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Coletânea de notícias - Atualidades

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Page 1: Coletânea de notícias - Atualidades

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Coletânea de notícias

Atualidades – Prova 2 – 1º trimestre/2013

Prof. Elton Zanoni

Page 2: Coletânea de notícias - Atualidades

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Entenda as regras da divisão dos royalties do petróleo

Obs.: Esta notícia de 2011 traz os trâmites iniciais importantes para entender a discussão na atualidade.

João Fellet

Da BBC Brasil em Brasília

Atualizado em 19 de outubro, 2011 - 23:06 (Brasília) 01:06 GMT

Estados produtores, como RJ e ES, se recusam a abrir mão de suas receitas

O projeto de partilha dos royalties do petróleo, aprovado pelo Senado nesta quarta-feira,

diminui a parcela dos estados produtores e prevê o repasse de arrecadação para estados e

municípios não produtores.

Caso venha a ser aprovado pela Câmara dos Deputados e não sofra veto presidencial, o substitutivo

apresentado pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) levará à queda da arrecadação de estados produtores

como o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

O projeto aprovado pelos senadores substitui o primeiro, aprovado pela Câmara (conhecido como "emenda

Ibsen"), que previa uma divisão igualitária da receita entre todos os estados e municípios, produtores ou não.

A polêmica se arrasta desde o fim do ano passado, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou

um artigo do projeto aprovado pela Câmara.

A BBC Brasil preparou uma série de perguntas e respostas sobre a disputa em torno dos royalties e suas

implicações.

O que são royalties?

São um valor cobrado pelo proprietário de uma patente ou, ainda, por uma pessoa ou empresa que detém o

direito exclusivo sobre determinado produto ou serviço.

No caso do petróleo, os royalties são cobrados das concessionárias que o exploram, e o valor arrecadado fica

com o poder público.

Pela legislação brasileira atual, a União fica com 40% das receitas, os estados produtores, com 22,5%, e

municípios produtores, 30%. Os 7,5% restantes são distribuídos entre todos os municípios e estados da

federação, conforme as regras do Fundo de Participação dos Municípios (FRM) e do Fundo de Participação aos

estados (FRE), que levam em conta principalmente indicadores sociais (estados e municípios mais pobres

recebem, proporcionalmente, mais dinheiro que os mais ricos).

A justificativa para essa divisão é que os royalties são uma espécie de compensação aos governos locais aos

gastos com infraestrutura e prevenção de acidentes, além de eventuais danos ambientais causados pela

exploração petrolífera. Em 2011, estima-se que os royalties do petróleo somarão R$ 9,2 bilhões. Em 2020,

devem chegar a R$ 21,6 bilhões.

Como surgiu a discussão sobre a redistribuição dos royalties?

Com a descoberta da camada pré-sal, o governo Lula passou a defender novas regras para a exploração do

petróleo. Em agosto de 2010, foram apresentados quatro projetos de lei sobre mudanças no setor, um dos

quais tratava da distribuição dos royalties.

Page 3: Coletânea de notícias - Atualidades

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O governo, que chegou a defender a distribuição igualitária dos royalties, voltou atrás diante da pressão dos

estados produtores e passou a pregar que esses tenham tratamento privilegiado. Mas os deputados não

aceitaram a proposta e aprovaram uma emenda, apresentada pelo deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que

prevê uma distribuição dos royalties mais igualitária entre todos os estados e municípios da federação.

Projeto em discussão prevê mudanças na distribuição dos lucros do petróleo

Aprovada na Câmara, a emenda prevê que 30% dos royalties sejam destinados aos estados, 30% aos

municípios e 40% à União, sem tratamento diferenciado para os produtores. A chamada "emenda Ibsen" foi

além da camada pré-sal e estendeu a nova distribuição de royalties também às outras bacias, incluindo as já

licitadas.

A medida, no entanto, foi vetada por Lula, para evitar a queda brusca no repasse aos estados produtores.

O que propõe o projeto aprovado pelo Senado?

O projeto prevê que Estados produtores tenham reduzida sua participação de 26,25% para 20% dos royalties já

em 2012. A parcela da União cairá de 30% para 22%.

Os municípios produtores, que hoje também recebem 26,25%, passariam para 17% em 2012 e para 4% em

2020. Os municípios afetados pela exploração de petróleo sofrerão cortes de 8,75% para 2%.

O substitutivo prevê também a redistribuição na participação especial (tributo pago sobre campos com grande

lucratividade). Neste caso, a União, que hoje recebe 50%, receberá 42% em 2012. A partir daí, com a

expectativa de aumento das receitas, a União voltará a ter sua alíquota ampliada ano a ano, até chegar a 46%.

Os Estados e municípios produtores teriam suas alíquotas da participação especial reduzidas pela metade: os

Estados perderão cerca de dois pontos percentuais ao ano, passando de 40% até 20%, e os municípios teriam

a participação reduzida de 10% para 5%.

O projeto também prevê mudanças para os campos que ainda não foram licitados?

Sim. Para os campos de exploração a serem licitados em regime de partilha nas áreas do pré-sal e

estratégicas, a alíquota dos royalties pagos pela empresa exploradora à União passaria de 10% para 15% da

produção. O regime não prevê participação especial e os royalties serão distribuídos de duas formas distintas.

Divergências sobre divisão dos royalties se arrastam desde o governo Lula

A primeira, para petróleo de terra, prevê 15% para a União, 35% para estados e municípios produtores e 50%

para o Fundo Especial (que atende a todos os estados e o Distrito Federal). No caso de petróleo explorado no

mar, as alíquotas são de 20% para União, 29% para estados e municípios produtores e 51% para o Fundo

Especial.

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E se o projeto não for aprovado pela Câmara?

Se o projeto que passou no Senado não conseguir o aval da Câmara, congressistas dos estados não

produtores poderão tentar derrubar o veto presidencial à emenda Ibsen. Caso o veto seja derrubado, todos os

repasses de royalties passarão a seguir a nova regra imediatamente. A União teria de compensar, com

recursos oriundos de sua parcela em royalties e participações especiais, os estados e municípios que

sofressem redução de suas receitas.

O Rio de Janeiro, no entanto, afirma que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão.

A corte pode determinar que os pagamentos de royalties sejam suspensos até que a questão seja resolvida, o

que pode causar problemas de caixa imediatos para os governos dependentes das receitas.

O que dizem estados e municípios produtores?

Municípios produtores e os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo afirmam que serão

prejudicados caso a emenda Ibsen passe a vigorar. O caso do Rio de Janeiro é mais problemático: atualmente,

12,3% do Orçamento do Estado (ou R$ 6,8 bilhões em 2011) advêm de royalties do petróleo. O governo

fluminense diz que, caso a emenda Ibsen estivesse em vigor, receberia neste ano R$ 104 milhões, o que

causaria um colapso nas contas públicas.

O Estado afirma ainda que a alteração na distribuição de royalties provenientes de campos petrolíferos já

licitados implicaria quebra de contrato. O Espírito Santo, com 5,5% das receitas orçamentárias advindas de

royalties, defende a mesma posição. Já São Paulo, onde os royalties hoje têm participação de 0,02% no

Orçamento, não quer abrir mão das receitas que poderá ganhar com o avanço da exploração na Bacia de

Santos.

Qual a posição dos estados não produtores e do governo federal?

Parlamentares e governadores de estados não produtores afirmam que as riquezas petrolíferas do país devem

beneficiar toda a nação, e não apenas as unidades federativas que exploram o produto. Afirmam ainda que os

campos do pré-sal encontram-se a grande distância da costa, o que reduziria a necessidade de investimentos

em infraestrutura e prevenção de acidentes ambientais.

Qual a posição da Petrobras?

A empresa é contra as mudanças nas regras atuais e diz que, além dos estados produtores, as empresas que mantêm acordos de concessão de exploração poderiam recorrer à Justiça devido à alteração de seus contratos após a assinatura.

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18/03/2013 - 19h49

Ministra do STF manda suspender nova regra de distribuição dos royalties

MÁRCIO FALCÃO DE BRASÍLIA

Atualizado às 20h00.

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia determinou nesta segunda-feira (18) a suspensão do novo sistema de distribuição dos royalties de petróleo. A decisão é provisória (liminar) e ainda precisa ser referendada pelo plenário do tribunal para se tornar definitiva, mas não há data para que isso ocorra.

Os royalties são um percentual do lucro obtido pelas empresas e pagos ao Estado como forma de compensação pelo uso de recurso natural.

Cármen Lúcia atendeu ao pedido do governo do Rio de Janeiro para suspender as novas regras que estabelecem uma distribuição mais igualitária das receitas. O novo modelo de distribuição foi fixado na semana passada com a derrubada no Congresso do veto da presidente Dilma Rousseff à lei dos royalties.

Divulgação

A ministra do STF Cármen Lúcia, que mandou suspender a nova regra de distribuição dos royalties do petróleo

Na ação, protocolada na sexta-feira (15), o Rio pede que o STF declare inconstitucional as normas fixadas para contratos de exploração já assinados e para os campos que ainda serão licitados.

Cármen Lúcia afirma no despacho que a medida é urgente por conta da dificuldade de desfazer seus efeitos. "Pelo exposto, na esteira dos precedentes, em face da urgência qualificada comprovada no caso, dos riscos objetivamente demonstrados da eficácia dos dispositivos e dos seus efeitos, de difícil desfazimento, defiro a medida cautelar até o julgamento final da presente ação", decidiu a ministra.

Além do Rio, Espírito Santo e de São Paulo questionaram a ação no STF, mas a ministra ainda não se manifestou sobre as demais ações.

Os Estados produtores --que são confrontantes com plataformas marítimas-- alegam que os royalties são compensações pelos impactos socioambientais causados pela indústria petrolífera e que a verba repara a excepcionalidade da cobrança do ICMS do petróleo, que incide no destino e não na origem do produto, como nas demais atividades.

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Os dois argumentos visam manter o antigo cálculo de distribuição dos royalties tanto para os campos já licitados como para os que serão explorados futuramente.

Petróleo

Os Estados produtores, que ficavam com 26,25% dos royalties, terão direito a 20% segundo a nova lei. O Rio prevê perda de R$ 1,6 bilhão este ano, e de R$ 27 bilhões até 2020. Para os municípios fluminenses, a perda em 2013 seria de R$ 2,5 bilhões.

O Espírito Santo e municípios capixabas sustentam que vão deixar de arrecadar R$ 23,7 bilhões até 2020.

Os Estados alegam ainda que a nova divisão é inconstitucional por atingir áreas de exploração já licitadas.

Na ação, o governo do Rio diz que a decisão de mudar a forma de cálculo foi tomada para suprir dificuldades econômicas dos Estados. "A necessidade financeira não é algo desimportante na vida. Porém, não serve para legitimar qualquer prática arrecadatória. O contrário, aliás, legitimaria condutas como o furto, o roubo ou o estelionato."

Já a ação do Espírito Santo cita debates durante a Constituinte para a redação do artigo que definiu os royalties como compensação. A Assembleia do Rio propôs ação com os mesmos argumentos.

Editoria de Arte/Folhapress

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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1248478-ministra-do-stf-manda-suspender-nova-regra-de-distribuicao-dos-royalties.shtml

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Congresso suspende tramitação e MP dos royalties deve expirar Reuters

Por Maria Carolina Marcello 23/04/2013 19h33 - Atualizado em 23/04/2013 19h33

BRASÍLIA, 23 Abr (Reuters) - O Congresso Nacional decidiu nesta terça-feira suspender a tramitação da medida

provisória que trata da destinação dos recursos dos royalties do petróleo, diante de insegurança jurídica sobre o tema.

"A MP foi sobrestada, quer dizer que suspenderam a tramitação e ela vai caducar", disse o relator do projeto, deputado

Carlos Zarattini (PT-SP), à Reuters, por telefone.

Segundo o deputado, a decisão reflete a posição da maioria dos parlamentares da base aliada e do próprio governo, para

evitar insegurança jurídica, uma vez que os royalties são foco de questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF).

"A maioria da base e até mesmo o governo consideraram que haveria um risco jurídico nesta MP no STF", afirmou

Zarattini.

A MP modifica os percentuais de divisão dos royalties do petróleo para os novos contratos de concessão e destina 100

por cento dos recursos para a educação. A destinação dos recursos para a educação é defendida pessoalmente pela

presidente Dilma Rousseff.

A MP foi editada no fim do ano passado, quando Dilma vetou a lei aprovada pelo Congresso que alterava a distribuição

dos royalties inclusive dos contratos em vigor.

Os vetos foram derrubados posteriormente pelo Congresso e os Estados produtores de petróleo (Rio de Janeiro, São

Paulo e Espírito Santo) recorreram ao STF para derrubar a nova lei, já que consideram inconstitucional a mudança da

distribuição referente aos contratos antigos.

A ministra do STF Cármen Lúcia, em caráter provisório, suspendeu em março a aplicação da lei resultante da

derrubada dos vetos, até que o assunto seja discutido pelo plenário da Corte.

Zarattini argumentou que seu parecer não seria afetado por uma decisão do Supremo, mas não foi esse o entendimento

que prevaleceu entre os parlamentares da base nesta terça-feira.

"O nosso projeto iria destinar os recursos para a educação independente de decisão do Supremo", explicou o relator.

"Nós perdemos a oportunidade de garantir mais recursos para a educação."

O parecer de Zarattini alterava a destinação de alguns recursos pagos pela exploração da commodity referentes a

contratos anteriores à edição da MP.

A medida provisória perde a validade no dia 12 de maio e, como foi editada em 2012, nada impede que Dilma possa

editar uma nova medida provisória sobre o tema.

Mas há outra possibilidade legislativa para vincular esses recursos à educação, segundo a ministra das Relações

Institucionais, Ideli Salvatti, que esteve no Congresso acompanhando o desenrolar dessa e de outras matérias caras ao

governo.

"A questão dos royalties para a educação, a presidenta não abre mão. Se nós não pudermos garantir na votação da MP,

nós temos ainda no Plano Nacional de Educação a possibilidade de garantir a questão dos royalties", disse a ministra a

jornalistas ao deixar o Congresso.

"Infelizmente essa questão dos royalties virou uma verdadeira paixão, quase que futebolística... as posições estão muito

acirradas, judicializou", afirmou Ideli.

Fonte: http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE93M06M20130423

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O que são Terras Indígenas

No Brasil, quando se fala em Terras Indígenas, há que se ter em mente, em primeiro lugar, a definição e alguns

conceitos jurídicos materializados na Constituição Federal de 1988 e também na legislação específica, em

especial no chamado Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), que está sendo revisto pelo Congresso Nacional.

A Constituição de 1988 consagrou o princípio de que os índios são os primeiros e naturais senhores da terra. Esta

é a fonte primária de seu direito, que é anterior a qualquer outro. Conseqüentemente, o direito dos índios a uma

terra determinada independe de reconhecimento formal.

A definição de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios encontra-se no parágrafo primeiro do artigo 231 da

Constituição Federal: são aquelas "por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades

produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as

necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seu usos, costumes e tradições".

No artigo 20 está estabelecido que essas terras são bens da União, sendo reconhecidos aos índios a posse

permanente e o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

Não obstante, também por força da Constituição, o Poder Público está obrigado a promover tal reconhecimento.

Sempre que uma comunidade indígena ocupar determinada área nos moldes do artigo 231, o Estado terá que

delimitá-la e realizar a demarcação física dos seus limites. A própria Constituição estabeleceu um prazo para a

demarcação de todas as Terras Indígenas (TIs): 5 de outubro de 1993. Contudo, isso não ocorreu, e as TIs no

Brasil encontram-se em diferentes situações jurídicas.

Grande parte das Terras Indígenas no Brasil sofre invasões de mineradores, pescadores, caçadores, madeireiras e

posseiros. Outras são cortadas por estradas, ferrovias, linhas de transmissão ou têm porções inundadas por usinas

hidrelétricas. Freqüentemente, os índios colhem resultados perversos do que acontece mesmo fora de suas terras,

nas regiões que as cercam: poluição de rios por agrotóxicos, desmatamentos etc.

Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/c/terras-indigenas/introducao/o-que-sao-terras-indigenas

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Tumulto marca retirada de índios da Aldeia Maracanã

Caio Quero

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

Atualizado em 22 de março, 2013 - 17:18 (Brasília) 20:18 GMT

Retirada de índios ocorreu em meio a tumulto entre polícia e manifestantes

Um tumulto envolvendo policiais e manifestantes marcou a desocupação, nesta sexta-

feira, do prédio do antigo Museu do Índio, habitado desde 2006 por indígenas que

organizaram no local a chamada Aldeia Maracanã, na zona norte do Rio.

A polícia usou bombas de efeito moral e spray de pimenta para dispersar os protestos pró-índios. Segundo a

assessoria de imprensa da PM, pelo menos dois manifestantes a favor dos índios foram presos e a Radial

Oeste, uma via importante nos arredores do museu, chegou a ser temporariamente bloqueada.

Após horas de negociações, por volta de 11h20, um grupo de índios saiu espontaneamente do local e se dirigiu

a vans que estacionadas em frente. De acordo com o deputado estadual Marcelo Freixo, que estava no local,

os índios haviam aceito um acordo com o governo do Estado e iriam se dirigir a abrigos temporários em

Jacarepaguá.

Minutos depois, no entanto, o Batalhão de Choque entrou no imóvel, retirando à força os índios e manifestantes

que ainda se encontravam no local.

Controvérsia

À GloboNews, o porta-voz da polícia, Frederico Caldas, explicou que a ação corria pacificamente até que

pessoas dentro do prédio atearam fogo ao local e atiraram dejetos contra os policiais. A reação, disse Caldas,

visava proteger o patrimônio e as pessoas.

Já de acordo Daniel Macedo, defensor público da União que vinha defendendo os índios, um pequeno grupo

havia pedido à polícia mais 10 minutos dentro do antigo museu para a realização de um ritual, que incluiria uma

fogueira. "Nesses 10 minutos houve uma antecipação que não poderia haver (por parte da polícia)", disse o

defensor, que afirmou que homens do Batalhão de Choque utilizaram gás de pimenta "sem necessidade".

"As Defensorias do Estado e da União vão analisar as melhores medidas pela prática eventual de um ato de

abuso de autoridade (por parte da polícia), vamos fazer uma análise ponderada, com provas documentais, para

apurar responsabilidade", disse Macedo à BBC Brasil.

O antigo museu já foi totalmente esvaziado. Falando à BBC Brasil, Afonso Apurinã, um dos líderes dos índios,

confirmou a versão de Macedo e disse que eles foram alvo de spray de pimenta dos policiais. Ele disse não

saber exatamente para onde seria levado.

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De acordo com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, 12 dos índios que saíram no final da

manhã já se encontram no Hotel Acolhedor Santana II, um abrigo de moradores de rua que é administrado pela

prefeitura. Segundo o órgão, os índios devem visitar nesta sexta-feira os três locais de moradia temporária

oferecidos pelo governo.

Ânimos exaltados

O local, nas imediações do estádio do Maracanã, estava cercado pela polícia desde 2h30 desta sexta-feira. Ao

longo da manhã, dezenas de manifestantes se concentraram na parte da frente do prédio para acompanhar a

operação.

Quando os últimos índios foram retirados do antigo museu pelo Batalhão de Choque, alguns manifestantes se

sentaram em uma das vias da Radial Oeste, impedindo o trânsito de veículos.

Afonso Apurinã, um dos líderes dos índios, disse que foram alvo de spray de pimenta dos policiais

A polícia respondeu com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, causando corre-corre entre

manifestantes, jornalistas e outras pessoas que estavam no local

Na última sexta-feira, os índios haviam recebido uma notificação a respeito de uma decisão judicial proferida

pela 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que emitiu um documento concedendo a posse do terreno ao Estado

do Rio de Janeiro - que pretende fazer ali um Museu Olímpico -, o que permitiu que o governo iniciasse a

operação de retirada dos moradores do local.

A notificação dava um limite de 72 horas para a retirada das pessoas que ocupam o imóvel. O prazo, no

entanto, não contava os dias do final de semana, o que adiou a desocupação para a noite de quarta-feira.

Como a lei prevê que operações do tipo só podem ser feitas à luz do dia, a retirada dos moradores acabou

sendo mais uma vez adiada.

Transferência

Na última quinta-feira, o governo do Estado apresentou como última proposta aos índios a opção de

transferência para três lugares (áreas no Jacarepaguá, no bairro de Bonsucesso, na zona leste da cidade, e

perto do próprio Maracanã), onde ficariam temporariamente, até a construção do Centro de Referência da

Cultura Indígena, na região da Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio.

Até os alojamentos temporários nesses locais ficarem prontos, os índios ficariam em um abrigo no Centro do

Rio, com direito a três refeições diárias, ou o teriam direito a receber o benefício do aluguel social, no valor de

R$ 400 mensais.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira, o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu

Teixeira, afirmou que não há um prazo para a construção do Centro de Referência, mas estima que ele pode

ser inaugurado em cerca de um ano e meio.

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Tombamento

A polêmica a respeito do destino do antigo museu se intensificou depois de homens do Batalhão de Choque

terem cercado o prédio do antigo museu por algumas horas no dia 12 de janeiro. Sem ordem judicial para a

entrada no local, no entanto, a operação foi cancelada.

Semanas depois, o governador Sérgio Cabral anunciou que pretendia tombar o prédio, cuja demolição era

prevista como parte da modernização do entorno do Estádio do Maracanã.

"O Estado ouviu as considerações da sociedade a respeito do prédio histórico, datado de 1862, analisou

estudos de dispersão do estádio e concluiu que é possível manter o prédio no local", dizia uma nota divulgada

pelo governo estadual à época.

Pouco depois, depois, Cabral anunciou que a área seria usada para a construção de um Museu Olímpico.

Construído em 1862, o edifício alvo da disputa abrigou o antigo Serviço de Proteção ao Índio – fundado pelo

marechal Cândido Rondon em 1910 – e o Museu do Índio. Desde 1978, no entanto, o prédio ficou abandonado

e foi ocupado em 2006 pelos membros da chamada Aldeia Maracanã.

Em outubro do ano passado, o governo estadual formalizou a compra do terreno, que pertencia à Companhia

Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130322_aldeia_cq_atualiza.shtml

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Tensão nuclear: O jogo de risco da Coreia do Norte José Renato Salatiel* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

05/04/201308h18

Edward N. Johnson/US Army

A Coreia do Norte voltou a ameaçar a vizinha Coreia do Sul e os Estados Unidos de ataques com armas

nucleares. Entretanto, poucos especialistas acreditam que há um risco real de guerra por trás da retórica

do governo norte-coreano.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Nos últimos três meses, a nação comunista realizou testes com artefato nuclear no subsolo (o terceiro) e

com um míssil de longo alcance, em operações condenadas pela ONU. No final de março, declarou “estado

de guerra” com o Sul e, em 2 de abril, anunciou que reativará suas instalações nucleares, incluindo a

principal, de Yongbyon, fechada em 2007.

A tensão aumentou ainda mais no último dia 3, quando o Exército norte-coreano anunciou que estava

pronto para realizar um ataque nuclear contra os Estados Unidos. Mais cedo, trabalhadores sul-coreanos

foram impedidos de entrar em um complexo industrial do Norte, situado na fronteira sul entre os dois

países. O local é um dos últimos símbolos de cooperação entre as duas Coreias.

Em resposta às hostilidades, os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram exercícios militares em

conjunto. Os americanos, por exemplo, fizeram voos com caças B-2, invisíveis a radares e carregados de

armas nucleares, nos céus sul-coreanos. Ambos os governos também afirmaram levar a sério as

hostilidades de Pyongyang (capital do Norte) e que estariam prontos para responder a qualquer ataque.

Também no dia 3 de abril, o Pentágono anunciou que um sistema de defesa antimísseis estava sendo

enviado para a ilha de Guam, um dos territórios americanos no Pacífico.

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As duas Coreias estão em guerra desde 1953, uma vez que nenhum tratado de paz foi assinado, apenas

um armistício, rompido unilateralmente pela Coreia do Norte em 11 de março. Desde 2006, o governo

norte-coreano sofre pressão internacional para que desista de seu programa nuclear com intenções

militares.

A escalada da tensão entre as duas Coreias repete a crise de 2009, quando o Norte fez exercícios de

guerra semelhantes. Na ocasião, o objetivo era pressionar os Estados Unidos a negociar o fim das sanções

econômicas ao país e, internamente, respaldar o governo de Kim Jong-il, cuja família está no poder há

mais de meio século.

O ditador norte-coreano morreu em 2011 e foi substituído pelo filho, o jovem Kim Jong-un. Na crise atual,

Kim Jong-un utiliza a mesma estratégia do pai para, mais uma vez, chamar a atenção de Washington e, na

política doméstica, firmar sua liderança.

A diferença é que ele encontra, na rival Coreia do Sul, uma presidente mais “linha dura”: Park Geun-hye, a

primeira mulher a ocupar o cargo, vem respondendo com rigor às provocações do norte-comunista.

Ainda assim, a ausência de mobilizações de tropas indica que o caso deve se resolver, mais uma vez, na

mesa de negociações. Outra razão para acreditar que a tensão permanecerá no campo do discurso é que a

retaliação a um eventual ataque, principalmente por parte dos Estados Unidos, seria tão severa que

representaria o fim do atual regime norte-coreano.

As agressões entre as Coreias têm ainda uma importância no plano da geopolítica mundial, pois coloca

frente a frente as duas maiores potências econômicas do planeta: os Estados Unidos, aliados da Coreia do

Sul e do Japão, e a China, país também comunista que apoia a ditadura de Kim Jong-un.

Militarização

A Coreia do Norte é um dos países mais pobres da Ásia, com um PIB 36 vezes menor que a rica Coreia do

Sul e comparável ao de nações mais pobres da África subsaariana. Porém, faz parte de um grupo reduzido

de potências nucleares – que inclui China, Estados Unidos, França, Reino Unido e França – e possui o

quarto maior exército do planeta.

A militarização começou no final da Segunda Guerra Mundial, quando as Coreias foram divididas e

estiveram em guerra entre 1950 e 1953. A do Norte adotou um regime comunista nos moldes soviéticos, o

que a tornou um dos países mais fechados e isolados do mundo contemporâneo.

Com uma população pobre e faminta, o Estado norte-coreano encontra no inimigo externo uma justificativa

para o aparelhamento bélico e no programa nuclear uma fonte de orgulho patriótico. Além disso, do

mesmo modo que o Irã, a Coreia do Norte passou a usar os arsenais nucleares como instrumentos de

chantagem internacional.

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Estima-se que Pyongyang tenha hoje entre quatro e dez armas nucleares baseadas em plutônio, que foram

produzidas no reator de Yongbyon. O recente anúncio da reativação dessa central causa apreensão no

mundo, porque permitirá a produção de bombas também à base de urânio enriquecido.

O governo norte-coreano, oficialmente, afirma que o armamento nuclear tem a função de preservar a paz

e a soberania do país. Mas, de acordo com especialistas, esse armamento teria mais intenções

“diplomáticas” do que militares. O que a Coreia do Norte quer, na verdade, é um tratado de paz com o Sul,

a retirada das tropas americanas da fronteira e o fim das sanções ao país por conta de seu programa

nuclear. No final das contas, quer apenas romper a “cortina de ferro” que sufoca sua economia em um

mundo globalizado.

DIRETO AO PONTO

Novas ameaças da Coreia do Norte contra a vizinha do Sul e os Estados Unidos aumentaram a tensão na península coreana. Para especialistas, contudo, o governo norte-coreano não pretende começar uma guerra (o que seria suicídio), mas apenas romper o isolamento, forçando um canal de negociações com o Ocidente, e consolidar o regime comunista com demonstrações de poder. Nos últimos meses, o regime de Pyongyang fez testes com armas nucleares e míssil de longo alcance, contrariando a ONU. Os discursos tornaram-se mais agressivos, com a declaração de “estado de guerra” com a Coreia do Sul e, por fim, o comunicado oficial de que o Exército norte-coreano estava pronto para atacar os Estados Unidos. Em resposta, os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram exercícios militares em conjunto. As duas Coreias estão oficialmente em guerra desde 1953, pois nenhum tratado de paz foi assinado. Desde 2006, o governo norte-coreano sofre pressão internacional para que desista de seu programa nuclear. O país é governado há mais de meio século pela família de Kim Jong-un, que em 2011 substituiu o pai, Kim Jong-il, na ditadura. O jovem repete agora a mesma estratégia empregada pelo pai há quatro anos, usando armamentos nucleares para chamar a atenção de Washington e negociar o fim das sanções contra o regime comunista.

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Margaret Thatcher (1925-2013): Ex-premiê foi uma das mulheres mais poderosas do século 20

José Renato Salatiel* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

12/04/201307h00

Wikimedia Commons/White House Photo

Da esquerda para a direita, Ronald Reagan recebe Margaret Thatcher na Casa Branca, ao lado dos respectivos cônjuges, Nancy Reagan e Denis

Thatcher

Margaret Thatcher morreu em 8 de abril, aos 87 anos, após sofrer um derrame. Ela foi a primeira

– e até hoje única – mulher a chefiar o governo no Reino Unido, reeleita primeira-ministra em três

mandatos consecutivos. Nesse período de onze anos (1979-1990), tornou-se também uma das

líderes políticas mais influentes do século 20.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O apelido de “Dama de Ferro” foi dado pela imprensa soviética nos anos 1970, para caracterizar

sua forte oposição aos regimes comunistas. Ela conduziu a política doméstica com a mesma

personalidade intransigente, provocando tanto admiração quanto repúdio entre os ingleses.

Na esfera internacional, Thatcher contribuiu para mudar a relação entre o mercado financeiro e o

Estado. Nos anos 1980, ela foi a expoente da doutrina neoliberal, que defendia a

desregulamentação da economia e a diminuição do papel do Estado. Esse modelo de política

econômica se tornaria hegemônico no mundo capitalista, sendo adotado no Brasil durante o

governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992).

As privatizações do setor industrial, o corte de benefícios sociais e o desmantelamento dos

poderosos sindicatos britânicos, para especialistas, foram medidas necessárias para recuperar a

economia britânica no pós-guerra.

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Outra característica de seu governo foi a aliança com o presidente americano Ronald

Reagan (1981-1989). Juntos, foram os principais opositores da ex-União Soviética, no auge da

Guerra Fria (1945-1991).

O estilo autoritário de Thatcher contrastava, nesse sentido, com a imagem de defensora das

liberdades individuais que tinha em países socialistas.

No final dos anos 1980, a premiê foi a primeira chefe de Estado ocidental a endossar as reformas

políticas e econômicas no regime soviético, promovidas por Mikhail Gorbatchev. Essas reformas

levariam ao fim da Guerra Fria e a queda do comunismo na Europa.

Mais polêmicos foram os apoios ao apartheid, regime de segregação racial em vigor na África do

Sul (1948-1994), e à ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) no Chile, uma das mais violentas

na América Latina.

Em resumo, Thatcher não era uma política que buscava consenso, mas que impunha sua

liderança. Quando os argentinos reclamaram a posse das ilhas Malvinas (Falklands, para os

ingleses), em 1982, enviou forças militares para recuperar o território inglês. Dois anos depois,

escapou ilesa de um atentado terrorista cometido pelo IRA (Exército Republicano Irlandês), grupo

que reivindicava a independência da Irlanda do Norte.

Greves

Eleita primeira-ministra em 4 de maio de 1979, Thatcher foi a primeira mulher a governar uma

grande potência e a mais importante a ocupar o posto no Parlamento britânico desde Winston

Churchill (1940-45 e 1951-55).

No final dos anos 1970, a economia no Reino Unido passava por um período difícil, com inflação

anual acima dos 20%, taxa de desemprego de 10% e altos impostos. Havia nisso a influência de

fatores externos, como o aumento do preço do barril do petróleo, e internos, decorrentes de

déficits no orçamento do Estado.

Para equilibrar as contas do governo, Thatcher privatizou empresas estatais, retirou estímulos ao

mercado (herança do pós-guerra), cortou benefícios e investiu contra os sindicatos, cuja força

representava um entrave para a abertura econômica.

As medidas impopulares, de início, agravaram a situação, com aumento dos índices de

desemprego e inflação, além de quedas do consumo e de investimentos. Nos primeiros dois anos

de mandato, a popularidade em baixa ameaçava o governo Thatcher. Foi quando começou a

Guerra das Malvinas, que inflamou o sentimento patriótico dos ingleses e assim, nas eleições de

1983, garantiu a vitória do Partido Conservador e o segundo mandato da primeira-ministra.

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Neste segundo mandato ocorreu a consolidação do “thatcherismo”, com a estabilização da

economia, a continuidade das reformas neoliberais e a privatização de indústrias para reduzir os

gastos do Estado.

Por outro lado, a briga com os sindicatos desgastou o Parlamento. Entre 1983 e 1984 aconteceu a

greve dos mineiros, uma das mais duradouras do mundo e a que provocou mais impactos sociais

na Inglaterra. Os mineiros protestavam contras o fechamento de mineradoras e mantiveram uma

“queda de braço” com Thatcher que durou um ano.

Zona do euro

Em 1987, quando foi reeleita pela segunda vez, o Reino Unido já registrava um crescimento de

5%. Mas a aprovação da primeira-ministra continuava baixa, sobretudo após a adoção, em 1990,

do poll tax, uma espécie de imposto regressivo em que os mais pobres pagam proporcionalmente

mais do que os ricos.

Outro motivo de discórdia foi a recusa em aceitar a inclusão do Reino Unido na zona do euro, o

que levou a um racha do Partido Conservador e a perda de aliados importantes, como o vice

Geoffrey Howe.

Thatcher renunciou ao cargo em 22 de novembro de 1990. Ela retirou-se da vida pública em

2002, depois de sofrer uma série de pequenos derrames. A morte do marido Denis, em 2003, e a

gradual perda da memória a isolaram ainda mais do público.

FIQUE LIGADO

O ponto essencial que a morte de Margaret Thatcher põe em pauta é o neoliberalismo, da qual a ex-premiê britânica foi, em sua época, a personificação. Mas é importante não perder de vista que a "Era Thatcher" coincide com a "Era Reagan" e o fim da Guerra Fria. Particularmente, no que toca à América do Sul, o governo de Thatcher está ligado ao conflito com a Argentina pelas ilhas Malvinas, que tem desdobramentos bem recentes: Cristina Kirchner, ao visitar o recém eleito papa Francisco 1o, pediu que ele pusesse sua autoridade em favor dos interesses argentinos no arquipélago.

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Entenda o que muda com a PEC das Domésticas 18/03/2013 - 22h55 Especial - Atualizado em 20/03/2013 - 10h39

Isabela Vilar

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2012, conhecida como PEC das Domésticas,

estende aos empregados domésticos direitos já garantidos pela Constituição aos

trabalhadores em geral. O texto ainda gera dúvidas entre os principais beneficiados, os

empregados domésticos, e também entre os empregadores, que temem o peso das

mudanças nas contas da casa. Para entender melhor o impacto dessas mudanças, a Agência

Senado ouviu o consultor legislativo Eduardo Modena, que falou sobre o que, na prática,

significa o texto.

Para o consultor, ao contrário do que alegam os opositores da medida, não deve haver

demissões em massa ou crescimento da informalidade, porque o aumento nos custos é

discreto. Modena diz acreditar que, apesar de conceder mais direitos à categoria, a PEC tem

valor mais simbólico que prático.

- Vai representar pouco em termos de remuneração e não vai melhorar o problema principal,

que é o da informalidade. Não dá para dourar a pílula nesse aspecto – afirma.

Como questão mais polêmica, o consultor cita o controle da jornada de trabalho. Se antes os

empregados domésticos não tinham duração do trabalho definida, agora passam a ter direito

a uma jornada máxima de 44 horas semanais e não superior a oito horas diárias. Além disso,

passam a receber horas extras, que devem ser remuneradas com valor pelo menos 50%

superior ao normal.

O consultor lembra que o empregador doméstico não tem as mesmas ferramentas de

controle que as empresas, como o registro eletrônico de ponto. O controle poderá ser feito,

para a segurança do empregador, por livro de ponto assinado pelo empregado. Além disso,

há a discussão sobre as horas não trabalhadas de empregados que dormem ou passam

tempo livre no local de trabalho. Para o consultor, não cabe considerar essas horas como

sobreaviso, mas deve haver questionamentos na Justiça.

- Se o empregado está lá disponível, pode caracterizar jornada, a não ser, que fique

demonstrado que a jornada se encerrou e ele pôde ir para o quarto, sair, fazer qualquer

outra coisa sem ser chamado - explica.

Apesar de não acreditar em uma onda de demissões, o consultor alerta para a possibilidade

de um componente de informalidade dentro do trabalho formal. Na prática, o empregado

pode ter que assinar um horário no ponto, ainda que, na prática, cumpra uma jornada maior.

O consultor esclarece que a prática já é comum com os trabalhadores de outras áreas, como

os bancários.

- Isso vai cair onde? Na Justiça, como já cai – prevê.

FGTS

Outro ponto que gera dúvidas entre empregadores e empregados é o Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço (FGTS), que deve gerar o maior aumento de custo para o empregador. O

valor a ser recolhido mensalmente é de 8% do salário do empregado, que poderá receber o

valor acumulado nas hipóteses previstas em lei.

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Apesar de o texto condicionar o pagamento do FGTS a regulamentação, Eduardo Modena diz

considerar que a aplicação é imediata. O assunto, para ele, já está regulamentado porque o

pagamento do FGTS ao empregado doméstico hoje é uma opção prevista em lei e tem a

sistemática estabelecida. A diferença, com a PEC, é que o recolhimento passa a ser

obrigatório. No entendimento do consultor, os depósitos devem começar a ser feitos assim

que as mudanças entrarem em vigor, se a PEC for aprovada.

O depósito do FGTS se relaciona diretamente a outros direitos, como o seguro-desemprego,

pago a quem tem inscrição no fundo em caso de demissão involuntária (contra a vontade do

trabalhador). Há, ainda, a multa paga pelo empregador que demitir sem justa causa o

empregado. Atualmente, os domésticos não têm direito ao recebimento. Com as mudanças,

poderão receber o equivalente a 40% do valor acumulado na conta do FGTS, valor pago pelo

empregador.

Outras mudanças

Apesar de algumas mudanças trazerem resultados práticos ao trabalhador, outras alterações,

na opinião do consultor, não devem ser sentidas. É o caso, por exemplo, das que dependem

de acordos coletivos. Segundo Modena, há poucas entidades representativas dos

empregados domésticos e ainda menos entidades que representam os empregadores.

Outros direitos, de acordo com o consultor, também não devem ser sentidos porque já são

assegurados, como a proibição do trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de

aprendiz. A prática já é vedada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Da mesma

maneira, a proteção do salário, constituindo crime a sua retenção dolosa, já se aplica aos

trabalhadores domésticos.

Quanto às mudanças que dependem de regulamentação, caso do salário-família pago em

razão de dependentes dos trabalhadores de baixa renda e do seguro contra acidentes de

trabalho, é possível que as mudanças demorem a ser sentidas pelos domésticos. Algumas

delas, como o auxílio-creche, não são aplicáveis, por exemplo, aos microempresários e

poderiam representar um custo muito alto ao empregador doméstico.

- A regulamentação provavelmente vai ser no sentido de que isso é devido pelo Estado. Para

o empregador doméstico, representaria uma despesa gigantesca e isso seria fatal para a

categoria.

Direitos

Atualmente, o trabalhador doméstico tem apenas parte dos direitos garantidos pela

Constituição aos trabalhadores em geral. Alguns dos direitos já garantidos são salário

mínimo, décimo-terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias, licença-gestante e

licença-paternidade, aviso prévio e aposentadoria. Veja aqui os novos direitos que a PEC

pode garantir aos empregadores domésticos.

Direitos assegurados sem necessidade de regulamentação:

- Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável

– Na prática, não deve haver mudança, já que os trabalhadores domésticos não costumam

ter remuneração variável, como os garçons e vendedores, por exemplo.

- Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa – Na prática,

segundo o consultor, o direito já é aplicado aos trabalhadores domésticos.

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- Duração do trabalho normal de até 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a

compensação de horários e a redução da jornada por acordo ou convenção coletiva – A

mudança é uma das mais polêmicas, principalmente no caso dos trabalhadores que dormem

no serviço. Quanto aos acordos, dificilmente haverá resultados práticos pela falta de

entidades representativas de empregados e empregadores.

- Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal –

Também deve gerar ônus aos empregadores, já que muitos exigem do empregado o trabalho

em jornadas maiores.

- Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e

segurança – Como o texto é genérico, o consultor acredita que não deve haver muitas

mudanças práticas, principalmente porque o trabalho doméstico não é de alto risco.

- Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho – Também não deve

trazer mudanças, já que há poucas entidades representativas de empregados e

empregadores.

- Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por

motivo de sexo, idade, cor ou estado civil – Para o consultor, será difícil provar a

discriminação, principalmente no caso da diferença de salários porque, em geral, a maioria

das casas não tem mais de um trabalhador doméstico.

- Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do

trabalhador portador de deficiência – Segundo o consultor, também não deve gerar

mudanças perceptíveis.

- Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer

trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos –

Na prática, o Estatuto da Criança e do Adolescente já prevê essa proteção, segundo Eduardo

Modena.

Direitos que dependem de regulamentação:

- Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, com

indenização compensatória – Esse direito nunca foi regulamentado, mas há o direito

assegurado ao trabalhador do recebimento de multa paga pelo empregador no valor de 40%

do acumulado na conta do FGTS em caso de dispensa involuntária. Para o consultor, a

aplicabilidade, neste caso, é imediata.

- Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário – Pago com recursos do FAT, o

seguro é devido a inscritos no FGTS que são demitidos. Não gera ônus ao empregador.

- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – Pago pelo empregador no valor de 8% do

salário do empregado, que poderá receber o valor acumulado nas hipóteses previstas em lei.

Para o consultor, a aplicabilidade é imediata porque já há regulamentação.

- Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno – Segundo o consultor, o item

ainda depende de regulamentação para a fixação dos percentuais aos domésticos. Por lei,

trabalho noturno, nas atividades urbanas, é o realizado entre as 22h e as 5h.

- Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da

lei – Dependendo da forma de regulamentação, pode gerar elevação de custos insustentável

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para o empregador doméstico. Para o consultor, é possível que sejam criadas alternativas

como o pagamento pelo governo.

- Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 anos de idade em

creches e pré-escolas – Também pode gerar elevação de custos insustentável para o

empregador doméstico. Para o consultor, é possível que sejam criadas alternativas como o

pagamento pelo governo.

- Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a

que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa – Varia entre 1% e 3% do valor do

salário de acordo com o risco. Ainda precisa ser regulamentado pelo governo. Quanto à

indenização, na prática, já era devida.

Fonte: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/03/18/entenda-o-que-muda-com-a-pec-das-domesticas