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105 REVISTADAS CONVENIADAS FGV 104 REVISTADAS CONVENIADAS FGV O Municpio de Campinas conta na atualidade com boa parte de seu territrio rural preservado. Antigas fazendas e bairros rurais permanecem presentes no entorno da malha urbana, guardando testemunhos, prÆticas e tradiıes trazidas por populaıes que, no curso dos sØculos XIX e XX, fixaram-se no municpio e regiªo procedentes das mais variadas partes do mundo. Um passeio pelos distritos de Sousas e Joaquim Egdio (leste), pelos bairros rurais de Carlos Gomes (norte), Friburgo e Fogueteiro (sudoeste), ou ainda, pelo bairro rural de Pedra Branca (sudeste), Ø capaz de surpreen- der os viajantes mais exigentes ao revelar a permanŒncia de sabe- res e fazeres centenÆrios que deram forma a uma rica trajetria de produªo, circulaªo e desenvolvimento cultural e tecnolgico importante nªo apenas para o municpio, mas para o Estado de Sªo Paulo e para o Pas. EM MEIO A CIDADE, OS Texto: Mirza Pellicciotta / fotos: Tomas May REMANESCENTES DE REMANESCENTES DE REMANESCENTES DE REMANESCENTES DE REMANESCENTES DE UMA HISTRIA R UMA HISTRIA R UMA HISTRIA R UMA HISTRIA R UMA HISTRIA RURAL URAL URAL URAL URAL História com a colaboraªo do Sr. Toru Iwasaki e equipe da Fazenda Tozan Casa Sede da Fazenda Tozan, datada de 1850. Abanaªo, 1” processo de limpeza do cafØ, ainda no cafezal.

Em meio a cidade, os remanescentes rurais texto revista diagrama

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Texto da Revista Diagrama sobre as relações rural/urbano no território de Campinas

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105REVISTADASCONVENIADASFGV104 REVISTADASCONVENIADASFGV

OMunicípio de Campinas conta na atualidade com boa parte deseu território rural preservado. Antigas fazendas e bairros ruraispermanecem presentes no entorno da malha urbana, guardandotestemunhos, práticas e tradições trazidas por populações que, nocurso dos séculos XIX e XX, fixaram-se no município e regiãoprocedentes das mais variadas partes do mundo. Um passeio pelosdistritos de Sousas e Joaquim Egídio (leste), pelos bairros rurais deCarlos Gomes (norte), Friburgo e Fogueteiro (sudoeste), ou ainda,pelo bairro rural de Pedra Branca (sudeste), é capaz de surpreen-der os viajantes mais exigentes ao revelar a permanência de sabe-res e fazeres centenários que deram forma a uma rica trajetória deprodução, circulação e desenvolvimento cultural e tecnológicoimportante não apenas para omunicípio, mas para o Estado de SãoPaulo e para o País.

EM MEIOACIDADE, OS

Texto: Mirza Pellicciotta / fotos: Tomas May

REMANESCENTES DEREMANESCENTES DEREMANESCENTES DEREMANESCENTES DEREMANESCENTES DEUMA HISTÓRIA RUMA HISTÓRIA RUMA HISTÓRIA RUMA HISTÓRIA RUMA HISTÓRIA RURALURALURALURALURAL

História

com a colaboração do Sr. Toru Iwasaki e equipe da Fazenda Tozan

Casa Sede da Fazenda Tozan, datada de 1850.

Abanação, 1º processo de limpeza do café, ainda no cafezal.

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História História

OMunicípio de Campinasconta na atualidade com boaparte de seu território ruralpreservado. Antigas fazendas ebairros rurais permanecempresentes no entorno da malhaurbana, guardando testemunhos,práticas e tradições trazidas porpopulações que, no curso dosséculos XIX e XX, fixaram-se nomunicípio e região procedentesdas mais variadas partes domundo. Um passeio pelosdistritos de Sousas e JoaquimEgídio (leste), pelos bairros ruraisde Carlos Gomes (norte),Friburgo e Fogueteiro (sudoeste),ou ainda, pelo bairro rural dePedra Branca (sudeste), é capazde surpreender os viajantes maisexigentes ao revelar a perma-nência de saberes e fazerescentenários que deram forma auma rica trajetória de produção,

circulação e desenvolvimentocultural e tecnológico importantenão apenas para o município,mas para o Estado de São Pauloe para o País.De fato, é na porção rural

que Campinas guarda os seusmais significativos segredos edesvendar este universo étambém perceber que foi dasdemandas agrárias que nasceuuma trajetória rica e surpreen-dente de desenvolvimentourbano; que delas emergiram ossubsídios para instalação deestradas de ferro (em particular,da Companhia Mogyiana deEstradas de Ferro, fundada emCampinas); que delas vieram asmotivações para a instalação deuma EstaçãoAgronômica (hoje,InstitutoAgronômico de Campi-nas), ou ainda, os principaisestímulos para o aprimoramento

demaquinarias, contribuindodiretamente para a sedimentaçãode uma malha urbana fundamen-tada na geração de conhecimen-to e na especialização de servi-ços. As demandas agráriasacabaram por se reunir e searticular aos processos urbanos,emergindo deles uma complexatrajetória social, cultural,tecnológica. Os espaços ruraisde Campinas nos contam estashistórias...

ENTRE O AÇÚCAR E OCAFÉ:ATRAJETÓRIADAFAZENDAPONTEALTANO

SÉCULO XIX

A antiga Fazenda PonteAlta, hoje Fazenda Tozan/MonteD�Este, foi criada em 1798 porFloriano de Camargo Penteado,senhor de terras que chegara a

Vila de São Carlos procedenteda Vila de Parnaíba. O �sítio daPonte Alta� já contava com umaárea de lavoura de cana (inicial-mente �crioula�; posteriormente�caiana branca�) e com aprodução de 1550 arrobas deaçúcar obtidas com o uso demoenda de cilindro vertical,movida por dois bois(BRAGA,2006). O sítio localiza-va-se nas proximidades daEstrada dos Goiases, eixo depenetração paulista que foraaberto em 1722 (a partir da Vilade São Paulo do Piratininga)para alcançar as minas de Goiáse que no curso do século XVIIIpossibilitara a distribuição efixação das primeiras sesmariasna região.

A aquisição das terras pelafamília Camargo Penteado deu-

se, então, num período deoscilações produtivas: das 1550arrobas obtidas em 1798, aprodução cairia para 800 arrobasem 1799, voltando a atingir 1450arrobas em 1800, registrar 2500arrobas em 1808 e voltar aalcançar o montante de 3000arrobas em 1813, optando oproprietário, por volta em 1803,em produzir também a aguarden-te como fonte adicional dereceita (BRITO,1953). Norecenseamento de 1816, aFazenda Ponte Alta achava-sepresente entre os 45 engenhosda Vila de São Carlos, e trêsanos depois, na ocasião dapassagem de Saint Hilaire porCampinas, ela apareciaidentificada como responsávelpor cerca de 50% da produçãode uma região chamada de

�grande torrão de anhumas�. Emparalelo a trajetória produtiva desua fazenda, Floriano deCamargo Penteado tambémdesempenharia funções públicas:da condição de sargento�morquando da chegada na Vila deSão Carlos, ele assumira afunção de juiz ordinário e, entreos anos de 1819 e 1826, o lugarde Capitão-Mór agregado,chegando a obter a honraria de�coletor esmoler� das obras daMatriz Nova (reiniciadas em1827) em conjunto com oscapitães Francisco de PaulaCamargo e Antônio Pompeu deCamargo (BRAGA, 2006).

Em 1838, com seu faleci-mento, a Fazenda Ponte Alta foipassada ao filho, Francisco Joséde Camargo Penteado, herdeirode imensa fortuna que, à seme-

Fachada do museu da Fazenda Tozan �Casa do Café�.

Antigo Processo de Beneficiamento de Café, exposto no interior museu da Fazenda Tozan.

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História História

lhança do pai, também seguiriacaminho político aomesmotempo em que dava continuidadea produção de açúcar e aguar-dente nestas terras; a novidadesurgiria alguns anos depois: alémdas 1000 arrobasde açúcar, afazenda também passava afigurar, em 1852, como uma das89 propriedades de café domunicípio.,mantendo o �CapitãoChico�, como se tornaria conhe-cido, oregime de trabalho escra-vo, ao mesmo tempo em queprivilegiava a produção de café(em especial, diante da cobrançade novos impostos sobre oaçúcar e a aguardente), semaderir plenamente as tendênciasque se delineavam: a substituiçãoprogressiva das lavouras extensi-vas de cana por lavouras exten-sivas de café.A Fazenda PonteAlta resistiria ainda algum tempocomo engenho e engenhoca,prestando-se a atender a ummercado de abastecimento

centenariamente estabelecidonas margens da Estrada. A suaplena adesão a produção decafé, assim como a entrada decolonos estrangeiros na fazendaviriam mais tarde....e neste caso,coube ao neto de Floriano e aofilho do �Capitão Chico�, oterceiro senhor destas terras ede nome Álvaro Xavier deCamargo Andrade, a introduçãode trabalhadores livres e estran-geiros dez anos depois dadecretação da lei áurea (1898),já num contexto em que afazenda contava com 60 milcafeeiros.

DA �PONTEALTA�A �MONTED�ESTE�: A PRODUÇÃODE CAFÉ NO SÉCULO XX

Coube a viúva do majorÁlvaro Xavier de CamargoAndrade, vender uma área deaproximadamente 3.700 hectaresda centenária Fazenda Ponte

Alta (bem como das fazendasSão José e Bocayuva, todaspertencentes a um grupo deherdeiros) em 8/11/1927, ao sr.Hisaya Iwasaki, empresário emembro da família fundadora doconglomeradoMitsubishi que,com recursos investidos emdiferentes países, demonstrarainteresse em instalar umafazenda-modelo no Estado deSão Paulo no propósito deoferecer um ponto de referênciaaos imigrantes japoneses (quechegavam ao Estado desde1908) e de constituir um espaçode aprendizagem no novomundo.A opção pelas terras da

antiga Fazenda Ponte Altasurgira, por sua vez, das pesqui-sas realizadas pelo Dr. KiyoshiYamamoto, um agrônomoformado pela Universidade deTókio que se achava encarrega-do pela família Iwasaki deidentificar uma área de terras

férteis com clima propício aprodução de gêneros diversifica-dos; a proximidade dos centrosde pesquisa, por sua vez, tam-bém interferiu na escolha destafazenda. Adquirida as terras, aatenção do novo proprietário sevoltou para a questão da recupe-ração do solo, da melhoria daprodutividade e aprimoramentodos conhecimentos necessáriospara o trato de culturas tropicais,cabendo ao Dr. Yamamoto aadministração do empreendimen-to. Nos anos seguintes, surgiriamsituações difíceis: a �quebra dabolsa� de Nova York em 1929(momento em que a fazendaescapa da crise em função daaposta na sua diversificaçãoprodutiva e dos subsídios recebi-dos do Japão); a �broca do café�(que leva o Dr. Yamamoto aadotar a �Vespa de Unganda�como predador natural e ampliaros esforços para buscar novas

variedades de café e suaadaptação no Brasil); a eclosãoe desdobramentos da segundaguerra mundial (período no quala fazenda chega a ser desapro-priada pelo Estado e só posteri-ormente devolvida a famíliaIwasaki).Neste percurso, a parceria

com o InstitutoAgronômico deCampinas seria de vital impor-tância para a fixação de umaboa linhagem de grãos e para,no curso dos anos, permitir aFazenda Monte D�Este produ-zir e distribuir a sementecertificada como �NovoMundo�. Esta parceria, naverdade, remontaria aos anos1920 (momentos da abertura dafazenda) constituindo-se aFazenda Tozan um dos maisantigos parceiros desta institui-ção.

O café, por sua vez,dividiria espaço com o algodão,

com cereais, com práticas dereflorestamento (iniciada em1929, por recomendação daEscola Superior deAgriculturaLuiz de Queiroz/ESALQ), com acriação de gado de corte (raçanelore), ou ainda, com a instala-ção da fábrica de saquê, shoyo,missô e vinagre de arroz (alimen-tos essenciais na dieta japonesa),atividades, enfim, sempreassociadas ao uso racional daterra e a busca de recuperaçãode sua fertilidade.

Na atualidade, com 830hectares, a porção da antigaFazenda Ponte Alta que deuorigem a Fazenda Monte D�Estese mantém produtora de caféaliando as mais avançadaspesquisas do InstitutoAgronômi-co (instituição parceira, portanto,há cerca de 80 anos) aos funda-mentos e propósitos da Tozan;são aproximadamente 1.500.000pés de café em 300 hectares de

Fachada da Antiga Senzala, reforamada em 1898 para receber os Imigrantes.

Mirante da Fazenda Tozan, construído em 1928.

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História História

terra, produção que se destina,em parte, a atender os maisexigentes mercados do mundo,em particular o japonês. Afazenda também se encontraaberta a visitação, oferecendoacesso aos espaços centenáriosda senzala (adaptada em 1898para receber os primeiroscolonos), as casas de colonos, aoviveiro, ao cafezal, ao terreiro,aos tanques de lavagem e áreade torrefação, ao museu, ouainda, às construções erguidaspela família Iwasaki no curso dotempo, entre elas, a CasaJaponesa e a Biblioteca (inaugu-radas no aniversário de 30 anosda fundação da Fazenda MonteD�este, em 8 de novembro de1957), a Casa de Recepção (aolado da Casa Japonesa, concluí-da em 1958 para receber opríncipe e a princesa Mikasa doJapão, durante as comemoraçõesdos 50 anos da imigraçãojaponesa) e o mirante.

Outro importantetrabalho desenvolvido pelaFazenda Tozan, diz respeito apreservação de sua documenta-ção histórica (80 anos). Sob oscuidados de uma equipe especi-alizada japonesa, todo umuniverso de documentos eregistros relativos a produção,administração, controle depragas, aprimoramentos técnicosvem sendo resgatado, restauradoe organizado, achando-sepresentes documentos inéditos ede grande valor histórico como o�Relatório doMovimentoConstitucionalista de 1932 vistona FazendaTozan�, datado deoutubro de 1932 e assinado peloDr. Yamamoto, aqui transcritoparcialmente, com destaque paraa passagem sobre a marcadeixada por uma bala perdida nodia 24 de setembro de 1932,ainda hoje visível noMirante.�Verificou-se que a Fazenda

Monte D�Este se situava na rota

de avanço das tropas federais, enos alvoroçamos na tomada demedidas cabíveis. De fato, houvemovimentações no front ociden-tal. Devido a chegada dastropas inimigas a Eleutério, emfins de agosto, o ComandoPaulista no front ocidentalrecuou para Jaguariúna e asatividades bélicas na retaguardatornaram-se intensas, verifican-do-se inquietação entre ostrabalhadores da Fazenda etensão entre os funcionários.Apesar da chegada frequente dereforços nas fileiras paulistas, aretirada continuou, e no início desetembro, verificou-se o recuopara Itapira. Houve, em seguida,o abandono deMogi-Mirim, e nodia 11, constatou-se a ocupaçãode Amparo. Em meados desetembro, as tropas federaisatacaram em duas frentes:Pedreira e Mogi Mirim. Adistância que separava a Fazen-da da frente de batalha era de

apenas 12 ou 13 km. Finalmen-te, passou-se a ouvir os tiros decanhão a longa distância. Haviaclima de intranquilidade noespírito das pessoas, mas houvecontinuidade nos trabalhos daFazenda, enquanto se discutiamas diversas estratégias. No dia15, os trabalhadores continuavama labutar no cafezal, quandoapareceu um avião pertencente atropas federais que sobrevoou olocal. Abaixou-se de repente eabriu fogo de metralhadora. Emseguida, lançou uma bomba e foiembora. Eis que os trabalhado-res ficaram perturbados com oocorrido, mas não houve qual-quer dano. Imaginou-se que opiloto teria confundido a boiadaque se locomovia pela estradacom movimentação de tropas, e

desfechado o ataque. Neste dia,as tropas paulistas iniciaram aconstrução de trincheiras queatravessavam posições entre aFazenda e a cidade de Campi-nas, dando a entender ocronograma de sua retirada.Assim, previu-se momentanea-mente como certa a transforma-ção das áreas da Fazenda numcampo de batalha, o que resultouna evacuação de mulheres ecrianças para a cidade deCampinas. Nomeou-se ofuncionário Ieki para acompa-nhar este grupo e ainda, desig-nou-se o funcionário Álvaro apermanecer na cidade deCampinas como encarregado decomunicação. Com o corte datransmissão de energia elétricada usina situada em Pedreiras

incumbida de fornecer eletricida-de a Fazenda, e com a recusa defornecimento, presumiu-se queaquela cidade teria sido domina-da pelas tropas federais. AFazenda voltou a era de lampiõesque não iluminava o suficiente.Não podendo ouvir rádio, tornou-se impossível tomar conhecimen-to da situação em geral. Asemana seguinte parece ter sidoimportante para fortalecer opoderio bélico das tropas fede-rais. Neste intervalo, verificou-se uma atividade intensa daaviação de ambos os lados eassistiu-se, por duas vezes, ocombate aéreo sob o céu daFazenda. Apesar do temor quenos cercava, foram alvos denossa atenção. Dentro da áreada Fazenda, as tropas paulistas

Cafezal, aprox. 1,5 milhões de cafeeiros.

Vista do Mirante da Fazenda Tozan.

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ANÚNCIOWETIN WILD(PDF ANEXO)

Território Rural

instalaram uma enfermariaprovisória nas dependências daescola, a cavalaria ficou nacapela e a equipe de comunica-ções se instalou no Bourbon,área de estocagem de adubos.Com isso, o ambiente ficoupropício para experimentar aatmosfera de campo de batalha enós deveríamos ficar semprealertas para tudo o que pudessevir a acontecer. A maioria dostrabalhadores já haviam sidoevacuados para a direção de SãoJosé. Após a evacuação dosfamiliares, todos os funcionáriose os japoneses que estavam nasimediações da sede da Fazendaforam ali reunidos. Eram ao todo,11 homens, tendo sido nomeados,inclusive, os encarregados quecuidavam da cozinha. Houvequem comandasse a evacuaçãodos trabalhadores, quem caval-gasse em busca de informações,quem cozinhasse, quem cuidassedos contatos com as tropasbeligerantes. Faziam-se reuniõesesporádicas a fim de discutir asestratégias adotadas pelosbeligerantes, o que encorajou oespírito dos que se encontravamsitiados. No dia 22, já não seouviam apenas a trovoada de

tiros de canhões, mas também opipocar das metralhadoras. Aponte sobre o rio Atibaia e aestação Carlos Gomes foramocupadas até o entardecer. Nodia seguinte, dia 23, houve trocasde tiros entre as tropas queestavam nos dois lados do rioAtibaia. Projéteis de canhõescomeçaram a cair no bairroBocaiúva dentro da Fazenda. Nodia seguinte, dia 24, a frente dastropas paulistas tinha sidoobrigada a recuar do alto dobairro Amarelo do cafezal para omirante Isshintei do Morro dePedra, para o bairro Atibaia, atéa direção da estação Tanquinho.Naquele momento, as tropasbeligerantes batalhavam dentroda área da Fazenda, verificando-se a queda de projéteis decanhões no cafezal. Um projétilatingiu a coluna de madeira domirante Isshintei, deixando paraposteridade, uma marca dabeligerância. Veio um reforçopara as imediações da sede daFazenda, que consistia numcontingente de soldados de cercade uma companhia, liderada portrês oficiais. Não lhes foipermitido o uso da sede, atémesmo para os oficiais, com

exceção da varanda. Os solda-dos eram dóceis e até chegarama ser amáveis. Este contingentese retirou às pressas no meio danoite em direção a rodovia,assustados com a falsa informa-ção trazida pela cavalaria dereconhecimento, de que o local jáestaria cercado pelos inimigos�.

Terreiro para secagem do Café,ao fundo, a casa Sede da

Fazenda Tozan.

Criador da Vespa de Uganda usada nocombate a broca do café, tecnologiadesenvolvida por Dr. Kiyoshi Yamamoto.

Dr. Kiyoshi Yamamoto, primeiroadministrador Japonês da Fazenda Tozan.

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