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Concurso literário
1º Prémio
Desenhos que ganham vida
- Mafalda! – Disse a professora – estás a dormir acordada, outra vez? - O que é isso que estás a
esconder atrás das costas?
- Hã, nada, nada, professora!
- Mostra vá, dá cá … Oh, não acredito, a fazer desenhos na aula! Vais levar um recado…diz a
professora pegando nos desenhos de uma só vez e dirigindo-se para o caixote do lixo…De repente a
Mafalda grita:
- Não professora, a Cláudia não…e aponta para um desenho meio amachucado de uma égua de
crina ao vento.
Depois de todos saírem da sala, a professora aproximou-se da Mafalda que tinha ficado sentada.
- Sabes, disse a professora com uma voz carinhosa, quando eu era pequena também tinha o meu
sonho.
Meteu a mão no bolso e tirou uma fotografia velha, um pouco amachucada e colada com fita-cola.
Este era o meu único sonho – disse enquanto mostrava a fotografia de um cavalo branco de crina
multicolor – este – continua – é o Edmund, partiu há muito tempo e nunca mais voltou…
- Professora - perguntou a Mafalda – esse cavalo existiu?
- Sim, nasceu da minha imaginação…Tem cuidado, de um momento para o outro a Cláudia pode
acordar…
DRIIIIIIM!!! DRIIIIIIM!!!
- Oh, a campainha! Hora de ir para a sala!
- Professora…
- Sim, Mafalda?
- A professora já está na sala…
- Ah! Pois é, tens razão!
Mafalda prepara-se para passar o sumário, quando o colega do lado lhe pergunta:
- O que foi que a professora te disse?
O colega de trás interferiu:
- O que foi que ela fez com a ‘‘Cláudia’’, deitou-a fora?
Mafalda virou-se para trás e fez-lhe uma careta. Depois virou-se de novo para a frente…
- Hora de ir para casa, suspirou Mafalda, ansiosa quando ouviu a campainha tocar. Pegou na
mochila, despediu-se da professora e saiu da sala.
Quando chegou a casa, Mafalda mandou tudo para cima da cama. Pegou num caderninho lilás de
pelo artificial que tinha em cima da mesa-de-cabeceira e começou a escrever.
Querido diário, hoje descobri que a minha professora também tem um segredo… É a única que
me entende! Foi um dia excecional. Mais, descobri que há a possibilidade de a Cláudia ganhar
vida…Ai! Que fome. Vou jantar. Até amanhã!
No dia seguinte, Mafalda acordou com uma coisa pesada entre as pernas.
- Mas o que é isto?…Credo! Um cavalo!
Mafalda deu um pulo fazendo com que o cavalo acordasse assustado. Ficaram ali a olhar um para
o outro até que o cavalo falou:
- Olá! Eu sou a Cláudia! - Mafalda soltou um berro ao que a égua ripostou:
- Não grites tão alto! Queres que descubram que eu saí do desenho?
Mafalda olhou-a intrigada e perguntou - Tu saíste do desenho? - Uau. Eu não acredito! Fui eu que
te desenhei! - E Cláudia respondeu
- Sim, sim foste tu que me desenhaste, não é óbvio! Não me reconheceste? A crina e a cauda
brancas; o focinho preto; o corpo listado de amarelo…Sim, foste tu que me desenhaste, não te
lembravas de mim?
- Sim, sim, lembro-me, só que me assustei quando acordei com um cavalo em cima das pernas,
não?!
- Pois tens razão - admitiu Cláudia.
De repente, ouviu-se um barulho vindo das escadas. Era a mãe!
- Rápido - grita Mafalda, esconde-te!
- Onde?- pergunta Cláudia.
Mafalda pensa e responde: - Debaixo da cama.
Cláudia esgueira-se rapidamente para debaixo da cama e Mafalda salta para a cama de um pulo,
fingindo espreguiçar-se. A mãe entra no quarto, olha para ela e exclama:
- Ainda estás de pijama?! Hoje que tenho uma reunião super importante e tu com sono! Vá, toca
a despachar, não te atrases!
Mafalda espera que a mãe saia do quarto e depois levanta o lençol e grita -Buu!!! Já podes sair!
A cama dá um pulo.
- Desculpa Cláudia…não era minha intenção…
- Eu sei, eu sei…
Cláudia moveu as orelhas, dirigiu-se para a janela e disse - Despacha-te, a camioneta escolar está
quase a chegar, despacha-te!
Mafalda correu a abrir o armário de onde tirou uma saia de ganga, uns collants cor-de-rosa, uma
camisola de gola alta cor-de-rosa, umas botas pretas e um boné de ganga azul, despediu-se de
Cláudia e saiu do quarto a correr. Desceu as escadas, despediu-se do pai e da mãe com um beijo,
pegou numa torrada com doce de morango e saiu porta fora gritando ao motorista - Espere, espere
não se vá já embora!
A camioneta fez uma paragem brusca e de lá de dentro ouviu-se uma voz dizer - Entra…
- Obrigado senhor motorista, muito obrigado - agradeceu Mafalda entrando para a camioneta.
Mafalda foi sentar-se num banco vazio. O banco ao lado do seu também estava vazio. Mafalda
aproveitou, pousou a mochila e tirou de lá de dentro o seu diário onde escreveu:
Querido diário, hoje aconteceu uma coisa extraordinária! A Cláudia, sim a Cláudia ganhou
vida! Oi, estamos a chegar. Até já.
O dia passou mais depressa do que Mafalda esperava. Quando chegou a casa, deu um beijo aos
pais e, subindo as escadas a correr, exclamou:
- A escola correu muito bem!
Os pais olharam um para o outro e encolheram os ombros. O pai recomeçou a ler o jornal e a mãe
continuou a fazer o jantar. Mafalda entrou no quarto e viu que ele estava todo virado de pantanas e,
no meio de tudo, estava Cláudia, com uma meia branca enfiada no focinho.
- Cláudia – diz Mafalda, baixinho – o que é que estás a fazer?!
- Ham…hum…a arrumar o quarto…
- A sério? – diz Mafalda – és uma trapalhona. Chega de brincadeiras!
Depois do jantar Mafalda corre para o quarto, com umas cenouras no bolso. Cláudia devora-as de
uma só vez e adormece.
Mafalda! – grita a mãe da cozinha – vai lavar os dentes para ires para a cama.
Mafalda olhou para o diário. Ao fim de uns anos, ele estaria repleto de muitas aventuras, todas
passadas na companhia de Cláudia… mas nenhuma se ia comparar com a que ela passou quando
tentou explicar aos pais que tinha um cavalo no quarto, mas isso já é outra história…
Maria Teresa Cunha – 5º B
Menções honrosas
Isto é engano
Isto é engano
Ou obra pouco trabalhada
Por um deus pequeno
Que não é soberano de Nada
Fomos feitos para outro lugar
De matéria diferente
Eramos para ser Sonho
E viemos em forma de gente
Enjaulados neste espaço
Com almas grandes demais
Imaginando o Tempo
Selvagens, nada mais
Constantemente Insatisfeitos
Ou Felizmente Iludidos
No mundo Errado estamos
Perdidos, perdidos…
Mariana Ferreira da Silva - 12ºA
Sei que sei
Sei que sei
Sei que sei que serei
o que sempre sonhei ser,
pois foi para isso que estudei
para um dia alguém ser.
Sei que gosto de ler,
sei que vou talvez escrever,
escrever algo que sei
que um dia irei ser.
Serei política ou escritora,
matemática ou sonhadora.
serei algo que inventei
e sei que vencerei!
Sinto que sei que o farei.
Um dia, quando crescer,
farei algo extraordinário,
mas quem serei eu, até morrer?
Mariana Santos – 6º D