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Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Curso de Graduação em Engenharia Elétrica BIOGÁS DE ATERROS SANITÁRIOS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Guilherme Liporaci Cruz

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Trabalho de conclusão de curso nota 10 sobre geração de energia elétrica através do biogás.

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Trabalho de Conclusão de Curso

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

BIOGÁS DE ATERROS SANITÁRIOS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Guilherme Liporaci Cruz

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Trabalho de Conclusão de Curso

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Guilherme Liporaci Cruz

BIOGÁS DE ATERROS SANITÁRIOS PARA GERAÇÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

TCC submetido ao Programa de

Graduação da Universidade Federal de

Santa Catarina para a obtenção do

Grau de Bacharel em Engenharia

Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. C. Celso de

Brasil Camargo.

Florianópolis

2013

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Guilherme Liporaci Cruz

BIOGÁS DE ATERROS SANITÁRIOS PARA GERAÇÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do Título de

Bacharel em Engenharia Elétrica e aprovada em sua forma final pelo

Programa de Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina.

UFSC, 08 de julho de 2013.

________________________

Prof. Renato Lucas Pacheco, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof. C. Celso de Brasil Camargo, Dr.

Orientador

________________________

Prof. Enio Valmor Kassick, Dr.

Membro da banca

________________________

Prof. Jorge Coelho, D. Sc.

Membro da banca

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Este trabalho é dedicado a todos os

alunos de engenharia elétrica.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. C. Celso de Brasil Camargo pela orientação e sugestões

durante a realização deste trabalho.

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RESUMO

A disposição final de resíduos sólidos urbanos é atualmente um grave

problema nos municípios brasileiros. Gases poluentes provenientes dos

lixões são emitidos ao ambiente em grandes quantidades, provocando

aumento do efeito estufa, que é um fenômeno natural que mantém a

Terra aquecida, além de causar danos à vegetação, gerar odores

desagradáveis e oferecer riscos de explosão. Este trabalho analisa a

viabilidade econômica de se extrair o biogás de um aterro sanitário

semelhante ao de Tijuquinhas, localizado em Biguaçu, Santa Catarina,

com a finalidade de gerar energia elétrica para uso e comercialização.

Com a geração de energia e queima do biogás em flare (sistema de

queima do biogás), grande parte do metano presente nesse gás é

transformado em gás carbônico, que tem um potencial de aquecimento

global por volta de 21 vezes menor. Neste projeto é calculado o

potencial e a estimativa de geração de metano, a partir daí calcula-se a

potência e energia disponível no aterro ao longo dos anos e por fim é

definido um sistema de geração de energia. A tecnologia de conversão

de energia escolhida é o motor ciclo diesel adaptado para funcionar a

biogás. Essa tecnologia foi escolhida, pois seu custo e eficiência são

mais atrativos comparados às turbinas a gás e microturbinas. Os

resultados da análise financeira da geração e comercialização de energia

mostram que, quando agregadas às vendas de créditos de carbono, os

quais são vendidos aos países desenvolvidos, o projeto se torna viável,

pois é obtido um valor presente líquido (VPL) positivo, uma taxa interna

de retorno (TIR) maior do que a taxa mínima de atratividade (TMA) e

uma relação custo-benefício maior do que um. O payback obtido foi de

16 anos, valor que pode ser considerado atraente, pois como o projeto

tem duração de 32 anos haverá um saldo acumulado positivo por 16

anos.

Palavras-chave: Aterro Sanitário. Biogás. Energia Elétrica. Resíduos

Sólidos Urbanos. Créditos de Carbono.

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ABSTRACT

The disposal of urban solid waste is a serious problem nowadays in the

Brazilian cities. Greenhouse gases from dumps are emitted to the

environment in large quantities, causing the growth of greenhouse

effect, which is a natural phenomenon that keeps the Earth warm, as

well as damage to the vegetation, awkward odors and explosion risks.

This work analyzes the economic viability of extracting the biogas from

a landfill similar to Tijuquinhas, located in Biguaçu, Santa Catarina, in

order to generate electric energy for use and marketing. With the energy

generation and the burning of biogas in a flare (biogas burning system),

most part of the methane contained in this gas is transformed in carbon

dioxide, which has a global warming potential around 21 times smaller.

In this project is calculated the potential and estimation of methane

generation, then is calculated the power and energy available in the

landfill throughout the years and finally is defined an energy generation

system. The chosen energy conversion technology is the diesel engine

adapted to biogas. This technology was chosen because its cost and

efficiency are more attractive than gas turbines and micro turbines. The

results of the energy generation and commercialization financial

analysis show that when associated to the selling of carbon credits,

which are sold to developed countries, the project becomes feasible,

because it shows a positive net present value (NPV), an internal rate of

return (IRR) greater than the minimum acceptable rate of return

(MARR) and a benefit-cost ratio higher than one. The obtained payback

was 16 years, a value that can be considered attractive, because as the

project has duration of 32 years there will be a positive accumulated

balance for 16 years.

Keywords: Landfill. Biogas. Electric Energy. Urban Solid Waste.

Carbon Credits.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo de caso. .........................................................27 Figura 2 - Método da trincheira. ........................................................................39 Figura 3 - Método de rampa. .............................................................................39 Figura 4 - Método de área. .................................................................................40 Figura 5 - Poço vertical. .....................................................................................41 Figura 6 - Flare aberto. ......................................................................................42 Figura 7 - Flare enclausurado. ...........................................................................43 Figura 8 - Turbina a gás. ....................................................................................45 Figura 9 - Ciclo de Brayton aberto. ...................................................................46 Figura 10 - Ciclo de Brayton fechado. ...............................................................47 Figura 11 - Interior de uma microturbina. ..........................................................48 Figura 12 - Etapas de funcionamento de um motor ciclo Otto. .........................49 Figura 13 - Relação pressão x volume do ciclo Otto. ........................................50 Figura 14 - Etapas de funcionamento de um motor ciclo Diesel. ......................51 Figura 15 - Relação pressão x volume do ciclo Diesel. .....................................52 Figura 16 - Esquema do aterro de Tijuquinhas. .................................................56

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Estimativa de produção de metano. .................................................61 Gráfico 2 - Curva da potência. ...........................................................................64 Gráfico 3 - Curva da energia. .............................................................................64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades físicas do metano, gás carbônico e gás sulfídrico. .......31 Tabela 2 - Equivalência energética de 1Nm

3 de biogás em relação a outros

combustíveis. .....................................................................................................32 Tabela 3 - Comparação entre os principais gases. .............................................34 Tabela 4 - Características das tecnologias de conversão comerciais. ................52 Tabela 5 - Lixo sólido municipal depositado no aterro de Tijuquinhas durante a

sua vida útil. .......................................................................................................56 Tabela 6 - Fator de correção do metano. ............................................................57 Tabela 7 - Carbono orgânico degradável no metano para os principais tipos de

lixo. ....................................................................................................................58 Tabela 8 - Composição do lixo na área metropolitana de Florianópolis. ...........58 Tabela 9 - Valores sugeridos para k. ..................................................................59 Tabela 10 - Estimativa de produção de metano. ................................................60 Tabela 11 - Potência e energia disponíveis no aterro. ........................................62 Tabela 12 - Captação, consumo e queima do metano. .......................................65 Tabela 13 - Consumo de energia no aterro. .......................................................67 Tabela 14 - Custos de investimento e O&M. .....................................................68 Tabela 15 - CO2 equivalente para geração de créditos de carbono. ..................69 Tabela 16 - Receita obtida com os créditos de carbono. ....................................70 Tabela 17 - Estudo de viabilidade do projeto. ...................................................74

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica

BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento

Celesc - Centrais Elétricas de Santa Catarina

CENBIO - Centro Nacional de Referência em Biomassa

CIMGC - Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima

DOC - Degradable Organic Carbon

GDL - Gás do Lixo

GLP - Gás Liquefeito de Petróleo

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MCF - Methane Conversion Factor

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

NMOC - Non-methane Organic Compound

O&M – Operação e Manutenção

PCI - Poder Calorífico Inferior

RCB – Relação Custo-Benefício

RCEs - Reduções Certificadas de Emissões

TIR – Taxa Interna de Retorno

TMA – Taxa Mínima de Atratividade

VPL – Valor Presente Líquido

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ................................................... 25

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................ 25 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................ 25 1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................... 25

1.2 MOTIVAÇÃO ..................................................................................... 25

1.3 METODOLOGIA................................................................................. 26

CAPÍTULO 2: ESTADO DA ARTE DO BIOGÁS .................... 29

2.1 HISTÓRICO DO BIOGÁS ..................................................................... 29

2.2 FORMAÇÃO DO BIOGÁS ................................................................... 30 2.2.1 Aspectos Físico-químicos................................................................ 30 2.2.2 Fatores que Influenciam a Geração do Biogás ............................... 32

2.3 COMPARAÇÃO DO BIOGÁS COM OUTROS GASES ............................. 33

CAPÍTULO 3: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E ATERROS SANITÁRIOS ................................................................................ 35

3.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ... 35 3.1.1 Classificação quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente ....... 35 3.1.2 Classificação quanto à natureza ou origem .................................... 35

3.2 OS ATERROS SANITÁRIOS ................................................................. 37 3.2.1 Riscos ambientais dos lixões .......................................................... 37 3.2.2 Métodos de aterramento dos resíduos .......................................... 38 3.2.3 Sistemas de captação do biogás ..................................................... 40 3.2.4 Sistema de queima do biogás ......................................................... 42 3.2.5 Sistema de tratamento do biogás .................................................. 43

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CAPÍTULO 4: TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO DO BIOGÁS ......................................................................................................... 45

4.1 TURBINAS A GÁS ............................................................................... 45 4.1.1 Turbinas de ciclo Brayton ............................................................... 45

4.1.1.1 Ciclo aberto .............................................................................. 46 4.1.1.2 Ciclo fechado............................................................................ 46

4.1.2 Microturbinas ................................................................................. 47

4.2 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA ................................................ 48 4.2.1 Ciclo Otto ........................................................................................ 48 4.2.2 Ciclo Diesel ...................................................................................... 50

4.3 COMPARAÇÃO ENTRE AS TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO ................. 52

CAPÍTULO 5: ESTUDO DE CASO ............................................ 55

5.1 DADOS DO ATERRO DE TIJUQUINHAS ............................................... 55

5.2 POTENCIAL DE GERAÇÃO DE METANO .............................................. 57

5.3 ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DE METANO ............................................ 59

5.4 ESTIMATIVA DE POTÊNCIA E ENERGIA DISPONÍVEIS NO ATERRO ...... 62

5.5 SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA .................................................. 64

5.6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA ............................................. 67 5.6.1 Custos de implementação .............................................................. 67 5.6.2 Receita pelos créditos de carbono e venda de energia .................. 68 5.6.3 Cálculos do Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) ......................................................................................................... 72 5.6.4 Financiamento, payback e relação custo-benefício ....................... 72

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 77

6.1 CONCLUSÕES..................................................................................... 77

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6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................... 77

REFERÊNCIAS ............................................................................. 79

APÊNDICE A – CRONOGRAMA ............................................... 83

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25

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Início da parte textual do trabalho. O lixo urbano das grandes

cidades vem sendo alvo de muitos estudos e pesquisas, devido às

preocupações sempre presentes quanto ao seu destino e manejo. Os

resíduos sólidos dispostos em lixões produzem o biogás, que é emitido

diretamente na atmosfera. Esse gás contribui altamente para o efeito

estufa por se constituir principalmente de metano (CH4) e gás carbônico

(CO2). Além disso, há produção de chorume, líquido poluente de cor

escura originado da decomposição de resíduos orgânicos, o qual pode

contaminar o solo e a água.

Uma das maneiras de controlar a emissão do biogás no ambiente

é o seu uso na geração de energia elétrica, sendo possível também a

venda de créditos de carbono. Portanto, os aterros sanitários que usarem

o metano com o objetivo de gerar energia ou transformá-lo em CO2

através da queima em flares (dispositivos de combustão para queima do

biogás) poderão ser remunerados por isso, ao mesmo tempo em que

colaboram com o meio ambiente.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Fazer um estudo do biogás gerado nos aterros sanitários e analisar

sua viabilidade técnica, econômica e ambiental para geração de energia

elétrica.

1.1.2 Objetivos Específicos

Fazer um estudo de caso de um aterro sanitário hipotético,

semelhante ao de Tijuquinhas, em Biguaçu;

Apresentar as tecnologias de conversão do biogás em energia

elétrica e avaliar suas viabilidades técnica e econômica;

Avaliar a redução no impacto ambiental proporcionado pelo uso

do biogás.

1.2 MOTIVAÇÃO

Nos aterros sanitários os microorganismos são responsáveis por

produzir grandes quantidades de gases no processo de digestão

anaeróbia dos resíduos sólidos. Isso leva à produção de um gás

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conhecido como “biogás”, o qual é composto principalmente de metano

e dióxido de carbono, que contribuem para o efeito estufa. Além disso,

há a formação do chorume, substância líquida resultante do processo de

putrefação (apodrecimento) de resíduos orgânicos, que pode contaminar

os lençóis freáticos.

Desse modo, este trabalho tem a pretensão de apresentar uma

maneira de utilizar o biogás de forma a gerar energia elétrica. Com isso,

será possível reduzir os níveis de poluição e ao mesmo tempo diminuir o

consumo de energia proveniente de fontes não renováveis.

1.3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho será usada a metodologia

do estudo de caso. Primeiramente será apresentado o estado da arte do

biogás, contendo seu histórico, formação, aspectos físico-químicos,

fatores que influenciam sua formação, além da comparação deste gás

com outros gases.

Posteriormente será feito um estudo dos resíduos sólidos, no qual

serão apresentadas suas classificações e os diferentes métodos de

aterramento desses resíduos. Em seguida serão mostradas as

características dos aterros sanitários e os sistemas de coleta e conversão

do biogás.

Será realizado um estudo de caso de um aterro sanitário

hipotético, semelhante ao de Tijuquinhas, em Biguaçu. Serão descritas

as principais características do aterro e os sistemas instalados para

captação e queima do biogás. Serão determinados o potencial de

produção de biogás e a capacidade de geração de energia elétrica no

aterro selecionado, além da avaliação da redução no impacto ambiental.

Em seguida será apresentado o sistema usado na geração de energia

elétrica. Por fim, será feita uma análise de viabilidade econômica do

projeto. A figura 1 mostra o fluxograma que representa como o estudo

de caso será elaborado.

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27

Figura 1 - Fluxograma do estudo de caso.

Início do estudo

de caso

Calcular o

carbono orgânico

degradável no lixo

Definir o fator de

correção do

metano

Definir a fração de

metano presente

no biogás

Calcular o

potencial de

geração de

metano em tCH4/

tlixo

Converter o

potencial de

geração de

metano para

m³CH4/tlixo

Calcular a

estimativa de

geração de

metano

Calcular a

potência e energia

disponíveis no

aterro

Calcular a vazão

de biogás para

alimentar o

sistema de

conversão de

energia

Calcular o

consumo anual de

energia no aterro

Calcular o

investimento total

e o custo anual de

O&M

Calcular as

receitas obtidas

anualmente com

as vendas de

créditos de

carbono e energia

Fazer análise de

viabilidade

econômica

Fonte: desenvolvido pelo autor.

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CAPÍTULO 2: ESTADO DA ARTE DO BIOGÁS

2.1 HISTÓRICO DO BIOGÁS

O biogás, também conhecido como gás dos pântanos, foi

descoberto em 1667 por Thomas Shirley. No entanto em 1776,

Alessandro Volta reconheceu a presença de metano no gás dos pântanos.

No século XIX o aluno de Louis Pasteur, Ulysse Grayon, realizou a

fermentação anaeróbia (decomposição sem presença de oxigênio) de

uma mistura de estrume e água, a 35ºC, obtendo então 100 litros de

gás/m³ de matéria. Em 1884, ao apresentar os trabalhos do seu aluno à

Academia das Ciências, Louis Pasteur considerou que a fermentação

podia construir uma fonte de aquecimento e iluminação [1].

O primeiro documento relatando a coleta de biogás de um

processo de digestão anaeróbia ocorreu em 1885, em uma estação de

tratamento de efluentes municipal da Inglaterra. Em 1941, na Índia,

houve o primeiro estudo de aproveitamento em uma pequena planta,

com uso de estrume e outros materiais. Desde então, o processo

anaeróbio tem evoluído e se expandido ao tratamento de resíduos

industriais, agrícolas e municipais [2].

Nas décadas de 50 e 60, os primeiros países a utilizar os

processos de biodigestão, de forma mais intensa e com finalidade

energética foram China e Índia. Esses e outros países de terceiro mundo

desenvolveram seus próprios modelos de biodigestores [1].

Com a crise do petróleo, foi trazida ao Brasil na década de 70 a

tecnologia da digestão anaeróbia. Na região nordeste, vários programas

de difusão dos biodigestores foram implantados com grande expectativa,

porém os benefícios obtidos a partir do biogás e do biofertilizante não

foram suficientes para dar continuidade aos programas e os resultados

não foram muito satisfatórios [2].

A partir dos anos 70, o gás metano dos digestores anaeróbios

voltou a despertar o interesse geral, havendo um aumento da sua

produção em países europeus [3].

Até há pouco tempo o biogás era tratado como um subproduto,

obtido a partir da decomposição anaeróbia do lixo urbano, resíduos

animais e lamas provenientes de estações de tratamento de efluentes

domésticos. Contudo, a elevação do preço dos combustíveis

convencionais nos últimos anos encorajou as investigações em novas

fontes de energia alternativa e economicamente atrativas, de modo a

criar novas formas de produção energética que possibilitem a redução do

uso de recursos naturais esgotáveis [3].

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30

2.2 FORMAÇÃO DO BIOGÁS

O biogás é uma mistura gasosa combustível, produzida através da

digestão anaeróbia, processo fermentativo com a finalidade de remover

a matéria orgânica, formar o biogás e produzir biofertilizantes ricos em

nutrientes [5].

É composto por 60% de metano, 35% de dióxido de carbono e

5% de outros gases como hidrogênio, nitrogênio, gás sulfídrico,

monóxido de carbono, amônia, oxigênio e aminas voláteis. Dependendo

da eficiência do processo, o biogás chega a conter entre 40% e 80% de

metano [1].

Ao ser depositado em aterros, o lixo permanece um período de

tempo descoberto e em contato com o ar atmosférico, até ser

compactado e coberto. Nesse período já se constata a emissão de

compostos voláteis que constituem a massa do resíduo. Esses compostos

continuam a ser emitidos, mesmo após a aplicação do material de

cobertura e o fechamento da célula de aterro [4].

2.2.1 Aspectos Físico-químicos

Tendo em vista que o biogás é formado principalmente por

metano e gás carbônico, é possível restringir as propriedades físico-

químicas somente a esses dois componentes, uma vez que os outros

gases se apresentam em quantidades muito pequenas. Todavia, esses

gases presentes em menores quantidades influenciam na escolha da

tecnologia de operação, combustão e limpeza [5]. A tabela 1 mostra

algumas propriedades físicas do metano, gás carbônico e gás sulfídrico.

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31

Tabela 1 - Propriedades físicas do metano, gás carbônico e gás sulfídrico.

Fonte: [5].

Quando se usa o biogás como combustível, o principal

componente é o metano. O processo de queima é prejudicado quando há

presença de substâncias não combustíveis no biogás (água, dióxido de

carbono), o que o torna menos eficiente. Estas substâncias absorvem

parte da energia gerada, pois entram com o combustível no processo de

combustão. Ao se elevar a concentração das impurezas, o poder

calorífico do biogás diminui [1]. Contudo, pesquisas estão sendo

realizadas para tornar o CO2 combustível e atenuar esse problema.

Quando se trata de gases para fins de geração de energia é

fundamental conhecer seu volume, seu poder calorífico e a própria

umidade. O volume do biogás, representado pelo peso específico é um

parâmetro importante quando se deseja manipular o gás para

armazenamento. A umidade, por sua vez, tem influência direta no

processo de combustão, afetando a temperatura de chama, limites de

inflamabilidade, diminuição do poder calorífico e taxa ar-combustível

do biogás. Estudos mostraram que conforme a quantidade de metano no

biogás, seu poder calorífico aumenta, uma vez que o CO2 é a forma mais

oxidada do carbono, não podendo ser queimado [5]. A tabela 2 mostra a

equivalência energética de 1Nm3 de biogás em relação a outros

combustíveis. A unidade Nm³ (Normal metro cúbico) é definida como o

volume de um gás medido nas condições normais de temperatura e

pressão (1 atm e 0° C).

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32

Tabela 2 - Equivalência energética de 1Nm3 de biogás em relação a outros

combustíveis.

Fonte: [5].

2.2.2 Fatores que Influenciam a Geração do Biogás

Segundo [6], a capacidade de um aterro gerar biogás vai depender

de diversos fatores, que são:

a) Composição do resíduo – quanto maior a porcentagem de

material orgânico no resíduo, maior será o potencial de

produção de biogás no aterro. Resíduos de alimentos são

exemplos de matéria orgânica facilmente decomposta, o que

acelera a taxa de produção do gás. Materiais que se decompõe

lentamente, como grandes pedaços de madeira, não contribuem

significantemente com a geração de gás;

b) Umidade – depende da umidade inicial do resíduo, da

infiltração da água no solo e da água produzida na

decomposição. Quanto maior o teor de umidade, maior será a

taxa de produção do biogás;

c) Tamanho das partículas – quanto menor a unidade da partícula,

maior será a área da superfície específica e, portanto, a

decomposição será mais rápida se comparada a uma partícula de menor área;

d) Idade do resíduo – a geração do biogás num aterro possui duas

variáveis dependentes do tempo: tempo de atraso (período que

vai da disposição do resíduo até o início da geração do metano)

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33

e tempo de conversão (período que vai da deposição do resíduo

até o término da geração do metano);

e) pH – dentro da faixa ótima de pH a produção do metano é

maximizada e fora dessa faixa – um pH abaixo de 6 ou acima

de 8 – a produção de metano fica estritamente limitada;

f) Temperatura – as condições de temperatura de um aterro

influenciam os tipos de bactérias predominantes e o nível de

produção de gás. As máximas temperaturas do aterro

frequentemente são alcançadas dentro de 45 dias após a

disposição dos resíduos, como um resultado da atividade

aeróbia microbiológica. Elevadas temperaturas de gás dentro de

um aterro são o resultado da atividade biológica. As

temperaturas típicas do gás produzido eu um aterro variam,

tipicamente, entre 30 a 60º C;

g) Outros fatores – outros fatores que podem influenciar a taxa de

geração de gás são os nutrientes, bactérias, compactação de

resíduos, dimensões do aterro (área e profundidade), operação

do aterro e processamento de resíduos variáveis.

2.3 COMPARAÇÃO DO BIOGÁS COM OUTROS GASES

A tabela 3 mostra as principais diferenças entre o biogás e os

demais gases combustíveis usuais. Em relação à geração de energia,

apesar de o poder calorífico do biogás ser menor em relação aos outros

gases provenientes do petróleo, não há um custo para se adquirir esse

biogás, pois ele é produzido no próprio aterro.

O potencial energético do biogás está diretamente relacionado à

presença de metano em sua composição: quanto mais metano, mais rico

é o biogás. A proporção de metano é, em média, de 50%, quando

originário de aterros sanitários e de até 70% quando é gerada em

reatores anaeróbios de efluentes. Porém, apresenta menor poder

calorífico comparado ao gás natural (até 95% de metano) [23].

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34

Tabela 3 - Comparação entre os principais gases.

Fonte: [1].

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35

CAPÍTULO 3: RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E ATERROS

SANITÁRIOS

3.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

NBR 10004, os resíduos sólidos são definidos da seguinte forma:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades

de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição.”

3.1.1 Classificação quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente

Segundo a NBR 10004, os resíduos sólidos são classificados

como:

Classe I – perigosos: são aqueles que apresentam periculosidade e

possuem alguma das seguintes propriedades: inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade;

Classe II – não perigosos: esta classe está subdividida em dois

grupos:

Classe II A – não inertes: são aqueles que não se enquadram nas

classificações de resíduos classe I e classe II B. Podem ter propriedades

como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;

Classe II B – inertes: são resíduos que não apresentam nenhum de

seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões

de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e

sabor.

3.1.2 Classificação quanto à natureza ou origem

Segundo o Instituto Brasileiro de Administração Municipal

(IBAM), o lixo também pode ser classificado como:

Lixo doméstico ou residencial: são os resíduos gerados nas

casas, apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais;

Lixo comercial: são resíduos provenientes de estabelecimentos

comerciais, cujas características dependem da atividade ali

desenvolvida. O lixo comercial pode ser dividido em dois

subgrupos: pequeno gerador de resíduos comerciais, o qual gera

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36

até 120 litros de lixo por dia e grande gerador de resíduos

comerciais, que gera um volume de resíduos superior a esse

limite;

Lixo público: são resíduos presentes em locais públicos,

resultantes da natureza, tais como folhas, poeira, terra e areia e

também aqueles descartados pela população, como entulhos,

restos de embalagens e papéis;

Lixo domiciliar especial: são entulhos de obras, pilhas e

baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus;

Lixo industrial: são resíduos gerados por atividades industriais.

Apresentam características variadas, visto que estas dependem

do tipo de produto manufaturado;

Lixo radioativo: resíduos que emitem radiações acima dos

limites permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, a

Comissão Nacional de Energia Nuclear está encarregada do

manuseio, acondicionamento e disposição final do lixo

radioativo;

Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários: são

resíduos gerados em terminais, navios, aviões e veículos de

transporte. Esse tipo de lixo pode conter doenças provenientes

de outras cidades, estados ou países;

Lixo agrícola: resíduos formados por restos de embalagens

contendo pesticidas e fertilizantes químicos, utilizados na

agricultura. A ausência de fiscalização e de punições mais

rígidas para o manuseio impróprio destes resíduos faz com que

sejam misturados aos resíduos comuns, ou queimados, gerando

gases tóxicos;

Resíduos de serviços de saúde: são todos os resíduos originários

das instituições destinadas à preservação da saúde da

população. Esses resíduos podem conter agentes patogênicos e

são compostos por microorganismos, vacinas vencidas ou

inutilizadas, sangue, tecidos, agulhas, animais usados em testes,

secreções procedentes de pacientes, materiais radioativos ou

tóxicos, etc. O armazenamento desses resíduos deve se dar em

contêineres devidamente identificados. Os resíduos infectantes

devem ser tratados por sistemas que garantam sua esterilização.

Do ponto de vista de geração de energia elétrica, os tipos de

resíduos que podem ser usados são: lixo doméstico ou residencial, lixo

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37

comercial e o lixo público, sendo que somente a parte orgânica é útil

para esse fim.

3.2 OS ATERROS SANITÁRIOS

De acordo com [22], existem três tipos de locais onde são

depositados os resíduos sólidos urbanos:

Lixões: são grandes áreas reservadas somente para receber lixo.

Não há planejamento algum para tratamento dos efluentes,

como o chorume, portanto há contaminação do solo e do lençol

freático. Nesses locais podem ser encontrados ratos e insetos;

Aterros controlados: O lixo é coberto com terra diariamente a

fim de evitar mau cheiro e proliferação de insetos e animais.

Todavia, os aterros controlados não evitam a contaminação do

solo e lençol freático;

Aterros sanitários: com o intuito de impedir o vazamento de

chorume para o subsolo, o lixo é depositado em local

impermeabilizado por uma base de argila e lona plástica.

Nesses locais, o metano é captado por tubulações, podendo ser

usado na geração de energia.

3.2.1 Riscos ambientais dos lixões

Os resíduos lançados a céu aberto ocasionam problemas de saúde

pública, como multiplicação de vetores de doenças (mosquitos, moscas,

baratas, ratos, etc.), formação de maus odores e poluição do solo e das

águas subterrâneas e superficiais por meio do chorume. A contaminação

do lençol freático pode contaminar poços, propagando surtos

epidêmicos [8].

Segundo [9], os principais gases prejudiciais ao meio ambiente

emitidos pelos lixões são:

a) Dióxido de carbono: é a principal forma gasosa do carbono,

produzido na biodegradação aeróbica e anaeróbica da matéria

orgânica. O biogás contém concentrações de CO2 que variam de

35 a 45%. É um gás que pode ser classificado como tóxico, pois

se torna gravemente perigoso quando apresenta concentração no ar acima de 5%;

b) Metano: gás produzido na biodegradação anaeróbia da matéria

orgânica. Suas concentrações no gás de aterro variam de 35 a

60%. O metano tem maior potencial de aquecimento global

comparado ao CO2, sendo de 21 a 27 vezes mais poluente. Há

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38

risco de incêndio e explosões em locais próximos aos lixões em

razão das altas concentrações de metano presentes no biogás. O

limite de concentração desse gás em locais fechados é de 1%;

c) Hidrogênio: é produzido por bactérias acetogênicas e

fermentativas. Esse gás é altamente inflamável, apesar de não

venenoso. As bactérias metanogênicas consomem o H2

lentamente, desse modo há um acúmulo de hidrogênio, podendo

ultrapassar a concentração de 4%, que é o limite de

explosividade;

d) Compostos orgânicos não-metanogênicos (NMOC): são

subprodutos dos processos químicos e biológicos decorrentes

da massa dos resíduos e constituem-se dos compostos oxidados

do carbono como: acetona, álcool, ácidos orgânicos, furanos e

compostos sulforados. Esses gases constituem 1% do volume

do biogás.

3.2.2 Métodos de aterramento dos resíduos

Segundo [1], existem três métodos de aterramento dos resíduos:

a) Método da trincheira ou vala: valas são abertas no solo, onde o

lixo é disposto, compactado e em seguida coberto com solo,

como mostra a figura 2. As valas podem ser de pequena ou

grande dimensão;

b) Método de rampa ou escavação progressiva: os resíduos são

dispostos em um desnível e compactados por um trator de

esteiras e posteriormente coberto com solo. É empregado,

geralmente, em áreas de meia encosta, onde o solo possa ser

escavado e usado como material de cobertura. Esse esquema é

mostrado na figura 3.

c) Método de área: aplicado em locais com topografia plana e

lençol freático raso. Os resíduos são acumulados e compactados

e cobertos com terra. A figura 4 ilustra o esquema.

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39

Figura 2 - Método da trincheira.

Fonte: [1].

Figura 3 - Método de rampa.

Fonte: [1].

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40

Figura 4 - Método de área.

Fonte: [1].

3.2.3 Sistemas de captação do biogás

Existem duas maneiras de se captar o biogás bruto dos aterros:

por poço vertical ou poço horizontal. O poço vertical é feito de acordo

com os itens de construção dos aterros. O poço horizontal é usado para

corrigir problemas de drenagem do chorume em aterros já formados

[10]. O sistema de captação do biogás é mostrado na figura 5.

Page 43: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

41

Figura 5 - Poço vertical.

Fonte: [10].

Segundo [10], a implantação do captador é feita da seguinte

forma:

É necessário escavar até a profundidade média de 2,50 metros, o

leito da cova deve ser impermeabilizado com lona plástica para evitar a

ascensão do chorume e entupimento dos captadores. Depositar uma

camada de aproximadamente 0,50 metros de brita número 3 sobre a

tubulação dos captadores, sendo estes em tubos de PVC perfurados, com

110 mm de diâmetro. Colocar mais uma camada de brita número 3, de

0,50 metros. Realizar a impermeabilização superior com uma lona de

plástico seguida de uma camada de 0,15 metros de argila. Depositar uma

camada de sacaria com 0,40 metros e envolver o restante com argila

compactada.

Há vários modos de se conectar os poços ao sistema de utilização.

Os poços podem ser ligados a um tubo principal que percorre o aterro.

Porém, nesse sistema a regulagem da quantidade e qualidade do biogás

se torna um processo complexo. Além disso, como todos os tubos estão

ligados a um grande sistema, seria difícil localizar um possível

vazamento. Se houver um tubo para cada poço ligado a uma bomba e uma casa de regulagem, a operação se tornaria mais econômica, segura e

com melhores condições para os trabalhadores [1].

Um compressor faz a sucção do gás dos poços e o comprime

antes de entrar no sistema de recuperação energética. O número de

compressores necessários, assim como o tamanho e o tipo são

Page 44: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

42

determinados pela taxa de fluxo de gás e do nível de compressão

desejado, que é determinado pelo equipamento de conversão energética

[1].

Ao passar pela tubulação o biogás resfria e forma-se um

condensado, o qual deve ser retirado para não bloquear o sistema de

coleta. Conectores e tubos inclinados são colocados no sistema de coleta

possibilitando a drenagem do condensado em tanques. Dependendo das

características do condensado este pode ser disposto no sistema público

de esgoto, sistema de tratamento local ou ser colocado em recirculação

no aterro sanitário [11].

3.2.4 Sistema de queima do biogás

De acordo com [11], um flare é um dispositivo usado na ignição e

queima do biogás. São utilizados nas etapas de início e manutenção do

sistema. É usado também para queimar o excesso de gás antes da adição

de um novo motor.

Existem flares abertos, ou vela (figura 6), e enclausurados (Figura

7). Estes são mais caros, mas podem ser preferíveis, pois proporcionam

testes de concentração e podem obter eficiências de combustão altas.

Além do mais, flares enclausurados podem reduzir os incômodos de

ruído e iluminação [11].

Figura 6 - Flare aberto.

Fonte: [21].

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43

Figura 7 - Flare enclausurado.

Fonte: [1].

3.2.5 Sistema de tratamento do biogás

Antes da utilização do biogás no processo de conversão de

energia, este é tratado para a remoção de partículas e impurezas em

geral ou algum condensado não coletado. Se o biogás for utilizado em

caldeiras, um tratamento mínimo é requerido. Já em gasodutos é

fundamental um tratamento amplo para remover o CO2. Caso o objetivo

seja geração de energia, podem ser usados filtros para a remoção de

impurezas, uma vez que estas podem prejudicar os componentes do

motor ou da turbina, provocando a redução da eficiência do sistema [1].

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44

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45

CAPÍTULO 4: TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO DO BIOGÁS

Segundo [5], há diversas tecnologias de conversão energética do

GDL (gás do lixo). Nesse processo, a energia química das moléculas do

biogás é convertida em energia mecânica por um sistema de combustão

controlada. Assim, um gerador é ativado por essa energia mecânica

transformando-a em energia elétrica. O biogás também pode ser

utilizado na queima em caldeiras para cogeração.

As tecnologias mais utilizadas são as microturbinas a gás e os

motores de combustão interna de ciclo Otto. Porém, o motor mais

apropriado para geração de energia é o motor de ciclo Diesel, pela sua

maior robustez e menor custo para uma mesma potência, comparado ao

de ciclo Otto [2].

4.1 TURBINAS A GÁS

As turbinas a gás (figura 8) são compostas de um compressor de

ar, câmara de combustão e turbina. Existem turbinas a gás com

potências que variam de poucas centenas de kW até quase 300 MW [3].

Figura 8 - Turbina a gás.

Fonte: [3].

4.1.1 Turbinas de ciclo Brayton

O ciclo Brayton é um método cada vez mais usado na geração de

energia. Existem dois esquemas de turbinas ciclo Brayton que são: ciclo

aberto e ciclo fechado, sendo o primeiro o mais comum [1].

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46

4.1.1.1 Ciclo aberto

No ciclo aberto, mostrado na figura 9, a câmara de combustão

recebe o ar comprimido, que fornece oxigênio para a queima do

combustível. Os gases decorrentes da combustão, a altas temperaturas,

expandem-se na turbina e produzem energia mecânica para acionar o

compressor e o gerador de energia elétrica [5].

4.1.1.2 Ciclo fechado

Os processos de compressão e expansão também se aplicam ao

ciclo fechado, todavia sistemas de troca de calor, onde os gases sofrem

resfriamento, substituem o processo de combustão, de modo a aproveitar

parte da energia que seria perdida em forma de calor [12]. Logo, essa

configuração possui melhor aproveitamento do calor e a possibilidade

de operação em altas pressões [1]. Esse ciclo é ilustrado na figura 10.

Figura 9 - Ciclo de Brayton aberto.

Fonte: [12].

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47

Figura 10 - Ciclo de Brayton fechado.

Fonte: [12].

4.1.2 Microturbinas

As microturbinas são pequenas turbinas de combustão que

operam na faixa de 20 a 250 kW, com alta velocidade de rotação.

Trabalham com vários tipos de combustível, como gás natural, biogás,

GLP (gás liquefeito de petróleo), gás de poços de petróleo e plataformas

offshore, diesel/gas oil e querosene [5]. Funcionam da mesma maneira

que as turbinas a gás de circuito aberto, podendo ser útil para geração de

eletricidade em pequena escala. Apresentam confiabilidade elevada, é

compacta, simples de se projetar, fácil instalação e manuseio [1].

Suas primeiras aplicações foram em transporte como turbinas de

avião e motores de ônibus e, posteriormente, foram usadas em sistemas

de geração de energia e cogeração [1]. Um esquema de uma

microturbina é mostrado na figura 11.

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48

Figura 11 - Interior de uma microturbina.

Fonte: [3].

4.2 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA

O motor de combustão interna gera trabalho mecânico,

convertendo movimento retilíneo de um pistão dentro de um cilindro,

em movimento circular, através do virabrequim. Esse movimento é

procedente da liberação da energia térmica adquirida na conversão

físico/química de um combustível e do aproveitamento da expansão dos

gases para movimentar o pistão. O processo de conversão de

movimentos é muito prático e demonstra alta durabilidade, sendo assim

um mecanismo amplamente utilizado [13].

Em 1867, o motor de ciclo Otto, usado em transportes até nos dia

de hoje, foi desenvolvido pelo engenheiro alemão Nikolaus August

Otto. Outro engenheiro alemão, Rudolph Diesel, desenvolveu o motor a

diesel em 1892. O motor de ciclo diesel usa óleo como combustível e é

projetado para ser mais potente e mais pesado do que os motores a

gasolina. É usado em máquinas pesadas como locomotivas, navios e em

alguns automóveis [5]. A diferença entre os dois ciclos é o processo de

adição de calor, enquanto no Otto ocorre a volume constante (isocórico)

no diesel ocorre à pressão constante (isobárico) [1].

4.2.1 Ciclo Otto

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49

Segundo [14] os motores de ciclo Otto utilizam combustíveis

leves, tais como gasolina, álcool e gás natural. A figura 12 mostra as

etapas de funcionamento desses motores.

Figura 12 - Etapas de funcionamento de um motor ciclo Otto.

Fonte: [14].

De acordo com [14], seguindo a figura 12 temos que:

Em 01, a válvula de admissão se abre e a mistura de ar e

combustível é aspirada pelo movimento do pistão. Esse é um

processo aproximadamente isobárico;

Em 12, o pistão atinge a sua posição mais inferior e a válvula de

admissão é fechada. A seguir o pistão se movimenta para cima

e comprime a mistura. Esse procedimento é aproximadamente

adiabático, pois há pouco tempo para a troca de calor devido à

alta velocidade do pistão;

Em 23, o pistão atinge sua posição mais superior e uma

centelha na vela provoca a ignição da mistura. Portanto, a

reação de combustão fornece calor ao sistema. Pode-se

considerar que esse processo ocorre sob volume constante por

ser muito rápido;

Em 34, o pistão é forçado para baixo pela expansão da mistura

devido à elevação de pressão provocada pelo fornecimento de

calor. A transformação pode ser suposta adiabática pela mesma

razão de 12;

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50

Em 41, o pistão atinge a posição mais inferior, a válvula de

escape é aberta e a pressão do gás se reduz rapidamente. Assim

como em 23, pode-se supor um processo com volume

constante, onde o ciclo transfere calor ao ambiente;

Em 10, a maior parte dos gases da combustão é removida

devido ao movimento ascendente do pistão com a válvula de

escape aberta e o ciclo é reiniciado.

A partir do esquema de operação ilustrado na figura 12, pode-se

elaborar um diagrama pressão x volume, mostrado na figura 13. Na

análise termodinâmica do ciclo ideal não é comum considerar as etapas

de admissão e exaustão dos gases (01 e 10 respectivamente). Desse

modo, o ciclo se limita à região 1234 do diagrama. As etapas 12 e 34

são adiabáticas. As trocas de calor ocorrem em 23, quando o calor é

fornecido ao sistema, e em 41, quando o calor é cedido ao ambiente,

ambos à volume constante.

Figura 13 - Relação pressão x volume do ciclo Otto.

Fonte: [14].

4.2.2 Ciclo Diesel

Os motores de ciclo diesel operam de forma semelhante aos

motores de ciclo Otto. A figura 14 mostra as etapas de funcionamento desses motores.

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51

Figura 14 - Etapas de funcionamento de um motor ciclo Diesel.

Fonte: [15].

De acordo com [15], seguindo a figura 14 temos que:

Em 01, o pistão desce e somente ar é aspirado num processo

isobárico;

Em 12, o ar é comprimido de forma adiabática devido à alta

velocidade do pistão;

Em 23, o pistão está no ponto mais superior e o combustível é

injetado na massa de ar aquecido e comprimido. Nessas

condições ocorre a queima do combustível sem necessidade de

centelha. Como o processo se dá durante um pequeno intervalo

de tempo pode-se dizer que é aproximadamente isobárico;

Em 34, os gases aquecidos são expandidos de modo adiabático;

Em 41, a válvula de escape é aberta e há redução de pressão e

troca de calor com volume constante;

Em 10 ocorre a exaustão dos gases com pressão constante.

Pode-se afirmar, portanto, que nos motores Otto a ignição se dá

por centelha e nos motores Diesel ocorre por compressão. Desse modo,

o motor Diesel têm taxas de compressão significativamente maiores

[15].

Segundo o esquema de operação mostrado na figura 14, é

possível traçar um diagrama pressão x volume, ilustrado na figura 15.

De forma semelhante ao diagrama de ciclo Otto, não se considera as

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52

etapas de admissão e exaustão dos gases (01 e 10 respectivamente).

Assim, o ciclo se limita à região 1234 do diagrama. As etapas 12 e 34

são adiabáticas. Na etapa 23, há fornecimento de calor e realização de

trabalho (volume não é constante). A etapa 41 é semelhante ao ciclo

Otto, onde o calor é cedido ao ambiente à volume constante.

Figura 15 - Relação pressão x volume do ciclo Diesel.

Fonte: [15].

4.3 COMPARAÇÃO ENTRE AS TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO

Tabela 4 - Características das tecnologias de conversão comerciais.

Fonte: [16].

De acordo com a tabela 4, os motores apresentam maior

eficiência que as turbinas, porém com maiores emissões de NOx, gás

que contribui para o efeito estufa. Segundo [16], quando operadas em

cogeração (calor e eletricidade), as turbinas a gás possuem maior

eficiência global de conversão.

Há também a possibilidade de se converter motores ciclo Diesel

em ciclo Otto, através da substituição dos bicos injetores por velas de

ignição, entre outras modificações. Essas alterações têm como vantagem

aproveitar a alta taxa de compressão dos motores a Diesel para

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53

compensar o baixo poder calorífico do biogás [3]. Assim, o motor se

torna mais eficiente, porém tem a desvantagem de ter um custo elevado

para realizar a conversão.

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54

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55

CAPÍTULO 5: ESTUDO DE CASO

O estudo de caso será feito em um aterro sanitário hipotético,

semelhante ao de Tijuquinhas, visto que a vida útil desse aterro está

prevista para encerrar em 2013. Localizado na cidade de Biguaçu,

Grande Florianópolis, Santa Catarina, o aterro de Tijuquinhas é

considerado uma das mais seguras centrais de gerenciamento de

resíduos do estado e atende 25 municípios da região. Nessa central são

recebidos e tratados resíduos provenientes da saúde, além de contar com

um depósito para resíduos perigosos e industriais [24].

O aterro de Tijuquinhas possui um projeto de captação e

tratamento do biogás, financiado pela venda dos créditos de carbono

obtidos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), introduzido

pelo Protocolo de Kyoto. Esse projeto recebeu a aprovação nacional da

Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC) e das

Nações Unidas pela sua contribuição ao desenvolvimento sustentável do

Brasil e a luta contra o aquecimento global e a mudança climática [24].

5.1 DADOS DO ATERRO DE TIJUQUINHAS

O aterro começou a operar em 1991 com provável fechamento no

ano de 2013, portanto tem uma vida útil de 22 anos. Também apresenta

todos os elementos necessários a um aterro sanitário: impermeabilização

de base, drenagem e tratamento do lixiviado, drenagem passiva e ativa e

tratamento dos gases (realizado através da queima), drenagem de águas

pluviais, compactação e cobertura diária dos resíduos. É realizado um

monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, do solo, do ar e

dos efluentes [18].

O aterro de Tijuquinhas cobre uma área de 200.000 m² e é

dividido em três zonas distintas como mostra a figura 16. As zonas 1 e 2

já foram completamente preenchidas com lixo, somando desde 1991 até

2006 aproximadamente 2 milhões de toneladas de resíduos. Acima das

zonas 1 e 2 foi colocada uma manta impermeável. Atualmente a zona 3,

que está sobreposta às zonas antigas, recebe os resíduos [25].

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56

Figura 16 - Esquema do aterro de Tijuquinhas.

Fonte: [25].

De 1991 até 2006 foi registrada a quantidade de lixo depositada

no aterro de Tijuquinhas anualmente. De 2007 até 2013 foi feita uma

previsão do número de resíduos que o aterro receberia por ano. Esses

valores estão registrados na tabela 5. No estudo de caso será considerado

que o aterro foi inaugurado em 2013. Logo, a quantidade de lixo do ano

de 1991 será referente ao ano de 2013.

Tabela 5 - Lixo sólido municipal depositado no aterro de Tijuquinhas durante a

sua vida útil.

Fonte: [25].

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57

5.2 POTENCIAL DE GERAÇÃO DE METANO

Segundo [25], para determinar o potencial de geração de metano

dos resíduos a equação 1 é usada.

(1)

Onde:

L0: potencial de geração de metano do resíduo (t CH4/t lixo);

MCF: fator de correção do metano (%);

DOCCH4: carbono orgânico degradável no lixo (t CH4/t lixo);

F: fração de metano no biogás;

16: massa molar do metano;

12: massa molar do carbono.

O fator de correção do metano é definido segundo a tabela 6.

Tabela 6 - Fator de correção do metano.

Fonte: [25].

Considerando o aterro de Tijuquinhas como bem administrado

pode-se usar um fator de correção igual a 1.

O carbono orgânico degradável (DOC) depende da composição

do lixo e da umidade. Foi elaborada em Florianópolis uma

caracterização do lixo, incluindo o teor de umidade para vários tipos de

resíduos [25]. Os resultados são mostrados na tabela 7.

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58

Tabela 7 - Carbono orgânico degradável no metano para os principais tipos de

lixo.

Fonte: [25].

Conhecendo-se a composição percentual de cada tipo de lixo,

pode-se estimar a média ponderada do carbono orgânico degradável

usando a equação 2. (2)

Onde:

A: percentual de papéis têxteis no lixo;

B: lixo de jardim e parque, outros lixos orgânicos não alimentar e

lixo alimentar.

Substituindo os valores da tabela 8 na equação 2, temos que o

DOCCH4 para o lixo urbano é 0,1144 e para o lixo rural e semi-urbano é

0,1068. O valor de DOCCH4 mais conveniente a se usar é o do lixo

urbano no cálculo do potencial de geração de metano.

Tabela 8 - Composição do lixo na área metropolitana de Florianópolis.

Fonte: [25].

A fração de metano no biogás (F) é presumida como 55% [25].

Substituindo na equação 1 os valores definidos anteriormente

temos: L0 = 1*0,1144*0,55*(16/12)

L0 = 0,08389 t CH4/t lixo

Considerando a densidade do metano como 0,0007168t/m3

pode-

se converter o valor de L0 em volume de metano por tonelada de lixo:

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59

5.3 ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DE METANO

Para se determinar de modo detalhado a geração de metano por

ano (m3CH4/ano) é necessário usar um método que leve em

consideração a geração de biogás ao longo dos anos. Para isso será

usada uma constante de decaimento (k), que depende de fatores como

disponibilidade de nutrientes, pH, temperatura e umidade. A tabela 9

mostra os valores sugeridos para k.

Tabela 9 - Valores sugeridos para k.

Fonte: [18].

Devido ao alto índice de precipitação de Biguaçu, de

aproximadamente 1500 mm por ano [25], será usado o valor de 0,09

ano-1

para k.

De acordo com [18] há duas etapas para se calcular o metano

gerado no aterro:

-durante a vida útil: (3)

-após o fechamento do aterro: (4)

Onde:

Q = metano gerado [m3/ano];

R = quantidade média de resíduos depositados durante a vida útil

do aterro [t RSD/ano];

L0 = potencial de geração de biogás [m3 de biogás/t RSD];

k = constante de decaimento [ano-1

];

c = tempo decorrido desde o fechamento do aterro [anos];

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60

t = tempo decorrido desde a abertura do aterro [anos].

Substituindo nas equações 3 e 4 os valores definidos

anteriormente para L0 e k, e usando R de acordo com a tabela 5,

obtemos a tabela 10. Como o aterro será descontinuado em 2013, os

valores de quantidade de lixo do ano de 1991 até 2013 foram transpostos

para os anos de 2013 até 2035.

Tabela 10 - Estimativa de produção de metano.

Ano

Produção de

metano

(m³CH4/ano)

2013 162.970,71

2014 773.704,27

2015 1.382.684,50

2016 1.964.814,95

2017 2.585.778,04

2018 3.243.675,63

2019 3.923.547,65

2020 4.679.178,22

2021 5.411.723,44

2022 6.186.957,28

2023 6.899.527,69

2024 7.818.331,15

2025 8.718.616,84

2026 9.541.128,82

2027 10.573.758,49

2028 11.556.291,36

2029 12.492.685,00

2030 13.386.599,48

2031 14.241.425,48

2032 15.060.309,55

2033 15.846.162,78

2034 16.601.683,57

Page 63: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

61

2035 17.329.378,23

2036 15.837.859,18

2037 14.474.713,42

2038 13.228.891,99

2039 12.090.296,93

2040 11.049.699,41

2041 10.098.664,88

2042 9.229.484,76

2043 8.435.113,95

2044 7.709.113,69

2045 7.045.599,41 Fonte: desenvolvido pelo autor.

Com os dados da tabela 10 foi construído o gráfico 1. Pode-se

observar nesse gráfico o decaimento da produção de metano a partir do

fim da vida útil do aterro em 2035.

Gráfico 1 - Estimativa de produção de metano.

Fonte: desenvolvido pelo autor.

02000000400000060000008000000

100000001200000014000000160000001800000020000000

20

13

20

15

20

17

20

19

20

21

20

23

20

25

20

27

20

29

20

31

20

33

20

35

20

37

20

39

20

41

20

43

20

45

de C

H4 /

an

o

Anos

Estimativa de produção de metano

Page 64: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

62

5.4 ESTIMATIVA DE POTÊNCIA E ENERGIA DISPONÍVEIS NO

ATERRO

Para determinar a potência disponível será usada a equação 5

[26].

(5)

Onde:

P = potência disponível (MW);

Q = vazão de metano a cada ano (m³CH4/h);

PCI = Poder Calorífico Inferior do metano (pode-se adotar 5.500

kcal/m3CH4);

η = eficiência de motores (geralmente é 28% = 0,28);

860000 = conversão de kcal para MWh.

A energia disponível é calculada pela equação 6 [26], supondo

que o motor opere 24 horas por dia. (6)

Onde:

E = energia disponível (MWh/dia);

P = potência disponível (MW);

Rend = rendimento de motores operando a plena carga (estimado

em 87% = 0,87);

Tempo de operação do motor = 24 horas/dia.

Na tabela 11 são mostrados os resultados dos cálculos da potência

e energia disponíveis no aterro. Os gráficos 2 e 3 mostram,

respectivamente, os comportamentos das curvas de potência e energia.

Tabela 11 - Potência e energia disponíveis no aterro.

Ano

Produção de

metano

(m³CH4/ano)

Produção de

metano

(m³CH4/h)

Potência

disponível

(MW)

Energia

disponível

(MWh/dia)

2013 162.970,71 18,60 0,03 0,70

2014 773.704,27 88,32 0,16 3,30

2015 1.382.684,50 157,84 0,28 5,90

2016 1.964.814,95 224,29 0,40 8,39

2017 2.585.778,04 295,18 0,53 11,04

2018 3.243.675,63 370,28 0,66 13,84

Page 65: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

63

2019 3.923.547,65 447,89 0,80 16,75

2020 4.679.178,22 534,15 0,96 19,97

2021 5.411.723,44 617,78 1,11 23,10

2022 6.186.957,28 706,27 1,26 26,41

2023 6.899.527,69 787,62 1,41 29,45

2024 7.818.331,15 892,50 1,60 33,37

2025 8.718.616,84 995,28 1,78 37,21

2026 9.541.128,82 1089,17 1,95 40,72

2027 10.573.758,49 1207,05 2,16 45,13

2028 11.556.291,36 1319,21 2,36 49,33

2029 12.492.685,00 1426,11 2,55 53,32

2030 13.386.599,48 1528,15 2,74 57,14

2031 14.241.425,48 1625,73 2,91 60,79

2032 15.060.309,55 1719,21 3,08 64,28

2033 15.846.162,78 1808,92 3,24 67,64

2034 16.601.683,57 1895,17 3,39 70,86

2035 17.329.378,23 1978,24 3,54 73,97

2036 15.837.859,18 1807,97 3,24 67,60

2037 14.474.713,42 1652,36 2,96 61,78

2038 13.228.891,99 1510,15 2,70 56,46

2039 12.090.296,93 1380,17 2,47 51,60

2040 11.049.699,41 1261,38 2,26 47,16

2041 10.098.664,88 1152,82 2,06 43,10

2042 9.229.484,76 1053,59 1,89 39,39

2043 8.435.113,95 962,91 1,72 36,00

2044 7.709.113,69 880,04 1,58 32,90

2045 7.045.599,41 804,29 1,44 30,07 Fonte: desenvolvido pelo autor.

Page 66: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

64

Gráfico 2 - Curva da potência.

Fonte: desenvolvido pelo autor.

Gráfico 3 - Curva da energia.

Fonte: desenvolvido pelo autor.

5.5 SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA

Para fins de geração de energia será usado o grupo gerador

GMWM120, da empresa ER-BR – Energias Renováveis Ltda. Esse

gerador é composto por um motor ciclo Diesel adaptado para funcionar

a biogás, com potência nominal de 108 kVA e potência efetiva de

0,00

1,00

2,00

3,00

4,001

99

1

19

93

19

95

19

97

19

99

20

01

20

03

20

05

20

07

20

09

20

11

20

13

20

15

20

17

20

19

20

21

20

23

Po

tên

cia

(MW

)

Anos

Potência (MW)

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

19

91

19

93

19

95

19

97

19

99

20

01

20

03

20

05

20

07

20

09

20

11

20

13

20

15

20

17

20

19

20

21

20

23

Ene

rgia

(M

Wh

/dia

)

Anos

Energia (MWh/dia)

Page 67: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

65

87kW. De acordo com [31] esse tipo de motor possui vida útil de

aproximadamente 100.000 horas.

Segundo [1], pode-se estimar a vazão de biogás necessária para

alimentar o gerador a partir da equação 7.

(7)

Onde:

% metano: 55%

Poder Calorífico Inferior: 5500 kcal/m³

PotGERADA: 87 kW

860: conversão kcal – Kw

η: rendimento, considerado 0,28.

Substituindo os valores temos: QBIOGÁS=88,34m³/h

Considerando a concentração de metano no biogás como 55%,

temos que o gerador irá consumir aproximadamente 48,58 m³CH4/h. O

excedente de metano será queimado em flare. De acordo com [17] a

eficácia do sistema de captação do metano é de 75%, sendo o restante

emitido diretamente à atmosfera. A tabela 12 mostra a quantidade de

metano captada no aterro, consumida no gerador e queimada no flare a

partir do ano de 2014.

Tabela 12 - Captação, consumo e queima do metano.

Ano

Captação de

metano

(m³CH4/ano)

Consumo de

metano pelo

gerador

(m³CH4/ano)

Metano para

queima em

flare

(m³CH4/ano)

2014 580.278,20 425.599,48 154.678,72

2015 1.037.013,37 425.599,48 611.413,89

2016 1.473.611,22 425.599,48 1.048.011,73

2017 1.939.333,53 425.599,48 1.513.734,05

2018 2.432.756,72 425.599,48 2.007.157,24

2019 2.942.660,74 425.599,48 2.517.061,26

2020 3.509.383,66 425.599,48 3.083.784,18

2021 4.058.792,58 425.599,48 3.633.193,10

2022 4.640.217,96 425.599,48 4.214.618,48

2023 5.174.645,77 425.599,48 4.749.046,29

2024 5.863.748,36 425.599,48 5.438.148,88

Page 68: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

66

2025 6.538.962,63 425.599,48 6.113.363,15

2026 7.155.846,61 425.599,48 6.730.247,13

2027 7.930.318,87 425.599,48 7.504.719,39

2028 8.667.218,52 425.599,48 8.241.619,04

2029 9.369.513,75 425.599,48 8.943.914,27

2030 10.039.949,61 425.599,48 9.614.350,13

2031 10.681.069,11 425.599,48 10.255.469,63

2032 11.295.232,17 425.599,48 10.869.632,68

2033 11.884.622,08 425.599,48 11.459.022,60

2034 12.451.262,68 425.599,48 12.025.663,20

2035 12.997.033,67 425.599,48 12.571.434,19

2036 11.878.394,39 425.599,48 11.452.794,91

2037 10.856.035,06 425.599,48 10.430.435,58

2038 9.921.668,99 425.599,48 9.496.069,51

2039 9.067.722,70 425.599,48 8.642.123,22

2040 8.287.274,56 425.599,48 7.861.675,08

2041 7.573.998,66 425.599,48 7.148.399,18

2042 6.922.113,57 425.599,48 6.496.514,09

2043 6.326.335,46 425.599,48 5.900.735,98

2044 5.781.835,27 425.599,48 5.356.235,78

2045 5.284.199,56 425.599,48 4.858.600,08 Fonte: desenvolvido pelo autor.

Toda energia gerada será consumida no próprio aterro e o

excedente será vendido à concessionária Celesc. Considerando que o

gerador gera energia 24h por dia com potência de 87 kW, tem-se que o

total de energia gerada será 62,64 MWh por mês e 762,12 MWh por

ano.

O consumo de energia elétrica no aterro de Tijuquinhas foi

arbitrado como mostra a tabela 13.

Page 69: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

67

Tabela 13 - Consumo de energia no aterro.

Local Equipamento Potência

(W)

Uso

(h/dia) Unidades

Escritório

Lâmpadas Fluorescentes 20 10 2

Ar condicionado SPLIT 2000 10 1

Computador 300 10 1

Refeitório

Lâmpadas Fluorescentes 20 2 4

Ar condicionado SPLIT 2000 2 1

Torneira Elétrica 2500 1 2

Vestiário

Lâmpadas Fluorescentes 20 1 4

Torneira Elétrica 2500 1 3

Chuveiro Elétrico 3200 2 3

Cozinha

Lâmpadas Fluorescentes 20 10 2

Geladeira 250 4 1

Microondas 2000 1 1

Torneira Elétrica 2500 1 2

Fonte: desenvolvido pelo autor.

O total de energia elétrica consumida é de 2,03 MWh/mês ou

24,36 MWh/ano. Portanto, subtraindo a energia consumida por ano da

energia gerada por ano, tem-se que o excedente é de 737,76 MWh/ano,

o qual pode ser vendido.

5.6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Para fazer a análise de viabilidade econômica é necessário definir

os custos de implementação e calcular as receitas obtidas pela venda de

créditos de carbono e venda de energia. Com os dados das receitas e

despesas é possível utilizar vários métodos de análise de investimentos a

fim de determinar se o projeto é viável, tais como valor presente líquido,

taxa interna de retorno, payback e relação custo-benefício. Com apenas

um desses métodos já é possível avaliar a viabilidade econômica do

projeto, porém nesse trabalho serão calculados todos os mecanismos

citados.

5.6.1 Custos de implementação

Page 70: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

68

Segundo o engenheiro eletricista Anderson Curvello da empresa

Motormac, o preço de um grupo gerador a biogás varia de R$ 1400,00 a

R$ 1800,00 por kW instalado. Nesse projeto será usado o menor valor

por questão de economia, portanto o preço do grupo gerador será de R$

121.800,00.

Haverá também investimentos em um sistema de coleta de gás e

em uma instalação de extração e queima do biogás. De acordo com [25],

o sistema de coleta de gás terá custo de US$ 1.540.300,00 e o sistema de

abstração e queima US$ 643.000,00.

Os custos anuais de operação e manutenção (O&M) variam em

média de 7 a 10% do investimento, conforme mencionado em [27].

Nesse projeto será considerado 7%.

A tabela 14 mostra o investimento e o custo de operação e

manutenção, considerando a taxa cambial como US$1,00 = R$ 2,20.

Tabela 14 - Custos de investimento e O&M.

INVESTIMENTO

Grupo gerador $55.363,64

Sistema de coleta de gás $1.540.300,00

Sistema de extração e queima $643.000,00

Total $2.238.663,64

OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

7% do investimento $156.706,45/ano

Fonte: desenvolvido pelo autor.

5.6.2 Receita pelos créditos de carbono e venda de energia

Um acordo realizado em dezembro de 1997 levou à concepção do

Protocolo de Quioto, que visa controlar as intervenções humanas nas

mudanças climáticas. Foram estabelecidos mecanismos de flexibilização

de modo a não comprometer as economias dos países desenvolvidos

[17]. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um dos

mecanismos de flexibilização, o qual prevê a venda de créditos de

carbono. Dessa maneira, os gases dos aterros sanitários podem ser

tratados tanto pela queima em flares quanto pela geração de energia,

sendo possível a venda de créditos de carbono [18].

Page 71: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

69

O crédito de carbono do MDL, denominado Redução Certificada

de Emissão (RCE), equivale a uma tonelada de CO2. O potencial de

aquecimento global do CO2 foi estabelecido como 1 e do metano 21

[17].

Na tabela 15 são mostradas as quantidades de metano consumidas

pelo gerador, queimadas no flare e o equivalente em toneladas de CO2

para geração de créditos de carbono em cada ano. Conforme [26], a

eficiência de queima no flare é de 90%.

Tabela 15 - CO2 equivalente para geração de créditos de carbono.

Ano

Consumo de

metano pelo

gerador (t

CH4/ano)

Metano

queimado em

flare (t

CH4/ano)

CO2 equivalente

para geração de

créditos (t

CO2/ano)

2014 305,07 99,79 8.501,98

2015 305,07 394,44 14.689,61

2016 305,07 676,09 20.604,42

2017 305,07 976,54 26.913,81

2018 305,07 1.294,86 33.598,47

2019 305,07 1.623,81 40.506,40

2020 305,07 1.989,41 48.184,09

2021 305,07 2.343,85 55.627,22

2022 305,07 2.718,93 63.504,09

2023 305,07 3.063,70 70.744,26

2024 305,07 3.508,26 80.079,89

2025 305,07 3.943,85 89.227,37

2026 305,07 4.341,82 97.584,62

2027 305,07 4.841,44 108.076,80

2028 305,07 5.316,83 118.059,96

2029 305,07 5.769,90 127.574,32

2030 305,07 6.202,41 136.657,06

2031 305,07 6.616,01 145.342,64

Page 72: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

70

2032 305,07 7.012,22 153.663,03

2033 305,07 7.392,44 161.647,80

2034 305,07 7.758,00 169.324,38

2035 305,07 8.110,08 176.718,22

2036 305,07 7.388,43 161.563,43

2037 305,07 6.728,88 147.713,00

2038 305,07 6.126,10 135.054,66

2039 305,07 5.575,21 123.485,80

2040 305,07 5.071,72 112.912,66

2041 305,07 4.611,58 103.249,54

2042 305,07 4.191,03 94.418,12

2043 305,07 3.806,68 86.346,80

2044 305,07 3.455,41 78.970,18

2045 305,07 3.134,38 72.228,45

Fonte: desenvolvido pelo autor.

Tendo em vista que o preço das RCEs entre 4 e 11 de junho de

2013 é de €4,00 [28] e utilizando a taxa cambial como €1,00 = R$ 2,85

[29], tem-se na tabela 16 a receita obtida com a venda dos créditos de

carbono em cada ano.

Tabela 16 - Receita obtida com os créditos de carbono.

Ano Receita obtida com

os créditos (€ )

Receita obtida com

os créditos (R$)

2014 34.007,91 96.922,54

2015 58.758,42 167.461,51

2016 82.417,70 234.890,43

2017 107.655,22 306.817,39

2018 134.393,87 383.022,52

Page 73: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

71

2019 162.025,61 461.772,98

2020 192.736,37 549.298,65

2021 222.508,88 634.150,31

2022 254.016,37 723.946,65

2023 282.977,05 806.484,60

2024 320.319,58 912.910,80

2025 356.909,49 1.017.192,06

2026 390.338,49 1.112.464,69

2027 432.307,20 1.232.075,52

2028 472.239,85 1.345.883,57

2029 510.297,29 1.454.347,26

2030 546.628,26 1.557.890,54

2031 581.370,58 1.656.906,14

2032 614.652,12 1.751.758,54

2033 646.591,21 1.842.784,94

2034 677.297,51 1.930.297,89

2035 706.872,88 2.014.587,71

2036 646.253,73 1.841.823,12

2037 590.851,99 1.683.928,18

2038 540.218,62 1.539.623,07

2039 493.943,20 1.407.738,13

2040 451.650,66 1.287.204,37

2041 412.998,18 1.177.044,81

2042 377.672,47 1.076.366,55

2043 345.387,21 984.353,55

2044 315.880,70 900.260,00

2045 288.913,78 823.404,28

Fonte: desenvolvido pelo autor.

De acordo com [30], o preço da energia elétrica é de,

aproximadamente, R$ 150,00/MWh. Como todos os anos serão

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72

produzidas e consumidas as mesmas quantidades de energia, basta

multiplicar esse preço pela quantidade de energia excedente que pode

ser vendida, tendo-se uma receita de R$ 110.660,04 por ano.

5.6.3 Cálculos do Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de

Retorno (TIR)

O valor presente líquido (VPL) é um método de análise de

investimentos o qual permite comparar investimentos iniciais com

retornos futuros. Para isso é necessário estabelecer uma taxa mínima de

atratividade (TMA), que é representada sob a forma de taxa de juros. O

VPL deve ser maior do que zero para o projeto ser considerado viável

[2]. O equacionamento do VPL é apresentado na equação 8.

(8)

Onde:

C0: montante a ser aplicado na data zero;

Ci: fluxo de caixa na data i;

r: taxa de juros;

n: nº de período em anos.

O cálculo do VPL foi feito no software Microsoft Excel, usando

uma TMA de 5% e um período de projeto de 32 anos. O resultado foi

R$ 5.742.582,36. Logo, o projeto é viável.

A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa que torna nulo o VPL de

um investimento, ou seja, é a taxa de juros onde os valores das despesas

trazidas ao valor presente é igual aos valores dos retornos dos

investimentos, também trazidos ao valor presente. Para o investimento

ser atrativo é preciso que a TIR seja maior do que a TMA [2].

O cálculo do TIR também foi realizado no software Microsoft

Excel em um período de 32 anos. Foi obtido o valor de 10%, portanto

maior do que a TMA de 5% e o investimento pode ser considerado

atrativo.

5.6.4 Financiamento, payback e relação custo-benefício

O financiamento desse projeto será feito através do Banco

Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Será financiado o valor total

do investimento, que é de R$ 4.925.060,01 com uma taxa de juros de

6,5% ao ano. O prazo de pagamento do financiamento será de 240

meses, com carência de 36 meses.

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73

A tabela 17 mostra as parcelas a serem pagas e as receitas anuais

desde 2014 até o fim do projeto, em 2045, sendo que em 2033 o

financiamento é totalmente amortizado. A receita líquida total

representa a diferença entre os ganhos devido às vendas de créditos de

carbono e de energia e os gastos devido aos custos de operação e

manutenção.

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74

Tabela 17 - Estudo de viabilidade do projeto.

Fonte: desenvolvido pelo autor.

4.925.060,01 240

6,5 36

AnoParcela fixa

(R$)

Juros anuais

(R$)

Parcela total

(R$)

Receita

líquida total

(R$)

Saldo

acumulado

(R$)

2014 0,00 320.128,90 320.128,90 -137.171,62 -457.300,52

2015 0,00 320.128,90 320.128,90 -66.632,65 -844.062,08

2016 0,00 320.128,90 320.128,90 796,27 -1.163.394,71

2017 289.709,41 320.128,90 609.838,31 72.723,23 -1.700.509,79

2018 289.709,41 301.297,79 591.007,20 148.928,36 -2.142.588,63

2019 289.709,41 282.466,68 572.176,09 227.678,82 -2.487.085,90

2020 289.709,41 263.635,57 553.344,98 315.204,49 -2.725.226,40

2021 289.709,41 244.804,45 534.513,87 400.056,15 -2.859.684,11

2022 289.709,41 225.973,34 515.682,75 489.852,49 -2.885.514,38

2023 289.709,41 207.142,23 496.851,64 572.390,44 -2.809.975,58

2024 289.709,41 188.311,12 478.020,53 678.816,64 -2.609.179,47

2025 289.709,41 169.480,01 459.189,42 783.097,90 -2.285.270,99

2026 289.709,41 150.648,89 440.358,31 878.370,52 -1.847.258,78

2027 289.709,41 131.817,78 421.527,19 997.981,36 -1.270.804,61

2028 289.709,41 112.986,67 402.696,08 1.111.789,41 -561.711,28

2029 289.709,41 94.155,56 383.864,97 1.220.253,10 274.676,85

2030 289.709,41 75.324,45 365.033,86 1.323.796,38 1.233.439,36

2031 289.709,41 56.493,34 346.202,75 1.422.811,98 2.310.048,59

2032 289.709,41 37.662,22 327.371,64 1.517.664,38 3.500.341,34

2033 289.709,41 18.831,11 308.540,52 1.608.690,78 4.800.491,60

2034 0,00 0,00 0,00 1.696.203,73 6.496.695,33

2035 0,00 0,00 0,00 1.780.493,55 8.277.188,88

2036 0,00 0,00 0,00 1.607.728,96 9.884.917,84

2037 0,00 0,00 0,00 1.449.834,02 11.334.751,86

2038 0,00 0,00 0,00 1.305.528,91 12.640.280,77

2039 0,00 0,00 0,00 1.173.643,97 13.813.924,74

2040 0,00 0,00 0,00 1.053.110,21 14.867.034,95

2041 0,00 0,00 0,00 942.950,65 15.809.985,60

2042 0,00 0,00 0,00 842.272,39 16.652.257,99

2043 0,00 0,00 0,00 750.259,39 17.402.517,38

2044 0,00 0,00 0,00 666.165,84 18.068.683,22

2045 0,00 0,00 0,00 589.310,12 18.657.993,34

Prazo (meses)

Carência (meses)

Valor financiado (R$)

Taxa de juros a.a. (%)

Page 77: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

75

O payback é o período necessário para que o saldo acumulado se

torne positivo. Pode-se observar na tabela 17 que no ano de 2029 haverá

retorno do investimento. Portanto, esse projeto possui um payback de 16

anos.

A relação custo-benefício (RCB) é outro indicador de viabilidade

de um projeto. É feita com o uso da equação 9.

(9)

A receita total é a soma de todos os ganhos obtidos com a venda

de energia e créditos de carbono durante todo o período do projeto, que

resulta em R$ 38.456.734,57. Já a despesa total é a soma de todas as

parcelas a serem pagas devido ao financiamento, mais a soma dos custos

de O&M em todo o período do projeto, obtendo-se R$ 19.798.741,23.

O resultado é uma relação custo-benefício de 1,94, portanto os

benefícios excedem os custos e tem-se mais um indício de que o projeto

é viável.

Page 78: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

76

Page 79: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

77

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA

TRABALHOS FUTUROS

6.1 CONCLUSÕES

Os aterros sanitários apresentam ótimas alternativas para geração

de energia elétrica e diminuição de gases de efeito estufa, visto que o

metano utilizado nesse processo é transformado em CO2, que é 21 vezes

menos nocivo ao ambiente.

O estudo realizado mostrou ser possível a extração de biogás de

um aterro sanitário hipotético, semelhante ao de Tijuquinhas, para

geração de energia elétrica. Foi constatado que o seu potencial de

geração de energia pode chegar a 3,54 MW ao final de sua vida útil, no

ano de 2035.

Os estudos das técnicas de conversão de energia revelaram que,

apesar de emitirem mais NOx, os motores a gás possuem maior

eficiência e menor preço comparados às turbinas a gás e microturbinas.

Portanto, o uso do motor ciclo diesel adaptado para operar a biogás foi

uma escolha economicamente viável.

Na análise econômica foi calculado um valor presente líquido

positivo e uma taxa interna de retorno maior do que a taxa mínima de

atratividade estabelecida. Como o projeto tem duração até o ano de

2045, o payback de 16 anos pode ser visto com otimismo, uma vez que a

partir da data em que o investimento for recuperado haverá lucro por

mais 16 anos. A relação custo-benefício calculada comprova a

viabilidade do projeto. Constata-se que o projeto tem um custo inicial

elevado, porém pode ser considerado viável.

As previsões de receitas por créditos de carbono poderiam ter

sido mais altas se o estudo de caso fosse realizado em anos anteriores,

pois as RCEs estão desvalorizadas atualmente, cotadas a €4,00,

enquanto que em dezembro de 2009 custavam mais de €12,00. Há

previsões de que o preço do carbono não ultrapassará €10,00 até 2020.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestão para trabalhos futuros tem-se o estudo da

viabilidade econômica do uso do biogás para implantação de uma

tecnologia de iluminação a gás, a ser instalada no próprio aterro

sanitário, aprimorando o estudo já realizado.

É possível também fazer o mesmo estudo de caso elaborado nesse

trabalho, contudo utilizando turbinas a gás, que possuem potência maior

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78

e agridem menos o meio ambiente, porém com custo mais elevado

comparado aos motores a gás.

Outra sugestão seria usar um motor de combustão interna com

uma eficiência maior do que 28%, assim a estimativa de potência

disponível no aterro aumentaria.

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79

REFERÊNCIAS

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Mackenzie.

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Paraná.

[ 3 ] COSTA, D. F., Geração de Energia Elétrica a Partir do Biogás

do Tratamento de Esgoto. São Paulo, 2006, Dissertação. Universidade

de São Paulo.

[ 4 ] ENSINAS, A. V., Estudo da geração de biogás no aterro sanitário Delta em Campinas/SP. Campinas, 2003, Dissertação.

Universidade de Campinas, UNICAMP.

[ 5 ] PECORA, V., Implantação de uma unidade demonstrativa de

geração de energia elétrica a partir do biogás de tratamento do esgoto residencial da USP – Estudo de Caso. São Paulo, 2006, Dissertação.

Programa Inter unidades de Pós-Graduação em Energia (PIPGE) do

Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo.

[ 6 ] FILHO, L. F. B., Estudo de gases em aterros de resíduos

sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 2005, Dissertação. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, COPPE.

[7] Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM).

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<http://www.ibam.org.br/>. Acesso em 21/03/2013.

[8] Centro Nacional de Educação a Distância (CENED). Impactos Ambientais Causados Pelos Lixões. Disponível em:

<http://www.cenedcursos.com.br/impactos-ambientais-lixoes.html>.

Acesso em 27/03/2013.

[9] FERNANDES, J. G., Estudo da Emissão de Biogás em um

Aterro Sanitário Experimental. Universidade Federal de Minas Gerais.

Belo Horizonte, 2009.

Page 82: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

80

[10] Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade

Federal de Minas Gerais. Sistema de Captação do Biogás Bruto.

Disponível em:

<http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema003/gasosos/biogas/captaca

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[11] OLIVEIRA, L. B., Potencial de Aproveitamento Energético de Lixo e de Biodiesel de Insumos Residuais no Brasil. (Tese de

doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de

Janeiro, 2004.

[12] WEYDT, G.; MARINHO, D.; BARKER, R.; SOARES, L.,

Trabalho Sobre Ciclo de Brayton - Turbinas a Gás. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal, 2011.

[13] CORREA, A. S. A influência da folga de válvulas na geração

de ruído e vibração no motor fire 999cc 8v. (Dissertação de Mestrado).

Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2003.

[14] MSPC - Informações Técnicas. Termodinâmica V-20.

Disponível em: <http://www.mspc.eng.br/termo/termod0520.shtml>.

Acesso em 12/04/2013.

[15] MSPC - Informações Técnicas. Termodinâmica V-25.

Disponível em: <http://www.mspc.eng.br/termo/termod0525.shtml>.

Acesso em 12/04/2013.

[16] COELHO, S. T.;VELÁZQUEZ, S. M. S. G.; MARTINS, O. S.;

COSTA, D. F.; BASAGLIA, F.; BACIC, A. C. K. Instalação e Testes

de Uma Unidade de Demonstração de Geração de Energia Elétrica a

Partir de Biogás de Tratamento de Esgoto. Encontro de Energia no

meio Rural. Campinas, 2004.

[17] FARIA, M. Biogás produzido em aterros sanitários – aspectos

ambientais e aproveitamento do potencial energético. Monografia

(Especialização em Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético

do Instituto de Eletrotécnica e Energia) IEE da Universidade de São

Paulo, USP, São Paulo, 2010.

Page 83: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

81

[18] DIAS, V. C. F. Estudo das emissões de biogás nos aterros

sanitários de Içara e Tijuquinhas. (Dissertação de Mestrado).

Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2009.

[19] JUNIOR, A. T. F. Análise do Aproveitamento Energético do

Biogás Produzido numa Estação de Tratamento de Esgoto. (Dissertação

de mestrado). Universidade Estadual Paulista, UNESP, Ilha Solteira,

2008.

[20] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Resíduos

sólidos: classificação – NBR 10004. São Paulo, 2004.

[21] Combustec - Indústria e Comércio de Queimadores Ltda.

Disponível em:

<http://combustecqueimadores.com.br/imagens/flareaberto.jpg>. Acesso

em 19/04/2013.

[22] Superinteressante. Entenda a diferença entre lixão e aterro

sanitário. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/ideias-

verdes/qual-a-diferenca-entre-lixao-e-aterro-sanitario/>. Acesso em:

21/04/2013.

[23] ZILOTTI, H. A. R. Potencial de Produção de Biogás em uma

Estação de Tratamento de Esgoto de Cascavel para a Geração de Energia Elétrica. (Dissertação de mestrado). Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, Unioeste, Cascavel, 2012.

[24] Proactiva. Central de gerenciamento de resíduos. Disponível

em: <http://www.proactiva.com.br/centralGeren.html>. Acesso em:

10/05/2013.

[25] Proactiva. Formulário do documento de concepção do projeto. Projeto de Captura e Queima de Gás de Aterro Sanitário de

Tijuquinhas da Proactiva. 2007.

[26] Manual para aproveitamento do biogás: volume um, aterros

sanitários. ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, Secretariado

para América Latina e Caribe, Escritório de projetos no Brasil, São

Paulo, 2009.

Page 84: Eel7890 tcc guilherme cruz_biogás de aterros sanitários

82

[27] SCS Engineers. Relatório de avaliação preliminar. Aterro

Sanitário “Central de resíduos do Vale do Aço”. Santana do Paraíso,

Minas Gerais, Brasil. 2011.

[28] Instituto Carbono Brasil. Análise Financeira. Disponível em:

<http://www.institutocarbonobrasil.org.br/analise_financeira/noticia=73

4268>. Acesso em: 12/06/2013.

[29] UOL. UOL Economia. Disponível em:

<http://economia.uol.com.br/>. Acesso em: 12/06/2013.

[30] Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Disponível em:

<http://www.mae.org.br/portal/faces/pages_publico?_afrLoop=4761899

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%3Dnj2qfdtfi_17>. Acesso em: 12/06/2013.

[31] Pinheiro, S. B., Recuperação energética do biogás. Curso de

especialização em gestão ambiental urbana. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Natal, 2011.

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83

APÊNDICE A – Cronograma

Planilha 1 – Cronograma.

Fonte: desenvolvido pelo autor.

Tarefas 18/mar 01/abr 15/abr 29/abr 13/mai 27/mai 10/jun 24/jun

Pesquisar sobre as classificações dos resíduos sólidos urbanos

Pesquisar sobre os métodos de aterramento dos resíduos

Avaliar os riscos ambientais dos resíduos sólidos

Estudar os sistemas de captação do biogás

Estudar os sistemas de queima do biogás

Estudar os sistemas de tratamento do biogás

Pesquisar sobre tecnologias de conversão do biogás

Pesquisar os dados técnicos do aterro de Tijuquinhas

Determinar o potencial de produção de biogás

Determinar o sistema de geração de energia

Analisar a viabilidade econômica do projeto

Apresentar as conclusões

Defesa do TCC

Correções

Quinzenas