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Da origem do Hip-Hop à ave Capoeira. Você sabia que existe no Brasil uma ave chamada Capoeira? Alguns apontam que a relação entre dança e ave está no fato de que o macho dessa espécie é muito ciumento e trava diversas lutas com o rival para marcar os seus domínios. · O ritmo blues nasceu dos primeiros gritos dos escravos negros levados pelos ingleses para os Estados Unidos, até meados do século XIX. Foram homens e mulheres provenientes de tribos Ashanti do continente africano. · As cores do Olodum representam o verde das florestas equatoriais da África; o vermelho do sangue da raça negra; o amarelo do ouro da África; o preto do orgulho da Raça negra e o branco a Paz mundial. Essas são as cores da diáspora africana e constituem uma identidade internacional contra o racismo e a favor dos povos descendentes de África. · As inúmeras tentativas de fuga, algumas com êxito, e a coragem do escravo brasileiro em afrontar os seus algozes, fizeram da música negra um misto de dor, orgulho, revolta e regozijo. Os sambas originais são um exemplo disso. · O termo Hip-Hop foi estabelecido, por volta de 1968, pelo negro Afrika Banbaataa, inspirado em dois movimentos: o primeiro ligado à cultura dos guetos norte- americanos, já o segundo estava na forma de dançar: saltar (hop) movimentando os quadris (hip). · Sabemos que o Tango nasceu no Rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina, no final do século XIX. Mas a sua origem tem diversas versões: uma delas afirma que sua origem é africana, baseados numa dança denominada Tangano. Outra versão diz que a origem da palavra é africana e significa algo parecido a quilombo. Já uma última defende que o tango evoluiu a partir do ritmo do candomblé africano. · A origem da palavra forró gera controvérsias. A versão popular diz que o termo vem do inglês for all - frase escrita na porta dos locais onde se dançava outra versão diz que a origem vem do termo africano "forrobodó", que significaria festa, bagunça, baile popular. · No Brasil, a brincadeira de boi varia de região para região. Basicamente é um bailado popular brasileiro, cômico-dramático, organizado em cortejo, com personagens humanos (Pai Francisco, Mateus, Bastião, Arlequim, Catirina, Capitão Boca-Mole, etc.), animais (o Boi, a Ema, a Cobra, o Cavalo-Marinho, etc.) e fantásticos (a Caipora, o Diabo, o Morto-Carregando-o-Vivo, o Babau, o Jaraguá, etc.), cujas peripécias giram em torno da morte e ressurreição do boi. · A vinda dos africanos trouxe ingredientes bem conhecidos do nosso dia-a-dia: o coco, a banana, o café, a pimenta malagueta e o azeite-de-dendê. Também os populares: inhame, quiabo, gengibre, amendoim, melancia e o jiló. Além de diversos pratos que transformaram a culinária brasileira uma das mais apreciadas no mundo.

Da origem do hip

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Da origem do Hip-Hop à ave Capoeira.

  Você sabia que existe no Brasil uma ave chamada Capoeira? Alguns apontam que a relação entre dança e ave está no fato de que o macho dessa espécie é muito ciumento e trava diversas lutas com o rival para marcar os seus domínios.· O ritmo blues nasceu dos primeiros gritos dos escravos negros levados pelos ingleses para os Estados Unidos, até meados do século XIX. Foram homens e mulheres provenientes de tribos Ashanti do continente africano.· As cores do Olodum representam o verde das florestas equatoriais da África; o vermelho do sangue da raça negra; o amarelo do ouro da África; o preto do orgulho da Raça negra e o branco a Paz mundial. Essas são as cores da diáspora africana e constituem uma identidade internacional contra o racismo e a favor dos povos descendentes de África.· As inúmeras tentativas de fuga, algumas com êxito, e a coragem do escravo brasileiro em afrontar os seus algozes, fizeram da música negra um misto de dor, orgulho, revolta e regozijo. Os sambas originais são um exemplo disso.· O termo Hip-Hop foi estabelecido, por volta de 1968, pelo negro Afrika Banbaataa, inspirado em dois movimentos: o primeiro ligado à cultura dos guetos norte-americanos, já o segundo estava na forma de dançar: saltar (hop) movimentando os quadris (hip).· Sabemos que o Tango nasceu no Rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina, no final do século XIX. Mas a sua origem tem diversas versões: uma delas afirma que sua origem é africana, baseados numa dança denominada Tangano. Outra versão diz que a origem da palavra é africana e significa algo parecido a quilombo. Já uma última defende que o tango evoluiu a partir do ritmo do candomblé africano.· A origem da palavra forró gera controvérsias. A versão popular diz que o termo vem do inglês for all - � �frase escrita na porta dos locais onde se dançava outra versão diz que a origem vem do termo africano �"forrobodó", que significaria festa, bagunça, baile popular.· No Brasil, a brincadeira de boi varia de região para região. Basicamente é um bailado popular brasileiro, cômico-dramático, organizado em cortejo, com personagens humanos (Pai Francisco, Mateus, Bastião, Arlequim, Catirina, Capitão Boca-Mole, etc.), animais (o Boi, a Ema, a Cobra, o Cavalo-Marinho, etc.) e fantásticos (a Caipora, o Diabo, o Morto-Carregando-o-Vivo, o Babau, o Jaraguá, etc.), cujas peripécias giram em torno da morte e ressurreição do boi.· A vinda dos africanos trouxe ingredientes bem conhecidos do nosso dia-a-dia: o coco, a banana, o café, a pimenta malagueta e o azeite-de-dendê. Também os populares: inhame, quiabo, gengibre, amendoim, melancia e o jiló. Além de diversos pratos que transformaram a culinária brasileira uma das mais apreciadas no mundo.

Conheça curiosidades do Dia da Consciência NegraA data é oficialmente celebrada no dia 20 de novembro

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Na primeira série de artigos sobre o dia da consciência negra, vamos abordar algumas curiosidades sobre essa data comemorativa. Acompanhe nos próximos dias algumas dicas de festividades, além de alguns contra-sensos sobre o feriado.O dia da Consciência negra é um feriado (facultativo) em homenagem a Zumbi dos Palmares, sendo comemorado no dia da assinatura da abolição da Escravatura. A data do feriado Consciência Negra 2013 é dia 20 de novembro e que em 2013 cai em uma quarta-feira.

No Brasil, cerca de 80 milhões de indivíduos que se declaram de “raça negra”. Foto: arquivo pessoal

Mas existem algumas informações bem interessantes sobre o dia da consciência negra. O Palmares no nome de Zumbi se refere ao local onde ele formou seu quilombo, uma espécie de reino, ou de república - como alguns consideram - que era auto-sustentável e servia de local de fuga para muitos escravos negros escapados das fazendas, prisões e senzalas. O reino chegou a alcançar quase o tamanho de Portugal, ficava no interior da antiga Bahia, hoje estado do Alagoas, e a ter mais de 30 mil habitantes.Outro ponto que nem todo mundo sabe é a dimensão que a raça negra tem no Brasil. Você sabia, por exemplo, que em dados oficiais, o Brasil é a segundo maior população de afro descendentes, ficando atrás apenas da Nigéria? São cerca de 80 milhões de indivíduos que se declaram de “raça negra”. Mas você sabia também que o Brasil foi a segunda maior nação escravista dos últimos séculos? E que foi o último país a abolir a escravidão? O penúltimo país das Américas a abolir o tráfico negreiro? E que foi o maior importador de escravos da história moderna?Não precisamos dizer que tudo isso gerou um efeito negativo sobre a imagem dos negros, que até hoje, mesmo depois da abolição da escravatura e da criação de leis contra o racismo, sofrem preconceito racial. Tudo porque a raça negra foi incorporada à nossa sociedade por meio da escravidão. E todas essas já citadas leis de proteção contra o preconceito racial, nada mais são do que uma forma tardia de pagar o que a sociedade deve aos milhões de negros que sofreram nos anos da escravidão.

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A data foi criada para homenagear e chamar a atenção de todos contra o racismo e a discriminação. Foto: Arquivo Pessoal/ Eduardo Andreassi

Mas diferente do que se pensa, nem todos são a favor dessa proteção. O feriado da consciência negra, por exemplo, sofre ataques de várias direções, seja de pessoas descontentes com o excesso de feriados, seja por meio de opiniões contrárias à valorização do negro na sociedade.Contra-sensos sobre a data - O dia da Consciência Negra é também para conscientização dos negros e não negros de que as culturas africanas são partes integrantes e imprescindíveis da formação do homem e da mulher brasileiros. Uma data criada para homenagear e chamar a atenção de todos contra o racismo e a discriminação, ressaltando as dificuldades que os negros passam há séculos.

Hoje no Brasil mais da metade da população é de origem Negra e descendes. Em contrapartida, os mesmos ganham salários mais baixos do que brancos e amarelos e morrem mais cedo em conseqüência do difícil acesso a cuidados de saúde, da precariedade das condições de vida e da violência.

Até hoje os negros sofrem preconceito racial mesmo depois da abolição da escravatura e da criação de leis contra o racismo.Mesmo com a criação de leis de proteção contra o preconceito racial, visando dar mais humanismo e oportunidades aos afro-descendentes – incorporados à nossa sociedade por meio da escravidão, ainda temos muito a ser feito. O racismo, assim como outros males, está impregnado nessa nossa “Cultura”.

A meu ver (baseado em fatos), comemorar essa data segue duas vertentes: Homenageiam os negros, redimindo-se tardiamente dos males que foram causados à raça Negra e ao mesmo tempo, da a entender a muitos, que eles são menos capacitados do que os brancos.

O Brasil e o mundo têm muito chão para andar até extinguir de vez o racismo de sua cultura, e muito mais trilhas a caminhar para estabelecer uma cultura própria.

Somos descendentes de imigrantes, índios, asiáticos e negros que foram trazidos pela escravidão, colonizados por Portugueses – os primeiros a povoarem o Brasil foram os degredados de Portugal - e vieram para extrair nossas riquezas.Acompanhe no próximo texto algumas opções de comemorações

25 curiosidades sobre a escravidão que você não sabia

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Esta lista foi extraída e adaptada de diferentes fontes, como mania de história e guia dos curiosos. 

 

– Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil. Porém, alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro.– Os navios negreiros que traziam os escravos da África até o Brasil eram chamados de tumbeiros, devido àmorte de milhares de africanos durante a travessia. Estas mortes ocorriam devido aos maus-tratos sofridos pelos escravos, pelas más condições de higiene e por doenças causas pela falta de vitaminas, como no caso do escorbuto.– É possível traçar a origem dos escravos em três grandes grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubás, também chamados nagôs, predominam; os que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos, chamados de malês ou alufás; e o grupo dos bantos, capturados nas colônias portuguesas de Angola e Moçambique.

– Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado de “peça” e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam seus dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom preço.

– Um escravo valia mais quando era homem e adulto. Um escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas desdentadas.

 

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– Os cativos recebiam, uma vez por dia, apenas um caldo ralo de feijão. Para enriquecer um pouco a mistura, eles aproveitavam as partes do porco que os senhores desprezavam: língua, rabo, pés e orelhas. Foi assim que, de acordo com a tradição, surgiu a feijoada.

– A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda (PE), no ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos portugueses como forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando saíam da África ou quando chegavam ao Brasil.

– Na cidade de Serro (MG), acontece a maior de todas as festas em homenagem a santa, em julho, desde 1720. De acordo com a lenda, um dia Nossa Senhora do Rosário saiu do mar. Ao ser chamada por índios, não se mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos escravos, que tocaram bem forte os seus tambores.

– Crianças brancas e negras andavam nuas e brincavam até os 5 ou 6 anos anos de idade. Tinham os mesmos jogos, baseados em personagens fantásticos do folclore africano. Mas aos 7 anos, a criança negra enfrentava sua condição e precisava começar a trabalhar.

– Cada senhor de engenho tinha autorização para importar 120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o número máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.

 

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– A cozinha era muito valorizada na casa-grande. Conquistaram o gosto dos europeus e brasileiros os pratos de origem africana, como vatapá e caruru, comuns na mesa patriarcal nordestina. A cozinha ficava num anexo da casa, separada dos cômodos principais por depósitos ou áreas internas.

– Normalmente, divisões internas da senzala separavam homens e mulheres. Mas, algumas vezes, era permitido aos poucos casais aceitos pelo senhor morarem em barracos separados, de pau-a-pique, cobertos com folhas de bananeira.

– Aos domingos, os escravos tinham direito de cultivar mandioca e hortaliças para consumo próprio. Podiam, inclusive, vender o excedente na cidade. A medida combatia a fome do campo, pois a monocultura de exportação não dava espaço a produtos de subsistência.

– Quando a noite caia, o som dos batuques e dos passos de dança dominava a senzala. As festas e outras manifestações culturais eram admitidas, pois a maioria dos senhores acreditava que isso diminuia as chances de revolta.

– Com a expansão das cidades, multiplicam-se escravos urbanos em ofícios especializados, como pedreiros, vendedores de galinhas, barbeiros e rendeiras. Os carregadores zanzam de um lado a outro, levando baús, barris, móveis e, claro, brancos. 

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– Escravos de Ganho eram escravos que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua. Em troca, ele deveria dar uma porcentagem dos ganhos a seu dono.

– Em algumas regiões, os escravos africanos eram divididos em três categorias: o “boçal”, que recusava falar o português, resistindo à cultura europeia; o “ladino”, que falava o português; e o “crioulo”, o escravo que nascia no Brasil. Geralmente, ladinos e crioulos recebiam melhor tratamento, trabalhos mais brandos e perspectiva de ascenção social.

– Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que podia levar à morte por inanição. A forma comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.

– Segundo alguns historiadores, a capoeira nasceu de um ritual angolano chamado n’golo (dança da zebra), uma competição que os rapazes das aldeias faziam para ver quem ficaria com a moça que atingisse a idade para casar. Com o tempo, a prática se transformou em exibição de habilidade e destreza.

– A palavra capoeira não é de origem africana. Ela vem do tupi (kapu’era). Trazida para o Brasil por intermédio dos navios negreiros, a capoeira foi desenvolvida nos quilombos pernambucanos do século XVI. As características de luta e dança adquiridas no país podem classificá-la como uma manifestação cultural genuinamente brasileira. 

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– O berimbau é um instrumento de percussão trazido da África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no século XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para atrair os clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste, que é fácil de envergar.

– Até a abolição da escravatura, a lei punia os praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1889 a 1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração dava seis meses de cadeia. Em 1937, o presidente Getúlio Vargas foi ver uma exibição, gostou e acabou com a proibição.

– Após a independência de Portugal, em 1822, uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros frequentassem as mesmas escolas que os brancos. Um dos motivos apontados é que temiam eles pudessem transmitir doenças contagiosas.

– O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.– Em 1823, dom Pedro I chegou a redigir um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos depois.

Condição do Negro no Brasil AtualTrabalho enviado por: Renato dos Santos Simões

Data: 06/12/2004 12334 visualizações Adicionar aos favoritos Voltar

CONDIÇÃO DO NEGRO NO BRASIL ATUAL

Porque disfarçado, o racismo ainda é a forma mais clara de discriminação na sociedade brasileira, apesar de não admitir o brasileiro seu preconceito. "A emoção das pessoas, o sentimento inferior delas é que é racista. Quando

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racionalizam, elas não se reconhecem assim, não identificam em suas atitudes componentes de discriminação", analisa Alcione Araújo, escritor e dramaturgo. O brasileiro tem dificuldade em assumir o seu racismo devido ao processo de convivência cordial que distorce o conflito. Devido a isto, por estar dissimulado, hipócrita, é difícil de ser combatido.

A discriminação racial está espalhada pelo Brasil. Escola e mídia apresentam um modelo branco de valorização. O acesso aos espaços políticos, aos bens sociais, à produção do pensamento, a riqueza, tem sido determinado pela lógica escravocrata. O espaço negro é reduzido. O negro é discriminado e não é reconhecido em suas atividades.

Entretanto, as narrativas de humilhações e dificuldades entram em choque com o fato concreto que é a presença e importância fundamental dos negros e seus descendentes na cultura e nas artes brasileiras. Grandes nomes como o do escultor Aleijadinho, do autor Machado de Assis, do jurista Rui Barbosa, todos mulatos, devem ser lembrados como engrandecedores de nossa sociedade.

O preconceito está sempre queimando e maltratando alguém. Note-se na atitude de Pio Guerra ao desqualificar a Senadora Benedita da Silva, na comparação com o mito norte-americano Marilyn Monroe; na grosseria da composição Veja os Cabelos Dela, de Tiririca, perdoada como gracinha inocente; ou em pesquisas informais, como a realizada entre vinte e oito pessoas de pigmentação clara, residentes num mesmo prédio da Zona Norte carioca: ninguém admitiu o racismo, apesar do uso de expressões clássicas do tipo "bom crioulo", "negro de alma branca", "é negro, mas é educado", "fulano de tal tem cabelo duro".

A discriminação dá-se de duas formas: direta ou indireta. Diz-se discriminação direta a adoção de regras gerais que estabelecem distinções através de proibições. É o preconceito expressado de maneira clara como, por exemplo, a proibição ou o tratamento desigual a um indivíduo ou grupo que poderia ter os mesmos direitos e o são negados.

A discriminação indireta está internamente relacionada com situações aparentemente neutras, mas que criam desigualdades em relação a outrem. Esta última maneira de preconceito é a mais comum no Brasil.

Segundo o escritor e dramaturgo Alcione Araújo, "é espantosa a naturalidade com que as pessoas públicas, principalmente artistas famosos, manifestam seus preconceitos. Essas pessoas parecem não perceber o que estão fazendo e como colaboram para a internalização do preconceito, já que suas falas são tidas como verdades, repelidas nas novelas, multiplicadas pela mídia."

As práticas de racismo são diversas e se apresenta de diversas formas. Por meio das estatísticas sobre escolaridade, mercado de trabalho, criminalidade, presença nas artes e outros pode-se perceber o problema na prática.

Como exemplo, numa pesquisa realizada, informalmente, entre 28 pessoas de pele branca, residentes em um mesmo prédio da zona norte carioca, ninguém admitiu o racismo apesar do uso de expressões como "bom crioulo", "negro de alma branca" e outras.

No Vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, os mais de 15.000 candidatos se depararam com um frase da prova de língua portuguesa que trazia preconceito de cor explícito. A frase "Ela é bonita, mas é negra. Embora negra ela é bonita" gerou protestos por parte de alguns candidatos, que se sentiram constrangidos, e membros do Movimento Negro Unificado - MNU que alegaram o constrangimento que a questão submeteu aos candidatos tornando desigual a competição e moveram uma ação encabeçada pelo Conselho Estadual dos Direitos do Negro que se orientam pela Lei 7716, que pune com pena de um a três anos de reclusão e multa, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, étnica, religião ou procedência nacional.

Há também um dificuldade do negro no acesso aos espaços políticos, aos bens sociais, à produção do pensamento, à riqueza. A sociedade tem sido, apesar dos mais de 100 anos da Lei Áurea, regida por uma lógica escravocrata e machista.

A desigualdade racial brasileira é denunciada pela pesquisa da Federação do Órgão para Assistência Social e Educacional - FASE, que traz índices que levam à conclusão de que a qualidade de vida da população negra está próxima a dos países mais pobres. As famílias negras ainda são marginalizadas no processo produtivo, sendo assim os seus filhos também são marginalizados. Desta forma, no momento em que a criança deveria estar na escola ela está na rua procurando sobreviver. De 2000 menores carentes, conforme o UNICEF, 1600 são negros.

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Tratando especificamente do mercado de trabalho, inúmeras são as atitudes racistas que acabam dificultando a inserção do negro em áreas que exigem maior especialização. A exigência de "boa aparência", o assédio à mulher, a ocupação de cargos inferiores, a remuneração diferenciada do negro em relação ao branco nos mesmos cargos, a violência física (que chega a ocorrer em alguns casos) são exemplos do problema.

Iniciativas para diminuir e extinguir o racismo são necessárias para a sociedade brasileira, principalmente do auxílio da escola, mídia e universidades.

A empresária Cátia Lopes de Souza fundou a revista black People com o intuito de falar de negros e para negros tentando atenuar o racismo e interferir no destino do povo. Dentre as concepções racistas vistas e vivenciadas por Cátia, ela relata a visão do brasileiro: "O negro é exótico, como um animal para ser observado, mas não serve para ter aproximação". Estudado como um segmento da sociedade que se atrasou na dinâmica da nossa sociedade, sendo por isso parte do passado e do progresso, se marginalizou na medida em que não se integrou. Somente através da integração (biológica, social e cultural) o negro poderia se incorporar ao corpo da nação brasileira.

O NEGRO E O MERCADO DE TRABALHO

"O processo de alijamento e exclusão sofrido pelos afro-brasileiros tem tido, ao longo do tempo, a função perversa de constituir um exército de reserva de mão-de-obra barata, à disposição de um empresariado ávido de lucros e totalmente divorciado de sua responsabilidade social."

Discriminado e marginalizado, a imagem do negro perante a sociedade é de desqualificado, incapaz, impondo-se-lhe a restrição no mercado de trabalho. Em posições...

A situação dos negros no mundo atual

Por Juliana Miranda

A busca por igualdade de oportunidades vem marcando a história

dos negros no Brasil e no mundo. As marcas da desigualdade histórica

ainda estão presentes nos dias de hoje.

Muitos negros permanecem marginalizados, sofrem com o racismo e a

discriminação e não encontram condições igualitárias de educação e

desenvolvimento profissional. Um estudo recente apontou que em

fábricas um trabalhador branco ganha até 75% mais do que um negro.

É claro que os negros alcançaram algumas vitórias, mas a realidade

ainda está longe da ideal. Ainda vivemos o mito da democracia racial, e

segundo o IBGE precisaremos de pelo menos 20 anos de políticas

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afirmativas no Brasil para fomentar a igualdade entre negros e brancos.

Atualmente, a população negra no Brasil ainda está em desvantagem em

relação aos brancos em todos os itens, como violência, renda, educação,

saúde, emprego, habitação e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Segundo um relatório da ONU, não existe região ou estado brasileiro em

que a condição de vida da população negra seja melhor do que a da

população branca.

A ONU sugere que todos os países busquem uma ação conjunta entre

governo e sociedade para combater o racismo no país e melhorar as

condições de vida da população negra.

Saiba o que é democracia racial.

Em países de primeiro mundo, como Estados Unidos, existe um cenário

bastante peculiar, onde muitos negros se encontram marginalizados, e

tantos outros se destacam nas melhores universidades e empresas do

país. Uma marca dessa mudança da sociedade foi vista na reeleição de

Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/a-situacao-dos-negros-no-mundo-atual.html