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23 Disposições Preliminares Defensoria Pública da União atua em a. Justiça Federal b. Justiça do Trabalho c. Justiça Eleitoral d. Justiça Militar e. Tribunal Marítimo 1.3 Princípios Institucionais da Defensoria Pública Em conformidade com a Lei Complementar 80/94, são três os princípios institucionais da Defensoria Pública: a unidade, a indivisibi- lidade e a independência funcional, os quais serão a seguir analisados. O princípio da unidade significa que os membros da Defensoria Pública da União integram um só órgão sob a direção somente de um Defensor Público Geral Federal (DPGF). É importante salientar que o princípio da unidade somente é válido em relação a cada Defensoria Pública separadamente, inexistindo unidade entre a Defensoria Públi- ca da União e as Defensorias Públicas estaduais, ou entre as Defenso- rias Públicas estaduais entre si. No tocante ao princípio da indivisibilidade, a Defensoria Pública da União é una porque seus membros não estão vinculados aos pro- cessos em que atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros em conformidade com as normas que disciplinam as substituições. Esse princípio permite que seus membros se substituam uns aos outros, a fim de que a prestação da assistência jurídica aconteça sem solução de continuidade, de forma a não deixar os necessitados sem a devida assistência. Trata-se de decorrência do princípio da unidade, pois a Defensoria Pública da União não pode ser subdividida em outras au- tônomas e desvinculadas umas das outras 19 . Segundo Ada Pellegrini Grinover, Antônio Carlos de Araújo Cin- tra e Cândido Rangel Dinamarco “ser una e indivisível a Instituição significa que todos os seus membros fazem parte de uma só corpo- ração e podem ser indiferentemente substituídos um por outro em suas funções, sem que com isso haja alguma alteração significativa 19 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 537 defensoria_uniao.indd 23 7/11/2013 16:55:00

Coleção Estatutos Comentados - Lei Orgânica da Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios

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Disposições Preliminares

DefensoriaPública

da Uniãoatua em

a. Justiça Federal

b. Justiça do Trabalho

c. Justiça Eleitoral

d. Justiça Militar

e. Tribunal Marítimo

1.3 Princípios Institucionais da Defensoria Pública

Em conformidade com a Lei Complementar 80/94, são três os princípios institucionais da Defensoria Pública: a unidade, a indivisibi-lidade e a independência funcional, os quais serão a seguir analisados.

O princípio da unidade significa que os membros da Defensoria Pública da União integram um só órgão sob a direção somente de um Defensor Público Geral Federal (DPGF). É importante salientar que o princípio da unidade somente é válido em relação a cada Defensoria Pública separadamente, inexistindo unidade entre a Defensoria Públi-ca da União e as Defensorias Públicas estaduais, ou entre as Defenso-rias Públicas estaduais entre si.

No tocante ao princípio da indivisibilidade, a Defensoria Pública da União é una porque seus membros não estão vinculados aos pro-cessos em que atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros em conformidade com as normas que disciplinam as substituições. Esse princípio permite que seus membros se substituam uns aos outros, a fim de que a prestação da assistência jurídica aconteça sem solução de continuidade, de forma a não deixar os necessitados sem a devida assistência. Trata-se de decorrência do princípio da unidade, pois a Defensoria Pública da União não pode ser subdividida em outras au-tônomas e desvinculadas umas das outras19.

Segundo Ada Pellegrini Grinover, Antônio Carlos de Araújo Cin-tra e Cândido Rangel Dinamarco “ser una e indivisível a Instituição significa que todos os seus membros fazem parte de uma só corpo-ração e podem ser indiferentemente substituídos um por outro em suas funções, sem que com isso haja alguma alteração significativa

19 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 537

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nos processos em que oficiam” (quem está na relação processual é a Defensoria Pública, não a pessoa física de um defensor ou curador)20.

Já o princípio da independência funcional, à semelhança do Mi-nistério Público, também conhecido por autonomia funcional, signi-fica que cada órgão da Defensoria Pública da União é independente no exercício de suas funções, não ficando sujeito às ordens de quem quer que seja. Nem o Defensor Público Geral Federal nem o Conse-lho Superior da Defensoria Pública da União podem ditar ordens no sentido de obrigar o Defensor Público Federal a agir de uma determi-na forma dentro de um processo. Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamin “o princípio da independência significa que de cada membro da Instituição se exige atuação de absoluta submissão à lei, sem que, no entanto, exista inge-rência de qualquer espécie na formação de sua opinião, seja do Poder Judiciário, seja da própria organização a que pertence. O membro da Defensoria Pública é livre para agir nos limites da lei, exclusivamente de acordo com sua consciência, inexistindo qualquer controle, que não o disciplinar, da própria instituição”21.

Trata-se de autonomia de convicção, na medida em que os mem-bros da Defensoria Pública não se submetem a qualquer poder hie-rárquico no exercício de seu mister, podendo agir, no processo, da maneira que melhor entenderem22.

Tal princípio vem insculpido no § 8º, do art. 4º, da lei comple-mentar 80, a seguir transcrito: “se o Defensor Público entender ine-xistir hipótese de atuação institucional, dará imediata ciência ao De-fensor Público Geral, que decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso, outro Defensor Público para atuar”.

Princípios Institucionais da Defensoria Pública

20 CINTRA, Antônio Carlos Araújo de; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 16 ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 212

21 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de processo civil, vol. 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento - 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 212

22 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13 ed, São Paulo: Saraiva, 2009., p. 606

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Disposições Preliminares

unidade

a Defensoria é um órgão só, regido pela mesmas normas,

diretrizes e finalidades. A EC 45/04 concedeu autonomia

funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta

orçamentária apenas às Defensorias Estaduais (art. 134,

§2º, CF). A ANADEF ajuizou a ADIN 4282-3 no STF, para

a Corte atribuir interpretação conforme à Constituição ao

artigo 134, §2º, da CF, estendendo a autonomia e iniciativa

de proposta orçamentária à DPU, com base no princípio

da unidade e artigos 1º e 60, § 4º, inciso I da CF, que

definem a simetria entre instituições federais e estaduais

com a mesma função.

indivisibilidade

os membros da Defensoria podem ser substituídos uns

pelos outros para que haja continuidade na prestação de

assistência jurídica.

independência funcional

a Defensoria é um órgão dotado de liberdade para

exercer suas atribuições. Esse princípio elimina qualquer

hierarquia ou ingerência externa dos demais órgãos e

agentes políticos do Estado.

1.4 Objetivos da Defensoria Pública

Inicialmente, cabe esclarecer que, em conformidade com o que afirmou Celso Bastos, “a ideia de objetivos não pode ser confundi-da com a de fundamentos, muito embora, algumas vezes, isso possa ocorrer. os fundamentos são inerentes ao Estado, fazem parte de sua estrutura. Quanto aos objetivos, esses consistem em algo exterior que deve ser perseguido”23.

Após o esclarecimento acima, são objetivos da Defensoria Públi-ca, disciplinados no art. 3 A, da Lei complementar 80/94:

I - a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais;

II - a afirmação do Estado Democrático de Direito;

III - a prevalência e efetividade dos direitos humanos; e

23 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 18 ed., São Paulo: Saraiva, 1997. p 159 - 160

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IV - a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

A Constituição Federal de 1988, logo em seu primeiro dispositivo pétreo, classifica a dignidade da pessoa humana como princípio fun-damental da República brasileira (Art. 1º, III). Também, a Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada e proclamada pela Resolu-ção nº 217 A (III), da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU, em 10 de Dezembro de 1948, em seu Preâmbulo, salienta que “os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulhe-res, e decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla.

Diante da importância do princípio da dignidade da pessoa hu-mana “nenhum princípio é mais valioso para compendiar a unidade material da Constituição que o princípio da dignidade da pessoa hu-mana”24. A dignidade da pessoa humana simboliza um verdadeiro superprincípio constitucional, a norma maior a orientar o constitu-cionalismo contemporâneo, dotando-lhe especial racionalidade, uni-dade e sentido. Não há possibilidade de se estudar e aplicar o direito constitucional sem que se confira prevalência aos princípios constitu-cionais, especialmente em relação ao princípio da dignidade da pessoa humana, que nutre todo o sistema jurídico25.

Assim, a defesa dos direitos humanos está no fundamento de existência e nos objetivos de uma instituição pública essencial a uma das funções do Estado brasileiro (especialmente a jurisdicional), além de trazer como fundamentos de atuação a construção de uma socie-dade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da marginali-dade e a redução das desigualdades sociais e regionais, sem contar da prevenção dos conflitos.

Logo, é imprescindível que a Defensoria Pública aprimore a sua atuação na promoção, prevenção e defesa dos direitos humanos, seja interna, seja externamente. Assim, nos casos em que haja violação dos

24 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 233.

25 PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 367

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economicamente seriam assistidos pela Defensoria, porém, apesar de esta hipótese de atuação ser a mais comum, há outros necessitados que precisam do auxílio da Defensoria, como os juridicamente neces-sitados (réu rico no processo penal que não contrata advogado) e o necessitado organizacional, que legitima a atuação da Defensoria na tutela coletiva. Logo, é possível dividir as atribuições ou funções da Defensoria da seguinte forma:

Funções típicas da Defensoria Funções atípicas da Defensoria

- prestar assistência jurídica para

pessoa física ou jurídica que não

tem condições financeiras de

contratar advogado

- prestar assistência jurídica

para pessoa física ou jurídica,

independentemente da sua situação

financeira.

- Proteção dos economicamente

necessitados

- Proteção dos demais necessitados,

como o juridicamente necessitado

ou o necessitado organizacional

Fundamentos da função atípica: 1) as atribuições da Defensoria não foram enumeradas de forma exaustiva na CF, podendo ela exer-cer outras atribuições previstas em lei, independentemente da renda da pessoa (STF - ADI 558/RJ); 2) não se podem reduzir os termos “insuficiência de recursos” (art. 5º, LXXIV, CF) e “necessitados” (art. 134, CF) apenas ao plano econômico, pois existem outras espécies de necessidades, como a vulnerabilidade jurídica e social, que atin-ge usuários de planos de saúde e serviços públicos, os quais querem melhores serviços relacionados à saúde, à moradia, ao saneamento básico etc..

Esse é o entendimento de Ada Pellegrini Grinover, em parecer realizado na defesa da Associação Nacional de Defensores Públicos (ANADEP), face à ação visando à declaração de inconstitucionalida-de do art. 5º, da Lei 7.3147/85, movida pela CONAMP (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público:

“O art. 134 da CF não coloca limites às atribuições da Defensoria Pública. O legislador constitucional não usou o termo exclusivamente, como fez, por exemplo, quando atribuiu ao Ministério Público a função institucional de ‘promover privativamente a ação penal pública na forma da lei (art. 129, inc. I). Desse modo, as atribuições da Defensoria podem ser ampliadas por lei, como, aliás, já ocorreu com o exercício da

independentemente

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Disposições Preliminares

ProatividadeTer iniciativa em suas ações de forma dinâmica e criativa.

ProfissionalismoAtuação técnica planejada e coordenada para obtenção dos objetivos estabelecidos.

ImpessoalidadeAtuação institucional com foco na isonomia e no interesse público.

QualidadePrestar assistência jurídica com solicitude e celeri-dade, buscando a excelência no serviço.

Extrajudicialidade Privilegiar soluções extrajudiciais de conflito.

TransparênciaDar máxima publicidade e visibilidade aos atos, processos e políticas institucionais.

EficiênciaCeleridade nas ações e racionalidade na utilização dos recursos.

1.7. Jurisprudência Aplicável

- Princípio da indivisibilidade da Defensoria Pública

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. CONDENA-ÇÃO. APELAÇÃO. JULGAMENTO. INTIMAÇÃO. REALIZAÇÃO. PES-SOA DO DEFENSOR PÚBLICO GERAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE. 1. Não se pode exigir que a inti-mação do Defensor Público seja feita por mandado na pessoa do mesmo membro oficiante na causa. Configura-se razoável, para fins de intimação pessoal, proceder-se à inequívoca ciência da Defensoria Pública, por inter-médio de ofício ou mandado, devidamente recebido, competindo à Insti-tuição organizar a atuação de seus membros, sob pena de burocratizar o processo, em total desrespeito a efetividade e celeridade da Justiça. 2. Con-quanto não tenha sido feita a intimação diretamente ao Defensor oficiante no caso, procedeu-se à intimação do próprio Defensor Público Geral. Tal circunstância elide a apontada nulidade, por ausência de intimação pesso-al, porquanto devidamente respeitadas as prerrogativas inerentes ao cargo. 3. Nos termos da Lei Complementar nº 80/94 e em observância ao prin-cípio da indivisibilidade, os membros da Defensoria Pública não se vin-culam aos processos nos quais oficiam, podendo ser substituídos uns pe-los outros. 4. Ordem denegada. Cassada a liminar. HC 200500685551 HC - HABEAS CORPUS - 43629 - Relator Og Fernandes - STJ - Sexta Turma - Fonte DJE DATA:31/08/2009 REVFOR VOL.:00405 PG:00562 ..DTPB.

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Da Organização da Defensoria Pública da União

2.10 Síntese do Capítulo

A Defensoria Pública da União compreende:

órgãos de administração superior: Defensoria Pública-Geral da União (DPGU), Subdefensoria Pública-Geral da União, Conselho Superior da Defenso-ria Pública da União, Corregedoria-Geral da Defensoria Pública da União.

órgãos de atuação: Defensorias Públicas da União nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios e os Núcleos da Defensoria Pública da União.

- órgãos de execução: Defensores Públicos Federais nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios.

Defensor Público-Geral Federal principal atribuição: dirigir a Defensoria Pública da União, superintender e coordenar suas atividades e orientar-lhe a atu-ação. Cabe esclarecer que o Defensor Público-Geral Federal dirige a instituição Defensoria Pública da União, não pode gerir as atividades funcionais de seus órgãos de execução, os Defensores Públicos Federais, em razão do princípio da independência funcional que rege as atividades dos defensores públicos.

Subdefensor Público-Geral Federal: além de substituir o Defensor Público Geral Federal em sua ausência, compete-lhe auxiliar o Defensor Público-Geral nos assuntos de interesse da Instituição.

Conselho Superior: é o órgão colegiado que exerce o poder normativo no âmbito da Defensoria Pública da União, além de decidir sobre questões adminis-trativas e funcionais.

Corregedoria-Geral da Defensoria Pública da União: é órgão de fiscalização da atividade funcional e da conduta dos membros e dos servidores da Defensoria Pública da União.

Defensoria Pública da União nos Estados, distrito Federal e Territórios: atua por meio de núcleos, os quais serão dirigidos pelo Defensor Público-Chefe, desig-nado pelo Defensor Público-Geral dentre os integrantes da carreira que tenham atuação na unidade, ao qual compete especialmente coordenar as atividades de-senvolvidas pelos Defensores Públicos Federais que atuem em sua área de com-petência. É necessário esclarecer que o Defensor Público-Chefe apenas coordena as atividades dos Defensores Públicos Federais em sua área de competência. Não pode jamais gerir as atividades funcionais de seus órgãos de execução, os Defen-sores Públicos Federais, em razão do princípio da independência funcional que rege as atividades dos defensores públicos.

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Dos Direitos, das Garantias e das Prerrogativas dos Membros da Defensoria...

− em que qualquer das pessoas mencionadas no inciso III funcione ou haja funcionado como Magistrado, membro do Ministério Público, Au-toridade Policial, Escrivão de Polícia ou Auxiliar de Justiça.

− em que houver dado à parte contrária parecer verbal ou escrito sobre o objeto da demanda.

− não podem participar de comissão, banca de concurso, ou qualquer decisão, quando o julgamento ou votação disser respeito a seu cônjuge ou companheiro, ou parente consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.

Responsabilidade Funcional: a Corregedoria-Geral é o órgão encarregado da orientação e fiscalização da atividade funcional e da conduta pública dos De-fensores Públicos e dos Servidores da Defensoria Pública, quanto à prestação de um atendimento de qualidade e ao cumprimento das obrigações funcionais pre-vistas na Lei Orgânica da Defensoria Pública. É ainda responsável pela apuração de faltas disciplinares dos Defensores Públicos, dos estagiários e dos Servidores da Defensoria Pública, atuando diretamente ou por meio de Comissão Processante.

3.8 Questões Comentadas

Férias do Defensor Público

(CESPE - Defensor Público - DPU/ 2001) Embora a reforma administrativa pro-movida pelo poder público tenha sido implementada por meio de emenda cons-titucional (n.° 19, de 4/6/1998), subsiste, em favor dos Defensores Públicos da União, o direito a férias anuais de sessenta dias, de conversão de um terço das férias em abono pecuniário e à gratificação pelo efetivo exercício em local de difícil acesso.

COMENTáRIO

Incorreta - O artigo 85, da LC 80/94, previa o direito a férias anuais de sessenta dias aos membros da DPU e do Distrito Federal, bem como a possibilidade de con-versão de um terço dessas em abono pecuniário, porém o dispositivo foi revogado pela LC n. 98/1999. Diante da lacuna na LC 80/94 em prever o período de férias dos Defensores Federais e Distritais, tem-se aplicado subsidiariamente o artigo 77, da Lei 8.112/90, com base na regra do artigo 136, da LC 80/94, de modo que os Defensores passaram a gozar do mesmo período de férias dos demais servidores públicos, ou seja, trinta dias.

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Das Normas Gerais para a Organização da Defensoria Pública dos Estados

veis da Defensoria Pública que não estejam afastados de suas funções. O presidente da entidade de classe de maior representatividade dos membros da Defensoria Pública do Estado terá assento e voz nas reu-niões do Conselho Superior.

Ao Conselho Superior compete exercer as atividades consultivas, normativas e decisórias a serem previstas na lei estadual. Caberá a ele decidir sobre a fixação ou a alteração de atribuições dos órgãos de atuação da Defensoria Pública e, em grau de recurso, sobre matéria disciplinar e os conflitos de atribuições entre membros da Defensoria Pública, sem prejuízo de outras atribuições. Deverá, também, aprovar o plano de atuação da Defensoria Pública do Estado, cujo projeto será precedido de ampla divulgação.

As sessões do Conselho Superior deverão ser públicas, salvo nas hipóteses legais de sigilo e realizadas, no mínimo, bimestralmente podendo ser convocada por qualquer conselheiro caso não realizada dentro desse prazo. Suas decisões serão motivadas e publicadas.

Defensor Público Geral do Estado

Subdefensor Público Geral do Estado

Corregedor Geral da DefensoriaPública do Estado

Membros Natos

Ouvidor Geral da DefensoriaPública do Estado

Representantes estáveis da carreira, eleitos pelo voto direto, plurinominal, obrigatório e

secreto de seus membros, em número e forma a serem fixados em lei estadual

Membros eleitos

Atualmente, a maioria das Defensorias Públicas possui Conselho Superior, com exceção da Defensoria Pública do Paraná e Amapá. Os dados comparativos com o percentual de instituições que possuem Conselho Superior são apresentados no gráfico abaixo128:

128 III Diagnóstico Defensoria Pública no Brasil, Ministério da Justiça, 2009

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Das disposições Finais e Transitórias da Lei Complementar 80/94

COMENTáRIOS

Questão 5. Alternativa correta: a. O art. 147, da Lei Complementar 80/94, estabelece que “Ficam criados os cargos, de natureza especial, de Defensor Público-Geral e de Subdefensor Público-Geral da União e de Defensor Público-Geral e de Subdefensor Público-Geral do Distrito Federal e dos Territórios”. Logo, o único cargo que não é de natureza especial mencionado na questão é o de Defensor Público Chefe de 1ª categoria, por isso a alternativa correta é a “a”.

Alternativa b. Errada. O cargo de Defensor Público-Geral da União consta do rol do art. 147, da LC 80/94.

Alternativa c. Errada. O cargo de Defensor Públic- Geral do Distrito Federal e Territórios consta do rol do art. 147, da LC 80/94.

Alternativa d. Errada. O cargo de Subdefensor Público-Geral da União consta do rol do art. 147, da LC 80/94.

6.4 Simulado do Capítulo

1) É permitido o ingresso, por opção, na carreira da Defensoria Pública, aos mem-bros das seguintes carreiras, exceto:

a) Advogado de Ofício.

b) Advogado de Ofício Substituto da Justiça Militar.

c) Advogado de Ofício da Procuradoria Especial da Marinha.

d) Procurador da República.

2 - Assinale a alternativa correta.

a) Os Defensores Públicos Federais, excetuados os do Distrito Federal, estão sujeitos ao regime jurídico da Lei Complementar 80/94 e gozam de independência no exercício de suas funções, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, o instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

b) Os Defensores Públicos Federais, bem como os do Distrito Federal, estão sujeitos ao regime jurídico da Lei Complementar 80/94 aplican-do-se-lhes, complementarmente, o instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

c) Os Defensores Públicos Federais, bem como os do Distrito Federal, estão sujeitos ao regime jurídico da Lei Ordinária 80/94 e gozam de independência no exercício de suas funções, aplicando-se-lhes, subsi-diariamente, o instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

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