25
EDUCAÇÃO ANTIDISCRIMINATÓRIA Combate ao racismo, ao sexismo e a homofobia Adriana Santos Pedagoga Mestre em Educação

Curso Outros Olhares: Educação Antidiscriminatória

Embed Size (px)

Citation preview

EDUCAÇÃO ANTIDISCRIMINATÓRIA Combate ao racismo, ao sexismo e a homofobia

Adriana Santos PedagogaMestre em Educação

O que ser igual ?

O que ser normal?

O que é educação Antidiscriminatória ?

(...) a escola tem uma antiga trajetória

normatizadora e homogeinizadora que

precisa ser revista. O ideal de homogeinização

levava a crer que os/as estudantes negros/as,

indígenas, transexuais, lésbicas, meninos e

meninas deveriam se adaptar às normas e à

normalidade.

PREÂMBULOS

(...) a diversidade não se trata de “mais um

assunto” jogado nas costas dos/das

educadores/as; não se trata de mais um

assunto para roubar tempo e espaço

para trabalhar os “conteúdos”. Estamos

reafirmando que o currículo escolar não é

neutro.

O racismo, osexismo, [a homofobia], o adultismo que temos em nós se manifesta de forma sutil; nãoé necessariamente intencional e percebido, mas dói, é sofrido porquem os recebe, então são violências. E marca de forma indelévelas vítimas que de alguma forma somos todos nós, mas semprealguns, mais que os outros, mulheres, os negros, os mais jovense os mais pobres (Castro, 2005)”.

CASTRO, M.G., Gênero e Raça: desafios à escola

É no ambiente escolar que crianças e jovens

podem se dar conta de que somos todos

diferentes e que é a diferença, e não o temor

ou a indiferença, que deve atiçar a nossa

curiosidade.

Não se trata, simplesmente, de desenvolvermetodologias para trabalhar a diversidade e tampouco com “os diversos”. É, antes de tudo,rever as relações que se dão no ambiente escolar na perspectiva do respeito à diversidadee de construção da igualdade, contribuindo para a superação das assimetrias nas relaçõesentre homens e mulheres, entre negros/as e brancos/as, entre brancos/as e indígenas entrehomossexuais e heterossexuais e para a qualidade da educação para todos e todas.

São dois pontos a considerar numa prática antidiscriminatória:

a Educação das relações; do bem conviver; do respeito (exercício) às diferenças;

o Ensino da história ; da cultura; das leis (direitos e deveres)

ENTENDENDO OS CONTEXTOS

Contexto racial: A discriminação racial é fruto de práticas estabelecidas com a intenção de perpetuar as desigualdades entre os grupos negros e brancos.

Trata-se de atitudes preconceituosas e comportamentos discriminatórios.

O preconceito caracteriza-se como uma atitude de hostilidade nas relações interpessoais; A discriminação racial constitui um favorecimento para um determinado gruponos aspectos social, educacional e profissional. O convívio com o racismo, o preconceito e a discriminação racial no cotidianoescolar consolida danos, muitas vezes irreparáveis, para os estudantes negros (as).

A educação antidiscriminatória é uma tarefa transdisciplinar, pela qual todos os educadores e educadoras são responsáveis. Cada área doconhecimento pode e tem a contribuir para que as realidades de discriminação sejam desveladas, seja recuperando os processos históricos, seja analisando estatísticas, seja numa leitura crítica da literatura ou na inclusão de autores de grupos discriminados ou que abordem o tema. Seja, ainda, na análise das ciências biológicas e naturalização das desigualdades.

Dos Parâmetros Curriculares Nacionais à Lei nº 10.639/2003 que institui o ensino da história da África e da africanidade no Brasil, e a Lei nº 11.645/2008 que institui o ensino da história e cultura indígena como obrigatórios dentro dos currículos escolares, muito ainda falta para aprofundarmos esta questão.

Contexto sexista ou homofóbico: Em nossa sociedade há uma única cultura, socialmente mais valorizada e aceita como válida - a cultura do colonizador - eurocêntrica, masculina, branca, heterossexual, lesbofóbica e cristã. Ser macho ou fêmea é um dado biológico, mas ser homem ou mulher implica ser masculino ou feminino. Os gêneros aparecem como opostos e complementares, porém hierárquicos, o homem dominador, a mulher dominada.Silvana Conti – Fazendo gênero na educação

Ser mulher e, portanto, feminina, significa ser dona-de-casa, passiva, maternal, afetiva, detalhista; usar cor-de-rosa e chorar; ser homem significa ser forte, profissional, agressivo, racional,e objetivo. Usar azule nunca chorar. Isso está enraizado na cultura e tão introjetado por cada pessoa que aparece como parte da “natureza humana”.

Assim como os gêneros, as formas de sexualidade masculina ou feminina aparecem como parte da “natureza humana”, vinculadas à reprodução, num contexto em que as homossexualidades, as lesbianidades, as bissexualidades e as travestilidades, são considerados desvios.

A organização escolar que tem predominado insiste em não permitir às crianças e jovens a plena vivência de suas pluralidades de saberes, sua diversidade de raça/etnia, de gênero, de livre orientação e expressão sexual, de classe, de religião, de sentimentos, desejos e fantasias.

educar é trabalhar no desenvolvimento e emancipação das pessoas, o que sem dúvida não se trata de pessoas isoladas, mas inseridas numa rede de fatores que produzem significações múltiplas e complexas. Assim, cada pessoa está inserida num espaço e num tempo, num momento da história, que convive com um grupo próximo, e que se relaciona com grupos mais amplos e com toda a sociedade (Silvana Conti, 2007, p. 41).

A Educação, a Escola, as Educadoras e Educadores, enfim, todas as pessoas envolvidas no processo educativo, devem refletir sobre sua prática, a fim de avaliar o quanto seu trabalho também reforça estes padrões sociais.A Cultura escolar está longe de ser neutra, pois reflete o modo como as relações sociais de gênero / etnia são produzidas e configuradas socialmente.

Enquanto não tratarmos as pessoas diferentes, de maneira diferente, fingiremos que ensinamos e as pessoas fingirão que aprendem.

Uma educação antidiscriminatória e inclusiva não apenas combate formas racistas, sexistas e preconceituosas, ou se tocaia em tolerâncias, mas investe em aprender, interagir, dialogar com os outros, enriquecendo o conceito de identidade para além das diferenças. (Gênero e Raça: Desafios à Escola - Mary Garcia Castro)

Referências Bibliográficas

CASTRO, M.G., Gênero e Raça: desafios à escola. In: SANTANA, M.O. (Org) Lei 10.639/03 – educação das relações étnicoraciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação fundamental. Pasta de Texto da Professora e do Professor. Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador, 2005. CONTI, Silvana B. Educação e lesbianidades: educando para a diversidade. In: PASINI, Elisiane (org.). Educando para a diversidade. Porto Alegre: Nuances, 2007.

“Enquanto permanecemos hipnotizados pela miragem do insolúvel,deixamos de resolver aquilo cuja solução depende da nossa vontade e iniciativa”

Jurandir Freire Costa

Texto aqui