu, a jurisprudência dos tribunais superiores admite a combinação de leis penais, a fim de atender aos princípios da ultratividade e da retroatividade in mellius.

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08. (Cespe – Juiz de Direito Substituto-PI/ 2012 – Adaptada) A abolitio criminis, que possui natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade, conduz à extinção dos efeitos penais e extrapenais da sentença condenatória.

09. (Cespe – Defensor Público – RO/ 2012 – Adaptada) O princípio da continuidade normativa típica evidencia-se quando uma norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário.

10. (Esaf – Auditor-Fiscal– RFB/2012) Considerando a legislação, a doutrina e a jurisprudência a respeito da aplicação da lei penal no tempo, com relação ao instituto da abolitio criminis, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta.

I. A abolitio criminis pode ser aplicada para delitos tributários.II. A lei penal pode retroagir para prejudicar o réu já condenado em trânsito em julgado e tal

instituto denomina-se abolitio criminis.III. A obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, oriunda de efeito da condenação pe-

nal, desaparece com a abolitio criminis.IV. O instituto da abolitio criminis não é aceito pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.(A) Todos estão corretos.(B) Somente I está correto.(C) I e IV estão corretos.(D) I e III estão corretos.(E) II e IV estão corretos.

11. (Defensor Público – DPE/AM – 2011) Em relação à novatio legis incriminadora, a novatio legis in pejus, abolitio criminis e a novatio legis in mellius, assinale o que for errado.

(A) dá-se a novatio legis incriminadora quando a lei penal definir nova conduta como infração penal;

(B) caracteriza-se a novatio legis in pejus quando a lei penal redefinir infrações penais, dando tratamento mais severo a condutas já punidas pelo direito penal, quer criminalizando o que antes era contravenção penal, quer apenas conferindo disciplina mais gravosa;

(C) ocorre a abolitio criminis quando, por exemplo, a lei penal abolir uma contravenção penal, como foi o caso da revogação do artigo 60 da Lei das Contravenções Penais;

(D) tem-se a novatio legis in mellius quando a lei penal definir fatos novos como infração penal, também denominada “neocriminalização”.

(E) as situações de novatio legis e abolitio criminis são tratadas pelo artigo 2º do Código Penal e dizem respeito à disciplina da lei penal no tempo.

12. (Juiz de Direito – TJ/SP – 2011) Antônio, quando ainda em vigor o inciso VII, do art. 107, do Código Penal, que contemplava como causa extintiva da punibilidade o casamento da ofendida com o agente, posteriormente revogado pela Lei nº 11.106, publicada no dia 29 de março de 2005, estuprou Maria, com a qual veio a casar em 30 de setembro de 2005. O juiz, ao proferir a sentença, julgou extinta a punibilidade de Antônio, em razão do casamento com Maria, fundamentando tal decisão no dispositivo revogado (art. 107, VII, do Código Penal). Assinale, dentre os princípios adiante mencionados, em qual deles fundamentou-se tal decisão.

(A) Princípio da isonomia.(B) Princípio da proporcionalidade.(C) Princípio da retroatividade da lei penal benéfica.(D) Princípio da ultratividade da lei penal benéfica.(E) Princípio da legalidade.

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13. (Analista/Execução de Mandatos – STM – 2011) Por meio do princípio constitucional da irretroatividade da lei penal, veda-se que norma penal posterior incida sobre fatos ante-riores, assegurando-se, assim, eficácia e vigor à estrita legalidade penal. Nesse sentido, na Constituição Federal de 1988 (CF), garante-se a ultratividade da lei penal mais benéfica.

14. (Analista/Judiciária – TJ/ES – 2011) Considere que um indivíduo pratique dois crimes, em continuidade delitiva, sob a vigência de uma lei, e, após a entrada em vigor de outra lei, que passe a considerá-los hediondos, ele pratique mais três crimes em continuidade delitiva. Nessa situação, de acordo com o Código Penal, aplicar-se-á a toda a sequência de crimes a lei anterior, por ser mais benéfica ao agente.

15. (Analista/Judiciária– STM – 2011) Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória.

16. (Promotor de Justiça – MP/PR – 2011 – Adaptada) A proibição da retroatividade da lei penal, como um dos fundamentos do princípio constitucional da legalidade, não admite exceções;

17. (Defensor Público – DPE/RS – 2011 – Adaptada) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao delito permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

18. (Promotor de Justiça – MP/DFT – 2011 – Adaptada) O fenômeno da Lex intermedia im-porta na aplicação da lei penal mais benéfica ao acusado, ainda que não tenha sido a lei de regência ao tempo do fato, nem mais subsista, dada sua revogação, ao tempo da decisão condenatória.

19. (Promotor de Justiça – MP/DFT – 2011 – Adaptada) Por se tratar de crime formal, à extor-são mediante sequestro, iniciada na égide da lei penal mais branda, não se aplica a lei penal mais grave, ainda que a restrição da liberdade da vítima perdure após a alteração legislativa que agrave a pena do referido crime.

20. (Juiz Federal – TRF3 – 2011 – Adaptada) O STF entende que se aplica ao crime continuado e ao permanente a lei do tempo em que cesse a continuidade ou a permanência, sendo ela ou não a lei mais benéfica.

GAB01 B 02 V 03 V 04 F 05 V 06 F 07 F 08 F 09 V 10 B

11 D 12 D 13 F 14 F 15 F 16 F 17 V 18 V 19 F 20 V

Ê LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIAArt. 3º – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração

ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

1. BREVES COMENTÁRIOS

Lei temporária (ou temporária em sentido estrito) é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de vigência. É o caso da Lei 12.663/12, que criou inúmeros crimes que buscam proteger o patrimônio material e imaterial da FIFA, infrações penais com tempo certo de vigência (até 31 de dezembro de 2014).

Art. 2º e 3º TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL