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PAULO LEMINSKI DISTRAÍDOS VENCEREMOS 2!' edição \ editorabrasiliense

Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

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Poemas do Paulo Leminski - Editora Brasiliense

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Page 1: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

PAULO LEMINSKI

DISTRAÍDOS VENCEREMOS

2!' edição

\

editorabrasiliense

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TRANSMATÉRIA CONTRASENSO

Nas unidades de Distraídos Venoeremos

(1983-1987), resultado do impacto da poesiade Capriohos e Relaxas (1983) sobre a fina egrossa cútis da minha sensibilidade lírica,oalmes bloos ioi-bas oh us d 'un désastre

obsour, cadeias de Markoff em direção auma frase absoluta, arrisco crer teratingido um horizonte longamentealmejado: a abolição (não da realidade,evidentemente) da referência, através dararefação.

Seria demais, certamente, supor que eunão precise mais da realidade.

Seria de menos, todavia, suspeitarsequer que a realidade, essa velha senhora,possa ser a verdadeira mãe destes dizerestão calares.

I'

É qu~ndo a vida vase.É quando como quase.'

Ou não, quem sabe.

Curitiba. janeiro de 1987

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1NDICE, ÍCONE E SÍMBOLO

Distraídos venceremos 13Ais ou menos 65Kawa cauim 99

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r AVISO AOS NÁUFRAGOS

Esta página, por exemplo,.. não nasceu para ser lida.

,Nasceu para ser pálida,Ufi mero plágio da Ilíada,

alguma coisa que cala,folha que volta pro galho,

muito depois de caída.

Nasceu para ser praia,<1uem sabe Andrômeda, Antártida,

Himalaia, sílaba sentida,nasceu para ser última

a que' não nasceu ainda.

Palavras traz idas de longepulas águas do Nilo,

um dia, esta página, papiro,V'0'1ter que ser traduzida,

para o símbolo, para o sânscrito,para todos os dialetos da Índia,

vai ter que dizer bom-dia'.tO que só se diz ao pé do ouvido,

vai ter que ser a brusca pedraonde alguém deixou cair o vidro.

Não é assim que é a vida?

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A LEI DO QUÃO

Deve ocorrer em breveuma brisa que leve

um jeito de chuvaà última branca de neve.

Até lá, observe-sea mais estrita disciplina.

A sombra máxima

pode vir da luz mínima.

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MINIFESTO

ave a raiva desta noite&I..baita lasca fúria abrupta

louca besta vaca solta..uiva luz que contra o dia

tanto e tarde madrugastes

morra a calma desta tardemorra em ouro

enfim, mais seda .

l\ morte, essa fraude,quando próspera

viva e morra sobretudooete dia, metal vil,

surdo, cego e mudo,nele tudo foi e, se ser foi tudo,

já nem tudo nem seine vai saber a primavera

ou se um dia sabereique nem eu saber nem ser nem era

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ADMINIMISTÉRIO

Vim pelo caminho difícil,a linha que nunca termina,

a linha bate na pedra,a palavra quebra uma esquina,

mínima linha vazia,a linha, uma vida inteira,

palavra, palavra minha.

QUàndo o mistério chegar,já vai me encontrar dormindo,

metade dando pro sábado,outra metade, domingo.

Não haja som nem silêncio,quando o mistério aumentar.

Silêncio é coisa sem senso,não cesso de observar.

Mistério, algo que, penso,mais tempo, menos lugar.

Quando o mistério voltar,meu sono esteja tão solto,

nem haja susto no mundoque possa me sustentar.

Meia-noite, livro aberto.Mariposas e mosquitos

pousam no texto incerto.Seria o branco da folha,

luz que parece objeto?Quem sabe o cheiro do preto,

que cai ali como um resto?Ou seria que os insetos

descobriram parentescocom as letras do alfabeto?

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DISTÂNCIAS MÍNIMAS SAUDOSA AMNÉSIA

a um amigo que perdeu a memória

um texto morcegose guia por ecos

um texto texto cegoum eco anti anti anti antigo

um grito na parede rede redevolta verde verde verde

com mim com com consigoouvir é ver se se se se se

ou se se me lhe te sigo?

Memória é coisa recente;Até ontem, quem lembrava?

A coisa veio antes,ou, antes, foi a palavra?

Ao perder a lembrança,grande coisa não se perde;

Nuvens, são sempre brancas.O mar? Continua verde.

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ICEBERG POR UM LINDÉSIMO DE SEGUNDO

Uma poesia ártica,claro, é isso que desejo.

Uma prática pálida,três versos de gelo.

Uma frase-superfícieonde vida-frase alguma

não seja mais possível.Frase, não. Nenhuma.

Uma lira nula,reduzida ao puro. mínimo,

um piscar do espírito,a única coisa única.

Mas falo. E, ao falar, provoconuvens de equívocos

(ou enxame de monólogos?).Sim, inverno, estamos vivos.

tudo em mimanda a mil

tudo assimtudo por um fio

tudo feitotudo estivesse. no cio

tudo pisando maciotudo psiu

tudo em minha voltaanda às tontas

como se as coisasfossem todas

afinal de contas

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PASSE A EXPRESSÃO

Transar bem todas as ondas

a Papai do Céu pertence,fazer as luas redondas

ou me nascer paranaense.A nós, gent~, só foi dada

essa maldita capacidade,transformar amor em nada.

Esses tais artefatosque diriam minha angústia,

tem umas que vêm fácil,tem muitas que me custa.

Tem horas que é caco de vidro,meses qua é feito um grito,

tem horas que eu nem duvido,tem dias que eu acredito.

Então seremos todos gêniosquando as privadas do mundo

vomitarem de volta

todos os papéis higiê:q.icos.

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Page 10: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

o MÍNIMO DO MÁXIMO ,'-SIGNO ASCENDENTE "-.,

Tempo lento,espaço rápido,

quanto mais pensá,menos capto.

Se não pego issoque me passa no íntimo,

importa muito?Rapto o ritmo.

Espaçotempo ávido,lento espaçodentro,

quando me aproximá,simplesmente me desfaço,

apenas o mínimoem matéria de máximo.

Nem todo espelhoreflita este hieroglifo.

Nem todo olhodecifre esse ideograma.

Se tudo existepara acabar num livro,

se tudo enigmaa alma de quem ama!

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ALÉM ALMA

(UMA GRAMA DEPOIS)

+ PLENA PAUSA

Meu coração lá de longefaz sinal que quer voltar.

Já no peito trago em bronze:NÃO TEM VAGA NEM LUGAR.

Pra que me serve um negócioque não cessa de bater? .

Mais me parece um relógioque acaba de enlouquecer.

Pra que é que eu quero quem chora,se estou tão bem assim,

e o vazio que vai lá foracai macio dentro de mim?

Lugar onde se fazo que já foi feito,

branco da página,soma de todos os textos, I

foi-se o tempoquando, escrevendo,

era precisouma folha isenta.

Nenhuma páginajamais foi limpa.

Mesmo a mais Saara, Iártica, significa.

Nunca houve isso,uma página em branco. 1

No fundo, todas grita!m,pálidas de tanto. I

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\~

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Page 12: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

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MERD:A E OURO O PAR QUE ME PARECE

Merdaé veneno.No entanto, não há nada

que seja mais bonitoque uma bela cagada.

Cagam ricos, cagam padres,cagam reis e cagam fadas.

Não há merda que se compareà bosta da pessoa amada.

Pesa dentro de mim

o idioma que nã.o fiz,aquela língua sem. fim

feita de ais e de aquis.Era uma língua bonita,

música, mais que palavra,alguma coisa de hitita,

praia do mar de Java.Um idioma perfeito,

quase não tinha objeto.Pronomes do caso reto,

nunca acabavam sujeitos.Tu40 era seu múltiplo,

verbo, triplo, prolixo.Gritos eram os únicos.

O resto, ia pro lixo.Dois leos em cada pardo,

dois saltos em cada pulo,eu que só via a metade,

silêncio, está tudo duplo.

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Page 13: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

ARTE DO CHÁ t PROEMA

ainda ontemconvidei um amigo

para ficar em silêncioco:rnigo

Não há verso,tudo é prosa,

passos de luznum espelho,

verso, ilusãode ótica,

verde,o sinal vermelho.

ele veiomeio a esmo

praticamente não disse nadae ficou por isso mesmo

Coisa

feita de brisa,de mágoa

e de calmaria,dentro

de um tal poema,qual poesia

pousaria?

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Page 14: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

DESENCONTRÁRIOS

Eu, hoje, aoordei mais oedoe, azul, tive uma idéia olara.

Só existe um segredo.Tudo está na oara.

Mandei a palavra rimar,ela não me obedeoeu.

Falou em mar, em oéu, em rosa,em grego, emsilênoio, em prosa.

Pareoia fora de si,a sílaba silenoiosa.

Mandei a frase sonhar,e ela se foi num labirinto.

Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.Dar ordens a um exéroito,

para oonquistar um império extinto.

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o QUE ,QUER DIZER UM METRO DE GRITO

(MÁQUINAS LÍQUIDAS)

lIara Haroldo de Campos,translator maximus

O que quer dizer, diz.Não fica fazendo

o que, um dia, eu sempre fiz.Não fica só querendo, querendo,

coisa que eu nunca quis.O que quer dizer, diz.

Só se dizendo num outroo que, um dia, se disse,

um dia, vai ser feliz.

Leiam-se índices,mil olhos de lince,

entre meus filmes,leonardos da vinci.

Abri-vos, arcas, arquivos,súmulas de equívocos,

fechados,para que servem os livros?

Livros de vidro,discos, issos, aquilos,

coisas que eu vendo a metro,eles me compram aos quilos.

Líquidas lâminas,linhas paralelas,

quanto me dãopor minhas idéias?

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CLARO CALAR SOBREUMA CIDADE SEM RUÍNAS

(RUINOGRAMAS)

sorte no jogoazar no amor

de que me servesorte no amor

se o amor é um jogoe o jogo não é meu forte,

meu amor?

Em Brasília, admirei.Não a niemeyer lei,

a vida das pessoaspenetrando nos esquemas

como a tinta sangueno mata borrão,

crescendo o vermelho gente,entre pedra e pedra,

pela terra a dentro.

Em Brasília, admirei.O pequeno restaurante clandestino,

criminoso por estarfora da quadra permitida.

Sim, Brasília.Admirei o tempo

que já cobre de anostuas impecáveis matemáticas.

Adeus, Cidade.O erro, claro, não a lei.

Muito me. admirastes,muito te admirei.

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NOMES A MENOS

Carrego o peso da lua,Três paixões mal curadas,

Um saara de páginas,Essa infinita. madrugada.

Nome mais nome igual a nome,uns nomes menos; uns nomes mais.

Menos é mais ou menos,nem todos os nomes são iguais.

Viver de noiteMe fez senhor do fogo.

A vocês, eu deixo o sono.O sonho, não.

Esse, eu mesmo carrego.

Uma coisa é a coisa, PaI.' ou ímpar,outra coisa é o nome, par e par,

retrato da coisa quando límpida,coisa que as coisas deixam ao passar.

Nome de bicho, nome de mês,nome de estrela,

nome dos meus amores, nomes animais,a soma de todos os nomes,

nunca vai dar uma coisa, nunca mais.

Cidades passam. Só os nomes vão ficar.Que coisa dói dentro do nome

que não tem nome que contenem coisa pra se contar?

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VOLTA EM ABERTO O NÁUFRAGO NÁUGRAFO

Ambígua voltaem torno da ambígua ida,

quantas ambigüidadesse pode oometer na vida?

Quem parte leva um jeitode quem traz a alma torta.

Quem bate mais .na porta?Quem parte ou quem torna?

a letra A afunda no A

tlântiooe paoífioo oom

templo a lutaentre a rápida letra

e o ooeanolento

assimfundo e me afundo

de todos os náufragosná ugrafo

o náufragomais

profundo

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Page 19: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

BEM NO FUNDO

no fundo,. no fundo,bem lá no fundo,

a gente gostariade ver nossos problemas

resolvidos por decreto

a partir desta data,aquela mágoa sem remédio

é considerada nulae sobre ela - silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,maldito seja quem olhar pra trás,

lá pra trás não há nada,e nada mais

mas problemas não se resolvem,problemas têm família grande,

e aos domingos saem todos passearo problema, sua senhora

e outros pequenos probleminhas

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SEM BUDISMO

Poema que é boma.oaba zero a zero.

Acaba com.

Não como eu quero.Começa sem.

Com, digamos, certo verso,veneno de letra,

bolero. Ou menos.Tira daqui, bota dali,

um lugar, não caminho.Prossegue de si.

Heguro morreu de velho,e sozinho.

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Page 20: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

J

o amor, esse sufoco,agora há pouco era muito, .

agora, apenas um sopro

ah, troço de louco,corações trocando rosas,

e socos

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o HÓSPEDE DESPERCEBIDO

Deixei alguém nesta salaque muito se distinguia

de alguém que ninguém se chamava,quando eu desaparecia.

Comigo se assemelhava,mas só na superfície.

Bem lá no fundo, eu, palavra,não passava de um pastiche.

Uns restos, uns traços, um dia,meus tios, minhas mães e meus pais

me chamarem de volta pra dentro,nu ainda não volte jamais.

Mas ali, logo ali, nesse espaço,In.Ae vai, exemplo de mim,

algo, alguém, mil pedaços,"lUla início, meio a meio, sem fim.

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Page 21: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

AÇO EM FLOR

para Xoji Sakaguchi,

portal amigo entre o

Japão 'eo Brasü

Quem nunca viuque a flor, a faca e a fera

tanto fez como tanto faz,e a forte flor que a faca faz

na fraca carne,um pouco menos, um pouco mais,

quem nunca viua ternura que vai

no fio da lâmina samurai,esse, nunca vai ser capaz.

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A LUA NO CINEMA

A lua foi ao cinema,

passava :um filme engraçado,a história de uma estrela

que não tinha namorado.

Não tinha porque.era apenasuma estrela bem pequena,

dessas que, quando apagam,ninguém vai dizer, que penal

Era uma estrela sozinha,ninguém olhava pra ela,

e toda a luz que ela tinhacabia numa janela.

A lua ficou tão tristecom aquela história de amor,

que até hoje a lua insiste:- Amanheça, por favor I

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Page 22: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

ANCH'IO SON PITTORE

fra angélicoquando pintava

uma madona cal bambinose ajoelhava e rezava

como se fosse um menino

orava diante da obra

como se fosse pecadopintar aquela senhora

sem estar ajoelhado

orava como se a obrafosse de deus não do homem

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l

podem ficar com a realidadeesse baixo astral

em que tudo entra pelo cano

eu quero viver de verdadeeu fico com o cinema americano

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Page 23: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

LITOGRA VURA

Mão de estátua.

Templo. Coluna. Arco de triunfo.

Mil duzentos e cinqüenta.

Qualquer pedra na Europa

é suspeita de ser

mais do que aparenta.

Felizes as pedras da minha terra

que nunca foram senão pedras.

Pedras, a lua esfria

e o sol esquenta.

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.RIMAS DA MODA l

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1930 1960 1980

amor homem amador come cama

fome

Page 24: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

eu ontem tive a impressãoque deus quis falar comigo

não lhe dei ouvidos

quem sou eu para falar com deus?ele que cuide dos seus assuntos

eu cuido dos meus

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300.000 KMS POR SEGUNDO

De que música gostamos pernilongos?

De Schubert., de Wagner,de Debussy?

Não gostam de nada,a julgar por este aqui.

Apenas um solo de silêncio,tsso sim,

eu ouvi.

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Page 25: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

PARADA CARDÍACA

Essa minha securaessa falta de sentimento

não tem ninguém que segurevem de dentro

Vem da. zona escuradonde vem o que sinto

sinto muitosentir é muito lento

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prazerda pura percepção

.-0S sentidos

sejam a críticada razão

como se eu fosse Júlio plaza

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Page 26: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

SORTES E CORTES

a linha clara

separa a folha

a tesoura traça

a folha

na folha branca

da forma a -forma

um diabo habita o branco do olho da página

claro oculto

o vazio passa

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entre

e deixa

as claridades

uma saudade

IMPRECISA PREMISSA

(quantas curitibas cabem numa s6 Curitiba?)

Cidades pequenas,como dói esse silêncio,cantilenas, ladainhas,

tudo aquilo que nem penso,esse excesso

que me faz ver todo o senso,~mprecisa premissa,definitiva preguiça

com que sobe, indeciso,o mais ou menos do incenso.

Vila de Nossa Senhorada Luz dos Pinhais,

tende piedade de nós.

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Page 27: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

HARD FEELINGS

Oceans,emotions,

ships, ships,and other relationships,

keep us goingthrough thefog

and wandering mist.

What is itthat I missed?

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(a riddle for Manha)

. SUJEITO INDIRETO

Quem dera eu achasse um jeitode fazer tudo perfeito,

feito a coisa fosse o projetoe tudo já nascesse satisfeito.

Quem dera eu visse o outro lado,o lado de lá, lado meio,

onde o triângulo é quadradoe o torto parece direito.

Quem dera um ângulo reto.Já começo a ficar cheio

de não saber quando eu falto,de ser, mim, indireto sujeito.

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Page 28: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

para que Ieda me leiaprecisa papel de seda

precisa pedra e areiapara que leia me Ieda

precisa lenda e certezaprecisa ser e sereia

para que apenas me veja

pena que seja Iedaquem quer você que me leia

Esse poema já f01 mus1cado duas vezes. Uma por MoraesMoreira, outra por Itamar Assumpção. Que tal você?

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PAREÇA E DESAPAREÇA

Parece que foi ontem.Tudo parecia alguma coisa.

O dia parecia noite.E o vinho parecia rosas.

. Até parece mentira,tudo parecia algu:ma coisa.

O tempo parecia pouco,e a gente se parecia muito.

A dor, sobretudo,parecia prazer.

Parecer era tudoque as coisas sabiam fazer.

O próximo, eu mesmo. .

Tão fácil ser semelhante,quando eu tinha um espelho

pra me servir de exemplo.Mas vice versa e vide a. vida.

Nada se parece com nada.A fita não coincide

Com a tragédia encenada.Parece que foi ontem.

O resto, as próprias coisas contem.

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AIS OU MENOS

,

Page 30: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

AIS OU MENOS

(oração pela descrença)

Senhor,.peço poderes sobre o sono,

esse sol em que me ponhoa sofrer meus ais ou menos,

sombra, quem sabe, dentro de um sonho.Quero forças para o salto

do abismo onde me encontroao hiato onde me falto.Por dentro de mim, a pedra,

e, aos pés da pedra,essa sombra, pedra que se esfalfa.Pedra, letra, estrela à solta,

sim, quero, viver sem fé,levar a vida que falta

sem nunca saber quem é.

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Page 31: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

VOLÁTEIS~ COMO PODE?

Anos andando no mato,nunca vi um passarinho morto,

como vi um passarinho nato.

Soa estranho, esta manhã,tudo o que sempre foi meu, como pode?

Como pode que esse som lá fora,os sons da vida, a voz de todo dia,

pareça ficção científica?Onde acabam esses vôos?Dissolvem-se no ar, na brisa, no ato?

São solúveis em água ou em vinho? Como pode que ,esta palavra,que já vi mil vezes e mil_vezes disse,

não signifique mais nada,a não ser que o dia, a noite, a madrugada,

a não ser que tudo. não é nada disso?

Quem sabe, uma doença dos olhos. .

Ou serão eternos os passarinh"os?

Pode que eu já não seja mais o mesmo.Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.

Pode tudo o que puder poder.Só não pode ser tanto.

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Page 32: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

ROSA RILKE RAIMUNDO CORREIA

Marginal é quem escreve à margem,deixando branca a página

para que a paisagem passee deixe tudo claro à sua passagem.

Marginal, escrever na entrelinha,sem nunca saber direito

quem veio primeiro,o ovo ou a galin;b.a.

Uma pálpebra,mais uma, mais outras,

enfim, dezenasde pálpebras sobre pálpebras

tentando fazerdas minhas trevas

alguma coisa a maisque lágrimas

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Page 33: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

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TRÊS METADES

Meio dia,um dia e me~o,

meio dia, meio noite,metade deste poema

não sai na fotografia,metade, metade foi-se.

impuro. espírito

raro respiroo ar que aqui tenta

arquiteto

um yago vôovampiro

Mas eis que a terça metade,aquela que é menos dosede matemática verdade

do que soco, tiro, ou coice,vai e vem como coisa

de ou, de nem, ou de quase.

Como se a gente tivessemetades que não combinam,três partes, destempestades,

três vezes ou vezes três,como se quase, existindo,só nos faltasse o talvaz.

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Page 34: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

o ATRASO PONTUAL

ai daqueles

que se amaram sem nenhuma brigaaqueles que deixaram

que a mágoa nova

virasse a chaga antiga

Ontens e hojes, amores e ódio,adianta consultar o relógio?

Nada poderia ter sido feito,a não ser no tempo em que foi lógico.

Ninguém nunca chegou atrasado.Bênçãos e desgraças

vêm sempre no horário.Tudo o mais é plágio.

Acaso é este encontroentre o tempo e o espaço

mais do que um sonho que eu contoou mais um poema que eu faço?

ai. daqueles que se amaramsem saber que amar é pão feito em casa

e que a pedra só não voaporque não quer

não porque não.tem asa

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Page 35: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

Nem tudo envelhece.O brilho púrpura,

sob a água pura,ah, se eu pudesse.

Nem tudo,sentir fica.

Fica como fica a magnólia,magnífica.

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SEGUNDO CONSTA

O mundo acabando,pOdem ficar tranqüilos.

Acaba voltandotudo aquilo.

Reconstruam tudosegundo a planta do~ meus versos.

Vento, eu disse como.Nuvem, eu disse quando.

Sol, casa, rua,reinos, ruínas, anos,

disse como éramos.

Amor, eu disse como.E como era mesmo?

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Page 36: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

peguei as oinoo estrelasdo oéu uma a uma

elas estrelas não vierammas na minha mão .

todas elasainda me perfuma

ASAS E AZARES

Voar oom asa ferida?Abram alas quando eu falo.

Que mais foi que fiz na vida?Fiz, pequeno, quando o tempo

estava ~odo do meu ladoe o que se ohama passado,

passatempo, pesadelo,só me existia nos livros.

Fiz, depois, donQ de mim,quando tive que esoolher

entre um abismo, o oomeço,e essa história sem fim.

Asa ferida, asaferida,

meu espaço, meu herói.A asa arde . Voar, isso não dói.

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Page 37: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

RAZÃO DE SER DESAP ARECENÇA

Escrevo. E pronto.Escrevo porque preciso,

preciso porque estou tonto.Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece,e as estrelas lá no céu

lembram letras no papel,quando o poema me anoitece.

A aranha tece teias.O peixe beija e morde o que vê.

Eu escrevo apenas.Tem que ter por quê?

Nada com nada se assemelha.

Qual seria a diferençaentre o fogo do meu sangue

e esta rosa vermelha?

Cada coisa com seu peso,cada quilômetro, seu quilo.

De que é que adianta dizê-Ia,isto, sim, é como aquilo?

Tudo o mais que acontece,nunca antes sucedeu.

E mesmo que sucedesse,acontece que esqueceu.

Coisas não são. parecidas,nenhum paralelo possível.

Estamos todos sozinhos.Eu estou, tu estás, eu estive.

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Page 38: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

Parece coisa da pedra,alguma pedra preciosa,

vidro capaz de treva,névoa capaz de prosa.

Pela pele, .é lírio,aquela pura delícia.

Mas, por ela, a vida,a mancha horrível, desliza.

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DIVERSONAGENS SUSPERSAS

Meu verso, temo, vem do berço.Não versejo porque eu quero,

versejo quando conversoe converso por conversar.

Pra que sirvo senão pra isto,pra ser vinte e pra ser visto,

pra ser versa e pra ser vice,pra ser a'super-superfície

onde o verbo vem ser mais?

Não sirvo pra observar.Verso, persevero e conservo

um susto de quem se perdeno exato lugar onde está.

Onde estará meu verso?Em algum lugar de um lugar,

onde o avesso do inversocomeça a ver e ficar.

Por mais prosas que eu perverta,não permita Deus que eu perca

meu jeito de versej~r.

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Page 39: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

NARÁJOW

Uma mosca pouse no mapae me pouse em Narájow,

a aldeia donde veioo pai do meu pai, ;,

o que veio fazer a América,o que vai fazer o contrário,

a Polônia na memória,o Atlântico na frente,

o Vístula na veia.

Que sabe a mosca da feridaque a distância faz na carne viva,

quando um navio sai do portojogando a última partida?

Onde andou esse mapaque só agora estende a palma

para receber essa mosca,que nele cai, matemática?

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PERGUNTE AO PÓ

cresce a viaacresce o tempo

cresce tudoe vira sempre

esse momento

cresce o pontobem no meio

do amor seu centroassim como

o que a gente sentee não diz

cresce dentro

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Page 40: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

V, DE VIAGEM

Viajar me deixaa alma rasa, .

perto de tudo,longe de casa.

Em casa, estava a vida,aquela que, na viagem,

viajava, belae adormecida.

A vida viajavamas não viajava eu,

que toda viagemé feita só de partida..

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-- -----

LER PELO NÃO

.Ler pelo não, quem deral

Em cada ausência, sentir o cheiro fortedo corpo que. se foi,

a coisa que se espera.Ler pelo não, além da letra,

ver, em cada rima vera, a prima pedra,onde a forma perdida

procura seus etcéteras.Desler, tresler, contraler,

enlear-se nos ritmos da matéria,no fora, ver o dentro e, no dentro, o fora,

navegar em direção às Índiase descobrir a América.

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Page 41: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

ÚLTIMO AVISO

Adeus, coisas que nunca tive,dívidas externas, vaidades terrenas,

lupas de detetive, adeus.Adeus, plenitudes inesperadas,

sustos, ímpetos e espetáculos, adeus.Adeus, que lá se vão meus ais.

Um dia, quem sabe, sejam seus,como um dia foram dos meus pais.

Adeus, mamãe, adeus, papai, adeus,adeus, meus filhos, quem sabe um dia

todos os filhos serão meus.Adeus, mundo cruel, fábula de papel,

sopro de vento, torre de babeI,adeus, coisas ao léu, adeus.

caso alguma coisa me acontecer,informem a família,

foi assim, assim tinha que ser

tinha que ser dor e doresse processo de crescer

tinha que vir dobradoesse medo de não ser

tinha que ser mistérioesse meu modo de desaparecer

um poema, por exemplo,caso alguma coisa me suceder,

vá que seja um indício

quem sabe ainda não acabei de escrever

88 89

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DESPROPÓSITO GERAL

t

Esse estranho hábito,escrever obras-primas,

não me veio rápido.Custou-me rimas.

Umas, paguei caro,liras, vidas, preços máximos.

Umas, foi fácil.Outras, nem falo.

Me lembro dumaque" desfiz a socos.

Duas, em suma.Bati mais um pouco.

Esse estranho abuso,adquiri, faz séculos.

Aos outros, as músicas.Eu, senhor, sou todo ecos.

90

M, DE MEMÓRIA

Os livros sabem de cormilhares de poemas.

Que memórialLembrar, assim, vale a pena.

Vale a pena o desperdício,Ul1sses voltou de Tróia,

assim como Dante disse,o céu não vale uma história.

Um dia, o diabo veioseduzir um doutor Fausto.

Byron era verdadeiro.Fernando, pessoa, era falso.

Mallarmé era tão pálido,mais parecia uma página.

Rimbaud se mandou pra África,Hemingway de miragens.

Os livros sabem de tudo.Já sabem deste dilema.

Só não sabem que, no fundo,ler não passa de uma lenda.

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ATÉ MAIS INCENSO FOSSE MÚSICA

Até tu, matéria bruta,até tu, madeira, massa e músculo,

vodka, fígado e soluço,luz de vela, papel, carvão e nuvem,

pedra, carne de abacate, água de chuva,unha, montanha, ferro em brasa,

até vocês sentem saudade,queimadura de primeiro grau,

vontade de voltar pra casa?

isso de quererser exatamente aquilo

que a gente éainda vai

nos levar além

Argila, esponja, mármore, borracha,cimento, aço, vidro, vapor, pano e cartilagem,

tinta, cinza, casca de ovo, grão de areia,primeiro dia de outono, a palavra primavera,

número cinco, o tapa na cara, a rima rica,a vida nova, a idade média, a força velha,

até tu, minha cara matéria,lembra quando a gente era apenas uma idéia?

9392

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,

gardênias e hortênsiasnão façam nada

que me lembre

que a este mundo eu pertença

À glória sucedeo que sucede à água:

por mais água que beba,. qual lhe sacia a sede?

Diverso o sucesso,basta-lhe. um verso

para essa desgraçaque se chama dar certo.

deixem-me pensarque tudo não passa

de uma terrível coincidên,cia

9495

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OBJETO SUJEITO

~ I

você nunca vai saberquanto custa uma saudade

o peso agudo no peitode carregar uma cidade

pelo lado de dentrocomo fazer de um verso

um objeto sujeitocomo passar do presentepara o pretérito perfeito

nunca saber direito

você nunca vai sabero que vem depois de sábado

quem sabe um séculomuito mais lindo e mais sábio

quem sabe apenasmais um domingo

você nunca vai sabere isso é sabedoria

nada que valha a penaa passagem pra pasárgada

xanadu ou shangriláquem sabe a chave

de um poemae olha lá

POESIA: 1970

Tudo o que eu façoalguém em mim que eu desprezo

sempre acha o máximo.

Mal rabisco,não dá mais pra mudar nada.

Já é um clássico.

97

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KAWA CAUIMdesarranj os florais

é.-

99

,'I

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KAWA

o ideograma de kawa, "rio", em japonês, pictograma de umfluxo de água corrente, sempre me pareceu representar (navertical) o esquema do haikai, o sangue dos três versosescorrendo na parede da página...

litx ~(',.., 101

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- HAI

Eis que nasce completoe, ao morrer, morre germe,

o desejo, analfabeto,de saber como reger-me,-

ah, saber como me ajeitopara que eu seja quem fui,

eis o que nasce perfeitoe, ao crescer , diminui.

10~

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-- KAI

Mínimo templopara um deus pequeno,

aqui vos guarda,em vez da dor que peno,

meu extremo anjo de vanguarda.

De que máscarase gaba sua lástima,

de que vagase vangloria sua história,

saiba quem saiba.DESARRANJOS FLORAIS

A mim me bastaa sombra que se deixa,

o corpo que se afasta. ,'n

104

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amei em cheiomeio amei-o

meio não amei-o

107

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pelos caminhos que andoum dia vai ser

só não sei quando

meiodia três coreseu disse vento

e caíram todas as flores

108 109

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I

abrindo um antigo cadernofoi que eu descobri

antigamente eu era eterno

o mar o azul o sábadoliguei pro céu

mas dava sempre ocupado

110 111

Page 53: Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni

~I

enfim,viu-me,

e passou,como um filme

nu,como vim

112

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11

era uma vez noite sem sonoo cachorro late

um sonho sem donoo sol nascenteme fecha os olhos

até eu virar japonês

114 11"

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rio do mistério

que seria de mimse me levassem a sério?

choveuna carta que você mandou

quem mandou?

116 117

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praias praias sinaisum olhar tão longe

esse olhar ninguém olhajamais

[.

118

entre os garotos de bicicletao primeiro vagal ume

de mil novecentos e oitenta e sete

119

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sombrasderrubam

sombrasquando atreva

está madura

primeiro frio do anofui feliz

se não me engano

sombraso vento leva

sombranenhuma

dura

120 121

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retrato de ladoretrato de frente

de mim me façaficar diferente

na torre da igrejao passarinho pausa

pousa assim feito pousasseo efeito na causa

122 123

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entre

a águae o chá

desabrocha

o maracujá

124

1'I

-- --

ano novoanos buscando

um ânimo novo

125

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alvorada

alvoroçotroco minha alma

por um almoço

temporal

fazia tempoque eu não me sentia

tão sentimental

126 127

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cortinas de sedao vento entra

sem pedir licença

1ua à vistabrilhavas assim

sobre auschwitz?

128 129

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hoje à noitelua alta

falteie ninguem sentiu

a minha falta

tudo dito,nada feito,

fito e deito

130 131

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tarde de ventoaté as árvores

querem vir para dentro

tudo claroainda não era o dia

era apenas o raio

132

+

133

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Sobre o AutQ.r

Paulo Leminski Filho, nascido em Curitiba, Paraná, em 1944. (24 deagosto, Virgo). Mestiço de polaca com negro, sempre t1veu no Paraná (in-fância no interior de Santa. Catarina).

Publicou: Catatau (prosa experimental), em 1976, Curitiba, ed. do au-tor. Não Fosse Isso e Era Menos / Não Fosse Tanto e Era Quase e Polonaise(poemas, 1980, Curitiba, ed. do autor). Publicou poemas, com fotos de Ja-que Pires, no álbum Quarenta Cl1ques, Curitiba, 1979, ed. Etcetera.

Ex-professor de História e Redação em cursos pré-vestibulares, foidiretor de criaçãoe redator depublicidade, colaborou no "Folhetim" da Folhade S. Paulo, resenhou livros de poesia na Veja.

Poemas e textos publicados em inúmeros órgãos (CorpoEstranho, Mu-da, Código, Raposa, ete.) de Curitiba, São Paulo, Rio e Ba.h1a.

Teve seus primeiros poemas publicados na revista Invenção, em 1964,então, porta-voz da poesia concreta paulista.

Faixa-preta e professor de judô, viveu em Curitiba com a poeta AliceRuiz, com a qual teve duas filhas.

Foram publicados pela Bras1l1ense:Cruz é Souza (Enca.nto Radical),1985; Caprichos e Relaxos (Cantadas Literárias), 1985; Matsuó Bashõ (En-canto Radic81), 1985; Jesus a.C. (Encanto Radical), 1984; Agora é que sãoelas (Circode Letras), 1984; Leon Trotsltl- A paixão segundo a revolução,1986; todos de sua autoria. Além das traduções de Folhas das folhas da rel-va, de Wh1tman, 1985; Supermacho, de Alfred Jarry, 1988; Satyricom, dePetrônio, 1988; Sole Aço,de Mishima, 1988 e Ma.loneMorre, de Samuel Bec-kett, 1986. Pela Criar Edições, o livro Anseios Crípticos, 1986 e pela Scipio-ne, Guerra dentro da gente (infanto-juvenil), além de muitos textos disper-sos.

Paulo Leminski morreu no dia 7 de junho de 1989.