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Diversão Fundamental

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Page 1: Diversão Fundamental

C M Y K C M YK

Saber viver EEddiittoorraa:: Ana Paula Macedo // [email protected]

3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155

20 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, terça-feira, 10 de novembro de 2009

Saiba mais sobre asbrinquedotecas públicas do Distrito Federal

Recanto das EmasLocalização: Quadra 600 Funcionamento: das 8h às12h e das 14h às 18h Telefone: 3434-5667

Localização: Quadra 108,Avenida PrincipalFuncionamento: das 8h às12h e das 14h às 18hTelefone: 3332-2690

Riacho Fundo ILocalização: AC 3, Lote 6Funcionamento: das 8h às12h e das 14h às 18hTelefone: 3399-9433

Santa MariaLocalização: Quadra314/315Funcionamento: das 8h às 18h (sem intervalo noalmoço)Telefone: 3394-3866

Aonde ir

A Associação Ludocriarte de SãoSebastião precisa de doações emdinheiro e de brinquedos, roupas,alimentos, material escolar eprodutos de limpeza para continuarfuncionando. Os interessados emajudar podem entrar em contatocom a direção.

LudocriarteQuadra 103, Conjunto 5, Casa 1Residencial Oeste, São SebastiãoTel.: 9635-5566 e 3347-0690www.ludocriarte.org

Para ajudar

P ular, correr e fazer ba-gunça. Qualquer crian-ça adora uma boa brin-cadeira. O que muitos

pais não sabem, porém, é que oato de brincar contribui para odesenvolvimento saudável eequilibrado dos pequenos. Maisdo que uma simples diversão, olazer é uma forma de a criançapesquisar, aprender e descobrirnovas possibilidades, além deexperimentar papéis sociais di-ferentes e ampliar a interaçãocom os outros. Especialistas ga-rantem: a brincadeira ajuda aformar adultos menos violentose pessoas mais criativas.

A assistente social e coorde-nadora da Associação Brasileirapelo Direito de Brincar, MarilenaFlores Martins, explica que abrincadeira traz diversas vanta-gens. “Na brincadeira, são traba-lhados conceitos como limites,regras, direitos e deveres, quesão questões presentes em qual-quer aspecto da vida. Quando acriança respeita isso na hora dadiversão, aprende a respeitartambém em seu cotidiano”, diz.

Segundo ela, aqueles que brin-cam, especialmente na primeirainfância — período que vai donascimento aos 6 anos —, desen-volvem melhor suas habilidadessociais. “Quando participamosde um jogo, temos de nos relacio-nar com o outro, negociar e en-contrar novas maneiras de resol-ver problemas. E isso tambémacaba se refletindo no comporta-mento e na maneira de ser dacriança”, conta a assistente social.

Participar desse momentocom os filhos é também umaótima dica para os pais. Espe-cialistas afirmam que essa éuma excelente forma de estrei-tar os laços de amizade e com-panheirismo. É também umamaneira de prevenir a formaçãode adolescentes e adultos vio-lentos. “Não há dúvidas que setemos a oportunidade de brin-car quando somos pequenos,nos tornamos mais adeptos àcultura de paz. Brincar nos aju-da a compreender que a violên-cia não é a maneira certa para li-darmos com nossos problemas”,completa Marilena.

Mesmo com todos esses ar-gumentos, o direito à brincadei-ra e ao lazer ainda não é inte-gralmente respeitado no Brasil.Muitas cidades não conseguemoferecer espaços de lazer ade-quados. Uma das possibilidadespara oferecer alternativas aospequenos pode ser a ampliaçãodo número de brinquedotecaspúblicas. No Distrito Federal,existem quatro espaços desse ti-po. Dois estão no Recanto dasEmas, um no Riacho Fundo I eum em Santa Maria.

A gerente de cultura do RiachoFundo I, Gilmara Duarte Xavier,conta que na brinquedoteca dacidade todas as crianças que pro-curam a entidade são atendidas.“Não existe demanda reprimida.A procura pelo espaço ainda épequena, se comparada ao nú-mero que poderíamos atender.”Para ela, a razão é o desconheci-mento dos pais sobre a existênciado local. “A maioria não sabe quedisponibilizamos esse tipo de ati-vidade. Nós possuímos inclusiveprofissionais treinados para a re-creação de crianças com defi-ciência, embora não haja nenhu-ma que atualmente frequente abrinquedoteca”, completa.

Outra razão que leva à baixaprocura é o desconhecimentodos pais sobre quão importanteé a brincadeira na vida dos pe-quenos. “Muitos preferem ocu-

Diversãofundamental

E EU COM ISSO

Brincar é um direito da criança.Segundo o artigo 227 daConstituição, “é dever dafamília, da sociedade e doEstado assegurar à criança e aoadolescente, com absolutaprioridade, o direito à vida, àsaúde, à alimentação, àeducação, ao lazer”. Já oEstatuto da Criança e doAdolescente (ECA) expressacomo parte do direito àliberdade “brincar, praticaresportes e divertir-se”. Assim,colaborar para que as criançastenham acesso à brincadeiranão é dever apenas dosgovernos e dos pais, mastambém de todos os cidadãos.Atuar para que esse direito sejaassegurado é colaborar para ocumprimento das leis.

par todo o tempo ocioso dacriança com cursos e aulas par-ticulares. Apesar da boa inten-ção, eles não percebem que aca-bam queimando uma etapa im-portante do desenvolvimentodos filhos”, explica Marilena.

Alternativa à ruaA ausência de praças e espa-

ços públicos para a brincadeiraem São Sebastião foi o que moti-vou o italiano Paolo Chirola, 38anos, a fundar a Associação Lu-docriarte em 2005. Lá, são aten-didas diariamente 160 crianças, amaioria entre 4 e 12 anos, em ho-

rário complementar ao períodoescolar. A associação é o únicoespaço de lazer para muitas de-las. “Aqui, praticamente não hápraças ou parquinhos, e a maio-ria das casas são muito pequenaspara elas se divertirem, restandoapenas as ruas, onde os perigossão muitos”, explica Chirola.

Vanessa de Sousa, 12 anos, éuma das crianças que frequentaa brinquedoteca desde sua cria-ção em 2005. A menina, que temcomo atividade preferida as au-las de informática, conta que sesente mais segura ali. “Na rua émuito ruim, acabamos fazendocoisas erradas. Aqui a gente

brinca e não pensa em fazer bes-teira.” Quem faz coro com a me-nina é Paulo Henrique, 15 anos.Há dois anos ele recebe aulas deviolão na Ludocriarte. “É bom,porque aprendemos coisas dife-rentes”, atesta.

A brinquedoteca comunitáriavive de doações. “Não recebe-mos nenhuma ajuda fixa. Assim,pagamos o aluguel do espaço emantemos as atividades com aajuda da comunidade e de pes-soas que se comprometem a aju-dar mensalmente”, conta o pre-sidente da associação. Outramaneira que a entidade encon-trou para continuar funcionan-

do são os editais e prêmios. “Noúltimo ano, vencemos o PrêmioPontinhos de Cultura, do Minis-tério da Cultura, e fomos semifi-nalistas do Prêmio Cultural Itaú-Unicef. Com o dinheiro, garanti-mos nosso funcionamento pormais tempo”, comemora.

As atividades de recreação,arte e culinária incluem oficinascom sucata, teatro, jogos tradi-cionais, informática e música.“As crianças que vêm para cáapresentam um rendimentomelhor na escola. Professores epais relatam também que ocomportamento delas melhora”,conta o italiano.

Vanessa (C), com as amigas Gabrielly e Daniele, na brinquedoteca onde pode se divertir e ter aulas de informática: “Aqui a gente brinca e não pensa em fazer besteira”

Pequenos brincam no espaço comunitário Ludocriarte, em São Sebastião: melhoria no desempenho escolar

Fotos: Evandro Matheus/Esp. CB/D.A Press

Especialistas dizem que a brincadeira é crucial parao desenvolvimento saudável das crianças. Atividadeslúdicas ajudam a melhorar a sociabilidade e aprevenir a formação de adultos violentos