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PRIMEIRA PAUTA Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Instituto Superior Luterano de Educação de Santa Catarina - Ano 2 - Nº 13 - Julho 2001 VIDA E TECNOLOGIA VIDA E TECNOLOGIA

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PRIMEIRA PAUTAJornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Instituto Superior Luterano de Educação de Santa Catarina - Ano 2 - Nº 13 - Julho 2001

VIDA E

TECNOLOGIA

VIDA E

TECNOLOGIA

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2 OPINIÃO

JULHO 2001 PRIMEIRA PAUTA

Jornal-Laboratório do Instituto Superior Luterano de Educação de Santa Catarina(IELUSC), produzido pelos acadêmicos do 5º semestre de Comunicação Social –

Habilitação em JornalismoDiretor Geral: Tito L. Lermen, Diretor do Curso: Edelberto Behs,

Professores: Gastão Cassel e Márcio Fernandes

Participantes:

Adriana Cardoso, Alessandra da Costa, Alexsandro Medeiros,Altair Nasario, Antonio Roberto Szabunia, Araceli Hardt, Charlene Serpa,Cláudio Lúcio Augusto, Cleusa da Silva Oliveira, Elisa Riedtmann da Silva,

Esther Maria Reschiliani, Fabiano Antunes de Aguiar (in memoriam), Giselle Francinede Araújo, Giselli Silva, Isabela Carolina Vargas, Jean Helfenberger, João Luiz Kula,Josi Tromm, Katherine Funke, Lindiara Tusset Wentz, Lisandra Barbosa de Oliveira,

Luciano Saraiva, Luciano Zinelli da Rosa, Luis Gustavo Pereira Fusinato,Manoela de Borba, Márcia Bento, Marília Crispi de Moraes, Martin VieiraFernandez, Patrícia Pozzo, Renata Freitas de Camargo, Rosa Lopes de

Oliveira, Sandra Lúcia Lopes Moser, Sérgio Leal Nunes, Sílvia Agostini Pereira,Suzana Gladys Ferreira, Taisa Pimentel e Vanessa C. de Oliveira Schlemm

Tiragem: 3 mil exemplares

Fale com Primeira Pauta:

Curso de Comunicação Social / IELUSCRua Alexandre Döhler, 56 – Centro – 892010 -260 Joinville – SC

Fone: (47) 433 0155 email: [email protected]

PRIMEIRA PAUTA

O impacto do futuroImagine Fred Flint-

stone, com seu carro movidoa “pés descalços”, de repenteutilizando uma moderníssimaFerrari conversível, motorsuperpotente, 300 hp... Seriaum choque, certo?

Guardadas as devidasproporções, este improvávelchoque de alguns milhares deséculos vem sendo sentidopelos habitantes da Terra nosúltimos 20 anos, aproxi-madamente. A velocidadecom que o desenvolvimentotecnológico avançou, a partirda penúltima década doséculo XX, foi impressionante– dificultando a assimilaçãodas novidades, por parte deboa parcela da humanidade.

Até hoje vemos pessoasarredias a certas novidades,apegadas a hábitos arrai-gados e firmemente enrai-zados. Há quem não seimporte em passar horasnuma fila de banco, contanto

que não seja obrigado autilizar qualquer máquina.Outros preferem tomar chá decouro de cobra, ante o receiode se submeter a umatomografia computado-rizada. Já se ouviu falar deescritores ou jornalistasacostumados a suas velhasolivettis, horrorizados com oespectro de um computador.

O que o homem devebuscar, na verdade, é umequilíbrio entre as tradiçõese os avanços. Mas não podeparar no tempo, imantado acostumes ultrapassados.

Se ainda não chega-mos ao nível da famíliaJetson, certamente estamoshá milênios de distância das“máquinas” rudimentaresdos Flintstones.

A adaptação é neces-sária em qualquer cir-cunstância, sob pena de pararno tempo e sucumbir aosavanços da tecnologia.

O choque vai continuarSe há pessoas que ainda sentem o impacto do choque tecnológico

ocorrido nos últimos anos do século XX, a essas o futuro reserva mais: osavanços tendem a ganhar velocidade, a partir de agora. A avaliação é doprofessor Romeu Kühl (foto), diretor do Instituto Superior de Tecnologia -IST - vinculado à Sociedade Educacional de Santa Catarina - Sociesc -, deJoinville. Alguns setores da atividade humana, na opinião do professorRomeu, deverão ter um desenvolvimento ainda mais rápido: “Comunica-ção, materiais, informática e automação industrial ainda têm muito a cres-cer em termos de avanço tecnológico”. Kühl chega a prever “explosão”

no caso da comunicação, por conta de umautilização mais acentuada da internet, apri-morando a transmissão de dados.

Há um alento para quem teme a di-ficuldade de se adaptar às mudanças: “Adiscrepância entre avanço tecnológico eatraso tende a diminuir”, assevera o dire-tor do IST. Ou seja: não haverá mudan-ças radicais de métodos, sistemas ou equi-pamentos; a transição será gradual. Rápi-da, mas suave. “Isso se deve ao aprimo-ramento do nível de informação, que di-

minui distâncias e capacita as instituições a absorver e implantar novastecnologias”, explica Romeu Kühl.

No caso específico do Brasil, o diretor do IST vê similaridades, emdiversas áreas, com países mais adiantados. “O país tem muitos projetostão avançados como os de nações do Primeiro Mundo”, anima-se Kühl.Mas ele também aponta um entrave: a universidade pública carece derecursos para aplicar em pesquisa e na formação de novos profissionais.“Com uma atenção maior neste problema, o governo dará condições aoBrasil de formar bons tecnólogos e pesquisadores”, espera Romeu Kühl.E conclui com uma constatação otimista: “Nossa distância em relação aoPrimeiro Mundo está diminuindo rapidamente”.

EDITORIAL

Da beira do rio à moderna máquina, o salto tecnológico

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3CONTRASTES

PRIMEIRA PAUTA JULHO 2001

Até onde vai a tecnologia? Épossível concretizar asvisões futuristas de

meados do século passado? Ointelecto humano tem limites? Asmáquinas vão dominar a vida sobrea Terra? O homem vai ser engolidopor sua própria Ciência?

Estas são algumas perguntasfreqüentes deste início de terceiromilênio. Há quem tente respondê-las, objetivamente. O ex-ministroOzires Silva, atual presidente daVarig, diz que a tecnologia aindatem muito a progredir, e aponta astelecomunicações globais como umdos campos a se desenvolver commais rapidez. A biotecnologia, ananotecnologia, a navegação aéreae o posicionamento global (GPS)são citados por Ozires Silva comoobjetos de muita pesquisa edesenvolvimento.

Para Luiz Bevilacqua,professor de Engenharia Industrialna Universidade Federal do Rio deJaneiro, a universidade tem umpapel importante no amortecimentodo choque tecnológico. “O queprecisamos – diz ele – é elevar

O medo do desenvolvimentoAinda que avançe tecnologicamente, homem tem dificuldades o progresso

Em vários setores da atividade humana, os exempos de como a tecnologia avançou

“Perigo, perigo!”

LINDIARA WENTZ

ROBERTO SZABUNIA

O homem tem medo do quepode produzir. Há até um certofundamento nestereceio, a julgarpelas palavras deBill Joy, cientista-chefe da SunMicrossystems,ouvido pela revis-ta Superinteres-sante: “Robôs,organismos gene-ticamente modifi-cados e nanor-robôs, criadospara resolver pro-blemas da huma-nidade, possuem um fator perigo-so: podem se reproduzir”.

Não faltam, na ficção cientí-fica, exemplos desse temor. Quemnão se lembra do supercom-

putador HAL 9000 de “UmaOdisséia no Espaço”, que tomou

conta danave e elimi-nou tripulan-tes, obceca-do por ir aJúpiter?

E os“replicantes”de “BladeR u n n e r ” ?Nos dois ca-sos, as má-quinas cria-das pelo ho-mem se vol-

tam contra ele. Mas, normalmen-te, há alguma forma de eliminar as“rebeliões” tecnológicas. Para issoé necessário, apenas, maistecnologia.

Dona Hilda Francisca daSilva Amândio mora no Centrode Joinville. Todos os dias,chega do trabalho ao anoitecere acende um lampião a gás. Aágua, captada numa nascente,é aquecida no fogão a lenhapara o banho de toda a família.Para ela, que sonha em ter umageladeira, a tecnologia aindanão chegou. Vizinha do ParqueZoobotânico, Hilda reclama:“Até as cobras do parque têmluz elétrica”.

Esta é a realidade dasvinte famílias que residem nomorro do Boa Vista. Elas vivemno coração da maior cidade deSanta Catarina como seestivessem no início do séculopassado, sem luz e água

encanada.O diretor regional da

Celesc, Flávio Camargo,explica que a empresa não temautorização da Prefeitura paralevar a energia até o morro. “Alei proíbe construção deimóveis acima da cota 40, áreaconsiderada de preservação”,diz Camargo.

Para a Prefeitura, ascasas foram construídas irregu-larmente. Os moradores,porém, alegam ter recebido umtermo de posse do ex-prefeitoPedro Ivo Campos. Asprimeiras casas estão lá há 40anos. Agora, filhos dosprimeiros moradores jáconstruíram também por lá. Econtinuam com luz de lampião.

MEU LAMPIÃO DE GÁS

nossa autoconfiança. Sem paixãonão acontece nada.”

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4 RELAÇÕES PESSOAIS

JULHO 2001 PRIMEIRA PAUTA

A internet está se tornando um modo fácil e cheio de opções para as pessoassem companhia. Protegidas pelo

monitor e pelos nicks (apelidos) elas sentem-se menos inibidas nos contatosvirtuais.

“Sozinho” e “Nikita” eram os nicks deDouglas Campestrini, 20, e Vanessa Lohmann,21, antes de começarem a namorar, há um anoe meio. Eles fazem parte de uma nova geração.Pessoas que se conhecem em salas de bate-papo e decidem namorar. Vanessa nunca acre-ditou que um namoro pudesse dar certo pelainternet.

Douglas raramente freqüentava salas debate-papo. O oposto de Vanessa, que virava anoite conversando pela internet. “Entrava nainternet só pra zoar”, revela. Ele foi a única pes-soa com quem ela conversou de maneira séria.

Ao contrário de outras pessoas que se re-lacionam pela internet, os dois nunca pergunta-ram sobre as características físicas de cada um.Em menos de um mês decidiram se encontrar eas expectativas de se conhecerem aumentaram.“O que será que ele vai pensar de mim?”, ima-ginava Vanessa.

Quando finalmente se encontraram pare-ciam ser grandes amigos. “Era como se a gentejá se conhecesse há tempo”, conta Douglas.Depois de alguns encontros resolveram namo-rar. Vanessa acredita que se eles tivessem seconhecido em outro lugar, não estariam juntos.

Antes de começar a namorar cada umnavegava pela internet uma hora e meia por dia.Atualmente só acessam para ver os e-mails. Otempo reduziu para meia hora e as salas de bate-papo são coisas do passado.

ARACELI HARDT E RENATA CAMARGO

Douglas e Vanessa, dovirtual para o real

Douglas e Vanessa são um exemplo de que relacionamentos iniciados pela internet podem dar certo

Fotos Araceli Hardt

“Tá afim de tc? Ke tal um n@morovirtu@l?”

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5RELAÇÕES PESSOAIS

PRIMEIRA PAUTA JULHO 2001

Trinta e cinco mil títulos musicaisconseguidos através da Internet

Não são raras as vezes em que Adelmo AncelmoMartins, 26, começa a trabalhar às 11 horas damanhã. Pudera! Normalmente ele vai dormir aoamanhecer, depois de passar a noite conectadoà internet. Suas navegações na rede são as maisvariadas possíveis. Como ele mesmo diz, “nãodá para fazer toda noite a mesma coisa”. Elevaria dos chats de bate-papo e jogos às páginasde Filosofia. Mas sua busca preferida é atrás demúsica. Através de seus contatos virtuais ele jáconseguiu 35 mil títulos. Com os mais variadosestilos, a sua preferência é o europop - são 3.500títulos neste estilo. Adelmo já conseguiu músicasaté da Coréia.

Mas a Internet não rende só música.Recentemente Adelmo (que prefere não sedeixar fotografar) arranjou uma namorada virtual.Eles ainda não se conhecem pessoalmente, masisso está prestes a acontecer. É que a moça é deSão Paulo, e o rapaz vai muito à capital paulista.

Além de música, filosofia e namoro,Adelmo se interessa pelas páginas de informática.Ele presta serviços como técnico da área paradiversas empresas. E, mesmo tendo cursado afaculdade, muito do seu conhecimento eminformática veio das pesquisas na internet. Oatendimento aos clientes é feito durante o dia,dividido com o trabalho de designer. Afinal, a noiteestá reservada para a internet.

Adelmo conta que em 1995, quandocomeçou a navegar na WEB, só existia em

Adelmo dorme poucas horas por noite procurando as mais variadas páginasJOSI TROMM E VANESSA SCHLEMM

Primeira Pauta - Quanto tempo você passaconectado na internet por dia?Francisco - Nos dias de semana, por ser maiscaro, eu acesso uma hora. Alguns dias euultrapasso este período. Nos fins de semana eufico de quatro a cinco horas no computador.

PP - Que horário você acessa?F - A partir da meia-noite, de segunda a sexta-

Trocar o dia pela noite conectado nainternet. Esta é a rotina do estudante FranciscoBrunken Neto, 16. Mesmo tarde da noite lá estáele, jogando e conversando através da rede.

feira. Finais de semana o horário é livre.

PP - De onde você costuma acessar?F - Eu geralmente conecto a Internet em casa.

PP - Que sites você mais freqüenta?F - Bem, eu entro em chats de temas livres, ICQe meus e-mails, mas estes, muito pouco. Gostode jogar, não chega a ser vício, mas semprequando tenho tempo livre, com certeza lá estarei,travando batalhas intercontinentais com meu PC.

PP-Trocou algo em sua vida pela internet?F - Não, até agora não, mas não sabemos como

será o amanhã.

PP -Em que a internet já te beneficiou?F - Com a internet, podemos ter conversa maisaberta e sincera. Não precisamos olhar nos olhos,nos sentindo muitas vezes humilhados, ousuperiores. Todos são iguais, livres para exportudo o que sentem e torcer para que uma pessoaatenda. A não obrigatoriedade do nome torna aconversa espontânea. A pessoa a quem você sedirige não poderá usar as suas aflições, ambiçõese medos contra você. Você é como um livro semautor, alguns gostam da história, outros detestam,mas não podem aconselhá-lo ou descartá-lo.

Uma maneira de não se expor

Joinville um computador ligado na rede, o da FEJ– Faculdade de Engenharia de Joinville -, ondeele cursava Processamento de Dados. Era de lá

que ele fazia as pesquisa referentes aos sistemasque muitas vezes eram disponibilizados em inglês,língua que ele não dominava na época.

Foto Divulgação

Dos anos 90 em diante, computador essencial na vida do homem, especialmente à noite

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6 LINGUAGEM

JULHO 2001 PRIMEIRA PAUTA

PALAVRA SIGNIFICADO

Naum Não

Pq Por quê, porquê,

por que, porque

Tbm também

Oie Oi

Vc, vuxe você

Blz como você está?

Tkx obrigado

Ndx de nada

Kd onde

Sux algo muito ruim

Kem quem

Intaum então

Hj hoje

Depoix depois

Moxo moço

Aff suspiro

Hehehe risada

Axa acha

Q o que

Newx novidades

Xauz tchau

:), : D sorriso

:( triste

: p mostrando a

língua

: * e bjox beijos

VOCABULÁRIOPara facilitar e agilizar osbate-papos na internet, a

regra é simplificar e escrevero mais próximo possível damaneira de falar. Os sonscompostos por duas letrasdevem ser substituídos pelaletra que melhor exprime o

som. Ex: ch por x .

Internet ensina novo be-a-báADRIANA CARDOSO, CLEUSA

OLIVEIRA E MARÍLIA MACIEL

Blz, tc, ):. Podem parecerpalavras de outra línguapara quem não tem acesso

à internet. Para umalegião de internautas que navegapelos chats de conversação, sãoexpressões do dia-a-dia. Alinguagem das salas de bate-papoé a escrita despreocupada com asnormas da língua portuguesa, algopróximo da comunicação oral. Atéque ponto este novo estilo decomunicação pode influenciar alinguagem escrita das novasgerações?

Para Orlando Borchardt,professor de Língua Portuguesa eRedação há 39 anos, os estudantesconseguem separar bem os doistipos de linguagem. Nas redaçõesutilizam a língua padrão, procuramobedecer às normas gramaticais.Nos chats procuram abreviar asfrases para uma comunicação maisrápida. “É claro que aparecemtermos como clicar, mouse,utilizadas na informática, mas nãohá uma mistura de linguagem naescola”, explica o professor. Aprodução intensa de textos é a

receita para desenvolver alinguagem escrita.

A falta de posição e adificuldade de delimitar um temasão problemas enfrentados pelosestudantes em suas redações e quepodem, segundo Borchardt, estarrelacionados à internet.

Garotada prefere lazer na redeA variedade de assuntos na

internet preocupa pais e professo-res. Borchardt reclama da falta decritério dos sites. “Há luxo e lixo,muito lixo na rede. Devia existir ummecanismo de controle.” MárcioEsteves, 16, costuma navegar to-dos os dias, pelo menos duas ho-ras. As salas de bate-papo são ossites prediletos do adolescente. “Ébom conversar com a galera, tantofaz se é gente conhecida ou lá doNorte do país.”

Mariana Berkstein, 17, con-fessa que nunca entrou numa bibli-

oteca virtual: “É demorado, prefi-ro ir à biblioteca do colégio”. A es-tudante utiliza diariamente ainternet para enviar e-mails e en-trar nas salas de conversação. Oassunto das mensagens nunca ésério. “Na internet você pode fa-lar o que quiser, é uma diversão.”

Para o professor Borchardta internet não trouxe nenhum re-flexo positivo para a produção detextos, porque os estudantes nãobuscam conhecimento na WEB,apenas lazer. Sobra menos tempopara os estudos.Orlando: “Há lixo e luxo na rede”

Salas de bate-papo são os sites prediletos dos adolescentes“Há uma banalização de váriosaspectos da vida ,como a mentira,a corrupção. Os jovens estãoconectados ao mundo virtual, masdesconectados da vida real”,afirma. O excesso de informaçõesleva à superficialidade. Para osinternautas, a imagem interessamais que o texto.

Fotos Adriana Cardoso

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7ENTREVISTA

PRIMEIRA PAUTA JULHO 2001

Primeira Pauta - A internetestá modificando o modo comoas pessoas falam e escrevem?

Jorge Campos - Não pode-mos acreditar que a escrita na for-ma impressa de um livro, numa le-genda de cinema, sob a forma deinternet, terá o mesmo conteúdo.Há um efeito sobre a semântica dalinguagem por parte da natureza dosveículos. A internet não é apenasum instrumento a mais que deva serconhecido como uma técnica, ela éoutra forma de conhecimento, geraoutras formas de avaliação de lin-guagem, expectativas de leitura, for-mas de interatividade. Isso tudo fazcom que, por exemplo, o diálogoentre as pessoas, inclusive à distân-cia, torne-se possível quando nosesquemas tradicionais a comunica-ção é dialógica ou de massa. Ainternet gera a possibilidade de co-municação típica de massa, masinterativa.

PP - Nos chats a comunica-ção escrita aproxima-se daoralidade. Isso enriquece ou em-pobrece a linguagem escrita?

Jorge Campos - Na realida-de esta oposição escrita/fala é umpouco falsa. São quase dois siste-mas diferentes. O que acontece naInternet é que as pessoas, dado ocaráter extremamente eficiente dosfeedbacks, podem se aproximarmais da oralidade. O que caracteri-za a oralidade é justamente ofeedback instantâneo. Pode-se fa-lar de uma maneira frouxa e diretaporque qualquer distorção poderáser corrigida instantaneamente. Aescrita clássica é diferente da fala

JORGE CAMPOS

“O inglês evoluirá para dialeto universal”

Pós-doutor em Lingüística,o professor universitário JorgeCampos enxerga na internet umfator de inclusão social capaz deacelerar a globalização. Para ele,a linguagem da internet não acar-reta influências na escrita ou naoralidade, mas prevê a evoluçãodo inglês para dialeto universal.O professor diz que aglobalização é tendência naturalda humanidade, e a internet umaferramenta para atingir esteobjetivo.Ele falou ao PP:

porque tem vida por si só. Se a pes-soa não entendeu, não há como che-car mais.

PP - Nem todas as pessoastêm acesso à internet e conse-qüentemente, à sua linguagem.Isso não pode gerar mais um fa-tor de exclusão social?

Jorge Campos - Há umagrande preocupação em relação àtecnologia em geral no sentido deque ela pode excluir as pessoas.Sempre é verdade que numa socie-dade de classes, onde a maioria temprivilégios e exclui a grande maio-ria desfavorecida,também atecnologia é um fator deexcludência, as classes mais altasterão recursos tecnológicos, compu-tadores mais sofisticados.A grandeinjustiça com a tecnologia é de queentre os objetos de exclusão, atecnologia é um dos que mais favo-recem a inclusão. Hoje, pobres e ri-cos do Brasil, apesar de ser um paísde terceiro mundo, distinguem-semuito menos por terem ou não tele-

visão do que pela alimentação. Co-midas dietéticas, tão importantespara a saúde, remédios, academiasde ginástica, distinguem muito maisclasses dominantes edesfavorecidas do que a TV.

PP - Na internet há muitaspalavras em inglês. Estamos ca-minhando para um idioma híbri-do ou para uma segunda língua?

Jorge Campos - Existe umagrande preocupação com osestrangeirismos. Eu acho razoáveisas intenções nacionalistas de prote-ção da nossa cultura, dos nossos va-lores, combate ao abuso deestrangeirismos e cultura importa-da. Mas nesse caso existe uma ou-tra dimensão a ser avaliada. Desdeque a história humana é registradahá uma tendência para aglobalização. Não é um fenômenorecente como parece. O que ocor-re é que o fator da língua comodiferenciador de cultura entre po-vos sempre foi um obstáculo àglobalização e com a internet o in-

glês, por ser a língua do povo eco-nomicamente dominante no mundo,se impõe. Esse caráter de imposi-ção deve ser combatido, mas existeoutro caráter na situação , maiorque o neoliberalismo e tendênciasde colonialismo cultural que é a ten-dência natural do ser humano oglobalização, à aproximação, à soli-dariedade entre povos e contra àdiscriminação. O inglês cumpre umpapel esperado nesta globalização,não há porque odiá-lo nesta pers-pectiva. Talvez amanhã passemospor uma fase de língua híbrida. Opróprio inglês vai sentir esta influ-ência de como os diversos povos oentendem e passaremos a uma es-pécie de dialeto mais universal quetalvez não tenha muita coisa emcomum com o inglês clássico ame-ricano que nesse momento invadea internet.

PP - Uma criança que estásendo alfabetizada e ao mesmotempo vê o adulto digitando numchat, escrevendo através desímbolos e abreviações, podesofrer algum prejuízo no apren-dizado?

Jorge Campos - A realidadeda comunicação sempre foi comple-xa. Sempre houve uma certa dife-rença na fala solta, do dia-a-dia ena linguagem escolar. Ainda assimas crianças distinguem as formas decomunicação diversas. Não há ne-nhum problema cognitivo para queambas as condições se desenvolvame, além disso, é óbvio que o efeitoda internet sobre o ensino tradicio-nal aproxima as duas formas decomunicação.

Jorge Campos: “A internet é uma forma de inclusão”

Foto Adriana Cardoso

PP - O jornalismo on line jáencontrou sua próprialinguagem?

Jorge Campos - A internet ébastante jovem e ainda vai mudarmuito com relação à produçãojornalística. Em cada veículo amensagem recebe as interferênciasda natureza do meio. Ainda existemuito do jornalismo tradicional narede. Precisamos investigar maispara poder tornar este jornalismo,na interface com esta tecnologia,mais rico e não simplesmente ficarnuma dimensão saudosista.

ADRIANA CARDOSO, CLEUSA

OLIVEIRA E MARÍLIA MACIEL

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RELAÇÕES

PRIMEIRA PAUTA

Gilvane Drefhal, 38, traba-lha há seis anos em umafundição da cidade. Du-

rante esse período, passou por vá-rios setores da empresa. Atualmen-te, exerce a função de operador demáquina. Na sua opinião, o desen-volvimento das novas tecnologiastrazem junto aspectos positivos enegativos. “Melhora para quem estáempregado, só que reduz o númerode funcionários. Não tem volta”,afirma.

Avanço tecnológicotraz benefícios, mas reduz

emprego, diz operário

Questionado sobre os benefí-cios da informatização, Gilvane é ca-tegórico: “Melhorouem torno de 60%”.Apesar de não atuarmais como vazador,ele relembra o tem-po passado naquelelocal. Segundo o tra-balhador, a cadameia hora tinha quelavar o rosto, devido a poluição doambiente de trabalho. “Muitos che-gavam até a desmaiar devido ao

calor”.Como atualmente o proces-so é computadorizado, diminuiu

sensivelmente o con-tato dos operárioscom o produto. Con-seqüentemente, ascondições de traba-lho melhoraram.

Ao entrar naempresa, o ex- vigi-lante tinha a 8a. sé-

rie do primeiro grau incompleta.Com o incentivo da firma, concluiuo segundo grau. Além disso, teve

Condição de trabalho melhorou

“Muitoschegavam até a

desmaiardevido ao

A aquisição de novos equipa-mentos e os investimentos emcapacitação dos trabalhadores fo-ram destacados por Gilvane. Ele sa-lienta as mudanças ocorridas na em-presa, principalmente no setor devazamento. Drefhal conta que hádois anos praticamente todo o tra-balho era feito manualmente. As “pa-nelas”, com cerca de 200 quilos dematerial líquido em alta temperatu-ra, eram empurradas com a mão.Hoje, segundo o operário, todo otrabalho é automatizado, controla-do por computador. Os equipamen-tos foram adquiridos da Alemanha.

noções de inglês, para facilitar aoperação de equipamentos impor-tados, e constantemente está fazen-do cursos de aprendizagem indus-trial e aperfeiçoamento. De acordocom o trabalhador, estudar é umamaneira de melhorar o salário e ga-rantir o emprego.

Morador do bairro Boa Vistae pai de quatro filhos, Drefhal de-clara não ter planos para o futuro.Devido a idade, considera o maisimportante assegurar o sustento dafamília.

Há dois anospraticamente todo o

trabalho era feitomanualmente

TEXTO E FOTO ALEXSANDRO MEDEIROS

Gilvane, ao lado, teve que completar o segundograu para continuar noemprego. Além disso,constantemente está fazendocursos de aperfeiçoamento naárea em que atua

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8/9S DE TRABALHO

JULHO 2001

No final dos anos 60 e du-rante toda a década de 70,o Brasil viveu tempos que

hoje trazem saudades a muitos tra-balhadores. “Meu pai me contavaque naquela época as pessoas sai-am de manhã para procurar serviçoe já ficava trabalhando”, relata o au-xiliar de serviços gerais José CarlosCorrêa. Próximo de completar 45anos, ele diz ter perdido a espe-rança de conseguir emprego comcarteira assinada.

A idade é um dos fatores res-ponsáveis pelo seu insucesso na bus-ca de um emprego no mercado for-mal. No entanto, sem qualificaçãoprofissional, José Carlos ilustra per-feitamente o grupo de pessoas mar-ginalizado pelo mercado de traba-lho. A competitividade imposta àsempresas brasileiras, depois daabertura da economia, exigiu a ime-diata modernização do parque fa-bril nacional.

Com maquinário praticamen-te sucateado e mão de obradesqualificada, o país sofreu com aconcorrência dos países mais indus-

Reciclagem é fator obrigatóriotrializados. Mas como sempre, aconta foi e está sendo paga pelascamadas mais bai-xas da sociedade. Aautomação não é no-civa. E em muitoscasos, aumenta ossalários na opiniãodo professor deeconomia da Univer-sidade da Região deJoinville(Univille),Vilmar Anderle. Eletem absoluta certeza

de que o Brasil estaria bem pior nãofosse a implantação do processo de

automação. “ Sema modernizaçãodas indústrias nãoé possível produ-zir e competir commercados de altaprodução total-mente automa-tizados”, sustentao professor.

Conforme aopinião do pro-

fessor e a posição de alguns empre-sários, o que houve de errado foi odespreparo do Brasil. “Colocamosa carroça na frente dos bois. Deví-amos ter modernizado nossasindustrias e treinado trabalhadorespara depois abrir o mercado brasi-leiro”, diz o empresário AdolarButzke. Ele cita a falência de váriasempresas em Joinville, causando odesemprego de milhares de pesso-as , para justificar sua posição.

A automação veio para ficar.O setor de serviços não vai, ao con-trário do que se anunciava, absor-ver a mão-de-obra desempregadapelas maquinas. Embora o governofaça propaganda de investimento naeducação, são tímidos os recursosdestinados ao ensino superior. Dan-do prioridade para o ensino funda-mental, o Ministério da Educaçãocorta a corrente. Pois quem vai en-sinar às crianças de primeira a 8ª sé-rie se os universitários não recebe-rem os subsídios (financeiro e inte-lectual) necessários? Parece retóri-ca, mas realmente não existe saídapara a crise no mercado sem inves-timento pesado na educação.

“Devíamos term o d e r n i z a d onossas industrias et r e i n a d otrabalhadores paradepois abrir o

A situação no mercado de trabalho em Joinville deve piorar nospróximos anos. Matéria do Jornal “O Estado de São Paulo”, publicadano dia 10 de maio(página A14), a partir de dados do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística(IBGE), apontam para um crescimen-to maior na população das cidades de médio porte. Embora o cresci-mento populacional venha diminuindo, Santa Catarina foi o Estadoque teve o maior aumento da população do interior, com 93,61%.

Na cidade de Joinville nascem 22,6 crianças por dia, ou 678 emum mês, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. A mortalidademédia por mês é de 180 pessoas, segundo dados da Central Funerá-ria. A cidade recebe oficialmente 150 migrantes mensalmente ( dadosaproximados), de acordo com informações da Secretaria do Bem Es-tar Social. Para seguir no raciocínio, foi preciso levantar números deempregos criados durante o ano de 2000.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico o de Joinville, As-sociação Comercial e Industrial, Associação da Pequena e Média

Empresa e a Câmara de Dirigentes Lojistas forneceram números dosquais extraímos uma média. Tabulando os dados coletados, chega-mos a 314 novos empregos por mês no ano que passou. Se comparar-mos o número de nascimentos, menos o de mortes e somarmos os 150migrantes que chegam à cidade mensalmente, teremos 648 novoshabitantes. Criando somente 314 novas colocações, geramos um dé-ficit de 334 postos de trabalho.

Temos ainda o profissional liberal e a economia informal. Mas éimpossível acreditar que estes setores preencham o “saldo devedor”do mercado de trabalho joinvilense. Principalmente, se considerar-mos a constante automação de nossas indústrias. Pelo cálculo desen-volvido, mesmo que o processo de automação cessasse agora, aindaassim teríamos falta de empregos. Na impossibilidade de acabar coma modernização, novas maquinas continuam a ser criadas, paraincrementar o setor produtivo, minimizando custos e extinguindopostos de trabalho.

ALTAIR NASÁRIO

Automação diminui número de vagas

foto em bai-xa

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1 0 ENTREVISTA

JULHO 2001 PRIMEIRA PAUTA

“Não é preciso ir a SP para criar tecnologia”

Miguel Abuhab: sempre optei por contratar pessoas de Joinville

Foto Divulgação

MIGUEL ABUHAB

A informática promoveu amaior e mais rápidatransformação nas relaçõeseconômicas que a história jápresenciou. A aplicação doscomputadores na gestão dasempresas, tanto em suaadministração quanto em seusprocessos produtivos, temrepercussão direta no perfil dostrabalhadores dessa novaeconomia.

Joinville assistiu, ao longode duas décadas, a um bomexemplo do que a economia daera da informática é capaz defazer. Antes predominantementefabril, hoje em dia a maiorcidade do Estado é também umdos grandes pólos nacionais deprodução de software. O númerode empresas de informática quesurgiram nesse período atestaessa mudança de perfil.

Entre essas empresas, umadas pioneiras foi a Datasul S.A.,que emprega mais de 400funcionários diretos e ultrapassaos 100 milhões de reais defaturamento anual. Ementrevista ao Primeira Pauta, ofundador e presidente doConselho Administrativo, MiguelAbuhab, dá um testemunho dasmudanças que a economia daregião conheceu ao longo de 20anos de atuação da empresa.

JOÃO LUIZ KULA

Primeira Pauta - Por queJoinville foi a cidade escolhidacomo sede da Datasul?

Miguel Abuhab - Na verdade nãofoi escolhida. Eu morava emJoinville e decidi que sairia daConsul e trabalharia na área deinformática. Fiz proposta dedesenvolver a área de informáticapara algumas empresas da região.Então a nossa empresa começou ase desenvolver em Joinville. Muitasvezes me perguntavam por que eu

não iria para São Paulo. Sempreachei que São Paulo não seria umacidade adequada para fazerdesenvolvimento, pela qualidade devida, pelo stress. As pessoas, naverdade, não precisariam estar emSão Paulo. Acho que o fato de estarem Joinville contribuiu muito para osucesso da nossa empresa.

PP - Naquela época, qualmercado a Datasul pretendiaexplorar?

Abuhab - A Datasul tinha comomercado empresas de médio porte,mesmo porque os computadores, naépoca, eram muito caros. Uma dasproposições era oferecer sistemaspara a área comercial, mas naqueletempo o comércio não sentia anecessidade de sistemas desse tipoe nós evoluímos muito maisrapidamente vendendo nossossistemas para indústrias do que para

o comércio. E hoje, finalmente, nósvoltamos a operar em comércio,quase 20 anos depois de nossasprimeiras incursões nessa área.Hoje efetivamente o comércio estácarente, sente necessidade desistemas na área de informática.

PP - Havia consciência por partedos empresários, naquelemomento, do potencial que ainformática poderia ter?

Abuhab - Eles não tinham umavisão de como essa tecnologia iriaevoluir. E até mesmo eu não tinha.Simplesmente acreditava em umaevolução muito grande, nodesenvolvimento de computadoresmais capazes, mais rápidos. Eu sónão sabia se isso viria em cinco anosou em dez anos. Os empresários daépoca entendiam que os sistemasestariam muito mais adequados para“back office”, contabilidade, contas

a pagar, estoque, compras, e a gentenão visualizava essa evolução todade Internet, comércio eletrônico,etc. Isso ninguém imaginava há 20anos.

PP - Em seu início, como e ondea Datasul recrutava mão-de-obra?

Abuhab - Sempre optei porcontratar pessoas de Joinville esempre as incentivei para queviessem a crescer, a se formar e segraduar. Sempre entendi que muitaspessoas poderiam vir de fora porqueestavam procurando emprego. Masse elas não tinham algum motivomaior para estar em Joinvillepoderiam eventualmente voltar asua cidade natal. É por isso que eudava preferência para pessoas quejá tinham raízes em Joinville. Nãonecessariamente joinvillenses, maspessoas que tivessem famíliamorando em Joinville.

PP - O que mudou, no aspectomão-de-obra disponível, hoje emdia?

Abuhab - Todos os trainées epessoal júnior eram da cidade econtinuam sendo. No passado eusempre procurava promover aspessoas mais antigas às posiçõesdentro da empresa. Desde nossogerente financeiro era alguém queveio da área de programação. Ouseja, todo mundo passava pelaprogramação. Existia uma carreirana empresa, as pessoascomeçavam como programador eviravam economistas, viravammarketing. Isso não poderia ter sidofeito e foi uma mudança grande.Hoje, nós temos em cada áreaalguém que muitos anos trabalhouna área. Essa foi a grande diferençae quem sabe a gente deveria tercomeçado a fazer isso há maistempo.

Continua na página 11

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1 1ENTREVISTA

PRIMEIRA PAUTA JULHO 2001

PP - Como era a concorrência deoutras empresas no início ecomo ela é atualmente?

Abuhab - No inicio os “players”internacionais acho que nem sabiamque o Brasil existia. Não tinham omínimo programa, a mínima atençãopara aquilo que acontecia no Brasil,pelos nossos problemas econômicose a própria dificuldade da legislação.Então eles não entravam nessabriga. Era uma briga entre asempresas locais, e entre essas nós,talvez por uma estratégia um poucomais acertada, crescemos mais doque os outros. Agora, é evidente quequando a se fala em concorrênciainternacional mudam os pesos.Quando passamos a ter estabilidadeeconômica em nosso país, muitosconcorrentes internacionaisentenderam que o Brasil seria umaoportunidade. Aí então começouuma concorrência bastante forte emrelação à Datasul, ao nosso produto.Finalmente hoje os concorrentesreconhecem que nós temos um

espaço nesse mercado econvivemos bem. Por mais que elesqueiram aumentar sua participação,eles reconhecem a nossa presença.

PP - Como a Datasul tem tratadoda questão da globalização daeconomia e o acirramento dadisputa dos mercados?

Abuhab - Nós sempre entendemosque tivemos um bom produto edecidimos então, na época de 93-94, abrir uma operação no exterior.E... só não erra quem não tenta, enós de fato fomos para o mercadointernacional e erramos na estratégiade produto. Decidimos fazer umproduto que seria do produto Brasil,porque nós não queríamos complicarnossos clientes internacionais emfunção dos problemas do dia-a-diado Brasil. Criamos uma versãoexclusiva para a área internacional.Mas acontece que o produto Brasil,pela demanda dos clientes, cresceumais do que a versão internacional.Então embora tenhamos vendido

umas 50 cópias no mundo, foi muitocomplexo manter essa versãoatualizada. Hoje nós corrigimos essedesvio e nosso produto é um produtoúnico, que atende vários países.Temos um produto único, estável.Temos uma operação na Argentinaque está indo muito bem,umaoperação no México e nos EUAtemos um contrato com a empresaForesigth, cujo primeiro clientepassa a rodar ao vivo agora emprimeiro de junho. Nós nospreparamos para essa globalizaçãohá quase 10 anos atrás. Tivemosdificuldades, corrigimos osproblemas e hoje começamos a tero resultado da nossa política deinter-nacionalização. Entendemosque muitas empresas querem virpara o Brasil, mas temos algumasvantagens competitivas em relaçãoa eles. Nosso custo de mão-de-obrapermite que tenhamos produtos tãobons, ou melhores, do que os deles,desenvolvidos a um custo maisbaixo. E é a arma que nós temospara lutar lá fora.

PP - Com tantos recursosdisponíveis hoje em dia para agestão de uma empresa, quecaracterísticas o senhor vêcomo fundamentais para oempresário do século 21?

Abuhab - Acho que deve ser umempresário muito bem atualizadotecnologicamente. A tecnologia vaiimpulsionar os negócios. Asempresas convencionais deverãoutilizar forte participação detecnologia, quer seja nos processosde compra e venda como nosprocessos de fabricação. Esseempresário, além das característicasde ser empreendedor, independente,arrojado, precisa ter uma visão, umconhecimento tecnológico. Precisaadotar técnicas de gestão, que sãomuito importantes, para que venhaa manter seu cliente satisfeito. Etudo isso são processos de melhoriacontínua que as empresasaprenderam na década que passoue que certamente vão ter que utilizarna “década de zero”, digamos assim.

“Não é preciso ir a SP para criar tecnologia”Continuação da página 10

A conta da comodidade

Internet, recepção de TV por satélite, telefone celular exemplos dealta tecnologia aplicada ao dia-a-dia. Mas a conta, em quanto fica? Pacotecompleto com 150 canais, recebendo o sinal digital do satélite na TV desua casa: R$ 88,70 mensais. Plano Sempre Local com direitoa 30 minutos livres mensais, porém com custo adicional deR$ 0,42 por minuto em ligações locais ou não do seu telefonecelular: R$ 30,00 . Acesso ilimitado em número de horas aoprovedor de internet: R$ 30,00 ( valor médio) . Assinaturabásica residencial da linha telefônica fixa com direito a 100impulsos, de quatro minutos , por mês: R$ 19,77. No fim domês a conta chega a R$ 168,47. Quase um salário mínimo.Não estão incluídos serviços cobrados a parte, como no casoda TV por assinatura os filmes pay-per-view que custamentre R$ 4,50 e R$ 9,50 cada um. Ou ainda a tarifa adicionalde R$ 0,42 em cada minuto ao usar o celular fora da cidadede origem . Mesmo que o numero de horas de uso do provedor de Internetseja ilimitado o limite dos 100 impulsos é facilmente superado, dá apenaspara 6 horas e 36 minutos de conexão, o que passar disto custa mais R$0,07 a cada impulso. Uma hora de Internet vai acabar custando poucomais de 1 real, pode parecer pouco mas para quem usa diariamente istorepresenta pelo menos mais R$ 30,00 na conta telefônica ao fim de ummês. Você não vai querer ver os 150 canais em uma TV qualquer, que taluma de 29 polegadas ? O folheto de uma grande rede de supermercados

oferece uma em promoção, custa a vista R$ 805,76 mas não é o suficiente.Aoperadora de TV por satélite cobra alem da mensalidade mais R$ 299,00pelo kit de recepção. Cansou de TV? Que tal navegar não em um rio oumar mas na internet, um imenso oceano de link’s, sem água e sem ondas

mas com ocasionais tormentas aos seus marinheirosprovocadas pelos vírus de computador.

A promessa de acessar à internet por telefone celularainda não realizou-se. O computador ainda é a melhor má-quina para usar na internet e pode custar pouco. Por me-nos de R$ 400 pode-se comprar o real computador popu-lar: um velho 486 usado. Para acessar à internet usandolinha telefônica normal dá e sobra, mesmo que os vendedo-res de computadores novos digam o contrario. Mas é difícilpensar com o bolso frente a um Pentium III de 800megahertz. Afinal tem multimídia, CD de 50 velocidades,

monitor de 15 polegadas , um disco rígido de 20 gigabites e memória deelefante: 64 megas. E tudo isto para executar um editor de texto, ler e-mail , acessar a internet e de vez em quando ouvindo CD com qualidadede som de radio AM a válvula, resultado das caixinhas de som que acom-panham o computador. Quase me esqueci de dizer o preço: apenas R$2.420,00. Onde comprar ? Na mesma rede de supermercados que oferecea TV. Como se vê é fácil de achar produtos de alta tecnologia, difícil podeser pagar, para quem tem espirito consumista . Melhor fechar a conta.

SERGIO LEAL NUNES

Tecnologia:necessidade

ouconsumismo ?

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1 2 SERVIÇO

JULHO 2001

Enquanto o Brasil nãoencontra uma soluçãopara resolver seus

problemas de exclusão social.Começam a aparecer idéias paraamenizar as desigualdades dopaís. Uma dessas idéias foi trazidada Espanha. O empresário doramo da informática ManuelJimenez, 34 anos, encontrou noBrasil um mercadofavorável para ampliarseus negócios.

Proprietário deuma empresa quedisponibiliza acesso àinformática na Espanha.O empresário trouxe aidéia para o Brasil. Olocal é conhecido como“Ciber Espaço”.Quisoques sãomontados com váriosc o m p u t a d o r e sconectados a internet. Ousuário tem muitas opções desdeconsultas na rede até a utilizaçãode algumas ferramentas detrabalho (softwares). Com umcusto de 1 real para cada 15minuto, somente para acessar, ousuário pode criar textos,escanear fotos e imprimirtrabalhos.

Em Joinville o Ciber estáfunciona há quatro meses noShopping Cidade das Flores.Além de ser um local seguro paraeste tipo de negócio. O shoppingserve como ponto estratégicopela concentração de pessoas. Ouniversitário do curso deEngenharia Elétrica, SérgioSouza, de 18 anos, usa oquiosque para fazer trabalhos da

Tecnologia apartir de 1 real Local

disponibiliza

acesso fácil à

informática em

Joinville

faculdade. “Eu não tenhocomputador em casa por isso venhoaté o quiosque”, conta. Os jovenssão os maiores freqüentadores doespaço. Cerca de cem pessoasvisitam o Ciber todos dias.

INICIO

A história começou com uma

dois quiosques na cidade. E outrosdois em Campinas e São José dosCampos no interior de São Paulo.

NACIONALIDADE

O empresário espano-brasileiro confessou preferir viverna Europa ao invés do Brasil. Semtitubear Manuel Jimenez declarou.“Na Espanha o padrão de vida ébem melhor, a gente tem de tudosaúde, educação e economiaestável. A única coisa que nós nãotemos é o clima do Brasil.

Se tivesse o climadaqui, seria perfeito”.Informado sobre o objetivodo Ministério da Educação degarantir acesso tecnológico aosalunos do ensino público,Jimenez admitiu que o país estáno caminho certo.

idéia na Espanha.Trabalhando emum grupo empresarial europeu,Jimenez decidiu sair do empregopara montar um negocio próprio.“Eu me uni a um amigo, e a gentetinha a intenção de montar umnegocio para trabalhar por contaprópria”relata.

Os dois conheciam muitopouco sobre informática. “A idéia jáexistia a gente arriscou. Montamoso primeiro, depois o segundo e jápartimos para o Brasil”.

No Brasil, Jimenez decidiumontar um ciber depois queprecisou usar a internet e nãoencontrou nenhum local quedisponibiliza-se este tipo de serviço.Até o inicio do semestre oempresário pretende montar mais

CLAUDIO L. AUGUSTO

Manuel Jimenez, proprietário do ciber espaço

“Na Espanha o padrão de vidaé bem melhor, a gente tem detudo saúde, educação eeconomia estável. A única coisaque nós não temos é o clima doBrasil. Se tivesse o clima daqui,seria perfeito”

PRIMEIRA PAUTA

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1 3SERVIÇO

PRIMEIRA PAUTA JULHO 2001

Os bancos investiram quase R$ 3 bi-lhões na compra de programasinformatizados para maior agilidade no

seu sistema. Este dado é apontado pela Federa-ção Brasileira das Associações de Bancos(Febraban) e que tem o objetivo de representaras instituições bancárias e contribuir para o aper-feiçoamento de suas atividades.

Os bancos e a tecnologia estão ligados di-retamente pela facilidade no atendimento de mi-lhares de pessoas. O desenvolvimento dainformatização faz com que essas instituiçõesmelhorem sua potência e aumentem sua receita.

Conforme uma funcionária de um bancoprivado, que prefere não se identificar, a maioriadas empresas investe em tecnologia e reduzemo quadro de empregados, desvalorizando o tra-balho humano. “Já nos bancos, quanto maistecnologia, maior o número de funcionários. Issoporque o banco visa dar maior comodidade paraos clientes que já possui e sair em busca de no-vos clientes para manter o pioneirismo, pois acompetição é freqüente”, explica ela, compro-vando com os dados da Febrabam que indicamum aumento de 1,2% na contratação defunionários, em 200. As transações automatizadasestão cada vez mais freqüente nas instituiçõesbancárias.

As transações automatizadas, realizadassem a intervenção de funcionários, representamuma parcela cada vez maior do total de opera-ções, especialmente porque podem ser feitas emperíodo muito mais amplo do que nas agências eem locais mais próximos e cômodos. Os clientesprecisam ir cada vez menos às agências para arealização de serviços financeiros. A secretáriaPriscila Scortegana, cliente do Banco do Brasil,afirma que realiza todos os serviços necessáriosno caixa eletrônico. “Eu uso o caixa automáticopara fazer serviços de depósitos e saques”,informa.Com a distribuição dos equipamentos àdisposição dos usuários em todos os tipos de de-pendências bancárias e em locais de interessepúblico fez com que reduzissem as filas nas agên-cias e tornasse o atendimento mais ágil e cômo-do para os clientes (leia, na próxima página, di-cas para evitar filas).

Entretanto alguns clientes não pensam damesma maneira, como o auxiliar jurídico EdsonLuís Pinheiro.

Bancos investem no atendimentoTecnologia nas agências agiliza a rotina de clientes

DESCASO

Conforme Edson, alguns bancos da cida-de tendem a não dar um bom atendimento aosseus clientes, principalmente aos idosos. “Eu fi-quei uma hora em fila de banco, com cinqüenta eoito pessoas na minha frente.O fato que maisme deixava revoltado foi descaso do gerente dobanco e dos funcionários.Chamei um funcioná-rio educadamente, e perguntei quem era o res-ponsável pela agência. Ele olhou bem sério pramim e disse: eu não sei. Eu falei para ele que senão chamasse o responsável em cinco minutoseu faria um escândalo e fiz, inclusive excitei oresto dos clientes a fazerem o mesmo. Após al-gum tempo o gerente veio e teve a petulância deme mandar ficar quieto. Existem agências emJoinville que pensam que o cliente épalhaço”,conclui.

Em contrapartida a essas reclamações, aLei Municipal nº 4248//00 estabelece que as ins-tituições financeiras devem criar um controle depermanência através de senha de entrada e saí-da com tempo máximo de 15 minutos em fila.

Para as instituições que não cumprirem essalei, as punições seguem de acordo com a se-guinte ordem: advertência, multa, suspensão daatividade e cassação de funcionamento. Os con-sumidores podem fazer reclamações ao Procone a partir das denúncias, o órgão providencia fis-calização aos bancos, notificando para que seadeqüem ao sistema num prazo de 72 horas.De acordo com o diretor do Procon, Gilberto deFreitas, os bancos joinvilenses foram notifica-dos no final do ano 2000, com prazo para que seadequassem. “No mês de maio as reclamaçõesaumentaram. O consumidor está sendo desres-peitado, as instituições não podem tratar o clien-te como mercadoria, cabendo ao banco se preo-cupar com o cliente. O banco que melhor aten-der terá vantagem”,declara.

No âmbito nacional, conforme estatísticade atendimento por área, recém divulgada, asreclamações referentes a assuntos financeirosapresentaram queda de 37,3% eram 7.622 em1999 e caíram para 4.768 em 2000. Houve tam-bém diminuição de 7,39%, no total de consultase reclamações relativas a assuntos financeiros.

ESTHER RESCHILIANI, GISÉLLE ARAÚJO E LISANDRA DE OLIVEIRA

O diretor do Procon, Gilberto de Freitas, acima, informa sobre a lei dos 15 minutos

Foto Gisélle Araújo

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1 4 SERVIÇO

JULHO 2001 PRIMEIRA PAUTA

Planejar pagamento de contas é ideal

ESTHER RESCHILIANI,

GISÉLLE ARAÚJO E

LISANDRA DE OLIVEIRA

� Débito automático para pagar contas de água, luz, telefone e gás.� Evite filas aproveitando as comodidades que o sistema bancário coloca a suadisposição� Débito programado para pagar as demais contas - condomínio, escola, clube, cartões etc.� Basta agendar o pagamento da conta por telefone.� Pagamentos com cartão. São mais rápidos, reduzem suas despesas com talões de chequese evitam filas para depósitos.� Consultas de saldo, aplicações, transferências, pagamentos, pedidos de talões etc,tudo por telefone.� Pagamento de contas em terminais com leitores de código de barras.� Equipamentos de auto-serviços/atendimento - caixas automáticas, terminais declientes, microcomputadores pessoais (home e office banking e Internet ).� Caixas coletoras que recebem envelopes com as contas a pagar juntamente com cheques edepósitos.

Para maior rapidez na utilizaçãodo serviço procure evitar as datasde maior concentração de pessoasnas agências, normalmente nos dias5, 10, 25 e 30/31 de cada mês, 2ª e6ª feira. Fazer uma programaçãodo horário para ir ao banco,evitando os horários de picoabertura da agência, almoço epróximo ao fim do expediente.Outra dica é fazer umplanejamento, administrando asdatas de vencimento das contas,aproveitando para pagá-las de umasó vez.

A descoberta da penicilina aconteceu de formaacidental por Alexander Fleming, em 1928, durantesuas pesquisas sobre a gripe. A penicilina é umantibiótico importante, derivado de um mofo. Eficazcontra uma ampla variedade de doenças bacterianas,age destruindo as bactérias de forma direta ouinibindoseu crescimento.

Desde sua descoberta acidental em 1896, os raiosX se tornaram uma ferramenta vital no diagnóstico etratamento das doenças. Produzidos pelo bombardeiode um alvo de volfrâmio com elétrons de altavelocidade, os raios X são absorvidos pelos ossos eatravessam os tecidos moles dos órgãos internos. Emuma chapa radiográfica, os ossos aparecem brancos eos tecidos moles, cinzentos. Os raios X paradiagnósticos odontológicos e médicos são de baixaintensidade. Os de alta intensidade são capazes dedestruir os tecidos, sendo utilizados no tratamento docâncer.

As células cancerosas, caracterizadas por sedividirem com muita rapidez, mostram-seespecialmente vulneráveis aos raios X. Hoje já existemaparelhos de raios x digitais que expõem o paciente auma menor quantidade de radiação.

DICAS PARA UM ATENDIMENTO RÁPIDO

Duas descobertas mudaram a medicina

SAIBA MAIS

O que mais impressionou nadescoberta dos raios X foi seu poder depenetração e a possibilidade devisualização do interior do corpo humanoatravés das vestes e da pele.

A imagem obtida com os raioscatódicos foi de início considerada comoum tipo especial de fotografia. A imprensanoticiou a descoberta com destaque,havendo controvérsia, tanto de admiraçãoe louvor ao notável feito do físico alemão,como pelo lado ridículo ou senso de humor.

Conforme relata Bleich, a radiografiapassou a ser objeto de curiosidade e atéde preocupação, pois invadia a privacidadedo corpo humano. Uma loja de Londreschegou a anunciar a venda de roupasíntimas à prova de raios-X.

Um deputado nos EUA apresentouprojeto de lei proibindo o uso, no teatro,de binóculos providos de raios-X. EmNova York, a fluoroscopia era anunciadacomo "espetáculos de Roentgen", ao preçode 5 a 20 dólares.

Raio-X foi descoberto em 1896

Bancos orientam para evitar dias de pagamento de folhas salariais

Divulgação

foto embaixa

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PRIMEIRA PAUTA JULHO 2001

Prontuário eletrônico com in-formações do paciente; hos-pitais conectados em rede;

radiografias arquivadas em discosópticos; acesso a resultados de exa-mes pela internet; programa que si-naliza para o fim do soro; marca-ção de consultas pela web. Essas eoutras modernidades, impensáveishá alguns anos, já fazem parte docotidiano de muitas pessoas.

As redes de alta velocidade eo avanço da internet não estão mu-dando apenas a forma como se faznegócio ou a maneira de ensinar. Aprática milenar da medicina tambémestá passando por profundas trans-formações. Os exames já podem seravaliados por médicos no outro ladodo mundo e cirurgias são feitas àdistância.

Apesar de todo o avanço, ain-da existem muitos desafios a ven-cer, como a falta de recursos doshospitais para investir nas inovaçõestecnológicas. A criação de padrõesque permitam que diversos sistemastroquem informações também podeser outro entrave no progresso damedicina tecnológica.

Quem sai na frente são oshospitais e clínicas particulares quepossuem recursos para investir emnovidades. Um exemplo vem dePorto Alegre, da Gump Medical andVirtual Systems, que desenvolveuuma tecnologia chamada HomeCare. O sistema consiste de câmerade vídeo ligada a um computador nacasa do paciente, que o médicoacessa do seu consultório. Assim, oprofissional pode ver o estado dodoente, acompanhar o uso da medi-cação e até orientar o controle deuma crise. As imagens podem sergravadas em CD-RW e fita casse-te, e transmitidas pela linha telefô-nica, mas sem utilizar a internet.Para rodar o sistema é necessário

Diagnósticos médicos por e-mailMáquinas invadem cada vez mais os consultórios

um microcomputador na casa dopaciente e outro no consultório mé-dico.

Máquinas modernas e altatecnologia também são utilizadaspor um dos maiores hospitais deJoinville, o CHU – Centro Hospita-lar Unimed -, no setor de radiologia,responsável pelos diagnósticos porimagem. Segundo Renato LuizZimmermann, chefe do serviço deRadiologia , este é o coração dohospital. “Por aqui passam em mé-dia duas mil pessoas por mês”, diz .A extensa área conta com apare-lhagem de última geração, e os di-agnósticos são imediatos, inclusivenos centros cirúrgicos, que utilizamaparelhos portáteis. “Como usamosequipamentos modernos, os riscossão mínimos, por isso utilizamos todoo material de proteção exigido parasetores deste porte”, comentaZimmermann.

E como ficam os pacientesdiante de tanta tecnologia? Para adona de casa Regina da Cunha, aspessoas não saberiam mais viversem a medicina moderna. “A gentejá tem medo de fazer uma cirurgiacom todos esses aparelhos; já ima-ginou passar por isso sem a segu-rança das máquinas?”, questiona.Para outros, como o pedreiroArnaldo Günter, as inovações pare-cem não fazer muita diferença.“Não adianta tecnologia se não te-mos dinheiro para pagar médicos,hospitais e um simples exame desangue”, indigna-se Günter.

Satisfação e revolta se mistu-ram nas opiniões sobre o assunto.Polêmicas como a do acesso àsmodernidades da medicina e o usoadequado dessa tecnologia – clones,bebês de proveta - permeiam as dis-cussões entre pacientes e médicos.Mas, é impossível negar os benefí-cios gerados pela tecnologia namedicina. Resta ao homem apren-der a lidar com suas criações etorná-las mais humanas.

LUÍS GUSTAVO FUSINATO,ROSA DE OLIVEIRA E

SANDRA MOSER

Laboratórios investem em tecnologia de ponta (foto acima),enquanto a relação médico/paciente se torna cada vez maisdependente dos “cuidados eletrônicos” (foto abaixo)

Fotos Arquivo EDM Logos

SAÚDE

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