67
Educação para as Relações Étnico- raciais - Ensino de História e Cultura Afro- brasileira e Africana. Prof. Hist. Glauco Ricciele P. L. C. Ribeiro Mestrando em Políticas Públicas e Bolsista da CAPES pela Universidade

Educação para as relações étnico-raciais e ensino de cultura Afro brasileira

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Educação para as Relações

Étnico-raciais - Ensino de História e

Cultura Afro-brasileira e Africana.

Prof. Hist. Glauco Ricciele P. L. C. RibeiroMestrando em Políticas Públicas e Bolsista da CAPES pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC.

Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08

• Lei de Inclusão da História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena nos Currículos Escolares

• Uma conquista para a sociedade Brasileira.• 10 anos de Lei. Quais seus resultados?• Vasta Produção Acadêmica e Bibliográfica.• A educação formal é suficiente para a superação

da exclusão sócio racial?• Os professores estão preparados para o

cumprimento da Lei?• Têm formação suficiente acerca do tema? • E como isso está sendo repassado para os alunos?

A política educacional brasileira traz a exclusão já em seu bojo, pois não só o preconceito de classe, mas também o preconceito

de raça e as propostas curriculares voltadas para as classes populares constituem-se em falácias e fortalecem o mito da

democracia social. Na medida em que não inclui a história da África e da cultura afro-brasileira nos currículos escolares do

país, nossa política educacional não leva em conta a identidade dos negros, não respeita seu modo de ser e de pensar o mundo, resiste a considerar a imensa influência que a cultura africana sempre exerceu sobre o modo de ser do brasileiro, com seus mais de 40% de população negra e mestiça. Esse segmento,

com escolaridade insuficiente e padrão de vida bem abaixo da média, precisa conhecer a história brasileira sob o ponto de vista não dos vencedores, mas do daqueles que realmente

foram os protagonistas (CARENO, 2005, p.2).

CARENO, Mary Francisca do. A Lei 10639/03, a diversidade cultural e étnica e as práticas escolares. Disponível em: <www.grubas.com.br/Informe/cursos/lei10639/Projeto%20para%20o%20site.doc>.

O ImperialismoJustificativas europeias

para a colonização:- Crise Econômica Europeia 1876-1892- Nacionalismo- O “fardo do homem branco”- Cristianismo evangelista- Darwinismo Social

Benefícios econômicos e políticos do Imperialismo

para a Europa:- Novos mercados consumidores.- Fornecimento de matéria-prima e bens agrícolas baratos.- Mão de obra barata.- Exportação de capitais.- Escoamento da população européia.- Exploração de riquezas naturais ainda inexploradas.- Aumento do prestígio nacional.

RESISTÊNCIAS AO COLONIALISMO

INDEPENDÊNCIAS (1950-1980)

ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO

Matrizes Culturais: indígena, europeia, africana e asiática.

Estudando a Cultura Afrobrasileira

• O estudo da África e dos Africanos.• A luta dos negros no Brasil. • A cultura negra brasileira e o negro na formação

da sociedade nacional.• Resgate da contribuição do povo negro nas áreas

social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil.

História e Cultura Africana e Afro Brasileira.

Educação das Relações

étnico-raciais

HISTÓRIAO Continente Africano

como berço da humanidade

identificando-o como uma das matrizes legítimas

da cultura humana geral eem especial do Brasil

ARTESCompreender a arte como

cultura , Identificando e reconhecendo as

concepções estéticas africanas como referenciais

que poderão auxiliar na construção de novas

percepcões e sobre a real identidade brasileira.

CIÊNCIASAprendizado de conceitos e

a construção de conhecimentos com base

científica que levem ,a reflexão sobre preconceitos estereótipos e discriminações

advindas do senso comum sobre os seres humanos na

terra e suas relações

EDUCAÇÃO FÍSICAPráticas corporais advindas

das variadas manifestações culturais,

valorizando-as como patrimônio cultural

e respeitando os diferentes grupos étnicos e sociais.

LINGUA ESTRANGEIRA

Conecxões com símbolos culturais e políticos de

outros continentes como instrumento de cidadania,

ampliando o acessoas experiências culturais e históricas africanas

e da diáspora.

PORTUGUÊSRespeitar a diversidade

cultural brasileira por meio do reconhecimento das heranças inguísticas africanas,seus discursos

históricos culturais, códigos e símbolos.

MATEMÁTICAReconhecer e valorizar

os vários saberes matemáticos que são

construídos por iferentes

povos e culturas, levando em conta sua

visão de mundo.

GEOGRAFIAA diversidade sócio cultural brasileira numa perspectiva

geográfica. Compreender que o território brasileiro e

africano foram e continuam sendo espaços produzidos

pelas relações sociais estabelecidas gerando

desigualdades e contradições.

Eixos Temáticos

1- Desconstrução;2- Heranças Cultural;3- Celebridades afro-brasileira;4- Manifestações artístico-culturais;5- Luta e Resistência;6- Mitologia afro-brasileira e africana;7- Corpo;8- Religiosidade;9- Vestuário;10- Culinária.

Desconstruindo o imaginário Brasileiro a respeito dos Povos Africanos

• A África não é uma selva tropical.• A África não é mais distante que outros

continentes.• As populações Africanas não são isoladas e

perdidas na selva.• O europeu não chegou um dia na África trazendo

a civilização.• A África tem história e também tinha escrita

1

2

Heranças Cultural: Cultura Africana e Cultura Afro-brasileira

3

Celebridades Afro-Brasileira: Representações

4

Manifestações Artístico-Culturais: A face de um povo

Carnaval

• Entrudo• Salões• Carnaval de Rua• As Escolas de Samba• A indústria Carnavalesca

Mangueira - 100 Anos de Liberdade, Realidade Ou Ilusão (1988)

O negro samba, o negro joga a capoeiraele é o rei na verde-rosa da mangueiraSerá...Que já raiou a liberdadeOu se foi tudo ilusãoSerá...Que a lei áurea tão sonhadaHá tanto tempo assinadaNão foi o fim da escravidãoHoje dentro da realidadeOnde está a liberdadeOnde está que ninguém viuMoçoNão se esqueça que o negro também construiuAs riquezas do nosso brasilPergunte ao criadorQuem pintou esta aquarelaLivre do açoite da senzalaPreso na miséria da favelaSonhei...Que zumbi dos palmares voltouA tristeza do negro acabouFoi uma nova redençãoSenhor...eis a luta do bem contra o mal...contra o malque tanto sangue derramoucontra o preconceito racial

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE - LIBERDADE, LIBERDADE! ABRE AS ASAS SOBRE NÓS! (1989)Liberdade!, Liberdade!Abre as asas sobre nósE que a voz da igualdadeSeja sempre a nossa voz, mas eu digo que vemVem, vem reviver comigo amorO centenário em poesiaNesta pátria mãe queridaO império decadente, muito rico incoerenteEra fidalguia e por isso que surgemSurgem os tamborins, vem emoçãoA bateria vem, no pique da cançãoE a nobreza enfeita o luxo do salão, vem viverVem viver o sonho que sonheiAo longe faz-se ouvirTem verde e branco por aíBrilhando na Sapucaí e da guerraDa guerra nunca maisEsqueceremos do patrono, o duque imortalA imigração floriu, de cultura o BrasilA música encanta, e o povo canta assim e da princesaPra Isabel a heroína, que assinou a lei divinaNegro dançou, comemorou, o fim da sinaNa noite quinze e reluzenteCom a bravura, finalmenteO Marechal que proclamou foi presidenteLiberdade!, Liberdade!Abre as asas sobre nósE que a voz da igualdadeSeja sempre a nossa voz, Liberdade!, Liberdade!Abre as asas sobre nósE que a voz da igualdadeSeja sempre a nossa voz.

MOÇAMBIQUE

• Manifestação encontrada em Minas Gerais, São Paulo e Goiás, é um bailado guerreiro de origem negra, sem enredo, ao som de instrumentos de percussão, semelhante às danças de combate das Congadas, e nas quais o ritmo é marcado com entrechoques de bastões.

Enredos• A vida de São Benedito.• O encontro de Nossa Senhora do Aparecida submergida nas

águas.• A representação da luta de Carlos Magno contra as

invasões mouras.

CONGADA

Luta e Resistência: Comunidades Quilombolas

5

Fonte: Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica da Unb

(CIGA). Geógrafo Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. 2005

6

Mitologia e Religiosidade afro-brasileira e africana

8

Olorum, o deus supremo criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das terras. Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá criasse o homem.

Oxalá criou o homem a partir do ferro e depois da madeira, mas ambos eram rígidos demais. Criou o homem de pedra - era muito frio. Tentou a água, mas o ser não tomava forma definida. Tentou o fogo, mas a criatura se consumiu no próprio fogo. Fez um ser de ar que depois de pronto retornou ao que era, apenas ar. Tentou, ainda, o azeite e o vinho sem êxito.

Triste pelas suas tentativas infecundas, Oxalá sentou-se à beira do rio, de onde Nanã emergiu indagando-o sobre a sua preocupação. Oxalá fala sobre o seu insucesso. Nanã mergulha e retorna da profundeza do rio e lhe entrega lama. Mergulha novamente e lhe traz mais lama. Oxalá, então, cria o homem e percebe que ele é flexível, capaz de mover os olhos, os braços, as pernas e, então, sopra-lhe a vida.

• Candomblé: O Candomblé é uma religião originária da África, trazida ao Brasil pelos africanos escravizados na época da colonização brasileira.

• Umbanda: é uma grande expressão religiosa nacional com maiores laços com o Rio de Janeiro. Irradiou-se para os Estados de Minas Gerais, São Paulo e demais estados do Brasil.

Alguns Orixás:

Exu: o mensageiro, o ponto de contato entre os Orixás e os seres humanos

Oxalá: o senhor da força, o senhor do poder da vida.

Oxum: as águas doces.Iemanjá: a rainha dos peixes das águas salgadas.

Iansã: os ventos, chuvas fortes, os relâmpagos.

Xangô: a força do trovão e o fogo provocado pelos relâmpagos quando (diz uma lenda que "sem Iansã, Xangô não faz fogo ... ") chegam 'a Terra.

Ogum ou Ogun: senhor dos caminhos; os desbravador dos caminhos; senhor do ferro.

Oxossí: o Orixá Odé, o Orixá caçador, senhor da fartura 'a mesa, senhor da caça.

Ossanha: o Orixá das folhas e, sem folhas, nada é possível; o dono, preservador, das matas e florestas, das folhas medicinais, das ervas de culto.

Obá: a guerreiro, a força da liberdade.

Nanã: senhora do lodo, das águas lodosas da junção entre o rio e o mar, fonte de vida, e também senhora da morte.

Oxumaré: é o Orixá do arco-íris, um dos pontos de ligação entre o Aye (a Terra) e o Orun (o Céu); também representa a fartura, o bem estar.

Obaluayê: "O dono da Terra, o Senhor da Terra"; o Orixá das doenças, senhor dos mortos .

Sincretização de Orixás

Os negros incorporaram o Catolicismo onde os orixás foram associados aos santos católicos. Acabou sendo um artifício usado pelos escravos contra a "cultura superior do povo que escravizava". O sincretismo afro-cristão foi uma maneira de os negros cultuarem seus orixás invocando os santos dos brancos para driblar a vigilância religiosa dos seus senhores. Os adeptos do culto dos orixás se mostravam convertidos, mas apenas aparentemente.

Orixá: Sincretizado como: Comemoração:

Exu Santo Antônio 13 de Junho

Iansã Santa Bárbara 4 de Dezembro

Iemanjá Nossa Senhora da Glória

15 de Agosto

Nanã Nossa Senhora da Sant’Anna

26 de Julho

Oba Joana d’Arc 30 de Maio

Obaluayê São Roque 16 de Agosto

Ogum São Jorge 23 de Abril

Oxalá Jesus Cristo 25 de Dezembro

Omulu São Lázaro 17 de Dezembro

Oxossi São Sebastião 20 de Janeiro

7

Corpo: Vitalidade e Beleza

Origem• A capoeira, nasceu da necessidade de defesa da integridade física

dos escravos negros em solo brasileiro.• Nasceu nos quilombos – grupos de resistência aos maus tratos

violentos, organizados por um único objectivo a liberdade.• É uma palavra genuinamente brasileira, que provêm da palavra

CAÂ, que significa mato, mais o sufixo do pretérito nominal PUERA que significa mata extinta.

• Instrumentos musicais : pandeiro, atabaque e berimbau.• O tipo de música e cântico variam de local para local e

determinam as características do jogo.• Roupa denomina-se ABADA

Calça branca larga e de cordão na cintura; Camisa branca com ou sem mangas

Influências

A capoeira foi gerada em pleno contacto com a natureza e os seus movimentos são inspirados em qualidades naturais de sobrevivência de 4 espécies:

ARANHA Envolvente e enlaçadora

MACACO Agilidade e destreza

ONÇA Sagacidade e combatividade

RAPOSA Manha e astúcia

Estilos de Capoeira

Capoeira Angola Caracterizada por ser um jogo rasteiro (baixo), com

movimentos sempre próximos do chão, equilibrando o corpo, na maioria dos golpes sobre as mãos, utilizando principalmente as pernas e os pés.

Capoeira RegionalCaracterizada por ser um jogo alto, na posição de pé onde

o praticante utiliza como ponto de equilíbrio uma das pernas, mas o jogo pode alternar para jogo baixo, depende das características do seu oponente (adaptando-se).

9

Vestuário: Moda e Tradição

• Tradicionalmente o tecido é fabricado em tear artesanal, construído com estacas de madeira, formando um abrigo rudimentar.

• O tecelão se ocupava de todas as atividades envolvidas na confecção do vestuário: tecelagem, costura e bordado. Todas essas tarefas eram executadas manualmente. Enquanto a fiação é uma atividade eminentemente feminina, em toda a África, a tecelagem é uma ocupação masculina. Entretanto em algumas áreas (Nigéria e  Sudão) as mulheres também tecem, principalmente o algodão. Mas, mesmo nos lugares onde ambos os sexos tecem, cada um usa um tipo diferente de tear.

10

Culinária: Sabores e Cheiros

Enquanto as melhores carnes iam para a mesa dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco, linguiça, carne-seca etc., eram misturados com feijão preto ou mulatinho e cozidos num grande caldeirão.

Feijoada

Originário da África, muito temperado com pimentão, cheiros verdes, cebola, sal, coentro e outros, preparado à base de peixe, em alguns casos frango, leite de coco, camarões secos e frescos, pão de véspera, amendoim e castanhas torrados e moídos, azeite de dendê e muita pimenta.

Vatapá

Feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê, podendo ser servido com pimenta, vatapá, caruru, camarão seco e salada de tomate verde, cebola e coentro.

Acarajé

Prato típico do Nordeste, feito de carne de sol ou com charque, refogado e cozido com abóbora. Tem a consistência de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite de dendê e cheiro verde.

Quibebe

Bolinho feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite de dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água.

Abará

Bolinho feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas.

Abarém

Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.

Aluá

Doce feito de milho torrado e moído, misturado com azeite de dendê e mel.

Ado

Bolinho feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite de dendê.

Abrazô

EKÒ / ACAÇA

• EKÒ-acaçá" vegetal branco" Pasta branca preparada a base de farinha de milho branco, simbolizando a fecundidade e a descendência genérica. Sendo reunida para nova formação, representa a matéria original transformada. Como oferenda identifica o SER

• O Acaçá é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou vermelho, que fica de molho em água de um dia para o outro, e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar tudo harmonioso. Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular. Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda (de exú a oxala)

Pilão

• O pilão é um utensílio culinário essencial na cozinha africana, com as mesmas funções de um almofariz, ou seja, para moer alimentos, mas de tamanho muito maior.É normalmente feito de um tronco escavado, geralmente de uma madeira macia, com dimensões que variam entre 30 a 70 cm de altura, e utiliza-se colocando dentro o material a moer e batendo-lhe com um pau liso de 60 cm a 1,2 m (de acordo com o tamanho do pilão), que pode ser de uma madeira mais rija e tem uma das extremidades arredondada, chamado o “pau do pilão