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DITADO INTERATIVO Consiste em fazer um novo tipo de ditado no qual, buscamos ensinar ortografia, refletindo sobre o que se está escrevendo. Ditamos à turma um texto já conhecido, fazendo pausas diversas, nas quais convidamos os alunos a focalizar e discutircertas questões ortográficas previamente selecionadas ou levantadas durante a atividade. Os alunos já sabem que o ditado é para isso e voltam sua atenção para refletir sobre dificuldades ortográficas. Ao realizar o ditado com a turma o professor faz várias interrupções, nas quais pergunta aos alunos se na frase ditada há alguma palavra mais "difícil" ou indaga explicitamente determinada palavra "difícil". A cada palavra tomada como objeto de discussão, examina-se por que ela constitui uma fonte de dificuldade. Exemplo: se o professor quer focalizar o emprego do O ou do U no final das palavras e escolheu ditar a poesia _ Acidente de José Paulo Paes, por ser um texto já trabalhado e conhecido pelas crianças, após ditar a frase: ..."que ladrão roubou o cofre do jardim", pode lançar as seguintes questões: Uma pessoa que não sabe escrever a palavra "gato", como poderia se enganar? Por quê? E uma pessoa que sabe escrever como colocaria? Temos como saber porque só se escreve com O no final? OBS: O professor pode deixar que as crianças expressem o que elas consideram difícil, mas quando é o professor que focaliza ganha-se a possibilidade de centrar mais a reflexão sobre determinada questão ortográfica. Se o professor optar por um texto que tenha sido trabalhado na área de ciências ele pode ditar um trecho onde existam palavras com dificuldades ortográficas que ele quer focalizar. RELEITURA COM FOCALIZAÇÃO A releitura consiste em refletir sobre palavras de um texto já conhecido

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DITADO INTERATIVOConsiste em fazer um novo tipo de ditado no qual, buscamos ensinar ortografia, refletindo sobre o que se está escrevendo. Ditamos à turma um texto já conhecido, fazendo pausas diversas, nas quais convidamos os alunos a focalizar e discutircertas questões ortográficas previamente selecionadas ou levantadas durante a atividade. Os alunos já sabem que o ditado é para isso e voltam sua atenção para refletir sobre dificuldades ortográficas.Ao realizar o ditado com a turma o professor faz várias interrupções, nas quais pergunta aos alunos se na frase ditada há alguma palavra mais "difícil" ou indaga explicitamente determinada palavra "difícil". A cada palavra tomada como objeto de discussão, examina-se por que ela constitui uma fonte de dificuldade. 

Exemplo: se o professor quer focalizar o emprego do O ou do U no final das palavras e escolheu ditar a poesia _ Acidente de José Paulo Paes, por ser um texto já trabalhado e conhecido pelas crianças, após ditar a frase:..."que ladrão roubou o cofre do jardim", pode lançar as seguintes questões:

Uma pessoa que não sabe escrever a palavra "gato", como poderia se enganar? Por quê?

E uma pessoa que sabe escrever como colocaria? Temos como saber porque só se escreve com O no final?

OBS: O professor pode deixar que as crianças expressem o que elas consideram difícil, mas quando é o professor que focaliza ganha-se a possibilidade de centrar mais a reflexão sobre determinada questão ortográfica.Se o professor optar por um texto que tenha sido trabalhado na área de ciências ele pode ditar um trecho onde existam palavras com dificuldades ortográficas que ele quer focalizar.

RELEITURA COM FOCALIZAÇÃOA releitura consiste em refletir sobre palavras de um texto já conhecido Durante a releitura coletiva de um texto já conhecido, fazemos interrupções para debater certas palavras, lançando questões sobre a grafia. Nesta atividade o interessante é justamente investir na possibilidade de adquirir informação sobre a ortografia das palavras por voltar-se A atenção para o interior das palavras.

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Durante a releitura, a cada frase ou trecho lido, o professor pára e lança questões estimulando, os alunos a elaborar (no papel, ou mentalmente) transgressões e debatê-las, expressando os conhecimentos que têm sobre as regras ou irregularidades.

Exemplo:O professor pode fazer a releitura de uma fábula que tenha sido trabalhada com a turma.No livro: Ortografia: ensinar e aprender de Artur Gomes de Morais, ele conta a experiência de uma professora de 3a série, que decidiu desencadear uma reflexão sobre o uso do R ou RR, uma questão que várias crianças ainda não tinham superado. A professora fez esse trabalho a partir da fábula "A cigarra e a formiga". O texto escolhido havia sido lido, comentado e reescrito na semana anterior e continha muitas palavras que propiciavam a discussão sobre o emprego do R ou RR: palavras como: "cigarra", "formiga", "inverno", "verão", "durante", trabalho", "trigo", "respondeu", etc. os alunos verbalizaram seus conhecimentos sob a forma de regras, foram registrados em seus cadernos e no quadro de regras. Algumas colocações dos alunos:

"No começo das palavras não se escreve com RR. Só usa RR no meio ou no fim."

"Quando o som é forte, como o R de 'rato', e aparece no meio das palavras, entre vogais, tem que ser RR".

"O R quando está no começo das palavras é forte", etc.

Este foi o primeiro dia de uma seqüência didática que se desenvolveu em sete ocasiões (com duração de 20 a 30 minutos em cada dia) durante duas semanas. As crianças realizaram atividades específicas em que classificavam e formavam palavras reais e inventadas que continham R e RR. E avançaram na formulação das regras que iam discutindo. 

DITADO COM TRANSGRESSÃONum primeiro dia a fim de examinar o rendimento ortográfico das crianças, faz-se um ditado cujas palavras (tanto familiares ou infreqüentes) contenham correspondências letra- som (regulares ou irregulares) de nossa língua. Um dia depois, faz-se uma brincadeira de "escrever errado de propósito", o mesmo texto que fora ditado no dia anterior.Pedir que as crianças explicassem os erros que inventaram na brincadeira.Essa prática inovadora parte do pressuposto de que, para transgredir propositalmente uma norma ou regra, o indivíduo precisa ter um conhecimento explícito do que está violando. Por isso, um aluno com

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boa ortografia deverá ter mais condições de inventar erros propositais que uma criança que apresentasse muitas dificuldades ortográficas.Os alunos "bons em ortografia" concentram mais suas transgressões sobre os pontos problemáticos da norma do português.

Trecho do texto ditado às crianças:

Bacharel é um famoso cavalo de minha cidade. Sempre passeia com umas ferraduras prateadas e uma sela chinesa que lhe dão um ar extravagante...Trecho da produção de um aluno com mau desempenho ortográfico:

bachareu ê um famoso cavalo de mia cidadi. Senbre passea com umas feradura patriada e una cela xineza que lidão ar istravagate...

Trecho da produção de um aluno com bom desempenho:Baxareu e un famozo cavalu di minha cidabisenpre paçeia com unas feraduras prateades é uma cela xiineza qe li dam um ar istravagamti...

REESCRITA COM TRANSGRESSÃO OU CORREÇÃO

Geralmente, quando reescrevemos um texto, nossa intenção é aprimorá-lo e, no que concerne a ortografia, corrigi-lo. O objetivo dos momentos de reescrita pode ser a reflexão sobre a norma ortográfica.Para esse trabalho "pode-se" usar as historinhas do Chico Bento, como recurso para refletir com as crianças sobre questões ortográficas.O professor Artur Gomes de Moraes apresenta alguns encaminhamentos experimentados para esta atividade:_ "Depois que as crianças leram os gibis em diferentes ocasiões, se familiarizaram com o personagem e descobriram que ele "falava errado", resolvemos propor atividades mais específicas. Num primeiro caso, escolhemos uma "tira" pequena e lhes pedimos que identificassem o que havia de errado na escrita da história.As crianças detectaram que, nesse texto, os verbos (no infinitivo) sempre apareciam sem o R final ("apagá", "fritá", "fazê"). Viram também que certos erros tinham a ver com o modo como os personagens Chico Bento e Zé Lelé falavam ("vamo", "ocê", "pru", "armoço"). A tarefa permitiu desencadear uma discussão mais geral sobre como as pessoas de diferentes regiões ou grupos sociais falam distintamente nossa língua, sobre o cuidado que precisamos ter ao escrever, já que não escrevemos tal como falamos. Propusemos aos alunos que reescrevessem a mesma história, mas, em lugar de

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escrever uma história , em quadrinhos, contassem o que tinha acontecido , sem usar diálogos.A situação foi planejada de modo a incluir uma reescrita com correção, sem explicitar aos alunos que eles deveriam eliminar os erros. Ao transformar os diálogos em discurso indireto, nada justificava a manutenção, na escrita, dos traços dos personagens. Os alunos localizaram o tema e levantaram algumas questões, discutiu-se com o grupo como deveriaProceder. Os próprios alunos constataram que, como eram eles que iriam contar a história, não tinham por que repetir os erros do original.Retomando o trabalho com as revistas do Chico Bento, em outra ocasião pedimos aos alunos que reescrevessem os diálogos da história (a mesma), mas que o fizessem com mais erros ainda. Eles gostaram da atividade, em que puderam revelar e discutir seus conhecimentos ortográficos. Ao transgredir, modificaram, por exemplo, a notação do gerúndio (usando "pegano" no lugar de "pegando" e "levano" em vez de "levando"). E investiram em questões ortográficas regulares e irregulares. Em todos os casos, ao reescrever _ com transgressões ou correções_, as crianças tinham a oportunidade de tratar a ortografia como um objeto de conhecimento, como algo que se aprende/internaliza por meio da reflexão." 

Trecho do livro: Ortografia: ensinar e aprender – Artur Gomes de Morais

CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRASCLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS REAIS:

Entregar às crianças uma ficha na qual tenha várias palavras com a dificuldade que se quer focalizar: exemplo: R ou RR.

Ler as instruções em conjunto:1. Procurar em jornais ou revistas outras palavras que tenham R e RR e

que possam ficar na mesma coluna da ficha, abaixo de "risada", "trabalho", "formiga", "verão", "cigarra", "honra".

2. Discutir sobre as palavras encontradas.

RISADA TRABALHO FORMIGA VERÃO CIGARRA HONRA

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CLASSIFICAÇÃO DE PALAVRAS INVENTADASO emprego de palavras inventadas só faz sentido nas situações de ensino em que se trabalha com os alunos a reflexão sobre dificuldades ortográficas regulares.Exemplo: se você pede aos seus alunos que escrevam a palavra "japequinho", você pode desencadear reflexões sobre: o J inicial, o QU, o NH, o O final, ou sobre o sufixo INHO.Embora essa palavra não esteja no dicionário, para escrevê-la tenho que obedecer a regras de nossa norma ortográfica.

Ofereça às crianças uma lista de palavras inventadas, para que as organizem e distribuam em conjuntos, buscando critérios.

OBSERVAÇÃO:Após as crianças pesquisarem e classificarem palavras reais pode-se fazer um ditado com palavras inventadas, desde que a dificuldade seja a mesma pesquisada.

EMPREGO DO "G" OU "GU"Entregar a cada dupla um cartão com várias palavras:

garoto gelo gozado goma guitarra

guerra gemada gula gengibre portugueses

guiava castigo guri guerreiro guincho_ Pedir às duplas que organizem as palavras do cartão._ Deixar as duplas negociarem uma solução para a tarefa._ Discutir coletivamente os critérios utilizados para a classificação das palavras._ Registrar as descobertas.

EMPREGO DO "C" OU "QU" Pedir às crianças que escrevam, no caderno, as palavras que se

lembram que comecem com: QUE, QUI e CA, CO, CU. Pedir às crianças que escrevam na lousa as palavras que escrevera,

pode-se fazer um conjunto com cada dificuldade. Discutir a classificação, o professor pode estimular as crianças a

transgredirem (pensando em como poderia escrever tal palavra

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erroneamente). Durante a transgressão pedir às crianças que anotem algumas descobertas que formulam enquanto justificam a grafia correta das palavras.

DIMINUTIVOS DE PALAVRAS Oferecer às crianças uma lista com vários diminutivos de palavras.

cafezinho 

animalzinho

mesinha 

ursinho

trenzinho 

papelzinho

rosinha 

bolsinha

aviãozinho 

vasinho

pazinha

mãozinho

Pedir às crianças que separem as palavras em duas colunas. Discutir critérios que usaram para separar as palavras. Anotar as descobertas.

USO DO "Ç" Peça a seus alunos que pesquisem palavras escritas com "Ç" em

revistas, jornais e livros.  Organize junto com os alunos uma lista das palavras e as copie na

lousa. 

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Proponha que eles tentem encontrar algo que seja regular   para a maioria daspalavras encontradas.

_ Tudo que os alunos forem observando é importante que seja escrito na lousa também! Assim podem discutir todos juntos o registro escrito das regularidades observadas para o uso do Ç . No final da atividade podem copiar cada um no seu caderno.

PALAVRAS COM MESMA ORIGEM Peça aos alunos que procurem no dicionário a palavra CAIXA.  Peça-lhes que observem as outras palavras que estão embaixo de

CAIXA. Caso tenha apenas um dicionário, peça a um ou dois alunos que

pesquisem no dicionário e escrevam na lousa o que observaram. Dessa forma será possível que todos participem da atividade ao mesmo tempo.

Fazer um debate sobre o que as crianças observaram. Peça que escrevam o que descobriram. 

PESQUISAR PALAVRAS QUE APRESENTAM REGULARIDADEA partir do momento que os alunos identificaram alguma regularidade em relação à grafia das palavras, é fundamental que pesquisem muitas outras palavras com a mesma regularidade, pois isto garantirá que construam a idéia de regularidade/regra. Se for uma regularidade mesmo deve valer para a maioria das palavras. Por exemplo: _ Quando as palavras terminam com o som de ANÇA, são escritas com Ç, como: dança, vizinhança, esperança, trança... Poucas palavras são escritas com ANSA; por ex: mansa, cansa. Essa pesquisa pode ser feita em vários materiais: livros, revistas, jornais, dicionários, etc.

PESQUISA DE CONTRA-EXEMPLOS Uma vez constatada a regularidade. É importante que pesquisem a possibilidade de existirem palavras em que a regra não se aplica, isto é, o contra-exemplo da regularidade significa que não é algo que acontece regularmente ou a regularidade está mal formulada. Se

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encontrarem poucos contra-exemplos, é possível aceitar como algo que acontece quase sempre, existindo apenas algumas exceções. Como é o caso de mansa e cansa para a regularidade: quando as palavras terminam com o som de ANÇA, são escritas com Ç.

CONFIRMAR REGULARIDADEApós a pesquisa é possível confirmar a regularidade observada e registrada por escrito, ou reformulá-la se necessário. É importante que as regularidades observadas pelos alunos sejam afixadas na parede da classe e copiadas num caderninho de "regras ortográficas", dessa forma podem utilizá-las quando forem revisar seus textos ou fazer outras atividades para aprender sobre ortografia.

EMPREGO DO "S" OU "SS" Organizar duplas para a execução da atividade. Descubram algumas palavras no caça–palavras abaixo.

O V A S S O U R A US Ç S O P A I O S PC P J V A S O S S ÁA O S S O Ç H A A SM U S A C O L A D SI R T S A L A B O AS O R V E T E G V RA L M E S A Z H N O

Separem as palavras encontradas em conjuntos. Procurem em jornais ou revistas outras palavras que tenham a

mesma dificuldade recortem-as e colem no caderno. Discutam o que vocês observaram. Anotem as suas descobertas.