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UNIVERSIDADE PÚBLICA DE CABO VERDE
= UNICV =
DEPARTAMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
DISCIPLINA DE FILOSOFIA ESTÉTICA
TABALHO DE PESQUISA
TEMA:
MIGUEL ÂNGELO E SUA CONCEPÇÃO ESTÉTICA
“Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simone”
DOCENTE: Dra. Marina Ramos
DISCENTES: Arlindo Rocha
Cláudia Fonseca
Jéssica Duarte
Kátia Duarte
Roberto Graça
2
ÍNDICE
ÍNDICE ......................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 3
BIOGRAFIA ................................................................................................................................................. 4
ESTUDO ................................................................................................................................................... 6
PERCURSO ARTÍSTICO ............................................................................................................................ 7
MIGUEL ÂNGELO, ARTE COMO UMA REPRESENTAÇÃO CULTURAL ......................................... 9
LEGADO .................................................................................................................................................... 10
PLANIFICAÇÃO ....................................................................................................................................... 10
ESCULTURA DE PIETÀ ....................................................................................................................... 11
A CAPELA SISTINA ............................................................................................................................. 13
A CRIAÇÃO DE ADÃO ........................................................................................................................ 14
ESTÁTUA DE DAVID .............................................................................. Erro! Indicador não definido.
ESTÁTUA DE MOISÉS ............................................................................. Erro! Indicador não definido.
JUIZO FINAL ............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
ANEXOS..................................................................................................................................................... 23
3
INTRODUÇÃO
Este trabalho enquadra-se na disciplina de Filosofia Estética que tem como objectivo
principal, expor a concepção estética de Miguel Ângelo, um dos maiores artistas
renascentistas. Miguel Ângelo foi um dos artistas que veio abolir a arte renascentista que até
então estava ligada a alguns aspectos da idade média, voltando-se para os aspectos
esquecidos da antiguidade clássica. Pois é na antiguidade greco-latina que os literatos e
artistas do renascimento vão procurar os modelos e as fontes de inspiração considerando-os
superiores a tudo quanto é medieval.
Miguel Ângelo foi influenciado pela filosofia platónica da época que modificaria e
expandiria suas ideias na arte e ainda seus sentimentos sobre sexualidade. Ele foi autor de
várias obras dos quais os mais importantes foram a Capela Sistina, Moisés, David e ainda o
Pietà.
Miguel Ângelo foi incumbido de pintar o tecto da Capela Sistina, da Catedral de São
Pedro. Ao fundo da referida Capela ele pinta o juízo final, de onde se depreende uma
impressão de intenso movimento de condenados e eleitos. Esculpiu uma gigantesca estátua
de David, de músculos salientes e formas intencionalmente exageradas. Ele não foi apenas
escultor e pintor, mas também arquitecto e urbanista de facto.
Nas suas obras ele procura, por vezes exprimir o esforço do homem que se tente
desprender da matéria e se erguer até Deus pela beleza, elevação do espírito, no qual pode
notar-se na obra “criação de Adão”
Uma das contribuições que ele deu a arte da sua época foi a revelação da fé da
sociedade. Pode-se dizer que a arte renascentista, segundo alguns pensadores, foi com
Miguel Ângelo que atingiu o seu apogeu.
4
BIOGRAFIA
Miguel Ângelo, de seu nome próprio Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni,
nasceu a 6 de Março de 1475 em Caprese, uma vila na Toscana, Itália. Pertenceu a uma
família nobre, segundo de cinco filhos de Ludovico di Lionardo Buonarroti Simoni,
magistrado enquanto viveu em Caprese. Sua mãe foi Francesca di Neri di Miniato del Sera
que morrera em 1481, quando Miguel Ângelo tinha apenas seis anos de idade, tendo sido
entregue aos cuidados de uma ama-de-leite.
Ele se destacou como pintor, escultor, poeta e arquitecto durante o período
renascentista italiano. Seus principais trabalhos foram Pietà, David e A Criação de Adão.
Apesar de ter feito poucas actividades além das artes, sua versatilidade em vários
campos fez com que rivalizasse com Leonardo da Vinci no título de ícone da Renascença.
Para além das artes, Miguel Ângelo também recebeu tarefas diplomáticas.
Contra a vontade do seu pai, Miguel Ângelo escolheu ser aprendiz de Domenico
Ghirlandaio por três anos, tendo começado em 1488. Também foi aprendiz, na escultura, de
Bertoldo di Giovanni. Impressionado com a sua técnica, Ghirlandaio recomendou-o que
fosse estudar para Florença sob a orientação de Lourenço de Médici.
Refere-se que duas das suas mais famosas obras, Pietà e David, foram realizadas
antes de seus trinta anos. Apesar de pouca afeição à pintura, ele criou duas obras históricas:
as cenas da Génesis, no tecto da Capela Sistina e O Juízo Final. Projectou também a cúpula
da Basílica de São Pedro, em Roma. Entre suas outras esculturas, contam-se também a
Virgem, o Baco, o Moisés, a Raquel, a Léa e membros da família Médici.
De 1490 a 1492, Miguel Ângelo frequentou a Escola de Lourenço de Médici e
durante sua estadia, seria influenciado por muitas pessoas proeminentes, e pela filosofia
platónica da época, que viria a modificar e expandir as suas férteis ideias sobre a arte.
Foi durante este período que Miguel Ângelo criou dois relevos: a Batalha de
Centauros e a Madonna da Escada. A primeira obra foi baseada num tema sugerido por
Poliziano e encomendada por Lourenço de Médici. Após sua morte, Miguel Ângelo deixou a
côrte dos Medici. Nos meses seguintes, produziu um crucifixo de madeira para o pároco da
Igreja de Santa Maria del Santo Spirito, que o tinha deixado estudar anatomia a partir de
alguns cadáveres do hospital da Igreja.
Pedro de Médici, filho mais velho de Lourenço de Médici, recusou-se a financiar o
trabalho artístico de Miguel Ângelo. Também nessa época, as ideias de Savonarola
tornaram-se populares em Florença. Sob tais pressões, Miguel Ângelo decide sair
definitivamente de Florença e vai para Bolonha por três anos. Logo depois, o Cardeal San
5
Giorgio compra a obra de Miguel Ângelo em mármore Cupido e decide chamá-lo a Roma
em 1496. Influenciado pela antiguidade de Roma, ele produz Baco e a Pietà. A Pietà foi uma
encomenda do embaixador francês na Santa Sé.
Apesar de praticamente se dedicar à escultura, Miguel Ângelo nunca deixou de
desenhar, ele desenhava por prazer de segurar o lápis.
Os frescos da Capela Paulina encerram a sua carreira de pintor, ele mesmo afirmou
que a pintura não é para velhos. Com 75 anos, até mesmo a escultura tornou-se actividade
íntima, uma meditação sobre a sua própria morte.
Duas biografias foram escritas sobre ele ainda em vida, sendo uma de Giorgio
Vasari.
Morre em Roma, a 18 de Fevereiro de 1564, com 88 anos.
6
ESTUDO
Desde jovem ele expressava suas habilidades artísticas para a escultura, sendo essa, a
disciplina em que ele mais se sobressaía. Em Abril de 1488, aos doze anos de idade, e sobre
os conselhos de Francesco Granacci, outro jovem que se dedicou à pintura, ele entrou no
estúdio dos famosos irmãos Ghirlandaio. Miguel Ângelo, então, assina um contrato de três
anos.
Ele foi aprendiz durante um ano, após isso, sob a tutela de Bertoldo di Giovanni,
começou a frequentar o Jardim de São Marcos e dos Médicis, onde estudou antigas
esculturas localizadas lá. Seus primeiros trabalhos artísticos despertaram a admiração de
Lourenço, o Magnífico, que o recebeu no seu Palácio Medici Riccardi, onde Miguel Ângelo
encontrou-se com Angelo Poliziano e outros humanistas do círculo de Médici, como
Giovanni Pico della Mirandola e Marsílio Ficino.
Esse contacto, levou Miguel Ângelo às teorias idealistas de Platão, ideias essas, que
se tornou um dos pilares reflectidos na sua vida e na sua obra, tanto como artista plástico
como poeta.
7
PERCURSO ARTÍSTICO
Após a morte de Lorenzo, o Magnífico, em 1492 Miguel Ângelo fugiu para Florença e
viajou para Veneza e Bolonha. Esculpiu uma série de obras influenciado pela obra de Jacopo
della Quercia. Mas, em 25 de Junho de 1496[7], decidiu ir à Roma, onde começou uma
década de grande intensidade artística, após o que, com trinta anos, foi consagrado como
artista de "primeira linha".
Em Novembro do ano seguinte, 1497, o embaixador francês na Santa Sé encomendou
uma de suas obras mais famosas, a Pietà. O parecer contemporâneo sobre este trabalho -
"uma revelação de todas as potencialidades e a força da arte da escultura" - foi resumida por
Vasari: "É, sem dúvidas, um milagre que um bloco disforme de pedra poderia ter sido
reduzida a uma perfeição que a natureza dificilmente é capaz de criar na carne." Mais tarde
fez o Tondo Pitti, A Batalha de Cascina, hoje perdida, e o David, uma obra-prima de
escultura, de grande complexidade, pela largura do pedaço de mármore, que foi colocado
perante a Câmara Municipal de Florença, na praça 'Piazza della Signoria', e tornou-se a
expressão suprema dos ideais civis do Renascimento.
Em Março de 1505, o papa Júlio II encomendou seu túmulo: Miguel Ângelo projectou
uma escultura monumental e arquitetonicamente complexa, em que mais do que o prestígio
do papa, estava louvando o triunfo da Igreja. O escultor, animado por este trabalho,
permanecera em Carrara, durante dezoito meses realizando a escolha do mármore
necessário. Infelizmente, voltando à Roma, o Papa colocou o projecto de lado, preocupado
com a reforma da Basílica de São Pedro, realizada por Bramante. Miguel Ângelo,
transtornado, saiu de Roma e foi à Florença.
Em Maio de 1508, concordou em dirigir a decoração do teto da Capela Sistina, obra
que foi concluída quatro anos depois, após um trabalho difícil e solo. Neste trabalho, ele
desenvolveu na grande estrutura arquitectónica uma pintura inspirada na própria forma da
cúpula. Em geral, o tema bíblico da cúpula, trouxe uma interpretação neoplatónica do livro
de Génesis e uma moderada interpretação das imagens inspirada na arte renascentista.
Após a morte de Júlio II, em Maio de 1513, o artista fez uma segunda tentativa de
continuar o trabalho do mausoléu do pontífice. Para este efeito, Miguel Ângelo usa duas
figuras esculpidas: Slave e Moisés. Mas essa segunda tentativa não prosperou tanto.
Finalmente, após a morte de Bramante (1514) e Rafael Sanzio (1520), Miguel Ângelo
recebe total confiança do papado.
8
Em 1516, encomendado pelo Papa Leão X começou a fachada da Basílica de São
Lorenzo. Original do Projecto é mantido inúmeros desenhos e um modelo de madeira. De
1520 à 1530 Miguel Ângelo trabalhou na nova sacristia de São Lorenzo e da Biblioteca
Laurentina, especialmente as suas escadas. Após o saque de Roma, em 1527, e a expulsão
dos Médicis de Florença, Miguel Ângelo foi nomeado, pelo governo esporádico da nova
República de Florença, como governador e procurador-geral da fabricação de "muralhas",
participando da defesa da cidade sitiada pelas tropas papais. Em 1530, após a queda da
República, o perdão de Clemente VII, o salvou da vingança dos partidários de Médici. A
partir deste ano retomou os trabalhos na nova Sacristia e do túmulo de Júlio II.
Quatro anos depois, foi infeliz numa nova situação política que foi estabelecido em
Florença. Ele, então, deixou a cidade e se estabeleceu em Roma, onde aceitou trabalhar na
Capela Sistina, entre 1536 e 1541, e fez o Juízo Final. Até 1550, trabalhou no túmulo de
Júlio II, em “A Conversão de São Paulo” e “Crucificação de São Pedro”.
9
ARTE COMO UMA REPRESENTAÇÃO CULTURAL
Complexa em sua totalidade, a arte manifesta-se na humanidade de várias formas,
sendo conceituada de diversas maneiras. Presente ao longo da história, diverge conforme a
época e tendência, não deixando de ser uma expressão pessoal do artista, uma manifestação
social, o significado de uma cultura. Considerada instrumento de divulgação e esplendor, até
hoje, ela é utilizada para expor ideais, influenciar a sociedade e, como meio de poder para
quem a detêm. Entre os séculos XV e XVI, período de profunda transformação histórica, a
valorização do homem defendida pelos humanistas se opõem aos credos da Igreja e reflecte-
se, de maneira nítida, como um espelho humano, os acontecimentos, nas representações
artísticas. Miguel Ângelo, um dos principais criadores renascentistas, mostrou com clareza a
fase e a fé da sociedade.
A humanidade possui a necessidade de expressar seus sentimentos, ideias e sua época.
A maneira mais utilizada e conhecida através dos tempos é as diferentes formas de arte, o
que lhe agrega diferentes conceitos. Estabelecer uma definição absoluta é inadequado, uma
vez que, classificar o belo abrange inúmeras opiniões.
Sem dúvida, um dos apogeus da Arte ocorreu na Renascença com a visão sacra
manifestada por Miguel Ângelo. No inicio do século XV, os artistas passam a transmitir nas
suas obras uma nova concepção cultural, acompanhando o desenvolvimento económico,
social e político das cidades, o contexto principal da transição da Idade Média para a Idade
Moderna. Nesse crescimento, surgiu um grupo de intelectuais interessados em renovar os
estudos ministrados nas Universidades Medievais que privilegiavam a teologia, o direito e a
medicina. Essa elite de pensadores desejava um conhecimento voltado para a poesia, a
filosofia, a história, a matemática e a retórica, isto é, para aquelas disciplinas onde se
valorizavam as actividades próprias do homem e o preparavam para o exercício de sua
liberdade.
Denominados humanistas, eles questionavam a hierarquia do mundo Medieval
estabelecida até então, onde a Igreja era um monopólio, Deus o centro do universo, e o
homem submisso a isso. Procuravam, reinterpretar os Evangelhos à luz dos valores da
Antiguidade Clássica, exaltando o ser humano como dotado de liberdade, de vontade e de
capacidade individual. Apesar da produção artística do Renascimento espelhar-se na cultura
greco-romana, traduz as mudanças vividas pela sociedade moderna. Sua característica
antropocêntrica, trouxe o interesse pela investigação da natureza, o culto à razão e à beleza,
características da cultura greco-romana, criando as bases do Renascimento artístico e
científico.
10
LEGADO
Miguel Ângelo era muitas vezes arrogante com os outros e constantemente insatisfeito
com ele mesmo.
Via a arte como uma inspiração interna e da cultura, a natureza como uma inimiga que
tinha de ser superada.
Suas figuras são dinâmicas. Para ele, a missão do escultor era libertar as formas que
estavam dentro da pedra. Conta-se que após Miguel Ângelo ter executado sua estátua
Moisés, bateu violentamente com o martelo no joelho da obra e gritou: “Porque não falas?”
Na vida pessoal, Miguel era abstémio, era indiferente à bebida e à comida. Era
solitário e melancólico.
Fundamental para a arte de Miguel Ângelo era a sua paixão pela beleza masculina, que
o atraía de modo emocional e estético.
Era, em parte, uma expressão da idealização renascentista do corpo humano. Mas para
Miguel Ângelo, há uma resposta única a essa estética. Tais sentimentos o faziam sentir uma
profunda angústia, uma contradição entre a filosofia platónica e o sentimento carnal.
PLANIFICAÇÃO
Miguel Ângelo trabalhava directamente na pedra, isso fazia com que não houvesse
alterações.
Presume-se que algumas esculturas estejam inacabadas, devido a sua morte como por
exemplo a Pietà Rondanini e os Escravos.
Depois destes processos as obras tinham de ser limpas para não deixar restos e
cinzel, instrumento utilizado pelos escultores e que serve para gravar as pedras.
Técnicas utilizadas
Embora Miguel Ângelo pintasse, compusesse poemas e projectasse em arquitectura,
ele adorava a escultura em mármore. Utilizava equipamentos da talha em pedra cinzéis.
Miguel Ângelo esculpia os blocos de pedra até ao esmerado polimento final como
por exemplo: Rosto de Cristo.
Análise do estilo
Miguel Ângelo sempre foi um génio, dono de uma grande criatividade inexplicável,
foi o paradigma da personalidade reverenciada pelos românticos do século XIX.
Utilizava técnicas neurasténicas, masoquistas, isto é, utilizava técnicas de flagelação
e enfraquecimento do material. Criou obras que chegou às raias do sobre-humano.
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OBRAS MAIS IMPORTANTES
ESCULTURA DE PIETÀ
As suas principais obras foram a Pietà, escultura em mármore, Pintura da Capela
Sistina, David e a Criação de Adão, para além de outras obras também consideradas de
grande nível estético como é o caso da estátua do escravo Moribundo, de 1513, feito em
mármore, altura de 215 cm e que se encontra no Museu de Louvre, Paris; escravo Atlas de
1519-1530, em mármore, altura 277 cm, que se encontra na Galleria dell’ Accademia,
Florença, assim como a pintura da Capela Paulina e Madona da Escada.
(Pietà – 1498-1499. Altura 174 cm, com a base 195 cm. São Pietro, Vaticano.)
Em 1513, o Papa Júlio II morreu, e seu sucessor, o Papa Leão X, um Médici, pediu
que Miguel Ângelo reconstruísse o interior da Igreja de São Lourenço, em Florença, e a
adornasse com esculturas. Miguel Ângelo relutantemente aceitou, mas foi incapaz de
terminar a tarefa (o exterior da igreja ainda não está adornado até hoje). Em 1526, os
12
cidadãos de Florença, encorajados pelo saque de Roma, expulsaram os Médici e restauraram
a república. Miguel Ângelo voltou para sua amada Florença para ajudar a construir as
fortificações da cidade de 1528 a 1529. A cidade caiu em 1530 e os Médici voltaram ao
poder.
Quando realizou Pietà, Miguel Ângelo tinha 23 anos. Em função da pouca idade,
muitos não acreditaram que ele fosse o autor, com capacidades criadoras geniais aliadas a
uma técnica perfeita. Pietà representa a dor de Maria sobre o corpo morto do filho embora
tenha sido representada com o abandono ao realismo cruel típico em favor de uma visão
idealizada. O artista toscano criou então a sua mais acabada e famosa escultura.
Pietà foi a única escultura assinada por Miguel Ângelo, ele talhou o seu nome na faixa
que atravessa o seio da Maria.
A beleza da escultura deriva do classicismo, tendo como tema a mãe com o seu filho
morto nos braços. A Virgem foi representada muito jovem. Esta obra representa momentos
de angústia, com o momento de serenidade da composição triangular, principalmente na
postura de Maria, conseguindo assim harmonizar a figura horizontal de Cristo estendido
sobre os joelhos da mãe.
O acabamento polido e a superfície branca da pedra contribuíram para a anatomia do
corpo de Cristo. O requinte da escultura da modelação e o tratamento da superfície do
mármore pálido como um marfim deram-lhe a reputação de uma das mais belas esculturas
de todos os tempos.
13
A CAPELA SISTINA
Miguel Ângelo foi convocado novamente a Roma em 1503, pelo recém-designado
Papa Júlio II e foi-lhe encomendado para construir a tumba papal. Entretanto, durante o
patronato de Júlio II, Miguel Ângelo tinha constantemente que interromper seu trabalho para
fazer outras numerosas tarefas. Por essa e outras interrupções, Miguel Ângelo trabalharia na
tumba por quarenta anos sem nunca a terminar.
A mais famosa das tarefas foi a pintura monumental do tecto da Capela Sistina no
Vaticano, que levou quatro anos para ser feita (1508 – 1512). Miguel Ângelo originalmente
deveria pintar nessa obra os 12 Apóstolos, mas protestou e pediu uma tarefa mais audaciosa.
Queria um esquema que representasse a Criação, a Queda do Homem e a Promessa da
Salvação. O trabalho faz parte de uma decoração muito mais complexa que, em conjunto,
representa toda a doutrina da Igreja Católica.
A obra na sua composição contém 300 figuras e se centra nos episódios do livro de
Génesis, divididos em três grupos: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e
sua queda e, por fim, a Humanidade representada por Noé. Entre os frescos mais famosos
estão: a Criação de Adão e Adão e Eva no Paraíso, o Juízo Final, Dilúvio Universal,
Crucificação de Pedro, entre outros.
(Vista do tecto da Capela Sistina, projectada por Miguel Ângelo)
14
O Tecto da Capela Sistina é um monumental de Miguel Ângelo realizado entre os
anos de 1508 e 1512 na Capela Sistina, no Vaticano, como o nome indica.
Na realização desta obra concorreram amor e ódio pelo que Miguel Ângelo teria
contrariado este trabalho, convencido que era mais um escultor do que um pintor.
Encarregado pelo Papa Júlio II, sobrinho do Papa Sisto IV, de pintar o tecto da capela,
julgou ser um conluio de seus rivais para desviá-lo da obra para a qual havia sido chamado a
Roma no mausoléu do Papa. Mas, dedicou-se a tarefa e fez com tanta mestria que
praticamente ofuscou as obras-primas de seus antecessores na empresa. Os frescos no tecto
da Capela Sistina são, de facto, um dos maiores tesouros artísticos da humanidade.
É difícil acreditar que tenha sido obra de um só homem e que o mesmo ainda
encontraria forças para retornar ao local, duas décadas depois, e pintar na parede do altar,
sacrificando, inclusive, alguns frescos de Perugino, o “extraordinário espectáculo” do Juízo
Final, entre 1535 e 1541, já sob o pontificado de Paulo III.
A CRIAÇÃO DE ADÃO
Na criação de Adão podemos verificar duas mãos que se aproximam, suave e
lentamente; ser criador e ser criado, Deus e Adão, Homem e Deus, uma junção desigual,
dois seres inigualáveis, juntos numa aproximação ao mundo dos sentidos.
Um dedo indicador prestes a tocar o outro, o momento sublime de dois corpos que
antecipam a magia do toque; vontades suaves de transcendência; a ânsia do toque físico que
completará a unidade já formada pelo Espírito. O humano completará o divino que sempre
existiu, no domínio intemporal do sagrado.
15
Nessa obra podemos verificar o amor completado pelo toque; o sagrado e o mundano
unido pelo acto da criação; a perpetuação da vida através do toque.
Dois seres, duas dimensões, um ponto de contacto, o toque que se adivinha e não
precisa existir, a unidade estabelecida na ordem do cosmos em duas mãos que se unem.
(David – 1501-1504. Mármore, altura 434cm. Galleria dell’ Accademia, Florença)
David foi uma obra que se transformou num símbolo de Florença, foi esculpida em
1501. É uma representação do homem nu e desarmado, mas cujo olhar oblíquo e
determinado, de sobrolho carregado, figura tensa, mostra acção em suspenso, dando-lhe a
sensação de movimento. Faz-nos ter uma leitura em “S”. Olhos são perfurados e a parte da
cintura tem a forma de “V”. Pés são mais pequenos que o resto do corpo, a cabeça é maior.
Há exactamente cinco séculos – no ano de 1504 –, Miguel Ângelo entregava à cidade
de Florença esta obra-prima da escultura conhecida pelo nome do personagem que
representa o David. Trata-se de uma obra de grandes proporções – cinco metros de altura e
16
cinco toneladas de peso – que foi instalada na praça central da cidade. Mas, o que mais
impressiona nesta obra, excluindo as suas medidas, é, sim, a beleza da figura esculpida: um
jovem de proporções harmoniosas, esculpido em mármore branco que, pela magia da arte,
parece quase imaterial, como uma aparição luminosa.
À propósito da sua grandiosidade, Pablo Picasso disse, certa vez, com a lucidez de
sempre, que toda arte é actual. O que é verdade, mas não impede que nem todos os olhos de
hoje vejam no David de Miguel Ângelo a mesma actualidade a que se referia o mestre
espanhol.
Os milhares de pessoas que visitam anualmente a Academia de Belas Artes de
Florença, para admirá-la, vêem nela certamente uma das expressões máximas da arte de
todos os tempos; para outros, no entanto, trata-se de uma obra importante, mas ultrapassada:
expressaria uma concepção estética que já não tem cabimento nos dias actuais. De certo
ponto de vista, tal afirmação é aceitável pelo facto de que toda obra de arte nasce
historicamente condicionada, enquanto facto cultural, produto da criatividade de
determinado indivíduo em determinado momento e circunstância. Mas isto não impede que
as qualidades propriamente estéticas da obra se mantenham capazes de comover ou
deslumbrar o espectador de hoje. Deve-se, por outro lado, admitir que certos factores
circunstanciais podem contribuir para esmaecer ou ressaltar aquelas qualidades.
Para muitos estudiosos da arte, o David, embora obra da juventude de Miguel Ângelo,
seria o ápice de sua realização artística. Quer concordemos ou não com tal juízo, a verdade é
que esta escultura é, de certo modo, um momento excepcional da concepção estética do seu
autor, para quem o belo se confundia com a pura espiritualidade, ou seja, produto da
superação da matéria ou sua transfiguração em manifestação espiritual
De qualquer modo, a obra de arte – e particularmente a obra-prima – guarda, na
expressividade de suas formas, algo que permanece para além dos marcos de sua época. O
David é prova disto.
17
(Moisés – Pormenor do Túmulo de Júlio II. 1513-1515, retocado em 1542)
Moisés foi projectada como uma escultura do papa Júlio, esta escultura tem grande
realismo, feita em mármore, medindo 235 cm altura e se encontra na Igreja de São Pietro in
Vincoli, Roma.
Revela uma personagem que os contemporâneos chamam de “Terribitá”, ou senhor de
si.
Os chifres na cabeça representam o símbolo da eminência da elevação, do poder.
Pensa-se que Moisés era umas das seis figuras colossais que coroariam o nível
superior do monumento.
Com efeito, partindo de uma alegoria fria, abstracta e quase cortesã quanto ao
monumento cujas estátuas deviam exprimir que “ todas as Virtudes ficavam prisioneiras da
Morte com o Papa morto”.
Foi chamada de “tragédia do túmulo “ pois sua obra demorou cerca de 32 anos a ser
construída e desse projecto restou apenas Moisés (escultura secundária). Os rompimentos e
reatamentos dos contratos em torno dessa obra tornaram-se um suplício para os artistas
daquela época.
18
A razão dos dois chifres na cabeça de Moisés: São Jerónimo, ao traduzir uma
passagem do êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, escreveu em latim:
“cornuta esse fácies sua”, isto é, sua face tinha chifres. Esse esquisito detalhe foi levado a
sério por artistas como Miguel Ângelo. Tudo porque Jerónimo tropeçou na palavra hebraica
karan, que pode significar tanto chifre quanto raios de luz. Portanto, a tradução correcta
seria: sua face tinha raios de luz e não chifres, ou melhor, tinha o rosto iluminado.
19
(Juízo final, fresco pintado no tecto da Capela Sistina no Vaticano)
A superfície da abóbada foi dividida em áreas concebendo-se arquitectonicamente o
trabalho de maneira que resultasse numa articulação do espaço dividido por pilares. Nas
áreas triangulares alocou as figuras de profetas e sibilas; nas rectangulares, os episódios da
Génese. Para entender estas últimas deve-se atentar para as que tocam a parede do fundo.
20
CONCLUSÃO
Concluindo este trabalho, pensamos que de forma sintética e objectiva, conseguimos
retratar os aspectos mais importantes tendo em conta a natureza deste trabalho e a concepção
estética de Miguel Ângelo.
Seu percurso artistico começou desde muito jovem, tendo mostrado suas habilidades
artísticas para a escultura, onde ele se sobressaiu. Aos doze anos de idade, dedicou-se à
pintura, e entrou no estúdio dos famosos irmãos Ghirlandaio.
Miguel Ângelo era muitas vezes arrogante com os outros e constantemente insatisfeito
com ele mesmo. Seus primeiros trabalhos artísticos despertaram a admiração de Lourenço, o
Magnífico, que o recebeu no seu Palácio Medici Riccardi. Là entrou em contacto com as
teorias idealistas de Platão, que se tornou um dos pilares reflectidos na sua obra, tanto como
artista plástico como poeta.
Após a morte de Lorenzo, esculpiu uma série de obras influenciado pela obra de
Jacopo della Quercia. Em 1496, decidiu ir à Roma, onde começou uma década de grande
intensidade artística, após o que, com trinta anos, foi consagrado como artista de "primeira
linha".
No ano seguinte, o embaixador francês na Santa Sé encomendou uma de suas obras
mais famosas, a Pietá, e mais tarde fez o Tondo Pitti, A Batalha de Cascina, hoje perdida, e
o David, uma obra-prima de escultura, de grande complexidade.
Em 1505 projectou túmulo do Papa, uma escultura monumental e arquitetonicamente
complexa. Em 1508, iniciou a decoração do teto da Capela Sistina, obra que foi concluída
quatro anos depois.
Em 1516, encomendado pelo Papa Leão X começou a fachada da Basílica de São
Lorenzo, e de 1520 à 1530, trabalhou na nova sacristia de São Lorenzo e da Biblioteca
Laurentina, especialmente as suas escadas.
Quatro anos depois, deixou a cidade e se estabeleceu em Roma, onde aceitou de novo
trabalhar na Capela Sistina, e, entre 1536 e 1541, e fez o Juízo Final. Até 1550, trabalhou no
túmulo de Júlio II, em “A Conversão de São Paulo” e “Crucificação de São Pedro”.
Suas figuras são dinâmicas, e ara ele, a missão do escultor era libertar as formas que
estavam dentro da pedra.
O apogeu da arte ocorreu na Renascença com a visão sacra manifestada por Miguel
Ângelo. Transmitiu nas suas obras uma nova concepção cultural, acompanhando o
desenvolvimento económico, social e político das cidades, o contexto principal da transição
da Idade Média para a Idade Moderna.
21
Sua característica antropocêntrica, trouxe o interesse pela investigação da natureza, o
culto à razão e à beleza, características da cultura greco-romana, criando as bases do
Renascimento artístico.
Fundamental para a arte de Miguel Ângelo era a sua paixão pela beleza masculina,
que o atraía de modo emocional e estético, mas tais sentimentos o faziam sentir uma
profunda angústia, pela contradição entre a filosofia platónica e o sentimento carnal.
Interpretou, os evangelhos à luz dos valores da Antiguidade Clássica, exaltando o ser
humano como dotado de liberdade, de vontade e de capacidade individual.
De forma geral concordamos que ele foi um dos grandes estetas do período
Renascentista, tendo chegado ao topo da hierarquia da pintura e da escultura, onde ele se
destacou.
22
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CHÂTELET, Albert e GROSLIER, Bernard Philippe. (1985). História da Arte
Larousse. Minho: Companhia Editora do Minho, S.A.
Disponível na Internet através dos seguintes sites:
http://www.artchive.com/artchive/M/michelangelo.html
http://www.michelangelo.com/buon/bio-index2.html
http://www.mega.it/ita/gui/pers/micbuon.htm
http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/michelangelo_teto.htm
http://caixa-pandora.weblog.com.pt/arquivo/077257.html
http://www.michelangelo.it/works.asp?works=2&argument=Pittore
www.auladearte.com.br/hitoria/Miguel.htm
www.pitoresca.com.br/universal/miguel.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo_Buonarroti
23
ANEXOS
(A Conversão de Saulo)
(A Criação de Eva)
24
(Capela Paulina)
(Interior da Capela Paulina)
25
(A Crucificação de Pedro)
(O Pecado Original e A Expulsão do Paraíso)
26
(Deus a separar a Luz das Trevas)
(Deus a criar o Sol e a Lua)
27
(O Sacrifício de Noé)
(Deus a separar a Terra da Água)
28
(Pietà Rondanini, inacabada – 1564. Mármore, altura 195 cm. Castelo
Sforzesco, Milão)
(Dilúvio Universal)
29
(Noé Embriagado)
(Deus a separar a Terra da Água)