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1 GE 801 - S. Figueirôa, H. Assis Jr. & J. de F. Oliveira 1 GE 801 - S. Figueirôa, H. Assis Jr. & J. de F. Oliveira 2 A idéia de continentes que se separaram após estarem unidos é antiga e surgiu algum tempo depois que os cartógrafos europeus começaram a mostrar o contorno das costas do novo mundo. Em 1596, o cartógrafo alemão Abraham Ortelius, de tanto fazer mapas, notou a similaridade no contorno das Américas, Europa e África e concluiu, no seu trabalho Thesaurus Geographicus, que estes continentes estavam juntos e depois se desmembraram devido a pressões causadas por terremotos e inundações. GE 801 - S. Figueirôa, H. Assis Jr. & J. de F. Oliveira 3 GE 801 - S. Figueirôa, H. Assis Jr. & J. de F. Oliveira 4 Em 1658, François Placet escreveu o artigo “La corruption du grand ete petit monde, ou il este montré que devant le déluge, l'Amerique n'était point separée des autre parties du monde”. Nele, sugere que o Novo Mundo se separou do Velho Mundo ocasionando a inundação do Oceano Atlântico. Alexander von Humboldt, em 1800, retorna à idéia e afirma que o Atlântico é, essencialmente, um imenso vale de rio que foi se separando aos poucos por um grande volume de água.

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A idéia de continentes que se separaram após estarem unidos é antiga e surgiu algum tempo depois que os cartógrafos europeus começaram a mostrar o contorno das costas do novo mundo.

Em 1596, o cartógrafo alemão Abraham Ortelius, de tanto fazer mapas, notou a similaridade no contorno das Américas, Europa e África e concluiu, no seu trabalho Thesaurus Geographicus, que estes continentes estavam juntos e depois se desmembraram devido a pressões causadas por terremotos e inundações.

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3 GE 801 - S. Figueirôa, H. Assis Jr. & J. de F. Oliveira

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• Em 1658, François Placet escreveu o artigo “La corruption du grand ete petit monde, ou ileste montré que devant le déluge, l'Ameriquen'était point separée des autre parties du monde”. Nele, sugere que o Novo Mundo se separou do Velho Mundo ocasionando a inundação do Oceano Atlântico.

• Alexander von Humboldt, em 1800, retorna à idéia e afirma que o Atlântico é, essencialmente, um imenso vale de rio que foi se separando aos poucos por um grande volume de água.

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• Snider-Pelligrini, em 1858, editou o livro "La création et ses mystèresdévoilés“, no qual deu sua versão dos fatos:– os continentes teriam surgido num só

bloco a partir de rochas em fusão; – um dilúvio teria resfriado o bloco e

causado uma gigantesca fissura e separado em dois continentes.

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Antes e depois do Dilúvio

1858 Snider-Pelligrini

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1879 - George Darwin• Em 1879, o astrônomo George Darwin,

segundo filho de Ch. Darwin, descreveu uma Terra antiga cuja formação havia se renovado:– Uma grande porção da Terra ter-se-ia se

destacado para formar a Lua, originando o Oceano Pacífico;

– Este fato também teria causado uma cisão no bloco continental original, resultando nos diversos continentes.

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• Em 1908, Frank B. Taylor explicou a semelhança entre os contornos da América do Sul e da África pelo movimento dos continentes no passado, que teria originado o oceano Atlântico.

• Entre 1908 e 1922, Frank B. Taylor e outro norte-americano, Howard B. Baker, independente e quase simultaneamente, publicaram diversos artigos sobre a deriva dos continentes tendo como base a continuidade das cadeias de montanhas modernas nos diversos continentes.

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• Baker, em 1908, acreditava que há 200 milhões de anos havia uma só massa de terra situada na região da Antártica.

• Em 1910, Taylor defendeu que, após o rompimento deste supercontinente, os fragmentos continentais resultantes se movimentaram em direção à região do Equador.

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Alfred Lothar Wegener (1880-1930)

• Em 1912 fez a previsão de que a crosta terrestre era formada por “balsas errantes” de rochas flutuando sobre o oceano de magma, o manto do planeta. Inicialmente, Pangea (único bloco).

• Em 1911, Wegener tomou conhecimento de conclusões paleontológicas importantes para o estabelecimento de sua teoria:

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• No Carbonífero um tipo de vegetação denominado Glossopteris cobrira todo oGondwana (termo cunhado por Edward Suess para um bloco continental que seria formado por África, Madagascar e Índia).

• No Permiano, o réptil Mesossaurus vivia na África e na América do Sul e não na Eurásia e na América do Norte.

• Na última edição de sua obra, Wegener cita caramujos encontrados na Europa Ocidental e parte Oriental da América do Norte, passando pela Islândia e Groenlândia.

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• Wegener também tratou das continuidades entre cadeias montanhosas sul-africanas do Cabo e sua continuidade pela região de Buenos Aires.

• E do planalto gnáissico da África que está “de frente” para o Brasil.

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• Wegener tinha 32 anos e era prof. de Meteorologia na Universidade de Marburgo quando apresentou sua comunicação, que seria publicada somente em 1915 com o título “A gênese dos continentes e dos oceanos”.

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• Vale lembrar que no início do século XX, outros autores defendiam a idéia das Pontes Continentais para explicar as continuidades existentes entre a flora e fauna dos diferentes continentes.

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• A Teoria de Wegener (1880-1930) foi muito criticada, mais nos EUA que na própria Europa.

• Foi classificada como antiquada, sério erro, irresponsável e perigosa.

• Wegener era Astrônomo que atuou como meteorologista durante a I Guerra enquanto se restabelecia de ferimentos sofridos por duas vezes.

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• Como coletou dados em diferentes áreas, nas quais não era considerado habilitado, foi considerado, por muitos, um impostor.

• Nessa época, prevalecia a idéia de que os relevos da Terra teriam surgido durante seu esfriamento, como aqueles da superfície de um maçã que estivesse murchando.

• Faltava comprovar na sua teoria o mecanismo propulsor das enormes massas continentais.

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Opositores

• Harold Jeffreys, por volta de 1924, elaborou uma complexa teoria quantitativa do resfriamento e contração lateral que, segundo alegou, geraria força suficiente para deslocar continentes e produzir montanhas.

• Richard T. Chamberlin, outro geólogo norte-americano, em 1928, escreveu: “se formos acreditar na hipótese de Wegener, teremos de esquecer tudo o que se aprendeu nos últimos 70 anos e começar de novo a partir do zero”.

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• Em 1928, um professor da Universidade de Edimburgo, Arthur Holmes, autor de trabalhos sobre datação geológica, postulou a existência de correntes de convecção termicamente impulsionadas no interior da Terra.

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Recepção da Teoria de WegenerA recepção da teoria da deriva foi diferenciada conforme

os diversos países: Alemanha: favorável e desfavorávelFrança: desfavorável;Suiça: favorável;Bélgica: desfavorável;Itália: desfavorável;Espanha: favorável;Holanda: favorável;Escandinávia: receptivos;Estados Unidos: desfavorável.

E no Brasil?

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Alberto Betim Paes LemeRio de Janeiro (1883 – 1938)Fez curso secundário em Paris e ingressou,

em 1903, na École des Mines, instituição em que se diplomou em 1906.

Trabalhou no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB) e ocupou a cadeira de Mineralogia do Museu Nacional, em 1911.

Em 1926, foi nomeado catedrático de “Botânica e Zoologia Industriais” e “Estudos das Matérias Primas” na Escola Politécnica-RJ.

Foi membro da Société Géologique de France, da Academia Brasileira de Ciências Cavaleiro da “Légion d’ Honneur” e professor honorário da Universidade de Paris (Sorbonne).

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Betim adotou processo gnomônico de projeção, onde focou pontos na América do Sul e na África (Cabo Frio-RJ eKimbamba – Angola espectivamente). Com este modo obteve concordância perfeita entre os continentes.

Experimentos da movimentação dos continentes em parafina.

Em seu experimento com parafina simulou o movimento dos continentes e concluiu que a deformação poderia ter gerado as dobras localizadas na região de montanhas rejuvenescidas da Serra do Mar.

Experimentos de fotografia em globo terrestre -metodologia gnomônica de projeção.

Argumentos – Os dois perfis

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Após um estudo detalhado da geologia dos dois continentes, Betim realiza uma espécie de passo-a-passo, de modo a fazer comparações do litoral brasileiro e do africano tentando estabelecer correlações estratigráficas e litológicas, especialmente das dobras huronianas. Estas apresentam resultados bastante contrários a teoria. As formações geológicas só se correspondem de modo imperfeito. Em seu esquema afirma ter havido relações, porém não contato direto dos dois continentes (...) a comparação honesta feita traço por traço não me dádecididamente a fé que transporta continentes. (p.48)

Argumentos – Correspondência entre as formações

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Ao examinar este tema ele discorre sobre a existência de rochas eruptivas esparsas por quase toda a parte tanto no Brasil quanto na África que poderiam ser identificadas por consangüinidade. No entanto, sem possuir um estudo detalhado destes dados, não foi possível estabelecer um estudo comparativo mais conclusivo. Naquele momento a teoria dos geossinclíneos (Dana, 1873) era a mais aceita pela comunidade científica, e é com base nela que ele argumenta o aparecimento dessa litologia em ambos os continentes.

Argumentos – Magmas Eruptivos

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Para explicar a correlação de fauna e flora com as atuais, América do Sul, África, Índia e Austrália, aceita a existência de um antigo continente – o Gondwana – o qual, para ele, teria parcialmente afundado no Sima em função do desequilíbrio isostático causado pelas “formidáveis impregnações de basalto”. Através de comparações entre espécies de répteis, anfíbios e animais nadadores de idades geológicas diferentes, Betim conclui que não há parentesco entres essas faunas nos continentes africanos e americano, esses animais poderiam ter atravessado o oceano a nado.

Argumentos – Biologia & Clima

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Por meio de levantamentos do fundo do Atlântico (sondagens feitas por expedições alemãs da corveta “Meteor” entre 1925 e 1927- Fig.5), Betim pensa na hipótese das pontes continentais, pois lhe pareciam mais evidentes, (...) já que nos achamos em presença de um verdadeiro continentemontuoso que teria mergulhado após um grande derrame basáltico provindos de Sima interno. (p.55)

Argumentos – Oceano Atlântico

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Várias décadas depois ....