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74 HENRIQUE CORREIA 2.5. Experiência prévia: art. 442-A da CLT Recentemente, a CLT foi alterada para incentivar o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho. Como forma de proporcionar que trabalhadores, ainda sem experiência, possam ocupar novos postos de trabalho, o empregador está proibido de exigir do candidato comprovação de experiência prévia por tempo superior a seis meses. De acordo com o art. 442-A da CLT: Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade. É difícil, na prática, fiscalizar a conduta do empregador, pois não há necessidade de fundamentar o motivo da não contratação dos candidatos mais inexperientes. Entretanto, se comprovada a prática discriminatória, por meio de anúncio no jornal, por exemplo, a empresa pode ser autuada pela fiscalização do trabalho. 3. RELAÇÕES EMPREGATÍCIAS ESPECIAIS Há empregados que possuem direitos peculiares em razão da atividade exercida, ou em razão da sua própria condição física. Em todos os casos tratados a seguir, há presença dos quatro requisitos essenciais da relação de emprego. O que irá dife- renciar uma relação da outra será a ampliação ou redução de direitos trabalhistas. 3.1. Empregado rural Inicialmente, o empregado rural não possuía os mesmos direitos dos emprega- dos urbanos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorreu a equi- paração de direitos entre empregados urbanos e rurais. Há, entretanto, algumas peculiaridades do meio rural, previstas na Lei nº 5889/73, que devem ser estudadas, pois são frequentes em provas de concurso público para o cargo de Técnico do TRT. 3.1.1. Identificação da figura do empregado e empregador rural Empregado rural possui os mesmos requisitos para configurar o vínculo empre- gatício: pessoa física, não eventualidade, onerosidade e subordinação. Há um ponto importante para identificar o trabalhador rural: prestar serviços ao empregador rural. Assim sendo, se o trabalhador prestar serviços ao empregador rural, ele será empregado rural, independentemente da atividade que prestar na propriedade rural 7 . De acordo com o art. 2º da Lei nº 5889/73: Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. 7. OJ nº 419 da SDI – I do TST. Considera-se rurícola empregado que, a despeito da atividade exercida, presta serviços a empregador agroindustrial (art. 3º, § 1º, da Lei nº 5.889, de 08.06.1973), visto que, neste caso, é a atividade preponderante da empresa que determina o enquadramento.

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2.5. Experiência prévia: art. 442-A da CLTRecentemente, a CLT foi alterada para incentivar o ingresso de novos profissionais

no mercado de trabalho. Como forma de proporcionar que trabalhadores, ainda sem experiência, possam ocupar novos postos de trabalho, o empregador está proibido de exigir do candidato comprovação de experiência prévia por tempo superior a seis meses. De acordo com o art. 442-A da CLT:

Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade.

É difícil, na prática, fiscalizar a conduta do empregador, pois não há necessidade de fundamentar o motivo da não contratação dos candidatos mais inexperientes. Entretanto, se comprovada a prática discriminatória, por meio de anúncio no jornal, por exemplo, a empresa pode ser autuada pela fiscalização do trabalho.

3. RELAçõEs EmpREgATíCiAs EspECiAisHá empregados que possuem direitos peculiares em razão da atividade exercida,

ou em razão da sua própria condição física. Em todos os casos tratados a seguir, há presença dos quatro requisitos essenciais da relação de emprego. O que irá dife-renciar uma relação da outra será a ampliação ou redução de direitos trabalhistas.

3.1. Empregado ruralInicialmente, o empregado rural não possuía os mesmos direitos dos emprega-

dos urbanos. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorreu a equi-paração de direitos entre empregados urbanos e rurais. Há, entretanto, algumas peculiaridades do meio rural, previstas na Lei nº 5889/73, que devem ser estudadas, pois são frequentes em provas de concurso público para o cargo de Técnico do TRT.

3.1.1. Identificação da figura do empregado e empregador ruralEmpregado rural possui os mesmos requisitos para configurar o vínculo empre-

gatício: pessoa física, não eventualidade, onerosidade e subordinação. Há um ponto importante para identificar o trabalhador rural: prestar serviços ao empregador rural. Assim sendo, se o trabalhador prestar serviços ao empre gador rural, ele será empregado rural, independentemente da atividade que prestar na propriedade rural7. De acordo com o art. 2º da Lei nº 5889/73:

Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.

7. OJ nº 419 da sDi – i do TsT. Considera-se rurícola empregado que, a despeito da atividade exercida, presta serviços a empregador agroindustrial (art. 3º, § 1º, da Lei nº 5.889, de 08.06.1973), visto que, neste caso, é a atividade preponderante da empresa que determina o enquadramento.

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Sujeitos da relação de trabalho

O importante para identificar o trabalhador rural é definir quem é o empregador rural. De acordo com a lei, é a pessoa física ou jurídica que explore a atividade agro-econômica. Assim sendo, mesmo que o prédio esteja localizado em área urbana, se a sua destinação envolver exploração agrícola ou pecuária, o empregado será rural.8

Deve-se ressaltar que o empregado que prestar serviços ao empregador rural em âmbito residencial, por exemplo, na sede da fazenda, é empregado doméstico, pois não está inserido em atividade lucrativa.

No meio rural, é frequente a figura do aliciador de trabalhadores, chamado de “gato”, que funciona como intermediário de mão de obra. Ele contrata e fornece transporte aos trabalhadores rurais e os coloca à disposição do empregador. Nes-se caso, a intermediação é ilícita e o vínculo empregatício será diretamente com o empregador rural. Nesse sentido:

Os denominados gatos ou turmeiros, os quais ficam arregimentando trabalhadores para laborar em propriedades rurais, não são consi-derados empregadores, mas sim simples intermediários, formando--se o vínculo de emprego dos empregados rurais diretamente com a empresa rural9.

Por fim, houve alteração do art. 7º, XXIX, da CF/88, e o prazo prescricional do trabalhador rural passou a ser o mesmo do urbano: dois anos para ingressar com a ação judicial, após a extinção do contrato, com possibilidade de pleitear os direitos trabalhistas, dos últimos cinco anos, a contar da propositura da ação.

3.1.2. Peculiaridades dos empregados rurais

a) Aviso-prévio

O aviso-prévio é dado pela parte (empregado ou empregador) que decidir pôr fim à relação empregatícia. Se a iniciativa partir do empregador, a legislação trabalhista prevê a redução da jornada de trabalho, como forma de proporcionar ao trabalhador a busca por um outro emprego. O empregado rural notificado da dispensa sem justa causa tem direito à redução de um dia por semana para buscar novo emprego, sem prejuízo da sua remuneração.

A título de comparação, o empregado urbano terá redução de duas horas diárias ou sete dias corridos, de acordo com o art. 488 da CLT.

b) intervalo intrajornada

O intervalo concedido ao empregado rural para descanso e refeição, na jor-nada superior a seis horas, será de acordo com os usos e costumes da região.

8. Orientação Jurisprudencial nº 315 da SDI-I do TST. “É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é predominantemente rural, considerando que, em modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades.”

9. SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho. Série Concurso Público. 7. ed. São Paulo: Método, 2008. p. 60.

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Cabe frisar, entretanto, que o TST posicionou no sentido de que o empregado rural que tenha jornada superior a seis horas diárias possui o direito ao intervalo de, no mínimo, 1 hora, conforme nova súmula n. 437 do TST. Caso não seja concedido esse intervalo mínimo, haverá o pagamento de horas extras, com base no art. 71, § 4º, da CLT. Outra particularidade diz respeito aos serviços intermitentes, em que há possibilidade de intervalos mais longos, como dos empregados que trabalham com gado leiteiro, que saem de madrugada para a primeira ordenha e voltam apenas no fim da tarde para a segunda. Esses intervalos não são computados na jornada de trabalho.10

A título de comparação, o empregado urbano terá intervalo de, no mínimo, 1 e, no máximo, 2 horas, salvo norma coletiva em contrário, conforme previsto no art. 71 da CLT. Deve-se ressaltar que a duração do trabalho para ambos, urbano e rural, está prevista no art. 7º da Constituição, 8 horas diárias e 44 semanais.

c) Trabalho noturno

O ser humano não possui hábitos noturnos. Assim sendo, o trabalho noturno deve conter aspectos mais protetivos e possuir remuneração superior à do diurno. O horário noturno será de acordo com a atividade desenvolvida: a) na pecuária inicia-se às 20 horas e termina às 4 horas; b) na agricultura, a jornada será das 21 horas às 5 horas. A hora noturna rural, ao contrário do trabalhador urbano, não é reduzida, ou seja, a hora terá duração de 60 minutos. Durante a jornada noturna há necessidade de pagamento de adicional noturno de, no mínimo, 25% a mais que a hora diurna.

A título de comparação, o horário noturno do empregado urbano é das 22 horas às 5 horas. A hora noturna é reduzida: 52 minutos e 30 segun-dos. E o adicional noturno de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna, de acordo com art. 73 da CLT.

TRAbALhO NOTuRNO

Agricultura

– 21h– Adicional 25%– 5h

pecuária

– 20h– Adicional 25%– 4h

10. Art. 6º da Lei nº 5889/73. “Nos serviços caracteristicamente intermitentes, não serão computados, como de efetivo exercício, os intervalos entre uma e outra parte da execução da tarefa diária, desde que tal hipótese seja expressamente ressalvada na Carteira de Trabalho e Previdência Social.”

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Sujeitos da relação de trabalho

d) salário utilidade ou salário in natura

O salário poderá ser pago em dinheiro ou, ainda, em utilidades, como alimen-tação e moradia. Essa forma de pagamento é chamada de salário in natura ou utilidades. Há possibilidade de desconto do salário-mínimo para o pagamento das utilidades, respeitando os seguintes percentuais: a) até 20%, moradia11; b) até 25%, pelo fornecimento de alimentação sadia e farta, atendidos os preços vigentes na região. Para esses descontos, há necessidade de prévia autorização do empregado rural; sem tal autorização essas deduções serão nulas de pleno direito.

A título de comparação, os limites máximos permitidos para os em-pregados urbanos são: 25% para habitação e 20% para alimentação; esses descontos serão sobre o salário contratual do empregado, de acordo com § 3º do art. 458 da CLT. Não há, na CLT, previsão de prévia autorização do trabalhador urbano.

3.1.3. Contrato temporário rural (art. 14-A da Lei nº 5889/73)

Recentemente, houve alteração na lei para disciplinar a contratação por pequeno prazo do trabalhador rural, na tentativa de formalizar as contratações dos “diaristas do campo”. Apenas o empregador pessoa física poderá contratar sob essa modalidade, o que exclui as empresas rurais, cooperativas e demais pessoas jurídicas.

Esse contrato será por prazo determinado, com duração máxima de dois meses dentro do período de um ano. Veja que esse contrato possibilita vários períodos descontínuos. Exemplo: contrata-se trabalhador rural por duas semanas; depois de um mês de intervalo, contrata-se novamente, por mais uma semana. Se ultrapassado o período máximo de dois meses, dentro do período de um ano, o contrato será transformado em prazo indeterminado.

O empregador rural é obrigado a recolher as contribuições previdenciárias e efetuar os depósitos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Ademais, deverá anotar na CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social – ou poderá fazer contrato escrito com o trabalhador rural.

Por fim, o trabalhador rural contratado por curto período terá direito à remune-ração equivalente à do trabalhador rural permanente, e todos os demais direitos de natureza trabalhista, relativos ao contrato por prazo determinado12. Essas parcelas serão calculadas dia a dia e pagas diretamente ao trabalhador.

11. No tocante à moradia, art. 9º, § 2º e § 3º da Lei nº5889/73: “Sempre que mais de um empregado residir na mesma moradia, o desconto de 20% será dividido proporcionalmente ao número de empregados, vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva de famílias”. “Rescindido ou findo o contrato de trabalho, o empregado será obrigado a desocupar a casa dentro de 30 dias.”

12. O contrato previsto no art. 14-A é de prazo determinado. Logo, não há aviso-prévio, indenização do FGTS e nem direito à estabilidade, pois são direitos ligados ao contrato por prazo indeterminado.

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EmpREgADO RuRAL (Lei nº. 5.889/73)

Peculiaridades do trabalhador

rural

– aviso-prévio redução de 1 dia por semana (iniciativa do empregador)

– intervalo: de acordo com usos e costumes da região

– trabalho noturno (hora de 60 minutos)

– salário-utilidade (desconto sobre salário-mínimo)

• 20% moradia• 25% alimentação• prévia autorização

Contratotemporário rural(art. 14-A Lei Rural)

– empregador: pessoa física– duração: 2 meses dentro do período de 1 ano– recolher FGTS e contribuições previdenciárias– mesmos direitos dos demais empregados permanentes

• pecuária 20h às 4h• agricultura 21h às 5h• adicional noturno: 25%

Empregado rural

– equiparação de direitos como os urbanos (art. 7º CF/88)– identificação: trabalha para empregador rural– prescrição: mesmo período dos trabalhadores urbanos

(2 anos para ingressar na justiça/pedido dos últimos 5 anos)

3.2. Empregado doméstico

Recentemente, o Brasil deu um importante passo rumo à efetivação dos direitos fundamentais trabalhistas, reconhecendo direitos básicos do empregado domésti-cos via EC-72 – 2013. Essa alteração do art. 7, parágrafo único da CF/88 será objeto dos próximos concursos públicos para Técnico do TRT. Atualmente, o empregado doméstico conquistou, por exemplo, direitos básicos como a limitação da jornada de trabalho em 8 horas diárias.

Esses trabalhadores são regidos pela Lei nº 5859/72. Assim como os demais em-pregados, há nessa relação jurídica a presença dos quatro requisitos indispensáveis para configurar o vínculo empregatício ( pessoa física, onerosidade, continuidade e subordinação). Para a contratação do empregado doméstico é necessário que o empregado tenha, no mínimo, 18 anos. Há quem defenda a idade mínima de 16 anos, em razão do art. 7 da CF possibilitar o trabalho a partir dos 16 anos. Entretanto, como há outras normas nacionais e convenções internacionais prevendo a idade mínima como 18 anos, é esse o posicionamento que deve prevalecer. Mas a questão da idade está ainda polêmica.

O empregado doméstico é aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família em âmbito residencial. Verifica-se, assim, a necessidade de três requisitos para identificar o empregado doméstico:

a) prestação de serviço para pessoa ou família. Não há possibilidade de o empregado doméstico trabalhar em pessoa jurídica (empresa, associação,

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Sujeitos da relação de trabalho

cooperativa, massa falida, condomínios, comunidades religiosas etc.). Exemplo: oficina mecânica contrata mulher para fazer os serviços de limpeza, de segunda a sexta-feira. Na CTPS, ela foi anotada como empregada doméstica, entretanto não se trata de trabalho doméstico, mas de vínculo empregatício regido pela CLT, porque a contratação foi realizada por pessoa jurídica (oficina mecânica). Além disso, há possibilidade de contratação de empregado doméstico por pessoa, como a república de estudantes, casal homossexual etc.

b) serviços prestados em âmbito residencial. As atividades desenvolvidas pelo empregado doméstico devem ser prestadas em âmbito residencial, como: motorista, jardineiro, enfermeiras particulares etc. Quanto a esse tópico, duas observações são importantes: 1. Cabe ressaltar que a casa de campo/praia utilizada apenas para o lazer

é considerada extensão da residência, portanto há possibilidade de contratar empregados domésticos para trabalhar nesses locais.

2. As atividades de empregado domésticos estão voltadas, em regra, a fun-ções ligadas ao âmbito residencial, como cozinheiro, serviços de limpeza, babá etc. Entretanto, outras atividades de profissionais, inclusive com nível universitário, como professores e enfermeiras, educador físico, por exemplo, se prestadas em âmbito residencial a empregador doméstico, serão enquadradas como empregadas domésticas. Nesse sentido:

É preciso lembrar que para ser doméstico basta trabalhar para em-pregador doméstico, independentemente da atividade que o empre-gado doméstico exerça, isto é, tanto faz se o trabalho é intelectual, manual ou especializado. Portanto, a função do doméstico pode ser de faxineira, cozinheira, motorista, piloto de avião, médico, professor, acompanhante, garçom do iate particular, segurança particular, caseiro, enfermeira etc. O essencial é que o prestador do serviço trabalhe para uma pessoa física que não explore a mão de obra do doméstico com intuído de lucro, mesmo que os serviços não se limitem ao âmbito residencial do empregador13.

c) Finalidade não lucrativa. O empregado doméstico não pode estar inserido na atividade lucrativa da família. Assim sendo, se a empregadora faz mar-mita para comercializar, e a empregada doméstica auxilia no preparo dos alimentos, descaracteriza-se a figura da empregada doméstica. O mesmo raciocínio é utilizado para o médico ou dentista que têm consultório em casa e a empregada doméstica faz a limpeza desses locais ou anota as consultas, estando ligada a uma atividade lucrativa da família.

A Lei do Doméstico utiliza-se do termo natureza contínua, em vez de não eventu-alidade prevista na CLT. Assim sendo, prevalece, na doutrina e na jurisprudência do TST, a exigência de prestação de serviços contínuos (sem interrupções), no mínimo, 3 vezes ou 4 dias por semana, para configurar o vínculo empregatício doméstico.

13. CASSAR, . Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 6. ed. Niterói: Impetus, 2012. p. 363.

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Atualmente, prevalece a tese no sentido de que para configurar a continuidade é necessário que o empregado doméstico trabalhe 4 dias por semana e, no mínimo, 4 horas por dia. Se os serviços forem prestados em 1 ou 2 dias por semana, ficará configurada a “faxineira” ou a “diarista”, que representam trabalhadoras autônomas, sem direitos trabalhistas.

3.2.1. Direitos do empregado doméstico

Os direitos do doméstico estão previstos, em sua maioria, no art. 7º, parágrafo único da Constituição Federal. O empregado em domicílio não se confunde com do-méstico. Ele presta serviços na sua própria residência, nas mais diferentes funções, e possui todos os direitos trabalhistas previstos na CLT.

Já o empregado doméstico conquistou, recentemente, via EC/72-2013, direitos básicos, como limitação da jornada de 8 horas diárias, horas extras, adicional noturno, salário-família etc. Não pode ser afirmado, entretanto, que houve equiparação de direitos entre os empregados domésticos e demais empregados.

Na tentativa de tornar mais didática essa nova matéria ligada ao empregado doméstico, iremos dividir o tema em 5 partes. Isso tornará mais fácil a memorização para seu concurso público:

1. Direitos clássicos previstos na CF e na Lei dos Domésticos antes da EC-72/2013;

2. Novos direitos recentemente com a EC-72/2013, com aplicação imediata

3. Novos direitos concedidos, mas pendentes de regulamentação;

4. Direitos não estendidos aos domésticos;

5. Discussões sobre a Prescrição aplicada aos empregados domésticos.

1. DiREiTOs CLássiCOs Já pREvisTOs ANTERiORmENTE à EC/72-2013, Ou sEJA, ERAm AssEguRADOs DEsDE A pROmuLgAçãO DA CONsTiTuiçãO FEDERAL OCORRiDA Em 05.10.1988:

a) Salário-mínimo

b) Irredutibilidade do salário

c) Décimo terceiro salário

d) Repouso semanal remunerado

e) Férias acrescidas de 1/3 a mais da remuneração

f) Licença- gestante de 120 dias

g) Licença-paternidade (5 dias)

h) Aviso-prévio

i) Aposentadoria

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Sujeitos da relação de trabalho

A Lei nº 5859/72, que trata do Empregado Doméstico, também previa outros direitos ao empregado doméstico (antes mesmo da EC/72-2013):

a) As férias passaram a ser de 30 dias (art. 3º), como dos demais em-pregados regidos pela CLT.

b) A empregada doméstica que estiver gestante possuirá estabilidade (art. 4º-A), sendo vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

c) Direito ao descanso remunerado nos feriados. O art. 5º, “a”, da Lei nº 605/49, que excluía o descanso dos domésticos, foi revogado. Logo, não restam dúvidas de que o descanso remunerado em feriados foi estendido aos empregados domésticos. Se exigido o trabalho no feriado deverá ser concedida folga compensatória em outro dia, sob pena de o empregador ter de pagar em dobro114 aquele dia trabalhado.

d) Vedado desconto no salário para fornecimento de alimentação, ves-tuário, higiene e moradia (art. 2º-A). Há possibilidade de desconto apenas se a moradia em que ocorrer a prestação de serviços for diversa da residência, e desde que essa possibilidade de desconto tenha sido expressamente acordada entre as partes.

2. Novos direitos, com eficácia IMEDIATA do empregado doméstico previstos no art. 7, parágrafo único da CF/88:

A partir de 03.04.2013, já estão assegurados aos empregados domésticos os novos direitos a seguir:

a) jornada de trabalho de até 8 horas diárias e 44 horas semanais;

b) horas extras remuneradas com adicional mínimo de 50%;

c) garantia de salário-mínimo para os que recebem salário variável;

d) proteção legal ao salário;

e) redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de higiene, saúde e segurança;

f) reconhecimento das convenções e dos acordos coletivos de trabalho;

g) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

h) proibição de discriminação no tocante a salário e critérios de ad-missão de portadores de deficiência;

i) proibição de trabalho noturno, insalubre e perigoso ao menor de 18 anos e de qualquer trabalho ao menor de 16 anos.

14. súmula nº 146 do TsT. O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.

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3. Outros direitos concedidos aos domésticos pela EC/72-2013, mas que ainda dependem de regulamentação para

entrar em vigor. são eles:

a) proteção da relação de emprego contra a dispensa arbitrária ou sem justa causa;

b) seguro-desemprego em caso de desemprego involuntário;

c) obrigatoriedade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ( FGTS);

d) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

e) salário-família;

f) assistência gratuita aos filhos e dependentes até 5 anos de idade em creches e pré-escolas;

g) seguro contra acidentes do trabalho a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

4. Alguns direitos constitucionalmente assegurados aos trabalha-dores em geral não foram estendidos à categoria dos empregados

domésticos. são eles:

a) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

b) participação nos lucros ou resultados (posto que a sua atividade não tem fim lucrativo);

c) jornada de 6 horas em turnos ininterruptos de revezamento (posto que esta condição não ocorre na residência familiar);

d) proteção do mercado de trabalho da mulher mediante incentivos específicos nos termos da lei;

e) adicional de insalubridade, penosidade e periculosidade;

f) proteção em face da automação, na forma da lei;

g) proibição de distinção entre o trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos.

5. Existe a discussão sobre a aplicação do direito abaixo:

a) pREsCRiçãO: “ação quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 anos até o limite de 2 anos após a extinção do contrato de trabalho”. Nesse caso, o instituto da prescrição, não se trata de direito trabalhista, mas norma ligada à paz social. O prazo prescricional, mesmo antes da EC/72-2013 era o previsto no art. 7º da CF. Entendo que continuará sendo esses os prazos prescricionais aplicados aos empregados domésticos, mesmo após a modificação do texto constitucional.

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Sujeitos da relação de trabalho

Ademais o vale-transporte já era estendido aos empregados domésticos15.

Cabe frisar, por fim, que as hipóteses do art. 482 da CLT, que tratam da possibi-lidade de dispensa do empregado por justa causa, serão aplicadas ao empregado doméstico, exceto: a) negociação habitual e negociação quando constituir ato de concorrência desleal à empresa e b) violação de segredo da empresa (art. 6-A, § 2º, da Lei nº 5859/72).

3.3. proteção do trabalho do menor16-17

A Constituição Federal e a CLT possuem normas protetivas ao empregado me-nor em razão da sua condição peculiar de desenvolvimento. Essas normas têm a finalidade de lhe proporcionar o pleno desenvolvimento físico, mental e social. O trabalho, no Brasil, é permitido a partir dos 16 anos de idade. Nessa idade, ainda há restrições, pois o menor não poderá prestar serviços em atividades noturnas, insalubres e perigosas. Para essas atividades em que há agressão à saúde, somen-te a partir dos 18 anos. Além disso, a partir dos 14 anos, poderá prestar serviços apenas como aprendiz. De acordo com o texto constitucional:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXXI – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade18, cor ou estado civil: (grifo acrescido)

XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.

Essa proteção, no tocante às atividades prejudiciais à saúde, ocorre em razão do estágio de desenvolvimento. Assim sendo, mesmo que o menor seja emancipado pelo casamento, por exemplo, persiste a proibição de prestar serviços em atividades insalubres, perigosas e em horário noturno.

15. Art. 1º do Decreto nº 95.247/1987. 16. A terminologia mais indicada, atualmente, é trabalho da criança e do adolescente, conforme previsão

do ECA. Entretanto, apenas para acompanhar a terminologia utilizada pela CLT e como forma de tornar o estudo mais direto e simplificado, utilizaremos a terminologia que consta na própria CLT e a forma como é pedida nos concursos de técnico judiciário: trabalho do menor.

17. O trabalho do menor e da mulher são estudados, em regra, no capítulo destinado às normas de proteção ao trabalhador. Entretanto, para fins didáticos, esses contratos de trabalho serão abordados no capítulo destinado às relações de emprego especiais.

18. Há jurisprudência do TST no mesmo sentido: Orientação Jurisprudencial nº 26 da SDC: “Salário nor-mativo. Menor empregado. Art. 7º, XXX, da CF/88. Violação. Os empregados menores não podem ser discriminados em cláusula que fixa salário mínimo profissional para a categoria”.

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3.3.1. Jornada de trabalho do menorA jornada de trabalho do menor possui a mesma duração que a do trabalhador

adulto, ou seja, limitada a 8 horas diárias e 44 horas semanais. A diferença consiste na proibição ao menor de prestar horas extras. Há, entretanto, duas exceções, em que é permitido o trabalho em regime extraordinário:

a) Compensação de jornada, ou seja, trabalha-se mais alguns dias, máximo de duas horas extras diárias19, para descansar em outros. Note-se que a compensação deve estar prevista em convenção ou acordo coletivo e, ain-da, não poderá ultrapassar o limite máximo de 44 horas semanais. Dessa forma, não cabe o acordo individual, previsto na Súmula nº 85 do TST, e a compensação não poderá ser anual20.

b) Força maior, isto é, acontecimento extraordinário, alheio à vontade do empregador, como enchentes, incêndio etc. Nesse caso, o menor poderá prestar horas extras, acrescidas de adicional de, no mínimo, 50% sobre a hora normal, limitadas à totalidade de 12 horas (8 horas da jornada normal, acrescidas de 4 horas extras). O trabalho do menor deve ser imprescindível ao funcionamento da empresa.

Importante ressaltar que, entre a jornada normal e as horas extraordinárias, há necessidade de intervalo para descanso, com duração de 15 minutos, de acordo com o art. 413 c/c art. 384, ambos da CLT. Esse intervalo não está inserido na jornada de trabalho. Se o intervalo de 15 minutos não for concedido, deverá ser remunerado como hora extra, e a empresa poderá ser autuada pela fiscalização.

Ainda no tocante aos intervalos, a fiscalização trabalhista poderá proibir que o empregado menor goze dos períodos de repouso nos locais de trabalho, conforme previsto no art. 409 da CLT. De acordo com Sérgio Pinto Martins21:

A proteção em tela visa também que não haja nenhum prejuízo à formação moral do menor, pois pode haver brincadeiras no local de trabalho que viessem a causar prejuízo à sua formação.

Finalmente, se o menor prestar serviços a mais de uma empresa, ou seja, contratos de trabalho simultâneos, as horas de trabalho em cada uma delas serão somadas, conforme previsto no art. 414 da CLT. Exemplo: empregado menor, 17 anos

19. Nesse caso, as horas extras trabalhadas não terão adicional de 50%, uma vez que o menor irá compensá-las com descanso em outro dia. Na compensação há redistribuição das horas trabalhadas, ou seja, embora ocorra a prestação de serviços além das 8 horas diárias, haverá descanso em outro dia.

20. “Não há permissão para o uso de banco de horas, assim entendido o sistema de compensação de jornada ao longo de um ano; faz todo sentido que a compensação anual, inserida para os adultos no art. 59 da CLT, fique afastada dos adolescentes diante do comprometimento inevitável com o rendimento escolar.” SILVA, Homero Batista Mateus. Curso de Direito do Trabalho Aplicado, v. 3: Segurança e Medicina do Trabalho. Trabalho da mulher e do menor. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 230.

21. MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 344.

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Sujeitos da relação de trabalho

de idade, trabalha quatro horas diárias em um supermercado. Foi contratado para trabalhar em uma papelaria, à tarde. Poderá cumular os contratos, desde que tenha jornada, na papelaria, de até quatro horas diárias, pois não poderá ultrapassar as oito horas, somados os horários.

3.3.2. Prestação de serviços em locais prejudiciais à moralidade do menorDentre os locais e atividades em que é vedado o trabalho do menor, em razão

de serem considerados prejudiciais à moralidade, destacam-se:

a) teatro de revista, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e estabele-cimentos análogos;

b) empresas circenses, em funções de acrobata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes.

Nesses dois casos, o Juiz da Infância e Juventude poderá autorizar o trabalho do menor, desde que a representação tenha fim educativo e desde que se certifique de que a ocupação do menor seja indispensável à própria subsistência ou à de seus familiares e, ainda, desde que não advenha nenhum prejuízo à sua formação moral.

Ainda de acordo com o art. 405 da CLT, são atividades prejudiciais à moralidade:

c) produção, composição, entrega ou venda de escritos impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;

d) venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.

Nesses dois últimos casos, não há previsão, na CLT, de autorização para o trabalho.

Ainda no tocante ao ambiente de trabalho, a empresa está obrigada a adotar todas as facilidades para mudança de função do menor, uma vez constatada que a atividade desempenhada é prejudicial à saúde, ao seu desenvolvimento físico e à sua moralidade. Quando a empresa não tomar as medidas cabíveis para que o menor mude de função, será configurada rescisão indireta22.

3.3.2.1. Dos direitos de profissionalização e à proteção do trabalho. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90 e alterações)23-24

Os artigos indicados no Estatuto da Criança e do Adolescente sobre esse tópico são: artigos 60 ao artigo 69 – indicados no final desse capítulo.

22. Rescisão indireta: término do contrato ocorreu por culpa do empregador, art. 483 da CLT. Nesse caso, o trabalhador receberá todas as verbas rescisórias, como se tivesse ocorrido dispensa sem justa causa. Sobre a rescisão indireta, consulte o capítulo VII.

23. Indico o melhor livro de ECA para leitura complementar: Estatuto da Criança e do Adolescente Comen-tado. Luciano Rossato, Paulo Lépore e Rogério Sanches. 4 ed. Editora RT.

24. Os artigos indicados no Estatuto da Criança e do Adolescente sobre esse tópico são: artigos 60 ao artigo 69 – indicados no final desse capítulo.

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HENRIQUE CORREIA

O candidato ao ler esses artigos deve ficar atento:

a) a idade mínima do aprendiz é 14 anos. Não se admite aprendiz menor de 14 anos, conforme previsto na CF;

b) proibição do trabalho penoso a menores de 18 anos;

c) previsão do trabalho educativo em que as condições pedagógicas devem prevalecer sobre o aspecto produtivo.

3.3.3. Do papel dos representantes legais do menor

Inicialmente, compete aos representantes legais do menor de 18 anos prestarem declarações para a retirada da Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS.

Além disso, para a assinatura do recibo de quitação das verbas rescisórias, há a necessidade de assistência dos representantes legais, sob pena de nulidade, conforme previsto no art. 439 da CLT.

É facultado, ainda, ao responsável legal do menor, pleitear a extinção do contrato de trabalho, desde que o serviço possa acarretar prejuízos de ordem física ou moral.

3.3.4. Das férias

Assim como o empregado adulto, o menor terá direito às férias anuais remu-neradas, acrescidas de ⅓ a mais da remuneração. A duração das férias irá variar, de acordo com as faltas injustificadas ocorridas durante o período aquisitivo. A diferença, entretanto, consiste:

a) na impossibilidade de o menor de 18 anos fracionar em dois períodos as férias25. Assim sendo, deverá usufruir, de uma só vez, todo o período de descanso das férias;

b) no direito de o trabalhador menor que esteja estudando fazer coincidir as férias no trabalho com o período das férias escolares.

3.3.5. Da prescrição

Prescrição é o lapso temporal que o trabalhador possui para exigir, na Justiça do Trabalho, um direito que lhe foi violado. O prazo prescricional para o menor é o mesmo dos demais trabalhadores, ou seja, dois anos para ingressar com a ação judicial (reclamação trabalhista), após a extinção do contrato de trabalho, podendo pleitear os últimos cinco anos, a contar do ingresso da ação.

O que diferencia, entretanto, é o fato de que, contra o menor de 18 anos, não corre prazo prescricional, ou seja, há uma causa impeditiva de contagem do prazo. Exemplo: o término do contrato ocorreu quando o trabalhador completou 17 anos de

25. O empregado com mais de 50 anos também não pode fracionar o período de férias.

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Sujeitos da relação de trabalho

idade. Não correrá o prazo prescricional até que ele complete 18 anos. Ao comple-tar essa idade, inicia-se o prazo de dois anos para ingressar com a ação na Justiça do Trabalho. Ressalta-se que não é vedado ao menor ingressar com a reclamação trabalhista antes de completar 18 anos. Se preferir a espera da maioridade, não correrá prazo contra esse trabalhador. Por outro lado, se quiser ingressar antes da maioridade, deverá ser assistido por seus representantes legais.

Jornada normalHoras extras

oturno

nsalubre

erigoso

Nip

Trabalhodo menor

– Trabalho a partir dos 16 anos, exceto

– A partir dos 14 anos somente como aprendiz– Proibido trabalhar em horas extras, exceto:

a) compensação – máximo 2 horas extras diáriasb) força maior – até 12 horas

– Intervalo de 15 minutos entre

– Trabalho em mais de uma empresa: 8 horas somadas– Representante legal: assistência na quitação das verbas rescisórias

– Férias impossibilidade de fracionar em dois períodosdireito de coincidir férias no trabalho com as férias escolares

3.4. Aprendiz

Inicialmente, é importante ressaltar que o aprendiz é empregado, logo estão pre-sentes os requisitos essenciais da relação de emprego. A particularidade do contrato de aprendizagem consiste em permitir o trabalho a partir dos 14 anos. Para os maio-res de 14 e menores de 16 anos, somente é permitido o trabalho na aprendizagem.

A idade permitida para o contrato de aprendizagem é do maior de 14 anos e do menor de 24 anos. Esse limite máximo, 24 anos, não se aplica aos aprendizes portadores de deficiência.

A contratação de aprendizes deverá atender, prioritariamente, os adolescentes entre 14 e 18 anos. Atividades relacionadas à insalubridade, à periculosidade ou se incompatíveis com o desenvolvimento físico e moral dos adolescentes deverão ser ministradas para os jovens de 18 a 24 anos.

Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário-mínimo hora. Entende-se por condição mais favorável aquela fixada no contrato de aprendizagem ou prevista em convenção ou acordo coletivo.

Ademais, é assegurado ao aprendiz o direito ao vale-transporte26.

26. Previsto no art. 27 do Decreto nº 5.598/2005, que regulamenta a contratação de aprendizes.

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Sujeitos da relação de trabalho

responsável por esses débitos trabalhistas? Sim, será responsável de forma subsidi-ária56, ou seja, em havendo, o inadimplemento do devedor principal (subempreiteiro – real empregador), a dívida recairá sobre o empreiteiro, pois foi ele o beneficiário dos serviços dos trabalhadores. Ele poderá, após o pagamento da dívida, ingressar com ação de regresso contra o devedor principal (subempreiteiro). Nesse sentido, art. 455 da CLT:

Art. 455 da CLT: Nos contratos de subempreitada responderá o su-bempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obriga-ções por parte do primeiro.

parágrafo único: Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.

Outra questão que poderá surgir no concurso é: o proprietário de um imóvel − dono da obra, assume a responsabilidade pelos empregados da empreiteira ou construtora que lhe presta serviços? Em regra, o dono da obra não assume qualquer responsabilidade pelos empregados da empreiteira. Há, entretanto, uma exceção. Se o dono da obra é empresa construtora ou incorporadora e exerce a construção com finalidade lucrativa, atividade-fim, terá responsabilidade subsidiária57 pelos débitos trabalhistas. Nesse caso, se a empreiteira ou construtora, contratada para prestar serviços, não quitar as dívidas trabalhistas com seus empregados, o dono da obra será o responsável.

7. súmuLAs E ORiENTAçõEs JuRispRuDENCiAis DO TsT

f Capítulo II – SujeItoS da relação de trabalho

Carteira de trabalho e previdência Social

súmula nº 12 do TsT. As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum".

56. O candidato ao cargo de Analista do TRT deverá estar atento: responsabilidade subsidiária é diferente de responsabilidade solidária. Nesta, a obrigação poderá ser cobrada integralmente de qualquer uma das empresas, todas são responsáveis pela dívida, sem ordem de preferência. Na responsabilidade subsidiária, somente se o devedor principal (no caso subempreiteiro) não quitar o débito é que o empreiteiro deverá pagá-lo.

57. Orientação Jurisprudencial nº 191 da sDi-i do TsT. Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

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HENRIQUE CORREIA

trabalhador rural

Orientação Jurisprudencial nº 315 da sDi – i do TsT. É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é predominantemente rural, considerando que, em modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades.

trabalho do menor

súmula nº 85 do TsTI. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma cole- tiva em sentido contrário.III. O mero não-atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jor-nada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “ banco de horas”, que somente pode ser instituído por negociação coletiva.

trabalho da mulher

Orientação Jurisprudencial nº 399 da sDi-i do TsT. O ajuizamento de ação trabalhista após decorrido o período de garantia de emprego não configura abuso do exercício do direito de ação, pois este está submetido apenas ao prazo prescricional inscrito no art. 7º, XXIX, da CF/1988, sendo devida a indenização desde a dispensa até a data do término do pe-ríodo estabilitário.

súmula nº 244 do TsT. I – O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao paga-mento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT).II – A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III – A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art.10, inci-so II, alínea b, do ADCT, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado..

terceirização

súmula nº 331 do TsTI – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

II – A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vín-culo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).

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Sujeitos da relação de trabalho

III – Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços espe-cializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, des-de que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).V – Os entes integrantes da administração pública direta e indireta respondem subsidia-riamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n. 8.666/93, especialmente na fiscalização do cumpri-mento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

Orientação Jurisprudencial nº 383 da sDi – i do TsT. A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles con-tratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974.

Orientação Jurisprudencial nº 191 da sDi-i do TsT. Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

empregador

súmula nº 129 do TsT. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

Orientação Jurisprudencial nº 225 da sDi – i do TsT. Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, me-diante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade: I – em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira conces-sionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão; II – no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsa-bilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora.

Orientação Jurisprudencial nº 261 da sDi – i do TsT. As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados traba-lhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

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HENRIQUE CORREIA

Orientação Jurisprudencial nº 411 da sDi – i do TsT. O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão.

Orientação Jurisprudencial nº 92 da sDi – i do TsT. Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador.

súmula nº 77 do TsT. Nula é a punição de empregado se não precedida de inquérito ou sindicância internos a que se obrigou a empresa por norma regulamentar.

súmula nº 51 do TsT. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormen-te, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

Orientação Jurisprudencial nº 191 da sDi – i do TsT. Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

8. LEgisLAçãO RELACiONADA AO CApíTuLO

EmpREgADO» CLT

Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º – Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os pro-fissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.

§ 2º – Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo in-dustrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Art. 3º – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não even-tual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único – Não haverá distinções re-lativas à espécie de emprego e à condição de

trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Art. 6o Não se distingue entre o trabalho reali-zado no estabelecimento do empregador, o exe-cutado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

parágrafo único. Os meios telemáticos e infor-matizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (Incluído pela Lei nº 12.551, de 2011)

Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam :

a) aos empregados domésticos, assim conside-rados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas;

b) aos trabalhadores rurais, assim considera-dos aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela

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Sujeitos da relação de trabalho

finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais;

c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos extra-numerários em serviço nas próprias repartições; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.079, 11.10.1945)

d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos.

CARTEiRA DE TRAbALhO E pREviDêNCiA sOCiAL

» CLTArt. 13 – A Carteira de Trabalho e Previdência

Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada.

(...)

§ 3º – Nas localidades onde não for emitida a Carteira de Trabalho e Previdência Social poderá ser admitido, até 30 (trinta) dias, o exercício de emprego ou atividade remunerada por quem não a possua, ficando a empresa obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo.

§ 4º – Na hipótese do § 3º:

I – o empregador fornecerá ao empregado, no ato da admissão, documento do qual constem a data da admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de seu pagamento;

II – se o empregado ainda não possuir a carteira na data em que for dispensado, o empregador Ihe fornecerá atestado de que conste o histórico da relação empregatícia.

Art. 29 – A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições es-peciais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.

§ 1º As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta.

§ 2º – As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas:

a) na data-base;

b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;

c) no caso de rescisão contratual; ou

d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social.

§ 3º – A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o processo de anotação.

§ 4o É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social.

§ 5o O descumprimento do disposto no § 4o deste artigo submeterá o empregador ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo.

Art. 26 – Os sindicatos poderão, mediante soli-citação das respectivas diretorias incumbir-se da entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social pedidas por seus associados e pelos demais profissionais da mesma classe.

parágrafo único – Não poderão os sindicatos, sob pena das sanções previstas neste Capítulo cobrar remuneração pela entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social, cujo serviço nas respectivas sedes será fiscalizado pelas Delegacias Regionais ou órgãos autorizados.

Art. 30 – Os acidentes do trabalho serão obri-gatoriamente anotados pelo Instituto Nacional de Previdência Social na carteira do acidentado.

Art. 36 – Recusando-se a empresa fazer às ano-tações a que se refere o art. 29 ou a devolver a Carteira de Trabalho e Previdência Social recebida, poderá o empregado comparecer , pessoalmente ou intermédio de seu sindicato perante a Delegacia Regional ou órgão autorizado, para apresentar reclamação.

Art. 41 – Em todas as atividades será obrigató-rio para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.

parágrafo único – Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego, duração e efetividade do trabalho,

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HENRIQUE CORREIA

a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador.

Art. 442-A. Para fins de contratação, o emprega-dor não exigirá do candidato a emprego comprova-ção de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade.

TRAbALhO RuRAL

» CONsTiTuiçãO FEDERALArt. 7º – São direitos dos trabalhadores urbanos

e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

I – relação de emprego protegida contra des-pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II – seguro-desemprego, em caso de desempre-go involuntário;

III – fundo de garantia do tempo de serviço;

IV – salário mínimo , fixado em lei, nacionalmen-te unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-ne, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII – garantia de salário, nunca inferior ao míni-mo, para os que percebem remuneração variável;

VIII – décimo terceiro salário com base na re-muneração integral ou no valor da aposentadoria;

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

X – proteção do salário na forma da lei, consti-tuindo crime sua retenção dolosa;

XI – participação nos lucros, ou resultados, des-vinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

XII – salário-família pago em razão do depen-dente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução

da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)

XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

XV – repouso semanal remunerado, preferen-cialmente aos domingos;

XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XX – proteção do mercado de trabalho da mu-lher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXIV – aposentadoria;

XXV – assistência gratuita aos filhos e depen-dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;

XXVI – reconhecimento das convenções e acor-dos coletivos de trabalho;

XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;

XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

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117

Sujeitos da relação de trabalho

XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profis-sionais respectivos;

XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

XXXIV – igualdade de direitos entre o traba-lhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

» LEi Nº 5.889/1973 – EmpREgADO RuRALEstatui normas reguladoras do trabalho rural.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º As relações de trabalho rural serão regu-ladas por esta Lei e, no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 01/05/1943.

parágrafo único. Observadas as peculiaridades do trabalho rural, a ele também se aplicam as leis nºs 605, de 05/01/1949, 4090, de 13/07/1962; 4725, de 13/07/1965, com as alterações da Lei nº 4903, de 16/12/1965 e os Decretos-Leis nºs 15, de 29/07/1966; 17, de 22/08/1966 e 368, de 19/12/1968.

Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.

Art. 3º – Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro--econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.

§ 1º Inclui-se na atividade econômica, referida no “caput” deste artigo, a exploração industrial

em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho.

§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade ju-rídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão respon-sáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego.

Art. 4º – Equipara-se ao empregador rural, a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização do trabalho de outrem.

Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de dura-ção superior a seis horas, será obrigatória a conces-são de um intervalo para repouso ou alimentação observados os usos e costumes da região, não se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso.

Art. 6º Nos serviços, caracteristicamente inter-mitentes, não serão computados, como de efeito exercício, os intervalos entre uma e outra parte da execução da tarefa diária, desde que tal hipótese seja expressamente ressalvada na Carteira de Trabalho e Previdência Social.

Art. 7º – Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as qua-tro horas do dia seguinte, na atividade pecuária.

parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) sobre a remuneração normal.

Art. 8º Ao menor de 18 anos é vedado o tra-balho noturno.

Art. 9º Salvo as hipóteses de autorização legal ou decisão judiciária, só poderão ser descontadas do empregado rural as seguintes parcelas, calcula-das sobre o salário mínimo:

a) até o limite de 20% (vinte por cento) pela ocupação da morada;

b)até o limite de 25% (vinte por cento) pelo for-necimento de alimentação sadia e farta, atendidos os preços vigentes na região;

c) adiantamentos em dinheiro.

§ 1º As deduções acima especificadas deverão ser previamente autorizadas, sem o que serão nulas de pleno direito.

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HENRIQUE CORREIA

§ 2º Sempre que mais de um empregado residir na mesma morada, o desconto, previsto na letra “a” deste artigo, será dividido proporcionalmente ao número de empregados, vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva de famílias.

§ 3º Rescindido ou findo o contrato de trabalho, o empregado será obrigado a desocupar a casa dentro de trinta dias.

§ 4º O Regulamento desta Lei especificará os tipos de morada para fins de dedução.

§ 5º A cessão pelo empregador, de moradia e de sua infra estrutura básica, assim, como, bens destinados à produção para sua subsistência e de sua família, não integram o salário do trabalhador rural, desde que caracterizados como tais, em contrato escrito celebrado entre as partes, com testemunhas e notificação obrigatória ao respectivo sindicato de trabalhadores rurais.

Art. 10. A prescrição dos direitos assegurados por esta Lei aos trabalhadores rurais só ocorre-rá após dois anos de cessação do contrato de trabalho.

parágrafo único. Contra o menor de dezoito anos não corre qualquer prescrição.

Art. 11. Ao empregado rural maior de dezesseis anos é assegurado salário mínimo igual ao de empregado adulto.

parágrafo único. Ao empregado menor de de-zesseis anos é assegurado salário mínimo fixado em valor correspondente à metade do salário mínimo estabelecido para o adulto.

Art. 12. Na regiões em que se adota a plantação subsidiária ou intercalar (cultura secundária), a cargo do empregado rural, quando autorizada ou permitida, será objeto de contrato em separado.

parágrafo único. Embora devendo integrar o resultado anual a que tiver direito o empregado rural, a plantação subsidiária ou intercalar não poderá compor a parte correspondente ao salá-rio mínimo na remuneração geral do empregado, durante o ano agrícola.

Art. 13. Nos locais de trabalho rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro do Trabalho e Previdência Social.

Art. 14. Expirado normalmente o contrato, a empresa pagará ao safrista, a título de indenização do tempo de serviço, importância correspondente a 1/12 (um doze avos) do salário mensal, por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.

parágrafo único. Considera-se contrato de safra o que tenha sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária.

Art. 14-A. O produtor rural pessoa física pode-rá realizar contratação de trabalhador rural por pequeno prazo para o exercício de atividades de natureza temporária.

§ 1o A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo que, dentro do período de 1 (um) ano, superar 2 (dois) meses fica convertida em contrato de trabalho por prazo indeterminado, observando-se os termos da legislação aplicável.

§ 2o A filiação e a inscrição do trabalhador de que trata este artigo na Previdência Social decorrem, automaticamente, da sua inclusão pelo empregador na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Pre-vidência Social – GFIP, cabendo à Previdência Social instituir mecanismo que permita a sua identificação

§ 3o O contrato de trabalho por pequeno prazo deverá ser formalizado mediante a inclusão do trabalhador na GFIP, na forma do disposto no § 2o deste artigo, e:

I – mediante a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social e em Livro ou Ficha de Registro de Empregados; ou

II – mediante contrato escrito, em 2 (duas) vias, uma para cada parte, onde conste, no mínimo:

a) expressa autorização em acordo coletivo ou convenção coletiva;

b) identificação do produtor rural e do imóvel rural onde o trabalho será realizado e indicação da respectiva matrícula;

c) identificação do trabalhador, com indicação do respectivo Número de Inscrição do Trabalha-dor – NIT.

§ 4o A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo só poderá ser realizada por pro-dutor rural pessoa física, proprietário ou não, que explore diretamente atividade agroeconômica.

§ 5o A contribuição do segurado trabalhador ru-ral contratado para prestar serviço na forma deste artigo é de 8% (oito por cento) sobre o respectivo salário-de-contribuição definido no inciso I do caput do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.

§ 6o A não inclusão do trabalhador na GFIP pressupõe a inexistência de contratação na forma deste artigo, sem prejuízo de comprovação, por qualquer meio admitido em direito, da existência de relação jurídica diversa.

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Organização da Justiça do Trabalho

Capítulo II

Organização da Justiça do Trabalho

sumário • 1. Introdução – 2. Tribunal Superior do Trabalho: 2.1. Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho – 3. Tribunais Regionais do Trabalho – 4. Juízes do trabalho – 5. Ingresso na carreira – 6. Garantias dos juízes – 7. Vedações dos juízes – 8. Serviços auxiliares da Justiça do Trabalho: 8.1. Secretarias das varas do trabalho; 8.2. Secretarias dos tribunais; 8.3. Serviços de distribuição de feitos; 8.4. Oficiais de justiça avaliadores – 9. Legislação relacionada ao capítulo.

1. iNTRODuçãO

A Justiça nacional é dividida em: Justiça comum e especial.

A Justiça comum, por sua vez, subdivide-se em Justiça Federal e Justiça Estatual. Já a Justiça especializada possui três divisões: Justiça do Trabalho, Justiça Militar e Justiça Eleitoral.

Nesse capítulo, analisaremos a Justiça do Trabalho, que, nos termos do art. 111 da CF/88, possui os seguintes órgãos:

I – o Tribunal Superior do Trabalho;

II – os Tribunais Regionais do Trabalho;

III – Juízes do Trabalho.

Percebe-se, portanto, que a Justiça do Trabalho é hierarquizada em três escalas:

1) Corte superior – representada pelo Tribunal Superior do Trabalho e composta por Ministros.

2) segundo grau de jurisdição – representado pelos Tribunais Regionais do Trabalho e compostos por juízes dos TRTs.

f Importante:Alguns regimentos internos de tribunais utilizam a nomenclatura desembargadores, para representar os juízes dos tribunais. No entanto, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 115, declina a expressão juízes. Consigna-se que está em trâmite, no Congresso Nacional, projeto de lei que altera a nomenclatura de juízes dos TRTs para desembar-gadores dos TRTs.

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ÉLISSON MIESSA

3) primeiro grau de jurisdição – representado pelos juízes do trabalho, que atuam nas Varas do Trabalho.

f atenção:A Constituição Federal indica que os próprios juízes do trabalho são órgãos da Justiça do Trabalho, embora esteja correto dizer que a Vara do Trabalho representa o primeiro grau de jurisdição.

Tribunal Superior do Trabalho

Tribunal Regional do Trabalho

Juízes do Trabalho

Os órgãos da Justiça do Trabalho funcionarão perfeitamente coordenados, em regime de mútua colaboração, sob a orientação do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (CLT, art. 646).

2. TRibuNAL supERiOR DO TRAbALhO

O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão de cúpula do Poder Judiciário Tra-balhista, com jurisdição em todo o território nacional, sediado na capital do País, Brasília. Ele confere a palavra final em matéria trabalhista infraconstitucional, tendo a função de uniformizar a interpretação da legislação trabalhista no âmbito de sua competência. Dispõe o art. 111-A da Constituição Federal:

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da Repú-blica após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva ati-vidade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.

§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

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Organização da Justiça do Trabalho

I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;

II – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

Pelo aludido dispositivo, verifica-se que o TST possui a seguinte composição:

• 27 Ministros;

• escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos e 65 anos;

• nomeados pelo Presidente da República;

• após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (sabatina).

O preenchimento das vagas de Ministros do TST ocorre de duas formas:

1) 1/5 dos lugares é reservado aos advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, e membros do ministério público do Trabalho, com mais de dez anos de efetivo exercício.

É interessante anotar que a Constituição Federal utilizou para o TST a mesma regra que é aplicada aos Tribunais Regionais, ou seja, impôs a participação de pelo menos 1/5 dos lugares aos membros do MP e aos advogados. Já no STJ foi reservado aos integrantes do Ministério Público e da advocacia 1/3 dos lugares (CF/88, art. 104, II).

Para a escolha do membro do MP e do advogado é formada uma lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Em seguida, “o tribunal for-mará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação” (CF/88, art. 94, parágrafo único).

2) os demais, dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

Atenta-se para o fato de que apenas os juízes dos TRTs, oriundos da magistratu-ra da carreira, podem ser indicados pelo TST. Isso significa que, se o integrante do MPT ingressa no TRT por meio do quinto constitucional, não poderá, posteriormente, integrar o TST pela lista dos juízes dos tribunais, uma vez que não é oriundo da magistratura de carreira.

A Constituição Federal, em seu art. 96, I, a, declina que compete, privativamente, aos tribunais elaborar seus regimentos internos, buscando disciplinar sua compe-tência e funcionamento de seus órgãos.

Nesse contexto, o Tribunal Superior do Trabalho, por meio de seu regimento interno (art. 59), estabeleceu que esse tribunal possui os seguintes órgãos:

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ÉLISSON MIESSA

• Tribunal Pleno;

• Órgão Especial;

• Seção Especializada em Dissídios Coletivos;

• Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI), dividida em duas sub-seções: Subseção de Dissídios Individuais I (SBDI-I) e Subseção de Dissídios Individuais II (SBDI-II); e

• Turmas (atualmente, 8 Turmas).

Os atos praticados pelos Ministros do TST decorrem de um colegiado, especialmen-te, as decisões que, em regra, são proferidas em conjunto. Desse modo, as Turmas são a composição mínima do colegiado, participando em cada uma delas 3 Ministros.

Por fim, consigna-se que, depois da Emenda Constitucional nº 45/04, também passaram a funcionar junto ao TsT:

• a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de magistrados do Tra-balho (ENAMAT), cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira e;

• o Conselho superior da Justiça do Trabalho – CSJT –, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e pa-trimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

f Importante:O Conselho Superior da Justiça do Trabalho atua apenas no âmbito administrativo, or-çamentário, financeiro e patrimonial da Justiça do Trabalho, não exercendo atividade jurisdicional. Atenta-se, ainda, que, nesses casos, a decisão do conselho terá efeito vinculante, ou seja, sua observância é obrigatória.

O Conselho Superior da Justiça do Trabalho é composto da seguinte forma: I– o Presidente e o Vice-Presidente do TST e o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, como membros natos; II – três Ministros do TST, eleitos pelo Tribunal Pleno; III – cinco presidentes de Tribunais Regionais do Trabalho, eleito cada um deles por região geográfica do País. (art. 2º, do Regimento interno do Conselho Superior da Justiça do Trabalho).

2.1. Corregedoria-geral da Justiça do Trabalho

A Corregedoria-geral da Justiça do Trabalho é órgão do TST, tendo a função de fiscalizar, disciplinar e orientar administrativamente os tribunais regionais do trabalho, seus juízes e serviços judiciários.

O Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho é eleito dentre os Ministros mais anti-gos do TST, para um mandato de 2 anos, em sessão extraordinária do Tribunal Pleno,

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Organização da Justiça do Trabalho

que deve se realizar nos 60 dias antecedentes ao término dos mandatos anteriores, mediante escrutínio secreto e pelo voto da maioria absoluta.

Nos termos dos artigos 709 da CLT e 6º do Regimento Interno da CGJT, compete ao Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho exercer, dentre outras funções, a inspeção permanente ou periódica, ordinária ou extraordinária, geral ou parcial sobre os ser-viços judiciários de segundo grau da Justiça do Trabalho, além de decidir pedidos de providência e correições parciais contra atos atentatórios à boa ordem processuais praticados por magistrados dos Tribunais Regionais do Trabalho.

Nas correições ordinárias, são examinados autos, registros e documentos das secretarias e seções judiciárias e, ainda, se os magistrados apresentam bom comportamento público e são assíduos e diligentes na administração da justiça, se excedem os prazos legais e regimentais sem razoável justificativa ou cometem erros de ofício que denotem incapacidade ou desídia, além de outros atos considerados necessários ou convenientes pelo Corregedor-Geral.

Estão submetidos à ação fiscalizadora do Corregedor-Geral os Tribunais Regio-nais do Trabalho, abrangendo todos os seus órgãos, presidentes, juízes titulares e convocados, além das seções e serviços judiciários respectivos.

3. TRibuNAis REgiONAis DO TRAbALhO

Os Tribunais Regionais do Trabalho estão situados no segundo grau de jurisdição. Assim como o TST, seus atos, em regra, decorrem de órgão colegiado. Nos termos do art. 115 da Constituição Federal:

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no míni-mo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva ati-vidade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente.

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdi-cional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentrali-zadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Pelo dispositivo mencionado anteriormente, percebe-se que os TRTs possuem a seguinte composição:

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ÉLISSON MIESSA

• no mínimo, 7 juízes;• recrutados, quando possível, na respectiva região;• nomeados pelo Presidente da República;• dentre brasileiros com mais de 30 anos e menos de 65 anos.

Consigna-se que, para a composição do TRT, impõem-se, no mínimo, 7 juízes. No entanto, os tribunais maiores são compostos por mais juízes. Assim, é importante que o candidato analise o regimento interno do tribunal para saber, com exatidão, a quantidade de juízes que compõe o tribunal.

É interessante observar, ainda, que os juízes do TRTs devem ter 30 anos e não 35 anos, como no TST. Além disso, a nomeação para os TRTs não se submete à apro-vação pelo Senado Federal (sabatina).

No preenchimento das vagas dos juízes dos TRTs também se observa o quinto constitucional. Assim, tais vagas são preenchidas da seguinte forma:

1) 1/5 dos lugares é reservado aos advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, e membros do ministério público do Trabalho, com mais de dez anos de efetivo exercício.

Para a escolha do membro do MP e do advogado é formada uma lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Em seguida, “o tribunal for-mará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação” (CF/88, art. 94, parágrafo único).

2) os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

É interessante notar que a promoção por merecimento e antiguidade somente tem incidência no TRT, ou seja, no TST há mera indicação pelo próprio Tribunal, não havendo necessidade da referida alternância (CF/88, art. 111-A, II).

Existem, atualmente, 24 Tribunais Regionais no território nacional. Apenas os estados do Acre, Tocantins, Roraima e Amapá não possuem Tribunal Regional isolado, sendo agregados a outros tribunais. Além disso, o estado de São Paulo é o único estado que possui 2 Tribunais Regionais, um sediado na capital, São Paulo, e outro no interior, Campinas.

A Emenda Constitucional nº 45/04 trouxe duas importantes novidades:

1) determinou que os Tribunais Regionais instalem justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Trata-se da possibilidade de levar a Justiça do Trabalho a locais que não possuem Vara do Trabalho, ou seja, admite-se a existência de “justiça móvel”;

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Organização da Justiça do Trabalho

2) permitiu que os Tribunais Regionais do Trabalho possam funcionar descen-tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Noutras palavras, permitiu que os Tribunais criem Câmaras que serão instaladas fora da sede do Tribunal.

� É o caso, por exemplo, do TRT da 3ª Região, sediada em Belo Horizonte, que possui Câmara regional na cidade de Juiz de Fora.

Por fim, consigna-se que compete privativamente aos Tribunais, nos termos do art. 96 da CF/88:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com ob-servância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

d) propor a criação de novas varas judiciárias;

e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;

f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados.

4. JuízEs DO TRAbALhO

Os juízes do trabalho integram o primeiro grau de jurisdição, exercendo suas funções nas denominadas Varas do Trabalho.

É interessante registrar, que, antes da EC nº 24/99, a Justiça do Trabalho possuía juízes classistas. Na ocasião, tínhamos um juiz togado e dois juízes classistas, um representando os empregadores e outro, os trabalhadores. Denominava-se, assim, Junta de Conciliação e Julgamento. Com o advento da aludida Emenda Constitucional, foram excluídos os juízes classistas. Dessa forma, nos dias atuais, não se diz Junta de Conciliação e Julgamento, mas Vara do Trabalho, sendo a jurisdição exercida por um juiz singular (CF/88, art. 116).

Em regra, a competência trabalhista é conferida aos juízes do trabalho. No en-tanto, nas localidades não compreendidas na jurisdição das Varas do Trabalho, o juiz de direito poderá exercer a competência trabalhista. Nesse caso, atente-se para

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ÉLISSON MIESSA

o fato de que havendo recurso (ordinário), ele será encaminhado ao TRT e não ao Tribunal de Justiça. É o que disciplina o art.112 da CF:

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Consigna-se que, uma vez criada a Vara do Trabalho, cessa a competência do juiz de direito quanto à matéria trabalhista. Nesse sentido, a Súmula nº 10 do STJ:

Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a competência do Juiz de Direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças por ele proferidas.

Assim, a competência do juiz de direito, quanto à matéria trabalhista, existe enquanto não houver juiz do trabalho para aquela localidade.

5. sERviçOs AuxiLiAREs DA JusTiçA DO TRAbALhO

Para que exista eficiência na prestação jurisdicional, os magistrados necessitam de órgãos auxiliares, encarregados de dar cumprimento às decisões judiciais, reali-zando atos processuais e serviços burocráticos da Justiça do Trabalho.

Nesse contexto, temos as secretarias das varas do trabalho, as secretarias dos tribunais e o serviço de distribuição de feitos.

5.1. secretarias das varas do trabalho

A secretaria das varas do trabalho é órgão auxiliar e permanente da primeira instância, destinado a manter e conservar os autos judiciais e realizar todos os serviços burocráticos, por meio de servidores nela lotados.

Cada vara do trabalho possui uma secretaria, que é chefiada pelo diretor da secretaria, antigamente denominado de chefe de secretaria ou secretário, o qual é designado pelo juiz titular da respectiva vara. Nesses termos, estabelece o art. 710 da CLT:

Art. 710 – Cada Junta terá 1 (uma) secretaria, sob a direção de funcio-nário que o Presidente designar, para exercer a função de chefe de secretaria, e que receberá, além dos vencimentos correspondentes ao seu padrão, a gratificação de função fixada em lei.

O diretor da secretaria tem a função principal de dirigir os demais servidores, sob a supervisão do juiz. Além disso, o art. 712 da CLT declina que compete espe-cialmente aos diretores da secretaria (secretário):

a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço;

b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do Presidente e das autoridades superiores;

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Organização da Justiça do Trabalho

c) submeter a despacho e assinatura do Presidente o expediente e os papéis que devam ser por ele despachados e assinados;

d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu Presidente, a cuja deliberação será submetida;

e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais;

f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de execução, e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas autoridades superiores;

g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respectivas atas;

h) subscrever as certidões e os termos processuais;

i) dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que devam ter conhecimento, assinando as respectivas notificações;

j) executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos pelo Presi-dente da Junta.

Parágrafo único – Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos os do excesso. (grifo nosso)

Por sua vez, o art. 711 da CLT proclama as atribuições das secretarias:

Art. 711 – Compete à secretaria das Juntas:

a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos processos e outros papéis que lhe forem encaminhados;

b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais papéis;

c) o registro das decisões;

d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do anda-mento dos respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará;

e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria;

f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos;

g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do arquivamento da secretaria;

h) a realização das penhoras e demais diligências processuais;

i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo Presidente da Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.

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ÉLISSON MIESSA

f Importante:Além das atribuições, anteriormente, elencadas, os servidores podem praticar atos de administração e de mero expediente sem conteúdo decisório, desde que autorizados pelo juiz a que estão vinculados, nos termos do art. 93, XIV, da CF1 e art. 162, § 4º, do CPC2.

12

Por fim, consigna-se que, quando a jurisdição trabalhista é exercida por juiz de direito, os cartórios ficam incumbidos das mesmas obrigações e atribuições estabe-lecidas para as varas do trabalho (CLT, arts. 716 e 717).

5.2. secretarias dos tribunais

As secretarias dos tribunais são órgãos auxiliares e permanentes dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho. Nos termos do art. 719 da CLT:

Art. 719 – Competem à Secretaria dos Tribunais, além das atribuições estabelecidas no art. 711, para a secretaria das Juntas, mais as seguintes:

a) a conclusão dos processos ao Presidente e sua remessa, depois de despachados, aos respectivos relatores;

b) a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do Conselho, para consulta dos interessados.

Parágrafo único – No regimento interno dos Tribunais Regionais serão estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de suas secretarias. (grifo nosso)

É interessante anotar, ainda, que o art. 718 da CLT declina existir apenas uma secretaria nos tribunais. No entanto, a depender do tamanho do TRT, podem existir diversas secretarias, tais como: secretaria do Tribunal Pleno, secretaria do Órgão Especial, secretaria das Turmas etc.

As secretarias dos tribunais são chefiadas por diretores, com as mesmas atri-buições dos diretores das varas do trabalho, previstas no art. 712 da CLT, além de outros que lhe forem fixadas nos regimentos internos dos tribunais (CLT, art. 720).

5.3. serviços de distribuição de feitos

Nas localidades onde há mais de uma vara do trabalho é necessário o setor de distribuição de feitos, que tem a incumbência, como o próprio nome já indica, de

1. “XIV – os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório.”

2. “§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.”

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Organização da Justiça do Trabalho

distribuir os processos, de forma igual, entre as varas do trabalho local, conforme declina o art. 713 da CLT:

Art. 713 – Nas localidades em que existir mais de uma Junta de Conci-liação e Julgamento haverá um distribuidor.

� Exemplo: na cidade de Ribeirão Preto, existem 6 varas do trabalho. Desse modo, a petição inicial será protocolada no setor de distribuição, oportunidade em que os processos serão separados entre as varas do trabalho de Ribeirão Preto.

f atenção:Se houver apenas uma vara do trabalho, não há necessidade do setor de distribuição, vez que os processos serão distribuídos para a própria vara.

A distribuição será feita pela ordem rigorosa de sua apresentação ao distribuidor (CLT, art. 783). As reclamações serão registradas em livro próprio, rubricado em todas as folhas pela autoridade a que estiver subordinado o distribuidor (CLT, art. 784). Além disso, o distribuidor fornecerá ao interessado um recibo do qual constarão, essencialmente, o nome do reclamante e do reclamado, a data da distribuição, o objeto da reclamação e o Juízo a que coube a distribuição (CLT, art. 785). Há de se observar também que, na hipótese de reclamação verbal, esta será distribuída antes de sua redução a termo (CLT, art. 786).

Após a realização da distribuição, a reclamação será remetida pelo distribuidor ao Juízo competente, acompanhada do bilhete de distribuição (CLT, art. 788).

A CLT estabelece, ainda, as atribuições do setor de distribuições de feitos, como se verifica pelo art. 714, in verbis:

Art. 714 – Compete ao distribuidor:

a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;

b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito distribuído;

c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem alfabética;

d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de informações sobre os feitos distribuídos;

e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos Presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interes-sados, mas não serão mencionados em certidões.

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ÉLISSON MIESSA

Consigna-se que, nos termos do art. 715 da CLT, a designação dos distribuidores é feita pela presidente do tribunal dentre os funcionários das varas e do tribunal regional, existentes na mesma localidade, e diretamente subordinados ao mesmo presidente. Atualmente, tem-se admitido que o regimento interno do tribunal esta-beleça a referida designação.

Observe-se, ainda, que a distribuição dos processos deverá ser imediata, em todos os graus de jurisdição, conforme impõe o art. 93, XV, da CF.

5.4. Oficiais de justiça avaliadores

Os oficiais de justiça têm a incumbência de realizar os atos fora da sede da vara do trabalho ou dos tribunais. Em regra, na Justiça do Trabalho, suas atribuições estão ligadas à fase de execução como, por exemplo, realizar a penhora de bens. Estabelece o art. 721 da CLT:

Art. 721 – Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da Justiça do Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados das Juntas de Conciliação e Julgamento e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes forem cometidos pelos respectivos Presidentes.

§ 1º Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador funcionará perante uma Junta de Conciliação e Julgamento, salvo quando da existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à distribuição de mandados judiciais.

§ 2º Nas localidades onde houver mais de uma Junta, respeitado o disposto no parágrafo anterior, a atribuição para o cumprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.

§ 3º No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avaliador, para cum-primento do ato, o prazo previsto no art. 888.

§ 4º É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das decisões desses Tribunais.

§ 5º Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador, o Presidente da Junta poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário.

Na Justiça do Trabalho, o oficial, além das funções inerentes ao seu cargo, acumula a função de avaliador, sendo denominado, por isso, de oficial de justiça avaliador. Portanto, na hipótese de penhora de bens, o oficial também terá a incumbência de delimitar o valor do bem penhorado, não sendo mais aplicado o art. 887 da CLT.

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Organização da Justiça do Trabalho

Verifica-se, pelo referido dispositivo, que o oficial possui dois prazos para cum-prir suas atribuições:

1) regra: 9 dias;

2) para a avaliação do bem penhorado: 10 dias.

Por fim, consigna-se que, não havendo oficial na localidade, o juiz do trabalho poderá designar para realizar suas atribuições qualquer outro serventuário.

6. LEgisLAçãO RELACiONADA AO CApíTuLO

» CLT

Art. 709, CLT – Compete ao Corregedor, eleito dentre os Ministros togados do Tribunal Superior do Trabalho:

I – Exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos Tribunais Regionais e seus presidentes;

II – Decidir reclamações contra os atos atenta-tórios da boa ordem processual praticados pelos Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico;

III – REVOGADO

§ 1º – Das decisões proferidas pelo Corregedor, nos casos do artigo, caberá o agravo regimental, para o Tribunal Pleno.

§ 2º – O Corregedor não integrará as Turmas do Tribunal, mas participará, com voto, das sessões do Tribunal Pleno, quando não se encontrar em correição ou em férias, embora não relate nem revise processos, cabendo-lhe, outrossim, votar em incidente de inconstitucionalidade, nos processos administrativos e nos feitos em que estiver vincula-do por visto anterior à sua posse na Corregedoria.

Art. 710, CLT – Cada Vara terá 1 (uma) secretaria, sob a direção de funcionário que o Presidente designar, para exercer a função de secretário, e que receberá, além dos vencimentos correspon-dentes ao seu padrão, a gratificação de função fixada em lei.

Art. 711, CLT – Compete à secretaria das Varas:

a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos processos e outros papéis que lhe forem encaminhados;

b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais papéis;

c) o registro das decisões;

d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento dos respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará;

e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria;

f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos;

g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do arquivamento da secretaria;

h) a realização das penhoras e demais diligên-cias processuais;

i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo Presidente da Vara, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.

Art. 712, CLT – Compete especialmente aos se-cretários das Varas do Trabalho:

a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço;

b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do Presidente e das autoridades superiores;

c) submeter a despacho e assinatura do Pre-sidente o expediente e os papéis que devam ser por ele despachados e assinados;

d) abrir a correspondência oficial dirigida à Vara e ao seu Presidente, a cuja deliberação será submetida;

e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais;

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f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de execução, e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas autoridades superiores;

g) secretariar as audiências da Vara, lavrando as respectivas atas;

h) subscrever as certidões e os termos processuais;

i) dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que devam ter co-nhecimento, assinando as respectivas notificações

j) executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos pelo Presidente da Vara.

Parágrafo único – Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos os do excesso.

Art. 713, CLT – Nas localidades em que exis-tir mais de uma Vara do Trabalho haverá um distribuidor.

Art. 714, CLT – Compete ao distribuidor:

a) a distribuição, pela ordem rigorosa de en-trada, e sucessivamente a cada Vara, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;

b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito distribuído;

c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem alfabética;

d) o fornecimento a qualquer pessoa que o so-licite, verbalmente ou por certidão, de informações sobre os feitos distribuídos;

e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos Presidentes das Varas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão mencionados em certidões.

Art. 715, CLT – Os distribuidores são designados pelo Presidente do Tribunal Regional dentre os funcionários das Varas e do Tribunal Regional, existentes na mesma localidade, e ao mesmo Presidente diretamente subordinados.

Art. 716, CLT – Os cartórios dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do Traba-lho, têm, para esse fim, as mesmas atribuições e

obrigações conferidas na Seção I às secretarias das Varas do Trabalho.

Parágrafo único – Nos Juízos em que houver mais de um cartório, far-se-á entre eles a distribuição alternada e sucessiva das reclamações.

Art. 717, CLT – Aos escrivães dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do Trabalho, competem especialmente as atribuições e obrigações dos secretários das Varas; e aos de-mais funcionários dos cartórios, as que couberem nas respectivas funções, dentre as que competem às secretarias das Varas, enumeradas no art. 711.

Art. 718, CLT – Cada Tribunal Regional tem 1 (uma) secretaria, sob a direção do funcionário designado para exercer a função de secretário, com a grati-ficação de função fixada em lei.

Art. 719, CLT – Competem à Secretaria dos Tri-bunais, além das atribuições estabelecidas no art. 711, para a secretaria das Varas, mais as seguintes:

a) a conclusão dos processos ao Presidente e sua remessa, depois de despachados, aos respec-tivos relatores;

b) a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do Conselho, para consulta dos interessados.

Parágrafo único – No regimento interno dos Tribunais Regionais serão estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos traba-lhos de suas secretarias.

Art. 720, CLT – Competem aos secretários dos Tribunais Regionais as mesmas atribuições confe-ridas no art. 712 aos secretários das Varas, além das que lhes forem fixadas no regimento interno dos Conselhos.

Art. 721, CLT – - Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da Justiça do Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados das Varas do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes forem cometidos pelos respectivos Presidentes.

§ 1º Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Ava-liador funcionará perante uma Vara do Trabalho, salvo quando da existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à dis-tribuição de mandados judiciais.

§ 2º Nas localidades onde houver mais de uma Vara, respeitado o disposto no parágrafo anterior, a atribuição para o cumprimento do ato deprecado

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Organização da Justiça do Trabalho

ao Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifi-quem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.

§ 3º No caso de avaliação, terá o Oficial de Jus-tiça Avaliador, para cumprimento da ato, o prazo previsto no art. 888.

§ 4º É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a reali-zação dos atos de execução das decisões dêsses Tribunais.

§ 5º Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador, o Presidente da Vara poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário.

Art. 783, CLT – A distribuição das reclamações será feita entre as Varas do Trabalho, ou os Juízes de Direito do Cível, nos casos previstos no art. 669, § 1º, pela ordem rigorosa de sua apresentação ao distribuidor, quando o houver.

Art. 784, CLT – As reclamações serão registradas em livro próprio, rubricado em todas as folhas pela autoridade a que estiver subordinado o distribuidor.

Art. 785, CLT – O distribuidor fornecerá ao inte-ressado um recibo do qual constarão, essencial-mente, o nome do reclamante e do reclamado, a data da distribuição, o objeto da reclamação e a Vara ou o Juízo a que coube a distribuição.

Art. 786, CLT – A reclamação verbal será distri-buída antes de sua redução a termo.

Parágrafo único – Distribuída a reclamação ver-bal, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no art. 731.

Art. 787, CLT – A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo acompa-nhada dos documentos em que se fundar.

Art. 788, CLT – Feita a distribuição, a reclamação será remetida pelo distribuidor à Vara ou Juízo com-petente, acompanhada do bilhete de distribuição.

» Código de processo Civil

Art. 132, CpC – Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei

§ 2º Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente.

§ 3º São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimen-to da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.

» Constituição Federal

Art. 111, CF – São órgãos da Justiça do Trabalho:

I – o Tribunal Superior do Trabalho;

II – os Tribunais Regionais do Trabalho;

III – Juízes do Trabalho.

Art. 111 – A, CF O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais dentre juízes dos Tribunais Re-gionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tri-bunal Superior do Trabalho.

§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho

I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoa-mento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;

II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a super-visão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

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Art. 112, CF – A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Art. 115, CF Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recru-tados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de ses-senta e cinco anos, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho ins-talarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho pode-rão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Art. 116, CF – Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.