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Curso de formação em serviço para os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP): memória de residência pedagógica Lúcia Velloso Maurício (UERJ/FFP) [email protected]

Curso de formação em serviço para os cie ps, memória de residência pedagógica

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Curso de formação em serviço para os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP): memória de residência pedagógica

Lúcia Velloso Maurício (UERJ/FFP) [email protected]

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Residência Pedagógica: debate

PROJETO SENADO em 2007:

Autor: Sen. Marco Maciel

Público: professor de 1º. Ciclo do Ensino Fundamental

Condições: Carga horária: 800 horas de

serviço (sete meses) Remuneração: bolsa de

estudos Obrigatória após 2 anos da

lei em vigor

POSIÇÃO da ANFOPE:

Proposta deve ser inserida em contexto de política global de formação

preocupação que fosse utilizada como aviltamento de remuneração

Responsabilidade do poder público: acompanhamento e avaliação da formação; garantia de condições para o exercício profissional

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Curso para CIEPs: Residência Pedagógica?

OBJETIVO: subsídio para a discussão da residência pedagógica, através da memória de uma experiência pertinente.

Residência pedagógica: dirigida a recém formados; remuneração em forma de bolsa de estudos; certificação por universidade; o curso tinha projeto pedagógico.

Não se desenvolveu dentro de política global de formação; foi solução para a demanda de professores para implantar, em pouco tempo, escola de horário integral para o ensino fundamental no estado.

Distanciava-se de precarização salarial dos professores: a bolsa tinha como referência o piso salarial inicial de professor concursado Recebiam o dobro do piso porque permaneciam o dobro de horas.

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Curso de formação em serviço para os CIEPs: 1992 / 1993

Pesquisa Curso de Atualização de Professores para Escolas de Horário Integral: a Força da Representação (FAPERJ)

Objetivo pesquisa: investigar memória comum dos participantes deste curso, através de sua representação social a respeito.

Os 6.426 professores foram selecionados entre 22.118 candidatos em 54 municípios dos 81 existentes no estado do Rio de Janeiro.

duração de 1.600 horas: cada módulo de 640 horas correspondia a um semestre letivo. Era realizado dentro de cada CIEP.

carga horária: oito horas diárias, quatro de prática docente e quatro de estudos teórico-pedagógicos através de vídeo e impressos. As turmas contavam com duas professoras-bolsistas cada.

A orientação das bolsistas era feita por professor-orientador, professor efetivo: dinamizava o curso em um turno e exercia regência em outro.

Avaliação pela dupla docente, por módulo, através de relatório que

articulasse teoria e prática. Se insatisfatório, era refeito.

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Abordagem teórico-metodológica

Referencial teórico

A representação social, dita saber de senso comum, é “uma forma de conhecimento, socialmente partilhado, com objetivo prático e de construção de uma realidade comum a um conjunto social” (Jodelet)

Memória comum: “lembranças, partilhadas por indivíduos, que se desenvolveram independentes umas das outras, por terem sido expostas aos mesmos fatos.” (Jedlowski)

Metodologia

Levantado o funcionamento dos 38 Cieps do município, priorizamos 11 de 1ª. a 4ª. série, onde encontramos 41 ex-bolsistas.

Testado o instrumento, foram preenchidas fichas de perfil sócio-econômico e aplicada associação livre de idéias em 8 cieps.

4 palavras para cada tema: educação pública, curso normal, curso do ciep e motivo para ser professor.

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Resultados: perfil e evocações

Perfil

¾ entre 31 e 35 anos; 60% casadas; maioria moradora em São Gonçalo;

Mais da metade fez curso normal em Instituto de educação;

35 entre as 41 tinha uma professora na família; 8 eram as próprias mães.

predominância de sentimentos tanto para exercer a docência como para optar por ela;

Evocações

CURSO NORMAL:

NC: amizade e teoria

Próximo NC: sonho

SP: vocação, saudade, vontade

CATEGORIAS:

Sentimentos: amizade e sonho

Atitudes (2º. Plano): dedicação e responsabilidade

Concretude (3º. Plano): teoria, em sentido crítico.

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Representações sociais dos cursos

Curso do CIEP

NC: novidade, experiência, leitura de mundo

Próximo NC: estudoSP: desafio e aprendizagem;

ressentimento, utópicoCATEGORIAS:Sentimentos: inovação, com-

panheirismo, experiênciaConcretude: construtivismo,

estudo; críticas

Curso normal: sentimentos para exercer ou optar pela

docência; ou emanam da lembrança; as referências objetivas aparecem pouco.

Curso Cieps: comportamentos mais do que sentimentos; concretude tanto positiva – é inovador, promove a prática, o companheirismo e a leitura de mundo - como negativa – impositivo e utópico. Objetividade maior que sentimentos

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Conclusão

A cultura da atenção (CATANI, 2006):

Dotar o professor de instrumentos que lhe permitam tornar-se sujeito, de reconhecer-se e o outro como sujeito/objeto do conhecimento. É esse o sentido que percebemos nas representações sociais sobre o Curso dos Cieps. Não para todos, mas emergiu com vigor significativo.

Não se pode generalizar que o formato de residência pedagógica favoreça a cultura da atenção. Mas pode-se supor que a articulação mais consistente entre teoria e prática, propiciada na experiência analisada, facilite as características apontadas na cultura da atenção:

O reconhecimento de si mesmo e do outro como teorizadores da sua própria prática, portanto sujeitos do conhecimento.